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Sumário

Ele considera sua tarefa escovar a história a contrapelo.


Apresentação: Imaginar é difícil (porém necessário) • • • • • • 9
Walter Benjamin, Iluminações
Prefácio à segunda edição ........... . . • .. • • • • • • • · · · · · · · 19
Agradecimentos .... .. ........... ....... . .. • • • • • • • · · · · · 25
Então de uma Mistura de todo tipo se
Introdução ...................... ..... • • • • • • • • • • · · · · · · · · 26
fez Aquela Coisa Heterogênea, Um Inglês:
1. Raízes culturais ..... ......... . ........... ........ • • •
Em ansioso estupro e furiosa luxúria gerado 35
2. As origens da consciência nacional . ...... . . .. ....... . 71
Entre um escocês e um bretão pintalgado:
3. Pioneiros crioulos ........... ... . ....... - ....... • • .. 84
Cuja prole fértil depressa aprendeu a se curvar,
4. Velhas línguas, novos modelos ..... . .. . .... . .... .. .. . 107
E ao arado romano as suas novilhas subjugar:
5. Imperialism o e nacionalism o oficial ........... ..... .
De onde uma Raça híbrida Mestiça surgiu então, 127
6. A última onda ........ ... ........... ... .. .... .... .. . 163
Sem Fala nem Fama, nem Nome ou Nação.
· ' s logo 7. Patriotismo e racismo .... .. ......... . .... . ........ . .
E agora Mesclas de Saxão e Dmamarque 199
8. O anjo da história ... . ........... ........... ....... . . 216
Surgiram infundidas nas suas Veias de fog~.
Enquanto as suas Filhas de Escol, seguindo os Pms, 9. Censo, mapa, museu .. ... ........ ... ... .... . . . .. . .. . 226
Com Promíscua Luxúria às Nações se davam sem mais. 10. Memória e esquecimen to ........... ........... .... .
256
. Posfácio ... .. ... .. ........... .. .. .... .. . . ...... .... . .. .
Essa Raça Nauseante continha mesmo, sem hesitação, 281

O Sangue dos Ingleses de boa extração... Bibliografia . . . . ......... ...... . ........... ........... . .
311
De Daniel Defoe, The true- born Englishman Índice remissivo .. .. ... ... . ....... . .. . . .... .. . ......... .
319

9. Censo, mapa, museu
. ramática em que elas se apresentaram desde os
1Onia1s, a g . h
co dos d , culo x1x, essa hn agem se torna decididamente
o se
111 ea
111
is clara. .
ª poucas coisas mostram mais claramente essa gramática do
, . tituições de poder, as quais, embora inventadas antes
ue tres ms ..
q d do século XIX, modificaram a sua forma e função
de mea os
, o nas colonizadas ingressaram na era da reprodução
quand o as z . . . _ _
, · Essas três mst1tmçoes sao o censo, o mapa e o museu:
111ecan1ca. .
.
Juntas, elas moldaram. profundamente, a .maneua pela qual o
Esta d o Co lonial imagmava o seu domm10 - a natureza dos
seres humanos por ele governados, a geografia do seu território
e a legitimidade do seu passado. Para analisar o caráter dessa
conexão, neste capítulo vo u concentrar a minha atenção no
Sudeste Asiático, visto que as minhas conclusões são a título de
Na edição original de Comunidades imaginadas, escrevique
ensaio e as minhas pretensões de conhecimento especializado
"nas políticas de 'construção da nação' dos novos estados vemos
se limitam à região. No entanto, o Sudeste Asiático oferece van-
com freqüência tanto um autêntico entusiasmo nacionalista
tagens especiais para quem nutre interesse pela história compa-
popular quanto uma instilação sistemática, e até maquiavélica,
rada, pois inclui territórios colonizados por quase todas as
da ideologia nacionalista através dos meios de comunicação de
potências imperiais "brancas" - Grã-Bretanha, França, Espa-
massa, do sistema educacional, das regulamentações adminis-
nha, Portugal, Holanda e Estados Unidos-, bem como o Sião,
trativas,e assim por diante". 1 O que eu então supunha,emminha que não foi colonizado. Leitores que tenham maio r conheci-
visão limitada, era que o nacionalismo oficial nos mundos colo- mento de outras partes da Ásia e da África poderão julgar melhor
nizados da Ásia e da África vinha diretamente modelado sobre 0 se O meu argumento se sustenta em nível h istórico e geográfico
nac1- ona1·ismo o fiICia
· I d os estados dmastICos
. , . europeus do século inais amplo.
XIX · Re fl etm
· d o mais tarde, percebi que esse ponto de vista. era
. . , . devia ser
precipitado e superficial, e que a genealogia proxima .
b uscada . . l À primeira 0 CENso
na cnação de imagens do Estado colon1a ·
.st s estados
vi a, essa conclusão pode surpreender, dado que O de
l . . itas vezes
co on1a1s eram tipicamente antinacionalistas, e mu ]'t·cas l Em d ois · importantes
· artigos escritos recentemen te, 0 soció-
f, . . e po i i
orma violenta. Mas, se olharmos, sob as ideologias ogo Charles Hirschman deu início ao estudo das mentalités dos
recensead . . . , . · a pe-
, ores coloniais bntânicos nas colo mas do Estreito e 11
1. Ver acima, pp. I 13- I 4 _ n1nsu[a n1ala. d . d E t do conglo-
ia, e e seus sucessores no serviço o s ª

