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CANTE SE QUISER
Manual De Técnica Vocal
1ª Edição
São Paulo
Edição de Wagner Platero Júnior
2018
2|Página
Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
INDICE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 5
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................................. 7
PARA QUEM É DESTINADO O ENSINO DA MÚSICA? .................................................................................... 7
QUAL É A IDADE IDEAL PARA COMEÇAR A ESTUDAR MÚSICA? ...................................................................... 7
PARA QUEM É DESTINADA A AULA DE CANTO? ......................................................................................... 8
Desconstruindo falsos conceitos: .............................................................................................. 8
"PROFESSOR, QUANTO TEMPO VOU ESTUDAR COM O SENHOR? .................................................................. 9
CAPÍTULO 2 ............................................................................................................................... 11
O IMPACTO AO TER AS PRIMEIRAS AULAS DE CANTO ................................................................................ 11
O QUE FAZER DEPOIS QUE SAIR DA AULA DE CANTO................................................................................. 12
O CANTO COMO CIÊNCIA ................................................................................................................... 13
CUIDADO COM OS FALSOS MESTRES ..................................................................................................... 13
VALORIZE O SEU MESTRE ................................................................................................................... 14
CRÍTICAS E ELOGIOS .......................................................................................................................... 16
CAPÍTULO 3 ............................................................................................................................... 18
A RESPIRAÇÃO ................................................................................................................................. 18
O QUE É A RESPIRAÇÃO? ................................................................................................................... 18
TIPOS DE RESPIRAÇÃO ....................................................................................................................... 20
O PROCESSO DA INSPIRAÇÃO - PARTE 1 ................................................................................................ 21
Exercício para alargamento das narinas ................................................................................ 22
Exercício para o alargamento das fossas nasais .................................................................... 27
INSPIRAÇÃO PARTE 2 – MUSCULATURA FACIAL, PALATO MOLE E FARINGE .................................................... 28
Exercício para erguer o palato mole e os músculos da face ................................................... 32
INSPIRAÇÃO PARTE 3 – LÍNGUA, LARINGE E MAXILAR............................................................................... 32
Exercícios para posicionar a língua, a laringe e o maxilar ...................................................... 38
INSPIRAÇÃO PARTE 4 – TÓRAX, PULMÃO, DIAFRAGMA ............................................................................. 39
MÚSCULOS INTERCOSTAIS E A RESPIRAÇÃO ........................................................................................... 49
Exercícios para treino da respiração....................................................................................... 51
CAPÍTULO 4 ............................................................................................................................... 56
TESSITURA ...................................................................................................................................... 56
CLASSIFICAÇÃO - TESSITURA ............................................................................................................... 57
O CUIDADO AO CLASSIFICAR UMA VOZ.................................................................................................. 58
REFERÊNCIAS DE CANTORES POPULARES POR CLASSIFICAÇÃO .................................................................... 59
CLASSIFICAÇÃO E O REPERTÓRIO ERUDITO ............................................................................................. 60
CAPÍTULO 5 ............................................................................................................................... 69
COMO DEVE SER FEITO O TREINO DURANTE A SEMANA?........................................................................... 69
COMO PROCEDE O MEU TREINO DIÁRIO ................................................................................................ 70
PREPARAÇÃO PARA O CANTO.............................................................................................................. 72
EMISSÃO DO AR – O CANTO ............................................................................................................... 73
COMO DEVE PROCEDER O CANTO EM DIFERENTES INTERVALOS .................................................................. 74
O MOVIMENTO CORRENTE DA PRESSÃO DE AR ....................................................................................... 75
COMO ESTUDAR CANTO EM CASA ........................................................................................................ 76
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
CAPÍTULO 6 ............................................................................................................................... 80
PRÉ-AQUECIMENTO.......................................................................................................................... 80
Exercícios para o pré aquecimento ......................................................................................... 80
AQUECIMENTO................................................................................................................................ 81
O QUE SÃO VOCALIZES? .................................................................................................................... 81
ORDEM DAS VOCALIZES NO PRIMEIRO ANO DE ESTUDO ............................................................................ 82
CAPÍTULO 7 ............................................................................................................................... 86
DESENVOLVENDO O OUVIDO .............................................................................................................. 86
Aplicativos que treinam a percepção musical ........................................................................ 87
AFINAÇÃO NATURAL ......................................................................................................................... 87
O QUE É CANTAR AFINADO? ............................................................................................................... 88
SEMITONAR – O QUE É? ................................................................................................................... 89
TEORIA MUSICAL.............................................................................................................................. 89
CAPÍTULO 8 ............................................................................................................................... 91
TREINOS ESPECÍFICOS........................................................................................................................ 91
O VIBRATO E A CORRENTE PRESSÃO DE AR ............................................................................................. 91
Exercícios para treinar o vibrato ............................................................................................. 92
A QUESTÃO DO TIMBRE ..................................................................................................................... 93
TIMBRE CLARO E TIMBRE ESCURO ........................................................................................................ 94
REGISTROS DE VOZ ........................................................................................................................... 97
VOZ DE CABEÇA ............................................................................................................................... 97
Exercícios para treino de voz de cabeça ................................................................................. 99
Exercícios para treino do falsete ........................................................................................... 100
Exercícios para treino de belting .......................................................................................... 100
CAPÍTULO 9 ............................................................................................................................. 102
RECOMENDAÇÕES PARA SAÚDE VOCAL ............................................................................................... 102
FIQUE ATENTO AS ALTERAÇÕES NA VOZ .............................................................................................. 104
FONOAUDIÓLOGO .......................................................................................................................... 105
QUANDO O CANTOR DEVE PROCURAR O FONOAUDIÓLOGO ..................................................................... 105
CAPÍTULO 10 ........................................................................................................................... 106
AUTO RECONHECIMENTO ................................................................................................................ 106
ÉTICA PROFISSIONAL – DE CANTOR PARA CANTOR ................................................................................ 108
CONSELHO FINAL ........................................................................................................................... 109
O AUTOR...................................................................................................................................... 110
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
Introdução
Você em algum determinado momento da vida, se sentiu movido pela arte de
cantar? Você enxergou de alguma forma que a música te envolveu? Já sentiu que por
meio do seu canto pode envolver aos outros? Se a resposta a alguma dessas perguntas
for sim, então parabéns! Você já está apto a ser um cantor!
Porém agora chega o momento em que você descobriu que para poder se
expressar por meio do canto você terá que conhecer este instrumento. Este instrumento
chamado corpo é muito sensível! Veja bem, que não citei exclusivamente a voz, pois
utilizamos todo o corpo para cantar.
Aprender a conhecer o corpo não será um bicho de sete cabeças se você contar
com a ajuda de um bom professor de canto. Neste manual você terá orientações técnicas,
dicas de cantor para cantor e conselhos para você ter um estudo mais eficiente. Eu não
busco mostrar para você várias técnicas aleatórias. Mas ”a técnica vocal”. Baseando-me
principalmente na qualidade o seu som. Nota a nota.
Este material que chega até você hoje é um manual para os alunos do curso de
canto. Tantos para os que fazem aulas individuais como em grupo.
Eu adoraria ler um material deste quando estudei com os meus primeiros
professores. Mas tive que muitas vezes me virar sozinho. E isto me custou tempo. Após
quatro anos de aula de canto popular revezando entre vários professores, eu sentia que
havia ainda muitas dificuldades não resolvidas. Problemas com afinação, qualidade do
som, projeção, etc. E problemas que eu nem imanava na época também...
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
Este livro será seu amigo no estudo de canto! É mais do que uma simples apostila!
Ele será um material de apoio para você estudar canto de forma eficiente e trilhar um
caminho de sucesso na construção de sua voz.
Não leia este livro como um dicionário, consultando apenas os títulos que o
interessam. Leia em sequência e grife as palavras ou informações que tiver dúvida para
apresentar estas dúvidas ao seu instrutor vocal. Após ler o livro completamente, você
continuará acessando o seu conteúdo. Pois há muitas informações que o aluno pode
entender como funciona um processo cientificamente, mas ainda não se conscientizou
de tudo, portanto o aluno poderá reler muitas vezes até se dar conta de que está
executando as sensações físico-musculares conscientemente.
Este não é um livro restrito a um nível, ou módulo. Não é dividido para alunos
iniciantes, intermediários ou exclusivamente aos avançados. Este material contém
informações fundamentais (informações de base) para os alunos iniciantes e também o
conhecimento cientifico de grandes cantores. As informações cientificas estão
devidamente acompanhadas de sua bibliografia.
Mais importante do que ler este manual é executar os treinos. Este manual é como
uma receita médica. Você pode ir à um bom médico que te receitará uma receita exata
para um determinado tratamento. Mas você tem duas opções, tomar os remédios na
hora certa e seguir o tratamento ou apenas ignorar a receita e buscar caminhos
alternativos. Mas se fizer isto não irá melhorar e comprovar a eficácia do remédio, ou
seja, não irá ter a experiência de se desenvolver como cantor através do método.
Wagner Platero Julian
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Capítulo 1
Cantar não é para quem pode, é para quem quer!
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desde a barriga da mãe. "Normalmente falamos muito à criança, ‘veja, pegue, ’ mas
raramente falamos, 'ouça!'. Uma criança deve ser estimulada a ouvir detalhes dos sons
ainda bebê".
Eu conheci muitos bons músicos dizendo que suas mães o estimularam a fazer
“barulho” na bateria da Igreja, a tocar no violão do irmão, fazer ritmos diferentes com as
palmas, assovios, etc. Tudo isso sem dúvida é muito válido para o desenvolvimento do
ouvido e interesse musical.
O estudo de música para a criança (tanto quanto para o adulto) expande outras
capacidades intelectuais, como a concentração, a associação matemática, inteligência
espacial, pensamento antecipado das ações corpóreas, dentre outras habilidades. Em
uma pesquisa feita pela Forbes, revela que os grandes empresários bem-sucedidos
iniciaram os estudos musicais quando criança.
Sendo assim, não existe idade para iniciar um desenvolvimento musical. Quanto
mais cedo iniciarmos os estímulos e o estudo melhor.
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
Partindo do conceito de que a música não tem limites. Tendo em vista que existem
muitos períodos, muitos compositores, muitos ritmos, linguagens, aplicações... até os
bons professores de música ainda tem muito o que estudar. Quanto mais os alunos
iniciantes.
Veja o que disse a Cantora Lilli Lehmann, a respeito do tempo de estudo dos
cantores que estudavam canto nos conservatórios da Europa:
“Antigamente, o estudo de canto levava oito anos
– no Conservatório de Praga, por exemplo. Grande parte
dos erros e equívocos do aluno podiam ser descobertos
antes que ele começasse a cantar em público, e o
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
Segundo Bidu Sayao (grande soprano ligeiro brasileira do século XX, respeitada
mundialmente), um cantor deve levar de 6 a 8 anos de estudo de canto sério para estar
apto a iniciar uma carreira no ramo da ópera. Certa vez perguntaram a ela em uma
entrevista o que era preciso para ser um bom cantor. Ela respondeu, “São cinco coisas:
inteligência, perseverança, paciência, dedicação e disciplina. ” Então questionaram, “E
uma boa voz? Não precisa? ” E a cantora respondeu, “Se tiver, ajuda! ”.
Com o passar dos meses e anos de aula de estudo de canto, há muitas coisas que
o cérebro entendeu e o corpo ainda não compreendeu. E vice-versa, ou as vezes nem o
cérebro e nem o corpo compreenderam de fato as informações recebidas pelo professor.
Tanto no estudo da voz quanto do instrumento, o que trabalhamos dia-a-dia é o cérebro
e o corpo. E temos que dar ao corpo e a mente o tempo necessário para absorver as
informações. Algumas pessoas desdenham muito do que é uma aula de técnica. Acham
que é só “pegar” uns exercícios, umas orientações e sair cantando. As habilidades
corporais são progressivas. São passos que temos que dar um após o outro. E isto leva
tempo e experiência!
Também é muito comum os alunos terem pressa quanto a tocar ou cantar algumas
músicas. Normalmente os alunos novos não tem paciência de aprender a tocar ou cantar
os métodos e caminhos que o professor mostra. Quando comecei a estudar piano, meu
professor me repreendeu quanto a minha ansiedade. Eu era muito afoito em tocar as
músicas rápido e sempre errava as mesmas notas. Então ele me orientou a organizar o
meu cérebro a tocar muito devagar trechos curtos dos métodos. Sem pressa! Uma frase
marcante deste meu professor de piano era, “Estamos formando o músico, depois
formamos a música”.
Portanto, meu amigo, minha amiga... tenha calma e paciência! Há muito para
aprender, não só em relação a conjuntos de notas executadas umas após a outra, mas
principalmente há muito o que amadurecer quanto ao ser músico e ao fazer música!
Estude com calma e todos os dias plante e regue a sua semente, você colherá os frutos
sem sombra de dúvida!
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Capítulo 2
Primeiras semanas de aula de canto
Basicamente:
Aquecimento;
Exercícios que envolvam a inspiração, retenção e expiração do ar;
Explicação básica sobre anatomia para o canto;
Exercícios de percepção de musculaturas grandes: Diafragma, abdômen,
músculos intercostais;
Exercícios de percepção de musculaturas pequenas: Músculos da face,
movimentos com a língua, movimentos com a abertura das narinas, palato,
laringe, etc;
Vocalizes
Percepção sobre a voz de outros cantores.
