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DEPARTAMENTO DE LETRAS
Professora
2022.2
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O texto e a situação
LPIn – Aula 1
Natalia Pasternak
Vacinas infantis são o alvo mais fácil. Os mercadores da dúvida sabem que
pais e mães com filhos pequenos são vítimas fáceis de incerteza e angústia. Afinal,
uma coisa é um adulto decidir se vacinar e assumir para si os possíveis riscos
associados. Outra coisa é decidir em nome de uma criança.
Calcular riscos envolvendo a saúde de nossos filhos traz um medo de errar
muito grande. A tentação de optar por não fazer nada é enorme: se a vacina trouxer
algum problema, quem mandou aplicar se sente culpado. Se a criança, não
vacinada, ficar doente, pode-se dizer que a culpa é do acaso, ou do destino.
Isso é o que chamamos, em comunicação de ciência, de viés de omissão. É
compreensível, mas errado: não vacinar não é deixar as coisas nas mãos da
Providência, é escolher expor a criança a um risco muito maior do que o trazido pela
vacina.
O resultado do apelo sinistro à insegurança dos pais já aparece. Diversos
municípios no Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul já reportam
números abaixo do esperado de crianças vacinadas.
Estabelecido o movimento antivacinas, agora com apoio do Estado, só
informar não basta. Pais e mães precisam ser acolhidos, suas incertezas
respeitadas ao mesmo tempo em que tentamos debelá-las, e o movimento
antivacinas, desconstruído. Isso envolve entender como está organizado no Brasil, e
não apenas ficar reverberando nas mídias sociais que vacinas são legais.
Campanhas precisam ser organizadas pelos estados e municípios, e os
propagadores do negacionismo devem ser expostos e punidos, inclusive os
infiltrados no governo federal, alinhado a uma ideologia de extrema direita que
disfarça ignorância, machismo e racismo como “liberdade individual”. Quanto tempo
até que a confiança em todas as vacinas infantis seja abalada?
O ano eleitoral de 2022 traz uma oportunidade para o exercício da cidadania
do brasileiro: a oportunidade de cobrar dos candidatos uma posição perante o
negacionismo científico. Não apenas cobrar investimento em ciência, mas cobrar o
respeito à ciência nas políticas públicas. É o momento de perguntar para o seu
candidato: qual o seu plano para restaurar as campanhas de vacinação? Para
restabelecer o PNI? Para fortalecer o SUS? Para conter o desmatamento e
promover agricultura sustentável? A ciência ocupou o debate público nos últimos
dois anos, em pé de igualdade com economia e política. Não vamos permitir que
seja novamente jogada para escanteio.
O Globo. 7/2/2022
Disponível em
https://blogs.oglobo.globo.com/a-hora-da-ciencia/post/o-crescimento-dos-antivacinas-no-brasil.html
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Pelo menos algumas coisas essenciais já deveriam ter ficado claras na cabeça das
pessoas depois de quase dois anos de pandemia, mas nossa incapacidade coletiva de
aprender o básico do básico nunca deixa de me surpreender. Um dos exemplos mais
estúpidos é o fato de que ainda tem gente sonhando com "imunidade natural" como
passaporte mágico para sair do limbo do coronavírus. Não é melhor todo mundo "pegar
logo" o diacho da doença? Não seria uma proteção igual à da vacina, ou até melhor?
Não, não seria. A cavalgadura que ora ocupa o Palácio do Planalto pode ficar
repetindo o quanto quiser essa falácia (o que, infelizmente, ele tem feito diversas vezes ao
longo dos últimos anos), mas isso não vai transformar a besteira em fato.
Já volto à comparação com as vacinas, tema que continua sendo importantíssimo,
mas peço ao leitor que dê um passo atrás comigo antes disso. Acontece que quem se fia na
imunidade natural está agindo com base numa premissa falsa sobre o tipo de inimigo
microscópico que causa a Covid-19.
As interações entre os causadores de doenças e o sistema de defesa do nosso
organismo são de uma complexidade barroca, e ainda falta muito para compreendê-las
totalmente, mas um aspecto indiscutível delas é que a duração da imunidade obtida por
quem se recupera do ataque de um vírus varia muito. Em geral, essa variabilidade tem a ver
com o tipo de invasor.
Sabemos que certos vírus podem gerar imunidade para o resto da vida em quem
sobrevive a eles. É o caso do causador do sarampo —um flagelo que, aliás, tem retornado
ao Brasil por causa do nosso descuido com a vacinação. Numa simplificação para fins
didáticos, vamos chamar os vírus desse feitio de "tipo 1".
Mas todo mundo já deveria ter se familiarizado com o multiforme vírus da gripe.
Ninguém pega gripe uma única vez na vida e fica imune pelas décadas seguintes. As
pessoas voltam a adoecer de gripe o tempo todo, talvez até dezenas de vezes da primeira
infância até a velhice. Em parte, isso se dá porque existe uma enorme variedade de cepas
(subgrupos) do chamado vírus influenza, as quais contam com grande potencial de
recombinar partes de seu material genético e, assim, chutar a bola por entre as pernas do
nosso sistema imune. Agora, chamemos os vírus como o da gripe de "tipo 2".
Bem, o Sars-CoV-2, causador da Covid-19, não é um vírus do tipo 1. Está claríssimo
que ele é um vírus do tipo 2. Para sorte de todos nós, seus mecanismos de reconfiguração
genética estão longe de ser tão versáteis quanto os dos vírus influenza, mas ainda são
robustos o bastante para permitir múltiplas reinfecções ao longo da vida. Não há nada de
surpreendente nisso, porque é exatamente assim que operam seus parentes que são
nossos velhos conhecidos, os coronavírus que causam formas de resfriado comum.
Quantos resfriados o gentil leitor já pegou na vida?
Portanto, é conversa de lunático dizer que o "corona" versão ômicron é uma "cepa
vacinal". Quem pegou o Sars-CoV-2 "versão 1.0" pode muito bem ter se reinfectado com a
variante delta em 2021 e ainda ter ganhado outra reinfecção de lambuja com a ômicron em
2022.
E as vacinas? Elas foram projetadas para gerar uma resposta padronizada, robusta e
focada do sistema de defesa do organismo, sem os subterfúgios que o vírus usa numa
infecção natural. Já sabemos que não são perfeitas, e a necessidade de atualizá-las com
novas versões do vírus ou de seu material genético se avizinha —a exemplo do que se vê
com a vacina da gripe. Mas elas são muito, muito melhores que a alternativa. Vacine-se.
Vacine seus filhos.
