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FACULDADES INTEGRADAS CAMPOS SALLES - FICS

PROJETO DE PESQUISA

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER DURANTE A PANDEMIA DO


NOVO CORONAVÍRUS 2019 (SARS-COV -2)

CAROLINA ARAÚJO VIDAL DA SILVA


EDSON GONÇALVES
GENILSON CARVALHO
MÁGNA DE ALMEIDA AGUIS
MARCOS FRANCISCO NASCIMENTO
RAFAELLE DE OLIVEIRA
VITOR BARBOSA NUNES

São Paulo
2021
FACULDADES INTEGRADAS CAMPOS SALLES – FICS

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER DURANTE A


PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS 2019 (SARS-COV-2)

CAROLINA ARAÚJO VIDAL


EDSON G. DOS SANTOS
GENILSON CARVALHO
MÁGNA DE ALMEIDA AGUIS
MARCOS F. NASCIMENTO
RAFAELLE S.DE OLIVEIRA
VITOR BARBOSA NUNES

Projeto Integrador apresentado pelos alunos do


9º semestre de Direito pelas Faculdades
Integradas Campos Salles – FICS.

São Paulo
2021
1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA

1.1 TÍTULO
Violência Doméstica contra a Mulher
Durante a pandemia do novo Corona-vírus
2019.

1.2
PROFESSOR Prof. Ms. Laerte Dias
ORIENTADOR

1.3 DEPARTAMENTO Projeto Integrador

1.4 PRAZO Novembro de 2021

1.5 INSTITUIÇÃO Faculdades Integradas Campos Salles –


ENVOLVIDA FICS

2 TEMA Projeto Integrador


4

2.2 INTRODUÇÃO

No ano de 1998, a comissão Internacional de Direitos Humanos recebe uma petição


por meio da denúncia feita por Maria da Penha Mai Fernandes, alegando a omissão do Estado
quanto a violência doméstica sofrida, cometida pelo seu esposo Marco Antônio Heresia Viveiros,
o qual durante anos de matrimônio, cometeu uma série de agressões contra sua esposa que em
razão delas, a deixou paraplégica de forma irreversível, aderindo outras enfermidades desde então,
culminando também, para tentativas de homicídio.

O Brasil foi denunciado por não tomar medidas efetivas e necessárias para processar e
punir os agressores por mais de 15 anos, apesar de haver denúncias efetuadas internamente, sendo
assim acusado de violar direitos a garantia judicial, proteção judicial, igualdade perante a lei e
obrigação de respeitar direitos, como previsto na Convenção Americana e na Declaração
Americana de Direitos Humanos. Diante disso, a Corte recomendou o prosseguimento eficaz para
a investigação do caso com o fim de aderir responsabilidade ao Heresia Viveiros e condená-lo por
violações ao direito da mulher, além de indenizar por danos materiais e imateriais a então vítima,
Maria da Penha. Ademais, intensificar o processo de reforma para evitar o tratamento
discriminatório em relação à violência contra a mulher no Brasil e a tolerância estatal, como por
exemplo, multiplicar o número de delegacias.

Deste modo, a Lei de n° 11.340/06, que tem como objeto jurídico a incolumidade física
e psicológica da mulher, conhecida como “Lei Maria da Penha”, trata-se de resposta imediata às
recomendações da CIDH, visando intensificar a punição em caso de agressões domésticas contra
a mulher.

No entanto, a eficácia normativa da referida lei passa a ser questionada uma que vez
que essa se mostra insuficiente do ponto de vista prático no combate à essas violações, embora traga
em seu texto normativo o estabelecimento de medidas cautelares e sanções severas em desfavor do agressor.

Nesse contexto, observa-se o aumento vexatório de casos de violência de gênero em âmbito


doméstico/familiar durante o estado de calamidade pública, especificamente pelo isolamento social e
consequentemente a intensificação do lapso temporal de convivência no lar, ocasionado pela pandemia, o
que requer especial atenção e pertinência para análise como será abordado na presente pesquisa.
5
2.3. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA / PROBLEMATICA

No final de 2019 na China surgiu o vírus da covid-19, a que tudo indica de origem
animal (morcegos). No início de 2020 este vírus foi responsável pela maior crise sanitária já
enfrentada pela humanidade pois evoluiu para uma pandemia mundial.
Conforme lições de Bento de Farias, ocorre a pandemia “quando vários países são
assolados pela mesma doença”, ou, como disserta Noronha, “se sua disseminação se dá por
extensa área do globo terrestre”, a exemplo do que ocorreu com a chamada “gripe espanhola”,
que matou mais de 20 milhões de pessoas em todo o mundo entre os meses de setembro e
novembro de 19181.

Em resposta a esse colapso, e visando tutelar a saúde pública, Governo de São Paulo
adotou medidas extremas de isolamento social, como forma de prevenção contra a disseminação
do vírus, já que a infecção é transmitida pelo toque das mãos, ou pequenas gotículas de salivação,
e com isso o problema parecia estar sobre controle, porém se agravam ainda mais situações que
já eram pontuais.

As campanhas de isolamento social no Brasil trouxeram um efeito colateral,


resultaram em um aumento significativo de violência doméstica contra a mulher. As vítimas, por
estarem, de certa forma, impedidas de sair de casa, submetiam-se a situações degradantes. O
número de feminicídio dobrou na pandemia.

