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Índice

1. Introdução ................................................................................................................................ 2

2.1. Gerais ................................................................................................................................... 2

2.2. Específicos ........................................................................................................................... 2

3. Rios .......................................................................................................................................... 3

3.1. RioZambeze ......................................................................................................................... 3

4. Conceito de Extensão daIntrusão salina .................................................................................. 3

5. Metodologia ............................................................................................................................. 4

5.1. PontosdeAmostragem .......................................................................................................... 4

5.2. ModeloUsado ....................................................................................................................... 4

6. Resultados ................................................................................................................................ 6

6.1. Resultadosdo Modelo........................................................................................................... 7

6.1.1. Caudal para reduzir o alcance da intrusão salina norio Zambeze .................................... 9

7. Discussão ............................................................................................................................... 10

8. Conclusão .............................................................................................................................. 12

9. Referencias Bibliográficas ..................................................................................................... 13


Estudo da Intrusão salina no rio 2
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1. Introdução
A natureza da intrusão salina em um estuário ou em um rio é governada pela amplitude de maré,
fluxo do rio e batimetria. O padrão da intrusão salina pode ser alterado pelas intervenções como
as dragagens, construção de barreiras. Alteração na intrusão podem ter implicações importantes
para fatores como qualidade da água. (Prandle, 2009)

Aintrusãosalinaagrava-sequandoaentradadeáguasalgadacausadaprincipalmentepelaredução dos
caudais dos rios atinge largas extensões ao longo do rio causando problemas ecológicos e afetar
a agricultura nas proximidades do rio. (Vassele,2004)

Areduçãodoscaudaisestámuitasvezesassociadacomareduçãodataxadeentradadesedimentos no
estuário podendo criar o processo de erosão na boca do rio e afetar o ecossistema estuarino.
Moçambique compartilha a maior parte das bacias hidrográficas com países vizinhos e a redução
doscaudaisdosrioséprincipalmentecausadapelousointensivodaságuasnessespaíses.Hoguane et al
(2002) citado por (Vassele,2004).

Asdescargasdosriosparaooceanotêmumainfluênciaimportantenadinâmicademuitasregiões
Costeiras. Nessas regiões, o insumo de flutuabilidade de água doce é responsável por gerar um
regime distinto, caracterizado por uma camada superficial menos salgada. (Nehama,2008)

OestudoapresentadovisadeterminaroalcancedaintrusãosalinanorioZambezeparaeocaudal do rio
mínimo para a redução da intrusãosalina.

2. Objetivos

2.1. Gerais

 Estudar a intrusão salina no rioZambeze

2.2. Específicos

 Determinar o alcance da intrusão salina no rioZambeze;


 Determinar o caudal do rio para reduzir a intrusão salina;
 Esboçar perfis longitudinais de salinidade ao longo do curso do rio adentro.

Nélio Das Neves Olívio Oceanografia- UEM


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3. Rios

3.1. RioZambeze

O rio Zambeze é um dos maiores rios que flui em direção ao oceano Indico no lado este do
continente Africano. Segundo (Bourgeois et al., 2003) citado por (Nehama, 2012) o rio tem de
comprimento 2750 Km, e tem sua origem em Zâmbia. Sua conexão com o oceano é feita através
de um extenso delta com numerosas foz do rio, localizado no centro de Moçambique.

O rio Zambeze tem uma descarga média de 3000 m3/s com uma máxima 4000 m3/s meses de
fevereiroaMarçoeumamínima1300m3/sparaosmesesdesetembroaoutubro.(Nehama,2012)

4. Conceito de Extensão da Intrusãosalina

Aextensãodaintrusãosalinaaolongodeumestuárioédeterminadapelobalaçoentreotransporte da água
salgada à montante pelas ondas de maré e o retorno pela descarga de água doce. O maior fator
que afeta o limite da intrusão salina é o caudal do rio. (Vassele,2004)

A subida e descida cíclica do nível do mar produz uma onda que se desloca da foz do rio para a
montante.

O mecanismo de diluição da agua do mar pela agua doce varia dependendo do volume de agua
doce, do alcance da maré, da amplitude e da extensão da evaporação da agua.

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5. Metodologia

5.1. Pontos deAmostragem


ParaoestudodaintrusãosalinanorioZambezefoiparcelado em10estaçõescomajudadoCTD,
longitudinalmente desde a foz até a montante, localizou-se a foz do rio e considerou-se estação
CH1. A distância da estação CH1 a estação CH10 foi aproximadamente a 43km.

