Na estrofe 124, alguns que sentimentos caracterizam o rei, Inês de Castro e seus
algozes. Na estrofe 124, o rei é caracterizado pela piedade, desencadeada diante
dos sentimentos dos algozes e do povo, e também, como um possível permissivo,
ao ser persuadido à morte de Inês de Castro por parte do povo. Os algozes são
caracterizados como aqueles que causam horror (horríficos), e o povo é
caracterizado como os que estão imbuídos de falsas e de ferozes razões. Inês de
Castro é caracterizada como magoada, não pela provável morte, mas pela saudade
do seu príncipe e dos seus filhos.
Diante da descrição feita nos primeiros versos da estrofe 125, nota-se a imagem
religiosa de Jesus Cristo perante o julgamento, afirmação corroborada pelo olhar
piedoso de Cristo, mesmo estando ele sendo culpabilizado por razões ignóbeis.
Acredita-se que essa alusão sugere uma comparação entre Jesus Cristo e Inês de
Castro, uma vez que os mesmos foram injustiçados. A estrofe insere emoção sobre
a situação de Inês de Castro quando da referência do temor da personagem em
deixar seus filhos órfãos.
Nas estrofes 126, 127, 128 e 129, Inês tenta exortar a piedade de avô por meio da
humanidade desse gesto diante dos netos do rei, recorrendo ao argumento da
orfandade como um desrespeito à vida futura das crianças sem pais.
Nas estrofes 133, 134 e 135, a narrativa intensifica o valor trágico e o sentimento
de tristeza recorrendo à comparação com fatos da Antiguidade Clássica (Atreu) e
utilizando-se de uma antiga lenda, em que o sol horrorizado com certa ocasião se
escondeu. Se coube ao sol e às ninfas do Mondego entristecerem-se com a morte
de Inês de Castro, e em se tratando de um elemento figurativo da natureza (sol) e
de divindades (ninfas), a tristeza seria em grau muito maior nos seres humanos,
portanto mortais.
A narração desse episódio organiza-se como uma analepse, em decorrência dos
tempos verbais utilizados, que são o pretérito perfeito e o pretérito imperfeito.
Embora, na estrofe 134, quando o narrador usa “O cheiro traz perdido a cor
murchada” nota-se uma quebra do tempo verbal utilizado até então na narração do
episódio.