Já na Itália ocorreu uma queda significativa de 43% das denúncias de crimes


domésticos, como assim consta nos relatos oficiais apresentados pelo comitê parlamentar de
violência contra mulher, a redução não demostra que houve uma solução para o caso em tela, e
sim a dificuldade que as vítimas têm em denunciar os infratores. A ONU através do seu secretário
geral António Guterres, recomendou aos países medidas para combater e prevenir a violência
doméstica durante a pandemia.

Ocorre que, no Brasil foram registradas 105 mil denúncias de violência doméstica,
o que correspondeu a 30% de 349 mil denúncias recebidas pelos canais do MMFDH2. Esse fator
pode encontrar relação com circunstâncias meramente sociais, visto que grande parte das vítimas
tem sua renda familiar menor do que um salário-mínimo, ou sequer possuem o ensino médio
completo3, presumindo-se então que a violência está vinculada à fatores estritamente

1
GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral - v. 1. 17. ed. Niterói: Impetus, 2015. 885 p. ----
Localização: 343.2(81) / G799c / v.1 / 17.ed
2
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Fonte: < https://www.gov.br/pt-br/noticias/assistencia-
social/2021/03/canais-registram-mais-de-105-mil-denuncias-de-violencia-contra-mulher-em-2020>
3
Ibidem.
6
econômicos, criando dependência entre a vítima e seu agressor, o que pode ser considerado um
impasse para que esta se desvencilhe de atos violentos.
7

2.3 - JUSTIFICATIVA DO TEMA E SUA IMPORTÂNCIA

Diante de tanta impunidade observamos que a lei Maria da Penha, que protege
mulheres contra agressões sofridas em seus lares não inibe mais o agressor de continuar ferindo as
vítimas, e, em muitos casos, não há somente a agressão verbal, psicológica, ou física, mas também
resulta em morte. Apesar do número crescente, dados apontam que muitas mulheres nesse período
de pandemia não deram queixa de seus companheiros devido não terem onde se abrigarem, ou por
sofrerem coação psicológica, o que se torna um problema difícil de ser resolvido apenas com a
força da lei. Os Meios de prevenção e educação em sala de aula, por exemplo poderiam ser uma
forma de prevenir e educar a sociedade no trato com as mulheres. Pois sabemos que o problema é
cultural e não somente no brasil, mas no mundo
Ante o exposto, é possível verificar que a lei em sua aplicabilidade não abrange ao
todo os interesses da mulher ou se mostra insuficiente na adoção de medidas que resguarde seus
direitos, uma vez que na grande maioria dos casos, o agressor vem a descumprir medidas
protetivas impostas judicialmente para repelir a violência, e, não obstante, a consumar práticas
de feminicídio, culminando para o aumento de casos como expostos anteriormente.
Após a análise de inúmeros projetos de lei, inúmeros dispositivos legislativos, números
de denúncias, e quantias de medidas protetivas aplicadas, chega-se ao entendimento de que a
violência no âmbito doméstico saltou de forma extremamente elevada no período da pandemia.

Muitas mulheres se privaram de prestar queixa, pois, existe uma notória dependência
financeira do parceiro que a violenta, e no período de pandemia, os índices de desemprego ficaram
ainda maiores, logo, encontraram-se em situação de hipossuficiência caso divorciasse do
companheiro, e, os serviços públicos funcionaram de maneira pior do que o de praxe, sendo
impossível socorrer-se à Administração.

A estrutura nunca esteve preparada para momentos de pandemia, e durante a pandemia


também se mantiveram pouco uteis, pois, a demora na espera e mal tratamento nos locais de
serviços estatais se mantiveram com o mesmo padrão de sempre.

A única hipótese para a mulher em tal situação seria socorrer-se de familiares que a
pudessem acolher. E após a hospitalidade, buscar o atendimento do serviço público, como a Policia
Civil.

Quando se vai ao hospital não existe a certeza da cura das marcas de socos, abusos
sexuais, e desesperos que seus parceiros causam. Mas sim, a total possibilidade de se contaminar
com o novo vírus quando ir frequentar o âmbito hospitalar.
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3. OBJETIVOS E QUESTÕES A SEREM ANALISADAS

3.1 GERAIS

 Identificar quais medidas jurídicas foram tomadas nessa fase de pandemia.


 Lei Maria da Penha e artigos científicos.
 Meios de prevenção nas escolas que poderiam ajudar a prevenir atos de violência
contra a mulher.

3.2 ESPECÍFICOS

 Eventuais mudanças a partir da Lei Maria da Penha e artigos científicos.

 Agressão Psicológica à mulher na Pandemia

 Identificação de Lacunas que permitem violação a autonomia e a incolumidade física


da mulher em razão da condição do sexo feminino que tem se agravado durante o estado
de calamidade pública e sanitária.

 Medidas que tendem a repelir ou aumentar tais atos de violência praticado em razão
da convivência familiar a partir do confinamento.