Figura 1: Pontos de fundeamento de CTD no rio Zambeze. Fonte: Google earth

Para obter os perfis longitudinais da distribuição da salinidade usou-se o programa Ocean Data
View 4.

5.2. ModeloUsado
Omodelousadoparadeterminaroalcancedaintrusãosalinaeocaudaldoriomínimoparareduzir a
intrusão salina no rio Zambeze, foi a equação simplificada de advecção- difusão dosal:

� ��
�+� =0 [1]
� ��

S - é a salinidade média no tempo e em profundidade;


K - é coeficiente de difusão turbulenta longitudinal do sal;
A - é a área transversal do estuário (A=b*h); h-profundidade; b-largura do rio; e x é a ordenada
orientada da foz à montante.

A equação [1] deriva da equação da continuidade e da conservação do sal, se assumimos que o


estuário ou a zona da foz do rio é lateralmente homogéneo e as variações laterais da salinidade
provocadas pela força de Coriolis são desprezíveis. (Vassele, 2004)

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 
Au+ Aw=0 [2]
x z
 
S S S  S 
A u w = AK AK  [3]
+ 

  
   
 x z 
 x  x  z  z 
x z

xezsãocoordenadashorizontaleverticalrespetivamente,positivasemdireçãoaomar;uewsão
componentes da velocidademédia.

Para a solução da equação [1] que seria o cálculo do integral, assumimos que a área da secção
transversal (A) é constante, a descarga do rio (R) como constante e o coeficiente de difusão
turbulenta longitudinal da salinidade (K) como constante (mas não deve ser necessariamente
constante visto que varia no tempo e espaço devido ao processo de retenção da agua e mares),
assumimos esses parâmetros constantes para facilitar a resolução da integração. Deste modo

�� �
∫ =− ∫�� [4]
� ��

Tem se como resultado do integral de [4] a equação [5]


ln � = − �+����� [5]
��

Neste caso, aplicando condições de fronteira, assumimos que na foz do rio, o alcance daintrusão
(x) é nulo (X = 0) logo a salinidade na foz é máxima (S = σ); a constante de integração toma o
resultado

����� = ln �; E Fazendo a substituição na equação [5] temos

��
�=− �l [6]
n
� �

OndeXéoalcancedaintrusãosalina;σéasalinidadeemX=0nafozdorio;Aéaáreadasecção transversal
do rio (A = h*b) que se considera constantes no tempo e noespaço.

O coeficiente de difusão turbulenta (K) por não ser necessariamente constante porque varia no
tempo e espaço devido ao processo de retenção da água por mares, determinou-se para o rio
Zambeze, considerando a largura constante e a profundidade máxima.

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Aplicando a equação simplificada de advecção e difusão do sal [1] calculou-se a media dos
coeficientes de difusão turbulenta de cada estação, considerando-se que o valor da salinidade na
foz do rio é maior e diminui em direção à montante,

��
�=− [7]

Onde:

ds - Diferença entre os valores da salinidade em dois pontos adjacentes;


dx - Diferença entre os valores da distância em dois pontos adjacentes;

R - é o caudal do rio;

A - Área transversal do estuário.

6. Resultados

Figura 2: Distribuição da salinidade ao longo do rio Zambeze. (Fonte Ocean Data View)

Na figura 2 os valores de salinidade começa a declinar ao longo do rio a dentro.

Os dados foram colhidos no mês de Outubro dia 16 durante o período de 2 horas, em 10 estações.

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Tabela 1: Dados de Coeficiente de difusão em função das estações.

ND – Não Determinado

6.1. Resultados doModelo


Para este modelo foram consideradas as primeiras quatro estações destacadas (asterisco *) na
figura 2 para determinação do alcance da intrusão salina e determinação do caudal para a redução
da intrusão salina.

Segundo (Vassele, 2004), no oceano geral a salinidade da água do mar é de aproximadamente 35


psu,comvaloresmenoresemáguascosteirasde33psuerelativamentealtaemáguastropicais.A
salinidade da água doce é sempre menor que 0.5psu.

A partir da quarta estação os valores de salinidade apresentam-se menores a 0.5 psu

Para este trabalho, assume-se que o limite da intrusão salina é o alcance máximo da isoalina de 1
psu (ao longo da secção longitudinal do rio).

A tabela 2 ilustra o valor medio da constante de difusão turbulenta (K), calculado para 4 estações.

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Tabela 2: Dados de coeficiente de difusão em função das quatro estações.