As primeiras semanas de aula de canto podem causar duas possíveis reações:
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1. O aluno acha tudo surpreendente e começa a sentir em seu corpo cada elemento
citado pelo professor e sua voz reage rapidamente.
2. O aluno estranha tudo e não consegue sentir os elementos citados pelo professor.
E não consegue enxergar que os exercícios propostos vão melhorá-lo em sua
execução.
Ambas reações são normais. Para o professor também é uma fase de teste. Para o
aluno, um experimento. Nesta fase o aluno deve ser paciente pois esta fase é necessária:
“É necessário ter consciência do corpo, das partes
anatômicas e de suas funções, pois isso nos ajuda no
trabalho de aperfeiçoar o nosso canto, facilitando o
entendimento e o acontecimento das ações voluntárias
necessárias a um melhor desempenho. ”
Assim que sair da aula e for para casa, ou no percurso para casa, faça anotações
sobre o que você aprendeu e escreva com suas palavras as sensações positivas que você
teve. Por exemplo, se você sentiu que teve uma sensação diferente sobre o palato mole,
ou sobre o apoio, ou qualquer sensação que você tenha sentido que fez a diferença,
anote. Cultive essa sensação durante a semana nos aquecimentos, nas vocalizes e no
treino de repertório.
O ideal é que você possa gravar o áudio da aula de canto inteira. Mas primeiro,
pergunte ao seu professor se ele permite a gravação. Para sua proteção, grave ele
dizendo que permite a gravação. Daí você pode ouvir o áudio completo da aula no dia
seguinte e fazer anotações sobre os pontos mais importantes. Ouvindo o seu áudio
completo da aula você provavelmente perceberá melhor a sua voz, terá uma perspectiva
sobre suas vocalizes mais apurada. Se você fizer isto... se você buscar sempre revisar a
sua aula, você estará aproveitando e multiplicando a sua aula várias vezes durante a
semana.
Muitas pessoas sempre se queixam por não terem muito tempo para estudar ou
se queixam que o tempo da aula é muito curto. Sim, se queixam porque só assistem a
aula, mas não cultivam o aprendizado. Uma aula bem revisada e aprendida vale por
dez.
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http://www.descomplicandoamusica.com/matematica-na-musica/
O canto está mais do que incluído nesta ciência. Pois iremos passar a analisar o
nosso corpo de forma fria e calculista, nos colocando a prova de uma investigação tão
minuciosa e cientifica que iremos cantar com a mesma preocupação que os físicos se
esforçam para resolver as suas equações. O professor de canto dará as equações e caberá
ao cérebro do aluno resolver.
Sim! Não se espante! O canto é uma coisa maravilhosa devido a isto! Se a causa de
cantarmos bem fosse unicamente do talento, infelizmente o canto seria para poucos,
mas ao saber que o canto tem o seu lado exato... tão exato quanto temos a certeza de
que 1 + 1 = 2... então temos que usar isto como motivação, porque a partir disto vou
poder afirmar com certeza que todos podem aprender a cantar!
Tudo pode e deve ser calculado! Quando erramos é um erro de cálculo... e quando
acertamos e não sabemos o porquê acertamos também não temos o cálculo consciente
dos músculos que movimentamos.
Um exemplo claro de cálculo... se queremos cantar uma nota aguda, ... não iremos
executá-la de modo nenhum se não houver um ajuste que aumente o espaço
verticalmente entre o palato mole e a laringe. Outro exemplo... se o palato mole não
estiver erguido, se não há desencaixe do maxilar e abaixamento da língua, o som será
inteiramente nasal, pois o ar não terá outra cavidade para se propagar senão para o nariz.
Isto que estou dizendo nos leva a uma outra preocupação... será que o seu
professor de canto está preocupado com estes detalhes?
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surpreenderia em saber que muitos professores que se dispõem a dar aulas em escolas
de música nem mesmo estudaram canto na vida. O que há muitas vezes é o caso de
instrumentistas que estudaram seus instrumentos e cantam afinados por familiaridade
com as notas. Esses instrumentistas que se intitularam como professores de canto são
aqueles que na aula de canto só ensinam frases musicais e ideias intuitivas de
interpretação. Mas não sabem explicar nada tecnicamente. Os alunos que iniciam aulas
de canto com esses professores com problemas vocais, continuam com seus problemas...
os que entram roucos saem roucos... os que respiram mal, continuarão a respirar mal...
Seja desconfiado! Você estará entregando a saúde da sua voz a qualquer pessoa
mal informada? Além de ser um perigo é uma exata perca de tempo! Me surpreende,
hoje em dia, que até em faculdades de São Paulo haja professores de canto que
ministram aulas para os alunos da graduação de canto erudito sem ter experiência em
ópera. É importante investigar estas coisas antes de se matricular na faculdade.
Quando eu escrevo estas palavras, posso parecer um pouco arrogante. Mas sei que
quando identifico maus professores, é porque infelizmente e felizmente tive maus e bons
professores. E sei a diferença de alguém que sabe me dizer o que estou fazendo do pé
ao fio da cabeça com alguém que só está interessado em me fazer cantar melismas e
improvisar, já que não sabe trabalhar a voz, de fato.
Fuja dos falsos professores! E procure um mestre que tenha um histórico sério com
o estudo de canto e de preferência que tenha experiência com música erudita. Mesmos
para os cantores que não tem pretensão de cantar lírico eu recomendo que tenham aulas
de canto com alguém que já tenha estudado o bel canto internacional e música de
câmara.
Lilli Lehmann, em seu livro “Aprenda a cantar” também faz sérias críticas aos maus
professores de canto e também às escolas e conservatórios de música que não
investigam critérios mínimos para a recrutagem dos professores:
“Certa vez, tive de substituir uma professora num
conservatório. Tinham-me prometido encaminhar para
as minhas aulas da instituição – aqueles que
necessitavam apenas de alguns toques finais. Logo após
minha primeira aula, fui queixar-me à diretora quanto à
ignorância dos alunos; ela, porém fez-me calar com estas
palavras: ‘Pelo amor de Deus, não fale assim! Quer que
fechemos o conservatório? ’
Saí dali para nunca mais voltar. ”
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para ele é o quanto você está pagando. Interessa para ele o quanto você está estudando
e só.
Quando eu falo sobre valorizar não é no sentido de ajoelhar nos pés dele e fazer
reverência... mas é no sentido simples de ter em primeiro lugar uma honestidade com o
seu estudo, e em segundo lugar uma boa comunicação com ele durante a sua semana
de estudo. Antigamente não tínhamos WhatsApp, SMS, Messenger ou qualquer uma
dessas redes sociais. Hoje em dia o aluno tem tudo isso e não sabe ou não quer se
comunicar com o seu professor...
Eu fico observando o quanto os alunos ficam animados nos grupos de WhatsApp
quando mandamos algo engraçado. Eles reagem instantaneamente. Não demora um
minuto até surgir o primeiro “kkkkk”. Mas quando o professor pergunta, “como vão o
estudo de canto? ”. Ninguém reponde.
Pior ainda é quando o professor manda vídeos de bons cantores para o aluno, ou
indica bons cantores para o aluno e ele ignora... eu não tenho palavras para descrever o
que sinto quando isto acontece. Porque em primeiro lugar, o professor nesta situação é
o maior interessado em ajudar o aluno, mas se ele não corresponde com o mesmo
interesse, o professor vai começar a se preocupar com outras pessoas que estejam mais
receptivas.
Com certeza, se você tem um bom professor de canto, ele deve estar te indicando
um bom material para ler, semelhante a este ou que sejam outros melhores... muitos
alunos têm dúvidas sobre o que leem ou assistem. Mas perdem a oportunidade de usar
as redes sociais para perguntar para o professor as suas dúvidas. Vão de semana em
semana segurando uma dúvida que podia ter resolvido com a atitude de perguntar.
Muitos alunos acham que professores de canto são todos iguais... E quando o
professor precisa mudar de horário ou de local eles dizem, “não vou poder mais
continuar com as aulas, está muito longe para mim”. (Ouvi isso quando eu precisei mudar
de um bairro para outro bairro vizinho). Mal sabem eles que me planejei muitas vezes
para sair de Suzano (SP) para ir para Ubatuba ter aulas... Fui para Piracicaba para
participar de festivais... São José do Rio Preto, E faço toda a semana o trajeto para a
Estação Luz para receber minhas aulas. Bom... aí fico pensando... do que se queixam estes
alunos que sofrem tanto quanto eu mudo de um bairro para outro? É mais difícil
encontrar um bom mestre do que achar uma agulha num palheiro. Se você tem a certeza
de que encontrou o seu mestre então siga-o onde for preciso e nas condições que forem
necessárias.
Nunca engane o seu professor... quando ele te perguntar como foi a sua semana
em relação ao seu treino, diga exatamente o que fez. Sem rodeios e sem informações
vazias. Não minta, porque ele vai descobrir!
Eu tenho a convicção que meus professores sabiam exatamente o que eu tinha
feito e o que não tinha feita, o que eu tinha estudado e o que não tinha, porque todo
meu estudo se manifestava na aula. Então mesmo se eu quisesse mentir não ia me
adiantar nada.
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Outro ponto... é ótimo ser honesto quando precisa dizer que não estudou todos
os dias, ou que sua semana não foi tão produtiva... mas não se acostume a ficar toda
semana dando desculpas. Ser honesto em dizer o que não fez é justo... mas também é
justo ser honesto com a sua aula de canto... com o seu estudo... ser honesto com o seu
sonho e com o seu objetivo.
Críticas e elogios
A aula de canto é realmente uma aula! Parece “clichê” dizer que os elogios nos
destroem e as críticas nos constroem. Mas é a pura verdade.
são pessoas altamente instruídas na música erudita. E todos recebem elogios discretos e
críticas severas. Pois é justo ao vencedor que seja realmente o melhor.
Quando crítica parte da pessoa que sabe da sua capacidade, e sabe como te fazer
chegar ao teu objetivo como cantor... então na verdade são como palavras de sabedoria
para guardar para toda a vida.
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Capítulo 3
Inalação - Entrada do ar nos pulmões
“Precisamos ter a música na cabeça e cantar com
o corpo”
A respiração
A respiração é tudo para um cantor! Uma das frases importantes que ouvi do meu
primeiro professor de canto é, "o canto é ar". Ele estava certo! Eu queria absorver esta
informação naquele momento. Mas eu não sabia que respiração seria um processo tão
cheio de detalhes a assimilar.
O meu segundo professor de canto Ary Souza Lima, disse que a respiração seria o
meu primeiro e provavelmente o meu último problema.
Já a cantora Mariana Cioromila me animou afirmando o quanto era possível ter o
ar “nas mãos” com a ajuda do conhecimento anatômico, treino e pensamento
antecipado.
O que é a respiração?
Segundo a cantora Cioromila descreve em sua tese de doutorado sobre a
inspiração para o canto erudito:
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A primeira coisa a focar nas primeiras aulas de canto deve ser no trabalho da
respiração.
Detalhes a corrigir imediatamente:
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Tipos de respiração
Octav Cristescu, identificou a existência de quatro tipos de respiração, a
saber: clavicular, costal, abdominal e costo-diafragmática. (CRISTESCU, 1963, p. 64)
RESPIRAÇÃO CLAVICULAR
A respiração clavicular é uma respiração [...] que se produz na parte superior do
peito e acontece com pouca amplidão. É um modo de respiração que produz muito
cansaço e exige um enorme esforço, oferecendo, em contrapartida, um resultado
mínimo. Fisiológica e esteticamente, a respiração clavicular dificulta a emissão vocal, pois
não apresenta a vantagem de uma respiração completa, reduzindo a possibilidade de
desenvolvimento da cavidade inspiratória. A tensão que vem deste tipo de respiração
congestiona o pescoço, produzindo uma voz estrangulada. (CRISTESCU,1963, p.67)
RESPIRAÇÃO COSTAL
O segundo tipo de respiração definido por Cristescu é a respiração costal. Esta
respiração [...] se produz na parte inferior do tórax. Desta maneira, a atividade muscular
é localizada ao nível da região lateral das costelas inferiores, não sendo recomendável
para o canto, pois proporciona uma pequena quantidade de ar que pode ser inspirada,
está sendo insuficiente para o ato de cantar. A respiração costal não é indicada porque
com ela acontece uma falsa contração do diafragma, obrigando a musculatura costal e
intercostal a não acionar junto com a musculatura dorsal. Tanto a respiração clavicular
quanto costal não permite aos pulmões se encher de maneira satisfatória, separando
assim a ação das musculaturas costal e intercostal da ação muscular da dorsal. Assim, os
pulmões são incapazes de se encher de maneira satisfatória. Ambos os tipos descritos
são inestéticos realçando o tórax de forma não natural e congestiona a musculatura do
pescoço e da laringe. (CRISTESCU, 1963, p.67-68)
RESPIRAÇÃO ABDOMINAL
Em seguida é apresentado o terceiro tipo de respiração, a abdominal. Este tipo de
respiração [...] contrai de forma não natural o diafragma. Os pulmões estão acima do
diafragma e não acima do abdômen. Esta respiração também deve ser evitada porque
produz um cansaço do corpo inteiro, sem justificativa fisiológica, gastando uma
quantidade de energia inutilmente. (CRISTESCU, 1963, p.68)
NARIZ
É aconselhável sempre inspirar pelo nariz, seja nos aquecimentos, treinos com
vocalizes, e nas pausas das músicas.
