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Iwori Ayoka
Iwori Ayoka
II II
I I
II I CAMINHO DO VENENO DA SERPENTE
UM DIÁRIO DE TRABALHO DO SACERTODE
II II
DEDICATÓRIA
Aboru Aboye o!
Este livro pertence a David Ruv Alves da Silva, nascido na cidade do Rio de Janeiro em
23/02/1983. Filho de Ionice Alves da Silva e Raimundo Ponciano da Silva Neto. Morto e
Ranascido sob os ritos iniciados de Isefa (primeira iniciação de Ifá) no dia 06 de junho de 2008 da
E.V. (Era Vulga), tendo como sacerdote oficiante do Sr. Mário de Sá (Ifakoya Oyekanmi Aworeni-
Família Tradicional de Ifá a qual pertencia até então) e a sua esposa Fabíola Roma (Iya
Ifaponmile), na cidade de Piracicaba-SP/Brasil.
Atualmente David Ruv Alves da Silva está a frente da AYELALA FAMILY HERITAGE BRASIL
sobre o Oruko OSOSEGUN AYE’LA, também respondendo pelos nomes iniciáticos seguintes:
Com o lar, toda a idéia das conexões entre a terra com o mundo invisível chegou à
estrutura de culto – que interessantemente possui a mesma raiz etimológica que a palavra
“cultivar”. Os primeiros cultos, de acordo com os resquícios mais antigos deixados pelas lendas do
continente africano, foram os das divindades responsáveis em favorecer a vida na região em que se
vivia e o culto aos ancestrais. Todos podiam remontar sua ancestralidade a uma divindade, o que
lhes dava um ideal mítico como modelo para suas vidas. Cada ser humano era uma divindade na
terra, em uma jornada humana, e este ainda é o sentido da iniciação em um culto ancestral.
O mito nos relata que os homens, ao tomarem os ossos e as vestimentas sagradas irritaram
as mulheres profundamente, ao ponto do caos, e a única forma de resolver o conflito foi a de
apaziguá-las com presentes, comidas, confortos e canções, gerando uma coexistência pacífica. A
sociedade de Iyami, por exemplo, é sem dúvida a mais temida e poderosa, pois convence estas
“mulheres-pássaros”de uma decisão comunitária sempre dependerá do senso de justiça feminina e
muito apaziguamento.
Quando a Igreja tomou o poder de enterrar os mortos, ela “tomou os ossos” dos nossos
ancestrais, e da mesma forma, tomou para si o culto aos mortos. Nossos mortos não mais eram
enterrados em seus locais favoritos ou sagrados para serem lembrados por qualquer um que ali
passasse, e assim fomos convencidos que nem suas presenças eram bem vindas perto de nós.
Fomos roubados de nossos ancestrais, e a memória foi roubada deles. Nossos cemitérios são meros
depósitos de ossos esquecidos, e nossos mortos são enterrados em um piscar de olhos. Já não são
mais velados, enaltecidos e relembrados, e eles já não encontram mais seus lugares em nossas
vidas e memórias. Roubaram-nos a nossa memória, e se não conhecemos de onde viemos como
saberíamos para onde vamos?
Neste sentido à Ayelala Family Heritage vai buscar suas Raízes mais profundas na África e
encontra no culto a Orunmila Ifá grande parte da base histórica verdadeira, ao que julga ser
necessário fazer renascer ou ainda reviver nos seus cultos atuais, como uma maneira de preservar
este legado de poder e força não criando nenhuma espécie de fissura ou ruptura, mas reconhecendo
que Ifá e sua mensagem continuam sendo uma forma; senão à forma, que mais se perpetuou e se
preservou como uma manifestação da bruxaria tradicional ativa e ininterrupta até os dias de hoje.
Isto poderá ser observado como o explicado e evidenciado pelo simples fato de que; sendo Ifá uma
religião universal e viva, com contínua relevância para toda a humanidade; não haveria
necessidade de relacioná-la especificamente ao homem negro ou ainda tão somente a África.
A história da aparição do homem no planeta terra mostra o lugar onde primeiro homem
apareceu e viveu na África como homem negro e estabelecido como Naiwu Osahon, si Deus fez o
homem a sua imagem e semelhança, logo Deus é Negro! Como a bíblia estabelece: “No princípio
foi a palavra e a palavra estava com Deus e a palavra é Deus”. Todo mundo sabe que a palavra é
uma mensagem que emana do Ser Supremo, Ifá não é nem humano, nem espírito. É a palavra, essa
mensagem divina de Deus (Olodunmare).