Área da
Salinidade (S) Caudal (R) ��
Estações secção (A) K [m2/s]
[psu] 3
[m /s] ��
[m2]
CH1
(Foz do Rio) 14.85547898 1300 ND ND ND
CH2 4.47127429 1300 14198 -0.001944608 210.5307365
CH3 2.82982885 1300 6666 -0.00048108 1147.151516
CH4 0.07812436 1300 12573 -0.000658618 12.26471759
Média 5.55867662 1300 11145.66667 -0.001028102 456.6489902
ND – Não Determinado

Com o valor do coeficiente de difusão medio determinado, determinou-se o alcance da intrusão


salina no rio Zambeze (tabela 3).

Tabela 3: Alcance máximo da intrusão salina no rio Zambeze.

Alcance da
Salinidade Salinidade Caudal (R) Área da secção �
K [m2/s] ln Intrusão (x)
(σ) na Boca (S) [psu] 3
[m /s] (A) [m ]2

[m]
14.8555 1 1300 11145.7 456.649 -2.69837 10564.4

SendoqueosvaloresdadescargadorioZambezeapresentamummínimocomcercade1300m3/s e um
máximo com cerca de 4000 m3/s, simulou-se vários valores de descarga de rio, e fez-se relação
com o alcance da intrusão (visto que o alcance da intrusão é inversamente proporcional a
descarga dos rios segundo a equação [6]) como ilustra a figura3.

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Gráfico de Alcance da Intrusão versus Caudal (R) [m3/s]


11000

10000

9000
Alcance da Intru o (x)

8000

7000

6000

5000

4000

3000

2000

1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000

Caudal (R) [m3/s]

Figura 3: Relação entre Caudal do rio e alcance da intrusão salina.

16.00000000
Sal [PSU]
14.00000000

12.00000000

10.00000000

8.00000000

6.00000000 Sal [PSU]

4.00000000

2.00000000

0.00000000
0 2 4 6 8 10 12
-2.00000000

6.1.1. Caudal para reduzir o alcance da intrusão salina no rioZambeze


A relação alcance da intrusão e caudal do rio inclui o valor do caudal para reduzir o alcance da
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intrusão. Para que o alcance da intrusão seja reduzido a o valor do caudal do rio é cerca de 6210
m3/s como ilustra a tabela 4. O alcance da intrusão salina calculado é cerca de 2211.56 m como
ilustra a tabela 2 e a figura 4.

Tabela 4: Caudal para redução da intrusão salina.

Área da Alcance da
Salinidade Salinidade Caudal (R) �
secção (A) K [m2/s] ln intrusão(x)
(σ) na Boca (S) [psu] 3
[m /s] �
[m2] [m]
14.85547898 1 6210 11145.66667 456.6489902 -2.698368752 2211.557579

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Figura 4: Ponto considerado como distância cujo alcance da intrusão é mínimo.

A distância de CH1 ate ao ponto de alcance reduzido pela descarga calculada é 2.21 Km.

7. Discussão
Afigura2apresentavaloresdesalinidadealtosnãoprimeiraestação(CH1)comummáximode
15.68psuedecresceaolongodorio.Ondeatéquartaestaçãoosvaloressãomuitomenoresque
0.5 psu o que indica não haver intrusão a partir da quarta estação, e a salinidade da água doce é
menorque0.5psu,poressarazãooestudoparaestemodelofoiconsideradoopercursoatéquarta estação.

A tabela 1 apresenta valores da constante de difusão turbulenta em função das estações, com um
crescimentoatedeCH1atéCH7edeCH7aCH10umdecaimento,queculminoucomumamédia
negativa.Pelocálculodarazão��osvaloresdamediadasalinidadedecadaestaçãoapresentava
��

variações a partir de CH7, por esta razão a média da constante de difusão teve um valor negativo.
As variações da área da secção transversal de cada estação contribuiu para um valor negativo.

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O caudal do rio com o valor de 1300 m3/s usado é o valor mínimo para os meses de setembro a
outubro no rio Zambeze, e foi o valor usado para determinar a constante de difusão, sendo que o
estudo foi feito em outubro.

A tabela 2 ilustra dados realistas da constante de difusão em função das primeiras quatroestações
ondeCH1nãoforamdeterminadososvaloresdaárea,��edaconstanteporseropontodepartida
��

doestudoeporseencontraforadorioousejanaplumadorio.Amédiadaconstantededifusãoe a media da
área da secção transversal calculadas foram usadas no cálculo do alcance da intrusão salina no
rio (tabela 3). Para o cálculo do alcance foi também calculado a média da salinidade na primeira
estação que é considerada salinidade na boca ou a foz (σ) e a salinidade ao longo do rio usada foi
de 1 psu para que o alcance seja máximo (tabela3).

