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CAPÍTULO I...............................................................................................................................
1 REINCIDÊNCIA...........................................................................................................
1.1 CONCEITO......................................................................................................................
1.2 HISTÓRICO.....................................................................................................................
1.2.1 Origem..........................................................................................................................
1.2.2 Reincidência na legislação brasileira.........................................................................
A1.2.2.1
(IN) Código Penal de 1830.................................................................................................
CONSTITUCIONALIDADE DO INSTITUTO DA
1.2.2.2 Código Penal de 1890.................................................................................................
1.2.2.3 Código Penal deREINCIDÊNCIA PENAL
1940 ................................................................................................
1.2.2.4 Lei n° 6.416, de 25 de maio de 1977 .........................................................................
1.2.2.5 Lei n° 7.209 de 11 de julho de 1984 e Lei n° 9.714 de 25 de novembro de 1998......
1.2.3 Reincidência no direito comparado............................................................................
1.3 CLASSIFICAÇÃO...........................................................................................................
1.3.1 Reincidência específica e genérica.............................................................................
1.3.1.1 Específica....................................................................................................................
1.3.1.2 Genérica......................................................................................................................
1.3.2 Reincidência real e ficta..............................................................................................
1.3.2.1 Real ..............................aa..............................................................................................
Autora: Maysa Cristina Conceição de Lima
1.3.2.2 Ficta............................................................................................................................
1.4 FUNDAMENTOS DO Orientador: AUMENTO DA PENA Edilberto
COM BASEMartins NA REINCIDÊNCIA.. de Oliveira
1.5 EFEITOS DA REINCIDÊNCIA......................................................................................
1.6 TEMPORARIEDADE DA REINCIDÊNCIA.................................................................
CAPÍTULO II
1 ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL....................................
Brasília - DF
2015
MAYSA CRISTINA CONCEIÇÃO DE LIMA
Brasília
2015
Monografia de autoria de Maysa Cristina Conceição de Lima, intitulada “A (IN)
CONSTITUCIONALIDADE DO INSTITUTO DA REINCIDÊNCIA PENAL”, apresentada
como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Direito da Universidade
Católica de Brasília, em 07 de dezembro de 2015, defendida perante a banca examinadora
assinada abaixo, obtendo como resultado:
[ ] Aprovado [ ] Reprovado
Nota ___________
___________________________________________________
Prof. Edilberto Martins de Oliveira
Orientador
Direito - UCB
___________________________________________________
Profª. Jane de Oliveira Rabelo
Direito - UCB
___________________________________________________
Prof. Manoel Aguimon Pereira Rocha
Direito - UCB
Brasília
2015
Aos meus pais, que representam a base da
minha existência e a minha maior motivação
para lutar pelos meus sonhos. A eles dedico
tudo o que fui, o que sou e o que ainda posso
ser.
AGRADECIMENTOS
Montesquieu
RESUMO
If-talks, in this study, on the unconstitutionality material of recidivism institute. This institute
is present in our planning from the Criminal Code of the Empire and is still the subject of
several discussions. The issue has come to the Supreme Court a few times and in RE 453,000,
was recognized the leading case of matter. The doctrinal aspect advocating the
unconstitutionality of relapse says his account as an aggravating circumstance affront fully
democratic rule of law, in violation of several constitutional principles, notably the guilt,
humanization, proportionality and individualization of sentences, as well as the ne bis in idem.
The Supreme Court, in turn, meant that the institute does not infringe any fundamental norm
and is a necessary means to combat crime. But the study of each of these principles makes
clear that consideration of relapse is not compatible with the Constitution as it contains traces
of criminal law of the author, a theory that should be abolished in a state that claims to be
democratic and law. It is inhuman measure, disproportionate and inefficient for the
individualization of punishment, and punish the perpetrator for conduct that has already been
previous conviction object and ban their access to benefits provided by law. Recurrence is
considered by much of the doctrine as evidence of state failure in its mission to re-socialize
the person convicted.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11
2 INSTITUTO DA REINCIDÊNCIA PENAL ................................................................... 12
2.1 CONCEITO ........................................................................................................................ 12
2.2 HISTÓRICO ...................................................................................................................... 12
2.2.1 Origem ........................................................................................................................... 12
2.2.2 Legislação brasileira ..................................................................................................... 12
2.2.2.1 Código Penal de 1830 .................................................................................................. 12
2.2.2.2 Código Penal de 1890 .................................................................................................. 13
2.2.2.3 Código Penal de 1940 .................................................................................................. 13
2.2.2.4 Lei n. 6.416, de 25 de maio de 1977 ........................................................................... 14
2.2.2.5 Lei n. 7.209, de 11 de julho de 1984, e Lei n. 9.714, de 25 de novembro de 1998 ...... 14
2.2.3 Direito comparado ........................................................................................................ 15
2.3 CLASSIFICAÇÃO ............................................................................................................. 16
2.3.1 Reincidência específica e genérica................................................................................ 16
2.3.1.1 Específica...................................................................................................................... 16
2.3.1.2 Genérica ........................................................................................................................ 17
2.3.2 Reincidência real e ficta ................................................................................................ 17
2.3.2.1 Real .............................................................................................................................. 17
2.3.2.2 Ficta .............................................................................................................................. 17
2.4 FUNDAMENTOS DO AUMENTO DA PENA COM BASE NA REINCIDÊNCIA ...... 18
2.5 EFEITOS ............................................................................................................................ 20
2.6 TEMPORARIEDADE ....................................................................................................... 21
3 ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ........................................ 22
3.1 LEADING CASE DA MATÉRIA ....................................................................................... 22
3.2 RECURSO EXTRAORDINÁRIO N° 453.000/RS ........................................................... 22
3.2.1 Votos .............................................................................................................................. 23
3.2.1.1 Marco Aurélio .............................................................................................................. 23
3.2.1.2 Rosa Weber .................................................................................................................. 23
3.2.1.3 Luiz Fux ....................................................................................................................... 24
3.2.1.4 Cármen Lúcia ............................................................................................................... 24
3.2.1.5 Dias Toffoli .................................................................................................................. 24
3.2.1.6 Ricardo Lewandowski .................................................................................................. 25
3.2.1.7 Gilmar Mendes ............................................................................................................. 25
3.2.1.8 Joaquim Barbosa .......................................................................................................... 25
3.2.2 Decisão ........................................................................................................................... 25
4 CRÍTICA DOUTRINÁRIA: AFRONTA À PRINCIPIOLOGIA CONSTITUCIONAL
.................................................................................................................................................. 26
4.1 PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE ................................................................................. 26
4.1.1 Culpabilidade versus periculosidade............................................................................ 27
4.1.2 A reincidência, à luz da Teoria do Direito Penal do Autor........................................ 29
4.1.3 Co-culpabilidade ............................................................................................................ 30
4.2 PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE DA PENA ................................................... 31
4.3 PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA ........................................................ 32
4.4 PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM .................................................................................... 33
4.4.1 Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica)
.................................................................................................................................................. 35
4.4.2 Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos .................................................. 35
4.5 PRINCÍPIO DA HUMANIZAÇÃO DA PENA ................................................................ 36
4.5.1 O insucesso da ressocialização frente ao instituto da reincidência ........................... 37
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 40
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 44
11
1 INTRODUÇÃO
Desde que o Código Criminal do Império, primeira lei brasileira versando sobre
matéria penal, entrou em vigor, em 1831, pessoas condenadas criminalmente e que voltavam
a cometer delitos, denominadas reincidentes, já eram vistas com outros olhos pelo Estado e
pela sociedade. O instituto da reincidência sobreviveu ao tempo, sofreu mudanças e ainda se
encontra presente no nosso ordenamento jurídico. Sabe-se que as normas, para atender às
novas demandas sociais, devem-se adaptar à mudança dos costumes. Diante disso, seria esse
instituto compatível com a base jurídica do nosso estado democrático de direito, estabelecido
por meio da Constituição da República de 1988?