4. METODOLOGIA

Para melhores resultados o desenvolvimento de pesquisa, serão utilizados métodos


dedutivos e bibliográficos em fontes referenciais diretas, quais sejam: Livros escritos por Flavia
Piovisan nos quesitos Direitos Humanos. Pesquisa Escrita por Fórum Brasileiro de Segurança
Pública: Samira Bueno, Renato Sérgio de Lima, Isabela Sobral, Amanda Pimentel, Beatriz Franco,
Davis Marques, Juliana Martins e Talita Nascimento. Lei nº 11.340 de 7 de agosto de 2006.
Jurisprudência, Doutrina, e projetos de leis.
9
5. ORDENAÇÃO PRELIMINAR DO TEMA

O cenário atual de violência contra a mulher é consequência de anos em que não se


observou atentamente princípios básicos assegurados pela Constituição. De forma empática a
Estudante apontará situações de violência sofridas contra a mulher na Pandemia, apontando dados
que mostram o aumento de casos, tal como o que se tem feito na defesa do direito dessas mulheres.

Ao conviver por anos com esta dura dificuldade, sabe quais os traumas que não somente a
dona de casa, mas além disso seus filhos carregam em suas vidas, pelas agressões e abusos sofridos.

6. JURISPRUÊNCIA

A violência contra a mulher no âmbito doméstico já movia inúmeros processos criminais,


porém desde fevereiro de 2020, não só no Brasil, mas em todo o mundo, surge a pandemia do
coronavírus, uma nova doença com risco de contagio altíssimo, assolando toda a humanidade e
mudando também o nosso ambiente jurídico, como por exemplo, a recomendação 62 do Conselho
Nacional de Justiça CNJ aos Tribunais e magistrados, para adoção de medidas a evitar a propagação
e o contagio da COVID 19 no sistema penal ou socioeducativo. Algumas recomendações evitam que
pessoas do grupo de risco, idosas, gestantes, pessoas com doenças crônicas, imunossupressoras,
respiratórias e outras situações preexistentes que possam conduzir a um agravamento do estado geral
de saúde a partir do contágio, com especial atenção para diabetes, tuberculose, doenças renais, HIV,
partindo do pressuposto que o Estado ao privar a liberdade do sujeito infrator tem que propiciar a
manutenção da saúde dos apenados, causando mudança no nosso cenário jurídico, como no caso
abaixo (JURISPRUDENCIA 2) de pedido de HABEAS CORPUS embasado na recomendação do
CNJ.
Segundo fator de mudança em nosso ordenamento se diz referente ao artigo 61, II,
ALÍNEA “j” do Código Penal, que agrava a pena em caso de calamidade pública, requisitando
vontade do agente em se aproveitar de tal situação. Um exemplo de jurisprudência exposta abaixo
(JURISPRUDENCIA 1), demostrando os entendimentos dos magistrados em face de decisões de
lesão corporal contra a mulher no âmbito doméstico diante o novo coronavírus.

ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Criminal nº


1500822-16.2021.8.26.0571, da Comarca de Tatuí, em que é apelante LUCIANO
CORREA PINTO, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO
PAULO.ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 15ª Câmara de Direito
Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram
parcial provimento ao recurso para reduzir as penas de Luciano Correa Pinto a 4
meses e 2 dias de detenção, no regime inicial semiaberto, por infração ao artigo
129, § 9º do Código Penal. V.U., de conformidade com o voto do relator, que
integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores
GILDA ALVES BARBOSA DIODATTI (Presidente) E RICARDO SALE
JÚNIOR. São Paulo, 4 de outubro de 2021. WILLIAN CAMPOS Relator (a)
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Assinatura Eletrônica
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA LESÃO CORPORAL LEVE ABSOLVIÇÃO
IMPOSSIBILIDADE MATERIALIDADE E AUTORIA DELITIVAS
SUFICIENTEMENTE PROVADAS. Diante da materialidade e autoria delitivas
suficientemente provadas do crime de lesão corporal de rigor a manutenção do
decreto condenatório. DOXIMETRIA DAS PENAS 1) EXASPERAÇÃO
EXCESSIVA DA BASILAR REDUÇÃO DA FRAÇÃO ESTABELECIDA
POSSIBILIDADE. 2) AFASTAMENTO DA AGRAVANTE PREVISTA NO
ARTIGO 61, II, ALÍNEA “j” (calamidade pública) NECESSIDADE. PARCIAL
PROVIMENTO DO

Jurisprudência pautada em apelação de crime de lesão corporal contra mulher em âmbito


doméstico durante a pandemia da COVID -19, em que a apelação requisitou afastamento da agravante
genérica de natureza objetiva (ART. 61, II, j, CP) – DELITO PRATICADO EM SITUAÇÃO DE
CALAMIDADE PÚBLICA, conforme decisão final, entendeu-se pelo provimento do afastamento,
pois embora nosso país esteja enfrentando o novo corona vírus, bem como, não há elementos capazes
de comprovar a intenção do réu em se aproveitar dessa calamidade pública, além de realçar a intenção
do legislador em punir com mais severidade os infratores que se aproveitam para subtrair objetos de
residências abandonadas após catástrofes, diferente da nova pandemia em que os moradores
despendem em estar mais tempo dentro de suas moradias, devido a necessidade de quarentena e
distanciamento social.

JURISPRUDENCIA 02 – ESTADO DO PARANA.

