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06/04/2015 Portal Xamanismo Ancestral - Integrando o Oriente com o Ocidente

ACESSE A REDE XAMÂNICA ANCESTRAL:
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Sramana

     

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Título: SOMA ou AYAHUASCA?
  Fundador:
Desde o período Paleolítico Superior (entre 75.000 a 15.000 anos
           Akaiê Sramana a.C) que nossos ancestrais já utilizavam certas plantas para fins
medicinais e como meio de acesso ao reino dos espíritos, através
  Aldeia de Shiva
do feitio das chamadas Bebidas Sagradas. O impacto do seu uso
  Ordem de Shiva na estruturação da psique e da cultura humana é muito maior do
que se pode imaginar. Hoje em dia essas plantas são chamadas
  Aldeia de Shiva ­ Net enteógenas,  que  significa:  capaz  de  suscitar  a  experiência  de
Deus  em  si  mesmo.  Seus  compostos  psico­ativos  produzem  um
  Agenda
estado de expansão de consciência. Num contexto espiritual apropriado geram experiências
  Artigos de êxtase místico. Nesses estados de consciência é que os santos, os avatares e os profetas
lançaram o alicerce para muitas das grandes religiões de massa dos nossos dias.
  Cursos e Workshops
  Acampamentos Xamânicos Dizem  que,  periodicamente,  a  força  espiritual  que  assiste  e  modela  este  planeta  muda  de
lugar,  o  que  explicaria  os  súbitos  ciclos  de  decadência  e  de  florescimento  de  culturas  e
  Peregrinações Xamânicas tradições  religiosas.  Foi  assim  que  se  sucederam  os  cultos  do  Soma  (uma  bebida  sagrada
que possui efeito similar à Ayahuasca) no período pré­védico, através da Civilização do Vale
  Semanas Xamânicas do Indo ou Dravida (por volta de 7.000 a.C) da Índia antiga, onde o Xamanismo Ancestral já
  Rituais Xamânicos estava em evidência e que através do Soma, passou a fazer uso dessa Bebida Sagrada para
conectar­se com o Grande Espírito. Da Índia, por volta de 4.500 a.C, quando o subcontinente
  Orações Xamânicas indiano passou a sofrer diversas mudanças climáticas causadas em parte pelo movimento de
placas  tectônicas  no  decorrer  de  vários  séculos,  fazendo  com  que  grande  parte  dessa
  Depoimentos
civilização migrasse para outras regiões do planeta, levando todo o conhecimento deste povo,
  Livros recomendados foi que a primeira bebida sacramental, o Soma, tomou novos rumos e disparou para o mundo,
alimentando assim os Mistérios de Eleusis na Grécia Antiga, as tradições cristãs gnósticas e
  TV Xamanismo Ancestral esotéricas, os yogues da Índia e do Tibet, a Cabala da Espanha Islâmica, os Incas e Astecas
até  chegar  aos  povos  e  culturas  remanescentes  do  Éden  original.  Situadas  na  selva  sul­
  Videoteca
americana,  foi  lá  onde  o  Grande  Espírito  parece  ter  semeado  grande  parte  da  sua
  Links farmacopéia enteógena. 

  Contato A  intensidade  da  experiência  mística  desencadeada  a  partir  destas  bebidas,  usadas  desde
milênios, tem sido relatada e estudada com cada vez maior frequência. O seu uso desperta
na consciência a sensação inefável de fazer parte da Totalidade. Esta não é uma abstração e
sim uma verdade que se encontra nas camadas mais profundas do nosso ser. Vista através
desse tipo de experiência, a Natureza não é apenas um conjunto de solo, paisagens, flora e
fauna e sim a forma visível da Mãe­Terra, o ser biológico espiritual planetário.

A  forma  pela  qual  essa  compreensão  ficou  mais  preservada  chama­se  Xamanismo.  Ele  é,
segundo  a  já  clássica  definição  de  Eliade,  aquelas  técnicas  arcaicas  do  êxtase,  a  primeira
forma  sistematizada  pelo  homem  para  acessar  o  desconhecido  mundo  dos  espíritos.  É
profundamente  excitante  que  este  mesmo  Xamanismo  esteja  novamente  em  destaque  em
nossos dias. Desde as incursões às selvas sul­americanas de alguns botânicos e etnógrafos
do século passado, que a comunidade científica vem demonstrando um crescente interesse
pela  contribuição  que  as  plantas  psico­ativas  podem  dar,  tanto  para  estabelecer  uma
cartografia da consciência, quanto para a solução dos grandes enigmas da espécie humana.

Em torno dessa indagação sobre os efeitos dessas plantas no sistema nervoso central e seu
papel  como  fator  estruturador  da  auto­consciência  do  homem  e  na  criação  do  próprio
pensamento religioso está se criando um campo de estudos comum entre o saber científico e
a  experiência  mística.  Se  estas  técnicas,  xamânicas,  principalmente  as  que  se  servem  das
Plantas e Bebidas Sagradas, foram responsáveis no passado pelas visões que deram origem
às  grandes  revelações  espirituais,  certamente  ainda  hoje,  elas  nos  estarão  transmitindo  a
mesma  mensagem.  E  a  nossa  consciência  é  ao  mesmo  tempo  o  aparelho  receptor  e  o
cenário onde essa mensagem nos é revelada.

Isso  é  válido  tanto  para  as  técnicas  xamânicas  tradicionais  quanto  para  as  religiões
enteógenas, fenômeno recente, dos quais a Religião do Santo Daime no Brasil, da Iboga no
Gabão  e  do  Peyote  nos  EUA  são  os  maiores  expoentes.  Todos  esses  cultos  utilizam  um
sacramento enteógeno, uma planta psico­ativa que se transforma em um líquido sagrado que
produz uma expansão de consciência e uma experiência de cunho eminentemente místico.

