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Documentos de identidade

Citar como alguns estruturalistas já faziam críticas ao determinismo ou admitiam outras


dinâmicas sociais (Michael Apple e Giroux)

Em seu primeiro livro, Ideologia e cur-rículo, Apple, em consonância com o pa-radigma


marxista adotado, enfatizava as relações sociais de classe, embora admi-tindo, talvez
secundariamente, a impor-tância das relações de gênero e raça no processo de reprodução
cultural e social exercido pelo currículo. Pág. 48

Na teoria social contemporá-nea, a diferença, tal como a identidade, não é um fato, nem uma coisa.
A diferen-ça, assim como a identidade, é um pro-cesso relacional. Diferença e identidade só
existem numa relação de mútua de-pendência. O que é (a identidade) depen-de do que não é
(a diferença) e vice-versa. É por isso que a teoria social contempo-rânea sobre identidade
cultural e social recusa-se a simplesmente descrever ou celebrar a diversidade cultural. A
diversi-dade tampouco é um fato ou uma coisa, Ela é o resultado de um processo rela-cional —
histórico e discursivo — de construção da diferença. Pág. 101

O texto curricular, enten= dido aqui de forma ampla — o livro didático e paradidático, as lições
orais, as orienta-ções curriculares oficiais, os rituais escola-res, as datas festivas e
comemorativas — está recheado de narrativas nacionais, ét-nicas e raciais. Em geral, essas
narrativas celebram os mitos da origem nacional, con- firmam o privilégio das identidades
domi-nantes e tratam as identidades dominadas como exóticas ou folclóricas. Em termos de
representação racial, o texto curricu-lar conserva, de forma evidente, as mar-cas da herança colonial. O
curriculo é, sem dúvida, entre outras coisas, um texto ra-cial. A questão da raça e da etnia não é
simplesmente um “tema transversal”; ela é uma questão central de conhecimento, poder e
identidade. O conhecimento so-bre raça e etnia incorporado no curricu-lo não pode ser separado
daquilo que as crianças e os jovens se tornarão como seres sociais. A questão torna-se, então: como
desconstruir o texto racial do cur-riculo, como questionar as narrativas he- gemônicas de identidade
que constituem o curriculo? Pág. 101-102

Não é só adicionar.

A teoria pós-colonial, juntamen-te com o feminismo e as teorizações críti-cas baseadas em outros


movimentos sociais, como o movimento negro, reivin-dica a inclusão das formas culturais que
refletem a experiência de grupos cujas identidades culturais e sociais são margi-nalizadas pela
identidade européia domi-nante, Há, nesse questionamento do cânone ocidental efetuado
pelo pós-colo-nialismo, um deslocamento da estética para a política, Para a teoria pós-colonial,
não se pode separar a análise estética de uma aná- lise das relações de poder. A estética cor-
porifica, sempre, alguma forma de poder. Não há poética que não seja, ao mesmo tempo, também
uma política. Pág. 126

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