226 227
me rad o ind epe nde nte da Ma lás
ia. 2 Os fac- , . .
"m a1a1aos,, e "te leg us", "pa qui sta nes es" e
de ide nti dad e" dos sucessivos cen s1ni11es das,, ·un to co mo s
sos apr ese nt d ·,a - ) . •io nes es" e "ou tro s ce1·1one ses,,
des de a seg und a me tad e do séc a osp orHcate ·
gorj
as étnt hianos '
" "ta m1 les cei -
ulo x1x até d t •rsch ,, nºJades "
a a recente 111a n d "in dia nos .
um a série de mu dan ças ext rem ' ba e, ' tulo geral e . .
am ilho sos iac -si' mi les de Hi rsc hm an nos mc ita m a
ent e ráp 1110 boro e
. , . ida ' strarn
arb itra rias , em que as cat ego ria . se so ,Aas os rnarav
s são con sta nt sup erficial111ente ,v, -
ocu paç oes ana líti cas im edi ata s. To me -se , po r
sep ara das , rec om bin ada s, mi stu eni ente u .fi ,..,., de suas pre -
rad as e reordenadas 01 icadas, ir a\e11• o da Fed era çao dos Est ado s Ma laio s de 1911 , que
que se re1e erem ai"dent l"da d es pol · io, 0 Cens _ .
. . itic am ent e pod e (ll1as ª9Uel eierTl P "P pul aça o ma la1. a po r raç a" arr ola , na seg um te
ram a list a). Ele tua dua s con clu rosas sernprel'das categoria o ,,
. . , sõe s pri nci pai s d 1
e-
oa ' . " "ja van ese s", "sa kai s"' "ba jar ese s", " boy ane ses '
me nto s. A pri me ua e que , com esses recensea. rdei11, "rnala1os ' . h" . ,,
.
o des gas te do período colo . o . ,, (sic] "kn nc is"(s ic] ' "jamb is", "ac hin ese s", "bu gis e
. , . e "mendelings ' . » (na sua ma ior ia) e dos " sa kais ."
cat ego rias cen sita ria s 1or am se tor nan do ma is clar
as
n1al, as ,, . ce ão dos " ma1aio s ,
me nte raciais. A ide nti dad e reli e exc1us1.va. ''outros . A ex ç ,,
" rup os era m on.gm . ári os das ilh as de Su ma tra , Jav
3
gio sa, por out ro lado i · a,
. ' , 01 se per- todos esses g • . . .
den do aos pou cos com o classifica
ção pri má ria . Os "hindus"- ali- , dO Sul e Celeb es, are ,
as
per ten cen tes à eno rm e col om a v1zi-
nha dos com os "kl ing s" e os "be Borneu • • h nde sas ,
nga lis" - desaparece ram após o d s índias Onenta1s o 1a Ma s ess as ori gen s ext ern as a
.
pri me iro cen so de 187 1. Os "pá rsis nha a - E d Ma laio s não são rec onh .
" dur ara m até o censo de 190I Federaçao dos sta os eci das pel os rec en-
do qua l ain da con sta vam - jun . o con str "
uír em os seu s ma lai.os "' ma nte•
to com os "be nga lis", os "burme-
)
seadores, os quais, a m os
bai . , , .
ses" e os "ta mi les " - den tro da olhos mo dest a me nte xad os res trin gm do -se as sua s pro pri as
am pla cat ego ria de "tamiles e '
.
out ros nat ivo s da Índia". Sua seg
und a con clu são é que, de modo fronteira s co1on1.a1s . (N em é pre cis o diz er que
. , atr ave ssa ndo o
estreito, os recenseadores hol and ese .
geral, as gra nde s cat ego rias rac iais s est ava m con str um do um a
for am ma nti das e até reforçadas
apó s a ind epe ndê nci a, ma s ago imagem diferente dos "m ala ios ", com
ra ren om ead as e reescalonadas o um a etn ici dad e ao lad o, e
não acima, dos "achén s", "ja van ese s"
com o "malásios", "chineses", "in dia
nos " e "outros". Todavia, persis- e sim ilar es. ) " Jambºis" e "krm- .
tira m ano ma lias até os ano s 80. chis" se referem ma is a lug are s do
No cen so de 1980, os "sikhs" ainda qu e a qu alq uer coi sa rem ota -
mente identificável com o etn oli ngü
apa rec iam idi oss inc rat ica me nte ísti ca. É ext rem am ent e im pro -
com o um a subcategoria pseudo- vável que, em 1911, ma is do qu e um
a ínf im a par cel a des ses pov os
assim classificados e sub cla ssi fic ado
2. Cha rles Hir sch man ,"T
he Me ani nga nd Me asu rem ento fE h . ·1, 1·11 Malarsi,1: s se rec onh ece sse sob tais rót u-
An Analysis of Cen sus Classificat t nici ) ,- n los. ~ssas .:_id ent ida des " im agi nad
ions", J. ofAsian studies, 46:3 (ago 198 as pel~ me nta lid ade ( con fus a-
552 -82; e "Th e Mak ing of Race ,to ' ),l_l 1::ente) clas~iliZató ria do Est ado col
in Col oni al Malaya : Poh.t1ca
. 1E omy·111d Rac1a1
con oni al ain da agu ard ava m um a
Ideology", Sociological Forum, 1:2 '
(Pri mav era 198 6), PP· 330 - 62 · ~ ificação_gue, com a pen etr açã o adm
3- Dur ante a era colonial, era . . . Jos. ini str ati va imp eri al, lo~
esp anto sa a vari eda de de "europe "ch ss111c.i
us . · ,. "Ilu· ~ Pod e-s e not ar, tam
Mas, se em 1881 aind a eram agr
upa dos bas icam ente nos iten. "res iden tes, bém , a pai xão dos rec ens ea-
" " . . . ,,
t uan tes e pns1one1ros , em ., s
1, un1J
d~res por uma cat ego riza ção exa ust
1911 Ja con frate rmz
.
ava m corno membros ,(, l'is1.· rancia de\ dº iva e ine quí voc a. Da í a iI_!_t~
raça ("br anc os") . Pod e-se con cor - ~ . .
iante de ide nti fic açõ es mu,lt1p .
velmente emb araç ado s, sem sab
dar que ,até o fim ,os rece nsea dores fic;iv,u11
.-tic,1dos vest1das." · dº . las , poh.tic
.
am en~« ~ -
er mu ito bem ond e co1oca n·am os e1a,,1 " 'l.llQ!stm tas ou var iáv eis . Da í a - · d
com o "judeus". Outros" e est ran ha sub cat ego ria e
m cada gru po rac ial - os qua is,
por ém , não dev em d e
228
229
modo algum ser confu ndido s com outros"O
- - - - - - -- utros" A . .. d para a mold agem da sua imagi nação sejam as
do censo é que todos estão prese ntes nele e q- - · ideia fiq 1· . ·s profun a
1 . ,
- e apena s um - lugar extrem amen te claro S
' ue todos eia b'.
15e 01a e · obrig ado a confia r. P01s o fato e que, em
ue e1e io1 qual-
ocupan1 uni fontes ern q 'lh s que os prime iros padre s e conqu istado res se
. d . .
Essa mane ira e cnar image ns, adota da . em frações•· te das l a
. . . . 1O Estado quer par . tavam -se em terra firme principales, hidalgos,
tmha ongen s muito anteri ores às dos censope sd colonial,
aram, av1s
aventur clavas (prínc ipes, nobre s, plebe us e escrav os) - como
modo que, para enten der plena mente a grand osa nos13 . · 70, de pecl1eros e es dapta dos a partir das classif
-
cump re obser varmo s o perío do inicia l da penet _ e nov1da d tarnen tosa ._c_-- -.A-- -- - - . icaçõe s sociai s da. Ibéria ,
e deles, que~ ~ al - Os docum entos por eles deixa dos mostr am mume
Sudes te Asiáti co. Dois exemp los, extraí dos do arraçao euro ,. d rned1ev • -
. .
qu1pel
pc,a no ~ o-~ d ue os hidalgos nratic amen te desco nheci am~
e do indon ésio, são elucid ativos . Num impor ta t ago .
fil' .
1110
· díc10s e q - - -~ - ~ - - -
ros in - -· -
< n
recent ement e, W 1·11·iam Henry Scott tentou reco te ivro
1 es'P . . , ·a no imens o arqm· pe'l ago, d'1sperso e pouco povoa -
cnto rnútua exi ~
.. .
• ~ d. sabiam costu mava m se cons1'derar recipr ·
ocame nte
lhes a estrut ura de classe das Fihpm as pré-h ispânins c b
ru1r cllldeta- do, e, quan o ' .
. . . as, aseando-se _ •d l e sim inimi gos ou escrav os em potenc ial. Mas
nos pnme1 ros regist ros espan hóis.4 Corno histor iad
.
nao hi a gos, . . - o poder
da estrut ura d e referê ncia é tão grand e que essas mdica çoes ficam
nal, Scott sabe perfei tamen te que o nome "Filip inas" or profissio-
" ,, . marginalizadas na imagi nação de Scott, e, portan to, ele tem di_
vem e1e Felipe ficul-
11 da Espan ha, e que, por sorte ou azar, o arquip
élago p d. dade em ver que a "estru tura de classe s" do períod o pré-c9 lonial
o 1a ter é
caído em mãos holan desas ou ingles as ter se segme ntado
' , po1·1t1ca-· 'uma criação "censi tária" de image ns, forma da a partir dos tomba
di-
mente ou se recom binad o com conqu istas poster iores.' Portanto
, lhos dos galeões espan hóis. Aond e quer que eles fossem , aparec
iam
sentim o-nos tentad os a atribu ir sua curios a escolha do tema
ao /iidalgos e esclavos, que só podia m ser agreg ados enqua nto tais, ou
longo períod o de sua perma nênci a nas Filipin as e às suas
fortes seja, "estrut uralm ente", por um Estad o colon ial incipi ente.
simpa tias por um nacio nalism o filipin o que, há um século,
segue Quant o à Indon ésia, graça s à pesqu isa de Maso n Hoadl
ey,
os rastro s de um Éden aboríg ine. Mas há boas chances de dispomos de uma apres entaç ão detalh ada de um impor tante
quea pro-
cesso judicial, com foro no porto costei ro de Cireb on, em Java,

4. William Henry Scott, Cracks in the parchment curtain, capítulo
7,"Filipino class final do século XVll.6 Por sorte, os regist ros holan deses (da
structure in the sixteenth century". Com-
5- Na primeira metade do século XV II, os assenta mentos panhia das 1ndias Orien tais) e cirebo neses locais ainda existe
espanhóis no ,1rquipdJ· m. Se
go sofreram repetidos ataques das forças da Compa nhia das índias apenas ª versão cirebo nesa tivess e sobre vivido , saberí amos
Oricni.iis,J que o
maior corporação "transn aciona l" da época. Se os piedosos colonos réu, acusado de homic ídio, era um alto funcio nário da corte
cawlicos cire-
sobreviveram, foi graças ao proteto r arqui-h erético , que mantev
e /\m,t,· rd ·1íll bonesa et ,
' enam os apena s o seu título , KiAri a Marta Ningr at, e nao -
acuada durante boa parte do seu governo. Se a Compa nhia tivesse
\'cncido. pro: o seu nome pessa al M . ros da Comp
vavelm en te · M · - · · "I101 111,ks
sena amla,e não Batávia [Jacarta ], o centro do 11np.:rio . as os regist anhia. o 1'dent1'fi1cam
no Sudest As'1· · ' ., asperame t . , . .
e at1co. Em 1762, Londre s tomou Manila da Espan 1ia,', ··1111,1nt,·" _ n e como chme es- na verda de, esta é a umca mform a-
or qua d · Çao mais im
P se ois anos. er interess
.
ante notar que Madri só a conseguiu · 1, n,11,11111
'' .
portan te a respei to dele ali dispo nível. Assim
troca d Fló 'd
ª n a, nada mais, nada menos , e de outras "possessoes - " , 111iwl,11 '1 , fica claro
leste do M · · · · csi · k·
6- Maso
. iss,ssipp1. Se as negociações tivessem sido outras, o arqu11· ,él~g,, Pº' ne
na ter ficad0 1· · .
_' · .1
\ .
(\720_ )" · Hoa_dley, "State vs. Ki Aria Marta Ningra t (1696) _
po iticame nte ligado a Malaia e a Cingap ura durante 0 s,•culo\ · 21 e Tian S,angko
(ms., inédito , 1982).