Na Amazônia Ocidental Brasileira o Xamanismo religioso dos pajés sempre esteve associado
ao uso das plantas enteógenas. Uma das mais importantes delas é sem dúvida a Ayahuasca,
em torno da qual convergem muitas tradições dos índios e caboclos da região.

Quando  os  imigrantes  nordestinos  trouxeram  para  a  Amazônia  seus  mitos  e  suas  crenças
religiosas,  bastante  influenciadas  por  um  catolicismo  de  raízes  populares,  aqui  encontraram

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os  povos  nativos  dessas  matas,  conhecedores  dos  seus  múltiplos  mistérios  e  dos  segredos
das plantas ultilizadas nos seus rituais xamânicos.

Foi nesse cenário, ao mesmo tempo mágico, que floresceu o culto do Santo Daime, um típico
exemplo desta nova forma de fenômeno espiritual cada vez mais presente nos dias de hoje.
Nas  florestas  da  América  do  Sul,  o  Mestre  Raimundo  Irineu  Serra  cristianizou  as  tradições
caboclas e xamânicas da Bebida Sagrada Ayahuasca, que em idioma Quéchua significa liana
de los espíritos, conhecida desde o tempo dos Incas e rebatizou­a com o nome de "Daime",
significando com isso o rogativo que deveria ser feito pelo fiel ao comungar com a bebida.

Raimundo Irineu Serra foi um maranhense de cor negra e elevada estatura física e espiritual.
Com  sua  humildade  e  determinação,  granjeou  o  respeito  de  todos  quanto  o  conheceram.
Depois de entrar em contato com a bebida na fronteira com o Perú, foi para a cidade de Rio
Branco,  onde  começou  a  trabalhar  com  um  pequeno  círculo  de  discípulos.  Obteve  uma
revelação da própria Virgem Maria, que lhe apareceu sob a forma da Rainha da Floresta. A
partir  deste  momento,  estava  nascendo  o  Terceiro  Testamento,  uma  Nova  Anunciação
Visionária,  através  dos  hinos  que  o  Mestre  Irineu  foi  recebendo  e  que  re­interpretava  a
cosmologia cristã pela lente e pelas luzes da Ayahuasca.

Mais  uma  vez,  longe  dos  saberes  eruditos  e  dogmáticos,  da  pompa  dos  cortesões
eclesiásticos,  um  ensinamento  espiritual  de  grande  profundidade  foi  tecido  por  humildes
seringueiros, no contexto de um cristianismo popular, durante o boom da borracha no final do
século passado. Neste cenário ímpar foi que o Mestre Irineu reuniu em seu cadinho alquímico
esse  mesmo  cristianismo  com  tradições  pré­colombianas,  esoterismo  europeu,  crenças
africanas e Xamanismo enteógeno.

O  resultado  dessa  mistura  é  um  sistema  que  consegue  aliar  a  extrema  simplicidade  de  sua
formulação  a  uma  profundidade  espiritual  raras  vezes  lograda  por  outras  correntes  que  se
dedicam  a  batalha  e  a  investigação  do  auto­conhecimento.  As  visões,  que  são  chamadas
também de mirações, mostram tudo que a nossa fé precisa acreditar. Considerando que no
passado  os  cristãos  eram  glorificados  por  crer  naquilo  que  não  tinham  visto,  a  revelação
enteógena promove um avanço substancial. Mata a cobra e mostra o pau.

A  cristianização  da  Ayahuasca  é  o  fecho  de  um  longo  processo  de  resgate  cultural  e
espiritual.  Quis  o  Grande  Espírito,  que  escreve  certo  por  linhas  tortas,  unir  a  fé  dos
conquistadores cristãos (protagonistas da empresa colonialista que, sob a benção da Igreja,
submetiam  povos  inteiros  a  escravidão  e  ao  genocídio),  com  o  sacramento  destes  povos
subjugados e oprimidos. Com o Mestre Irineu, o Vinho das Almas se converte no novo sangue
do Cristo, o Consolador Prometido, o Paráclito Vegetal, o Logos­Cipó. Através dele assimilou­
se a espiritualidade dos nativos pré­colombianos ao mesmo tempo que se resgatava o karma
desta  página  sombria  da  expansão  da  cristandade  no  novo  continente.  Isso  sem  falar  na
restauração  do  papel  da  experiência  visionária  como  o  centro  da  revelação  espiritual,
descrucificando assim o Ser Crístico da cruz dos dogmas a que foi reduzido.

Assim,  nasce  a  Doutrina  da  Floresta,  mais  conhecida  como  Santo  Daime,  que  prolifera  no
Brasil a utilização e divulgação da Bebida Sagrada, o Vinho da Alma, a Ayahuasca. 

AYAHUASCA 
Ayahuasca é uma bebida psicoativa, de poder espiritual milagroso que cura doenças do corpo
e da alma. Ela é feita pela cocção de duas espécies vegetais distintas e utilizada atualmente
em cerimônias ou rituais religiosos e místico­espirituais.

Inicialmente  era  usada  pelos  nativos  em  rituais  de  cura  espirituais  para  chamar  os  espíritos
curadores das matas. Seu culto de adoração é milenar, já era usado pelos ancestrais Incas
após  Huayna  Cápac  e  cultuado  pelos  nativos,  logo  depois  pelos  caboclos  acreanos,
bolivianos e peruanos, os povos da floresta amazônica.

Uma das plantas é a liana, cientificamente denominada Banisteriopsis caapi, e a outra é um
arbusto  da  família  das  rubiáceas  denominada  Psychotria viridis.  Em  Quéchua,  língua  nativa
dos Incas, as plantas são conhecidas como Mariri (Jagube na floresta amazônica), o nome da
liana,  e  Chacruna  ou  Chacrona,  o  nome  do  arbusto.  Na  mesma  língua  o  nome  da  bebida  é
Ayahuasca, o vinho dos espíritos, das almas, dos mortos ou dos ancestrais.