Os registros mais antigos da preservação desta mensagem divina datam do Egito pela
civilização negra entre o tempo de 6000 e o tempo de 5000 antes de cristo. Foram engenhosamente
codificados em um sistema misterioso ao qual só os mais velhos, treinados e iniciados (filhos
homens) podiam ser expostos. O Egito na África chegou a ser a fonte primordial e o centro de
documentação de todo o conhecimento revelado que foi então espalhado ao redor do mundo. O
conhecimento tratava de Olodunmare ( O Ser Supremo), sobre a ciência, matemática, astronomia,
filosofia, ética, etc... Um artigo grego citado por Plínio cita:
“ ex África semper alliquid novi ” – (fora da África vem sempre algo novo
“ inventado ” ). Um artigo árabe cita: “ Ele que tem bebido das águas (da
sabedoria) da África beberá outra vez”.
Aristóteles (nascido em 324 antes de cristo) citava em seu livro (Physiognomy) que os
antigos egípcios eram negros e de cabelos negros com rastas. Herodotus (História), descrevendo a
uma raça avançada chamada de Colchi disse: “ Eu creio que o Colchi deve ser uma colônia dos
egípcios porque, como eles, tem a pele negra e cabelo com rastas ” . Nos antigos documentos, a
África era referida como o “Mundo dos Deuses”.
Por volta de 4000 antes de cristo, inclusive antes de Abraham nascer, os africanos
haviam, pela primeira vez na história do homem, nomeado e anotado as posições de todos
os antigos planetas e estrelas mais brilhantes no Céu. O Dr. Livica C. Stechini (Teoria
Astronômica e Dados Históricos) nos conta:
Entre 5000 antes de cristo e 3000 antes de cristo, os africanos haviam descoberto o
cobre, começando desta maneira o desenvolvimento da metalurgia. O começo da ciência
da medicina data de 2500 anos antes do que erroneamente é denominado “ o pai da
medicina ” , Hipócrates, nascer. O grande Africano foi Imhotep, o primeiro gênio
polivalente, que viveu durante o reinado de Zoser. Foi educado em astronomia, astrologia,
arquitetura e literatura e ele desenhou e construiu a primeira pirâmide da história. Entre
5000 e 4000 AC os negros haviam começado a documentar o Mistério Divino – uma
doutrina cujo essência era a teoria da salvação.
O sistema de mistério era uma Ordem Secreta e seus membros eram aceitos através
de iniciação e de uma promessa de não revelar segredos. O ensinamento era gradual e se
realizava oralmente ao neófito.
Aristóteles passou 20 anos aprendendo no Egito, até que Alexandre o Grande foi
saquear as bibliotecas Africanas, levando todos os livros que queria. É sabido que
Aristóteles disse expressamente que só havia escrito alguns poucos livros em toda sua vida,
os Gregos proclamaram em 200AC que Aristóteles havia escrito 400 livros; e depois por
volta de 100DC, a lista havia ido para os 1000 livros! Aparentemente os Gregos haviam
posto Aristóteles como autor de todos os livros Egípcios roubados! As doutrinas roubadas
atribuídas a Aristóteles incluem:
Nada deveria dar o homem maior prazer que conhecer e ser capaz de repartir
conhecimento. Não somente se assegura a amplificação dos horizontes conceituais dos que
receberam senão que também serve para preservar o conhecimento da extinção e também
para perpetuar a cultura humana.
Toda esta informação que busco trazer novamente chamando sua atenção como
Chief da Ayelala Family Heritage, foi conhecida à milhares de anos e está ao alcance de
todo aquele confrade e consóror que deve valer-se deste conhecimento e dele beber como
uma fonte de sabedoria. De qualquer maneira, minha contribuição serve para atrair
atenção sobre este grupo de objetivos, esperando que possa abrir os olhos dos confrades e
consóror sobre a realidade da sua existência e sua missão na terra.
Em especial por conta das ocorrências da Idade Média – no período que foi
nomeado como a “Era das Fogueiras” – muitas pessoas ganharam o direito de clamar
para si a herança “ bruxa ” . Pagãos, judeus, pervertidos, criminosos, alcoviteiras e
feiticeiras foram os indiscutíveis bodes expiatórios que queimaram como “bruxos ”. No
Brasil, especificamente, ondas de novos convertidos ou degradados (ou seja, expulsos de
seus países pela Santa Inquisição), mesclaram suas crenças – unidas por uma espantosa
similaridade – às dos indígenas e negros escravos, dando origem a híbridos singulares e
interessantes. As benzedeiras não devem em nada daquelas que foram julgadas nos
tribunais inquisitórios, e apesar do freqüente rigor cristão da maioria delas, elas continuam
marginalizadas pelo cristianismo moderno. Para elas, nada mudou. É bom ainda ressaltar
que a Inquisição foi um processo de limpeza interna da igreja para livrá-la das heresias.
