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Recife - 2002
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Recife - 2002
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Agradecimentos
À professora Ana Luísa Celino Coutinho, pela correção com que tratou dos
problemas relativos ao Convênio UFPE/UCSAL
(Borges, Jorge Luis. Utopia de um homem que está cansado. In: O livro de
areia. Rio de Janeiro: Globo, 1985.)
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Resumo
Sumário
Existe uma relação muito estreita entre analogia e metáfora e não sem
grande pesar tivemos que refazer o projeto inicial, adequando-o à realidade
do possível. A metáfora ficou fora da pesquisa. Resta-nos, como pretendeu
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parte desta dissertação. A segunda parte teve nos textos de Ibáñez, Ferrajoli e
Boaventura Santos os principais guias. É também verdade que a retrospectiva
filosófica embora tenha tomado muito mais tempo do que eu realmente
poderia pretender, obrigou-me a entrar em contato com filósofos que ainda
não dispunham do método científico, mas nem por isto deram mais crédito à
analogia do que ela merece.
c - Os graus de assentimento
Locke marca provavelmente a entrada da analogia na filosofia
moderna. (Abbagnano, 2000)
Há pelo menos uma analogia feita por Locke que nunca deixou de ser
mencionada na filosofia e na psicologia. A analogia entre a tabula rasa e a
alma. As idéias não são inatas, o homem nasce como uma tábua lisa na qual
nada ainda foi escrito.
e – Heidegger
Heidegger segue a linha de Kant e persevera na distinção entre
analogias matemáticas e metafísicas, nos mesmos termos, detalhando as
conseqüências. (Castanheira Neves, 1993: 241/242)
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1 - Primeiro é preciso que haja uma norma que regule uma suposto S1
a que se aplica a conseqüência jurídica C.
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95), que faziam coincidir ponto por ponto o tamanho de um império, que
além de muito dispendiosos, eram inúteis. Também a adequação de um
ordenamento jurídico não se relaciona com a extensão que ele possa vir a ter.
Um ordenamento é uma espécie de mapa de determinada sociedade e, como
um mapa, atingirá sua finalidade se for capaz de orientar, delimitar,
identificar, mas não é um dos objetivos de um mapa fazer uma correlação
ponto a ponto entre o que se representa e o que se encontra representado. Isto
porque, como afirmaram Geymonat e Giorello: “um modelo é um
empobrecimento da situação real, mas não é apenas um empobrecimento”.
(Geymonat e Giorello, 1992:200)
uma qualidade comum aos dois casos capaz de atribuir ao caso não
regulamentado as mesmas conseqüências jurídicas atribuídas ao caso
regulamentado. Sendo válida a fórmula: “Onde há os mesmos motivos,
haverá a mesma disposição de direito” (Ubi eadem ratio, ibi eadem iuris
dispositio). (Bobbio, 1999: 153/154)
2.1 – Conceituações
Os conceitos de analogia jurídica fornecidos por vários autores
refletem apenas o que Castanheira Neves denomina visão tradicional e em
nenhum deles são encontradas referências a um momento hermenêutico, ao
contrário, o vínculo com o momento aplicativo do direito subjaz a todos os
conceitos apresentados.
averiguação de que está em vigor uma norma geral que liga uma
sanção ao facto (ou situação de facto) em apreço. O tribunal não
só tem de responder à quaestio facti como também à quaestio
juris. Depois de realizar estas duas averiguações, o que o tribunal
tem a fazer é ordenar in concreto a sanção estatuída in abstrato
na norma jurídica geral. Estas averiguações e esta ordem ou
comando são as funções essenciais da decisão judicial.”
(Kelsen, 1979:328)
Temos então que a motivação da decisão será realizada com base nos
autos, segundo a regra quod non est in actis non est in hoc mundo. O que não
está nos autos não está no mundo.(Saraiva, 1999)
Estejamos certos de uma coisa: por melhor que tenha sido a produção
das provas, elas não reproduzirão a realidade em todo seu esplendor. Sempre
faltará um pedaço, pequeno que seja, deste quebra-cabeça. Haverá
coincidência, mas haverá também diversidade. Coincidência e diversidade
tão necessárias à construção de qualquer hipótese de analogia.
Kelsen percebe com suficiente lucidez que há uma fissura que separa
em compartimentos estanques o que efetivamente ocorreu no passado e deu
lugar à propositura de determinada ação penal e o que se apresenta como
prova de um processo:
dos autos , não é menos certo que não fica subordinado a nenhum
critério apriorístico no apurar, através delas, a verdade material.
O juiz criminal é, assim, restituído a sua própria consciência.
Nunca é demais, porém, advertir que livre convencimento não
quer dizer puro capricho de opinião ou mero arbítrio na
apreciação das provas. O juiz está livre de preconceitos legais na
aferição das provas, mas não pode abstrair-se ou alhear-se ao seu
conteúdo. Não estará ele dispensado de motivar a sua sentença. E
precisamente nisto reside a suficiente garantia do direito das
partes e do interesse social”.
numa peça chave para a montagem dos acontecimentos que culminaram por
desencadear a instrução probatória.
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O que se viu nos parágrafos acima poderá ser aproveitado para uma
futura teoria referente às decisões judiciais? O uso seria bastante restrito
porque nas decisões examinadas pela teoria que Finetti apresenta, o resultado
é o mais importante, pois as decisões são base para uma ação ou um
agrupamento de ações subseqüentes visando determinado resultado. Decide-
se buscando atingir os melhores resultados possíveis.
“Uma teoria da decisão jurídica ainda está por ser feita”. A asserção
de Tércio Ferraz é explicada comparando-se o desenvolvimento de teorias
acabadas do sistema analítico e interpretativo. A discussão de temas ligados à
decisão jurídica é muito menor – restringe-se à legitimidade do direito ou se
perde no estudo esparso e superficial de técnicas decisórias no sentido
jurídico. (Ferraz Jr., 1998: 158)
Conclusões
Alcançar os fatos tais como eles ocorrem, com o peso axiológico que
cada época e cada lugar oferece certamente ocasionará mudanças destinadas
a tornar a práxis judiciária melhor. Estamos convictos que novos
aprofundamentos na pesquisa da analogia servirão para revelar todas as
possibilidades deste argumento tão imprescindível a todos.
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Anexo –
Verbete analogia nos dicionários Houaiss e Aurélio de língua portuguesa.
Houaiss
2 Rubrica: biologia.
semelhança funcional entre órgãos de diferentes estruturas e origens
embriológicas, como, p.ex., as asas de insetos e de aves
7 Rubrica: física.
correspondência que pode ser estabelecida entre fenômenos cuja física
é distinta, mas cujas grandezas são descritas por funções matemáticas
que possuem propriedades semelhantes ou idênticas
9 Rubrica: lingüística.
processo de mudança lingüística que consiste na alteração de uma
palavra, morfema, construção sintática, significado etc., para se adaptar
a um modelo preexistente (p.ex.: friorento tem or por analogia com
calorento; na linguagem infantil, temos ele fazeu [por analogia com
comeu, correu]); a analogia interfere tb. no processo de formação de
neologismos (p.ex., a palavra aidético [omitindo-se o s que faz parte da
sigla] foi criada prov. por analogia com diabético, morfético)
99
Aurélio:
6. Fís. Relação entre dois fenômenos físicos distintos que podem ser
descritos por um formalismo matemático idêntico, a qual pode existir
entre um fenômeno elétrico e outro mecânico, entre um acústico e um
elétrico, etc.