Adequação de registro
LPIn – Aula 2
2. O que se diz é uma criação conjunta. 2. O texto é geralmente criado por um autor.
6. O ambiente ao redor pode ser usado para 6. Tudo deve estar totalmente contido no
indicar o sentido do que é dito, bem texto, através da sintaxe, pois quem
como para interpretar os sinais. interpreta o sentido do que está escrito
está distante do escritor.
(Quadro elaborado a partir de material produzido pela profa. Alzira Tavares Macedo – UFRJ)
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Fala Escrita
1. Frases mais curtas, pausas entre 1. Frases mais longas. Orações mais
orações. Mais coordenação do que integradas. Mais subordinação. Uso variado
subordinação. Maior frequência dos de outros conectivos.
conectivos e, aí, então ou de conexão
assindética de orações.
8. Uso frequente do discurso direto, com 8. Uso frequente do discurso indireto, com
entonação, mudança de voz etc., indicando alterações que precisam ser feitas nos tempos
troca de personagens. e modos verbais.
10. Emprego de gírias e vocábulos de sentido 10. Seleção vocabular mais precisa.
“genérico” (como coisa, troço)
12. Preferência pela ordem direta 12. Maior uso de ordem inversa.
(sujeito-verbo-objetos-adjuntos).
13. A ordem das sentenças reflete a ordem de 13. Uso de conectivos que exprimem a ordem
ocorrência dos fatos. real de ocorrência.
p.ex.: Cheguei do trabalho, tomei banho, jantei e p.ex.: Antes de ver a novela, tomei banho e jantei
vi a novela. assim que cheguei do trabalho.
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(...) uma vez uma... uma amiga falou pra mim... "engraçado aqui"... ela não é brasileira...
então ela falou assim... ela é equatoriana... ela disse assim... "engraçado no Rio...
principalmente Copacabana Ipanema Leblon... a gente anda cercado de gente à beça... mas
ninguém olha pra gente... ninguém..."... e sozi/... você parece ir sozinha... e você po/...
como... ela dizia... "pôxa eu não tenho muito poder aquisitivo agora... mas eu posso andar
de calça Lee durante um mês que ninguém vai olhar pra mim..."... vai per/... dizer se ela está
ruça... rasgada ou eu que ando muito bem alinhado... muito bem arrumado e ninguém
repara... no mesmo bar em que se senta uma... uma... não digo um ... restaurante de luxo
entende... mas um bar... um bar assim da moda em que senta um... um deputado... senta
muito bem arrumado e tal... do lado dele senta um rapaz hippie... uma moça muito tranquila
mesmo e não... não se sente choque...
http://www.letras.ufrj.br/nurc-rj/ Acesso em 8/4/2010.
Uma vez, uma amiga, que é equatoriana, me disse que acha engraçado o fato de que,
no Rio, principalmente em Copacabana, Ipanema e Leblon, as pessoas andam cercadas de
muitas outras, mas parece que vão sozinhas, pois ninguém olha para ninguém. Ela disse
ainda que não tem muito poder aquisitivo, mas pode andar de calça Lee durante um mês
que ninguém vai reparar se a calça está desbotada e rasgada, assim como ninguém repara
se um outro anda muito bem vestido. Ela notou que, num mesmo bar da moda, pode se
sentar uma pessoa muito bem arrumada, como um deputado, e, ao lado dela, se sentar um
rapaz hippie, sem que isso provoque estranheza.
EXERCÍCIOS
(...) eu acho que a nossa solidão vira neurose... Ipanema é muito bom... maravilhoso...
você pode andar como você quer... como você não quer... como você quer... mas ao mesmo
tempo a pessoa... eu sinto muita alienação... entende... os contatos são superficiais...
entende... não sei se decorrente de Ipanema em si... ou já Ipanema é decorrente do Rio de
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Janeiro ou não sei... problemas de pessoas... de épocas... mas você sente é uma alienação
incrível entende...
a. Peguemos como exemplo o ano letivo de uma criança que acaba de ingressar no
primeiro grau.
b. Se o incentivo ao estudo fosse maior, essas crianças iam dar um jeito de ir à escola.
c. O que vemos é um monte de gente na rua sem ter o que comer.
d. As pessoas corruptas têm de aprender na porrada, têm de sofrer.
e. Os políticos são capazes de sacanear a própria família.
f. Na PUC, o curso dá uma base legal, mas lá fora é que a gente vai ver o pega pra capar.
LPIn – Aula 11
Danilo Marcondes
Drauzio Varella
sintomas que nos afligem, os pacientes não devem saber para que grupo foram
sorteados. Da mesma forma, é preciso evitar que o julgamento do médico seja
comprometido.
Para evitar esses vieses, há necessidade de administrar um placebo para o
grupo-controle, comprimido inerte (geralmente talco) com aparência idêntica à do
que contém a droga em teste, de modo que nem o participante nem o médico
possam identificar quem está em cada grupo (duplo cego).
Os participantes serão seguidos até que o número de desfechos clínicos nos
dois grupos (cura, piora, mortalidade, sobrevida ou outro) seja suficiente para que os
dados nos deem pelo menos 95% de certeza de que são significantes do ponto de
vista estatístico.
Como explicar a necessidade de estudos tão detalhados para quem não teve
formação científica? É muito mais fácil para os mistificadores contestá-los com base
em crenças pessoais, opiniões, dados falsos, interesses políticos ou financeiros.
Nem precisam se dar ao trabalho de contra-argumentar, basta pôr os resultados em
dúvida: “não é bem assim”, “eu não acredito nisso”.
Médicos criteriosos se baseiam em estudos conduzidos com tanto rigor,
porque foi graças a eles que a medicina contribuiu para duplicar a expectativa de
vida da população, no decorrer do século 20.
No caso da hidroxicloroquina, nenhum estudo prospectivo, randomizado,
controlado, em duplo cego, mostrou que pacientes tiveram qualquer benefício em
comparação com os que receberam placebo.
Então, por que há médicos que a receitam? A resposta, prezado leitor, deixo a
seu critério.
Pensamento científico
Antônio Gois
O Globo. 24/1/2022.
Disponível em https://blogs.oglobo.globo.com/antonio-gois/post/pensamento-cientifico.html
Planejamento textual
LPIn – Aula 3
EXERCÍCIO
O texto a seguir foi escrito por um estudante a partir do tema O uso de animais para
satisfação de interesses humanos. Após ler o texto, responda:
É possível identificar a posição assumida pelo autor do texto diante do tema? Quer dizer: é
possível saber se ele é contrário ou favorável ao uso dos animais pelos seres humanos?
Justifique sua resposta, avaliando a organização das ideias no texto.
Animal servente
Na sociedade em que vivemos, é muito difícil distinguir o certo do errado, pois não
há muita definição do que devemos fazer ou não. O uso dos animais de acordo com
os nossos próprios interesses é um dos temas que causam, ainda, muita polêmica
na população diferenciada na qual vivemos. Existem casos e casos. Até mesmo
movimentos de grupos que defendem os direitos dos animais entram em questão.