Este processo que saiu fora do controle, e acabou perseguindo muitos que se consideravam
“ bons cristãos” , mesmo que mantivessem certos costumes remanescentes do paganismo
através do velho catolicismo em uma Europa protestante. O próprio termo “auld faith”,
ou como se traduziu “ Antiga Religião ” era uma alusão ao catolicismo anterior ao
protestantismo, que considerava o culto aos santos – uma derivação pagã – uma grande
heresia. Lutero, por exemplo, apontou a Igreja Católica como a “Sinagoga de Satã” por
este motivo entre outros muitos. E isto, aliás, é um dos motivos pelos quais não é absurda
a cristandade para uma bruxa, apesar da histeria que isto causa entre os bruxos modernos.
É lógico que a própria Igreja Católica possui todo um capítulo negro em sua
história, mas nem por isso deve ser descartada, desde que manteve uma herança viva dos
antigos cultos – disfarçados e distorcidos ou nem tanto.
Não podemos deixar de discutir um outro subgrupo que deve ser apresentado
dentro do contexto tradicional da bruxaria, que remonta de sociedades similares à
Maçonaria, e que operam como “guildas de ofício”. Uma guilda de ofício é basicamente
um grupo que possui uma determinada especialidade.
E finalmente para terminar este prefácio não poderia deixar de falar do caráter
“ofício” da bruxaria, temos necessariamente que trazer à memória o arquétipo primordial
do que é uma Bruxa. Aliás, se esta figura sobreviveu aos tempos, é graças à sua imagem
arquetípica.
Aboru Aboye o!
Você não pode encontrar uma uniformidade em terra Yorùbá na prática das
tradições religiosas, relacionadas à Orisa. Porque eles próprios afirmam que na diversidade
de sua prática religiosa reside a verdadeira liberdade do ser humano para chegar até
Olorun ou Orisa, bem como seus ancestrais solicitam a manifestação de agradecimento de
seus filhos através do uso de seu livre arbítrio. Não há atavismos ou regras estabelecidas
pelos homens para a elevação de suas orações. Os iorubas geralmente não estabelecem
regras rígidas de comportamento litúrgico-ritual, porque para eles isto é guiado,
principalmente, por suas percepções que não são pré-estabelecidas por nada nem por
ninguém. O tradicionalismo é caracterizado por normas elementares básicas, seguidas por
procedimentos litúrgicos mais ou menos complexos, nascidos da percepção espontânea e
da interpretação metafísica da realidade, presente no momento de iniciar as ações rituais.
É por isso que, para atingir um certo objetivo, os iorubas podem agir de diferentes
maneiras dentro do mesmo contexto ritual.
Estatuto Interno
NORMAS E DIRETRIZES BÁSICAS/ELEMENTARES
Todo membro do Ouroboros Awo Circle (O.’.A.’.C.’.), deverá passar pela cerimônia de Isefa e
receber para si o seu colar (ileke Ifá) assim como sua pulseira (ide Ifá) como determinado por
Orunmila em consulta prévia.
Deverá reconhecer Ifá como Eleri Ipin, a testemunha da Criação, segundo de Olodumare,
porém para todos os efeitos reconhecerá Orunmila como o intérprete por excelência junto a todos
os Orisas, aquele que conhece o destino de todos os seres humanos, por tanto o grande estruturador
de toda a religião e guardião máximo da Tradição. Aqui fica claro então que Orunmila ocupa um
cargo acima dos demais Orisas.
Reconhecerá a Orí como a deidade ou Orisa mais importante de todas, e cujo mandato está
acima de todos os demais Orisas.
Se submeterá ao interrogatório de seu Orí para conhecer se tem caminho religioso dentro do
tradicionalismo.
Deverá receber o fundamento de Orí (Ile Orí), e deverá presidir o mesmo diante de seu
santuário de Orisa como a deidade mais importante em seu Ile Orisa.
Acima dos ditames e prescrições dos demais Orisas, incluindo à Orunmila, haverá de prevalecer
a hierarquia de seu Ori.
Praticará oração diária de louvor ao seu Ori, ao seu Orisa, assim como a Orunmila e Olodumare,
sempre lembrando de saudar seus antepassados com os devidos Ibas.
Cada passo iniciático deverá ser previamente consultado e aprovado por Ori.
Todo ser humano, sem exceção nem discriminação por crença, gênero ou quaisquer outras
circunstâncias, natural ou não, terá o direito a passar pelas iniciações até aqui mencionadas.
Todo iniciado junto ao Ouroboros Awo Circle deverá receber seu Ifá contendo 40 Ikins
conforme determinado por Orunmila na fundação da Ayelala Family Heritage. O motivo para isto,
não é outro senão conforme estabelecido por Ifá que, em caso de falecimento de um membro do
Ouroboros Awo Circle, os ritos fúnebres apropriados deverão ser feitos de forma que o Awo tenha
seus olhos tapados com um ikin cada, assim como suas orelhas e também sua boca. Sua cabeça
então receberá os 5 ikins determinados e em suas mãos serão colocados outros 16 ikins. Os outros
19 ikins serão oferecidos aos familiares para a continuidade do culto a ifá e na negativa desta
( família/familiares), serão dadas ao mais velho membro da família Ayelala para os ritos
apropriados de Egungun.