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PROPRIO, NÃO


CABIMENTO. INCENDIO EM CASA HABITADA. LESÃO CORPORAL.
INJURIA. CRIMES COMETIDOS DNO CONTEXTO DA LEI N 11.340/06
VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER.
DESCLASSIFICAÇÃO DO DELITO DE INCENDIO. INADMISSIBILIDADE
DE ANALISE NA VIA ELEITA. EXAME FATICO-PROBATORIO. PRISÃO
PREVENTIVA FUNDAMENTAÇÃO INDONEA. PERICULOSIDADE DO
AGENTE. AGREÇÃO E AMEAÇA A EX COMPANHEIRA. ATEAMENTE
DE FOGO NA RESIDENCIA DA VITIMA. NECESSIDADE DE GARANTIA
DA ORDEM PUBLICA E DE ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL.
CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORAVEIS. IRRELEVANCIA.
INAPLICABILIDADE DE MEDIDA CAUTELAR ALTERNATIVA. RISCO
DE CONTAMINAÇÃO PELA COVID 19. RECOMENDAÇÃON 62 DO CNJ.
REU NAO COMPROVOU ESTAR INSERIDO NO GRUPO DE RISCO.
CRIMES COMETIDOS NO CONTEXTO DE VIOLENCIA DOMESTICA,
VEDA~ÇAÕ PREVISTA NO ART 5-A DA RECOMENDAÇÃO N.62 DO CNJ.
IMPOSSIBILIDADE. FLAGRANTE ILEGALIDADE NAO EVIDENCIADA.
HABEAS CORPUS NÃO RECONHECIDO.
STJ - HC: 603532 PR 2020/0197374-0 Relator ministro JOEL ILAN
PACIOENIK, Data julgamento 27/10/2020, T5 - quinta turma, Data publicação
REPDJ 12/11/2020/ DJW 03/11/2020.

Nessa Jurisprudência em questão, o relator exemplifica que o Habeas Corpus não tem como
objetivo a descaracterização do crime, e que o réu preso por agressividade demostrou causar risco
11
caso fosse solto, em face de já ter ido até a casa da vítima, ter desferido tapas, arranhões e incêndio
na residência e nos bens moveis, sendo assim a fica constatado a violência física e psicológica do
paciente em desfavor da sua ex-companheira. Nesse contexto se fundamenta a prisão preventiva para
garantia da ordem pública e que o risco de contagio trazidos pela covid-19 não é fundamento hábil a
autorizar a revogação automática de toda custodia cautelar, sendo necessário que o réu esteja inserido
na população com maior risco a infecção. Sendo assim por não está inserido em nenhum grupo de
risco, e sendo acusado por crime no contexto de violência doméstica contra a mulher, afasta o art. 5-
a da recomendação 62 do CNJ e impedindo a revogação de prisão preventiva ou prisão domiciliar
julgando improcedente o HC impetrado.

7. DOUTRINA

Segundo o Rel. Min. Marco Aurélio Mello, “a mulher é eminentemente vulnerável quando se
trata de constrangimentos físicos, morais e psicológicos sofridos em âmbito privado. Não há dúvidas
sobre o histórico de discriminação e sujeição por ela enfrentado na esfera afetiva. As agressões
sofridas são significativamente maiores do que as que acontecem contra homens em situação similar.
Além disso, mesmo quando homens, eventualmente, sofrem violência doméstica, a pratica não
decorre de fatores culturais e sociais e da usual diferença de força física entre os gêneros”. Na referida
ação, o Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, reconheceu a constitucionalidade dos artigos 1º,
33 e 41 da LEI nº 11.340/2006, conforme se depreende das ementas da decisão: “VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – GÊNEROS MASCULINOS E FEMININOS – TRATAMENTO
DIFERENCIADO. O artigo 1º da Lei nº 11.340 /06 surge, sob o ângulo do tratamento diferenciado
entre gêneros – mulher e homem -, harmonia com a Constituição Federal, sendo necessária a proteção
entre as peculiaridades física e moral da mulher e a cultura brasileira. ” 4

Valéria Diez Scarance Fernandes no Livro “ Lei Maria da Penha Processo no


caminho da Efetividade” Cita, Luiz Roberto Barroso ao se referir ao Direito
Constitucional marcado pela efetividade e alguns pressupostos, dentre os quais “
as normas constitucionais devem estrutura-se e ordenar- se tal forma que
possibilitem a pronta identificação da posição jurídica em que investem os
jurisdicionados” e “tais posições devem ser resguardadas por instrumentos de
tutela adequados, aptos à sua realização prática”. Ou seja: A igualdade entre
homens e mulheres somente tem efetividade, assim, se reconhecida a posição
jurídica de cada um, e se houver instrumentos de tutela que permitam a realização
prática desta igualdade. A lei 11.340/2006
Cita, que, “na doutrina questionamentos quanto às normas que refletem o padrão
patriarcal de família, colocando o homem como principal provedor do lar e a
mulher como responsável por cuidar dos filhos”
Assim, por exemplo, Daniel Viana Teixeira refere que o tratamento diferenciado

4
“BARROSO, Luiz Roberto. O Direito Constitucional e a efetividade de suas normas. Limites e possibilidade da
Constituição brasileira. Ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.p.87”
12
dado pela Constituição Federal à licença maternidade e à licença paternidade
(Artigo. 7º
, XVIII e XIX)
“Reflete com toda a nitidez a tradicional divisão dos papéis sociais reservados aos
homens e mulheres, em matéria de direitos sociais”.