Muitas pessoas ainda defendem seus direitos de maneiras mais radicais, como
formar grupos de defesa e fazer passeatas e movimentos para mostrar aos outros o
que querem. Gosto não é o tipo de discussão plausível, pois sempre haverá dois
tipos conflitantes. Nesse caso, se analisado bem, os animais também deveriam ter
direitos, e o mais procurado pela maioria deles é a sobrevivência. Maltratar os
animais para nossa alimentação é algo inadmissível para um vegetariano. Já para
os carnívoros, é algo de extrema necessidade e normal.
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⇒ Nível interpessoal:
O leitor
- Definição do público-alvo do texto (uma pessoa, um grupo, diferentes grupos de pessoas).
- Avaliação do relacionamento que se deseja estabelecer com o leitor (próximo, distante).
- Verificação de conhecimento prévio que o leitor possui sobre o assunto.
- Levantamento das necessidades informacionais do leitor.
O produtor
- Definição da imagem que se deseja projetar.
- Avaliação do ponto-de-vista que se tem sobre o assunto (positivo, negativo, neutro).
⇒ Nível ideacional
Geração de ideias
- Definição das informações que potencialmente poderiam ser incluídas no texto.
- Técnicas: tempestade de ideias; associação de ideias; perguntas e respostas – o porquê, o
para que, o como, as causas e as consequências.
Seleção de ideias
- Escolha das informações que de fato irão integrar o texto.
Organização de informações
- Verificação do vínculo entre as informações selecionadas e formação de grupos de ideias.
- Ordenação das informações considerando-se as decisões tomadas no nível interpessoal (o
mesmo grupo de ideias pode ser ordenado de forma diferente dependendo dos efeitos de
sentido que se deseja produzir com o texto).
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⇒ Nível textual
FRAGMENTO DO TEXTO:
Para você, buscar a felicidade consiste em exercer uma rigorosa disciplina do corpo;
para outros, é comilança e ociosidade. Alguns procuram o agito da vida urbana, e outros, o
silêncio do deserto. Há os que querem simplicidade e os que preferem o luxo. Buscar a
felicidade, para alguns, significa servir a grandes ideais ou a um deus; para outros,
permitir-se os prazeres mais efêmeros.
Invento e procuro minha versão da felicidade, com apenas um limite: minha busca
não pode impedir os outros de procurar a felicidade que eles bem entendem. Por isso,
obviamente, por mais que eu pense que isto me faria muito feliz, não posso dirigir bêbado,
assaltar bancos ou escutar música alta depois da meia-noite. Por isso também não posso
exigir que, para eu ser feliz, todos busquem a mesma felicidade que eu busco.
Por exemplo, você procura ser feliz num casamento indissolúvel diante de Deus e
dos homens. A sociedade deve permitir que você se case, na sua igreja, e nunca se
divorcie. Mas, se, para ser feliz, você exigir que todos os casamentos sejam indissolúveis,
você não será fundamentalmente diferente de quem, para ser feliz, quer estuprar, assaltar
ou dirigir bêbado.
(...) você desprezará a busca da felicidade de seus concidadãos exatamente como o
bandido ou o estuprador a desprezam.
Todos inventam e procuram sua versão da felicidade, com apenas um limite: a busca
de um não pode impedir os outros de procurar a felicidade que eles bem entendem. Por
isso, obviamente, por mais que alguém pense que isto o faria muito feliz, não pode dirigir
bêbado, assaltar bancos ou escutar música alta depois da meia-noite. Por isso também
nenhuma pessoa pode exigir que, para ela ser feliz, todos busquem a mesma felicidade que
ela busca.
Por exemplo, alguém procura ser feliz num casamento indissolúvel diante de Deus e
dos homens. A sociedade deve permitir que essa pessoa se case, na sua igreja, e nunca se
divorcie. Mas, se, para ser feliz, essa pessoa exigir que todos os casamentos sejam
indissolúveis, ela não será fundamentalmente diferente de quem, para ser feliz, quer
estuprar, assaltar ou dirigir bêbado.
(...) ela desprezará a busca da felicidade de seus concidadãos exatamente como o
bandido ou o estuprador a desprezam.
A água encanada de nossas casas vem de rios e lagos. Para que possamos bebê-la,
porém, ela precisa ser purificada. Assim, evitamos ingerir uma série de impurezas e
micro-organismos nocivos à nossa saúde. (jan./fev. 2007. p.28.)
A água encanada da casa das pessoas vem de rios e lagos. Para que se possa bebê-la, porém, ela precisa ser
purificada. (OU: Para que possa ser bebida, porém, ela precisa ser purificada.) Assim, evita-se ingerir uma série de impurezas e
micro-organismos nocivos à saúde humana.
b. Antes da urna eletrônica, o resultado das eleições demorava mais de uma semana
para ser divulgado. Hoje conhecemos os nossos próximos governantes entre cinco e sete horas
após o fim da votação. (out. 2006. p.28.)
c. Há muitas maneiras de abrir ou fechar a sua mochila, o seu casaco ou a sua blusa.
Você pode usar zíperes, botões, fivelas ou velcro. (nov. 2006. p.28.)
3) O fragmento de texto a seguir foi extraído (com adaptações) da revista Ciência Hoje das
Crianças.
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Reescreva o fragmento, empregando o verbo haver onde for cabível, de modo a tornar
o texto mais impessoal.
Na pele, temos as células que formam a epiderme (a camada mais externa da pele,
essa que tocamos). Sobre as células da epiderme, temos uma camada de queratina, uma
proteína que não deixa passar água para o lado de dentro. Além disso, ainda temos os
poros – os pequeninos orifícios por onde sai o suor – e as glândulas sebáceas, que
acompanham os pelos que recobrem toda a superfície do corpo, exceto a palma das mãos e
a sola dos pés.
BONOMO, Adriana; CUNHA, José Marcos. Por que temos de tomar banho? CHC. jan./fev. 2007.
p.20. Fragmento adaptado.
4) O imperativo é o modo verbal usado para dar orientações e instruções. Um texto com uso
do imperativo tende a apresentar um tom pessoal. Se quisermos passar uma frase no
imperativo para um estilo menos pessoal, podemos fazer isso com o emprego do verbo
auxiliar dever, acompanhado do clítico se, assim:
Leia sempre para aumentar seu vocabulário. 🡪 Deve-se ler sempre para aumentar o vocabulário.