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Sendo assim, a inspiração que será feita antes de cada frase que se canta, cada
palavra ou nota será movimentando músculos pequenos para que a nossa voz se
aproveite de nossas cavidades afim de produzir um ótimo som.
CANAIS DO NARIZ
Os canais nasais, ou fossas nasais, são dois, divididos do septo nasal; um do lado
direito e um do lado esquerdo, no centro do rosto. A sua cavidade dá passagem ao ar
da inspiração. O interior das fossas nasais é fortemente irregular, formado de depressões
e de orifícios pelos quais os diferentes seios se comunicam entre elas. Cada um destes
lados tem três conchas, ou cornetos, havendo a concha superior, a concha média e a
inferior. A cada concha corresponde um meato, como pode ser visto abaixo:
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Figura 1
Fonte: https://hmsportugal.files.wordpress.com/2012/01/galeria1.jpg
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Para a inspiração para o canto, as partes que nos interessam na anatomia do nariz
são:
Os seios paranasais.
A seta mais baixa colocada na Figura 4 indica uma possibilidade de deixar o ar entrar
pelas narinas, de forma limitada, barulhenta e quando as narinas se fecham.
Claramente não é indicada para cantar, pois ocorre na parte baixa dos canais nasais e
não consegue sensibilizar o palato mole. Dá-se normalmente em decorrência de um
esforço. A seta do meio da Figura 4 é praticamente a entrada de ar pelo nariz de forma,
tranquila durante o sono ou durante o dia, quando a pessoa não está fazendo um
trabalho cansativo ou quando a gente fala.
A seta colocada na parte superior da Figura 4 é que nos dá entender a forma que
ajuda a pessoa na inspiração para o canto, facilita a ação e o preparo para a projeção do
som em direção as áreas tonais.
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A autora do livro Bel Canto, Lucie Manén, explica que o cantor tem que usar a
entrada do ar pelo nariz desta forma, de maneira voluntária e consciente.
Manén se apoia nesta mesma ideia também escrita por Lilli Lehman, no livro A minha
arte de cantar, ideia esta que também aparece no livro escrito de Francesco Lamperti A
Treatise on the Art of Singing, (London: G. Ricordi & Co.)
“Respirar na mais alta parte do nariz é uma
sensação de tensão do tímpano, acima do fundo do
nariz”.
Figura 5
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Para este trabalho, nesta citação do livro de Lilli Lehmann, temos duas informações
que não podem ser esquecidas:
Muitos alunos têm dificuldades para sentir, sensibilizar, e direcionar o som para
estas cavidades. Saiba que isto é muito comum entre os alunos iniciantes. Quando não
se consegue sensibilizar e erguer as fossas nasais, assim como erguer os músculos da
face, e o palato mole que será apresentado a seguir; é necessário insistir, persistir e
exercitar muitas vezes. A repetição será o caminho para o domínio destas pequenas
musculaturas.
Exercício 4
Inspire alargando as narinas em seguidas as fossas nasais, em seguida expire o ar
soltando bem devagar pronunciando o “s” constantemente, vários “sssss” procurando
manter as narinas e os canais do nariz ainda alargados.
(Exercite este exercício por 2 minutos durante o aquecimento, todos os dias.)
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MÚSCULOS DA FACE
Figura 6
Fonte: https://www.anatomiaonline.com/musculos-da-cabeca/
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Também podemos assistir isto no cantor Rockwell Blake, Ana Paula Valadão,
Luciano Pavarotti, Kiri Te Kanawa, Cristina Mel e Mariana Cioromila.
Tente observar isto em outros cantores.
Concluímos que os músculos da face têm relação com o palato mole. O
próximo passo é entender como este funciona e sua importância.
Se você nunca ouviu falar sobre o palato mole e o palato duro, não fique confuso,
você deve conhece-los por outro nome. É o famoso céu da boca. Mas ele é dividido em
duas partes.
A parte do céu da boca mais a frente (parte anterior), mais próxima aos dentes, é
uma porção mais dura, esta parte é o palato duro.
A porção do “céu da boca” mais ao fundo (parte posterior), é mais mole. Esta parte
é chamada de palato mole. Para perceber como ele é elástico, faça um bocejo. O palato
mole irá se erguer. Você também pode ver o palato mole se erguendo no espelho.
A abobada palatina (ou véu do paladar, ou palato
mole) constituem a superfície e modifica a pureza do
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Sobre o palato duro não existe muito para comentar, ele não tendo uma
importância que pode ser comparada com a do palato mole, para o canto. Considerando
agora a citação de Lilli Lehmann,
O palato deve permanecer elástico, desde sua
parte mais posterior até os dentes frontais-móvel e
susceptível, embora imperceptivelmente, a todas as
alterações. Muita coisa depende da continua harmonia
de ação entre o palato mole e o palato duro, que deve
estar sempre em plena evidencia, sendo que o
levantamento e a extensão do primeiro produzem
alterações de som. (LEHMANN, 1922, p. 84)
O palato mole tende sempre a abaixar no momento do canto, por isto nosso
cuidado para mantê-lo alto será todo momento durante e entre cada nota.
FARINGE
Continuando o caminho do ar pelo corpo, depois de entrar pelas narinas, canais nasais,
o ar continua o caminho para os pulmões através da faringe.
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A faringe, portanto, tem três partes. Parte nasal (superior), parte bucal (média),
parte laríngea (inferior).
Figura 7
Fonte: https://sites.google.com/site/sistdigestorio/home/faringe
Tendo a faringe porção móvel e elástica a qual é possível o movimento para trás
ou o relaxamento, buscaremos estender o músculo faríngeo para trás na direção da nuca.
(...)sustentamos que, no momento que o ar passa
nesta parte faringiana, o músculo faríngeo vai se
estender também para trás, na direção da nuca, muito
levemente, por sua característica elástica. Dessa forma, a
faringe pode ser aceita como útil, em notas cantadas sem
palavras, em uma vogal só, como complemento de
espaço para o som. (CIOROMILA, A inspiração no
canto erudito, 2011, p. 42)
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Exercício 6
Em frente ao espelho, abra a boca e tente ver o fundo da boca. Veja a sua úvula,
tente fazer um bocejo observando se o palato mole se ergue, juntamente com a úvula –
a campainha.
(Há muitas pessoas que na primeira experiência não conseguem ver a úvula no
espelho porque a língua está muito alta. Tente abaixar a língua enquanto faz este exercício.
Se a língua não abaixar, coloque uma pequena colher.)
Exercício 7
Erga os músculos da face igualmente no exercício 5 e erga o palato mole em
seguida e tente manter tudo erguido na inspiração e na expiração.
(Faça estes exercícios como aquecimento todos os dias por alguns minutos)
Mas a língua não poderá estar alta ou esticada em direção a faringe. Isto atrapalha
e distorce a qualidade das vogais cantadas.
LÍNGUA
A língua é um órgão essencialmente muscular. Quando não pensamos nela, não
sabemos o quanto a língua pode ser teimosa até que tentamos dominar ela.
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Figura 8
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAe3JEAK/anatomia-atlas-digestivo
Eu já estava no meu quinto ano no estudo de canto quando meu terceiro professor
de canto Cleiton Xavier me apresentou os meus problemas com a língua alta e esticada
para a faringe. E sim, depois de perceber melhor eu vi que realmente a língua alta
distorcia completamente a qualidade das minhas notas cantadas, principalmente os
agudos.
As notas agudas, para o cantor têm sucesso devido ao espaço que criamos. Já
citamos a parte nasal deste espaço, mas a cavidade bucal e laríngea também deve ser
generosamente grande e a língua alta pode atrapalhar diretamente nisto.
No momento da inspiração do ar, é necessário preparar a língua para facilitar a
saída do som no momento do canto.
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Figura 9
Veja a figura 9.
Fazer a língua obedecer ficar em forma de sulco é
uma situação voluntária e vai ser conquistada com
inúmeras repetições, como parte dos objetivos pessoais
característicos de cada cantor. O tipo de trabalho é
diferente para cada profissional, e conforme as
necessidades particulares estabelecem-se os objetivos.
(CIOROMILA, A inspiração no canto erudito, 2011, p.
45)
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LARINGE
Como a laringe é um órgão muito complexo, de maneira que vamos nos limitar a
discutir os pontos de interesse este manual: sua elasticidade; a capacidade de ser
abaixada voluntariamente em favor do som; e a necessidade de abaixá-la para se obter
um som cantado de melhor qualidade.
Figura 10
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Minha experiência com o abaixamento da laringe foi muito positiva. Minha voz
ganhou mais personalidade e se propagou de forma ampla e com ricos harmônicos
graves. Isto para mim é uma rica vantagem.
É nítido perceber o abaixamento da laringe em conjunto com o movimento do
desencaixe do maxilar nos cantores Franco Corelli, Jessye Norman, e Mario Del Monaco.
Há cantores que não se aproveitaram do abaixamento da laringe e criticam este
recurso. Já cheguei a ver postagens no Facebook, como este, “fui abaixar a laringe e
instalei um vírus”. Estes cantores não abaixaram a laringe de forma natural e não tensa.
O abaixamento da laringe de forma tensa realmente não faz bem a qualidade do som.
Isto requer um estudo dedicado e delicadamente experimentado. Por sorte, temos as
diretrizes científicas que falam a respeito.
A cantora de ópera Mariana Cioromila destaca que alguns erros que podem
acontecer ao abaixar a laringe de forma errada.
Entre os possíveis erros que podem acontecer no
procedimento de abaixar a laringe, destacamos:
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MAXILAR
Em nossa busca por um melhor som, que implicará em uma busca por espaço,
contaremos também o desencaixe do maxilar.
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Agora erga e abaixe a parte de trás da língua mantendo a ponta dela nos dentes
inferiores e o formato de concha no meio. Levante e abaixe a parte de trás da língua
várias vezes como se estivesse brincando de “vivo ou morto”.
Exercício 9
Exercício 10
Desencaixe o maxilar, colocando a ponta dos dedos na posição eixo do desencaixe
do maxilar – a frente das orelhas - e posicione a língua como já foi ensinado. Inspire pela
boca lentamente procurando descer a laringe tentando sentir o ar passando largo pela
garganta. Em seguida ponha a mão no peito e emita algumas vogais, como o AAAAAA,
depois o ÓÓÓÓ, prologando até acabar o ar; mas não segure o ar, deixe todo o ar sair
nesta emissão da vogal. É importante manter a sensação de uma garganta aberta.
TRAQUEIA
Não menos importante que os processos anteriores. É importante que no caminho
que percorre o ar pelo corpo através da inspiração, após passar pela laringe vão a
caminho da traqueia. Que tem uma estrutura tubular cilindroide, cheia de cartilagens
firmes, mas também de tecidos elásticos.
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exemplo não citam ou não buscam se utilizar da musculatura das costas, e há até bons
cantores, e instrumentistas de sopro que apresentam uma ideia muito intuitiva de como
o diafragma funciona. Mas acaba sendo “um tiro que sai pela culatra” como dizem, pois,
só cantam bem alguns repertórios específicos e de menor dificuldade. Quando a voz não
corresponde suas expectativas baseadas nas suas sensações, não sabem como resolver.
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Figura 12
Fonte: https://www.anatomiaonline.com/torax/
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Figura 13
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sendo seguido pelo alargamento das costelas, não vai ocasionar o levantamento dos
ombros, o que poderia causar uma posição pouco funcional.
Figura 14
Fonte: http://anatomiaonline.com/wp-content/uploads/2015/09/5.9-Superior1.jpg
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Figura 15
Fonte: http://anatomiaonline.com/wp-content/uploads/2015/09/5.4-Tronco2.jpg
As ilustrações são uma motivação técnica para entender que no canto precisamos
ser elásticos, tendo nos músculos, que vimos, o apoio natural para cantarmos sem
demonstrar um corpo enrijecido.
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PULMÕES
O ar percorrerá um caminho na inspiração que vem desde as narinas, seguindo
pelos canais do nariz, cavidade da boca, laringe, traqueia e brônquios. Até que finalmente
chega ao pulmão.
Conheça o pulmão:
O pulmão é constituído por um sistema de
pequenas cavidades onde o ar atmosférico penetra, cujo
volume varia com o grau de preenchimento dessas
cavidades ou, melhor, com a quantidade de ar que ele
contém. No ritmo respiratório, a massa pulmonar se
amplifica durante a inspiração e se reduz no momento
da expiração. (L. P. Moreira, 1940, p.87)
DIAFRAGMA
Tenho certeza que muitos de vocês estavam ansiosos para conhecer o músculo
diafragma, pois ele é famoso no ramo do canto.
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Fonte:http://www.terapiaycursos.com/index.php/terapia-craneo-sacral/2-uncategorised/410-
musculos-de-la-respiracion
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Figura 17
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Figura 18
Fonte: https://www.anatomiaonline.com/musculos-do-abdome/
COSTELAS
Costela: Anat. Cada um dos ossos (12 pares) achatados e encurvados que partem
da coluna vertebral e formam a maior parte da parede do tórax.