Valéria Diez Scarance Fernandes‘’ Lei Maria da Penha processo no caminho da efetividade ‘’

Brasil. Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995.

Brasil. Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996.

14. Brasil. Decreto nº 6.387, de 05 de março de 2008.

O Decreto nº 6.387, de 05 de março de 2008 foi revogado pelo Decreto nº 7.959, de 2013.

Anexo. II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Brasília, 2008

Teixeira, Daniel Viana. Desigualdade de gênero: sobre garantias e responsabilidades


sociais de homens e mulheres. Revista Direito GV, São Paulo: v. 6, n. 1, p. 259.

A este respeito, decidiu o Superior Tribunal de Justiça que: “A definição da conceituação


de crimes de menor potencial ofensivo é da competência do legislador ordinário, que, por isso, pode
excluir alguns tipos penais que em tese se amoldariam ao procedimento da Lei 9.099/95, em razão do
quantum da pena imposta, como é o caso de alguns delitos que se enquadram na Lei 11.340/06, por
entender que a real ofensividade e o bem jurídico tutelado reclamam punição mais severa” (CC
96.522/MG, Rel. Min. Napoleão Nunes, j. 05.12.2008, Dje 19.12.2008).

Campos, Carmen Hein de. Op. cit., p. 258. 21. STF, Plenário, ADC 19/DF, Rel. Min.
Marco Aurélio Mello, j. 09/02/2012.

Maria Berenice Dias. A Lei Maria da Penha na justiça: A efetividade da Lei 11.340/2006
de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher. 2. ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais: 2010. p. 85/86:

“A Lei Maria da Penha – lei da mesma hierarquia – afastou a violência doméstica da égide da
Lei 9.099/95. Assim, se a vítima é mulher e o crime aconteceu no ambiente doméstico, não pode
ser considerado de pouca lesividade e não mais será apreciado pelos Juizados Especiais
Criminais – JECrims. Mesmo que tenha o legislador usado a expressão ‘crimes’ para repudiar
os Juizados Especiais, nem as contravenções penais continuam nesses juizados. De todo
descabido que a lesão corporal e os demais crimes sejam encaminhados aos JVDFMs, e
as contravenções de vias de fato, importunação ofensiva ao pudor e perturbação da
tranquilidade, por exemplo, persistam sendo apreciadas nos JECrims. (...)” (páginas
85/86)
13

Guilherme de Souza Nucci. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. 5. ed. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais: 2010. p. 1284.

“Onde se lê crimes, leia-se, em verdade, infração penal, o que permite abranger a


contravenção penal. Ilustrando, se vias de fato (art. 21, Lei de Contravenções Penais)
forem cometidas contra a mulher, no âmbito doméstico, cuida-se de contravenção penal
não sujeita à Lei 9.099/95, pois esse é o escopo da Lei 11.340/2006. ”

JULGADOS: VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – ARTIGO 41 DA LEI Nº 11.340/06


– ALCANCE. O preceito do artigo 41 da Lei nº 11.340/06 alcança toda e qualquer
prática delituosa contra a mulher, até mesmo quando consubstancia contravenção
penal, como é a relativa a vias de fato. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – ARTIGO
41 DA LEI Nº 11.340/06 – AFASTAMENTO DA LEI Nº 9.099/95 –
CONSTITUCIONALIDADE. Ante a opção político-normativa prevista no artigo
98, inciso I, e a proteção versada no artigo 226, § 8º, ambos da Constituição
Federal, surge harmônico com esta última o afastamento peremptório da Lei nº
9.099/95 – mediante o artigo 41 da Lei nº 11.340/06 – no processo-crime a revelar
violência contra a mulher. (STF; HC 106.212/MS, Relator Ministro Marco
Aurélio, DJe 13/06/2011).

HABEAS CORPUS. VIAS DE FATO. CONTRAVENÇÃO PENAL


PRATICADA EM ÂMBITO DOMÉSTICO OU FAMILIAR. COMPETÊNCIA
PARA PROCESSAR E JULGAR A INFRAÇÃO PENAL. ARTIGOS 7º E 33 DA
LEI MARIA DA PENHA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA VARA CRIMINAL.
1. Configurada a conduta praticada como violência doméstica contra a mulher,
independentemente de sua classificação como crime ou contravenção, deve ser
fixada a competência da Vara Criminal para apreciar e julgar o feito, enquanto não
forem estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher, consoante o disposto nos artigos 7º e 33 da Lei Maria da Penha. (...) (STJ;
HC 158.615; Proc. 2010/0000735-4; RS; Quinta Turma; Rel. Min. Jorge Mussi;
Julg. 15/02/2011; DJE 08/04/2011)

CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO. JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL


E JUSTIÇA COMUM. VIAS DE FATO. LEI Nº. 11.340-2006. VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA. VÍTIMA MULHER. Enquanto os "juizados especiais de violência
doméstica e familiar contra a mulher" não forem criados e instalados, a
competência para conhecer, processar e julgar a suposta prática de infrações penais
afetas à Lei Maria da penha (Lei nº. 11.340-2006) recai, de regra, sobre Vara
Criminal do juízo comum, independentemente da conduta imputada tipificar crime
ou contravenção penal. Julgado procedente o conflito negativo de jurisdição.
(TJRS; CJ 431667-46.2011.8.21.7000; Canoas; Sexta Câmara Criminal; Rel. Des.
Cláudio Baldino Maciel; Julg. 15/12/2011; DJERS 17/01/2012)

PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.