Não ultrapasse a faixa amarela. 🡪 Não se deve ultrapassar a faixa amarela.
verbo haver Tive dificuldade para encontrar Houve dificuldade para encontrar
voluntários. voluntários.
clítico se Neste trabalho, faço uma análise da evasão Neste trabalho, faz-se uma análise da evasão
escolar. escolar.
voz passiva Obtive os dados por meio de um Os dados foram obtidos por meio de um
questionário. questionário.
escolha do Acho que os professores precisam ser Parece que os professores precisam ser
verbo da preparados. preparados.
oração Tudo indica que os professores precisam ser
principal preparados.
verbo ser + Não consegui confirmar essa hipótese. Não foi possível confirmar essa hipótese.
adjetivo +
infinitivo
verbal
VIGINHESKI, Lúcia Virginia Mamcasz e outros. O sistema Braille e o ensino da Matemática para
pessoas cegas. Ciência & Educação. v.20. n.4. out.-dez. 2014. Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-73132014000400009&lng=en&nrm=is
o&tlng=pt. Acesso em 2/2/15. Fragmentos.
seus conhecimentos mas não têm tempo de frequentar aulas, cursos de faculdades
presenciais nos centros regionais por motivo de seu trabalho e da distância em que residem.
b) A procura pela educação a distância vem cada vez mais aumentando por pessoas que
quase não têm disponibilidade de tempo e condições financeiras, por isso optam por essa
modalidade de educação.
a. "A verdade é que a cada dia aumenta o número de desempregados no mercado. Mas
esse grupo, que antigamente era formado, na sua maioria, por pessoas com pouco preparo,
tem hoje como participantes profissionais capazes, que estudaram em bons colégios e têm boa
educação.
Arrumar um emprego hoje parece uma questão de sorte, destino, impossível dizer. Só
se pode afirmar que muita gente com boa formação passa o dia batendo perna atrás de algo
para fazer e, no fim do mês, aperta mais um buraco no cinto. (...)" (tema: emprego e mercado
de trabalho)
b. "No mercado atual está cada vez mais difícil conseguir emprego. Até mesmo as
pessoas mais qualificadas, que estudaram anos e anos para conseguir um título profissional,
estão encontrando dificuldades para encontrar um lugar nesse mercado moderno.
Essa dificuldade não é uma coisa nova e sim um problema que vem se agravando
durante os últimos anos. O número de desempregados aumenta a cada ano e os números
conseguem assustar qualquer pessoa. O desemprego, antes um problema das classes mais
baixas, está atingindo também pessoas com uma educação boa e das classes mais altas. A
demanda por empregos no mundo moderno é muito grande e, se o país não tem uma
economia estável, o desemprego é apenas uma consequência. (...)"
(...) Finalmente, pode-se afirmar que o emprego no mundo moderno está cada vez
mais difícil e somente os mais bem qualificados conseguem achar seu lugar no mercado. Não
basta apenas ter uma boa educação, mas também ter a experiência e personalidade para buscar
um lugar em um mercado de trabalho que já está saturado. É claro que uma boa educação
ajuda muito, mas nem sempre é o suficiente. No mundo moderno, é preciso lutar com todas as
armas possíveis para achar um lugar para trabalhar." (tema: emprego e mercado de trabalho)
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8) Ao fazer um pedido de revisão de prova, uma estudante redigiu a justificativa nos seguintes
termos:
“Não é possível que nada do que eu escrevi possa ser aproveitado. Sei que sou burra, mas
será que sou tanto assim para merecer um zero? Eu jamais faria isso com um aluno, pois
tira a motivação dele.”
• A população de animais de corte nos EUA produz 130 vezes mais lixo que a
população humana daquele país.
• Animais de várias espécies sofrem ao serem tratados como mercadoria, apenas
mais um bem de consumo.
• As aves, animais territoriais, ficam estressadas por serem criadas à razão de oito
animais por metro quadrado.
• Alimentos de origem animal causam obesidade, doenças cardiovasculares,
diversos tipos de câncer, alergias.
• Bactérias se tornam mais resistentes devido ao uso em massa de antibióticos na
criação animal.
• Animais morrem covardemente, e seus cadáveres são vendidos aos pedaços.
• Testes de laboratório causam sofrimento aos animais.
• O consumo de produtos animais não é bom para a saúde humana.
• 30% da devastação da floresta amazônica se devem à formação de pastos para
o gado.
• Os alimentos de origem vegetal são isentos de colesterol, são ricos em fibras,
vitaminas e minerais.
• O consumo de produtos de origem animal acarreta problemas ambientais.
• Vacas são separadas de sua cria quando esta tem apenas alguns dias de vida.
• Quando consumimos vegetais, reduzimos o consumo dos recursos naturais em
até 90%.
• Os alimentos de origem vegetal são capazes de suprir todas as necessidades
nutricionais de qualquer pessoa.
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Informações extraídas do artigo “Vegetarianismo radical”, de George Guimarães. Superinteressante. dez. 2000.
Vegetarianismo radical
George Guimarães*
O cheiro de sangue é forte e pode ser sentido de longe. No mercado a céu aberto, o
cliente escolhe o animal que lhe parece mais suculento. O golpe na virilha do cachorro é
rápido, mas a morte não vem depressa. O sofrimento dura alguns minutos. Os animais que
recebem o golpe na jugular têm mais sorte. Mas os abatedores de cães temem a mordida e
preferem atacar o animal por trás.
Essa cena se repete diariamente na China. “Que absurdo”, diriam os ocidentais, para
quem os cães são animais de estimação. O mesmo diria um indiano diante da forma como
tratamos bois e vacas. Não há diferença entre matar um boi e um cachorro para comer. O
raciocínio vale também para o esfolamento de galinhas, porcos e outros animais.
Tortura, dor, sofrimento, desolação. Animais de várias espécies são tratados como
mercadoria, apenas mais um bem de consumo. Morrem covardemente e seus cadáveres
são vendidos aos pedaços. Crescem em ambientes artificiais, agressivos à sua natureza.
Como pode um animal tão dócil quanto uma vaca ser privado do seu instinto materno só
porque a indústria requer que se separe da sua cria quando esta tem apenas alguns dias de
vida? Como as aves, animais territoriais, podem viver à razão de oito animais por metro
quadrado e não se tornarem neuróticas? Isso para não falar das torturas exercidas nos
testes dos laboratórios científicos, mesmo existindo alternativas para o desenvolvimento de
novos produtos.
Há quem ache um direito natural do homem submeter os animais a todo tipo de
crueldade, assim como já foi natural, no passado, que algumas pessoas se julgassem
superiores às outras pela diferença da cor da pele ou do credo religioso. Foi preciso que
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Ou você ou a cobaia
Isaías Raw*
Corre o mundo uma campanha em defesa do direito dos animais, pregando o fim do
seu uso em testes de laboratório. A imagem que se quer passar é a de que os cientistas são
indivíduos sádicos, que usam e matam cobaias inocentes. Há até quem descreva os centros
de pesquisa como campos de concentração repletos de instrumentos de tortura para
animais. Trata-se de uma visão caricatural que contribui para aumentar ainda mais a
ignorância e o preconceito das pessoas diante da ciência.