O presente trabalho tem a pretensão de lançar algumas luzes sobre a questão. Para
tanto, o instituto da reincidência penal será analisado a partir da sua evolução histórica e da
sua duvidosa recepção pela Constituição da República Federativa do Brasil. Como objetivo
geral, o trabalho orienta-se pela avaliação da compatibilidade material da recidiva com o texto
fundamental, tendo-se em conta, primordialmente, os princípios limitadores do direito de
punir. Como objetivo específico, tem-se em mente a análise crítica da posição do Supremo
Tribunal Federal sobre o tema, com uma passada em revista dos fundamentos que embasaram
a decisão tomada no leading case da matéria, no caso, o Recurso Extraordinário n.453000-RS.
A pesquisa foi desenvolvida com o emprego da seguinte metodologia: quanto à sua
natureza, adotou-se a forma básica, uma vez que pautada em teorias já existentes em vários
ordenamentos jurídicos, mundo afora; quanto à forma de abordagem, abraçou-se a técnica
qualitativa, tendo em vista a tentativa de contribuição para o avanço do tema; quanto aos
objetivos, a pesquisa pode ser qualificada como exploratória, por buscar melhor entender o
instituto, a partir do recurso a obras existentes sobre o tema e ao atual entendimento
jurisprudencial; quanto aos procedimentos técnicos, trilhou-se o caminho da pesquisa
bibliográfica, já que foram consultadas obras de renomados autores, artigos e jurisprudência;
por fim, quanto ao método científico, perfilhou-se o critério dedutivo, porquanto a análise
partiu de premissas gerais para o estudo individualizado de caso concreto, com o propósito de
destacar a atual posição da Suprema Corte.
Foram destinados, no presente trabalho, três capítulos ao desenvolvimento do tema. O
primeiro trata do instituto da reincidência, do ponto de vista da sua conceituação, origem,
classificação e efeitos legais. O segundo tem por objeto de estudo o Recurso Extraordinário n.
453.000-RS, considerado o paradigma da discussão da matéria no Supremo. Finalmente, são
analisados, no terceiro capítulo, os princípios sobre os quais se fez recair a discussão em
plenário, além de outros que, segundo a doutrina especializada, têm relação com o instituto.
12
2.2 HISTÓRICO
2.2.1 Origem
As causas mais remotas do instituto da recidiva estão relacionadas com a necessidade
de dar efetividade às penas para fins de controle social, ideia que resistiu aos tempos e chegou
à contemporaneidade. O primeiro registro concernente ao instituto encontra-se na Lei
Mosaica, mais especificamente na seguinte passagem: "Apesar de tudo isso, se vocês ainda
não me obedecerem, eu lhes darei uma lição sete vezes maior, por causa de seus pecados." 3
O instituto também se fez presente no direito romano, sobretudo no direito imperial do
ocidente. Nesse contexto, já se observava uma tênue distinção entre reincidência genérica e
reincidência específica. A primeira impedia determinados benefícios a que o condenado, por
uma vida criminal anterior sem mácula, poderia aspirar, excluindo a possibilidade de perdão.
A segunda determinava a agravação da pena ou atribuía caráter penal a fatos que, praticados
pela primeira vez, só eram passíveis de medidas disciplinares. 4
1
JESUS, Damásio de. Direito penal. v. 1: parte geral. 33. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 609.
2
BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível: <http://www.planalto.gov.br/ccivil
_03/decreto-lei/Del2848.htm>. Acesso em: 8 ago. 2015.
3
BÍBLIA. Levítico 26:18. Português. A Biblia Sagrada. 1990. Disponível em: <http://www.bibliaon.com/
versiculo/levitico_26_18/ >. Acesso em: 08 ago. 2015.
4
BRUNO, Aníbal. Direito Penal. Parte Geral. Tomo 3 (Pena e Medida de Segurança). Rio de Janeiro: Forense.
13
nestes termos: “Art. 16. São circumstancias aggravantes: [...] § 3º Ter o delinquente reincidido
em delicto da mesma natureza.” 5
O magistrado Antônio Luiz Ferreira Tinôco, analisando o dispositivo, comenta que a
recidiva corresponderia ao fato de alguém cometer novas faltas depois de uma primeira
condenação imposta por sentença em juízo criminal. 6
5
BRASIL. Código Criminal de 1830, de 16 de dezembro de 1830. Disponível em: <http://www.planalto.gov
.br/ccivil_03/leis/LIM/LIM-16-12-1830.htm>. Acesso em: 9 ago. 2015.
6
TINÔCO, Antônio Luiz Ferreira. Código criminal do Império do Brazil anotado. Prefácio de Hamilton
Carvalhido. Ed. fac-sim. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2003.
7
BRASIL. Decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890. Disponível em: <http://legis.senado.gov.br/legislacao/
ListaPublicacoes.action?id=66049>. Acesso em: 9 ago. 2015.
8
FLORIAN apud SIQUEIRA, Galdino. Direito penal brazileiro. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial,
2003. p. 557.
9
BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_
03/decreto-lei/Del2848.htm>. Acesso em: 9 ago. 2015.
14
Art. 46. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de
transitar em julgado a sentença que, no país ou no estrangeiro, o tenha condenado
por crime anterior.
§ 1º Diz-se a reincidência:
I - genérica, quando os crimes são de natureza diversa;
10
II - específica, quando os crimes são da mesma natureza.
Cumpre observar que o Código de 1940 reproduziu a sistemática do código anterior
que, ao definir a reincidência, considerou bastante o trânsito em julgado da condenação sem a
execução da pena.
A Lei n. 6.416/77 trouxe uma nova redação ao parágrafo único do art. 46 do Código
de 1940, extinguindo a reincidência específica e limitando os efeitos da conduta anterior, com
a finalidade de não estigmatizar o condenado de maneira perpétua. A propósito, foi
introduzida a bem inspirada regra segundo a qual desaparecem os efeitos da reincidência após
cinco anos. 11
A partir de 1979, a comissão composta, entre outros, pelos juristas Francisco Serreno
Neves, Hélio Fonseca, Francisco de Assis Toledo e Miguel Reale Junior intensificou os
apelos por reformas na legislação penal. Apresentado o projeto por essa comissão, ele foi
convertido na Lei n. 7.209, de julho de 1984. 12
Conquanto abolida a reincidência específica pela Lei n. 6.416/77, ela voltou a ser
instituída através do art. 5° da Lei dos Crimes Hediondos, que acrescentou ao art. 83 do
Código Penal o inciso V, assim redigido: “cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de
condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza”. 13
De igual forma, o art. 44, § 3°, desse código, sofreu mudança com a redação dada pela Lei n.
9.714/98, in verbis: “Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição,
10
BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_
03/decreto-lei/Del2848.htm>. Acesso em: 9 ago. 2015.
11
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal: parte Geral. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1985.
12
PESCUMA, Leandro Recchiutti Gonsalves. Reincidência. Ius Navegandi, fev. 2005. Disponível em:
<http://jus.com.br/artigos/6306/reincidencia>. Acesso em: 18 ago. 2015.
13
BRASIL. Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990. Disponível: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8072.
htm> Acesso em: 9 ago. 2015.