CONTRAVENÇÃO DE VIAS DE FATO OCORRIDA NO ÂMBITO
DOMÉSTICO E FAMILIAR. PROCESSAMENTO PERANTE O JUIZADO
ESPECIAL CRIMINAL. IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA REGRA
CONTIDAS NO ART. 41 DA LEI Nº 11.340/06. COMPETÊNCIA DO JUÍZO
DA VARA CRIMINAL. RECURSO PROVIDO. 1. Conquanto a Lei Maria da
penha, ao rechaçar a incidência da Lei n. º 9.099/95 aos casos por ela aventados,
refira-se ""aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a
mulher"", tenho que a expressão ""aos crimes"" deve ser interpretada de forma
mais ampla, haja vista a intenção do legislador de punir, severamente, toda e
qualquer conduta violenta praticada contra a mulher, nos âmbitos doméstico,
familiar e das relações de afeto, inclusive contravenção penal de vias de fato,
afastando, pois, expressamente, a aplicação da Lei dos juizados especiais ao
presente caso. 2. Tratando-se o ilícito praticado de violência doméstica contra a
mulher, independentemente de ser crime ou contravenção, há de se reconhecer a
competência do juízo da 1ª Vara Cível, criminal e de execuções penais da Comarca
de boa esperança para conhecer, processar e julgar o feito, haja vista a ausência de
juizados especiais de violência doméstica e familiar contra a mulher, conforme
disposto nos artigos 33 e 41 da Lei Maria da penha. 3. Recurso provido. (TJMG;
RSE 0008342-95.2010.8.13.0071; Boa Esperança; Sétima Câmara Criminal; Rel.
Des. Marcilio Eustáquio Santos; Julg. 13/10/2011; DJEMG 08/11/2011)
14

8. PROJETO DE LEI

Projeto que beneficia mulheres vítimas de violência em programas habitacionais vai à Câmara
Projeto de Lei 4692/2019
O Senado aprovou nesta quinta-feira 06/05/2021 o Projeto de Lei (PL) 4.692/2019, que concede
prioridade às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar nos programas sociais de acesso à moradia
financiados por recursos públicos como o Minha Casa, Minha Vida. O texto, de autoria do senador Ciro
Nogueira (PP-PI), segue agora para análise na Câmara dos Deputados.
Pelo projeto, 10% das unidades edificadas nos programas habitacionais públicos ou subsidiados
com recursos públicos serão reservados para atendimento prioritário à mulher vítima de violência doméstica e
familiar. Para a concessão da prioridade, a situação de violência deverá ser comprovada por meio de inquérito
policial instaurado, de medida protetiva aplicada ou de ação penal baseada na Lei Maria da Penha (Lei 11.340,
de 2006). Além disso, para se obter a prioridade, também é necessário relatório do Centro de Referência de
Assistência Social.
Ciclo de violência O
relator da matéria, senador Marcelo Castro (MDB-PI), foi favorável à proposta. Para ele, a prioridade no acesso
a programas sociais de moradia é ainda mais relevante diante do cenário de pandemia, quando a violência
doméstica e familiar cresceu consideravelmente. Segundo o senador, “o maior convívio familiar causado pelo
isolamento social e o acúmulo de frustrações e ansiedade aumentaram os pretextos para agressões”.
Na sua justificativa do projeto, Ciro Nogueira informou que, em 2018, 16 milhões de mulheres
sofreram algum tipo de violência, sendo a moradia o palco de 40% dos casos. O autor da proposta observou
que muitos estados e municípios já adotam a iniciativa de estabelecer prioridade para as vítimas da violência
doméstica no acesso à moradia digna. “Precisamos alcançar aquelas mulheres que estão em situação mais
vulnerável, maltratadas pela pobreza econômica e pela violência doméstica”.
Mulheres chefes de família O
relator acatou emenda apresentada pela senadora Rose de Freitas (MDB-ES) para que a mulher chefe de família
também seja contemplada com o benefício da prioridade em programas habitacionais medida solicitada
também nas emendas de Rogério Carvalho (PT-SE) e Mara Gabrilli (PSDB-SP).
Outras emendas Marcelo
Castro também acatou emenda do senador Jayme Campos (DEM-MT) para utilizar a expressão “violência
doméstica e familiar”, consagrada na Lei Maria da Penha, no lugar de “violência doméstica”. O relator
acrescentou ainda um dispositivo para garantir o sigilo dos dados das vítimas de violência na divulgação da
relação de beneficiários dos programas habitacionais. Outras quatro emendas foram rejeitadas.5