(Dicionário Aulete- http://www.aulete.com.br/costela)
Fonte: https://corewalking.com/intercostal-muscles-ribcage/
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Whitaker afirma,
Os músculos abdominais, por suas inserções nas
costelas determinam seu abaixamento e, portanto,
podem influir na expiração. Mas os efeitos principais que
eles determinam, agindo em conjunto, se conhecem sob
o nome de prensa abdominal. O seu mecanismo assim se
processa: o diafragma é recalcado tão baixo quanto seja
possível, numa inspiração forçada, ao mesmo tempo em
que por via reflexa, fecha-se a entrada da laringe com a
consequente retenção de ar nos pulmões: estes, assim
distendidos, opõem-se à elevação do diafragma, e como
os músculos parede abdominal, entram também em
contração, resulta, desta ação conjunta, diminuição no
volume da cavidade abdominal e aumento da pressão no
seu interior. Somente para esta ação de prensa
abdominal é que o diafragma e os músculos abdominais,
em geral antagônicos, agem sinergicamente.
(WHITAKER, 1943, p. 365)
1
Polichinelo é um exercício físico para alongar e aquecer os músculos dos membros, braços e pernas. Exercício
físico que exige uma certa coordenação motora, onde envolve movimentos dos membros superiores e inferiores. Exercício
de aquecimento, antes de fazer outra atividade física. A pessoa inicialmente fica na posição erecta, ou seja, com as pernas
totalmente fechadas e com as mãos coladas nas coxas, depois: com saltos no mesmo lugar e com movimentos
sincronizados de braços e pernas, seguindo os seguintes passos: com um pulo abre-se as pernas levanta os braços a cima
da cabeça ao máximo tocando uma mão na outra e desce fechando as pernas e tocando as mãos novamente à coxa,
voltando a posição inicial e assim faz repetidas vezes.
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Existem variações deste exercício. Como por exemplo, levantar uma perna e depois
a outra alternadamente; também dobrar os joelhos e esticar as pernas no ar. Estas
variações podem ser aceitas, mas sem deixar de treinar a primeira descrita.
Exercício 17 – Exercício do saco de arroz (10 Quilos) - Intercostais
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Após alguns dias exercitando diariamente isto vai ficar muito fácil. Então aumente
para 5 passos, depois 6, depois 7, 8, etc...
Exercício 20 – Prancha
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Agora que você recebeu estes conhecimentos, saiba que mais importante do que
saber é exercitar! Você já deve ter percebido que os cantores têm uma relação com os
atletas. Pois também dependem do fortalecimento de musculaturas grandes e pequenas
para que sua performance no esporte seja mais precisa e corresponda a suas
expectativas.
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Capítulo 4
Tipos de Voz, Tessitura Vocal e Repertório
Sabemos que a voz é produzida por um instrumento muito único e autêntico.
Nenhuma voz é igual a outra. É como uma impressão digital, podemos imaginar a partir
disto a variedade de vozes no mundo.
Tessitura
Segundo o Dr. Whitaker, tessitura é a série de notas, dentro da escala musical, que
uma voz pode dar. (Simples assim)
Conhecendo a tessitura é que o cantor desenvolve o seu repertório. Para algumas
pessoas a informação que vou dizer pode parecer dura, mas a verdade é que nem todas
as músicas são para nós cantarmos. Todos temos limitações.
Esta limitação que me refiro é referente a tessitura. E não a uma limitação técnica.
Esta tessitura está a uma extensão de duas oitavas aproximadamente. O bom cantor deve
garantir a execução de suas duas oitavas.
O cantor deve saber exatamente que notas são estas! Deve saber quais estão
dentro da sua extensão e quais não estão. Evitando repertórios que estão além de seus
limites, tanto graves quanto agudos.
Nas crianças devemos observar o fator da extensão com mais cuidado:
O conhecimento das tessituras infantis é
importante por causa dos cânticos escolares que
frequentemente exigem em intensidade e altura mais do
que é possível sem pôr em risco a voz da criança.
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Classificação - Tessitura
Segundo Gutzmann (Nadoleczny em D. & K.) a voz para ser utilizada musicalmente
e profissionalmente deve ter em média a tessitura de duas oitavas, assim especificas
pelas notas e frequências:
Existem casos excepcionais de grande capacidade nos graves e de extensão nos agudos.
Cantoras e cantores muito bem preparadas podem ter notas acimas das descritas. Os
sobre-agudos (podem chegar até 5 tons acima das duas oitavas acima da extensão
comum) são executados com muita técnica e merecem um ensino mais profissional para
serem bem feitos.
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Não podemos nos esquecer dos contra-tenores. Que são homens que possuem
extensão muito aguda no registro do falsete e a também chamada voz de cabeça. Podem
possuir a mesma extensão que as mezzo-sopranos e alguns casos raros executar com
perfeição os sobre-agudos (hight notes).
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fá e sol e nem por isto são sopranos. Há mezzos com facilidades em agudos como Si e
possivelmente Dó. Isto torna o processo de classificação da voz mais minucioso.
Por isso vamos ver em corais brasileiros a formação a três vozes: soprano, contralto
e tenor. Isto limita completamente o desempenho dos barítonos e baixos. E por vezes
desafiam demais as mezzos a cantarem repertórios ou muito agudos ou muito graves.
O seu professor terá muito tempo para te desenvolver e fará muitos testes até
definir a sua voz. Se você é um adolescente se abstenha da pressa porque a voz pode
apresentar mudanças fisiológicas até 25 anos que é aproximadamente o período que se
estima o fim da puberdade.
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Quando somos alunos iniciantes, isto tem muita relevância. Pois o professor irá
primeiro orientar os alunos para métodos como o Vaccaj, em seguida para árias antigas,
canções e provavelmente iniciar a cantar apenas árias se Mozart e Handel e ir observando
como se forma a voz para aos poucos ir formando o repertório de palco.
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de Mozart e bel canto e o início da Verdi. Esta Maria Stuarda, Maria Stuarda (Gaetano Donizetti)
é uma fachada vocal rara, pois são Mathilde, Guillaume Tell (Gioachino Rossini)
necessárias cordas vocais grossas para Medora, Il corsaro (Giuseppe Verdi)
produzir as notas grandes e dramáticas, que Norma, Norma ( Vincenzo Bellini )
geralmente diminuem a flexibilidade e as Odabella, Attila (Giuseppe Verdi)
habilidades acrobáticas da voz. Rodelinda, Rodelinda (George Frederic Handel)
Funções dramáticas de soprano coloratura: Rosalinde, Die Fledermaus ( Johann Strauss )
Abigaille, Nabucco ( Giuseppe Verdi ) Semiramide, Semiramide (Gioachino Rossini)
Alaide, La straniera ( Vincenzo Bellini ) Thaïs, Thaïs ( Jules Massenet )
Amalia, eu masnadieri (Giuseppe Verdi) Violetta, La traviata (Giuseppe Verdi)
Aminta, Die schweigsame Frau ( Richard Strauss ) Vitellia, La clemenza di Tito (Wolfgang Amadeus
Anne, The Rake's Progress ( Igor Stravinsky ) Mozart)
Anna Bolena, Anna Bolena ( Gaetano Donizetti ) O Soprano Lírico-Ligeiro: Também
Armida, Rinaldo ( George Frideric Handel ) chamado de Lírico Spinto, é um pouco mais
Armida, Armida ( Gioachino Rossini ) encorpado que o ligeiro puro, também tem
Chefe da Polícia Secreta Gepopo, Le Grand facilidade para agudos e volaturas.
Macabre ( György Ligeti ) Referências: Renata Tebaldi, Diana Damrau,
Donna Anna, Don Giovanni ( Wolfgang Amadeus Victoria de Los Angeles, Joan Sutherland;
Mozart ) Funções líricas para soprano coloratura em
Elettra, Idomeneo (Wolfgang Amadeus Mozart) ópera:
Elena, La donna del lago (Gioachino Rossini) Tytania , O sonho de uma noite de verão,
Elisabetta, Maria Stuarda , Roberto Devereux Benjamin Britten
(Gaetano Donizetti) Agrippina, Agrippina, George Frideric Handel
Elvira, Ernani (Giuseppe Verdi) Alcina, Alcina, George Frideric Handel
Esclarmonde, Esclarmonde ( Jules Massenet ) Alzira, Alzira, Giuseppe Verdi
Europa, Europa riconosciuta ( Antonio Salieri ) Zerbinetta, Ariadne auf Naxos -Richard Strauss
Fauno, Ascanio em Alba (Wolfgang Amadeus Dalinda, Ariodante - George Frideric Handel
Mozart) - papel das calças Silvia, Ascanio em Alba - Wolfgang Amadeus
Fiordiligi, Così fan tutte (Wolfgang Amadeus Mozart
Mozart) Vênus, Ascanio em Alba - Wolfgang Amadeus
Giovanna, Giovanna d'Arco (Giuseppe Verdi) Mozart
Giulietta, I Capuleti ei Montecchi ( Vincenzo Bellini Cunegonde, Candide - Leonard Bernstein
) Madame Silberklang, Der Schauspieldirektor -
Giunia, Lucio Silla (Wolfgang Amadeus Mozart) Wolfgang Amadeus Mozart
Hélène, Jérusalem (Giuseppe Verdi) Rosalinda, Die Fledermaus - Johann Strauss
Imogene, Il pirata ( Vincenzo Bellini ) Marguerite, Faust - Charles-François Gounod
Königin der Nacht, a flauta mágica (Wolfgang Sesto, Giulio Cesare - George Frideric Handel
Amadeus Mozart) Mathilde, Guillaume Tell - Gioacchino Rossini
Konstanze, Die Entführung aus dem Serail Ophélie, Aldeia - Ambroise Thomas
(Wolfgang Amadeus Mozart) Giulietta, I Capuleti ed i Montecchi - Vincenzo
Lady Macbeth, Macbeth (Giuseppe Verdi) Bellini
Leonora, Il trovatore (Giuseppe Verdi) Elvira Walton, Eu Puritani - Vincenzo Bellini
Lida, La battaglia di Legnano (Giuseppe Verdi) Ilia, Idomeneo - Wolfgang Amadeus Mozart
Lina, Stiffelio (Giuseppe Verdi) Elisa, Il Rè Pastore - Wolfgang Amadeus Mozart
Lucia, Lucia di Lammermoor (Gaetano Donizetti) Tamyris, Il Rè Pastore - Wolfgang Amadeus Mozart
Lucrezia, Lucrezia Borgia (Gaetano Donizetti) La Constanza, Il Sogno di Scipione (O Sonho de
Lucrezia, " I Due Foscari " (Giuseppe Verdi) Scipione) - Wolfgang Amadeus Mozart
Luisa Miller, Luisa Miller (Giuseppe Verdi) La Fortuna, Il Sogno di Scipione (O Sonho de
Marchesa del Poggio, Un giorno di regno Scipione) - Wolfgang Amadeus Mozart
(Giuseppe Verdi) Solista, Il Sogno di Scipione (O Sonho de Scipione)
Marguérite de Valois, Les Huguenots ( Giacomo - Wolfgang Amadeus Mozart
Meyerbeer ) Elvira, L'Italiana em Algeri - Gioacchino Rossini
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Marie, La Fille du Régiment - Gaetano Donizetti Antonia, The Tales of Hoffmann ( Jacques
Lisa, La Sonnambula - Vincenzo Bellini Offenbach )
Amina, La Sonnambula - Vincenzo Bellini Clorinda, La Cenerentola (Gioachino Rossini)
Lakmé, Lakmé - Leo Delibes Despina, Così fan tutte ( Wolfgang Amadeus
A Rainha de Chemakha, Le Coq d'Or (Zolotoy Mozart ) (ou soubrette)
Pyetushok) - Nicolai Rimsky-Korsakov Euridice, Orfeo ed Euridice ( Christoph Willibald
O rouxinol, Le Rossignol (Solovey) - Igor Stravinsky Gluck )
Olympia, Les Contes d'Hoffmann - Jacques Gretel, Hänsel und Gretel ( Engelbert Humperdinck
Offenbach )
Léïla, Les Pêcheurs de Perles - Georges Bizet Juliette, Roméo et Juliette ( Charles Gounod )
Celia, Lucio Silla - Wolfgang Amadeus Mozart Laurie Moss, The Tender Land ( Aaron Copland )
Philine, Mignon - Ambroise Thomas Lauretta, Gianni Schicchi ( Giacomo Puccini )
Aspasia, Mitridate, Rè di Ponto - Wolfgang Marzelline, Fidelio ( Ludwig van Beethoven )
Amadeus Mozart Manon, Manon ( Jules Massenet )
Ismene, Mitridate, Rè di Ponto - Wolfgang Musetta, La bohème (Puccini)
Amadeus Mozart Pamina, The Magic Flute (Mozart)
Adalgisa, Norma - Vincenzo Bellini Servilia, La clemenza di Tito (Mozart)
Dorinda, Orlando - George Frideric Handel Sophie, Der Rosenkavalier ( Richard Strauss )
Angélica, Orlando - George Frideric Handel Sophie, Werther (Jules Massenet)
Gilda, Rigoletto - Giuseppe Verdi Susanna, The Marriage of Figaro (Mozart) (ou
Almirenam, Rinaldo - George Frideric Handel soubrette)
Julieta, Roméo et Juliette - Charles-François Zerlina, Don Giovanni (Mozart) (ou soubrette)
Gounod Funções para soprano líricas de voz mais cheia,
Amenaide, Tancredi - Gioacchino Rossini mais escura:
Elizabeth Doe (Baby Doe), A balada do bebê Doe Emilia, The Makropulos Case ( Leoš Janáček )
- Douglas Moore La Contessa, O casamento de Figaro ( Wolfgang
Oscar, Un Ballo in Maschera Amadeus Mozart )
Liù, Turandot ( Giacomo Puccini )
O Soprano Lírico: de voz mais cheia, Lulu, Lulu ( Alban Berg )
também possui maior volume. É também O Marschallin, Der Rosenkavalier ( Richard Strauss
chamada de 2ºSoprano. Uma soprano lírica )
é um tipo de voz de soprano de ópera que Magda, La Rondine (Puccini)
tem uma qualidade calorosa com um timbre Wally, La Wally ( Alfredo Catalani )
brilhante e cheio que pode ser ouvido em Mimì, La bohème (Puccini)
uma orquestra. A voz de soprano lírica Micaëla, Carmen ( Georges Bizet )
geralmente tem uma maior tessitura do que Rusalka, Rusalka ( Antonín Dvořák )
um soubrette e, geralmente, outros Tatyana, Eugene Onegin ( Pyotr Ilyich Tchaikovsky
personagens simpáticos na ópera. Os )
sopranos líricos têm uma faixa de Hanna, a alegre viúva ( Franz Lehár )
aproximadamente C (C4) médio para "alta D" Bess, Porgy e Bess ( George Gershwin )
(D6). Esta é a voz de canto feminino mais O Soprano Dramático: raro e de sonoridade
comum. Existe uma tendência para dividir peculiar, é o soprano mais grave.