230

231
que o tribunal cirebonês classificava as pes
. soas Por ete mares asiáticos, por dois séculos os ibérico~
ção social, enquanto a Companhia classific escalão e arpe loss
" ,, N - h , h ava Por algo Posi. sern naveg um nevoeiro conceitua! confortavelmente provin-
te a raça . ao a nen uma razão para pe equival . uaraJll n / . " h . • ,, ,
. _ nsar que , en. nun uito até que o sang eyvirasse c mes -ate que
alta posiçao comprova sua longa integraçã b
O
reu --- . e0 D morou rn
. o, ern co cuia ciallº· e ceu no começo do século XIX, dando lugar ao
antepassados, dentro da sociedade cirebon . tno a de s a desapare .
esa, quais eus a paJavr hi· a das índias, com o termo chino.
sem as suas origens-se considerasse "um" h . quer 9Ue fo d cornpan
c znees E - s- estil 0 ª d . inovação dos recenseadores dos anos 1870, por-
Companhia chegou a essa classificação? Ern ue · ntao,co1110 a A verda eira . - . .
q tornbad 1'lh o foi _ onsistiu na construção de classificaçoes etno-raciais, e
, I. . h.
poss1ve 1magmar c mees? Com certeza só n to nao e , . O d' . . l . .
. aque1es navj ta 11 ' ti'icação sistemat1ca. s mgentes pre-co •ornais
os feroz. . 11 a sua quan J• • .
mente mercantis que, sob comando centraliz d srtn io-J·avanês já tmham tentado efetuar uma sene de
. a o, perarnb 1 mundorna a 1
mcessantes de porto em porto entre O golfo d M . u avalll no . d povos sob o seu controle, mas por meio de relações
e ergui e a~02 estima uvas os . .
Yang-tse-kiang. Esquecida da heterogeneidade . do listas de recrutamento. Os obJetivos eram concretos
, . populacional d deimpostos e
Impeno do Centro, da mútua incompreensibilid ad d . . 0 'fi s· manter um rastreamento daqueles que realmente
I' e_ i d . e e varias das e espeCI ico . , . .
suas mguas 1i:11a as, e das origens sociais e geográfica . • er tributados e recrutados para o exercito - pois esses
., Io 1·itoraldoSudesteA siático aC s peculiares podenam s ..
d asua d iasporape . sol-
• . . . ' ompanh,a,colll . . tes estavam interessados apenas em lucros
dmgen ._ e potenciais
o seu olho transoceamco, imagmava uma série i t · , dados. Os primeiros regimes europeus na regiao, sob esse aspecto,
. . n errninavel de
chmezen, assim como os conquistadores espanhóis t' h não diferiam muito dos anteriores. Mas, após 1850, as autoridades
m arn enxer-
gado uma série infindável de hidalgos. E com base nesse inventivo · · coloniais estavam usando meios administrativos cada vez mais
'
censo, ela começou a exigir que os coloniais classificados como chi- sofisticados para contabilizar as populações, inclusive de mulheres
nezen se vestissem, morassem, casassem, fossem enterrados e e crianças (que os antigos dirigentes sempre tinham ignorado),
transmitissem heranças de acordo com aquele censo. É notável que segundo um labirinto de grades sem qualquer objetivo financeiro
os ibéricos, muito menos viajantes e mercantis, tenham imagina- ou militar imediato. Antes, os súditos passíveis de tributação e
do nas Filipinas uma categoria censitária bem diferente: o queeles recrutamento em geral sabiam muito bem que podiam ser enume-
chamavam de sangley. Era uma incorporação ao espanhol do rados; quanto a isso, dominante e dominado se entendiam às
termo hokkiano sengli, que significa "comerciante". 7 Podemos maravilhas, mesmo como antagonistas. Mas em 1870 uma mu-
imaginar os proto-recenseado res espanhóis perguntando aos lher "cochinchina", isenta de impostos e que não serviria no exér-
comerciantes atraídos a Manila pelo comércio marítimo: "Quem cito, podia viver a vida inteira, feliz ou não, nas colônias do Es-
são vocês?': e ouvindo a sensata resposta: "Somos comerciantes''.
1
treito sem a menor idéia de que era assim que ela estava sendo
mapeada de cima. Aqui fica evidente a peculiaridade do novo
7· ~er, P· ex., Edgar Wickberg, . ~ c~nso. Ele tentava contar minuciosamente os objetos da sua ima-
The Chinese in Philippine life, 1850-1898, capitu
1 e 2. g_inação febril. Dadas a natureza exclusiva do sistema classificató-
8 0 comé · mant1mo · los ' Manila
, · - cujo entreposto foi, por mais de dois· secu ·
, · quantificação,
no e a lógica da propna · " tm
· h mo · ha de
· mo um "cochmc
- trocava sedas e porcelanas chinesas por prata mexicana. ser ent d'd O
en i como um dígito numa somatória de "cochinchi-
232
233
nos" reprodutív eis - dentro, é claro do t . , .
, erntono d . ara a batalha. Ao mesmo tempo, havia freqüentes
nova topografia demográfi ca arrancou profund , 0 Estado. A . J1l sair P d - .
odia .
. . . . e
mstitucion ais, coillorme o Estado colonial as ra12e P ·vas de unplantar uma a equaçao. maior entre o censo e as
s sociais 1e11tatl l'giosas com- na medida do possível- a etniza-
. . aumentav d e "dades re 1
nho e multiplica va as suas funções. Guiado
. por esse rna .
ª e tarna. cornu 01, . e •urídica destas últimas. Na Federação dos Estados
nado, ele orgamzava as novas burocracia s do siste Pa 1illagi. ç㺠P · J. •s essa tarefa era re1ativamente
ohtICa · e , ·1
1ac1 . Aqueles que 0
· 'dºico, d . colon1a1 ,
JUn a sau'de pu'blºica, polícia e imigração maeducac·
u 10 nal, d laJOS
1v,a .d rava pertencen tes a' sene
' . "
ma}a10s
. "
eram empurra-
. d b . , . , q e estava c0 . econs1 e
trum o so re o prmcipio das hierarquia s et . . ns- regirn os tribunais dos "seus" sultões castrados, em grande
. , no-rac1a1s sern
entendidas , porem, em termos de séries paralel A
_ . ' Pre dos parad . •strados de acordo com a lei islâmica. 10Assim, "islâ-
as. passage dida a mm1
populaçoe s submetida s pela rede diferencia da d rn das rne t tado como apenas, na verdade, um sinônimo de
. , . . e escolas, tribu · "era ra
nais, chmcas, delegacias e departam entos de im · - · rnico . ,, (S mente depois · d am
· d epend enc1a,em
' · 1957,certosgru-
"h ' bº d . - ,, igraçao criou "rnalaio. 0
a itos e tramitaçao que, com o tempo deram olíticos se empenhar am em inverter essa lógica, entendendo
. . , . ' uma verdadei- pos p
ra vida social as fantasias anteriores do Estado. • ,, como apenas na verd a d e, um smommo
. • . de " is
. l.amICo
. ,,. )
"ma1a10 '
Desnecessá rio dizer que nem sempre era fácil, e que Estado Nas vastas e heterogêne as índias holandesas , onde no fim da era
O
tropeçou muitas vezes em realidades incômodas . A mais impor- colonial uma série de organizaçõ es missionári as rivais havia feito
tante delas, de longe, era a filiação religiosa, que servia de base para · ' meras,conversões em zonas bastante dispersas, uma tentativa
mu
comunidad es imaginada s muito antigas e estáveis, que não se parecida encontrou obstáculo s muito maiores. No entanto,
encaixavam minimame nte no quadricula do autoritário do mapa mesmo aí, os anos 20 e 30 presenciar am o cresciment o de cristia-
do Estado leigo. Em diferentes graus, em diferentes colônias do nismos "étnicos" (as igrejas Batak, Karo, Dayak, e assim por dian-
Sudeste Asiático, os dirigentes tiveram de fazer adaptações um te), que se desenvolve ram, em parte, porque o Estado alocou zonas
tanto desajeitadas, principalm ente para o islamismo e o budismo. de proselitismo a diferentes grupos missionári os de acordo com a
Os templos, as escolas e os tribunais, em particular, continuaram a sua própria topografia censitária. Com o islamismo, a Batávia não
florescer - e o acesso a eles era determina do pela escolha indivi- teve o mesmo êxito. Ela não se atreveu a proibir a peregrinaç ão até
dual do povo, não pelo censo. O Estado raramente podia fazer mais Meca, mas tentava inibir o aumento do número de peregrinos,
do que tentar regular, restringir, contar, padroniza r e subordinar policiava as viagens e os espionava num posto de fronteira em Jid-
hierarquica mente essas instituiçõe s em relação a si próprio.; Foi dah montado exclusivam ente para esse fim. Nenhuma dessas
exatamente porque os templos, mesquitas , escolas e tn'b un ais ~edidas foi suficiente para impedir a intensificação dos contatos
eram topografica mente anômalos que eles passaram a ser enten- 1slâ111icos d - · 1amis-
·
as Indias Orientais com o enorme mundo do is
didos como zonas de liberdade e - com o tempo - fortalezas de rno
. no extenor,· sob retudo com as
novas correntes d e pensamen t °
onde os an t·ICo1oma
· 1·1stas religiosos, e mais tar d e nacIO
· nalistas, Ytndas do Cairo.11

9. Ver ca · 1O · . · ara separar IO.Verw-u·


pitu 6, acima (p. 163) sobre a luta do colonialismo frances P l!. Ver H L iam Roff, The origins of Malay nationalism , pp. 72-4.
o budismo no Ca b . d . . -
m ºJª os seus antigos vínculos com o Siao. arry J. Benda, The crescent and the rising sun, capítulos l-Z.