Violência contra a mulher: Sinal Vermelho está prestes a virar lei federal

5
SENADO FEDERAL
15
Projeto de Lei n. 741/2021

O Senado Federal aprovou nessa quinta-feira (1º/7) o Projeto de Lei n. 741/2021, que cria o
programa Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica. O projeto ainda insere no Código Penal o crime de
violência psicológica contra a mulher. Com isso, após sanção da Presidência da República, a campanha lançada
há pouco mais um ano pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pela Associação dos Magistrados Brasileiros
(AMB) para reforçar o combate à violência contra a mulher irá se tornar lei nacional. A Sinal já se tornou lei
estadual em 10 estados: Alagoas, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Paraíba, Paraná, Rio de
Janeiro, Rondônia e Sergipe.
A campanha foi lançada em junho do ano passado pelo CNJ em parceria com a Associação dos
Magistrados Brasileiros (AMB) para oferecer às vítimas de agressões familiares durante a pandemia da nova
corona vírus um canal de denúncia de maus-tratos e de violência doméstica.
De acordo com a relatora do projeto, senadora Rose de Freitas, o índice de violência contra a
mulher no Brasil aumentou cerca de 75% durante a pandemia da Covid-19 que ainda não acabou. Por isso,
destacou, “nos deparamos com a necessidade de que esta lei entre em vigor o quanto antes”. Rose cobrou mais
Justiça para evitar a violência contra as mulheres. “A gente sabe que cada dia é um dia, cada luta é uma luta.
Mas vamos vencer pela cultura, pela educação e pela obstinação das mulheres. ”

Sinal Vermelho
O texto prevê que o Executivo, o Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública e órgãos
de segurança pública poderão estabelecer parceria com estabelecimentos comerciais privados para o
desenvolvimento do programa Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica e Familiar. O programa define,
entre outras medidas, que a letra X escrita na mão da mulher, preferencialmente na cor vermelha, funcionará
como um sinal de denúncia de situação de violência.
Violência psicológica
O projeto aprovado pelo Senado inclui no Código Penal o crime de violência psicológica contra
a mulher, a ser atribuído a quem causar dano emocional que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento
ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões. Isso pode ocorrer por meio
de ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, limitação do direito de ir e vir
ou qualquer outro método. A pena será de reclusão de seis meses a dois anos e multa.
A proposta ainda inclui na Lei Maria da Penha o critério de existência de risco à integridade
psicológica da mulher como um dos motivos para que juízes e juízas, delegado e delegadas ou mesmo policiais
quando não houver delegado afastem imediatamente o agressor do local de convivência com a ofendida.
Atualmente isso só pode ser feito em caso de risco à integridade física da vítima.6

9. DISPOSITIVOS LEGAIS

As Diretrizes para atendimento em casos de violência doméstica contra meninas e mulheres

6 Fonte: Agência CNJ de Notícias


16
(Gênero) em tempos da Pandemia da COVID-19 foram abordadas com base em recomendações
internacionais para atuação dos governos nos respectivos casos; protocolos internacionais de
atendimento, fluxos e proteção de dados em casos de crises sanitárias e humanitárias; e
recomendações sobre o atendimento às mulheres em situação de violência durante o isolamento
social.

Ao primeiro alerta de aumento da violência doméstica algumas medidas passaram a ser


adotadas no Brasil para a continuidade do atendimento, soluções como atendimento por telefone e
aplicativos de mensagens e campanhas nas redes sociais foram colocadas em prática, aumentou
também a divulgação da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 e do Disque 100, do governo
federal. Paulatinamente, novos serviços foram agregados, como os registros online de ocorrências
policiais e solicitação de medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha.

Apenas por meio da Lei 14.022, de 7 de julho de 2020, os serviços especializados de


atendimento às mulheres foram incluídos entre os serviços essenciais e, em muitas situações
enfrentam barreiras para adaptar o atendimento que não seja presencial. A escassez de recursos
financeiros pode impactar na rapidez com que tiveram que migrar para as novas formas de
funcionamento.
Art. 3º O poder público deverá adotar as medidas necessárias para garantir a manutenção do
atendimento presencial de mulheres, idosos, crianças ou adolescentes em situação de violência, com
a adaptação dos procedimentos estabelecidos na Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da
Penha), às circunstâncias emergenciais do período de calamidade sanitária decorrente da pandemia
da Covid-19.

Diante do exposto se fez necessário a criação de mais uma lei que pudesse cessar as ações de
violência doméstica no Brasil. Publicada no Diário Oficial em 28 de Julho de 2021, a Lei nº14.188
define o programa de cooperação Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica como uma das
medidas de enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher previstas na Lei nº
11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 (Código Penal), em todo o território nacional; para modificar a modalidade da pena da lesão
corporal simples cometida contra a mulher por razões da condição do sexo feminino e para criar o
tipo penal de violência psicológica contra a mulher.
A nova legislação altera o parágrafo 13 do artigo 129 do Código Penal. Com isso, se a lesão
contra a mulher for por razões da condição do sexo feminino, a pena é de reclusão de um a quatro
anos. Outra mudança interessante é a criação do artigo 147-B no Código Penal. Sua redação é:
“Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou
que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do
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direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e
autodeterminação.