É provável que essa imagem tenha surgido já no tempo em que Pasteur inoculou a
saliva de um cão com o vírus da raiva no cérebro de outro cão, sadio, e verificou que ele
contraiu a doença. Para fazer essa experiência, Pasteur teve que abrir um orifício no crânio
do cão saudável – um procedimento de fato desagradável, tanto para o cão quanto para o
espectador. Ele também usou coelhos em seus experimentos e transmitiu a infecção,
sucessivamente de um coelho para outro, 25 vezes – até que o agente da raiva no cérebro
do último desses animais se tornasse incapaz de transmitir a doença. No dia 6 de julho de
1885, um garoto de 9 anos, chamado Joseph Meister, foi salvo da raiva depois que Pasteur
injetou o vírus atenuado da doença no pequeno paciente, tendo início ali a técnica de
produção de vacinas que salvaria, no futuro, a vida de milhões de pessoas.
Nenhuma das pesquisas que deram origem às vacinas seria possível sem o uso de
animais de laboratório. Até hoje, a vacina contra raiva é testada em ratos para verificar se
não restou nela nenhum vírus que possa induzir a doença ou provocar efeitos colaterais. Em
apenas uma das etapas da pesquisa com vacinas é possível dispensar o uso de animais,
injetando o agente da doença numa cultura de células em vez de aplicá-lo no organismo das
cobaias. Essa técnica é mais rápida, eficaz e econômica. Mas, infelizmente, não pode ser
usada em todas as etapas da pesquisa. O uso de animais ainda é indispensável para
garantir a saúde da população vacinada assim como para preservar a segurança de
substâncias que compõem os medicamentos. Diminuir ou mesmo banir irresponsavelmente
os testes em animais aumentaria ainda mais os riscos de quem precisa tomar remédios.
Sem essas pesquisas, quem se arriscaria a ir à farmácia?
Há 40 000 anos os homens viviam, em média, 28 anos. Hoje vivem mais de 70.
Devemos isso às pesquisas que utilizam animais. No momento em que você estiver lendo
este artigo, laboratórios acompanham a evolução de doenças hereditárias em ratos para
aliviar, no futuro, o sofrimento dos filhos dos pacientes dessas doenças. Apesar dos ataques
às pesquisas que usam animais geneticamente modificados, estamos mais próximos de um
tratamento para doenças incuráveis, como o Alzheimer, graças ao uso de ratos
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transgênicos. Quem hesitaria em utilizar animais em pesquisas se pudesse, com isso, aliviar
a dor de um familiar portador de uma doença degenerativa e hoje ainda incurável?
Garanto que se os pesquisadores encontrassem outra forma de chegar à cura de
doenças eles dispensariam o uso de cobaias. Pesquisas com animais são caras e longas.
Em novembro deste ano, na Holanda, será realizada uma das poucas convenções sérias
que vão debater alternativas para o uso de animais. Com o imenso título “Avanço da Ciência
e Eliminação de Animais de Laboratório para o Desenvolvimento e Controle de Vacinas e
Hormônios: Objetivo Realista ou Missão Impossível?”, será analisada a eficácia da
tecnologia que poderá, aos poucos, substituir, em alguns casos, o uso de cobaias. Mas essa
substituição levará tempo e a ciência não pode ser refém da histeria de grupos fanáticos –
pessoas que colhem assinaturas em defesa dos animais usados em laboratório mas são
insensíveis aos seres de sua própria espécie que precisam de ajuda.
Enfim, não é inaceitável que usemos animais para o benefício humano. Inaceitável é
ver o homem matar e expor os seus semelhantes ao sofrimento por meio de guerras ou pela
ignorância que rejeita os benefícios dos avanços da ciência. É bem provável que os
defensores dos direitos dos animais acreditem que é uma arrogância do homem moderno
colocar-se no centro do universo – pessoas que, como Pasteur, priorizaram a vida humana
diante da vida de outros animais. Para mim, essa arrogância tem outro nome: humanismo.
http://super.abril.com.br/ciencia/defesa-direito-animais-ou-voce-ou-cobaia-442168.shtml
Exercício
3. Destaque, do primeiro parágrafo, expressões que indicam que o autor do texto não
compartilha do ponto de vista que relata.
4. Identifique, no texto,
a. uma ilustração;
b. uma pergunta retórica;
c. um exemplo;
d. dados quantitativos.
c. Argumentos
1.______________________________________________________
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2. _______________________________________________________
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3. _______________________________________________________
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________________________________________________________
________________________________________________________
d. Contra-argumento:
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
Refutação:
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
29
Modalização
LPIn Aula 5
Intensificação e atenuação:
EXERCÍCIOS
b. Depois dessa fase, os alimentos de origem vegetal são capazes de suprir todas as
necessidades nutricionais de qualquer pessoa.
c. É muito fácil desenhar uma dieta vegan com 200% das recomendações de ferro,
150% de proteína e 100% de cálcio.
d. É preciso que o debate seja informado pela literatura científica e não por campanhas
publicitárias pagas pela indústria da carne e do leite.
c. A sociedade ganha uma dose extra de violência com rodeios, farras do boi, rinhas de
cães e outras atrocidades.
Reescreva cada frase de modo que ela passe a conter uma oração subordinada
substantiva, conservando o mesmo sentido de modalização.
(Fragmentos adaptados de PERINI, Mário A. Etimologia popular (falsos parentes). A língua do Brasil
amanhã e outros mistérios. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. p.73-81.)
b. É pouco provável que a evolução de verolho para ferrolho tenha sido um processo
consciente; alguém simplesmente “ouviu mal”, e escutou um ferro onde não havia, passando
a pronunciar assim. A evolução das palavras é resultado de um complexo de fatores, a
maioria deles inconsciente – mesmo quando motivados, como é o caso da etimologia
popular.
c. O caso de floresta mostra uma motivação concreta. A palavra original era foresta –
e daí evoluíram a palavra francesa, forêt, e a italiana, foresta. Trata-se de palavra de origem
latina, e aliás pré-latina, que na origem denotava a parte externa (considerada do ponto de
vista das terras cultivadas), sendo aparentada, historicamente, com nossa palavra fora.