Todo iniciado no Ouroboros Awo Circle receberá seu Èsù Ifá conforme o pré-estabelecido pelo
nosso rito para movimentação de sua vida e de seu Ase junto à Orunmila Ifá.
O Ouroboros Awo Circle se reserva o direito de convocar todos os seus membros a qualquer
momento, que julgar oportuno afim de:
- Reuniões periódicas com os membros do Ilé para transmitir os ensinamentos de Ifá/ Orisas, assim
como os ensinamentos morais e as normas de convivência de acordo com a maneira do caráter
(Iwa), que perseguimos para cada um de nós.
Todo fundamento de Orisa deverá nascer de outro que por sua vez tenha nascido de outro, e
assim consecutivamente. O fundamento que dará nascimento ao novo, deverá estar presente no
momento do nascimento da nova energia, afim de captar e receber a energia do Ase vinculado,
bem como evitar a perda ou dispersão da energia fluídica procedente de Orisa.
Não será requisito obrigatório para Isefa uma quantidade determinada mínima de Babalawos,
para levar a cabo o rito. A quantidade não garantirá obrigatoriamente a qualidade nem o Ase do ato
em si.
Ao início de cada cerimônia do Ouroboros Awo Circle relacionada a Ifá ou Orisa, se dará parte
da oferenda a Èsù e a Ogun.
Tanto para os iniciados de Ifá quanto para os de Orisa, não serão fixadas proibições arbitrárias,
nem tão pouco limitações a liberdade do iniciado, salvo aquelas situações muito especiais, que se
mostrem num alto grau de importância para este iniciado. Nestes casos os tabus serão observados e
complementados de forma privativa por cada iniciado. Lembramos aqui que Ifá é um culto à
plenitude de vida, portanto agregador e não aquele que tira algo de alguém.
IXEXE LAGBA
HIERARQUIA NO CULTO A ÒRÚNMÍLÀ IFÁ
Muito se tem falado sobre a hierarquia no culto de Òrìsà, isso contribui para o
enriquecimento das informações sobre a religião Afro-Brasileira, mas infelizmente sobre a
hierarquia do culto de Ifá é muito raro encontrar informações confiáveis, sendo assim na
tentativa de contribuir com as informações disponíveis em nosso país estamos divulgando
aqui as orientações hierárquicas conforme estipuladas originalmente em território Yoruba.
PRIMEIRO ESCALÃO-GRUPO CONHECIDO COMO IWAREFA
-Conhecimento inquestionável
- Conduta ilibada
- Apoio unânime.
AKODA
ASEDA
AGIRI
AWISE
ALAKEJI
Esse título só pode ser usado por um Babalawo muito experiente. Ele substitui o Oluwo
dentro do Ile Ifá em todas as situações com exceção das iniciações.
ALARA
OKUNMERI
AGUNSIN
AMUKINRO
Babalawo experiente que orienta os iniciados dentro do Ile Ifá em cerimônias que é
consultado ikin.
KAWOLEHIN
OLUWO
Existem dois títulos diferentes descritos pela palavra Oluwo, um dentro do ifá e outro
dentro da Sociedade Ogboni, imediatamente superior ao título de Apena na hierarquia.
Nessa abordagem vamos analisar o título restrito ao culto de Ifá. O Oluwo pode ser
escolhido ou não entre os cargos acima citados. O Oluwo é um Babalawo que tem
autorização para iniciar outros Babalawos, não devemos confundir com Olodu, (Babalawo
que possui o assentamento de Iya Odu), o fato isolado de possuir Iya Odu, não o torna um
Oluwo. O Oluwo é o sacerdote que tem a responsabilidade sobre as cerimônias de itefa e
Ìtélodú, sendo assim todas as situações que passo a descrever devem ter a autorização do
Oluwo:
OJUGBONA
SOKINLOJU
Esse título deve ser dado a um Babalawo antigo dentro do Egbe. É uma espécie de
observador com autoridade para corrigir erros e procedimentos no dia-a-dia do Ile Ifá.
AKOGUN
Esse título só pode ser dado para um Babalawo experiente, normalmente o Akogun
auxilia ou substitui o Balogun.
SUREPAWO
Esse título pode ser ocupado por um Babalawo jovem. O Surepawo é encarregado de
pagamentos, compras e afazeres fora do Ile Ifa.
ASAWO
IYANIFA
Iyanifa (aquela que possui ifá, sacerdotisa), também conhecida como Iyaonifa.