2 34
235
• nada em busca do mérito e da salvação. O
O MAPA . era aJor
. ele servia nte mundano, consistia em diagramas de
qu,11 . wta Ime - .
undo upo, nhas militares e navegaçao costeira. Gros-
Mas, enquanto isso, Cairo e Meca estavam seg ~ ara campa . .
. começand ientaçao P . dos segundo o quadrante, seus traços prmc1-
tos de uma nova e estranha maneira, não mais . o a servis. or organiza
comosun 1 eir,unente _ obre O tempo de caminhada e de navegação,
dades numa geografia muçulmana sagrada P es localj_ s anotaçoes s . -
, mas també111 ais erarn cartógrafos não tmham nenhuma concepçao
pontos em folhas de papel que incluíam outro co1110 P , ·asporqueos
. s pontos, conio p . necessan C brindo apenas um espaço terrestre e profano,
Moscou, Manila e Caracas; a relação plana entre ans, . de esca Ia. o .
. esses pontos i d. técnica m desenhados numa estranha perspectiva ou
rentemente laicos e sagrados era determinada n 1fe- 1 ente eles era
. por nada 111ais gera m tivas oblíquas, como se os olhos dos desenhistas,
uma hnha reta calculada matematicamente. o ma d que . ra de perspec
. d 'd 1 . pa e Mercato n 11st0 'da diária a ver a paisagem na horizontal, ao nível
mtro uzi o pe os colonizadores europeus com . r, dos na v1
. .
modelar a 1magmação dos sudeste-asiáticos.
, eçava, Impresso
'ª ª costum ª assim estivessem sub1·1mmarmente
· · fl uencia
m · d os
do olho, mesmo .
Numa brilhante tese de doutorado o historiad . - • J'dade do mapa cosmográfico. Thongchai observa que
' OI ta1 1andês ela veruca t • .
Thongchai Winichakul rastreou os processos compl d . p -guias sempre locais, nunca se situavam num contexto
" . - ,, . exos e surgi- esses mapas ,
mento de um Siao com fronteuas próprias entre 1850 e 1910 _,! ' fi O estável e maior, e que a convenção dos mapas modernos,
geogra te
Seu estudo é elucidativo justamente porque o Sião não foi coloni- coma vista geral, era totalmente estranha a eles.
zado, embora aquelas que, ao final, viriam a ser as suas fronteiras Nenhum dos mapas marcava fronteiras. Seus criadores acha-
13
foram colonialmente determinadas. No caso tailandês, portanto, riam incompreensível a elegante formulação de Richard Muir:
podemos ver com uma clareza inusitada o surgimento de uma
nova mentalidade estatal dentro de uma estrutura "tradicional"de Localizadas nas interfaces entre territórios estatais adjacentes, as
poder político. fronteiras internacionais têm uma importância especial para deter-
Até a ascensão do inteligente Rama IV ( o Mongkut de O rei e minar os limites da autoridade soberana e para definir a forma espa-
eu), em 1851, existiam apenas dois tipos de mapas no Sião, ambos cial das regiões políticas contidas.[ ... ] Fronteiras[ ... ] existem onde
feitos à mão: lá, ainda não surgira a era da reprodução mecânica. as interfaces verticais entre estados soberanos intersectam a super-
Um deles era o que se poderia chamar de "cosmográfico'; uma fície da terra.[ ... ] Como interfaces verticais, as fronteiras não têm
representação simbólica formal dos Três Mundos da cosmologia extensão horizontal. [ ... ]
budista tradicional. O mapa cosmográfico não era organizado
horizontalmente, como os nossos mapas; consistia numa série de Existiam marcos m il'1ares e outras demarcações, e na verdade
céus supraterrenos e infernos subterrâneos que penetrava m no e1as se niulti l'
b. . . P •cavam nas franjas ocidentais do reino, quando os
mundo visível ao longo de um eixo vertical. A única viagem paraª ntan1cos for a
íl1 ç ram a entrada vindo da baixa Birmânia. Mas esses
arcos eram d.
ispostos de forma descontínua, em vaus e desfiladei-
12· Thongchai Winichakul, "Siam Mapped: A History of the Geo-Body ofSi,un':
tese de doutorado, Universidade de Sidnei, J988. 13. Richard M .
uir, Moder 1· ·
n po rt1cal geography, p. 119.

236
237
os mapas de tipo europeu o p eravam com_
ros estratégic os, e muitas vezes est . scensos,
avam a d1stân . '[atco1t1° 0 . -- ~o w +~1;7!'1 n ~ ou os seus produto-
dos marcos correspo ndentes disp t
. . c1as
os os pelos adv conside . . ~ ,101~ 6
L ! f ~ . , 'l ' • . -- d ..
. rave,s eem.------ . , _, burocrát icos a po 1t1cas e conseque A •

nc1as
entendid os horizont almente , na a lt bª~ idores
ura d o s olh ersa rios . Erarn - - e coosu 01 ,
d a invençã o do cronome tro, em 1761, por
demarcan do a extensão do poder re 1 - re 5 ' rias oes e
a 'e nao " doos, como Pont
alto" . os revolúci00 ~ · ue permitiu o cálculo exato d as longitud es, a
nos anos 1870. que as liderança s ta i·1 an d esas co me · Fo, ª Pen J-larrison, qd todo planeta havia
ara as John · s1'do su b meti'd a a uma
O
nas fronteiras como segmento s de um . h
- a 1m a contínua ç m a Pensa
r superf1cie curva , .
e
ue enquadr ava os mares vazios . .
e as regiões
que nao correspon dia a nada visível no h - num mapa, eornetnca q . . - 17
. . c ao, mas que d grade g d tro de quadricu lados medidos com prec1sao. A
uma soberama exclusiva contida entre t
. . ou ras soberanias ema E reava inexp(oradas enim dizer " preenche r" esses quadricu lados ficava a
apareceu o primeiro manual de geografia d . . · rn 1874, tarefa de, por ass ,
. os e so lda d os. N o Su d este A s1at1co,
, o m1ss1 onári e ., .
0 !oradores , topógra1
amencan o J. W. Van Dyke _ um dos prod t . . . .
u os m1c1a1s doca norte-. . cargo
' deexp d etade do século XIX foi a idade de ouro dos topógra fos
mo editorial que então começava a penetra r n os·- E prtalrs- asegun a rn . . ..
R
ama v fundou
'ªº· m 1882 .. coloniais e pouco dep01s, tailandes es. Eles se mob1h-
. . uma escola especial de cartografia em Bangcoc. Em' rnil1tares - '
zaram para deixar o espaço sob a mesma vigilânci a que o s recen-
.1892, o mmistro . da educação , príncipe Damro ng RªJanuphab . , ao seadores tentavam impor às pessoas. Triangul ação por triangula -
maugurar um sistema . educacio nal de tipo mode rno no pa,s,fez . da ção, guerra por guerra, tratado por tratado, a ssim avançav a o
geografia maténa obrigatór ia nos primeiro s anos do secundário.
alinhamento entre o mapa e o poder. Nas palav r a s perspica zes d e
Por volta de 1900, publicou Phumisat Sayam [Geografia do Sião]de
W. G. Johnson, que passou a ser o modelo para todos os materiais Thongchai: IH

g~ográficos impresso s no país. 14 Thongch ai nota que a convergên-


Emtermos de inúmeras teorias d a comunica ção e do senso comu m ,
cia ~etorial entre o capitalism o tipográfic o e a nova concepção de
um mapa é uma abstração científica da realidade . U m m ap a apen as
realidade espacial, apresenta da por esses mapas, teve um impacto
representa algo que já existe objetivamente "ali". N a histó ria que eu
imediato no vocabulá rio da política tailandesa. Entre 1900 e 1915,
as palavras tradicion ais krung e muang praticam ente desaparece- ª_presentei, essa relação estava invertida. Um mapa a ntecipava a rea-

ram, pois imaginav am o território em termos de capitais sagradas lidade espacial, e nao- vice-versa
· . Em outros termos, um m apa era
e centros populacio nais visíveis e descontín uos. 15 No lugar delas, um modelo para 0 que ( e nao - um modelo do que) se pretendia
veio prathet, "país", que o imaginav a nos termos invisíveis de um erepresentar
. · [··· J Ele h avia
. se tornado um inst rum ento real para
oncretizar
.. pro.Jeçoes
- sob re a superfície terrestre.
espaço físico delimitad o por fronteiras . 16 Agora era neces-
sano um ma
no pa que respaldas se as reivindic ações das t ropas e os
14. Thongchai, "Siam Mapped': pp. 105- 10, 286. vos mecanism os ad . . .
mmistrat lvos. [ ... ]O discurso do m apeam en-
15- Para uma discuss·ao comp1eta d as antigas
• concepções de poder em J·,wa (,1ue,
com pequenas diferenças, correspond iam às existentes no Velho Sião), ver O meu 17. Davids L
capitul · andes R
Language and power, capítulo J. "s· 0 - ' evoh, tion in time: e{ocks and the making
9 of the nwdern world,
18
16. Thongchai, "Siam Mapped", p. 11 O. · 1a A,
, m ,v1apped"
,p. 3 10.

238

239
to era o paradigma dentro do qual funcionava .
. . . m e serv1a111
rações tanto adnumstratrvas quanto militares. as ºPe- peus. De qualquer f~rma, os usurpadores estavam reconstruindo,
sobretudo em relaçao a outros europeus, a história da aquisição
Na virada do século, com as reformas do prí • das novas posses. Daí o surgimento de "mapas históricos': em
nc1pe Dam
no Ministério do Interior ( um belo nome de map rong especial na segunda metade do século x1x, destinados a demons-
eamento) trar, no novo discurso cartográfico, a vetustez de unidades territo-
fim a administração do reino foi posta numa base totalm 'Por
' fi . . 1 . d , . entecar- riais específicas solidamente delimitadas. Através da seqüência
togra 1ca terntona , segum o a pratICa anterior vige t
. . . n e nas col 0. - cronológica dada a esses mapas, surgia uma espécie de narrativa
mas vmnhas.
político-biográfica daquele espaço, às vezes com vasta profundi-
Seria insensato desconsiderar a interseção cru · 1
. . c1a entre o dade histórica. 20 Por outro lado, essa narrativa foi adotada, mesmo
mapa e o censo. Pois o novo mapa fo1 um sólido instru
mento para sofrendo várias adaptações, pelos Estados nacionais que, no sécu-
romper a série infindável de "hakkas" "ceiloneses na~o -tam1-1es ,, e lo xx, se tornaram os herdeiros dos Estados coloniais. 21
'
"javaneses" gerada pelo aparato formal do censo, delimitando ter- O segundo avatar era o mapa-como-logo. Suas origens eram
ritorialmente, para finalidades políticas, onde cada um deles ter- razoavelmente inocentes - o costume dos estados imperiais de,
minava. Além disso, numa espécie de triangulação demográfica,o nos mapas, colorir as suas colônias com uma tinta imperial. Nos
censo preenchia politicamente a topografia formal do mapa. mapas imperiais de Londres, as colônias britânicas geralmente
Dessas mudanças surgiram dois avatares finais do mapa eram pintadas de rosa-vermelho, as francesas de púrpura-azul, as
(ambos instituídos pelo Estado colonial no seu último período) holandesas de amarelo-marrom, e assim por diante. Colorida
que prefiguram diretamente os nacionalismos oficiais do Sudeste dessa forma, cada colônia aparecia como uma peça separada de
Asiático no século XX. Com plena consciência de que eram intru- um quebra-cabeça. Como esse efeito de "quebra-cabeça" tornou-
sos nos distantes trópicos, mas vindos de uma civilização onde a se normal, cada "peça" podia ser totalmente destacada do seu con-
herança e a transferência legais do espaço geográfico provinham texto geográfico. Na sua forma final, todos os dados explicativos
19
de longa data, os europeus freqüentemente tentaram legitimarª podiam ser sumariamente removidos: as linhas de latitude e lon-
expansão do seu poder através de métodos de aparência legal. Um
1 iza d os era tomar como "herança" as supostas so bera- º· Ver Thongchai, "Siam Mapped': p. 38 7, sobre a absorção desse estilo de cria-
. mais utT
dos 2