Nunca teve um l, mas em português se achou que, se era uma área densamente coberta de
vegetação, deveria haver ali também muitas flores – donde o aparecimento do l, resultando
em uma palavra mais expressiva. Os franceses e italianos, aparentemente, eram menos
poéticos e nem pensaram em flores, conservando a palavra em sua forma antiga. Processo
semelhante sofreu a palavra pneumonia, transformada na boca do povo em pulmonia, por
razões óbvias. E algumas pessoas ainda dizem barriguilha – a braguilha não fica
exatamente na barriga, fica um pouco mais abaixo, mas afinal a distância é pequena.
32
A coerência textual
LPIn Aulas 7 e 8
TEXTO 1
Em código
Fernando Sabino
Fui chamado ao telefone. Era o chefe de escritório de meu irmão:
– Recebi, de Belo Horizonte, um recado dele para o senhor. É uma mensagem meio esquisita,
com vários itens, convém tomar nota. O senhor tem um lápis aí?
– Tenho. Pode começar.
– Então lá vai. Primeiro: minha mãe precisa de uma nora.
– Precisa de quê?
– De uma nora.
– Que história é essa?
– Eu estou dizendo ao senhor que é um recado meio esquisito. Posso continuar?
– Continue.
– Segundo: pobre vive de teimoso. Terceiro: não chora, morena, que eu volto.
– Isso é alguma brincadeira.
– Não é não. Estou repetindo o que ele escreveu. Tem mais. Quarto: sou amarelo, mas não
opilado. Tomou nota?
– Mas não opilado – repeti, tomando nota. – Que diabo ele pretende com isso?
– Não sei não senhor. Mandou transmitir o recado, estou transmitindo.
– Mas você há de concordar comigo que é um recado meio esquisito.
– Foi o que eu preveni ao senhor. E tem mais. Quinto: não sou colgate, mas ando na boca de
muita gente. Sexto: poeira é a minha penicilina. Sétimo: carona, só de saia. Oitavo…
– Chega! – protestei, estupefato. – Não vou ficar aqui tomando nota disso, feito idiota.
– Deve ser carta em código, ou coisa parecida – e ele vacilou: Estou dizendo ao senhor que
também não entendi, mas enfim… Posso continuar?
– Continua. Falta muito?
– Não, está acabando: são doze. Oitavo: vou, mas volto. Nono: chega à janela, morena.
Décimo: quem fala de mim tem mágoa. Décimo primeiro: não sou pipoca, mas também dou meus
pulinhos.
– Não tem dúvida, ficou maluco.
– Maluco, não digo, mas como o senhor mesmo disse, a gente até fica com ar meio idiota…
Está acabando, só falta um. Décimo segundo: Deus, eu e o Rocha.
– Que Rocha?
– Não sei. É capaz de ser a assinatura.
– Meu irmão não se chama Rocha, essa é boa!
– É, mas que foi ele que mandou, isso foi.
Desliguei, atônito, fui até refrescar o rosto com água, para poder pensar melhor. Só então me
lembrei. Haviam-me encomendado uma crônica sobre essas frases que os motoristas costumam pintar,
como lema, à frente dos caminhões. Meu irmão, que é engenheiro e viaja sempre pelo interior
fiscalizando obras, prometera ajudar-me, recolhendo em suas andanças farto e variado material. E ele
viajou, o tempo passou, acabei esquecendo complemente do trato, na suposição de que o mesmo lhe
acontecera.
33
Agora, o material ali estava. Era só fazer a crônica. Deus, eu e o Rocha! Tudo explicado!
Rocha era o motorista, Deus era Deus mesmo, e eu, o caminhão.
TEXTO 2
(Traduzido de Bransford e McCarrel 1977. In: KLEIMAN, A. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura.)
TEXTO 3
A Vaguidão Específica
“As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago-específica.” (Richard Gehman)
(Extraído de KOCH, Ingedore e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo: Contexto,
34
1991.)
TEXTO 4
Problema na Clamba
Naquele dia, depois de plomar, fui ver drão o Zé queria ou não ir comigo na clamba.
Pensei melhor grulhar-lhe. Mas na hora de grulhar, vi-o passando com a golipesta e me dei
conta de que ele já tinha outro programa.
Então resolvi ir no tode. Até chegar na clamba, tudo bem. Estacionei o zulpinho bem
nacinho, pus a chave no bolso e desci correndo para aproveitar ao chinta aquele sol gostoso e
o mar pli sulapente.
Não parecia haver em glapo na clamba. Tirei os grispes, pus a bangoula. Estava pli
quieto ali que até me saltipou. Mas esqueci no tode das saltipações no prazer de nadar,
inclusive tirei a bangoula para ficar mais à vontade. Não sei quanto tempo fiquei nadando,
siltando, corristando, até estopando no mar.
Foi no tode depois, na hora de voltar da clamba, que vi que nem os grispes nem a
bangoula estavam mais onde eu tinha deixado.
TEXTO 5
(Extraído de PEREIRA, Vera Wannmacher. Predição leitora e inferência. In: CAMPOS, Jorge (org.).
Inferências linguísticas nas interfaces. Porto Alegre. EDIPUCRS, 2009. p.10-22. Disponível em
35
https://books.google.com.br/books?id=LGNUfSpZubIC&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs
_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false)
TEXTO 6
(Esse texto reproduz aproximadamente versão ouvida junto a crianças de Araguari – MG)
(Extraído de KOCH, Ingedore e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo: Contexto,
1991.)
TEXTO 7
Quando nasci veio um anjo safado / o chato de um querubim... e me disse: vai, Chico,
ser “gauche” na vida. E ainda sussurrou baixinho: acompanha o teu xará da música, que ele te
fará bem. Resulta que eu e alguns milhões de brasileiros da minha geração, marcada na
juventude pela ditadura militar, passamos a catar a poesia que Francisco Buarque de Holanda
entorna no chão. Ela diz de nossos sonhos, fala de nossas paixões, canta nossas generosas
intenções. “Santa melodia” que anuncia o “tempo da delicadeza”.
CHICO ALENCAR
TEXTO 8
Exercícios
1. Explicite a informação prévia que o leitor precisa ter para compreender o humor presente
nessa tira e identifique o fator de coerência que essa informação representa.
3. A partir dos textos abaixo, explique o papel da intertextualidade como fator de coerência.
37
A coesão textual
LPIn Aulas 9 e 10
Roteiro de aula baseado em KOCH, Ingedore. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 1991.
Coesão Textual: Mecanismos formais da língua que permitem estabelecer relações de sentido
entre os elementos linguísticos do texto.