15
14
BRASIL, Lei nº 9.714, de 25 de novembro de 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_
03/LEIS/L9714.htm> Acesso em: 12 ago. 2015.
15
CHIQUEZI, Adler. Reincidência Criminal e sua atuação como circinstância agravante. 2009. Disponível
em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp099252.pdf. Acesso em: 10 out. 2015.
16
Ibidem.
16
O Código Penal argentino, por sua vez, adota o critério da reincidência real, que
demanda, para a sua configuração, o cumprimento, pelo agente, da totalidade ou de parte da
pena cominada pela conduta anterior. 17
Por fim, é preciso destacar o caso da Colômbia, que aboliu a reincidência da sua lei
penal em 1980. Portanto, no Código Penal colombiano, não há previsão de consequências
mais gravosas para quem pratica nova infração penal, após ter sido condenado anteriormente.
18
2.3 CLASSIFICAÇÃO
A princípio, é válido destacar que considerável parte da doutrina só faz referência a
duas espécies de reincidência, quais sejam: a real e a ficta. Isso se justifica porque, conforme
vimos acima na análise histórico-evolutiva, a discriminação do instituto nas modalidades
genérica e específica nem sempre existiu.
O Código Criminal do Império e o Código Penal de 1890 consideravam como
circunstância agravante tão somente a reincidência específica, isto é, a prática de um novo
delito da mesma natureza do precedente. Já o Código Penal de 1940, em sua redação original,
previa a reincidência nas modalidades genérica e específica. Essa sistemática foi alterada com
o advento da Lei n. 6.416/77, que afastou a modalidade específica. Consoante Delmanto,
“embora abolida pela Lei n. 6.416/77, a reincidência específica voltou a ser instituída pelo art.
5° da Lei dos Crimes Hediondos, que acrescentou ao art. 83, V, do Código Penal, bem como
pelo art. 44, § 3°, do CP, com redação dada pela Lei n. 9.714/98”. 19
Ao longo da trajetória da legislação penal brasileira, importa estudar as suas
modalidades. É o que se faz a seguir.
17
CHIQUEZI, Adler. Reincidência Criminal e sua atuação como circinstância agravante. 2009. Disponível
em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp099252.pdf>. Acesso em: 10 out. 2015.
18
Ibidem.
19
DELMANTO, Celso. Código penal comentado. 6. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. p. 126.
20
MASSON, Cleber Rogério. Direito penal esquematizado. Parte geral. Rio de Janeiro: Forense. São Paulo:
Método, 2008.
17
2.3.3.2 Genérica
A reincidência genérica, também denominada própria, geral ou heterogênea, é o
modelo ordinário, comum, expresso no art. 63 do Código Penal, a qual se caracteriza “quando
o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no
estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior”. 22
Outra não é a configuração do instituto, na Lei de Contravenções Penais, que assim o
define, no art. 7º: “Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção
depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro,
por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção.” 23
Segundo Zaffaroni e Pierangeli, a reincidência genérica pode ser conceituada como o
cometimento de um delito, depois de ter sido o agente condenado e submetido pena por outro
delito. 24
2.3.4.2 Ficta
A reincidência ficta é configurada simplesmente com a nova prática delituosa após o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória, independentemente de ter ou não sido
iniciada a fase executória. 26
21
GARCIA, Basileu. Instituições de direito penal-v-tomo II. São Paulo: Max Limonad, 1971. p.473.
22
MASSON, Cleber Rogério. Direito penal esquematizado. Parte geral. São Paulo: Método, 2008. p. 695.
23
BRASIL. Decreto-lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_
03/decreto-lei/Del3688.htm>. Acesso em: 22 ago. 2015.
24
ZAFFARONI, Eugênio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal brasileiro. v. I: parte
geral. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
25
JESUS, Damásio. Direito Penal: parte geral. v. I. 33. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
26
Ibidem.
18
Conforme dispõe o Código Penal, no já mencionado art. 63, adota-se, entre nós,
somente a modalidade ficta da reincidência, isto é, não há a necessidade, para a sua
verificação, do cumprimento total ou parcial da pena anteriormente imposta.
Adler Chiquezi, em sua dissertação de mestrado, lembra que há uma crítica por parte
da doutrina a respeito da adoção do instituto na sua forma ficta. Tal crítica leva em
consideração que, se um dos principais fundamentos de agravação da pena pela recidiva é a
ineficácia da sanção anterior, a indicar maior culpabilidade do agente, não seria lógico
aumentar a reprimenda do delito posterior sem o cumprimento, total ou parcial, da que lhe
antecedeu. 27
27
CHIQUEZI, Adler. Reincidência. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs
/cp099252.pdf >. Acesso em: 22 ago. 2015.
28
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, v. I, parte geral: (arts. 1° a 120). 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
29
MASSON, Cleber Rogério. Direito penal esquematizado. Parte geral. São Paulo: Método, 2008.
19
30
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Salvador: Juspodivm, 2013.
31
GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal: parte geral. Editora Revista dos Tribunais, 2005.
32
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, v. I, parte geral: (arts. 1° a 120). 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
33
Ibidem.
34
ZAFFARONI, Eugênio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal brasileiro. v. I: parte
geral. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 720.
20
35
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, v. I, parte geral: (arts. 1° a 120). 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
36
BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil
_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em: 3 set. 2015.
21
h) aumento para dois terços do prazo de cumprimento da pena privativa de liberdade para a
obtenção do livramento condicional, se o crime for hediondo ou equiparado (art. 83, V);
i) impedimento da concessão do livramento condicional quando se tratar de reincidência
específica em crimes hediondos e equiparados (art. 83, V, parte final);
j) imposição ao agente do regime fechado para início de cumprimento de pena de reclusão
(art. 33, § 2°, b e c);
k) imposição ao agente do regime semiaberto para o início do cumprimento da pena de
detenção (art. 33, § 2°, c);
l) revogação obrigatória do sursis, em condenação na modalidade dolosa (art. 81, I);
m) revogação facultativa do sursis, em condenação por crime culposo ou contravenção penal
(art. 81, § 1°);
n) revogação obrigatória do livramento condicional, em caso de superveniência de
condenação a pena privativa de liberdade por delito cometido durante a vigência do benefício
(art. 86, I);
o) revogação obrigatória do livramento condicional, em caso de condenação a pena privativa
de liberdade por crime cometido anteriormente à vigência do benefício (art. 86, II);
p) revogação facultativa do livramento condicional, em caso de condenação por crime ou
contravenção penal e imposição de pena privativa de liberdade (art. 87);
q) revogação da reabilitação, em caso de superveniência de condenação a pena que não seja
de multa (art. 95). 37
37
BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil
_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em: 3 set. 2015.
38
Ibidem.
22
39
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF declara constitucionalidade de reincidência como agravante da
pena. 4 abr. 2013. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=235084
>. Acesso em: 4 set. 2015.
40
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n° 453.000/RS. Relator: min. Marco Aurélio.
Brasília, 4 abr. 2013. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=461
4110>. Acesso em: 20 set. 2015.
23
3.2.1 Votos 41
3.2.1.1 Marco Aurélio
41
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n° 453.000/RS. Relator: min. Marco Aurélio.
Brasília, 4 abr. 2013. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=461
4110>. Acesso em: 20 set. 2015.
24
Para ela, não haveria traços da teoria do direito penal do autor na aplicação da
reincidência, pois, na fixação da pena, a referência que se faz é a uma conduta criminal
pretérita, ou seja, ao que o agente fez e não à sua condição pessoal.