çao ·
- d e imagens •
pela classe dommante · d 1·sso •de acordo com esses
ta il an d esa. AI em
mas dos dirigentes nativos, eliminados ou submetidos pelos euro- . , . . - ,
mapas h 1stoncos o corpo geológico nao e uma par teu
t' laridade moderna, mas

remonta a mais
. , .
'de mil anos. Os mapas h1stoncos, t nto aJ·udam a.refut
por ª ' . ar
1 f diária, . . . 'd entemente, e elurnna a
9• Não me refiro sim 1 .
P esmente a herança e à venda de propriedades un qua1quer sugestão de que a nac10nahdade tena surgi O rec . ,.
. t ese d e que o Sião da época era o resultado de rupturas. e B m como a 1de1 a de que
privadas no sentido I M . . . . d efetuar ,.
t e • . usua · ais importante era a prática europeia e , 'd d . mesas e europeias.
- atravcs .
d
rans,erenc1as política d .
s as terras, Junto com as respectivas populaçoes, ' .
ª origem do Sião estava na ligação entre as auton a es sia . . . .,
os casamentos diná st . . inc1pa· 21 ·1 ui avéhco. A conso enc1,1
f
· Essa adoção não foi de maneira alguma um ardi maq ' .
dosco d 1Cos. As princesas traziam ducados e pequenos pr d · , • · dO Sudeste Asiático fo i pro un-
mo ote de casame t . 1 forn1a1. os Prlffie1ros nacionalistas em todas as colomas . . . _ "
mente neg . d °
n para os maridos, e essas transferências eran
ocia as e "assin d " . ube! sen
·a d
amente moldada pelo "formato" do Estado colonta e as sua
• J d . , s inst1tu1çoes. ver
inconcebível ª as · O lema Relia gerant alii, felix Austna, n capítulo 6.
emqualquerE t d 0 d - .
sª a Asia pré-colonial.
241
240
gitudc, os nomes dos lugares, os símbolo s do . .
. . h . s rios, <los
montanh as, e os v1ztn os. Puro signo, não 1 . fllarl'se
na1s bú ss 01 la~ 1 a hora certa da logo-ização. Grandes partes da reg1•-ao cont1- .
mundo. Com esse formato , o mapa ingres _ ' a P.ir- ben1 n
"c, tn espaços em branco no sentido conradiano até depo1.s d a
. . sou nun1 11 uara .
podia ser reprodu zida ao infinito , podend o ª sér;l' li nda Guerra. Mundia l; os poucos holandeses que lá, moravam
. . ser transfc . l1c
Seg U . . , . .
ca r1azcs, sclosofi cw1s,ca beçalho s,capasd e rev·is_tas_e . rido P<1 . •
ores - e g·uardas d e pri-
111 1 .
r,1 era )11 ,
na maiona , m1ss1 . o nanos,
. .mmerad
lhas de mesa e paredes de hotéis. Imediat ament 'd ' llLJ,iis,10 .
,1. sões especiais para nacionalistas mdonésios radicais e intransigen-
e I entific1
vcl por toda parte, o mapa-lo go penetro u fund . . 've1,visí. tes. Os pântano s ao norte de Merauke, no extremo sudeste da Nova
O ll<t 1111 ·1 .
popular, formand o um poderos o emblem a par· . . ' gi naçào Guiné holandesa, foram escolhid os para isso justamente porque a
. . . a os nac1on•11·
ant icolo111a1s que vmham nascend o. 22 ' 1Sn10~ região era conside rada muito distante do resto da colôn ia, e a
A Indonésia modern a nos oferece um belo d 1 opulação local, da "idade da pedra", não tinha sofrido nenhum
e o oroso . p . 1·
cxcn,. contágio com o pensam ento nac1ona 1sta.21
pio desse processo . Em 1828, foi assenta da a p . .
hohrndesa infestad a de febre na ilha da Nova Gu 111
rune1ra col011
· é EI
· .
'ª o desterro, e muitas vezes o enterro, de mártires nacional istas
• a tc·vc dcsc na região deu à Nova Guiné Ocidental um lugar de destaque no fol-
a1xmdona da em 1836, mas a Coroa holande sa p r
. . roe Iamou a sobc- clore da luta anticolo nial, e converteu-a num sítio sagrado para o
ra111a sobre aquela parte da dha a 141 grausde lon g1·t ude 1este(un1a imagi nário naciona l: a Indo nésia Liv re, de Sabang (na ponta
. . . '
linha 111v1sível que não corresp ondia a nada no - 1 noroeste de Sumatra ) até- onde mais?- Merauke. Não fazia a
so o, mas enqua-
drada nos espaços em branco de Conrad ' que vinh am d'1m111u · .
111 .
menor diferenç a o fato de que, tirando as poucas centenas de pri-
do)," com a exceção de alguma s faixas litorâne as sob b . sioneiros, nenhum naciona lista jamais tivesse visto com os pró-
a so era111a
d_o su~tào de Tidore.A penas em 1901, Haia compro u a partedo sul- prios olhos a Nova Guiné, até os anos 1960. Mas os logomapas que
tao e mcorpo rou a Nova Gu iné Ociden tal às Índias holande sas- percorri am a colônia, mostran do uma Nova Guiné Ocidental sem
nada ao seu leste, reforçav am inconscientemente os laços que se
22. Nos textos de Nick Jo ' · h
aqum, importante ornem de letras - e incontcst.iwl desenvolviam na imagina ção. Quando os holandeses, no desfecho
. d
patriota - das Filipinas d h · das ásperas guerras anticolo niais de 1945-9, foram obrigados a
e OJe, po emos ver a.poderosa atuação desse emhk-
rna operando sobre a ma· fi1st1ca · d · . •
. isso a mte11genc1a. Joaquín afirma que o genml ceder a soberan ia do arquipélago para os Estados Unidos da
Antorno Luna trágico heró'I da 1uta antiamen . .
.. . • cana de 1898-9, apressou-s- e em Indonésia, eles tentaram (por razões que não precisam nos deter
cumpnr opapelquefi · · · .
. ora 111stmt1vo nos cnoulos durante três séculos: a defesa d,1
forma das Filipinas co t d . aqui) separar novame nte a Nova Guiné Ocident al, mantê-la por
. ' n ra um estru1dor estrangeiro",A question oflzcroes, p. 16.J
"
(gri fo meu) Em outr
.os· conv t'd ª passagem
1
, e e observa, de modo surpreenden te, qul' os algum tempo sob domíni o colonial e prepará- la como uma nação
mercenári 1· 3
b . .' er I os e a 1ados filipinos [da Espanha ] enviados. contra
. ..
0 indepen dente. Esse empree ndimen to só foi abandonado em 196 ,
re elde fi.11pmo pode t . . , · ame ricana e de ata-
. m er mantido o arquipélago como espanhol e mstao, ni.i~ em virtude de uma forte pressão d 1p . l omat1ca
tambémo unpedir d
am e seesfacelar':equeeles"estavam lutando (oquequcrqul' , . . F01. so, a1, qu e o presidente Sukarno , aos
. d ones1os
ques m1·1·1tares m
pretendessem os espanh , . )
• Refe . . , . ois para manter o Filipino uno': ibid., p. 58. -- , •J··í
renCJa a imagem d '
mapead . usa a por Joseph Conrad para designar as regwts '/la struggle i11 Jrian Jaya,
as, mas ainda in I d -
exp ora as, do globo. [Ed. bras.: O coraçao , m trt ·
I . ·1·a-, 2
3- Ver Robin Osborne, Indonesia ,s secret war, t he guem
trad. Albino Poli
Jr.,PortoAJegre,L&PM, 1998,pp.13-4.] pp. 8-9.