TEXTO 1
O Show
O cartaz
O desejo
O pai
O dinheiro
O ingresso
O dia
A preparação
A ida
O estádio
A multidão
A expectativa
A música
A vibração
A participação
O fim
A volta
O vazio
TEXTO 2
38
O Show
Corte
(Miniconto publicado no Suplemento Literário do Minas Gerais. no. 686, ano XIV, 24/11/79. p.9)
TEXTO 4
João vai à padaria. A padaria é feita de tijolos. Os tijolos são caríssimos. Também os
mísseis são caríssimos. Os mísseis são lançados no espaço. Segundo a teoria da Relatividade,
o espaço é curvo. A geometria Rimaniana dá conta desse fenômeno.
(Marcuschi – 1983:31)
(Textos 1, 2, 3 e 4 extraídos de KOCH, Ingedore e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo:
Contexto, 1991.)
Coesão sequencial: Mecanismos por meio dos quais se estabelecem, entre segmentos
do texto, diversos tipos de relações semânticas.
Esses dois tipos de procedimentos coesivos são distintos, porém não estanques.
Coesão referencial
a. artigos definidos
b. artigos indefinidos
Num reino distante, existia uma jovem e linda princesa. A princesa vivia infeliz, pois
sentia-se muito solitária.
39
c. pronomes
Um dia, chegou àquele reino um grande mago. Ele trouxe consigo seu imenso baú
cheio de objetos estranhos e fascinantes.
d. numerais
Junto com o mago, vieram seus ajudantes, que eram três. O primeiro carregava o baú,
que, apesar do tamanho, não parecia pesado, dada a agilidade do rapaz; o segundo cuidava de
dois animais que viajavam com eles - uma cabra e um papagaio; e o terceiro tinha a função de
distrair o sábio homem com histórias e canções durante a viagem.
e. advérbios pronominais
Chegando lá, trataram logo de procurar a princesa no palácio.
f. expressões adverbiais
Como afirmei acima, a pobre jovem era muito solitária.
g. pro-formas verbais
Sabendo disso, o primeiro ajudante foi logo lhe propondo casamento antes que algum
outro o fizesse.
i. nominalizações
A proposta surtiu logo efeito naquele coração infeliz.
Para oficializar o pedido, seu pai promoveu uma grande festa no reino.
l. nomes genéricos
A temperatura da Terra vem se elevando. O fenômeno tem despertado o interesse de
muitos cientistas.
EXEMPLIFICAÇÃO – TEXTO 1
em apartamento perto do mar. Instruídas por ela, as crianças conseguiram manter acesa
dentro de Pio a faísca da vida. Já de pequenino, mostrou-se pinto esquisito, achegado aos
seres humanos e danado de andejo. Piava com monotonia os segundos todos do tempo,
como se o chateasse a passagem das horas.
Em mudança de casa, passou dois dias subindo e descendo a escada, piando,
piando, entre as pernas dos carregadores portugueses. Seu prestígio cresceu com o
episódio; era tratado como gente e se orgulhava disso, assumindo um ar à vontade e
presumido de bípede empenado.
Mas acabou me aborrecendo. Como as crianças tinham atingido a irremovível crise
do cachorrinho, acabei cedendo, mas exigindo a extradição de Pio para a casa que o Zanine
estava construindo na Barra da Tijuca.
Meses depois, ao visitar o amigo, Pio já era quase um galo, branco e bonito, mas
extravagante e presunçoso. Indiferente ao terreiro, preferia desfilar na sala e na varanda,
misturando-se às pessoas, peito estufado, chamando atenção para uma figura que ele
queria irresistível.
Mais algum tempo, virou galo mesmo, e aí não demorou a revelar os indícios
neuróticos que o agitavam. Pio nunca tinha visto na vida outro ser galináceo. Acreditava-se
o único ente de sua raça, superior e absoluto. Firmou-se na crença carismática, deu para
agredir os homens. Como estes se defendessem com a ponta do sapato, mudou de tática,
bicando-lhes à traição a barriga da perna. Só respeitava o próprio Zanine, a quem não tinha
afeição, mas considerava com gratuidade um aliado no combate contra o mundo. Seguia o
dono por todos os cantos, não como um cão humilde, mas com a imponência do chefe de
gabinete acompanhando o ministro.
Zanine, como aconteceu comigo, embora achasse graça na birutice de Pio, acabou
saturado, dando o boboca de presente ao poeta Rubem Braga, que sempre foi um infalível
receptador de aves desajustadas.
Já se sabe, o Braga é um fazendeiro do ar, morando entre hortaliças e cajueiros num
décimo terceiro andar de Ipanema.
Insolente diante da natureza, Pio fez estragos na horta, desenterrou sementeiras,
estraçalhou as couves, dando-se ainda à petulância de aborrecer, com relativo escândalo, a
filha da cozinheira. Também o Braga, achando graça, foi complacente, impedindo que a
cozinheira transformasse o doidinho em galo ao molho de cabidela. Mas acabou igualmente
cheio, dando Pio ao hortelão português, dono de farto galinheiro no subúrbio. Antes,
contudo, o galo foi colocado diante de um espelho, na esperança geral de que descobrisse o
outro, o próximo, o irmão galináceo que ele devia amar como a si mesmo.
41
Não quis saber de nada, persistindo na neurose: durante meio minuto encarou a
imagem com estupefação, deu-lhe as costas e se foi, único de sua espécie, dono da
pretensão que o inflava da crista sanguínea ao facho da cauda.
Enfim chegou a hora do galinheiro, quando Pio passaria a viver uma vida normal
dentro da comunidade, encontrando na força do amor a salvação.
Pois o bestalhão, mal ingressou no harém, matou a bicadas duas galinhas sinceras.
E o português o comeu.
Para gostar de ler. Vol. 1. Crônicas. São Paulo: Ática, 1989. p.34-35.
a. o cego;
b. o acompanhante do cego;
c. os passageiros, e
d. o trem.
***
Porém aconteceu que no dia 6 de maio viajava no penúltimo banco do lado direito do
segundo vagão um cego de óculos azuis. Cego baiano das margens do Verde de Baixo.
Flautista de profissão, dera um concerto em Bragança. Parara em Maguari. Voltava para
42
Belém com setenta e quatrocentos no bolso. O taioca guia dele só dava uma folga no bocejo
para cuspir.
Baiano velho estava contente. Primeiro deu uma cotovelada no secretário e puxou
conversa. Puxou à toa porque não veio nada. Então principiou a assobiar. Assobiou uma
valsa (dessas que vão subindo, vão subindo e depois descendo, vêm descendo), uma polca,
um pedaço do Trovador. Ficou quieto uns tempos. De repente deu uma cousa nele.
Perguntou para o rapaz:
– O jornal não dá nada sobre a sucessão presidencial?
O rapaz respondeu:
– Não sei: nós estamos no escuro.
– No escuro?
– É.
Ficou matutando calado. Claríssimo que não compreendia bem. Perguntou de novo:
– Não tem luz?