A respeito do bis in idem, a vogal defendeu que só haveria a sua caracterização se a
reincidência tivesse exercido alguma influência no juízo condenatório do novo crime, o que
não ocorre. Em verdade, tratar-se-ia tão somente de valorar negativamente uma escolha feita
pelo próprio agente, ao voltar a delinquir.
Segundo a ministra, também não haveria afronta ao princípio da individualização da
pena, uma vez que a própria Constituição confere ao legislador a atribuição de estabelecer as
penas cabíveis para cada crime, atuando a reincidência como um critério a ser considerado,
para tal finalidade.
Ao concluir, Rosa Weber manifestou preocupação com o eventual reconhecimento da
inconstitucionalidade da agravante, por afronta ao ne bis in idem, em razão da sua necessária
extensão aos demais efeitos resultantes do instituto, o que, para ela, representaria a
invalidação de um número significativo de normas do direito brasileiro.
3.2.2 Decisão 42
Por fim, o Plenário da Corte Suprema, por unanimidade de votos, decidiu pela
constitucionalidade da consideração da reincidência como agravante, autorizando os ministros
a aplicarem esse entendimento monocraticamente em habeas corpus sobre o mesmo tema.
42
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n° 453.000/RS. Relator: min. Marco Aurélio.
Brasília, 4 abr. 2013. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=461
4110>. Acesso em: 20 set. 2015.
26
43
NUCCI, Guilherme Souza. Manual de direito penal: parte geral e especial. 7. Ed. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2011.
44
ZAFFARONI, Eugenio Raul; BATISTA, Nilo. Direito Penal Brasileiro: v. I. Teoria Geral do direito penal.
Rio de Janeiro: Revan, 2013. 3. ed. 2006.
45
CERNICCHIARO, Luiz Vicente. Reincidência. Revista Jurídica, v. 45, n. 231, jan. 1997. Disponível em:
<http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=3741890>. Acesso em: 15 set. 2015.
27
legitimamente considerada conduta o mero ato de “voltar a delinquir”, quando se sabe que,
para o comportamento atual e o anterior, já existem penas autônomas previstas nos
respectivos tipos penais.
Guilherme Nucci, embora advogue a constitucionalidade do instituto, entende que
punir sem qualquer finalidade configura atitude despótica e infundada do Estado. Assim, “a
punição calcada na responsabilidade penal sem dolo ou culpa representa prepotência estatal,
intimidando pelo simples terror da força, sem a devida conscientização do justo”. 46
Na lição de Zaffaroni e Pierangeli, pautada numa noção de culpabilidade normativa,
fala-se em uma ampla gama de culpabilidade do autor, composta de reprovações da
personalidade, do caráter e da condução de vida, todas elas consideradas como violações do
princípio da legalidade e do direito penal de ato. Os autores defendem, mesmo, baseados em
estudos psicológicos e sociológicos, que o sujeito reincidente atua com menor culpabilidade
devido a sua menor capacidade para resistir ao delito. 47
Para a parte da doutrina que critica o instituto, o que é levado em consideração, na
aplicação da reincidência, não é a culpabilidade do agente, mas a sua qualidade de pessoa
perigosa ou desrespeitadora das normas, já que voltou a cometer delitos.
Esse confronto entre culpabilidade e periculosidade é tratado no tópico seguinte.
46
NUCCI, Guilherme de Souza. Princípios constitucionais penais e processuais penais. 3. Ed. rev. atual e
ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013. p. 271.
47
ZAFFARONI, Eugênio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal brasileiro. v. I: parte
geral. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
48
CULPABILIDADE. In: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. [et al.] Miniaurélio Século XXI Escolar.
Rio de Janeira: Nova Fronteira, 2001.
49
PERICULOSIDADE. In: Ibidem.
28
50
ZAFFARONI, Eugênio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal brasileiro. v. I: parte
geral. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p.105.
51
QUEIROZ, Paulo de Sousa . Direito Penal: introdução crítica. São Paulo: Ed. Saraiva, 2001.
52
BRUNO Apud. REALE JUNIOR, Miguel. Disponível em:<http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/
id/181169/000366198.pdf?sequence=3>. Acesso em: 15 set. 2015.
53
BARATTA apud. CERVINI, Raúl. Os processos de descriminalização. 2. ed. São Paulo: RT, 2002.
29
O direito penal do autor, de acordo Luigi Ferrajoli, é uma teoria que despreza a
conduta exteriorizada pelo agente, centrando a ideia da responsabilização penal na sua pessoa,
no seu modo de ser e na sua condução de vida. Para tanto, ela chega ao extremo de formular
conceitos de delinquência inata, personalidade inimiga ou desleal e tipologia normativa de
autor. 57
Salo Carvalho preleciona que, “no próprio juízo de culpabilidade já existe uma
tendência em subverter o direito penal do fato em prol de um direito penal do autor”,
concluindo que essa opção fica nítida “quando da avaliação dos antecedentes e da conduta
social”. 58
Por sua vez, Nilo Batista e Zaffaroni destacam que as medidas pós-delituais impõem-
se em razão das características do autor, sem guardar relação com a culpabilidade do ato nem
com o conteúdo do injusto típico. Acrescentam os autores que, mediante uma simples
54
GOMES, Luiz Flávio. Reincidência: novo conflito entre o STF e a Corte Interamericana. Jornal Carta
Forense, 3 maio 2015. Disponível em: <http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/reincidencia-novo--
conflito-entre-o-stf-e--a-corte-interamericana/11076>. Acesso em: 15 set. 2015.
55
MORAIS, Alexandre Rocha Almeida de. Direito Penal do Inimigo: a terceira velocidade do direito penal. 1.
ed. 2. reimpr. Curitiba: Juruá, 2011, p. 215.
56
ZAFFARONI, Eugênio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal brasileiro. v. I: parte
geral. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 107.
57
FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. Prefácio da 1. ed. Italiana, Norberto Bobbio.
2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006.
58
CARVALHO, Salo de. Aplicação da pena e garantismo. 3. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2004. p. 53.
30
4.1.3 Co-culpabilidade
59
ZAFFARONI, Eugenio Raul; BATISTA, Nilo. Direito Penal Brasileiro. v. I. Teoria Geral do direito penal.
Rio de Janeiro: Revan, 2013. 3. ed. 2006, p. 138.
60
ZAFFARONI, Eugênio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal brasileiro. vol. I:
parte geral. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
61
FRANCO, Alberto Silva. Código penal e sua interpretação jurisprudencial. Parte geral. RT p. 612. .
31
62
JESUS, Damásio de. Direito penal. v. I: parte geral. 33. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
63
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, v. II: introdução à teoria geral d a parte especial:
crimes contra a pessoa. 11. ed. Niterói, RJ: Ímpetus, 2015.
64
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 16 set. 2015.
32
65
ROXIN apud. BATISTA, Nilo. Introdução crítica ao direito penal brasileiro. 11. Ed. Rio de Janeiro:
Revan, 2007. p. 91.
66
O Supremo Tribunal Federal adota uma linha de raciocínio diversa, utilizada, dentre outros juristas, por Armin
Kaufmann. Segundo ela, ao reincidir, o agente dá causa à violação de duas normas, uma específica, relacionada
ao cometimento do segundo delito, e uma genérica, que, pautada no primeiro delito, proíbe cometer um segundo.