sopranos líricos em dois grupos, leve e cheio. Normalmente tem grande extensão e
Referências: Kiri Te Kanawa, Mirella Freni, Renata desenvolve grande volume. Referências:
Scotto, Joan Sutherland; Jessie Norman, (polêmica classificação, pois
Funções para soprano líricas de voz clara ou alguns a consideram Mezzo-soprano Lírico).
mais leve: Uma soprano dramática é um tipo de soprano de
Alice, Le comte Ory ( Gioachino Rossini ) ópera com uma voz poderosa, rica e emotiva
Ännchen, Der Freischütz ( Carl Maria von Weber ) que pode cantar atravessando uma orquestra
(ou soubrette ) completa. Dobras vocais mais grossas em
Annina, La traviata ( Giuseppe Verdi ) vozes dramáticas geralmente (mas nem
sempre) significam menos agilidade do que
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The Composer, Ariadne auf Naxos ( Richard A Condessa, A Rainha das Espadas ( Tchaikovsky )
Strauss ) Dalila, Samson e Delilah ( Saint-Saëns ) *
Dido, Dido e Aeneas ( Purcell ) * Dido, Les Troyens ( Berlioz ) *
Hänsel, Hansel e Gretel ( Humperdinck ) * Eboli, Don Carlos (Verdi)
Jo, Little Women ( Mark Adamo ) Fricka, Das Rheingold , Die Walküre (Wagner)
Marguerite, La damnation de Faust ( Berlioz ) * Herodias, Salomé (Richard Strauss)
Meg, Little Women ( Mark Adamo ) Judith, Bluebeard's Castle ( Bartók ) *
Mignon, Mignon ( Ambroise Thomas ) * Klytämnestra, Elektra (Richard Strauss)
Miranda, The Tempest ( Thomas Adès ) Laura, La Gioconda ( Ponchielli )
Mãe, Amahl e os Visitantes da Noite ( Menotti ) * Marina, Boris Godunov ( Mussorgsky )
Nicklausse, The Tales of Hoffmann ( Offenbach ) Gertrude (mãe), Hansel e Gretel ( Humperdinck )
Octavian, Der Rosenkavalier ( Richard Strauss ) * Ortrud, Lohengrin (Wagner)
O Peregrino, L'Amour de loin ( Kaija Saariaho ) * Princesa de Bouillon, Adriana Lecouvreur ( Cilea )
Sesto, Giulio Cesare ( Handel ) Waltraute, Götterdämmerung (Wagner)
Siebel, Faust ( Gounod ) O Contralto: como já dissemos, é raro no
Feiticeira, Dido e Aeneas (Purcell) Brasil. Tem timbre muito escuro e, até pela
Stephano, Roméo et Juliette ( Charles Gounod ) pouca oportunidade de se ouvir,
Suzuki, Madama Butterfly ( Puccini ) impressionante. Tem poucos papéis em
O Mezzo-soprano Dramático: ópera, a maior parte do repertório está na
Um mezzo-soprano dramático tem um registro música barroca e nas obras do séc. XX.
médio forte, um registro quente e alto e uma Referências: canto lírico: Kathleen Ferrier, Ewa
voz que é mais ampla e mais poderosa do Podles, Nathalie Stutzmann.
que as mezzo-sopranos líricas e coloraturas.
Esta voz tem menos facilidade vocal do que a CLASSIFICAÇÃO DE VOZES
mesuzio-soprano coloratura. O alcance do
mezzo-soprano dramático é de
MASCULINAS NA ÓPERA
aproximadamente o F abaixo do meio C (F3) O Contratenor: é atualmente a voz
para o G duas oitavas acima do meio C (G5). masculina que treina tecnicamente o falsete
A mezzo-soprano dramática pode cantar sobre para cantar como Contralto. Comum em
uma orquestra e coro com facilidade e foi coros mistos e masculinos europeus que
freqüentemente usada na ópera do século 19, interpretam, principalmente, música dos
retratando mulheres mais velhas, mães, períodos Renascentista (séc. XVI) e Barroco
bruxas e personagens malignas. Verdi (do séc. XVII à primeira metade do séc. XVIII).
escreveu muitos papéis para esta voz no Na liturgia católica não havia canto
repertório italiano e também há alguns bons congregacional (até meados do séc. XX). A
papéis na literatura francesa. A maioria música era executada por coros masculinos.
desses papéis, no entanto, está dentro do Por este motivo usavam-se meninos (os
repertório romântico alemão de famosos sopraninos e contraltinos), os
compositores como Wagner e Richard falsetistas e os castratti. O uso de coros
Strauss . Como mezzos de coloratura, mezzos apenas masculinos perdurou na liturgia após
dramáticos também são frequentemente a reforma protestante. A mulher só
lançados em papéis líricos mezzo-soprano. participava do canto congregacional (todos
os fiéis cantando juntos), reintroduzido por
Papéis dramáticos de mezzo-soprano em Lutero. Referências de Contratenores
óperas ( * denota um papel principal ): (falsetistas – cantando como contraltos) no
canto lírico: Andreas Scholl, Edson Cordeiro,
Azucena, Il trovatore ( Verdi ) * Philippe Jaroussky;
Amneris, Aida (Verdi) * Os papéis de contratenor notáveis incluem:
Adelaide, Arabella ( Richard Strauss )
Brangäne, Tristan und Isolde ( Richard Wagner ) Joad, Athalia ( Handel )
The Gingerbread Witch, Hansel e Gretel ( La Fortuna, Giustino , (Handel)
Humperdinck ) Childerico, Faramondo , (Handel)
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Capítulo 5
Como deve ser feito o treino durante a
semana?
O treino do estudo de canto deve ser feito todos os dias da semana, sem desprezar
um dia se quer.
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Este estudo pode acontecer em qualquer horário em que você mais se sinta à
vontade durante o dia. Mas de preferência que seja sempre no mesmo horário. Algumas
partes do treino podem ser preferíveis a noite. Como o estudo de leitura rítmica,
melódica, leitura do material, e a pesquisa de referências. Eu particularmente prefiro
começar meus estudos pela manhã, porque durante o decorrer da tarde muitas coisas
podem acontecer e eu posso me dispersar. E durante a noite reviso a parte de pesquisa
de referências, treino de idioma extrangeiro e leitura musical.
O seu estudo tem que acontecer em um local tranquilo e que você possa fazer
barulho. Sei que isto pode ser complicado para muitas pessoas, mas é necessário fazer
barulho. Não dá para treinar baixinho! A sua voz tem que ter liberdade para se projetar
no espaço com muito volume. Isto é importante.
Também não adianta dizer que durante a semana cantou no banheiro, ou que
vocalizou sentado no carro, ou que escutou as músicas apenas no fone no percurso para
o trabalho. Você estará se enganando se pensa que estará desenvolvendo assim.
Então a chave é: “organize-se” e tenha um horário fixo, e neste horário diga aos
outros que está ocupado estudando. Tranque a porta do seu quarto e dê início ao seu
treino, com muita calma, frieza e objetivo. Sabendo o que vai fazer, e sem pressa de que
acabe.
Faço um alongamento, e dou início aos exercícios que envolvem a respiração. Faço
100 abdominais no chão, depois mais 100 exercícios erguendo as pernas no chão para
fortalecer a faixa abdominal inferior (Exercícios de 11-20).
Faço uma caminhada focada na respiração (Exercício 19). Normalmente faço isto
andando por três quarteirões e volto para casa.
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Em dias que se sente a voz pesada, procuro aumentar a velocidade das vocalizes
para que volte a consciência sobre como o ar “corre” de forma leve. Há dias, porém em
que se tem mais tempo então canto me movimentando entre um tom e outro. Tudo
depende de qual é o objetivo para o dia!
Há momentos em que estou trabalhando uma música, ária, ou canção que tem
alguma habilidade que posso explorar nas vocalizes. Então trabalho estes intervalos nas
vocalizes.
Geralmente começo vocalizando com a vogal “i”. Depois vou adicionando outras
vogais ajustando a projeção do “i”.
Também busco fazer saltos para trabalhar a passagem da voz entre os intervalos
2
de terça, de quartas, quintas e oitavas. Isto é importante. Porque os saltos estão
presentes nas músicas. Sabendo encarar os saltos (intervalos) cantaremos o que
quisermos!
Quando vocalizo, cada nota é uma pérola! Não posso deixar passar um som feio
entre dois bonitos! Não posso descuidar que eu tenha emitido uma nota sem pensar em
como fiz. Até mesmo se eu acerto eu preciso estar consciente de cada músculo que eu
movimentei para saber repetir.
São ráras as vezes que não me gravo pelo celular e escuto nota por nota! Gravo
pelo aplicativo de gravação de voz do meu smartphone uma vocalize em um tom, depois
escuto e corrijo. Gravo novamente e se não tiver corrigido, não passo de tom até resolver.
Tenho que estar muito consciente, pois o erro evidencia a falta de atenção, e esta falta
de atenção pode me cansar!
O seu professor te ajudará a adquirir esta experiência! Por isto é importante treinar,
ler os materiais, e escutar as músicas que o seu professor te indicar e conversar com ele
durante a semana sobre as suas experiências.
2
O quociente, o valor, a razão obtida entre as frequências de duas ondas sonoras.
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Emissão do ar – o canto
Durante a emissão do ar quando cantamos, nos aproveitamos da estrutura criada
na inspiração segundo o método de Cioromila, apresentado anteriormente, adicionando
alguns movimentos que acontecerão de forma milimétrica e friamente calculados.
Ao começar a cantar a primeira nota da frase ou da vocalize, os músculos da face
continuarão erguidos, as narinas continuarão alargadas, os canais do nariz estarão largos
e erguidos. Pois a projeção da voz se aproveitará dos espaços, vibrando nos seios frontais
e nasais.
O palato mole terá tendência a descer, mas teremos que utilizar de muito esforço
intelectual para ergue-lo sempre mais a cada nota. O maxilar continuará desencaixado e
irá desencaixar mais a cada nota mais aguda em alguns casos também para notas mais
graves. Podemos dizer que a sensação é que a cada intervalo o maxilar se desencaixará
mais verticalmente. Também a laringe que já estava baixa, teremos que dar atenção a
ela, pois buscaremos a sensação de descê-la mais a cada nota (enfatizo que é uma
sensação pois a laringe assim como o maxilar têm os seus limites em relação as suas
respectivas elasticidades). Assim teremos acesso aos harmônicos graves proporcionados
pela laringe baixa, produzindo a chamada voz de peito (este título caiu em desuso
porque a voz não se propaga realmente no peito).
Portanto, para termos controle sobre o ar, este movimento será de baixo para cima,
desde a contração do musculo pubiano ao discreto movimento do diafragma.
As costelas continuarão firmes e alargadas, pois a elas não será dado por nós
nenhum comando. Elas irão abaixar naturalmente no fim da expiração, mas o nosso
esforço intelectual será em manter os intercostais esticados. Afinal desejamos ter mais ar
em nossa emissão do som, então manteremos as costelas alargadas.
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Vamos explicar com detalhes os cuidados que devemos tomar entre uma nota e
outra. Tomando como exemplo um intervalo de 2ª maior.
O som agudo vibra em uma frequência mais ágil que os sons graves.
A frequência é a característica através da qual o ouvido distingue se um som é
agudo ou grave. Esta característica está relacionada com a quantidade de ciclos
completos (vibrações) de uma onda sonora, que ocorrem num período de 1 segundo, e
é expressa em Hertz (Hz)
Na figura acima, é possível ver que a nota Lá ( A em destaque) vibra a 440 Hz. Ou
seja, 440 vibrações por segundo. Já o próximo tom ascendente ao A, o B possui 495 Hz.
Isto significa que ouve um aumento exato na velocidade em que vibra o som. Por esta
razão afirmaremos que a pressão de ar que passa pelas pregas vocais vibra em
velocidade exata a afinação estabelecida pelas notas musicais.
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http://www.rockwellblake.com/blog/what-is-it-
about/glossary/vibrato
Muitos alunos se dispõem muito pouco durante a semana para treinar. Alguns
porque não sabem como organizar o seu tempo e outros por procrastinação e também
os que não sabem como conduzir o seu treino. Eu identifiquei esses três perfis de alunos.