243
62 anos, visitou pela primeira vez uma região que h .
. , . d. d av1asid O
to de seus mcansaveis iscursos urante quatro década Obje_ , ua européia, mas num "malaio adrninistrativo".'6 Assim a
'f' · I - - s,Poct 1ing 'd l " ." . d " '
atribuir as d I iceis re açoes que entao se estabe! eillos Nova Guiné Oc1 enta io1 ena a na mesma língua em que a In -
. , . ecerain e
povos da Nova Gume Ocidental e os emissários do E ntre os donésia havia crescido antes (e que, com o tempo, passou a ser a
. stado inct 0
sio independente ao fato de que os indonésios co .d né. língua nacional). A ironia é que, dessa forma, o bahasa Indonesia se
- ". - . - ,, . ns1 eran1
povos como irmaos e irmas - e msso são mais ou esses tornou a língua franca de um nacionalismo nascente na Nova
. inenos si, Guiné Ocidental, a Papua Ocidental. 21
ros-, ao passo que os refendos povos, de modo geral . ice.
, veemas . Mas o que unificou, principalmente depois de J963 , os
sas de maneira muito diferente. 24
co,.
jovens nacionalistas da Papua Ocidental que viviam em desaven-
Essa diferença se deve, em larga medida, ao censo e ao
• . d a Nova Guiné criaramapa· as foi O mapa. É verdade que o Estado indonésio mudou o nome
O terreno aci'd enta d o e a d'istancia
• . d' , . f ~a região, de West Nieuw Guinea para Irian Barat (Irian Ociden-
Iongo dos mi.1emos,
m, ao
uma extraor mana ragmentação 11· .. , .
ngu1st1ca tal) e depois para Irian Jaya, mas ele enxergava a sua realidade
Quando os holandeses saíram da região, em 1963 , calculav
e amque

local a partir do atlas da era colonial, com urna espécie de vista
entre a população de 700 mil habitantes, havia bem mais de d '
aérea. Antropólogos, missionários e funcionários locais, disper-
uzen-
tas línguas, na maioria incompreensíveis entre si. 25 Muitos dos sos ali e acolá, podiam conhecer e pensar sobre os ndanis, os
grupos "tribais" mais remotos nem sequer sabiam da sua inu' tua asmats e os baudis. Mas o Estado em si, e através dele a população
existência. Mas, sobretudo a partir de 1950, missionários e funci o- indonésia como um todo, via apenas um fantasmagórico "iria-
nários holandeses empreenderam pela primeira vez um verdadei- nês" ( orang irian), assim designado a partir do mapa; por ser fan-
ro esforço para "unificá-los': fazendo recenseamentos, ampliando tasmagórico, podia ser imaginado quase corno um logo: de traços
as redes de comunicações, montando escolas e construindo estru- "negróides", com tanga, e assim por diante. De urna forma que nos
turas governamentais supra- "tribais': Esse esforço foi realizado lembra como a Indonésia foi inicialmente imaginada, dentro das
por um Estado colonial que, como notamos antes, tinha a caracte- estruturas racistas das índias Orientais holandesas do começo do
rística única de ter governado as Índias, não basicamente numa século xx, surgiu então um embrião de comunidade nacional
"irianesa", delimitada pelo meridiano 141 e pelas províncias vizi-
2 nhas das Molucas do norte e sul. Quando Arnold Ap, o seu porta-
4• Desde 1963, ocorreram inúmeros episódios sangrentos na Nova Guiné Oci-
· ado pelo Estado em
dental (agora chamada Irian Jaya- Grande Irian), em parte devido à miliiariza- voz mais importante e atraente, e101· assassm
. ·

~ão do Estado indonésio desde 1965, em parte devido às atividades guerrilheiras 1984, ele era o curador de um museu do Estado dedicado à cultu-
intermitentes do chamado Movimento Papua Livre (OPM). Mas essas brutalida- ra" irianesa" ( da província).
des empalidecem ao lado da selvageria de Jacarta no Timor Leste, ex-colônia µor-
tuguesa, 0ndecerca de l /3 dos 600 mil habitantes morreu devido à guerra, à folll l',
à doença e à "reco Jomzaçao
· - " • . . . - d 1976 N,iO
nos tres pnme1ros anos após a mvasao e ·
acho que seja u . . ência de 2
6, Ver acima, p. l l O. 'Ih • a naciomlista
. m erro sugerir que essa diferença se deve, em parte, a aus · . ção guern eir
Timor Leste na 1
.
. . . .
s ogo-imagens das Ind1as Onenta1s holandesas e, ª1
é 1976, da O melhor sinal disso é que o nome da orgamza
2 7,
Io
de 'pala-
M )-é compos
Indonés1a. contra a Indonésia - Organisasi Papua Merdekª (OP
2 5- Osborne fnd •, vras indonésias.
' ones1a s secret war, p. 2.
245
2 44
O MUSE U
. ·tuições de poder e prestí gio, convocando os serviços de alguns
insU . - .
· •ona'rios com erud1 çao e de capacidade excepcional Jo
O víncu lo entre a profi ssão e O assa ss,nat od fuOCl . . . ·