Assim, de acordo com essa teoria, a reincidência estaria ofendendo esse bem jurídico abstrato. A respeito da
teoria exposta, Zaffaroni adverte que essa tipicidade com duplo bem jurídico, um concreto e o outro abstrato,
desconhecido, seria de difícil compreensão. O autor, ao questionar sobre o que possa ser esse bem jurídico
abstrato, chega à inteligente conclusão de que “não pode ser outro que não o geral sentimento de segurança
jurídica, mas o geral sentimento de segurança jurídica de todos os bens jurídicos, não é nenhum bem jurídico
independente e nem concreto, mas a somatória de todos os bens jurídicos”. ZAFFARONI, Raul Eugênio;
PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro. São Paulo: RT, 2007. p.718.
67
PUIG, Santiago Mir Apud. CABETTE, Eduardo Luiz Santos. A agravante da reincidência não é
inconstitucional: posição do STF. Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI176667,101048-
Agravante+da+reincidencia+nao+e+inconstitucional+posicao+do+STF>. Acesso em: 16 set. 2015.
68
NUCCI, Guilherme de Souza. Princípios Constitucionais Penais e Processuais Penais. 3. ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2013.
69
MASSON, Cleber Rogério. Direito penal esquematizado. Parte geral. São Paulo: Método, 2008.
33
observada a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado, bem como o seu comportamento
carcerário. 70
Em resumo, segundo a noção hoje predominante na doutrina e jurisprudência, a
individualização da pena deve levar em conta, sobretudo na fase judicial e na executiva, as
características do caso e as condições pessoais do agente.
Todavia, essa concepção choca-se com a ideia de um direito penal centrado no fato, o
que torna impositiva uma reformulação do princípio, para que seja extirpado dele qualquer
traço de sistema repressivo baseado na condução de vida do agente.
A propósito, o magistrado Marcos Augusto Ramos Peixoto adverte sobre o equívoco
de um raciocínio, comumente usado pelos defensores da constitucionalidade da recidiva,
pautado na justificativa de que o instituto teria o condão de melhor individualizar as penas,
em especial no caso de concurso de agentes, ao fixar uma punição mais gravosa ao
reincidente, que, com isso, seria alvo de tratamento diferenciado daquele dispensado ao
comparsa não reincidente. O jurista defende, todavia, a ideia de que, ao contrário do que se
argumenta, não haveria, no caso, individualização alguma, mas a repetição automática de uma
imposição legal abstrata, sem que seja dada ao juiz a possibilidade da verificação da
necessidade de uma maior apenação, com apoio nas peculiaridades do caso posto em juízo. 71
Em outras palavras, essa injunção legal seria antitética à exigência de individualização
da pena.
Grosso modo, pode-se definir o bis in idem como a incidência de dois atos sobre uma
mesma coisa. É o caso, por exemplo, de aplicarem-se duas penalidades a uma mesma pessoa,
com base num mesmo fato, ou fazer incidir novo tributo, com nome diferente, sobre objeto já
tributado. 72 Nesse sentido, o ne bis in idem traduz-se, para os fins que interessam à análise
ora desenvolvida, na proibição dessa dupla penalização do agente pelo mesmo fato.
Esse princípio encontra-se implícito na Constituição da República e, segundo Nucci, é
decorrente do princípio da legalidade, disposto no art. 5°, XXXIX. Segundo o autor, a dupla
70
FALCONI, Francisco. Breves considerações sobre o princípio da individualização da pena.
Disponível em: <https://franciscofalconi.wordpress.com/2011/09/03/breves-consideracoes-sobre-o-principio-da-
individualizacao-da-pena/>. Acesso em: 18 set. 2015.
71
PEIXOTO, Marcos Augusto Ramos. Há motivos para reincidir na reincidência?Disponível em: <http://e
mporiododireito.com.br/ha-motivos-para-reincidir-na-reincidencia-por-marcos-peixoto/>. Acesso: 29 set. 2015.
72
BIS IN IDEM. In: GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário compacto jurídico. 16. ed. São Paulo:
Rideel, 2012.
34
punição pelo mesmo fato seria ilegal, pois, para cada delito, há a previsão de uma única
possibilidade de aplicação de pena. 73
Esse também é o entendimento de Alberto Silva Franco, para quem o princípio do ne
bis in idem, traduzido na proibição da dupla valoração fática, tem hoje o seu apoio no
princípio constitucional da legalidade. “Não se compreende como uma pessoa possa, por mais
vezes, ser punida pela mesma infração” 74. Ele entende que o fato criminoso que deu origem à
primeira condenação não pode, depois, servir de fundamento para uma agravação obrigatória
de pena, em relação a outro delito, a não ser que se admita, num Estado Democrático de
Direito, um direito de punir atracado ao tipo de autor, o que, para ele, constitui uma
verdadeira e manifesta contradição lógica.
Na mesma linha, é a lição de Lênio Streck, que enxerga no instituto um duplo gravame
de cunho antigarantista, cuja incompatibilidade com o Estado Democrático de Direito é
evidente. 75
Já para Juarez Cirino, a reincidência significa dupla punição do crime anterior: a
primeira, pela pena aplicada no julgamento originário; a segunda, pelo quantum acrescido à
pena do crime posterior, por força da recidiva. 76
Portanto, para essa corrente doutrinária, o instituto da reincidência estaria em colisão
com o princípio constitucional do ne bis in idem, que, além constituir um desdobramento do
princípio da legalidade, nos termos já destacados, está previsto de forma expressa na
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (o conhecido Pacto de San José da Costa
Rica) e no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, este, editado sob a regência da
ONU.
Esses tratados sobre direitos humanos foram ratificados pelo Brasil sem o quórum de
aprovação previsto no § 3° do art. 5° da Constituição da República e são, portanto, dotados de
hierarquia supralegal, segundo a tese prevalecente no Supremo Tribunal Federal. De qualquer
modo, é certo que eles condicionam a elaboração das normas domésticas de cunho
infraconstitucional. Para Gilmar Mendes, um dos mais antigos ministros da atual composição
da Suprema Corte, a internalização desses tratados no ordenamento jurídico pátrio, por meio
73
NUCCI, Guilherme de Souza. Princípios Constitucionais Penais e Processuais Penais. 3. ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2013.
74
FRANCO Apud. QUEIROZ, Paulo de Sousa. Direito Penal: introdução crítica.São Paulo: Saraiva, 2001 p.29.
75
STRECK Apud. CARRAZZONI, José. Aspectos da Reincidência sob a perspectiva do garantismo. Âmbito
Jurídico, 18 ago. 2004. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_art
igos_leitura&artigo_id=4197#_edn34>. Acesso em: 29 set. 2015.
76
SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito penal: parte geral. 3. ed. Curitiba: ICPC, 2008.
35
4.4.1 Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica)
77
MENDES, Gilmar Ferreira [Et. al]. Curso de direito constitucional.São Paulo: IDP/Saraiva, 2007.
78
BRASIL. Decreto no 678, de 6 de novembro de 1992. Disponível em: http://www.cidh.oas.org/basico
s/portugues/c.convencao_americana.htm. Acesso em: 29 set. 2015.
79
GOMES, Luiz Flávio. Reincidência: novo conflito entre o STF e a Corte Interamericana. Jornal Carta
Forense, 3 maio 2015. Disponível em: <http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/reincidencia-novo--
conflito-entre-o-stf-e--a-corte-interamericana/11076>. Acesso em: 29 set. 2015.
36
80
BRASIL. Decreto no 592, de 6 de julho de 1992. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_
03/decreto/1990-1994/D0592.htm>. Acesso em: 30 set. 2015.