IYA APETEBI
No caso da Iyanifa Iya Apetebi, esposa do Oluwo, do Egbe Ifá, as exigências são
maiores em razão da alteração da hierarquia considerando que o titulo é superior aos
demais remetendo imediatamente a Iya Apetebi e Iyanifa ao segundo cargo dentro do Egbe
ifá.
IYALODE AWO
AJIGBEDA AWO
Penso ter aqui descrito ainda que superficialmente a estrutura básica de uma
comunidade EGBE IFÁ a qual futuramente Orunmila Ifá nos permitirá estruturar dentro de
nossa humilde família.
Para todos os cargos acima descritos vale ainda salientar as normas de diretrizes
universais do culto de Orunmila Ifá na Terra:
Ifá é a voz de Deus revelada por Òrúnmìlá através do oráculo, ela está guardada em
256 compartimentos chamados Odù, estes Odù podem ser maiores ou menores, o jogo de
búzios utiliza apenas os Odù méjì (os maiores que chamamos Olódù), somente um
Bàbáláwo pode revelar o que os outros 240 estão trazendo como mensagem através do
Òpèlè Ifá (corrente divinatória) ou dos Ikin (sementes de dendê).
Dentre os Odù maiores estão os méjì, ou seja, Éjì Ogbè (Éjì Onilé), Ìwòrì méjì
(Éjìlàseborá), Òbàrà méjì, Òsá méjì e entre os Odù menores (podemos chama-los de Omó
Odù) está Ìká’fún (Ìká Òfún), guardião de uma parte dos ensinamentos das Leis Sagradas
de nossa religião. Neste compartimento encontraremos as Leis Sagradas do
comportamento humano dentro da religiosidade e vida social.
Quando os Maiores (os Irunmolé) chegaram a Terra, fizeram todos os tipos de coisas
erradas que foram avisados que não fizessem. Então, começaram a morrer um atrás do
outro e, desesperados, puseram-se a gritar e a acusar Òrúnmìlá de está-los assassinando.
Òrúnmìlá então se defendeu dizendo que não era ele que os estava matando. Òrúnmìlá
disse que os maiores estavam morrendo porque não cumpriam os mandamentos de Ifá.
Chefe Fama em seu livro Fundamentos do Culto yorùbá Religião de Òrìşà descreve
esses códigos de conduta e como eles aparecem no Odu Ifá Ika funfun.
Aqueles que honram esses tabus receberão uma bênção de vida longa.
Eles tomaram a jornada do iniciado que escolhem para si esta jornada no tempo entre
encarnações.
Os tabus são como se segue:
1º Mandamento:
“ Viveremos vida longa como foi prometido por Olódùmarè quando foi feita a
consulta através do oráculo de Ifá?”
“Aquele que pretende vida longa, que não chame esúrú”. (Tipo de inhame parecido
com pequenas batatas. Chamar esúrú significa falar do que não se sabe).
Significado do 1º mandamento:
O sacerdote não deve enganar ao seu semelhante acenando com conhecimentos que
não possui.
Interpretação:
O sacerdote não deve dizer o que não sabe, ou seja, passar ensinamentos incorretos ou
que não tenham sido transmitidos pelos seus mestres e mais velhos. É necessário o
conhecimento verdadeiro para a prática da verdadeira religião.
Mensagem:
Existe uma epidemia em nossa comunidade na qual os mais velhos fazem de tudo
ou qualquer coisa, a ter que admitir que não tem a resposta para uma pergunta.
Ninguém deve saber tudo o que existe, por isso que construímos uma comunidade.
Se você não sabe a resposta a uma pergunta, Ifá diz que diz que não saber a resposta
não é vergonha, apenas faça um esforço para pedir a alguém que tem a informação
necessária.
Quem abusa da confiança do próximo, enganando-o e manipulando-o através da
ignorância religiosa, sofrerá graves consequências pelos seus atos. A natureza se
incumbirá de cobrar os erros cometidos e isto se refletirá em sua descendência
consanguínea e espiritual.
2º Mandamento:
Eles avisaram aos Maiores que não chamassem a todos de esúrú. (Chamar a todos de
“esúrú” é considerar todas as coisas como contas sagradas).
Significado do 2º Mandamento:
O sacerdote deve saber distinguir entre o ser profano e o ser sagrado, o ato profano e
o ato sagrado, o objeto profano e o objeto sagrado.
Interpretação:
Não se pode proceder a ritual sem que se tenha investidura e conhecimento básico
para realizá-los. Chamar a todos de esúrú, é considerar a todos, indiscriminadamente,
como seres talhados para a missão sacerdotal, o que é uma inverdade ou, o que é pior, uma
manipulação de interesses. Da mesma forma que nem todas as contas servem para
formar-se o eleké (colar) de um Òrìsà (como as contas sagradas), nem todos os seres
humanos nasceram fadados para a prática sacerdotal.