O valor da intrusão salina 10564.4 m foi maior porque a descarga dos rios foi a mínima para esse
período, visto que o alcance é inversamente proporcionar a descarga dos rios (figura 3).

O caudal do rio 6210 m3/s para reduzir o alcance da intrusão salina foi simulado ao ponto do
alcance da intrusão se encontrar na foz do rio como ilustra a figura 4. Visto que CH1 se encontra
fora do rio pouco distante da foz cerca de 2.21 Km por esta razão através do caudal determinado
para reduzir a intrusão, o alcance foi de 2.21 Km.

O caudal do rio para reduzir o alcance está acima do caudal máximo (4000 m 3/s) do rioZambeze,
por causa da análise feita no parágrafoanterior.

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8. Conclusão
ContudopodeseassumirqueorioZambezesofremaiorintrusãonoperíododeoutubrosendoque as
descargas são mínimas (‘’pode se assumir’’ porque os dados foram colhidos em um dia no
período de 2horas).

A advecção não contribui para intrusão salina, mas as marés contribuem através da difusão
turbulenta em conjunto com a diminuição da descarga do rio.

Os dados determinados do alcance da intrusão salina e do Caudal para redução da intrusão salina
são realistas. Pode se verificar através da figura 2 (distribuição da salinidade ao longo do rio) que
omáximodoalcancedaintrusãosalinaéde11Km(valorestimadoatravésdafigura2)eépróximo do valor
calculado através do modelo da equação simplificada da advecção-difusão dosal.

A simulação de valores de caudal do rio para reduzir o alcance da intrusão salina foi viável paraa
determinação do valor exato para reduzir a intrusão salina, mostra uma realidade como ilustra a
figura4.

O modelo da intrusão salina para este estudo foi viável visto que os valores determinados fazem
parte da realidade.

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9. ReferenciasBibliográficas

 Nehama, F. P. (2008). Dynamics of the Zambezi River Plume. United Kingdom: Bangor

University.

 Nehama, F. P. (2012). Modelling the Zambezi River plume using the regionnal Oceanic

Modeling System. CapeTown.

 Prandle, D. (2009). Dynamics, Mixing, Sedimentation and Morphology. New York:

Cambridge UniversityPress.

 Vassele, V. J. (2004). Modelo de intrusão salina no estuario do Incomáti baseado na

influenciageometricaetopografiadoestuario.Maputo:UniversidadeEduardoMondlane.

 BOWDEN, K. F. (1983). Physical Oceanography of Coastal Waters. 302 pp. England,

Ellis Horwood Ltd.

Conheça sobre a intrusão salina, quando a cunha da água salgada do mar


avança e se mistura com as águas doces
 10/06/2021

14:56
Intrusão Salina, pela Geóloga Maiara Rech
Como uma mãe cuidadosa a natureza nos deu o maior presente que poderíamos esperar: a água,
recurso primordial para a existência da vida na Terra. A água, como sabemos, é de extrema
importância para nós seres humanos no desempenho de diversas atividades. No entanto,
quando falamos da manutenção da vida, tanto do nosso organismo, quanto do de outras
formas de vida terrestres, é necessário um tipo mais que especial de água disponível: a água
doce.
Quando ocorrem as chuvas, a água infiltra nos pequenos espaços vazios existentes nos solos e
entre os sedimentos, que funcionam como uma espécie de “esponja”. A água doce percorre
esse caminho subterrâneo até encontrar uma camada que não permita mais a sua infiltração