37
meta a ser buscada, lastreada na perfeição do lado humano positivo, como forma de incentivo
à civilidade, com convivência fraterna”. 81
Do seu lado, Paulo de Sousa Queiroz enfatiza a necessidade de que a pena de prisão
deva ter a sua execução programada de modo a que se evitem, na medida do possível, os
efeitos negativos e dessocializantes que lhe são próprios. 82
Nesse sentido, segundo o autor, seria despropositada a pretensão do Estado de
estabelecer medidas punitivas mais severas para aqueles que não conseguiram êxito em sua
reinserção no meio social, quando se sabe que a frustração desse objetivo ocorre, em grande
parte, pela ineficácia do aparelho repressivo estatal no cumprimento da missão ressocializante
da pena.
Assim, se o Estado não está em condições de garantir penas humanas, sobretudo no
que diz respeito à sua execução, não há lógica em considerar a reincidência em prejuízo do
condenado.
Essa ideia é defendida por muitos juristas, com destaque para Juarez Cirino dos
Santos, como ser verá, a breve texto.
81
NUCCI, Guilherme de Souza. Princípios Constitucionais Penais e Processuais Penais. 3. ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2013. p.166.
82
QUEIROZ, Paulo de Sousa. Direito Penal: introdução crítica. São Paulo: Ed. Saraiva, 2001.
83
MASSON, Cleber Rogério. Direito penal esquematizado. Parte geral. São Paulo: Ed. Método, 2008.
84
JESUS, Damásio de. Direito penal. v. I: parte geral. 33. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
38
norma é tomada como fator de motivação da abstenção da prática de delitos, por parte da
generalidade das pessoas. 85
A análise que ora se desenvolve está pautada na finalidade preventiva especial da
pena, traduzida na pretensão de que ela atue como meio de reeducação e ressocialização do
condenado. O que se deseja é verificar em que medida os graves problemas enfrentados pelo
sistema penitenciário brasileiro influenciam os altos e índices de reincidência penal.
Bittencourt, em sua obra, aponta com propriedade os principais fatores de ineficácia da
pena privativa de liberdade. 86
Num primeiro momento, ele centra a sua crítica no ambiente carcerário, que seria um
meio artificial e antinatural, totalmente refratário à realização de qualquer trabalho
reabilitador com o recluso. Nesse sentido, não se poderia ignorar “a dificuldade de fazer
sociais aos que, de forma simplista, chamamos de antissociais”, quando se sabe que eles são
dissociados da comunidade livre e, ao mesmo tempo, associados a outros antissociais. O autor
destaca as palavras de Stanley Cohen, que considera tão grande a ineficácia da prisão, a ponto
de sugerir que a única solução para o problema seria a sua extinção pura e simples.
Sob outro ponto de vista _ menos radical, mas igualmente importante _ o autor insiste
em que na maior parte das prisões, em todo o mundo, as condições materiais e humanas
tornam inalcançável o objetivo reabilitador. A objeção não está baseada na natureza ou
essência da prisão, mas nas condições reais em que se desenvolve a execução da pena
privativa de liberdade.
O professor Juarez Cirino, ao tratar do assunto, é ainda mais enfático.
Partindo da constatação de ser o novo delito praticado após a passagem do agente pelo
sistema formal de controle social, com o efetivo cumprimento da pena, ele conclui que o
processo de deformação e embrutecimento pessoal causado pelo sistema penitenciário deveria
induzir o legislador a incluir a reincidência real entre as circunstâncias atenuantes, dada a
“atuação deficiente e predatória do Estado sobre os sujeitos criminalizados”. Já a reincidência
ficta, que não pressupõe o cumprimento da pena, mas a mera condenação anterior, não
representaria, para o autor, qualquer presunção de periculosidade capaz de fundamentar
circunstância agravante. Cirino defende, portanto, que nenhuma das hipóteses de reincidência
seria indicativa de situação de rebeldia contra a ordem social garantida pelo direito penal. Por
isso, a “reincidência real deveria ser circunstância atenuante e a ficta, um indiferente penal”.87
85
QUEIROZ, Paulo de Sousa. Direito Penal: introdução crítica. São Paulo: Ed. Saraiva, 2001.
86
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. 17. ed. São Paulo:Saraiva,2012.p. 221.
87
DOS SANTOS, Juarez Cirino. Direito Penal: parte geral. 3. ed. Curitiba: ICPC, Lumen Juris, 2008. p.580.
39
Lênio Streck também entende que o instituto é incompatível com o estado democrático
de direito, mormente pelo seu componente estigmatizante, que “divide os indivíduos entre
aqueles que aprenderam a conviver em sociedade e aqueles que não aprenderam e insistem
88
em continuar delinquindo”. O jurista, pautado no fracasso do Estado ao promover a
ressocialização e impedir o reingresso do agente no mundo do crime, conclui que “o Estado
não pode punir a sua própria incompetência”. 89
Muitos outros juristas alinham-se a esse entendimento, entre os quais, Rogério Greco,
para quem a reincidência seria “a prova do fracasso do Estado na sua tarefa ressocializadora”.
90
É de conhecimento geral que o nosso país não dispõe de um aparelho carcerário capaz
de promover a ressocialização dos condenados. É sabido também que as penas não são
executadas com observância das garantias constitucionalmente estabelecidas e que isso traduz
uma das prováveis causas dos altos índices de reincidência verificados no Brasil, ano após
ano.
Portanto, é desumano e, por conseguinte, inconstitucional, o agravamento da pena pela
reincidência, sendo válida a mesma noção quanto ao impedimento que daí decorre em relação
à concessão de benefícios legais.
88
STRECK apud. CARRAZZONI, José. Aspectos da Reincidência sob a perspectiva do garantismo. Âmbito
Jurídico, 18, ago. 2004. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_a
rtigos_leitura&artigo_id=4197#_edn34>. Acesso em: 24 set.2015.
89
STRECK, Lenio Luiz. Direito penal do fato ou do autor? A insignificância e a reincidência. Disponível
em: http:<//www.conjur.com.br/2014-out-09/senso-incomum-direito-penal-fato-ou-autor-insignificancia-
reincidencia>. Acesso em: 24 set. 2015.
90
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte Geral. Niterói: Ímpetus, 2010. p. 545.
40
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
a bens jurídicos protegidos pela norma penal. Posta a questão nesses termos, não há como se
considerar validamente a reincidência para fins repressivos, uma vez que ela, só por si, não
viola ou põe sob risco de lesão qualquer bem juridicamente tutelado. O Supremo Tribunal
Federal entende que as restrições associadas à reincidência têm, por fundamento, uma norma
maior que adverte “voltes a delinquir e serás punido de modo mais severo”. Todavia, essa
ideia não encontra amparo em nosso ordenamento, dada a falta de concretude do apontado
bem jurídico. Assim, do ponto de vista da ofensividade, não há base factível para a adoção do
instituto no Brasil.
Já no que diz respeito à exigência de individualização da pena, o STF adota uma visão
bastante distorcida do instituto. A Corte parte do pressuposto equivocado de que a
consideração da recidiva é meio adequado de conformação da pena às condições pessoais do
agente, ao evitar que todos sejam postos na “mesma vala comum”. O estado deplorável em
que se acham as nossas prisões até torna justificável a utilização da expressão. Deve, contudo,
ser questionada a repercussão do perfil psicológico do agente na individualização da pena, na
fase judicial, uma vez que o parâmetro a ser considerado, a propósito, é a conduta, sob pena
de se permitir a instalação, no nosso arcabouço normativo, das indesejáveis noções
relacionadas com o direito penal do autor. Tal condição subjetiva deve ser levada em conta
apenas na fase executória, quando devem ser observadas as características pessoais de cada
reeducando, a fim de evitar a contaminação moral dos condenados primários por criminosos
obstinados. Por fim, a consideração da recidiva não é apta a permitir a individualização da
pena, uma vez que o seu caráter cogente retira do julgador qualquer margem de
discricionariedade para promover a adequação pressuposta na lei.