Mensagem:
Em Ifá nossos idosos tomaram a decisão de que quando alguém está pronto para fazer
alguma coisa eles nos darão a permissão.
Muitas vezes aqueles que são recém-iniciados decidem em seu ímpeto que estão
prontos para se tornar independente, cortam toda a comunicação com seus professores e
não trabalham de forma totalmente qualificado para executar as tarefas inerentes ao cargo.
Aquele que se submete à iniciação visando tão somente o status de bàbáláwo, jamais
será um verdadeiro sacerdote de Òrúnmìlá. “ Estará ” bàbáláwo, cargo adquirido pela
iniciação, mas jamais “será” bàbáláwo, condição imposta por sua vocação, dedicação e
desprendimento. Cabe ao sacerdote que procede a iniciação escolher, com muito critério,
aqueles que são realmente dignos do sacerdócio.
3º Mandamento:
Eles avisaram que não chamassem forças, da forma errada “ódidé”. (Uma referência
às aves noturnas e misteriosas, que se nutrem de sangue. Dar maus conselhos e orientações
erradas é expor as pessoas aos perigos de energias maléficas e sem controle).
Significado do 3º mandamento:
Interpretação:
Mensagem:
4º Mandamento:
Eles avisaram que não dissessem que as folhas sagradas do Àràbà (Ceiba Pethandra),
são folhas da árvore “oriro”.
(Tudo deve ser feito de acordo com os ditames e os preceitos religiosos. A simples
troca de uma simples folha pode ocasionar consequências maléficas ou tornar sem efeito
um grande ebó da mesma forma que as folhas do Àràbà não são iguais às folhas de oriro).
Significado do 4º Mandamento:
Interpretação:
Mensagem:
Tudo deve ser feito de acordo com os ditames e os preceitos religiosos. A simples
troca de uma simples folha pode ocasionar consequências maléficas ou tornar sem efeito
um grande ẹ bợ da mesma forma que as folhas do Àràbà não são iguais às folhas de
Oriro.
Esse tabu é contra a síndrome do tigre de papel, a tendência em algumas comunidades
para compensar/criar problemas não existentes e vender soluções inúteis, rituais que
parecem ser eficazes, porque o problema central era uma ilusão.
Aquele que utiliza de meios escusos e enganosos contra seus semelhantes será
culpado do crime de abuso de confiança. Usando de artifícios e mentiras contra as pessoas
inocentes e de bom coração, o sacerdote provoca o descontentamento de Òrúnmìlá e a
consequente ira de Elégbará, e isto não é bom. Cada entidade espiritual possui um nome
individual, de acordo com a determinação de Olódùmarè (Deus).
Da mesma forma, Èsù possui nome e identidade própria, assim como atributos
específicos. É inadmissível, portanto, que esta Entidade tão sagrada e importante dentro do
culto, seja assentada e entregue de maneira irresponsável, e que aqueles que a recebem
permaneçam ignorantes do seu nome, qualidade, forma de tratamento e especificidade de
função.
Sentença:
Òrúnmìlá é aquele que nos olha com amor, não façamos com que ele nos olhe com
desprezo.
5.
Eles avisaram que, não deveriam mergulhar fundo, aqueles que ainda não soubessem
nadar.
(O "saber" é fundamental para quem quer "fazer". Para tanto, é necessário o "poder",
que só a iniciação pode outorgar).
6.
Eles avisaram que fossem humildes e nunca, jamais, agissem com egoísmo.
Não deve agir somente visando o próprio benefício, ele existe para servir e não para ser
servido.
7.
Eles não devem entrar na casa do Akàlá dolosamente, isto é, não devem ser
traiçoeiros.
8.
Eles avisaram que não deveriam usar as penas "ikodidé" para limparem os seus
traseiros.
(A pena do ikodidé é um dos símbolos mais sagrados dentro do culto e, por este
motivo, jamais deverá ser profanada).
Comentário: cada iniciado tem tabus pessoais com base na adivinhação feita durante a
sua iniciação. Tabu não foi concebido para inibir o comportamento; tabu é projetado para
criar limites positivos, em que o comportamento adequado se torna automático. Por
exemplo, um tabu contra a bebida é um tabu contra o comportamento potencialmente
autodestrutivo.
9.
Comentário: esta é uma referência para honrar os tabus gerais que regulam a
comunidade e a cultura.
Por exemplo, deferência aos mais velhos é uma obrigação tácita de que raramente
aparece em adivinhação porque ela é fundamental para toda a família estendida e ensinada
como parte do treinamento de uma casa em geral.
11.
Comentário: esta é uma manifestação da ideia de Ifá que com você a minha vida fica
melhor e que, se você sofrer eu sofro.