Os alunos que tem um tempo ideal de treino diário de quatro horas disponíveis por dia
– Este grupo vou chamar de perfil A – e os alunos que tem menos tempo disponível por
conta do excesso de trabalho vou chamar identificar como alunos de disponibilidade B.
E os alunos de disponibilidade C são aqueles que possuem uma agenda muito irregular
e separam pouco tempo para o estudo.
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A
da face, canais do nariz, palato mole, língua, laringe e
Plenamente outros)
De 4h a 6h Eficiente
- 5 minutos de pré aquecimento
- 1h e 30m `a 3h de vocalizes
por dia
(Ideal) - 35min treino do repertório
- 30 min leitura e pesquisa
- 30 minutos leitura rítmica
- 30 min leitura melódica
- 20 minutos estudo de idioma estrangeiro
Disponibilidade Regularmente - 20 minutos de exercício físico
- 15 min Treino de musculaturas específicas (músculos
B
Eficiente da face, canais do nariz, palato mole, língua, laringe e
outros)
De 2h a 4h (Se for feito - 5 minutos de pré aquecimento
de forma - 1h de vocalizes
por dia
- 20 min treino do repertório
constante se - 20 min leitura e pesquisa
obtém ótimos - 15 minutos leitura rítmica
resultados) - 15 min leitura melódica
- 10 minutos estudo de idioma estrangeiro
Disponibilidade Pouco - 20 minutos de exercício físico
- 5 min Treino de musculaturas específicas (músculos
Eficiente
C
da face, canais do nariz, palato mole, língua, laringe e
(Se o estudo outros)
- 5 minutos de pré aquecimento
De 1h a 2h for constante - 30 min de vocalizes
por dia e bem - 15 min treino do repertório
- 15 min leitura e pesquisa
dividido terá
-10 minutos leitura rítmica
bons - 10 min leitura melódica
resultados) - 10 minutos estudo de idioma estrangeiro
Temos então estes três perfis de disponibilidade. Você irá se identificar com algum
deles, provavelmente. Se você tem um tempo curto por dia, este tempo tem que ser bem
dividido e totalmente disciplinado a executar cada fase do treino.
ATRIBUTOS
O cantor é um conglomerado de habilidades que se unem e formam o cantor
profissional competente. Tendo em mente este cantor competente que está pronto para
qualquer trabalho, prova ou edital, foi que eu, Wagner, me propus te orientar a trabalhar
essas habilidades em tempo separados do seu dia. Não posso de modo nenhum dizer,
“Leitura musical vamos trabalhar só muito tempo depois”, porque estou adiando um
processo que te fará compreender a música como um todo e influenciará diretamente
na sua interpretação.
Vou colocar na tabela a seguir essas habilidades ou atributos que o cantor deve
trabalhar diariamente e justificar o porquê.
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Pré Faça todos os exercícios do pré- O pré-aquecimento deve ser feito antes de
Aquecimento aquecimento de A à K. iniciar as vocalizes. Leia o tópico pré-
aquecimento.
Vocalizes Não há ordem específica para o treino das Você canta o que você vocaliza. A
vocalizes que seja universal para todos os consciência de como cantar é trabalhada na
níveis de aluno. Leia o capitulo que explica vocalize. Esta é a parte mais importante de
de forma completa as vocalizes neste todo o estudo e deve tomar mais tempo que
manual. todos as outras partes.
O ideal é sempre começar as vocalizes sem Alunos de disponibilidade A podem treinar
vogal. Por exemplo, vibração com os lábios, as vocalizes com maior tempo do que todos
boca chiusa ou vibração com a língua. os outros exercícios. Podem gravar cada
tom e se ouvir, corrigindo os detalhes que
Em seguida trabalhar as primeiras escalas
escutou na gravação.
com a vogal “i”.
Os alunos de disponibilidade B podem
As próximas escalas ou intervalos podem
iniciar sem se gravar e escutar cada tom e
alternar o “i” com outras vogais buscando
quando tiverem treinando terças e quintas.
cantar todas as vogais se aproveitando da
mesma projeção e produzindo o mesmo Os alunos de disponibilidade C podem fazer
timbre, ou como se diz entre os cantores primeiro a escala maior com boca chiusa
líricos a mesma cor. até uma oitava e depois, intervalo de
segunda maior com vogal em um dia e no
Use sempre a sua aula prática de canto
outro dia fazer outro intervalo como terças
como referência.
ou quintas.
Treino do Após vocalizar treine a música que o seu O repertório deve ser trabalhado em partes,
Repertório professor de canto te orientou. Que seja o frase por frase, compasso por compasso.
Buscando trabalhar os intervalos da mesma
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método Vaccaj, Aria antiga, canção ou ária forma e com a mesma atenção que nas
de Ópera. vocalizes. Buscando fazer a preparação do
método de Mariana Cioromila a cada pausa.
Veja o tópico Preparação para o canto
Teoria Musical Depois de vocalizar descanse. Em seguida O Aprendizado da teoria musical pode se
ou mais tarde em algum momento mais dividir em quatro fases ou partes.
tranquilo do seu dia, trabalhe a leitura
Leitura Rítmica
musical.
Leitura Melódica
Por meio de métodos como o Pozzoli, Percepção Musical
Bona, Solfejo de Edgar Willems, Prince e Escrita.
outros.
Veja o tópico Percepção Musical.
O seu professor de canto pode e deve te
orientar a como utilizar estes métodos de
Teoria musical
Pesquisa A pesquisa pode acontecer em qualquer O momento de pesquisa é fundamental
momento tranquilo do seu dia. Esta para o cantor. Quanto mais o aluno se
envolve: dispõe a ouvir, mais desenvolve.
Leitura de livros de técnica vocal Quando o aluno se dispõe a ouvir música
(como este) erudita e cantores líricos ele é capaz de
Assistir ou ouvir cantores absorver a estética musical e até mesmo
recomendados produzir ressonâncias diferentes por meio
Assistir musicais, óperas, da assimilação do som.
concertos, oratórias, Quando eu recomendo ao aluno que escute
documentários e filmes sobre e estude a música erudita é porque temos
músicos ou com música. muito mais do que um século de música.
Pesquisar sobre os compositores Muitos alunos não têm ideia de que a
de música erudita, sobre a obra, o música como a conhecemos com a escrita
período e contexto social em musical que usamos já existe há mais de 15
relação com a obra. séculos.
Ouvir cantores líricos é muito bom ao cantor
pois, os cantores líricos dedicam muitos
anos de suas vidas ao estudo de canto
antes de entrarem para os teatros de ópera.
Idioma O aluno pode iniciar com o inglês e italianoHoje em dia, com o acesso à internet, não
Estrangeiro no primeiro e segundo semestre. Após um temos desculpas para não estudar um
ano de estudo é recomendável estudar o idioma estrangeiro. O primeiro idioma que o
alemão e após um ano, pode estudar o aluno deve estudar é o Inglês. Se o aluno
francês. não sabe cantar em inglês ele não pode
nem mesmo cantar repertório de baile ou de
Os maiores compositores de música erudita
cerimônias.
– sejam óperas, oratórias, obras sacras,
canções e outros – fizeram obras em Latim, Por meio de aplicativos e sites gratuitos é
Italiano, Inglês, Alemão, Francês, Alemão e possível aprender inglês gratuitamente
Russo. sozinho.
Um dos aplicativos gratuitos que
recomendo é o Duolingo.
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Capítulo 6
Pré-Aquecimento e Preparação
Chamamos de aquecimento ou pré aquecimento uma série de exercícios para
proporcionar um melhor condicionamento das musculaturas que estão envolvidas ao
processo humano de cantar.
Esses exercícios preparatórios podem ter
numerosas formas e variados objetivos específicos
contribuindo para melhor funcionamento da
musculatura vocal e execução do canto (FARAH 2010;
CHAVES 2012).
Pré-aquecimento
Fazer o pré-aquecimento é importante para despertar o corpo. Nesta etapa não
são feitas as vocalizes. Apenas exercícios físicos específicos para estimular a elasticidade
de grandes musculaturas como os intercostais, abdome, omoplatas e outros. E
musculaturas pequenas como músculos da face (zigomático maior, zigomático menor,
levantador do lábio superior), orbiculares, palato mole, língua, pilares da garganta e
outros. Estes exercícios devem ser feitos antes de vocalizar, ou cantar.
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G. Estando em pé, e com as pernas separadas alinhadas com o ombro, faça um movimento
com a sua cabeça para a direita. Como se olhasse algo na direção do seu ombro direito. Em
seguida faça este movimento para a esquerda. Repita o movimento virando a cabeça para a direita
e para esquerda 5 vezes cada lado.
H. Ainda de pé, movimente a cabeça para cima soltando o maxilar, como se olhasse para
o teto; depois mova cabeça para baixo encostando o queixo no peito. Repita este movimento
para cima e para baixo 5 vezes.
I. Movimente os ombros rotacionando-os para frente 10 vezes;
J. Movimente os ombros rotacionando-os para trás 10 vezes;
K. Una as mãos como se estivesse cumprimentando a si mesmo e mova toda a parte
torácica para a direita e depois para a esquerda. Repita 10 vezes cada lado.;
L. Com as pernas afastadas, tente alcançar com a mão direita o pé esquerdo, Três vezes.
Depois tente alcançar o pé direito com a mão esquerda três vezes, depois alterne novamente para
mão direita, e depois esquerda, cada uma com três movimentos. Faça isto de 5 a 10 vezes.
Aquecimento
O aquecimento realizado com vocalizes é
denominado aquecimento estético, pois buscam o ajuste
do timbre, da afinação e da sonoridade, bem como a
ativação da musculatura vocal. A pedagogia vocal
descreve que a estratégia mais utilizada pelos professores
de canto e cantores, e acrescento aqui, os
fonoaudiólogos, para aquecer a voz é o vocalize, que
pode variar de pequenas estruturas melódicas
ascendentes e descendentes, a estruturas mais complexas
(FERNANDES, 2009; FARAH, 2010; CHAVES 2012)
3
Significado de Semitom: Metade de um tom; meio tom.
4
Tessitura: Conjunto de sons que melhor convêm a uma voz ou instrumento: tessitura grave, aguda. Conjunto de
notas que se repetem numa peça ou num trecho e que constitui, por assim dizer, uma espécie de média do registro em
que foram compostos.
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
Faça esta escala por apenas uma oitava. (50% da extensão5) Sopranos e tenores a
partir da nota D; Barítonos e Mezzos a partir de B; Baixos e Contraltos a partir de Ab
c) Boca chiusa com escala maior até terça maior – Durante a boca chiusa procure
sempre ter uma boca comunicação com as fossas nasais e o apoio, principalmente.
Lembrando-se de cumprir atentamente o processo de respiração explicado no
capítulo anterior. A projeção do som com boca fechado com som de “n” deve ser
direcionada para os seios paranasais com muita energia. Preocupando-se em não
diminuir esta energia, que se traduz na velocidade da pressão do ar, mesmo quando
5
As notas da extensão do cantor. Por exemplo se for soprano que tem uma extensão de duas oitavas de Ré, 50%
é a primeira oitava. As notas estão representadas em cifras. A= Lá, B=Si, C=Dó, D=Ré, E=Mi, F=Fá e G=Sol.
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
a nota subsequente seja mais grave do que a que está sendo cantada num exato
momento, o corpo se empenha para que a próxima nota tenha a mesma corrente
de ar.
Se o paciente não sente a vibração nos seios paranasais é indicado bater a ponta
dos dedos nas narinas a cada nota.
Com esta mesma sequência de notas é possivel fazer o exercício com staccato ou
com legato.
Indico treinar essa escala até 70% da extensão. Tenores e Sopranos iniciando no tom
de D; Barítonos e Mezzo-sopranos podem iniciar no tom de Bb; Baixos e Contraltos
a partir de G.
d) Boca chiusa com Staccato e legato 1 – os pontos embaixo das colcheias indicam
staccato.
f) Boca chiusa com escala maior da Tônica até a 9a – É recomendável treinar esta
escala com andamento6 entre Andantino e Allegreto. Esta escala pode ser explorada
por toda a extensão do cantor (100% equivalente à sua plena extensão)
6
Chama-se de andamento o grau de velocidade do compasso. No italiano, idioma utilizado tradicionalmente na
Música, andamento se traduz como Tempo, frequentemente usado como marca em partituras. É possível medir o
andamento por meio de um metrônomo que pode ser baixado na loja de aplicativos de seu smartphone.
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
i) Intervalo de 2ª maior com “i” – Este exercício deve ser feito com a consciência
sobre o processo de como cantar este intervalo. Leia o tópico “Emissão do ar” e “
Como deve proceder o canto em diferentes intervalos”. Recomendo cantar este
intervalo até 65% da sua extensão.
j) Escala maior da tônica à terça maior com legato – Após ter trabalhado a
consciência de como executar o intervalo de 2ª maior. O aluno pode trabalhar
escalas com escalas de graus conjuntos. Sugiro a escala maior até a terça, depois até
a quinta e/ou até a nona.
k) Equalização das vogais no mesmo timbre e tom – É muito importante que todas
as vogais tenham o mesmo timbre (ou como se costuma dizer entre os cantores de
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
ópera, a mesma cor). Recomendo que vibrato seja feito de forma calculada em
semicolcheias, sendo assim, cantando quatro vibratos para cada semínima, apenas
a última vogal será cantado 9 vibratos finalizando no tempo forte. O cantor pode
treinar este exercício no tom que se sentir confortável.
l) Intervalo de 3ª maior com as vogais “i” e “a” – Agora que a vogai “i” já foi bem
trabalhada nos exercícios anteriores. O cantor pode agora mesclar o “i “ com outras
vogais abertas, como o “á” ou “ó” (de acordo com a fonética brasileira).