Para o Supremo, a providência traduziria medida de combate da delinquência, uma vez
que propiciaria o tratamento mais rigoroso do recalcitrante. Nesse caso, o equívoco da noção
repousa no caráter puramente retributivo que se pretende atribuir à pena de prisão. O fim
ressocializante, por sua vez, é infirmado pelo desaparelhamento do nosso sistema carcerário,
onde as penas detentivas são cumpridas de modo desumano, tornando-as absolutamente
ineficazes ao cumprimento de qualquer finalidade regeneradora.
A destacar, muitos dos efeitos negativos associados à recidiva, como a influência na
fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o impedimento de substituição da pena
privativa de liberdade por outra restritiva de direito, além, é claro, da exasperação advinda da
agravante, têm por fim a restrição da liberdade do agente, mediante o prolongamento da sua
permanência no cárcere. Sem embargo, as prisões são verdadeiras “faculdades do crime”, o
que é suficiente para evidenciar a inadequação do modo como o instituto é concebido no
42
Brasil. Embora esse não seja o objetivo desse trabalho, não há como omitir a informação de
que as penas alternativas têm-se mostrado mais eficientes para o combate da criminalidade, à
vista dos reduzidos índices de reincidência verificados em relação aos agentes submetidos a
esse tipo de sanção. É inadiável, portanto, uma mudança de mentalidade, diante da
constatação da ineficácia da pena privativa da liberdade para o enfrentamento da questão.
Não há, por outro lado, dúvidas de que a consideração da reincidência para o
agravamento da pena caracteriza abominável bis in idem, não obstante as vãs tentativas do
Supremo Tribunal Federal de justificar o instituto. Segundo a orientação da Corte Suprema, o
princípio não seria contrariado por não ser a condição de reincidente valorada no juízo da
condenação, mas no momento da fixação da pena. Todavia, o ne bis in idem é muito mais
amplo do que a mera proibição de dupla penalização pelo mesmo fato. No caso brasileiro,
essa violação principiológica está caracterizada pela enormidade de vezes em que reincidência
é levada em conta em prejuízo do agente.
Também é inequívoca a afronta ao princípio da culpabilidade, já que a
responsabilização não recai sobre uma conduta. A ofensa estende-se ao princípio da
proporcionalidade, em especial, à exigência de lesividade do comportamento, sendo
insustentável a ideia, abraçada pelo Supremo, de estar o instituto tributado à proteção de um
bem jurídico abstrato. Isso nos conduz a duas conclusões lógicas: em primeiro lugar, a de que
a responsabilização pela reincidência está pautada no perfil do agente, na sua condução de
vida, a tornar evidente a adoção da tão repudiada teoria do direito penal do autor; em segundo
lugar, a de que a responsabilização do recalcitrante em razão de conduta pretérita, já punida,
configura inegável bis in idem.
A resistência da Suprema Corte em acatar essa orientação está possivelmente
relacionada à repercussão que a declaração de inconstitucionalidade do instituto teria em face
de vários dispositivos legais, veiculadores de restrições associadas à reincidência. Aliás, a
leitura dos votos do julgamento aqui enfocado revela essa preocupação, que foi manifestada
por vários ministros.
A Constituição de 1988, qualificada pelo saudoso deputado Ulysses Guimarães como
Carta Cidadã, congregou os esforços do povo brasileiro, representado pelos congressistas
constituintes, no sentido de que fosse implantado, entre nós, um aparato de proteção aos
direitos fundamentais, com destaque para a dignidade humana. Para tanto, foram firmados, na
ordem internacional, vários tratados. Sem embargo, em razão de uma postura conservadora
dos nossos tribunais, a ordem jurídica pátria ainda abriga normas afrontosas dessas franquias
públicas.
43
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
1
JESUS, Damásio de. Direito penal. v. 1: parte geral. 33. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p.
609.
2
BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm>. Acesso em: 8 ago. 2015.
3
BÍBLIA. Levítico 26:18. Português. A Biblia Sagrada. 1990. Disponível em:
<http://www.bibliaon.com/versiculo/levitico_26_18/ >. Acesso em: 08 ago. 2015.
4
BRUNO, Aníbal. Direito Penal. Parte Geral. Tomo 3 (Pena e Medida de Segurança). Rio de
Janeiro: Forense.
5
BRASIL. Código Criminal de 1830, de 16 de dezembro de 1830. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LIM/LIM-16-12-1830.htm>. Acesso em: 9 ago.
2015.
6
TINÔCO, Antônio Luiz Ferreira. Código criminal do Império do Brazil anotado. Prefácio
de Hamilton Carvalhido. Ed. fac-sim. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2003.
7
BRASIL. Decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890. Disponível em:
<http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=66049>. Acesso em: 9 ago.
2015.
8
FLORIAN apud SIQUEIRA, Galdino. Direito penal brazileiro. Brasília: Senado Federal,
Conselho Editorial, 2003. p. 557.
9
BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm>. Acesso em:
10
BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: <http://www
.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm>. Acesso em: 9 ago. 2015.
11
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal: parte Geral. 8. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1985.
12
PESCUMA, Leandro Recchiutti Gonsalves. Reincidência. Ius Navegandi, fev. 2005.
Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/6306/reincidencia>. Acesso em: 18 ago. 2015.
13
BRASIL. Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990. Disponível: <http://www.planalto.gov.br
/ccivil_03/leis/L8072.htm> Acesso em: 9 ago. 2015.
14
BRASIL, Lei nº 9.714, de 25 de novembro de 1998. Disponível em: <http://www.planalto
.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9714.htm> Acesso em: 12 ago. 2015.
15
CHIQUEZI, Adler. Reincidência Criminal e sua atuação como circinstância agravante.
2009. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs /cp099252.pdf.
Acesso em: 10 out. 2015.
45
16
Ibidem.
17
CHIQUEZI, Adler. Reincidência Criminal e sua atuação como circinstância agravante.
2009. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp099252.p
df>. Acesso em: 10 out. 2015.
18
Ibidem.
29
DELMANTO, Celso. Código penal comentado. 6. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. p.
126.
20
MASSON, Cleber Rogério. Direito penal esquematizado. Parte geral. Rio de Janeiro:
Forense. São Paulo: Método, 2008.
21
GARCIA, Basileu. Instituições de direito penal-v-tomo II. São Paulo: Max Limonad,
1971. p.473.
22
MASSON, Cleber Rogério. Direito penal esquematizado. Parte geral. Rio de Janeiro:
Forense. São Paulo: Método, 2008. p. 695.
23
BRASIL. Decreto-lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3688.htm>. Acesso em: 22 ago. 2015.
24
ZAFFARONI, Eugênio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal
brasileiro. vol. I: parte geral. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
25
JESUS, Damásio. Direito Penal: parte geral. v. I. 33. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
26
Ibidem.
27
CHIQUEZI, Adler. Reincidência. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/d
ownload/teste/arqs/cp099252.pdf >. Acesso em: 22 ago. 2015.
28
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, v. I, parte geral: (arts. 1° a 120). 14. ed. São
Paulo: Saraiva, 2010.
29
MASSON, Cleber Rogério. Direito penal esquematizado. Parte geral. Rio de Janeiro:
Forense. São Paulo: Método, 2008.