forma algum a casua l. Pois os muse us e ai mag1n . e Ap não é d Anali sar mmuc 1osam ente por que isso ocorreu na época em
ação 1 e
corre u nos levari a longe demai s. Aqui, talvez baste sugerir
zante são profu ndam ente políti cos. o seu m .
useu tinha .
n useolog ·
,_ que O . .
te Jakar ta, fato que n sido insti- ue essa muda nça esteve assoc iada ao echpse dos regimes colo-
tuído por uma distan os mostra o -
.
. quanto 0 ~iais come rciais das duas grand es Comp anhia s das índias Orien
novo Estad o nac10 nal da Indon ésia tinha a p re nd,do
. . - . . co01 O
seu tais e ao surgi ment o da verda deira colônia moderna, direta men-
antec essor 1med1ato, as Ind1a s Orien tais hol an d esas col . .
atual prolif eraçã o de muse us em volta do Sud este As1at1c . , . onia1s. A
o ários públi-
que há um proce sso geral de incor poraç ão d e h eranças pol' sugere daguerreótipos. Em 1851, a Batávia enviou uma equipe de funcion
. cos, coorde nada pelo engenh eiro civil F. C. Wilsen , para um levanta mento siste-
andam ento. Para enten derm os minim ame t Hicas to "científ ico" com-
em n e esse process mático dos baixos-relevos e també m para montar um conjun
. ial oit . o, ns, diretor do Museu de
temos de avalia r a nova arque ologi a colon
sta que pos pleto de litogra vuras. Em 1874, o dr. C. Leema
. .. . . ocent1 colônia s, a primei -
- Antigüidades de Leiden, public ou, por ordem do ministro das
s1bihtou a eXIstência de tais muse us. e nas litograv u-
ra grande monog rafia especializada; ele se baseou essencialment
Até o início do sécul o XIX, os dirige ntes colonia·1s no sudeste ras de Wilsen, nunca chegan do a visitar o local. Nos anos 1880, o fotógrafo pro-
., . tipo moderno.
As1at1Co mostr avam pouq uíssim o intere sse pelos a n t·1gos monu- fissional Cepha s fez um levanta mento fotográfico completo, de
uma Oudhe idkund ige Comm issie (Comis-
d Em 1901, o regime colonia l formou
mento s das civilizações que havia m subju gado. Thomas Stamfor são de Antigü idades ). Entre 1907 e 1911, a Comiss ão superv isionou a restaur a-
eiro
Raffles,_sinistro emiss ário da Calcu tá de Willi am Jones, foi O primei-
dada pelo engenh
ção integral do templo , execut ada por uma equipe coman
to desse suces-
uma civil Van Erp e financ iada pelo Estado. Decerto em reconhecimen
ro func10nário colon ial impo rtante que não se limito u a reunir Dienst (Setor de
so, a comiss ão foi promo vida em 1913 a um Oudheidkindigen
ti-
grand e coleção pesso al de objets d'art locais, mas estudou sistema Antigüidades ), respon sável pela manut enção cuidadosa do monum
ento até o
, pp. ii-lv; e N. J. Krom,
came nte a histór ia deles . A parti r daí, e numa rapidez sempre
28
final do períod o coloni al. Ver C. Leema ns, Boro-B oudour
Inleiding tot de Hindoe-Javaansche Kunst, 1, capítul o 1.
maior , as grand ezas do Boro budu r, de Angk or, de Pagan e outras antigüidades que, segun-
30. O vice-rei Curzo n ( 1899-1 905), um aficionado por
as,
localidades antiga s foram suces sivam ente desen terrad as, capinad do Groslier, "energ izou" a Inspeç ão Arqueológica da índia, expôs
muito bem a
rir, classificar,
medidas, fotografadas, recon struíd as, remov idas, analisadas
e pos- questã o{É [... ] igualm ente nosso dever desent errar e descob
e decifra r, cuidar e conserv ar". (Fouca ult não diria
m reprod uzir e descrever, copiar
tas em exposição. Os serviç os arque ológi cos coloniais se tornara
29
Arqueo lógico da Birmân ia -
melhor.) Em 1899, foi fundad o o Depart amento
ação de Pagan. No
então parte da lndia britân ica-, que logo deu início à restaur
t em Saigon ,
e h. f . . . d ·as nos- ano anterio r, fora inaugu rada a École Française d 'Extrêm e-Orien
' astiorças d a ompan 1a das ndias Onent a1s tomara m to as, no
2 8.Eml8 11 r
Históri cos da
' (Napo leão havia anexad o a Holan a a Fra. nça
d · logo se seguin do uma Direto ria de Museu s e Monum entos
sessões holandesas nas fn d ias es tomara m Siemre ap e Bat-
· , · de 1111'11
ano anterio r) ·Rª11~tl es govern ou Java até 1815. A sua monum ental H,5wna 1' Indoch ina. Imedia tamen te depois que os frances
. . tamban g do Sião, em 1907, foi monta do um Serviço de Conser
vação de Angkor
fo1ed1tadaem 1817, d ois .· . tes do Sude ste
. anos antes que ele fundas se Cingap ura. d emphfi- para "curzo nizar" os monum entos antigo s mais impressionan
29.A muse1fica çao - dO B
orobud ur, o maior templo budist a do mun .
°,
ex
to que ~siátic o. Ver Berna rd Philip pe Grosli er, Indochina, pp. 155-7,
174- 7. Como
ca esse pro E O ma
. cesso. m l814, o regime de Raffles o "desco briu" e retirou• o conven· vimos acima, a Comis são de Antigü idades colonial holandesa
fo i montad a em
o recobna. Em 1845 S '. . 5 190l.Aco incidê nciada s datas- 1899, 1898, 1901- não só mo st ra o quanto as
ce . ' chaefer, aventu reiro e artista alemão autono ms pnmeiro
u as autoridades h 0 l d esas na Batávi a a lhe pagare m para fazer 0
an
247
31
te vinculada à metrópole. Dessa forma, agora O prestí i
. .
do colonial estava mtimamente 1iga
· do ao do seu sup g. o do Esta- _ p r essionavam por investimentos de monta na esco1anzaçao. _
enor na t rnoderna. Contra eles alinhavam-se os conservadores, que temiam
natal. É notável como os trabalhos arqueológicos s erra
e concent as conseqüências a longo prazo dessa escolarização e preferiam
ram maciçamente na restauração de monumentos im ra-
P0nentes ( que os nativos continuass~m nativos: A essa luz, as restaurações
como estes começaram a ser colocados em mapas pa d' . e
. - , . ra istnbui- arqueológicas -logo segmdas por edições de textos literários tra-
ção e mstruçao do publico: estava em curso uma espécie de
dicionais, patrocinadas pelo Estado-podem ser vistas como uma
, . ) S d, 'd • e f1 .
necrologICo . em uvi a, essa eiltase re etia modas or ·
censo
.
. . ientalistas espécie de programa educacional conservador, que também servia
gerais. Mas o grande volume de recursos mvestidos 110 .
como pretexto para resistir à pressão dos progressistas. Em segun-
s permite
suspeitar que o Estado tinha as suas próprias razões não-científi- do lugar, o programa ideológico formal das reconstruções sempre
cas. Três se apresentam de imediato, sendo a última certa colocava os construtores dos monumentos e os nativos coloniais
. mente a
mais importante. numa determinada hierarquia. Em alguns casos, como nas Índias
Em primeiro lugar, o momento desse dinamismo arqu . Orientais holandesas até os anos 30, alimentava-se a idéia de que
eo1o-
gico coincidiu com a primeira luta política sobre os programas os construtores, na verdade, não eram da mesma "raça" dos nati-
32
edu~acionais do Estado. Os "progressistas" - colonos e nativos vos (eram "realmente" imigrantes indianos). 33 Em outros casos,
como na Birmânia, o que se imaginava era uma decadência secu-
lar, de modo que os nativos contemporâneos não eram mais capa-
potências coloniais rivais se observavam mutuamente, como também indica
zes das realizações dos seus ditos ancestrais. A essa luz, os monu-
profundas mudanças em curso no imperialismo na virada do século. Como seria
de esperar, o Sião independente caminhou mais devagar, O seu Serviço Arqueo- m entos reconstruídos, ao lado da pobreza rural circundante,
lógico só foi fundado em 1924, e o seu Museu Nacional em 1926. Ver Charles diziam aos nativos: a nossa mera presença mostra que vocês sem-
Higham, The archaelogy of mainland Southeast Asia, p. 25. pre foram, ou há muito tempo se tornaram, incapazes de grande-
31. A Companhia Holandesa das fndias Orientais, falida, foi liquidada em 1799.
Mas a_co!'"d - za ou de autogoverno.
orna as Indias holandesas data de 1815, quando a Holanda recuperou
ª sua mdependência com a Sagrada Aliança, e Guilherme I de Orange instituiu A terceira razão nos leva mais fundo, e mais perto do m apa.
um
. _trono, holand es,
· mventa
· d o pnmerramente
· · por Napoleão e o seu bon doso Vimos antes, na nossa discussão sobre o "mapa histórico", que os
1rma0Lu1s' em 1806· ACompan h'ia Bntamca
· • · d as Ind1as
- · Onenta1s
· · so b reviveu
· at'r regimes coloniais começaram se apegando, além da conquista, a
0
grande Motim indiano de 1857.
32
· A Commissie Oudheidkundige foi montada pelo mesmo governo que (em
1901) inaugurou a "P . . - . ,, . ·.
. nova o 11hca Et1ca para as fndias, a qual, pela pruncir,i de 115 para 2.365 - começou justamente quando o Departamento Arqueo-
vez, tmha como ob' t· · · · ·d tal lógico da Birmânia entrou em ação. Ver Robert H. Taylor, The state in Burma,
Je ivo mst1tu1r um sistema educacional de tipo oci en '
~ara parcelas consideráveis da população colonizada. O governador-geral p. 114.
~ul _o_oumer ( 1897 - 1902) criou tanto a Diretoria de Museus e Monumentos 33. Parcialmente influenciados por esse tipo de pensamento, intel~c tu~is,
Histoncos da lnd h " 1· ·.
N 8- • . oc ma quanto o aparato educacional moderno da co on1<1. arqueólogos e funcionários tailandeses conservadores continuam ate hoJe ª
a uman1a, a enorme e . - d . . . . , . entre atribuir Angkor ao misterioso Khom, que desapareceu sem deixar raSlro, e
1900 e 1940 . xpansao o ensmo méd10 e umvers1tano -que
octuplicou O , d d d 27 40 I ce r t amente não têm nenhuma h. gaçao
- com os d espreza. dos camboJ·anos de
para 23 3_543 em . . numero e alunos secundaristas, passan o e_ . ·_.
' ultiphcou por vinte o número de estudantes universitai 10 5' hoje.

248 249
uest ões de anti güid ade, a prin cípi o por
q . razõ es estri t índias hola ndes as). 34 Graç as ao capi talis mo
maq uiav élico -leg ahst as. ~as , com o ~a~s amente tipográfico, os súditos
ar do temp o, as alega- Esta do pass am a ter acesso, mes mo que a alto
ç ões fran cam ente brut ais sobr e o dire ito de conq uist a f custo, a uma espé-
. ora 01 d~ d cens o pictó rico do patr imô nio estat
dim inui ndo, e aum enta ram os esfo rços de c1e e al; (3) uma logo-ização
cna r uma legitimida- ossív el graç
de alter nativ a. Cres cia o núm ero de euro geral, P as aos proc esso s de laicização ante riorm ente
peu s que nasciam no rnen cion ados . Mod elare s, ness a fase, são
Sude ste Asiá tico e que riam que aque le foss os selos postais, com as
e seu lar. A arqu eolo- 'ries típi cas - aves, fruta s, faun a dos trópicos, e por que
gia mon ume ntal , cada vez mai s liga da ao suas Se não
turis mo, perm itia que ento s tamb
rnon Um ém? Mas os cartõ es-p osta is e os livros didáticos
0 Esta do apar eces se com o o guar dião de uma trad ição
generali- se uem a mes ma lógica. A part ir daqu i, basta
zada , mas tam bém loca l. Os anti gos sítio um passo para o mer-
s sagr ados deviam ser ca!o : Hote l Paga n, Bor obu dur Fried Chicken,
inco rpor ados ao map a da colô nia, e o seu e assim por dian te.
vene rand o prestígio (0 Esse tipo de arqu eolo gia, que ama dure cia
qual , se tives se desa pare cido , com o ami úde na era da reprodu-
se deu, seria revivi- ção mec ânic a, era prof unda men te polít ico,
do pelo Esta do) envo lver ia tam bém os cart mas em um nível tão
ógra fos. Ilust ra bem rofu ndo que quas e ning uém , nem mes mo
essa situa ção para dox al o fato de que os p o func ionalismo do
mon ume ntos recons- Estado colo nial ( que, nos anos 30, era 90% d .
truíd os eram cerc ados por gram ado s eleg com post o e nativ os
ante men te traçados, em gran de part e do Sud este Asiá tico) , se
sem pre com plac as expl icati vas, -che ias de aper cebi a do fato. Ele
data s, disp osta s aqui e havia se torn ado tota lme nte norm al e corr
ali. Além diss o, fora m feito s para perm ique iro. Era precisa-
ane cer vazi os ou com men te a repr odut ibili dade cotid iana infinita
meia dúzi a de turis tas pera mbu land o (na das suas insígnias que
med ida do possível,
nada de pere grin açõe s ou ceri môn ias relig revelava o verd adei ro pod er do Estado.
iosa s). Assi m musei- Dec erto não surp reen de muit o que os estad
ficados, eles eram repo sicio nado s com o os pós-indepen-
insíg nias de um Estado dênc ia, que mos trav am nítid as cont inuid ades
colo nial secular. com os antecessores
coloniais, tenh am herd ado essa form a de muse
Mas, com o nota mos acim a, um traç o cara cterí ificação política. Por
stico dos recur- exem plo, em 9 de nove mbr o de 1968 , com
sos instr ume ntais desse Esta do laico era a repr o parte das com emo ra-
odut ibili dade ao infi-
ções do 15" aniv ersá rio da inde pendência
nito, tecn icam ente poss ível devi do à imp rens do Camboja, Norodo~1
a e à fotografia , mas .
polít ico-c ultur alme nte poss ível devi do à desc S1ha nouk man dou expo r uma gran d e rep , 1· a em madeira e pap1 er
renç a dos próprios 1c
dirigentes no cará ter sagr ado dess es sítio
s loca is. Por toda p~rte
nota -se uma espé cie de prog ress ão: ( 1) rela 34- Um belo exem plo tardi o é Ancient lndones1• t do estud ioso holandês A. J.
tório s arqu eológicos an ar , ,.
Bernet Kem pers que se apresenta como "ex- d' d arqueologia na Indones,a
maciços, tecn icam ente sofis ticad os com ' iretor e ,.
deze nas de fotog rafias, [sic] ". Nas pp. 24-5 , enco ntram os mapa s que localização dos s1t1os
regis
· t ran d , . s , moS t ram ª
o o proc esso de reco nstr ução de ca da rum , a,• (2) hvro .
ant1gos. O prim eiro é espec ialme nte mstruttvo, . . t ue seu formato retangu-
l vis O q O . rir
uxuosamente ilust• . . · estam · lar (enqu adrad o a leste pelo merid iano 141 ) . 1 . tragosto a Mmdanao ' ,-
rado s para cons umo públ ico, mclu sive . me uiaco n . .
. . • . , · sula
pas exemplares de todo s os prin cipa is sítio s reco
nstr uído s dentro da
Ptna, o norte de Bornéu d a Malásia Bntanica,
t ª penm malai .
a e Cmga pu ra.
quer
odos estes estão em bra nco, sem nen hum s1110 , . arque ológi co e nem se
colônia (tanto melh or se sant uári os bud istas hind . . , l d b dismo hin-
ao lado de
us pude ssern ficar nome s, exceto um solitá rio e mexp hcave "Kedªh"·A passagem o u
· • • . , ·
d U1sta
mes qmta s 1s 1amICas rest aura das, com o no caso das para o islam ismo aparece d epo1s · d 1'lustr ação 340.
a