12.
Eles não devem tirar a bengala de uma pessoa idosa, isto é, deve-se respeitar e ser
bom para os idosos.
Os jovens, porque eles são recém-chegado na Terra, a terra dos ancestrais e os velhos,
porque eles estão fazendo preparativos para o regresso ao reino dos ancestrais.
Eles não devem tomar a mulher de Ogboni, isto é, deve-se respeitar as leis morais.
14.
Eles não devem tomar a esposa de um amigo, ou seja, para não trair um amigo.
15.
Eles não devem procurar saber e nem discutir segredos, ou seja, não trair a confiança.
16.
No Mito da Criação de Ifá Ợ bàtálá desce de uma corrente vindo do reino dos
Imortais para o reino da vida na Terra.
Esta corrente é um símbolo em forma de uma dupla hélice usada como estrutura do
DNA.
Ifá é muito claro em sua descrição do ventre como a passagem entre o reino dos
Imortais e da Terra, é a passagem que permite a reencarnação ou atunwa. Esta passagem é
chamada de Rio Azul como uma referência para a cor do sangue no interior do corpo
humano.
Quando os Yorùbá falam de Aye eles estão falando da crosta ao redor da superfície da
Terra, e não toda a Terra.
O conceito de Ifá Ìk ợ lé Ợ rùn está muito mais próximo ao que a física chama a
quinta dimensão.
Os seres humanos veem apenas uma pequena banda de luz no meio da gama total de
frequências. Se você fosse capaz de fazer algo que permita que você veja todo o espectro
de luz você iria ver a dimensão invisível (Isso acontece quando estamos no reino invisível,
levados pelo awo do omi Ợrùn).
Abrir nossos olhos para o Ìkợlé Ợrùn é o propósito da iniciação no awo do Òrìsà.
A referência de Ifá para o ala na palavra Ợ bàtálá é uma referência para todo o
espectro de luz. À medida que progredimos ao longo da jornada do iniciado, nossa visão
de luz é aumentada.
Aqueles que são capazes de ver a dimensão invisível dizem que é uma realidade que é
coexiste com a gente. Quando você vê, você pode interagir com ela de uma forma muito
direta.
Você pode ver conflito em sua origem e resolver problemas antes que eles se
manifestem no mundo físico ou no Ìkợlé Aye.
Se você for a África e os anciãos começarem a falar sobre entrar no Ợrùn e voltar
para o Aye, você terá uma ideia de que eles estão falando de algo muito real e muito
tangível.
Estas aberturas são chamadas de Odu, quando eles ocorrem naturalmente na Natureza,
eles são chamados Igbodù que significa ventre da floresta.
Ợbàtálá veio do Ìkợlé Ợrùn para o Ìkợlé Aye ao descer de uma corrente com uma
concha, uma galinha-d'angola, areia e um Ikin.
Ele derramou a areia nas águas, e então ele largou a galinha na Terra. A galinha
começou a ciscar na areia e fez a massa de terra em primeiro lugar.
O trabalho de criação de Ile Ife foi o esforço conjunto entre Ợ bàtálá e sua esposa
Yemòwó.
1.0
Todo ato litúrgico deve ser bem organizado para ser eficaz. Ele precisa ser bem
organizado para ter a formação adequada partindo da fonte através do canal (rio) para
então encontrar o destino (mar). A cabaça pequena deve ser colocada na maior e não o
contrário, para evitar que ela se quebre. Isso também é aplicável para as etapas do
processo litúrgico.
O processo deve seguir passo a passo como é visto abaixo:
Como é usual na tradição iorubá, Omi tutu (água fresca e potável) é uma das
primeiras coisas que um anfitrião oferece a um convidado quando ele visita sua casa.
No aspecto religioso, na prática de Ifá e Orisá, quando um sacerdote anfitrião oferece
Omi tutu a um sacerdote convidado significa amor e paz. Em resposta a este bom gosto,
o convidado pegará o tutu Omi do anfitrião, oferecerá libação e rezará pelo bem-estar
geral de todos. Geralmente, o Omi tutu que é oferecido desta forma é preservado em
um igba ìmumi (recipiente tipo cabaça).
Awvn ni wvn lo dafa fun olomi tutú |hin tinxe aya agbvnmiregun!
(3X3)
Eke Eku, Eriwo ifc, Orunmila gba gbe erigi alv baba ojc olomi
tutu rc fun iku pa o (3X3)
Cjc ko ti odundun
Cjc ko ti orinrin
Invn oni jo oni pa odo, kò mama odo laxc fun Axc tawa
Ká tá j} til| pz ju tenu
Tí xègb<n wúre
Ilé tútù,
Znà tútù,
Tradução referencial:
Assim será.