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e leve ao acúmulo de água no subsolo. Esse reservatório de água doce abaixo da superfície é
conhecido como lençol freático. Devido ao desgaste natural ao qual o terreno é submetido ao
longo do tempo, o lençol freático pode aparecer em alguns pontos da superfície, originando
as nascentes, ou em depressões do terreno, formando lagos e lagoas. Ainda, o lençol freático
também está associado à manutenção dos rios, riachos e córregos.
De forma similar, a porção do oceano próxima à costa também possui um acúmulo subterrâneo
de água salgada, o qual preenche os espaços entre os grãos de areia que formam o leito
marinho. Nas regiões costeiras, esses dois tipos de reservatórios subterrâneos, o de água doce
continental e o de água salgada marinha, encontram-se em um equilíbrio natural no subsolo.
Isso ocorre devido ao fluxo da água doce subterrânea em direção ao mar, que “empurra” e
mantém a água salgada do subsolo numa posição de equilíbrio. Além disso, por ser mais
densa, a água salgada permanece abaixo da água doce, menos densa.
Contudo, algumas alterações ambientais, especialmente as ocasionadas por interferências
humanas, podem desequilibrar esse limite natural dando origem à intrusão salina. Esta
consiste na salinização da água doce do reservatório costeiro gerada pelo avanço subterrâneo
da água do mar em direção ao continente. Esse fenômeno pode ocorrer de forma natural,
como resposta ao aumento do nível do mar pelas ressacas, ondas de tempestades e marés
altas, sobretudo, quando não há dunas na linha de costa.
No entanto, quando verificada em maiores proporções a intrusão salina geralmente está
associada à retirada excessiva de água doce do lençol freático, em desequilíbrio com a
recarga natural pelas águas das chuvas. O bombeamento da água doce continental pode
desfazer o equilíbrio costeiro, levando com que a água do mar adentre pelo subsolo em
direção ao continente.
Esse fenômeno é particularmente preocupante quando a água marinha alcança pontos de
captação de água doce para o abastecimento populacional – tanto subterrâneo, quanto
superficiais (lagoas, rios, reservatórios artificiais) – tornando a água imprópria para o
consumo. Além disso, o avanço da água salgada pode originar problemas em fundações de
prédios e outras obras civis, e também danificar tubulações, chuveiros e torneiras. As
principais atividades humanas relacionadas a esse distúrbio nas áreas litorâneas são, acima
de tudo, a retirada em excesso e sem controle da água subterrânea por meio de poços e
ponteiras e o rebaixamento incontido do lençol freático para implantação de obras da
construção civil.
A partir disso, torna-se bastante clara a importância de uma gestão atenta e sustentável da água
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nas regiões costeiras. Cuidar da água é agradecer e valorizar esse bem valioso que a natureza
tão gentilmente nos ofereceu e que possibilitou a existência de todas as formas de vida no
nosso Planeta. Sem ela, nada seríamos.
Rio
Um rio (do latim rivus) é um curso de água, usualmente de água doce,[1] que flui por gravidade
em direção a um oceano, um lago, um mar, ou um outro rio. Em alguns casos, um rio
simplesmente flui para o solo ou seca completamente antes de chegar a um outro corpo
d'água. Pequenos rios também podem ser chamados por outros nomes,
incluindo córrego, canal, riacho, arroio, riachuelo ou ribeira. Não existe uma regra geral que
define o que pode ser chamado de rio, embora em alguns países ou comunidades, um fluxo
pode ser definido pelo seu tamanho. Muitos nomes de rios de pequeno porte são específicos
para a sua localização geográfica. Um exemplo é o termo "burn", usado na Escócia e no
Nordeste da Inglaterra. Às vezes um rio é considerado maior do que um afluente, mas isso
nem sempre é o caso, por causa da imprecisão na linguagem.
O rio faz parte do ciclo hidrológico. A água de um rio é geralmente coletada através de
escoamento superficial, recarga das águas subterrâneas, nascentes, e a liberação da água
armazenada em gelo natural (por exemplo,
jan 15, 2013

Intrusão Marinha

As águas subterrâneas são responsáveis pelo abastecimento de grande parcela da população


mundial. A intrusão marinha é a penetração da água salgada do mar na zona de água doce do
aqüífero. Essa é uma das possíveis causas de contaminação das águas subterrâneas. Nas zonas
costeiras há um equilíbrio entre a água subterrânea doce e a água subterrânea salgada, que est á
vindo do mar. Forma-se então uma interface água salgada- água doce. A água do mar por ser
mais densa, permanece embaixo da água doce (ver figura 1). Em realidade essa interface água
doce- água salgada não é abrupta

constituindo- se na maioria dos casos em uma zona de mistura. Em situações em que uma
quantidade excessiva de água subterrânea é extraída através de poços, em desequilíbrio com a
recarga natural produzida pelas águas da chuva, ocorre um avanço dessa interface, produzindo a
salinização do aqüífero, ou partes desse. O fenômeno provoca a degradação do aqüífero,
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tornando suas águas impróprias para diversos usos, incluindo o consumo humano. A questão da
intrusão marinha em aqüíferos costeiros afeta grande parte das cidades costeiras do mundo que
utilizam água subterrânea para abastecimento público.