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Cipó Mariri Chacrona: folha e sementes

A bebida é feita das duas plantas postas em maceração ou cozinhadas, com diversos graus
de  apuro  e  concentração.  As  plantas  são  conhecidas  por  várias  outras  denominações  por
estar  sendo  usada  desde  tempos  imemoriais  numa  área  extensa  e  por  diversas  nações
indígenas  separadas  por  grandes  distâncias,  diferenças  culturais  e  idiomáticas.  São
conhecidos  pelo  menos  quarenta  e  dois  nomes  indígenas  para  esta  poção  usada  por  pelo
menos setenta e duas tribos indígenas da bacia Amazônica.

Feitio da Ayahuasca Ayahuasca pronta para consumo

O  efeito  desta  Bebida  Sagrada,  quando  ingerida,  é  como  se  fosse  aceso  um  grande
candelabro sobre a alma, iluminando­a, tornando possível ver a verdade material e espiritual,
abrindo um portal de revelações interiores e mirações de um mundo encantado de cores de
luz  em  uma  outra  dimensão.  É  a  harmonia  entre  o  homem  e  a  natureza,  a  união  do  animal
com o vegetal que transmite a ciência e a sabedoria do Grande Espírito.

A  antiguidade  do  uso  da  Ayahuasca  se  perde  na  pré­história.  De  uma  utilização  regional
milenar, centrada na Amazônia Ocidental, seu uso tem modernamente se expandido em toda
a América do Sul, primordialmente, graças à preservação do uso pelos indígenas e mestiços,
apesar da incessante repressão cultural desde os primórdios da colonização Brasileira. Muito
do que se pratica e conhece sobre Ayahuasca vem da observação e conhecimento empírico
acumulado pelos indígenas.

O uso dessas plantas pelos mestiços em geral acontece dentro do contexto da etnomedicina
e segue os princípios gerais do uso tradicional dos nativos (uso xamânico) com modificações
e acréscimos atinentes aos diversos sistemas de crenças religiosas importados junto com a
colonização, principalmente: espiritismo, cristianismo, maçonaria e cultos africanos.

O  impulso  inicial  em  direção  a  uma  expansão  mundial  da  utilização  da  Ayahuasca  se  deu
graça  ao  interesse  geral  por  assuntos  etnológicos  e  à  expansão  dos  grandes  movimentos
religiosos  sincréticos  do  Brasil,  organizados  em  torno  da  utilização  da  Ayahuasca  como
sacramento, sendo os maiores o "Santo Daime", o mais antigo, e a "União do Vegetal (UDV)",
entre várias outras denominações.

A  Ayahuasca  vem  sendo  utilizada  há  séculos  por  milhares  de  pessoas.  Um  tal  período  de
ensaio excede em muito os padrões de estudos administrados para a aprovação de drogas e
medicamentos.  Na  maioria  das  culturas  amazônicas,  até  hoje,  a  Ayahuasca  ocupa
culturalmente  um  elevado  conceito  ao  lado  de  outras  Plantas  Mestras  (professoras  ou
Instrutoras) como o Peyote.

Durante as últimas décadas, a literatura contemporânea, sócio­antropológica, farmacológica e
popular debateu significativamente as diversas dimensões e uso da Ayahuasca, do ponto de
vista cultural, químico, psicológico e espiritual. 

OS NOMES DA AYAHUASCA

Os  nomes  usados  pelas  diversas  tribos  e  nações  indígenas  ao  longo  do  Perú  amazônico,
Equador, Colômbia, Bolívia, Brasil ocidental e em determinada região da Venezuela são: 

Yagé;  bejuco  bravo;  bejuco  de  oro;  caapi  (Tupi,  Brasil);  mado,  mado  bidada  e  rami­wetsem
(Culina);  nucnu  huasca  e  shimbaya  huasca  (Quéchua);  ka­malampi  (Piro);  punga  huasca;
rambi e shuri (Sharanahua); ayahuasca amarillo; ayawasca; nishi e oni (Shipibo); ayahuasca;
ayahuasca negro; ayahuasca blanco; ayahuasca trueno, cielo ayahuasca; népe; xono; datém;
kamarampi;  Pindé  (Cayapa);  natema  (Jivaro);  iona;  mii;  nixi;  pae;  ka­hee'  (Makuna);  mi­hi
(Kubeo);  kuma­basere;  wai­bu­ku­kihoa­ma;  wenan­duri­guda­hubea­ma;  yaiya­suava­kahi­
ma;  wai­buhua­guda­hebea­ma;  myoki­buku­guda­hubea­ma  (Barasana);  ka­hee­riama;
mene'­kají­ma;  yaiya­suána­kahi­ma;  kahí­vaibucuru­rijoma;  kaju'uri­kahi­ma;  mene'­kají­ma;
kahí­somoma'  (Tucano);  tsiputsueni,  tsipu­wetseni;  tsipu­makuni;  rami­wetsem  (Kulina);
amarrón  huasca,  inde  huasca  (Ingano);  oó­fa;  yajé  (Kofan);  bi'­ã­yahé;  sia­sewi­yahe;  sese­
yahé; weki­yajé; yai­yajé; nea­yajé; horo­yajé; sise­yajé (Shushufindi Siona); shimbaya huasca
(Ketchwa); shillinto (Perú); nepi (Colorado); wai­yajé; yajé­oco; beji­yajé; so'­om­wa­wai­yajé;
kwi­ku­yajé;  aso­yajé;  wati­yajé;  kido­yajé;  weko­yajé;  weki­yajé;  usebo­yajé;  yai­yajé;  ga­
tokama­yai­yajé;  zi­simi­yajé;  hamo­weko­yajé  (Siona  do  Putomayo);  shuri­fisopa;  shuri­
oshinipa; shuri­oshpa (Sharananahua). 

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No Brasil os nomes mais usados são: Yagê, Ayahuasca, Daime, Vegetal, Hoasca e Oasca. 