30
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Salvador: Juspodivm, 2013.
31
GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal: parte geral. Editora Revista dos Tribunais, 2005.
32
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, v. I, parte geral: (arts. 1° a 120). 14. ed. São
Paulo: Saraiva, 2010.
33
Ibidem.
34
ZAFFARONI, Eugênio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal
brasileiro. v. I: parte geral. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 720.
46
35
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, v. I, parte geral: (arts. 1° a 120). 14. ed. São
Paulo: Saraiva, 2010.
36
BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: <http://www
.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em: 3 set. 2015.
37
BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: <http://www
.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em: 3 set. 2015.
38
Ibidem.
49
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF declara constitucionalidade de reincidência
como agravante da pena. 4 abr. 2013. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal
/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=235084>. Acesso em: 4 set. 2015.
40
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n° 453.000/RS. Relator:
min. Marco Aurélio. Brasília, 4 abr. 2013. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/pa
ginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=4614110>. Acesso em: 20 set. 2015.
41
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n° 453.000/RS. Relator:
min. Marco Aurélio. Brasília, 4 abr. 2013. Disponível em: <http://redir.stf.jus
.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=4614110>. Acesso em: 20 set. 2015.
42
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n° 453.000/RS. Relator:
min. Marco Aurélio. Brasília, 4 abr. 2013. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/pagi
nadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=4614110>. Acesso em: 20 set. 2015.
43
NUCCI, Guilherme Souza. Manual de direito penal: parte geral e especial. 7. Ed. São
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44
ZAFFARONI, Eugenio Raul; BATISTA, Nilo. Direito Penal Brasileiro: v. I. Teoria Geral
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45
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Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=
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46
NUCCI, Guilherme de Souza. Princípios constitucionais penais e processuais penais. 3.
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47
ZAFFARONI, Eugênio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal
brasileiro. v. I: parte geral. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
48
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Século XXI Escolar. Rio de Janeira: Nova Fronteira, 2001.
49
PERICULOSIDADE. In: Ibidem.
50
ZAFFARONI, Eugênio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal
brasileiro. v. I: parte geral. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p.105.
47
51
QUEIROZ, Paulo de Sousa . Direito Penal: introdução crítica. São Paulo: Ed. Saraiva,
2001.
52
BRUNO Apud. REALE JUNIOR, Miguel. Disponível em:<http://www2.senado.leg.
br/bdsf/bitstream/handle/ id/181169/000366198.pdf?sequence=3>. Acesso em: 15 set. 2015.
53
BARATTA apud. CERVINI, Raúl. Os processos de descriminalização. 2. ed. São Paulo:
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54
GOMES, Luiz Flávio. Reincidência: novo conflito entre o STF e a Corte Interamericana.
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55
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56
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brasileiro. v. I: parte geral. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 107.
57
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58
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59
ZAFFARONI, Eugenio Raul, BATISTA, Nilo. Direito Penal Brasileiro. v. I. Teoria Geral
do direito penal. Rio de Janeiro: Revan, 2013. 3. ed. 2006, p. 138.
60
ZAFFARONI, Eugênio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal
brasileiro. vol. I: parte geral. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
61
FRANCO, Alberto Silva. Código penal e sua interpretação jurisprudencial. Parte geral.
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62
JESUS, Damásio de. Direito penal. v. I: parte geral. 33. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
63
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, v. II: introdução à teoria geral d
a parte especial: crimes contra a pessoa. 11. ed. Niterói, RJ: Ímpetus, 2015.
64
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http
://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 16 set. 2015.
65
ROXIN apud. BATISTA, Nilo. Introdução crítica ao direito penal brasileiro. 11. Ed.
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66
ZAFFARONI, Raul Eugênio; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal
brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.p.718.
48
67
PUIG, Santiago Mir apud. CABETTE, Eduardo Luiz Santos. A agravante da
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com.br/dePeso/16,MI176667,101048-Agravante+da+reincidencia+nao+e+inconstitucional+
posicao+do+STF>. Acesso em: 16 set. 2015.
68
NUCCI, Guilherme de Souza. Princípios Constitucionais Penais e Processuais Penais. 3.
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69
MASSON, Cleber Rogério. Direito penal esquematizado. Parte geral. São Paulo: Método,
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70
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consideracoes-sobre-o-principio-da-individualizacao-da-pena/>. Acesso em: 18 set. 2015.
71
PEIXOTO, Marcos Augusto Ramos. Há motivos para reincidir na reincidência?
Disponível em: <http://e mporiododireito.com.br/ha-motivos-para-reincidir-na-reincidencia-
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73
NUCCI, Guilherme de Souza. Princípios Constitucionais Penais e Processuais Penais. 3.
ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013.
74
FRANCO Apud. QUEIROZ, Paulo de Sousa. Direito Penal: introdução crítica. São Paulo:
Ed. Saraiva, 2001. p. 29.
75
STRECK Apud. CARRAZZONI, José. Aspectos da Reincidência sob a perspectiva do
garantismo. Âmbito Jurídico, 18 ago. 2004.Disponível em:<http://www.ambito-juridico.co
m.br/site/index.php?n_link=revista_art igos_leitura&artigo_id=419734>.Acesso:29 set. 2015.
76
SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito penal: parte geral. 3. ed. Curitiba: ICPC, 2008.
77
MENDES, Gilmar Ferreira[Et. Tal]. Curso de direito constitucional. IDP/Saraiva. São
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78
BRASIL. Decreto no 678, de 6 de novembro de 1992. Disponível em:
http://www.cidh.oas.org/basico s/portugues/c.convencao_americana.htm. Acesso em: 29 set.
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79
GOMES, Luiz Flávio. Reincidência: novo conflito entre o STF e a Corte Interamericana.
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nteudo/colunas/reincidencia-novo--conflito-entre-o-stf-e--a-corte-interamericana/11076>.
Acesso em: 29 set. 2015.
80
BRASIL. Decreto no 592, de 6 de julho de 1992. Disponível em: <http://www
.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0592.htm>. Acesso em: 30 set. 2015.
49
81
NUCCI, Guilherme de Souza. Princípios Constitucionais Penais e Processuais Penais. 3.
ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013. p.166.
82
QUEIROZ, Paulo de Sousa. Direito Penal: introdução crítica. São Paulo: Ed. Saraiva, 2001.
83
MASSON, Cleber Rogério. Direito penal esquematizado. Parte geral. São Paulo: Ed.
Método, 2008.
84
JESUS, Damásio de. Direito penal. vol. I: parte geral. 33. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
85
QUEIROZ, Paulo de Sousa. Direito Penal: introdução crítica. São Paulo: Ed. Saraiva,
2001.
86
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. 17. ed. São
Paulo:Saraiva, 2012. p. 221.
87
DOS SANTOS, Juarez Cirino. Direito Penal: parte geral. 3. ed. Curitiba: ICPC, Lumen
Juris, 2008. p.580.
88
STRECK apud. CARRAZZONI, José. Aspectos da Reincidência sob a perspectiva do
garantismo. Âmbito Jurídico, 18, ago. 2004. Disponível em: http://www.ambito-juridico.c
om.br/site/index.php?n_link=revista_a rtigos_leitura&artigo_id=4197#_edn34>. Acesso em:
24 set.2015.
89
STRECK, Lenio Luiz. Direito penal do fato ou do autor? A insignificância e a
reincidência. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2014-out-09/senso-incomum-direito-
penal-fato-ou-autor-insignificancia-reincidencia. Acesso em: 24 set. 2015.
90
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte Geral. Niterói: Impetus, 2010. p. 545.
50