250 25 1
mâchédo grande templo Bayon de Angkor no estádio . , rn único ser humano. 36 Talvez alguém alegue que esse
3s A , 1· naCJonaI d
-oseve u .
esportes em Ph nom Pen h . rep ICa era tremendame e res, 11a desconforto de um pmtor muçulmano contempo-
. b. . nte rud . reflete o . d b d"
grosseira, mas servm ao seu o Jetivo - reconhecim . ee ,,az1° d urna antiga reahda e u ista. Mas eu desconfio
. , . d 1 . ento instanr 0
diante e
neo, graças a uma h istona e ogo-ização durante a a- rãne d d que estamos vendo é um descendente incons-
era colon · 1 na ver a e, O . . . , .
"Ah, nosso Bayon" - mas com o apagamento total da 1
. . embranç
'ª · que, .
direto
da arqueologia colomal: Borobudur como ms1gma
dos restauradores colomais franceses. Reconstruído p f ª ct·entee mo logo-imagem d o tipo · "lcaro, e' el"E
e. ' um Boro-
eIos rance Estado eco
ses, Angkor Wat, novamente uma peça solta de queb - do mais poderoso como signo da identidade nacional
ra-cabeça budurtanto 1 . , .. fi.
como vimos no capítulo 8 do presente livro, tornou-se O , b
s,m olo sabem que e e se situa numa sene m m1ta d e 1"denh-
' .
central das sucessivas bandeiras do regime monarqu· t porque to dos
1s a de cos Borobudurs.
Sihanouk, do militarista de Lon Nol e do jacobino de Pol Pot.
Ainda mais impressionantes são as mostras de incorpor -
açao
da herança anterior num nível mais popular. Um exemplo revela-
Assim, mutuamente interligados, censo, mapa e museu ilu-
dor consiste numa série de pinturas de episódios da história nacio-
minam O estilo de pensamento do Estado colonial tardio em rela-
nal, encomendadas pelo Ministério da Educação da Indonésia nos
ção aos seus domínios. A "urdidura" desse pensamento era uma
anos 1950.As pinturas deviam ser produzidas em massa e distribuí-
grade classificatória totalizante que podia ser aplicada com uma
das por toda a rede de ensino do primeiro grau; os jovens indoné-
sios deviam ter representações visuais do passado do seu país nas flexibilidade ilimitada a qualquer coisa sob o controle real ou ape-
paredes das salas de aula - em toda parte. A maioria dos panos de nas visual do Estado: povos, regiões, religiões, línguas, objetos pro-
fundo era naquele previsível estilo sentimental naturalista da arte duzidos, monumentos, e assim por diante. O efeito dessa grade era
comercial do começo do século xx, e as figuras humanas seguiam sempre poder dizer que tal coisa era isso e não aquilo, que fazia
os dioramas de museu da era colonial ou o teatro folclórico pseu- parte disso e não daquilo. Essa coisa qualquer era delimitada, deter-
do-histórico, o popular wayang orang. Mas a série mais interessan- minada e, portanto, em princípio enumerável. ( Os cômicos itens
te mostrava às crianças uma representação do Borobudur. Na ver- classificatórios e subclassificatório s do censo, chamados "Outros",
dade, esse monumento colossal, com 504 imagens de Buda, I.4 60 ocultavam todas as anomalias da vida real com um esplêndido
painéis pictóricos e 1.212 painéis de pedra decorativos é um repo- trompel'oeilbu rocratICo.
' · ) A" trama" era o que podemos chamar de
sitório fantástico da antiga escultura javanesa. Mas o respeitado serializaçã . 0
º· pressuposto de que o mundo era feito de plurais
arti·st a imagma século IX d·e· de
· · essa maravilha no seu auge, no
reprodutíveis O ·
• particular sempre aparecia corno um represen-
uma maneira instrutivamente distorcida. Borobudur é pintado 1
ante ProvisóriO d , . . -
totalmente de branco, sem nenhum traço visível de escultura. Cer- iss e uma sene, e devia ser tratado a essa luz. E por
0
que o Estad0 l · •
cado de gra ma d os bem aparados e alamedas · d as e regula- co oma1 imaginava uma série chinesa diante de
arbonza
36,Aq ·
u1 o argumento .
35- Ver Kambuia
1 '
45 (d
ezem bro 1968), para algumas fotografias cu nos
· as
·· g11 nge and p se baseia em material analisado mais extensamente em Lan-
ower, capítulo 5.
252

253
q ualquer chinês, e uma série nacionalista diante do s .
urg1rnent0 , das "índias holandesas" e "Birmânia britânica". Concebida
qualquer nacionalista. de grafica . . d ,
dessa séne laica, ca a ruma tornou-se suscetível à fiscaliza-
Quem nos apresenta a melhor metáfora dessa est dentro . .
. . d , . p rutura nien , produção ao mfimto.
ão ea re . Quando. o departamento arqueoló-
tal é O grande romancista m onesio ramoedya Anant ,.. ·
a 1oer ç. d Estado colo mal tornou tecnicamente possível reunir a
deu ao último volume da sua tetralogia sobre o p eríodo col ,_9ue ~roo . .
.d - . on1aJ , . so b forma de mapas e fotografias, o propno Estado podia
título de Rumah Kaca-a easa d e V i ro. E uma imagem t- . 0 sene
, aov1go , como um álbum de seus antepassados até a época históri-
rosa quanto o Panóptico de Bentham, de levantamento · olha-1a . ,
. . _ e rastrea. ca. A co l·sa fundamental nunca fo1 o Borobudur especifico, nem o
mento total. P01s o Estado colo mal nao pretendia apenas c •
. nar,sob a an específico, pelo qual o Estado não tinha nenhum interesse
o seu controle, uma paisagem humana de plena visibilidade· p g · 1 mantendo apenas 1·1gaçoes - arqueo log1cas.
' . A serie
· . repro-
, a con- especta , . . , . . .
dição dessa "visibilidade" era que tudo e todos tivessem (por . , 1, porém ' criou uma profundidade h1stonca que fo1fac1l-
37
ass1111 d ut1ve
dizer) um número de série. Esse estilo de criação imaginária não mente incorporada pelo sucessor pós-colonial do Estado. O resul-
nasceu do nada. Foi resultante das tecnologias de n avegação, astro- tado lógico final foi o logo - de "Pagan" ou das "Filipinas", pouca
nomia, horologia, topografia, fotografia e impressão gráfica, para diferença fazia- que, pelo seu vazio, ausência de contexto, inten-
nem mencionar a tremenda força propulsara do capitalismo. sidade visual e a infinita reprodutibilidade em todas as direções,
Assim, o mapa e o censo modelaram a gramática que, no devi- reuniu censo e mapa, trama e urdidura, num amplexo definitivo.
do tempo, possibilitaria o surgimento da "Bir m ânia" e dos "birma-
nianos", da "Indonésia" e dos "indonésios". Mas a concretização
dessas possibilidades-que ainda prospera vigorosamente, muito
tempo após o fim do Estado colonial- é largamente tributária do
tipo específico de criação de imagens do Estado colonial em rela-
ção à história e ao poder. A arqueologia era uma atividade incon-
cebível no Sudeste Asiático pré-colonial; ela foi ad otada no Sião,
que não foi colonizado, já numa época bem adiantada, e seguindo
0
estilo do Estado colonial. Ela criou a série "monumentos antigos';
segmentada dentro da rubrica classificatória geográfico-demo-

37
· Uma_resultante política exemplar desse imaginário da Casa de Vidro - da qual
0
ex-pn s1oneir0 J' · p , 1-1ra
. . po llteo ramoedya tem doloroso conhecimento - e a car <
de identidade class·fi
1 t, · · or1·1r 1>
tea on a que todos os indonésios adultos prema m P '
tempo todo E d .:k
· sse ocumento de identidad e é isomó rfico com o censo -
representa uma esp , · d . . , os que'
ecie e censo político, com perfurações esp eciais par,,
se enquadram b . " t'po d.:
. nas su sén es subversivos" e "traidores''. Note-se que esse 1
censo só fo1aprim d O d . . . 1
ora epo1s da conquista da indep endência nacwna ·

2 54
255

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