A FARMACOLOGIA DA AYAHUASCA

O  Jagube  (Banisteriopsis  caapi):  As  Betacarbolinas  (Harmina,  Harmalina  e  Tetra­


hidroharmina) são extraídas do chá do Jagube (Banisteriopsis caapi). Isoladamente o chá do
Jagube pode induzir efeitos psicoativos indiretos, mediados pela sua atividade inibidora sobre
a  Monamina  Oxidase  e  conseqüente  elevação  dos  níveis  de  serotonina  no  organismo.  O
surgimento  de  imagens  tipicamente  hipnagógicas  e  modificações  do  humor  e  das  emoções
são  atribuídos  à  elevação  dos  níveis  de  serotonina  no  sistema  nervoso  central.  Os  efeitos
purgativos e eméticos são mediados pelo efeito da serotonina no intestino. 

A Chacrona (Psicotria viridis): A substância N­Dimethyltryptamine (DMT) está presente nas
folhas  da  Chacrona  (Psicotria  viridis).  O  chá  das  folhas,  ou  as  folhas,  não  são  psicoativas
quando ingeridas isoladamente devido à rápida destruição destes alcalóides pela Monoamina
Oxidase  (MAO),  uma  enzima  naturalmente  presente  no  organismo  humano.  A  estrutura  da
DMT,  como  a  de  outros  compostos  psicodélicos,  é  bem  semelhante  à  da  serotonina  (5­
Hidroxitriptamina ou 5­HT),um importante neurotransmissor de modulação. A serotonina age
naturalmente,  desinibindo  controles  e  processos  reguladores  no  cérebro.  Suponha­se  que
tanto  o  acréscimo  dos  níveis  de  serotonina  (efeito  do  Mariri)  como  os  da  DMT  afeta  os
neurônios serotonérgicos, promovendo uma hiperestimulação e modulação, que desencadeia
um  largo  espectro  de  efeitos  como  liberação  de  emoções  reprimidas,  recordações  de
memórias esquecidas e geração de imagens. 

Sinergismo  Químico  Jagube/Chacrona:  A  DMT  foi  produzida  em  laboratório  em  1931.
Desde o início descobriu­se que a substância produzia efeitos intensos quando aplicada por
via  intramuscular  em  doses  diminutas  de  alguns  miligramas  (na  ordem  de  0.7mg  por  kg  de
peso),  mas  que  em  contrapartida  era  inativa  por  via  oral  até  mesmo  em  doses  mil  vezes
superiores.  Uma  vez  bem  estabelecido  a  sua  inatividade  por  via  oral  levantou­se  a
necessidade  de  se  explicar  como  doses  diminutas,  de  aproximadamente  29  mg  de  DMT,
tipicamente  ingerida  numa  Cerimônia  de  Ayahuasca,  são  capazes  de  produzir  efeitos
intensos.

A  enzima  Monoamina  Oxidase  (MAO)  é  a  chave  do  mistério.  Esta  enzima,  fisiologicamente
presente  no  sistema  digestivo,  tem  como  função  destruir  as  diversas  monoaminas
naturalmente  contidas  nos  alimentos  no  sentido  de  proteger  as  diversas  funções  cerebrais
mediadas por neuroreceptores ativados por monoaminas endógenas.

Sendo a DMT uma monoamina ela passa a ser imediatamente, tão logo ingerida, oxidada e
decomposta  pela  enzima  MAO  ao  nível  do  intestino.  Mas,  no  caso  da  Ayahuasca,  acontece
que os demais alcalóides presentes na poção, as Betacarbolinas trazidas pelo Jagube, inibem
momentâneo e reversívelmente a enzima intestinal MAO a ponto de evitar a degradação da
acompanhante DMT na área digestiva, ficando assim disponível para absorção e penetração
na  corrente  sanguínea  e  sistema  nervoso  central  sem  nenhum  prejuízo  ao  organismo
humano. 

INOCUIDADE DA AYAHUASCA

Entre  1991  e  1993,  a  Universidade  Federal  de  São  Paulo  (antiga  Escola  Paulista  de
Medicina),  Universidade  de  Campinas,  Universidade  do  Estado  do  Rio  de  Janeiro,
Universidade  do  Amazonas,  Instituto  Nacional  de  Pesquisas  Amazônicas  (INPA),
Universidade  da  Califórnia,  Universidade  de  Miami,  Universidade  do  Novo  México  e
Universidade  de  Kuopio  (Finlândia),  foram  convidados  por  inciativa  de  uma  das  igrejas
sincréticas  Brasileiras,  a  UDV,  para  gerenciar  uma  pesquisa  cientifica,  intitulada
"Farmacologia Humana da Hoasca, chá usado em contexto ritual no Brasil".

A  pesquisa  foi  articulada  pela  direção  central  do  Centro  de  Estudos  Médico­Científico  da
União do Vegetal, órgão interno da instituição, que reúne seus adeptos profissionais de áreas
relevantes. Os resultados constatam que a bebida Ayahuasca é inofensiva à saúde.

A pesquisa está publicada em importantes revistas científicas como: "Psychopharmacology",
em texto assinado por J. C. Callaway (PhD), e "The Journal of Nervous and Mental Disease",
em texto de Charles S. Grobb (PhD). 

Este  estudo  se  deu  em  Manaus  e  envolveu  nove  centros  universitários  e  instituições  de
pesquisa  do  Brasil,  Estados  Unidos  e  Finlândia,  financiados  pela  fundação  norte­americana
Botanical  Dimension.  A  pesquisa  começou  a  ser  planejada  em  1991  e  aconteceu  em  1993.
Consistiu em aplicar testes laboratoriais e questionários, dentro dos procedimentos científicos
padrões,  em  usuários  da  Ayahuasca.  Eram  pessoas  de  faixas  etárias  variadas,  dos  meios
urbano e rural, freqüentadores assíduos dos cultos. Os testes foram também executados em
não usuários servindo de grupo de controle.