A pena para o agressor se a conduta não constituir crime mais grave é de seis meses a dois
anos de reclusão e multa.
Vale salientar que este conceito de violência psicológica já vinha definido no inciso 2, art.7º
da lei Maria da Penha. Também vale ressaltar o artigo 41 da Lei Maria da Penha. Como a violência
psicológica constitui uma espécie de violência, não se aplica a lei 9.099/95. “Ou seja, não há o que se
falar em termos circunstanciais, vai ter prisão em flagrante sim”. Por fim, também há alteração no
artigo 12-C da lei Maria da Penha. Ele passa a vigorar com a seguinte norma: “Verificada a existência
de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física ou psicológica da mulher em situação de
violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do
lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida: Redação dada pela Lei nº 14.188, de 2021.
I – Pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019);
II – Pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou (Incluído pela
Lei nº 13.827, de 2019);
III – pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado
disponível no momento da denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) ”;

A lei do Crime de Stalking, (Lei 14.132, de 2021; é um importante passo no combate a


violência contra a mulher e ao feminicídio. O crime de stalking é definido como perseguição reiterada,
por qualquer meio, como a internet (cyberstalking), que ameaça a integridade física e psicológica de
alguém, interferindo na liberdade e na privacidade da vítima (Fonte: Agência Senado).
Anteriormente, essa prática só era condenada como contravenção penal, que previa o crime de
perturbar a paz alheia, punível com pena de prisão e multa de 15 dias a 2 meses. De acordo com a
nova lei, quem perseguir crianças, jovens, idosos ou mulheres com base no sexo aumentará a pena
em 50%. No caso do uso de armas ou da participação de duas ou mais pessoas, também são previstas
penas agravadas.
Por ter pena prevista menor que oito anos, porém, o crime não necessariamente provocará
prisão em regime fechado. Os infratores podem pegar de seis meses a dois anos de reclusão em regime
fechado e multa.

Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)


§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das
relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
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Lesão leve
Agressão sem grandes consequências
Pena leve – de 3 meses a 1 ano de detenção
Artigo 129, caput do Código Penal;

Lesão grave
Quando resulta em:
-Sequelas temporária por mais de 30 dias
-Perigo de vida
- Fragilidade de membro, sentido ou função
-Aceleração do parto
Pena – de 1 a 5 anos de reclusão
Artigo 129, § 1º

Lesão gravíssima
Quando resulta em:
-Incapacidade permanente para o trabalho;
-Enfermidade incurável;
-Perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
- Deformidade permanente;
- Aborto
Pena – 2 a 8 anos de reclusão
Artigo 129, § 2º

Lesão corporal com resultado morte


Para configurar o crime, deve ficar claro que o autor não queria a morte, nem assumiu o risco
de causá-la.
Pena – 4 a 12 anos de reclusão
Artigo 129, § 3º

Lembrando que dependendo das qualificadoras o causador pode pegar a pena máxima que é
de 30 anos, de acordo com o código penal brasileiro.

O tema da violência doméstica pode e deve, ainda, ser discutido quando essa Pandemia passar,
sempre. Infelizmente, como foi dito, a violência é um fenômeno multicausal e deve sempre receber
atenção. Entendemos que não há saúde, sem saúde mental. Certamente, não há saúde mental em meio
a um ciclo de violência.
Certamente que a sociedade deve sempre provocar o judiciário e os seus legisladores para que
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as mudanças ocorram, de tempos em tempos os conceitos mudam e temos que estar preparados para
as mudanças.

Capítulo 1 – Lei Maria Da penha - nº 11.340

Capítulo 2 – Quais os meios de Prevenção contra mulheres durante o confinamento


na pandemia.

Capítulo 3 – Considerações Finais

É A CONCLUSÃO PRELIMINAR. FAZER POR ÚLTIMO

6 - CRONOGRAMA DE PESQUISA

ETAPAS MESES CONTÉUDO A SER DESENVOLVIDO


1° Fevereiro Pesquisa; leitura de leis; levantamento bibliográfico;
Março resumos; escrita do capitulo 1.
Abril

2° Maio Pesquisa; leitura de leis; levantamento bibliográfico;


Junho resumos; escrita dos capitulos 2 e 3.
Julho
3° Agosto Pesquisa; leitura de leis; levantamento bibliográfico;
Setembro resumos; escrita dos capitulos 3 e 4.

4° Outubro Confecção dos capitulos 5 e 6; ajustes dos capítulos


Novembro anteriores.
Dezembro
20

7. REFERÊNCIAS

1. PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional.

2. 11 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2010. Página 339. 117 ALVES, Deyvis de Oliveira
Marques. Violência doméstica e familiar contra a mulher [Livro Digital]. Editora FONAVID.
Natal, 2017. Pág. 51. Disponível em: https://www.amb.com.br/fonavid/files/livro-
fonavid.pdf&ved= https://cidh.oas.org/annualrep/2002port/brasil122

3. GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral - v. 1. 17. ed. Niterói: Impetus,
2015. 885 p. ---- Localização: 343.2(81) / G799c / v.1 / 17.ed

4. BARROSO, Luiz Roberto. O Direito Constitucional e a efetividade de suas normas. Limites


e possibilidades da Constituição brasileira. Ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. P.87”

5. JURISPRUDÊNCIA: TJSP e Jus Brasil

6. DOUTRINA: Senado, Agencia CNJ Noticias

7. DISPOSITIVOS LEGAIS

https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.022-de-7-de-julho-de-2020-265632900;

https://www.sejus.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2021/01/violencia-domestica-em-tempos-de-
pandemia.pdf;
https://folhadirigida.com.br/blog/lei-14188-2021/;
https://www.diariodasleis.com.br/busca/exibelink.php?numlink=1-96-15-1940-12-07-2848-
PET1C2;
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/04/05/lei-que-criminaliza-stalking-e-
sancionada;

https://www.tjdft.jus.br/@@search?selected=Document&portal_type%3Alist=Folder&portal_type
%3Alist=Document&SearchableText=lei+14.188

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