Provérbio Yorubá:
quem deve ser feito. O primeiro conjunto para dar reverência, é para as forças invisíveis.
Deve começar a partir do Imolè (ambos Irúnmolès, Igbamolè ojùkòtún àti Igbamolè
òjùkòsì) e os Òrìsàs, até os antepassados. A importância disso é que eles nos ajudem a
corrigir as anomalias caso haja um erro, como ser humano falível. Uma vez que chamamos;
nós lhe demos a respectiva reverência, a devida honra, dando-lhe a entender que eles
sabem muito mais do que nós e lhes pedir para corrigir qualquer anomalia que possamos
ter cometido, e assim eles certamente irão fazê-lo. Um exemplo disso pode ser encontrado
Sacerdote do além!
W<n wá kó ohun orò síl|
Venha e corrija este ritual para mim,
Ó bú púrú s}kún
! Sacerdote do além!
Òun kò mò
Ìxòrò òrun!
No verso de Ifa anterior, Oyèpolú foi apresentado como ignorante e como alguém que
não é competente. Portanto, não era de admirar as pessoas, o fato de que ele poderia
cometer um erro. Ele já havia dado ao sacerdote invisível ou ao grande sacerdote do além,
incluindo o pai dele, a tarefa, de alterar, neste caso, qualquer erro ou anomalia.
Em muitas ocasiões, o tempo não era suficiente para que alguém pudesse citar os versos
de Ifa referentes ao que estava sendo feito. Como tal em uma situação, especialmente
durante uma oração improvisada, pode-se fazer uma espécie de alusão (breve referência)
apenas para indicar o que Ifa está dizendo em essência. Nesse versículo, por exemplo, se
alguém deseja reverenciar ou prestar homenagem, pode-se dizer:
Venero o IMOLÉ, os ÒRÌSÁS, os meus antepassados, bem como todos os pais falecidos.
Eu chamo você para me ajudar a fazer esse sacrifício e / ou oração aceitável. Imploro-lhe
que me ajude a corrigir qualquer anomalia que possa ocorrer durante o processo de
realização do sacrifício ou da oração. De acordo com Ifá, quando Oyèpolú, filho de um
sacerdote principal de Ifè deseja fazer seus rituais e orar, invocou os pais falecidos para
ajudá-lo em caso de erro e modificação.
Seu sacrifício foi aceito e suas orações responderam. Portanto, invoco os sacerdotes
falecidos para me dar a mesma ajuda que Oyèpolú obteve.
Fazer a alusão ou referência ao acima citado, é mais ou menos a mesma coisa que
recitar os versos Ifa. Mas quando há tempo suficiente, especialmente enquanto se reza no
Ilé do Òrìsà, antes de qualquer Òrìsà, ao fazer ebo ou durante uma oração anual, o correto
é citar os versos diretamente como está no Odù de Ifá.
Além disso, depois de ter feito referência aos sacerdotes falecidos, também deve-se dar
reverência aos Awo vivos (sacerdotes) que podem ser maiores do que você. A reverência
também será dada a contemporâneos e menores que você. A relevância da reverência para
a eficácia das orações não pode ser medida. Um verso do Odù de Ifá Òwónrín Méjì diz:
Ó xcbo rè ní ìkòkò
Ó n xcbo r| ní ìbábá
Kò júbà Bàbá
Kò júbà Yèyé
Kò júbà Olúwo
Kò júbà Ojùgbznà
Kò júbà Ìyánifá...”
E cantarolando incessantemente
Ìbà o!!!
Ati yo ojo,
Ati wo oorun,
Ìbà Ogba,
Ìbà Oba.
Ìbà Ifon-Osun,
Ìbà Orí-eni,
Ìbà Ikin-eni,
Ìbà Baba,
Ìbà Yeye,
Ìbà Oluwo,
Ìbà Ojùgbònà,
o pôr do sol,
Eu reverencio a Oxóssi,
Eu reverencio ao Dendezeiro, quando sua base é cuidada, ela produzirá frutos bons no topo,
Eu reverencio a Egbe,
os companheiros astrais,
Eu reverencio a Olunkori,
Eu reverencio a Oya Oriri, a mulher poderosa que resgatou seu marido do ridículo,
Eu reverencio a Aganju
Eu reverencio a Mojelewu
Eu reverencio a Okeere,
Eu reverencio a Iemanjá e seu rio Ogum
Eu reverencio a Obá,
bryophllum pinnatum)
Eu reverencio a Oluô,
Eu reverencio a Ojugbonã,
Sinceramente eu os reverencio,
Sabedoria e bondade,
Axé!
Ìwure Ifá Tradução
Zrúnmìlà bábá mi ni ó nkú ìy} l´}mi Meu Pai Orunmila joga o pó de ìyè em
l´<rí gburu gburu, cada direção de minha cabeça,