No Brasil, diversas cidades litorâneas que utilizam de forma intensiva as águas subterrâneas
para o abastecimento público possuem risco de degradação dos aqüíferos costeiros por
salinização produzida pelo avanço da cunha salina em direção ao continente, a exemplo de
Fortaleza, Maceió, Recife e Rio de Janeiro (Figuras), todas densamente povoadas.

Este assunto vem sendo objeto de pesquisas por muitas décadas em diversos países. Recentemente foi
realizado um estudo comparativo da informação existente sobre aquíferos costeiros da América do Sul,
para conhecer as características comuns das áreas costeiras desse subcontinente, incorporando-se também o
conhecimento sobre outras áreas. O grau de conhecimento e de práticas de gestão são variáveis, desde
quase nenhuma informação (a situação mais comum) até modelos conceituais bem estabelecidos quanto ao
conhecimento do aquífero e quanto a atuações apropriadas de gestão. Tais atuações de gestão
compreenderiam a relocação de pontos de extração de água através dos poços, extrações de água
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subterrânea salobra das camadas salinizadas e lançamento no mar, e a cartografia de vulnerabilidade de


aquíferos. Algumas das características comuns a todos os aqüíferos avaliados nesse estudo são: exploração
intensivsa de água subterrânea, falta de estudos de caracterização que suportem o planejamento e gestão
das águas subterrâneas, falta de redes de observação e a necessidade de criar uma consciência sobre a
questão na sociedade e sua implicação no planejamento. Os problemas de qualidade e quantidade que
aparecem em áreas altamente povoadas que estão associadas a aquíferos costeiros sul- americanos indicam
um desenvolvimento não sustentável das águas subterrâneas. O uso sustentável desses aquíferos deve

basear-se na avaliação adequada das características dos aquíferos e em seu monitoramento, além da
aplicação de instrumentos de gestão como o controle do uso através da concessão de outorga. Por exemplo,
no estado de Pernambuco, a gestão de águas subterrâneas é exercida, com base em legislação ,
conjuntamente pelo órgão ambiental do estado e pelo órgão gestor de recursos hídricos, que são
responsáveis pela concessão das licenças de instalação e operação de poços. A análise dos pleitos para a
concessão das licenças baseia-se no zoneamento de exploração em vigor (Resolução (Conselho Estadual de
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Recursos Hídricos) (ver mapa do Zoneamento na Figura 3).

Os métodos de investigação da ocorrência de intrusão salina ainda são muito discutidos. É necessário
investigar se a origem da salinização por ventura identificada nas águas de poços é de fato de origem

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marinha. Outras possíveis fontes de salinização de águas subterrâneas em aqüíferos costeiros é a


contaminação por estuários de rios, mangues, e por efluentes de fossas negras e presença de águas
subterrâneas antigas salinizadas. Poços mal construídos ou atacados por corrosão podem também levar à
contaminação por salinização de camadas mais superiores para outras inferiores do mesmo aqüífero ou de
formações adjacentes. A extração de água deve ser interrompida em poços nos quais são identificados
elevada salinização. Esses poços devem ser lacrados ou cimentados.
O controle da intrusão marinha é efetuado principalmente reduzindo a retirada de água de poços. Para
conter o avanço da cunha salina, várias experiências a nível mundial vem se baseando em injeção de água
doce na posição da interface ou próximo a ela no continente, fazendo com que a mesma se mova em
direção ao oceano. Essas técnicas conhecidas como recarga artificial vem sendo empregadas de diferentes
maneiras em países como Espanha, Estados Unidos, Canadá, Austrália. Por exemplo, podem ser criadas
barreiras hidráulicas com uma sequência de poços de injeção de água doce.
Dentre as técnicas citadas destacam- se a análise de amostras de água coletadas em poços. As amostras
podem ser analisadas para determinação de condutividade elétrica, íons e isótopos estáveis. Destaca- se que
em aqüíferos costeiros a investigação dos aspectos químicos é mais importante devido às rápidas mudanças
hidroquímicas que podem ocorrer.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),
juntamente com a ABAS- Associação Brasileira de Águas Subterrâneas são os responsáveis pela
organização do 22 ° Encontro sobre
Intrusão da Água do Mar que ocorrerá em Julho de 2012, em Búzios, RJ. Realizado a cada dois anos, esse
encontro acontecerá pela primeira vez em um país do Hemisfério Sul. Sem dúvida, uma boa oportunidade
para dicutirmos os possíveis de problemas com intrusão marinha nos nossos aquíferos costeiros.

Nélio Das Neves Olívio Oceanografia- UEM


Sitoe 2017

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