Recomendo trabalhar este intervalo até 70% da extensão.
m) Intervalo de 3ª maior e menor com duas vogais – recomendo que a primeira vogal
seja “i” e a segunda seja “ó” ou “á”. Recomendo que no primeiro ano de estudo seja
treinada essa escala até 90% da extensão. Nos anos seguintes, 100% da extensão.
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Capítulo 7
A importância da percepção e leitura musical
Certa vez, eu estava vendo um vídeo sobre um excelente desenhista... ele disse que
para aprender a desenhar são necessárias três coisas: material adequado, percepção e
treino.
O treino para o desenhista é tudo! Por vezes é necessário treinar várias vezes como
se desenha o nariz, várias vezes uma boca, desenhar várias vezes uma forma, folhas, etc...
a prática é fundamental para o desenhista. Da mesma forma ou talvez mais importante
ainda é a prática para o cantor. O treino é tão importante para o cantor quanto o exercício
físico é importante para o atleta.
Desenvolvendo o ouvido
Ouvir é uma das tarefas mais importantes para o músico em geral. Quanto melhor
o ouvido musical, melhor a execução deste artista. Isto deve ser desenvolvido e praticado.
Mas isto vai além de escutar músicas com o fone enquanto viaja no trem.
O seu professor vai te ajudar nesta tarefa! Provavelmente ele te mostrará muitas
músicas, muitos cantores, obras, compositores, estilos e etc.
Quando o seu professor te disser o nome de um cantor, não apenas escute uma
música. Baixe muitas músicas, pesquise a história do cantor, ou do compositor. Não
escute enquanto faz outras coisas para passar o tempo. Viva a experiência de escutar a
música apenas com o intuito de ser envolvido por ela.
E quando você encontrar um bom cantor, persiga ele! No caso de compositores,
sempre pesquise a história deste autor.
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
do que é. Particularmente eu não tenho preguiça com esta parte! Vou a todos os
concertos que posso, assisto a óperas ao vivo, vejo DVD’s, vou à bares com música ao
vivo, vou a igrejas, participo de ensaios abertos, audições. Isto me faz um músico melhor
em muitos sentidos.
E... entre nós... isto ajuda a sermos ecléticos e mais fora da caixa! Nos faz ser mais
sadios em nosso convívio com outros músicos.
Este é um aplicativo muito bom para reconhecer a diferença entre intervalos, escalas e
acordes até modos gregos. É excelente para aprimorar a percepção musical. 100% em
português. Está disponível gratuitamente na Play Store.
Ear Master
É um software para PC, possui as mesmas funções que o Ouvido Perfeito, mas sua
vantagem é a precisão para executar a leitura rítmica com o uso do mouse.
Treinador de Ouvido ChordProg
É o melhor aplicativo (experimentado por mim) para o treino do ouvido musical em
relação principalmente a acordes. Muito bom principalmente para instrumentistas
reconhecerem as acordes de um campo harmônico. No entanto não é 100% gratuito, na
Play Store está disponível apenas uma versão de teste.
Crazy Maestro
Embora não seja um aplicativo desenvolvido para a percepção musical. As notas são
colocadas na altura correta. Se o aluno procurar cantar as notas na afinação que estão
dispostas no jogo, estará solfejando de forma prática.
Afinação natural
A afinação natural sem exposição a música de fato não existe! A criança é exposta
à música e ao ensino de música e então desenvolve o ouvido. Não há registro de crianças
que não tenham sido expostas à musica terem ouvido apurado. (Como é exibido de
forma completamente falsa no filme “O som do coração” – é um absurdo e impossível)
A afinação pode ser despertada pelos pais criando um ambiente musical desde
que são recém-nascidos e pelo professor, principalmente em turmas de crianças!
Normalmente no caso de adultos, já são pacientes que se desenvolveram naturalmente
e chegaram na aula de música pois já tem a facilidade. Nestes casos, é possível que a
pessoa já tenha muito contato com música em seu histórico familiar, ou institucional.
Pois pode ser que tenha frequentado lugares onde há música, como igrejas, bares ao
vivo, corais públicos, e muitas outras possibilidades onde a percepção musical foi
desenvolvida naturalmente.
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Semitonar – O que é?
Semitonar é cantar sobre ou sob o semitom. Seria cantar meio tom a baixo ou
acima ou em uma frequência que chegar perto do tom, mas ainda não é lá... é quase lá,
mas não é.
Para quem tem um ouvido apurado, ouvir um cantor semitonar pode ser muito
ruim. Principalmente se este ouvinte for um jurado. O ideal é sempre buscar ter uma
afinação acima da nona coma. Como se cantasse por cima da nota. Ou seja, se afinar, se
apurar o mais dentro possível do tom.
Teoria musical
A teoria musical, embora não pareça, é muito mais ligada a prática do que se
imagina. O conhecimento de teoria musical possibilita basicamente três coisas:
Compreender o que é a música e suas
propriedades
Identificar os elementos presentes nas
músicas, como por exemplo, a formula de
compasso, tom, progressão harmônica,
dinâmicas, etc.
Ler e escrever a notação musical.
Se você está lendo este livro, é porque
provavelmente você foi alfabetizado. A
notação musical é o meio usado mundialmente para escrevermos a música. E embora a
primeira impressão de uma partitura musical seja apenas um monte de formigas
desenhadas. Você pode aprender a ler a música tanto quanto aprendeu a escrever o
português.
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
porque têm muitos cantores que acham que simplesmente não precisam, e no futuro as
portas se fecham para este cantor que desprezou este conhecimento.
Além de tudo, a teoria musical é importante para que você compreenda a música
em seus muitos aspectos. Comece a estudar agora mesmo!
Considero válido dizer que isto serve para que você seja um músico completo,
capaz de escrever, ler e interpretar as obras dos grandes compositores. E é graças a
leitura da partitura que as magníficas obras dos compositores de séculos passadas estão
vivas em nossa época.
Há muitas oportunidades de trabalho no ramo da música para quem se dedica a
leitura. O bom cantor que têm uma boa leitura musical sempre terá muito trabalho e
portas abertas!
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
Capítulo 8
Treinos específicos
O bom cantor é um profissional competente em várias habilidades. Cada
habilidade é como um tijolo a ser colocado na parede do conhecimento musical. Por
exemplo, um tijolo é o trabalho de domínio e expansão do ar, outro tijolo o treino de
intervalos, outro tijolo a leitura musical, outro tijolo e conhecimento teórico da técnica
vocal, outro tijolo é o treino dedicado dos ornamentos usados na interpretação, e etc, e
assim, pouco a pouco, tijolo a tijolo vamos construindo o cantor profissional.
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
O Vibrato não pode ser confundido com a voz trêmula. Há alunos iniciantes que
têm o canto trêmulo devido a fraqueza das musculaturas que controlam a pressão de ar.
Exercício 4
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
Agora tente exercitar o vibrato aos finais das frases. Experimente também ouvir
com atenção o vibrato de outros cantores e o vibrato feito por instrumentistas.
O vibrato feito por bons trompetistas, violinistas e violoncelistas pode ser muito
semelhantes ao da voz. Observe o vibrato usado por esses instrumentistas para absorver
a expressividade e a musicalidade deles.
A questão do timbre
De forma mais genérica, explicamos que o timbre é o que caracteriza cada som.
Ou no caso dos cantores o que caracteriza cada voz.
Já me perguntaram se o timbre é algo que nasce com a pessoa ou é algo que ela
desenvolve, muda e/ou domina. São as duas coisas, o timbre faz parte da característica
individual de cada pessoa, mas também é algo a ser modificado, aprimorado e
amadurecido com o passar do tempo e do estudo de canto.
Assim como a voz é submetida às distinções dos
registros, também é a questão inevitável dos timbres. Nós
chamamos de timbre o caráter peculiar e infinitamente
variável que cada registro, cada tom, pode tomar, uma
abstração feita a partir da intensidade. Quando a laringe
produz um tom, a faringe toma posse dela assim que é
emitida e a modifica.
Fonte:
http://www.rockwellblake.com/blog/what-is-
it-about/garcias-tool-box/the-timbres/
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Fonte:
http://www.rockwellblake.com/blog/what-is-
it-about/garcias-tool-box/the-timbres/
A estes fatores não genéticos é que temos que observar. E o conhecimento destes
fenômenos acústicos é que formarão a beleza de nosso timbre.
http://www.rockwellblake.com/blog/what-is-
it-about/garcias-tool-box/the-timbres/
O tenor Rockwell Blake assume com muita propriedade este tema. Inclusive
quando o assistimos e o ouvimos a cantar as desafiantes árias de Rossini, percebemos
um timbre claro nos graves e médios progredindo sutilmente para om timbre oscuro nos
agudos e sobre agudos. Vejamos o que o cantor expõe a respeito do timbre claro em
seu próprio blog:
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
Fonte:
http://www.rockwellblake.com/blog/what-is-
it-about/garcias-tool-box/the-timbres/clear-
timber/
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
que construíram sua técnica com muito estudo e fizeram uma importante carreira
internacional.
Eu gosto desta tradução do francês original
porque a palavra “SOMBRE” inclui uma conotação
emocional. Garcia é claro sobre o uso deste timbre sóbrio.
Em suas “dicas”, ele abandonou a conotação emocional
de “Somber” por seu próprio selo em inglês: Dark Timbre.
Ele não mudou seu conselho para cantores sobre seu uso.
O que procuro definir é que nos graves deixo aparente o timbre claro, pois não há
sentido em escurecer mais os graves do que já são. E nos médios preparamos o caminho
para “escurecer”. Isto se dá com um arredondamento do som, deixando de se concentrar
no peito para a voz de cabeça. Nos agudos mantenho a ponta mas vou discretamente
escurecendo o timbre e as vogais que passam a ser de 75% dos tons de cabeça. Os
fonemas “á”, “ó” e “ô” se distorcem respectivamente para “â”, “ô” e “u”. Pois o objetivo
não é deixar evidente a qualidade das vogais isoladas, mas sim da qualidade do som por
inteiro. E sem esta ideia de “arredondamento” não possível conquistar os sobre-agudos.
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Registros de voz
Segundo Alberto Pacheco, “a registração vocal é algo discutido desde a época dos
teóricos medievais e mesmo com os estudos científicos mais recentes, o assunto está
longe de chegar a um consenso entre os professionais de canto lírico. “
Manuel Garcia, designa o registro mais agudo pelo nome de “falsete-cabeça”. Assim
defende:
A extensão designada pelo nome de falsete-
cabeça, como sendo pertencentes a um só registro, é
considerado pelos músicos como sendo formado por dois
registros contíguos, cujo mais grave toma o nome de
falsete ou de médio, e o mais elevado o nome de cabeça.
Para serem mais facilmente compreendidos, nós nos
serviremos provisoriamente desta divisão, reservando-
nos (o dever) de demonstrar mais tarde sua
inconsistência. (Garcia, 1985, 1ª parte: 6)
Podemos então com base nesta informação, que também concorda com Tosi e
Mancini, acreditar na existência apenas dois registros vocais: o de peito e o de falsete-
cabeça.
Voz de cabeça
A voz de cabeça nada mais é do que a voz produzida com a projeção direcionada
para as cavidades da cabeça, em maior porção sobre as cavidades do maxilar superior.
A voz de cabeça traz leveza, brilho, juventude, personalidade à voz e
principalmente protege a qualidade do som.
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Por meio da voz de cabeça é que se tem a sensação de uma voz corrente (ou
correntes giratórias como descreveu a Lehmann).
“ Uma voz sem vibração é uma voz velha. O
frescor, que constitui a magia da juventude, é
proporcionado pelos harmônicos que ressoam com cada
um dos tons. ”
Tenho para mim a plena certeza de como a voz de cabeça tem sido cada vez mais
fundamental. E esta é conquistada sobretudo com o levantamento do palato mole. A
sensação do palato mole erguer-se (junto dos músculos das paredes da faringe que
também se erguer) é infinita.
Ao cantar árias de Mozart, eu soube de fato o quanto cada nota deve ser produzida
com o progressivo levantamento do palato mole. Às vezes eu treinava a ária e me sentia
casado num trecho ou ao finalizar a obra inteira e um tempo imaginando o que poderia
estra errado. E pude observar que em alguns momentos que eu perdia a atenção sobre
o levantamento do palato mole eram suficientes para me cansar. Uma nota... uma figura
sem a atenção devida sobre o erguimento do véu palatino é suficiente para arruinar a
suavidade e a tranquilidade para executar a frase.
A voz de cabeça também pode ser estimulada nas vocalizes com a vibração dos
lábios (brrrr...) pensando no som da vogal “u”. Experimente fazer isto em intervalos
diversos (escala maior descendente, escala maior ascendente, intervalo de terça maior,
etc) sempre pensando no som do vogal “u”. Em seguida comece a misturar a vibração
de lábios com a vogal “u”.
É possível dizer que nenhuma nota sobre-aguda (notas que estejam muito acima
da extensão vocal natural) tenham um som claro nas vogais “i”, “e” e “ó”. Pois são vogais
claras que se projetam mais sobre a cavidade nasal. Essas vogais têm mais estridência
nos graves. Como já citei no tópico a respeito dos timbres.