A avaliação psiquiátrica conduzida pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal
de São Paulo, Centro de Referência da Organização Mundial da Saúde, não encontrou entre
os  usuários  pesquisados  nenhum  caso  de  dependência,  abuso  ou  perda  social  pelo  uso  da
Ayahuasca, aspectos presentes em usuários de drogas proscritas pela legislação.

As conclusões comparativas são surpreendentes. A primeira delas, confirmando a afirmação
de  que  a  bebida  é  inócua  do  ponto  de  vista  toxicológico:  não  se  constatou  "nenhuma
diferença  significante  no  sistema  neurosensorial,  circulatório,  renal,  respiratório,  digestivo,
endócrino entre os grupos experimentadores e de controle".

Nos  testes  psiquiátricos,  foram  aplicados  os  recomendados  pela  ortodoxia  científica,  o  CIDI
(Composite  International  Diagnostic  Interview),  com  os  critérios  do  CID  10  e  DSM  IIIR,  e  o
TPQ  (Tridimensional  Personality  Questionnaire).  Constatou­se  que  os  usuários  da
Ayahuasca,  comparativamente  aos  não  usuários  (grupo  de  controle)  mostraram­se  mais
"reflexivos, resistentes, leais, estóicos, calmos, frugais, ordeiros e persistentes". E ainda: mais

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"confiantes, otimistas, despreocupados, desinibidos, dispostos e enérgicos". Exibiram também
"alegria,  hipertimia,  determinação  e  confiança  elevada  em  si  mesmo".  Os  examinandos
apresentaram  desempenho  significativamente  melhor  que  os  do  grupo  de  controle  quanto  à
capacidade de lembrar as palavras na quinta tentativa. Foram melhores também em "número
de palavras lembradas, recordação tardia e recordação de palavras após interferência".

Embora  o  protocolo  de  estudo  não  permitia  separar  os  benéficos  atinentes  ao  contexto
religioso  dos  efeitos  da  bebida  em  si,  esta  pesquisa  confirma  a  impressão  geral,  decorrente
da  sua  utilização  milenar,  da  inocuidade  da  Ayahuasca.  De  fato  não  se  conhece  caso  de
lesões e doenças provocadas pelo seu uso "in natura", sem adulterações ou misturas. 

ASSOCIAÇÃO COM MEDICAMENTOS

Está  claro  que  a  utilização  concomitante  de  drogas  inibidoras  da  MAO,  ou  que,  de  alguma
maneira  interferem  com  o  sistema  serotonérgico  não  é  recomendado  e  deve  ser  evitado,  já
que  teoricamente  pode  levar  à  chamada  "síndrome  serotonérgica",  um  quadro  clínico
resultando de uma elevação patogênica dos níveis de Serotonina e potencialmente perigoso e
suceptivel de levar a convulsões, hipertermia e perda da consciência. 

Por  uma  questão  de  prudência  e  absoluta  prevenção  destes  problemas  (que  nunca  foram
registrados  com  o  uso  tradicional  da  Ayahuasca)  pelo  menos  teoricamente  possíveis,  não
recomendamos o uso da bebida para pessoas em tratamento com fármacos psicoativos em
geral e principalmente antidepressivos até três semanas antes da Cerimônia para permitir a
total  recomposição  do  estoque  de  MAO  endógena  e  o  retorno  do  sistema  nervoso  à  sua
fisiologia natural. 

CONTRA­INDICAÇÃO

Consideramos  ser  contra­indicado  o  uso  da  Ayahuasca  para  pessoas  com  personalidades
esquizóides  e  pré­psicóticas,  neuróticos  com  instabilidade  de  identidade  e  níveis  altos  de
ansiedade (síndrome do pânico).

Desde  a  década  de  1960,  época  da  descobertas  de  alguns  antidepressivos  e  dos  agentes
inibidores da monoamina oxidase sabe­se que a utilização concomitante dessas substâncias
deve  ser  contra­indicada.  Aconselhamos  os  interessados  a  buscar  referências  na  literatura
especializada.  Assim  consideramos  como  contra­indicado  o  uso  da  Ayahuasca  para  os
usuários  de  drogas  e  medicamentos  psicoativos  listados  a  seguir,  a  não  ser  após  três
semanas de suspensão da medicação, como: 

Antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina como: Fluoxetina (Prozac
e  outros);  Citalopram  (Cipramil,  Denyl);  Paroxetina  (Aropax,  Cebrilin,  Pondera);  Sertralina
(Novativ, Sercerin);
Antidepressivos  tricíclicos  como:  Imipramina  (Tofranil);  Desipramina  (Norpramina);
Clomipramina (Anafranil);
Antidepressivos de efeito dual ou complexo como: Venlafaxina (Efexor);
Substância  de  mecanismo  de  ação  não  muito  bem  estabelecido  como:  Lítio  (Carboclim,
Litiocar, Neurolithium);
Inibidores  da  Monamia  Oxidade  como:  Tranilcipromina  (Parnate,  Stelapar);  Fenelzina
(Nardil). 

Por  conta  dos  seus  efeitos  hipertensivos,  eliminamos  também  os  candidatos  em  uso  de
psicoestimulantes como Ritalina.

O bom senso indica que enquanto não se sabe ao certo os efeitos específicos de cada uma
das  substâncias  citadas  em  relação  às  dosagens  habituais  de  DMT  e  agentes  inibidores  da
monoamina  oxidase  tipicamente  contida  na  Ayahuasca,  não  se  deve  incentivar  o  uso  da
bebida em pessoas usuárias dessas medicações.

Apenas  por  questão  de  prudência  não  recomendamos  o  uso  da  Ayahuasca,  a  não  ser  em
condições especiais, para mulheres grávidas. 

