“Paisagem Urbana” de Thomas Gordon Cullen, foi escrito em 1961, e é
onde o autor ilustra e analisa o cenário urbano, mostrando a importância de elementos para composição da poética urbana. Inicialmente, Cullen define a cidade como conjunto cheio de contrastes que influencia na percepção das pessoas, e evidencia que isso é algo positivo na construção de um espaço urbano. Buscando conceitualizar o assunto, o autor diz que paisagem urbana é a arte de tornar coerente e organizado, visualmente, o emaranhado de edifícios, ruas e espaços que constituem o ambiente urbano. (Cullen, 1961). O autor ressalta três frentes estruturadoras importantes na produção de estímulos à paisagem, a óptica, definindo a paisagem como “sucessão de surpresas ou revelações súbitas”, local que diz respeito a posição do observador no espaço, ou seja, a localização do indivíduo, e conteúdo, que são as próprias características da cidade, como cor, textura, escala, entre outros.
Vários elementos são trazidos pelo autor no decorrer do livro, muitas
vezes o autor se coloca como observador da cidade para melhorar o entendimento. Visão serial é o exemplo de óptica, o pedestro ao longo de sua rota percebe diferentes campos visuais que são formados, caracterizando diferentes contrastes, assim como Cullen descreve, “Caminhando pela feira localizada ao lado da Catedral de Cuiabáo indivíduo vê uma sucessão de barracas diferentes umas das outras, mais a frente vê a rua, depois vê a praça, um canteiro arredondado e por fim, um poste de luz localizado ao centro do canteiro. (Figuras 2, 3).
Como exemplos locais, território ocupado diz respeito às “marcas” no
território, tornando-o estático e equipado. Fatores que convidam quem transita a permanecer através de recursos do pavimento. Também são citados recintos, espaços urbanos interiores caracterizados pelo sossego e tranquilidade. São lugares delimitados e que permitem ao pedestre uma fuga da correria. Em relação a conteúdo, encontra-se justaposição “Contraste entre o natural e o construído; verde da natureza e cinza do concreto.” (Cullen, 1961), e pormenores, os detalhes que muitas vezes passam despercebidos ao observador. Desse modo, Gordon Cullen, traz uma leitura da paisagem urbana que possivelmente muda a visão de quem está lendo sobre o espaço urbano. Muitos elementos que passam despercebidos podem ser valorizados diante das explicações do autor, mostrando que a cidade tem muita riqueza e qualidade de matéria, basta tem um olhar mais conceitual. O leitor pode assim refletir como o urbano está sendo valorizado, principalmente seus elementos que possuem grande valor histórico.