Nas notas sobre-agudas o que o cantor deve pensar é que não importa a
autenticidade do som da vogal, mas na qualidade do som como um todo. Se sabemos
que fisicamente o agudo depende de espaço e uma pressão de ar muito corrente, então
teremos que dar o máximo de desencaixe do maxilar e erguimento do palato mole. Isto
ocasionará distorção no som das vogais. Portanto as vogais “i”, “a” e o “é” se converterão
sutilmente em “â”; o som vocálico do “ô” se converterá em “u”; e o “ó” em “ô”.
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Isto não significa que os ouvintes não entenderão o que se canta. Pois
subintenderão devido o contexto da frase e das palavras cantadas e principalmente pela
duração e antecipação das consoantes que estarão em volume próximo ou semelhante
as vogais.
7
O alfabeto fonético internacional (referenciado pela sigla AFI e pela sigla em inglês IPA, de International
Phonetic Alphabet) é um sistema de notação fonética baseado no alfabeto latino, criado pela Associação Fonética
Internacional como uma forma de representação padronizada dos sons do idioma falado.
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a) Pré aquecimento com “m” e n”. Escolha um tom médio e fale a palavra “Mini”.
Dê duração e importância para as consoantes e diga a palavra repetidamente,
e procurando alargar cada vez mais os canais do nariz enquanto fala
ininterruptamente “miniminiminiminiminimini...” até acabar o ar. Em seguida
aumente meio tom e repita o exercício.
b) Escala maior até terça com a exploração dos tons nasais. Procure fazer um
“i” autentico e explore a sensação das consoantes.
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c) Tônica, Terça Maior e Quinta Justa com “nen” – Procure sentir que a cada
nota você se esforça para erguer mais o som para as cavidades nasais,
buscando atingir muito brilho e projeção direcionada à frente dos olhos.
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Capítulo 9
Os cuidados com a voz
Os cuidados com a voz é uma preocupação não só dos cantores. Mas de muitos
profissionais da voz, como os palestrantes, celebrantes, professores, atores, operador de
telecomunicações entre outros profissionais. E por este motivo encontraremos muitos
conteúdos disponíveis na internet sobre os cuidados com a voz, mas lembramos que os
cuidados com a voz para o cantor é requer ainda mais atenção.
A própria aula de canto é um cuidado com a voz. Compreender como a voz
funciona respeitando a sua fisiologia é um carinho com as pregas vocais. Este é o
primeiro e principal ponto. Vamos ver os demais:
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
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Fique atento! Estas alterações nem sempre é por questões técnicas! Uma
inflamação na amigdala, febre, começo de gripe ou Rinite alérgica podem resultar nessas
alterações da voz. Você deve estar atento e se medicar. Consulte um profissional que
possa te examinar e te receitar um medicamento o quanto antes.
Para pessoas que tem frequentes ataques de gripe, rinite ou sinusite, não
negligencie o consumo regrado dos remédios necessários.
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
Fonoaudiólogo
A fonoaudiologia é a ciência que se ocupa da prevenção, da habilitação e
reabilitação da voz, da audição, da motricidade oral, da leitura e da escrita. O profissional
fonoaudiólogo trata de deficiências de fala, audição, voz, escrita ou leitura. Pode atuar
em parceria com outros profissionais, como fisioterapeutas, psicólogos, com dentistas -
trata de males que podem causar ou agravar problemas ortodônticos. - Trabalha em
clínicas, consultórios, escolas, hospitais e emissoras de televisão, auxiliando atores e
apresentadores no trato da voz. Para exercer a profissão é exigido a formação que
garante o registro no Conselho Regional de Fonoaudiologia.
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Capítulo 10
Considerações ao cantor
Em minha trajetória no desenvolvimento musical, acertei e errei muitas coisas.
Muitas delas me arrependo. E não se trata de técnica vocal e ou propriamente de música,
mas de questões éticas que gostaria de corrigir no passado e não posso mais.
Eu não posso corrigir meus erros do passado, mas posso te contar minhas
experiências e erros que vi em outras pessoas. E te alertar para situações que você talvez
nunca tenha vivido, mas pode encontrar a qualquer momento.
Auto reconhecimento
QUEM VOCÊ É
Olhe para você neste instante e faça uma autoanálise sobre quem você é
musicalmente. Lembre-se de sua trajetória no canto, os lugares onde cantou, as
habilidades que já conquistou com muito esforço, as notas que você alcança hoje e que
provavelmente não alcançava antes... lembre-se também dos elogios e dos aplausos.
Reconheça a beleza de sua voz e todas as mínimas conquistas!
Reconheça principalmente a sua inteligência! Reconheça a sua capacidade de
pensar, e graças a isto você pode tudo! Tudo o que é possível a mente de qualquer
pessoa também é possível a sua!
Agora quero que use isto como motivação para você ir mais longe. Você já andou
muito até aqui e agora pode decolar ainda mais. Ame sua voz, seja o primeiro a ter o
prazer de se ouvir! Quando outras pessoas te fizerem críticas muito pesadas, com a
intensão de te diminuir... use isto como motivação. Pois saber quem você é e onde
chegou, irá te motivar para algo bem maior. Você não estacionou. Não parou de
desenvolver e de aprender. Então use isto para saber o quanto ainda pode crescer
musicalmente.
Imagine só... você teve um dia ruim no estudo de canto, não cantou corretamente
de forma que surpreendesse as suas expectativas. Ou foi surpreendido com críticas...
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Bom, isto pode ser um diagnóstico temporário. Mas se você tem firme a ideia de onde
quer chegar, adicione a informação de que basta saber as ferramentas para chegar até o
seu destino e traçar um caminho lógico e objetivo até lá!
Saber onde você está é importante para que você calcule onde não está! Como
assim Wagner? Há pessoas que tratam mal outros profissionais da música, queimam uns
aos outros, falam mal pelas costas, com o objetivo definido de que o músico X não roube
o seu trabalho. Um real fruto da insegurança! Há muitos cantores que criticam outros
cantores que estão no mesmo ciclo de trabalho pois não querem competir. Isto é
péssimo. E não faz sentido! Pois se você tem que “queimar” um cantor para que se
sobressaia é um indicativo de que você não é um bom cantor e não garante a sua
performance.
Isto só acontece para aqueles que não sabem onde estão e onde não estão... como
assim? Se você é um professor em uma escola de música, ou um cantor de um coro... ou
é membro de uma equipe de eventos ou é cantor que faz trabalhos independentes em
locais disputados... não caia na besteira de criticar outros profissionais, ou ter atitudes
arrogantes. Pois você só deve competir com você mesmo. Que sentido tem proteger 1
metro quadrado? Você quer mesmo cantar ou atuar neste 1 metro quadrado a sua vida
toda? Que sentido faz criticar outros cantores do coro? Você pretende cantar neste coro
até o fim da sua vida?
O que quero dizer com reconhecer onde você está e onde não está, é para que
você reflita sobre este ambiente pequeno que você está atuando, com o intuito de
almejar algo muito maior, por isto, em nenhuma situação temos motivo para prejudicar
um profissional ou adotar uma postura arrogante com outros cantores.
Não digo isto com a intenção de te diminuir, mas para que você tenha os pés no
chão. Achar-se superior demais é muito ruim! A altivez é o caminho para o isolamento e
esquecimento. No ramo do canto, existe dois tipos de pessoas: as que podem ser boas,
ruins ou excelentes, mas que tem humildade para aprender coisas novas e permitem-se
ser corrigidas; e no segundo grupo estão os sem noção, são as pessoas que tem um
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conhecimento limitado sobre música, mas sempre assumem uma postura superior
perante as pessoas. E se tem um grupo de pessoas que geralmente sempre ficam sem
trabalho no ramo da música é o grupo dos “sem-noção” de quem realmente são.
Evite se intrometer na voz dos outros! Não diga a outros cantores as suas análises
técnicas. Mesmo que eles te perguntem, não estão preparados para críticas. Muitas
pessoas perguntam como cantam apenas com a expectativa de ouvir elogios.
Descarregar uma sinceridade ácida pode ser terrível na sua relação com ela nas próximas
horas, dias, meses e anos. Você dará início a um efeito borboleta que irá voltar para você
negativamente. As únicas pessoas que temos a liberdade de orientar e corrigir são os
nossos alunos.
Nunca carregue suas partituras dobradas em sua mão. Leve a partitura com você
em uma pasta. Na aula de canto sempre leve uma cópia para o seu professor de canto e
uma cópia para o pianista, (se houver). Em ensaios de coro, é sempre aconselhável levar
um lápis para fazer as anotações na partitura sobre qualquer percepção ou correção que
o maestro ou regente disser.
Mesmo que você seja um cantor independente ou que faça parte de um grupo que
se apresenta em eventos, você tem um compromisso com o seu contratante e com os
clientes do seu contratante. Por isto, nunca cancele suas agendas, a menos que seja em
caso de plena urgência. Nunca deixe seus colegas na mão. Não se atrase. Tudo isto está
em contrato e pode ocasionar multas a você e a pessoa jurídica contratada.
Outra dica é: sempre trate todos os profissionais que estão relacionados aos
eventos que você irá cantar com a mesma importância. Comprimente a todos e se
relacione dando importância a todos os outros coralistas, instrumentistas, sonoplastas,
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Manual de técnica vocal | Wagner Platero Julian
Djs, montadores, fotógrafos, assessores, etc. Um mal tratamento e a notícia corre mais
rápido do que você pode imaginar.
Preocupe-se com a sua aparência! O marketing pessoal é algo que pode te abrir
muitas portas. Esteja sempre rente a uma estética agradável causando sempre uma boa
impressão nas pessoas. Isto também vale para as redes sociais. Tenha boas fotos, e vídeos
de qualidade para exibir. Recomendo inclusive que de tempo em tempo faça vídeos para
divulgar seu trabalho. Porém recomendo fugir do amadorismo. Evite gravar coisas de
péssima qualidade de áudio e captação que estejam com o seu nome. É necessário ser
bom e parecer ser bom!
Conselho final
A coisa mais importante de todas eu deixei para o final! Um conselho valiosíssimo:
Nunca abandone o prazer de cantar! Tenha sempre felicidade e gratidão por cada
mínima conquista! Um dia que cantamos uma nota melhor do que o dia anterior já é
motivo de sermos gratos!
Tenhamos a paixão de cantar porque é dom de Deus e ele é digno do nosso canto!
“Todo ser que respira louve ao Senhor! ”
Não desanime por nada pois a música sempre estará em você! Na carreira musical,
por vezes cantamos coisas que não queremos ou não é de nosso gosto, mas nunca
devemos perder a oportunidade de fazer arte mesmo nessas músicas que acreditamos
não ser tão compatíveis.
No caminho da busca por aprimorar-se, por vezes temos vontade de desistir pois
reconhecemos nossa imperfeição. E toda desistência, ao início parece um alívio, mas
depois é uma frustração silenciosa. Sonhe na mesma medida em que você trabalha e se
dedica. Mesmo que se distancie da música ela sempre estará ao seu lado, trabalhando
mesmo que inconscientemente em você. Portanto não desperdice o seu talento com o
desanimo que pode ocasionalmente aparecer. Seja perseverante e dedicado e o seu
corpo será grato a você te retribuindo em uma bela voz.
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O autor
Wagner Platero Julian
Nascido em 20 de janeiro de 1993, na cidade de
São Paulo. Iniciou os estudos de canto aos 13 anos
de idade com um instrutor amador. Desenvolveu
neste período o seu repertório popular e
principalmente gospel, atuando como cantor
amador em sua igreja.
Aos 17 anos deu início ao estudo de canto Lírico
por meio do Projeto Guri Sta. Marcelina. Estudou
regência e musicalização com o método Dalcroze,
ministrado por Iramar Rodrigues (autoridade no método de Jaques Dalcroze na Suécia).
Após o curso candidatou-se a regente do coro de jovens da Igreja Assembleia de Deus.
Infelizmente sua experiência não foi muito produtiva, poia a sua atuação era
compartilhada com outros regentes sem estudo e experiência. Mas sem dúvida foi o
melhor e mais dedicado regente que a igreja teve até aquele período.
Aos 18 anos deu início ao estudo de canto lírico com o Tenor Cleiton Xavier; tempos
depois também estudou com o Barítono Ary Lima. Em meados de 2012 atuou como
tenor no Coro que se chamava “Novo Coral de Suzano” que mais tarde passou a ser
chamado “Art Musiva”. Sob a regência de Cleiton Xavier, este grupo cantou em muitos
festivais e realizou muitos concertos no Estado de São Paulo; fez apresentações em
emissoras de TV, e no de 2015 foi vencedor do concurso de corais em Curitiba,
Cantoritiba (2015). Neste período também atuou como solista e por intermédio do coro,
cantou canções ao acompanhamento do pianista Ricardo Ballestero. Além de outras
experiências como cantor independente atuando em muitos eventos como cantor lírico
e popular. Este período foi muito importante para agregação do repertório popular,
destacando-se ao cantar pop e música sertaneja.
Atualmente segue os estudos de canto lírico com a cantora de ópera romena Mariana
Cioromila. Buscando ser um cantor bem-sucedido em sua carreira. E também se dedica
a compartilhar suas experiências e aprendizado com os seus alunos de canto com a
mesma dedicação e atenção que teve de seus bons professores.
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