RECOMENDAÇÕES DE USO DA AYAHUASCA 

Evitar  tirosina:  Embora  o  efeito  da  Ayahuasca  sobre  a  MAO  seja  de  inibição  curta  e
reversível é interessante, pelo menos para quem sofre de hipertensão, não utilizar alimentos
contendo  níveis  elevados  de  tirosina  (precursor  da  dopamina,  epinefrina  e  norepinefrina)
convertida em tiramina pelas bactérias intestinais.

A tiramina, na vigência de uma inibição da MAO como a induzida pelo Jagube, pode também
chegar na circulação gerando elevação da pressão arterial. O uso de alguns estimulantes do
grupo  das  anfetaminas  assim  como  alguns  broncodilatadores  podem  também  reforçar  uma
tendência para hipertensão.

Assim  sendo  para  pessoas  portadores  de  hipertensão  achamos  por  bem  recomendar  a
limitação do uso das bebidas e alimentos ricos em tirosina por 24 horas antes da Cerimônia.

Alimentos ricos em tirosina: vinhos tintos, cerveja e whisky, soja fermentada (misso), favas,
queijos  envelhecidos  (não  os  de  coalho  e  ricotas),  peixes  defumados,  patê  de  produtos
animais  enlatados,  molhos  concentrados  de  carne,  salsicharia,  repolho  fermentado
(Sauerkraut) e aditivos protéicos vendidos em academia de ginástica. 

O triptófano:  Algumas  pessoas  esperando  reforçar  os  efeitos  do  chá  pretendem  elevar  os
seus níveis de serotonina (um dos neurotransmissores mais importante do sistema nervoso)
ingerindo  maior  quantidade  do  aminoácido  essencial,  precursor  dietético  fundamental  na
síntese orgânica da serotonina ou seja, o triptófano.

Vários  estudos  demonstram  que  a  concentração  de  serotonina  no  cérebro  é  diretamente
proporcional à concentração de triptófano no plasma e sistema nervoso. A ingestão dietética

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de triptófano influencia diretamente a quantidade de serotonina no plasma, cérebro e todos os
tecidos do corpo. O metabolismo do triptófano requer uma quantidade adequada de vitamina
B6  e  magnésio  para  funcionar  corretamente.  O  triptófano  é  o  aminoácido  essencial  menos
abundante  nos  alimentos.  Além  das  carnes  e  anchovas  os  queijos  tipo  suíços,  gruyère  e
parmesão, os ovos e as nozes são ricos em triptófano.

Não é necessário esse tipo de dieta de eficiência duvidosa no sentido de reforçar os efeitos
da  Ayahuasca,  de  fato  não  existem  notícias  de  investigações  elaboradas  no  sentido  de
conferir os efeitos de um complemento dietético de triptófano em pessoas refratarias ou pouco
sensíveis aos efeitos da Ayahuasca. 

O regime dos vegetalistas: Na prática dos vegetalistas e curandeiros utilizando a Ayahuasca
como medicina para cura é comum a recomendação de regimes diversos principalmente sem
carne (sendo excluída a carne de porco por muitos dias antes da experiência), gorduras, sal,
açúcar, bebidas alcoólicas e abstinência sexual; o tabaco, considerado uma planta sagrada, é
usado em diversos rituais. Alguns desses preceitos, com a eliminação do sal e do álcool se
justificam do ponto de vista bioquímico, outras tem justificativas de natureza essencialmente
espiritualistas. 

O valor relativo das dietas: No fim vale a pena salientar que milhares de adeptos, afiliados
às grandes seitas sincréticas como as do Santo Daime e da UDV, não recebem dos dirigentes
nenhuma  orientação  dietéticas,  além  de  não  fumar  nem  usar  bebidas  alcoólicas  ou  drogas,
sem por isso deixar de obter os resultados desejados nas suas experiências nem tampouco
apresentar reações atípicas. 

SOMA OU AMRITA 
Para  o  Xamanismo  Ancestral  o  Soma,  também  conhecido  como  Amrita  (o  Elixir  da
Imortalidade)  é  a  Bebida  Sagrada  que  originou  a  Ayahuasca.  O  Soma  também  era  uma
bebida  sacramental  utilizada  na  Índia  antiga,  originada  no  céu,  e  passou  a  ser  comparada
mais tarde como a Ambrósia dos Gregos. Ela é mecionada nos Vedas, as escrituras sagradas
da  Índia,  a  qual  relata  uma  série  de  contos  envolvendo  sua  ingestão  por  alguns  Deuses
Hindus. 

O  Soma  védico  era  uma  bebida  ancestral  que  promovia  a  imortalidade  àqueles  que  a
tomavam. Seu feitio era realizado através da planta medicinal Asclepias acida ou Sarcostoma
viminales colhida nas montanhas do Vale do Indo.

Soma  também  é  o  nome  do  Deus  da  Lua,  e  assim  como  a  Lua  ele  possuía,  para  nossos
ancestrais Indianos, um simbolismo ambíguo, representada o bem e o mal, muito mais o mal
do que o bem. Astrologicamente, Soma é o regente invisível da Lua, que representa também
o  símbolo  da  ilusão,  da  Deusa  Maya.  Soma  é  o  Deus  misterioso  que  desperta  a  natureza
mística e oculta da humanidade.

Para  os  xamãs  ancestrais  o  uso  sagrado  do  Soma  fornecia  visões  místicas  e  revelações
espirituais  recebidas  através  de  transes  profundos.  O  Soma  era  utilizado  nas  iniciações
xamânicas e bramínicas no período pré­védico e védico.

Os iniciados no Soma sentiam seus corpos se fortalecerem, seus corações se encherem de
coragem, suas mentes se encherem de lucidez e da certeza da sua imortalidade.

Contos  Hindus  afirmam  que  o  próprio  Deus  Indra  adoecia  às  vezes  por  tê­la  bebido.  Os
simples  mortais  poderiam  até  mesmo  morrer  se  bebessem  uma  dosagem  forte.  O  Soma
danificava profundamente o organismo, mas para os iniciados ele gerava uma felicidade tão
transcendente que este preço no fundo não era considerado exorbitante.

Nas  lendas  Hindus,  a  Lua  era  o  copo  onde  os  deuses  bebiam  o  Amrita,  o  Elixir  da
Imortalidade. Os eclipses aconteciam sempre que o monstro Rahu conseguia agarrar a Lua e
beber essa bebida mágica. Mas como o Rahu não tinha ventre, a Lua podia escapar sempre e
"seguir o seu caminho."

O  mesmo  Elixir  da  Imortalidade  recebia  o  nome  de  Amrita  na  Pérsia.  Algumas  vezes  era
chamado  o  leite  da  Deusa  Mãe,  algumas  vezes  bebida  fermentada,  algumas  vezes  como
sangue  sagrado.  E  sempre  em  associação  com  a  Lua.  O  orvalho  e  chuva  se  tornava  seiva
vegetal,  seiva  se  tornava  o  leite  da  vaca,  e  o  leite  então  era  convertido  em  sangue:  Amrita,
água, seiva, leite e sangue representavam estados diferentes de um mesmo elixir. O vaso ou
cálice deste fluído imortal é a Lua.

O  Soma  podia  ser  bebido  também  entre  os  Deuses  Hindu,  e  o  Deus  que  bebia  chegava  à
posição de Indra, o Rei dos Deuses.

Entre os humanos, ele possibilitava o renascimento em forma de Deus, deixando assim sua
forma física, pois o Soma fornecia o divino poder de inspiração e desenvolvia no ser humano
a faculdade de clarividência.

Para  o  Xamanismo  Ancestral  o  Soma  possibilitava  a  mesma  conexão  que  a  Ayahuasca


promove.  O  efeito  era  similar,  apenas  com  uma  diferença,  mantras  eram  entoadas  para
intensificar ainda mais seu efeito. 

Por  fim,  o  segredo  do  Soma  védico  chega  à  Grégia  antiga,  e  assemelha­se  a  Ambrósia  ou
néctar,  a  bebida  dos  Deuses  do  Olimpo.  E  passa  então  a  ser  utilizado  nas  iniciações
Eleusianas.  E  para  os  Gregos  aquele  que  bebia  o  Soma  chegava  facilmente  à  posição  de
Brahma, o Deus Criador da Trindade Hindu. 

O  Soma  grego  passou  a  ficar  conhecido  em  toda  a  Europa,  entre  as  tribos  Teutônicas,  os
Germânicos  e  os  Anglo­Saxões  como  a  Bebida  dos  Deuses.  Porém,  para  os  Hindus  a
destilação  da  bebida  era  empregada  da  mesma  forma  como  a  da  Ayahuasca,  através  das
fases da Lua. Para os Gregos da época de Homero o Soma passou a ser extraído do néctar

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da Ambrósia.

Infelizmente, nessa época, o Soma do admirável Velho Continente passou a não possuir mais
os  efeitos  místico­espirituais  promovidos  pela  Ayahuasca  .  Em  pequenas  doses
proporcionava apenas uma sensação de felicidade. Doses mais altas geravam visões, e com
três  doses  de  Soma  se  caía,  depois  de  alguns  minutos,  num  sono  relaxante.  Isto  sem
qualquer  desgaste  sério  para  o  organismo  ou  para  a  mente.  Os  habitantes  do  Velho
Continente  libertavam­se  assim  de  seu  mau  humor,  conflitos  cotidianos  ou  criatividade
reprimida pelo sistema.

O  Soma  grego  passou  a  ser  visto  como  um  direito  dos  cidadãos.  Aprendia­se  sobre  as
dosagens  nas  sessões  de  hipnopedia,  e  para  o  Estado  era  uma  garantia  contra  a
desadaptação  pessoal  e  a  divulgação  de  idéias  subversivas.  O  Soma  passou  então  a  ser  o
ópio do Velho Continente, possuindo uma visão completamente contrária do Soma védico. "A
religião,  segundo  Karl  Marx,  é  o  ópio  do  povo.  No  admirável  Velho  Continente,  a  situação
invertera­se. O Ópio, ou antes o Soma, era a religião do povo." 

O DEUS SHIVA BEBE O VENENO DO MUNDO 

É  surpreendente  a  força  da  religião  na  Índia.  Qualquer  visitante  pode  verificar  que  lá,  os
Deuses estão vivos! Shiva, que significa "O Benéfico", é uma das várias formas divinas que
reúne  aspectos  contraditórios.  As  numerosas  e  diferentes  formas  de  Shiva  representam  a
dialética da própria natureza. Suas manifestações são complexas e contraditórias: Shankara é
o Pai do Xamanismo Ancestral, Mahakala é o Senhor do Tempo, Mrituñjaya é o Vencedor da
Morte,  Pashupati  é  o  yogi  que  medita  nas  florestas,  Senhor  das  Feras,  Sarva  é  o  Arqueiro,
Mahadeva  é  o  Grande  Deus,  o  deus  da  vida  e  da  morte,  Nataraja  é  o  Rei  dos  Dançarinos,
Ardhanarishvara é o andrógino, que unifica e transcende as dualidades.

Diferentemente da idéia da cultura judaico­cristã, Shiva é a síntese, a integração das forças
da vida e da morte. Seus mitos são símbolos que expressam de maneira poética e alegórica a
percepção que o povo Hindu teve e tem das verdades universais, bem como da reconciliação
entre a poesia e a religião por um lado, e a ciência, pelo outro.

Dentre  essas  inúmeras  formas,  destacam­se  duas  que  são  pólos  opostos:  Nilakantha  e
Mahakala. Por um lado, Shiva é o preservador da criação, sob a forma de Nilakantha, "Aquele
da Garganta Azul". Nessa forma, Shiva absorve em si próprio o veneno do mundo (halahala,
ou kalakata). Esse veneno é a antítese do néctar celestial da imortalidade, chamado Amrita.

Para  que  a  imortalidade  exista,  a  morte  também  deve  existir.  Apenas  Shiva,  o  grande  yogi
que está além das dualidaes, pode absorver o veneno da morte e salvar o mundo.

Shiva  é  ao  mesmo  tempo,  então,  o  Senhor  da  Vida  e  da  Morte,  do  nascimento  e  da
destruição.

Por outro lado, Shiva é igualmente Mahakala, o devorador do tempo, que dissolve o universo
(mahapralaya) no final dos ciclos cósmicos (mahakalpas). Nesta forma, ele revela um aspecto
de  grande  profundidade  filosófica:  o  tempo  é  rítmico.  É  por  isso  que  Shiva  é  o  senhor  da
dança,  Nataraja.  Ele  dança  o  tandava,  a  dança  da  dissolução,  marcando  o  ritmo  com  o
damaru, um tambor em forma de ampulheta.

O  mito  de  Nilakantha,  conhecido  como  O  Bater  do  Oceano  de  Leite  (samudra  mantham)
exemplifica  o  quanto  o  Deus  Shiva  integra  em  si  próprio  as  forças  de  criação  e  dissolução,
bem como todas as ambigüidades, dualidades e pares de opostos.

A  história  é  assim:  muito,  mas  muito  tempo  atrás,  deuses  e  demônios  estavam  engajados
numa  luta  sem  quartel  pela  supremacia  e  pela  conquista  da  imortalidade.  Nessa  guerra,  a
arma  definitiva  seria  o  Amrita,  o  Elixir  da  Imortalidade,  que  jazia  no  fundo  do  Oceano  das
Águas Causais.

No  entanto,  todo  o  poder  dos  deuses,  inimaginável  para  nós,  mortais,  era  insuficiente  para
extrair o Amrita das profundezas. Ainda mais, quando os demônios estavam concentrados na
mesma tarefa, e boicotavam o esforço dos deuses.

Brahma, o Deus Criador, conclamou então um encontro para resolver a questão. Acordou­se
que deuses e demônios cooperariam entre si, ao invés de lutar. Vishnu assumiria a forma de
Kurma,  uma  tartaruga  gigante.  O  ciclo  do  deus  Vishnu  inclui  dez  encarnações,  das  quais  a
tartaruga é a segunda. Essas encarnações são chamadas Avatara, que significa "Aquele que
Desce [para salvar o mundo]". 

Sobre  as  costas  de  Kurma,  os  demais  deuses  colocariam  o  monte  Mandara,  e  ele  desceria
carregando essa montanha até o fundo do Oceano das Águas Causais (Samudra). O deus­
serpente  Vasuki,  enroscado  ao  redor  da  montanha,  serviria  como  corda,  puxada
alternadamente  por  deuses  e  demônios,  cada  grupo  ficando  numa  das  beiras  do  Oceano.
Desta maneira, Kurma, girando alucinadamente com os braços e as pernas abertos, trabalhou
como uma espécie de liquidificador gigante, que espalhou as águas do Oceano em todas as
direções, fazendo com que os tesouros submersos nele desde o início dos tempos, viessem à
superfície. A tarefa estava dando muito certo, até a aparição do Veneno.

A maneira em que o Veneno Mortal surgiu é aberta a interpretações. Por um lado, algumas
versões do mito de Nilakantha afirmam que ele jorrou das profundezas do mar quando deuses
e demônios começaram a bater as águas. Por outro, algumas versões sustentam que ele foi
segregado  por  um  imenso  peixe  que  morava  nas  profundezas  do  Oceano,  e  que  foi
incomodado por Kurma quando este começou a bater as águas.

A  aparição  do  veneno  kalakata  marca  o  fim  da  Primeira  Era  das  quatro  do  presente  ciclo
cósmico.  Essa  Era  Cósmica  chama­se  Satya  Yuga  em  Sânskrito,  que  significa  Era  da
Verdade, ou Era do Dharma.

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Shiva estava meditando no alto do Himalaya. Deuses e demônios foram lhe rogar para serem
salvos  daqueles  vapores  letais.  Ele  aquiesceu,  e  bebeu  o  veneno,  ficando  com  a  garganta
colorida  de  azul.  É  por  isso  que  ele  é  chamado  Nikalantha,  o  da  Garganta  Azul.  O  nome
Garganta  Azul  aponta  para  o  fato  de  que  não  existe  nenhum  conflito  entre  o  coração  e  a
mente de Shiva. Mente e coração estão em sintonia, alinhados e, entre eles, só existe espaço
vazio, representado pela cor azul. Nikalantha é aquele que vê todo o mundo em si mesmo, e
a si próprio em todo o mundo.

O desapego de Shiva perante a vida e a morte é absolutamente aterrador. Ao beber o veneno
kalakata, ele salva o Universo. Ao absorver em seu próprio organismo o veneno do mundo,
ele redime a Humanidade.

Desta  maneira,  deuses  e  demônios  puderam  retomar  a  tarefa  de  desenterrar  não  apenas  o
Elixir  da  Imortalidade,  mas  igualmente  a  Deusa  Lakshmi,  que  surge  das  águas  numa  cena
idéntica à do nascimento de Afrodite na mitologia grega, e que acaba casando com Vishnu,
bem como alguns valiosos tesouros, dentre os quais destaca­se o kausthubha, uma jóia que o
Deus carrega até hoje no peito.

Uma  vez  resgatados  esses  tesouros,  os  deuses  deram  uma  rasteira  nos  demônios  para
ficarem com o Elixir da Imortalidade, o Amrita. 

Akaiê Sramana
Fundador Acharya da Sagrada Tradição Xamanismo Ancestral
Fundador da ALDEIA DE SHIVA ­ Centro Espiritualista Universal Xamânico Ancestral
Criador e Codificador de R'XA ® ­ Reiki Xamânico Ancestral 

* Acesse o Website Oficial do Xamã Akaiê Sramana.

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