Bocejo.
– Não tem.
Cuspada.
Matutou mais um pouco. Perguntou de novo:
– O vagão está no escuro?
– Está.
De tanta indignação bateu com o porrete no soalho. E principiou a grita dele assim:
– Não pode ser! Estrada relaxada! Que é que faz que não acende? Não se pode
viver sem luz! A luz é necessária! A luz é o maior dom da natureza! Luz! Luz! Luz!
E a luz não foi feita. Continuou berrando:
– Luz! Luz! Luz!
Só a escuridão respondia.
Baiano velho estava fulo. Urrava. Vozes perguntaram dentro da noite:
– Que é que há?
Baiano velho trovejou:
– Não tem luz!
Vozes concordaram:
– Pois não tem mesmo.
***
Foi preciso explicar que era um desaforo. Homem não é bicho. Viver nas trevas é
cuspir no progresso da humanidade. Depois a gente tem a obrigação de reagir contra os
exploradores do povo. No preço da passagem está incluída a luz. O governo não toma
providências? Não torna?
A turba ignara fará valer seus direitos sem ele. Contra ele se necessário. Brasileiro é
bom, é amigo da paz, é tudo quanto quiserem: mas bobo não. Chega um dia e a cousa pega
fogo.
Todos gritavam discutindo com calor e palavrões. Um mulato propôs que se matasse
o chefe do trem. Mas João Virgulino lembrou:
– Ele é pobre como a gente.
Outro sugeriu uma grande passeata em Belém com banda de música e discursos.
– Foguetes também?
– Foguetes também.
– Be-le-za!
Mas João Virgulino observou:
– Isso custa dinheiro.
– Que é que se vai fazer então? Ninguém sabia. Isto é: João Virgulino sabia.
Magarefe-chefe do matadouro de Maguari, tirou a faca da cinta e começou a esquartejar o
banco de palhinha. Com todas as regras do ofício. Cortou um pedaço, jogou pela janela e
disse:
43
Belém vibrou com a história. Os jornais afixaram cartazes. Era assim o título de um:
Os Passageiros no Trem de Maguari Amotinaram-se Jogando os Assentos ao Leito da
Estrada. Mas foi substituído porque se prestava a interpretações que feriam de frente o
decoro das famílias. Diante do Teatro da Paz houve um conflito sangrento entre populares.
Dada a queixa à polícia, foi iniciado o inquérito para apurar as responsabilidades.
Perante grande número de advogados, representantes da imprensa, curiosos e pessoas
gradas, o delegado ouviu vários passageiros. Todos se mantiveram na negativa menos um,
que se declarou protestante e trazia um exemplar da Bíblia no bolso. O delegado perguntou:
– Qual a causa verdadeira do motim?
O homem respondeu:
– A causa verdadeira do motim foi a falta de luz nos vagões.
O delegado olhou firme nos olhos do passageiro e continuou:
– Quem encabeçou o movimento?
Em meio da ansiosa expectativa dos presentes, o homem revelou:
– Quem encabeçou o movimento foi um cego!
Quis jurar sobre a Bíblia, mas foi imediatamente recolhido ao xadrez porque com a
autoridade não se brinca.
O latim vulgar e o latim literário eram parcialmente diferentes tanto em sua estrutura
gramatical quanto em seu léxico; é por isso que certas características marcantes da frase
latina, como as declinações e a voz passiva sintética, não aparecem em todas as línguas
românicas. Pelo mesmo motivo, encontramos no português palavras como casa, boca ou
44
espada (originárias do latim vulgar) em vez das correspondentes domus, os ou gladius (do
latim literário). É por isso também que, embora o português derive do latim, não basta saber
português para entender os textos da literatura latina: na verdade, o latim da literatura foi
criado pelo esforço consciente de várias gerações de escritores e tinha fins estéticos. Mas
esse latim sempre foi uma forte referência cultural; foi objeto de importantes tentativas de
recuperação em diferentes momentos da história (por exemplo, na Renascença) e foi a
língua internacional da cultura até ser substituído, nessa função, pelo francês (no século
XVIII) e, posteriormente, pelo inglês (no século XX).
ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato. O português da gente: a língua que estudamos, a língua que
falamos. São Paulo: Contexto, 2007. p.18. Adaptado.
A literatura infantil brasileira inicia sob a égide de um dos nossos mais destacados
intelectuais: Monteiro Lobato. Se isso, por um lado, prestigiou o gênero no seu surgimento,
por outro fez com que, após Lobato, por muito tempo, a literatura infantil brasileira vivesse à
sombra de seu nome.
A obra do criador do Sítio do Pica-pau Amarelo, ambiente rural que abriga suas
personagens, se dimensiona a partir de sua interação com o grupo social ou, mais
explicitamente, sua atuação como agente formador e modificador da percepção do público.
O sentido da obra de Lobato se torna mais evidente quando sua produção literária é
contraposta às características da vida cultural brasileira até determinado momento de nossa
história.
CADEMARTORI, Lígia. O que é literatura infantil. São Paulo: Brasiliense, 1987. p.43. Adaptado.
pelas quais combinam esses sons (fonologia), nas regras de formação e variação das
palavras (morfologia) e de associação destas na constituição das frases (sintaxe), assim
como refletem, em seu vocabulário e em suas categorias gramaticais, um recorte do mundo
real e imaginário (semântica).
Fragmentos (exercícios 3 e 4 ): RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Línguas brasileiras: para o conhecimento das
línguas indígenas. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
Há quem diga que existem muitos riscos na internet, como conteúdos impróprios
para menores. De fato, há que se considerar esses riscos, entretanto é melhor ensinar sobre
esses riscos nas escolas do que privar as crianças dos benefícios da tecnologia.
7. Preencha as lacunas com uma palavra ou expressão que faça referência às palavras e
expressões sublinhadas.
Exemplo:
b) Paulo e João irão fazer parte da equipe de natação que participará dos próximos jogos
olímpicos. Foram escolhidos porque são com ótimo desempenho.
Coesão Sequencial
a. recorrência de termos
Era um dia calmo na universidade. Devido às férias, não havia ninguém circulando
nos corredores. Os portões estavam abertos, mas não se viam as habituais filas de carros
entrando e saindo do estacionamento, que se encontrava vazio.
O chefe da segurança fazia sua ronda de rotina quando foi surpreendido por uma moça
que saiu de um dos banheiros femininos, gritando em visível desespero. O vigilante interpelou
a moça, e ela, quando conseguiu se acalmar um pouco, explicou que tinha visto uma barata no
banheiro.
2. Sequenciação sem procedimentos de recorrência
a. relações lógico-semânticas
* condicionalidade
Se encontrar Teresa, darei a ela o recado.
* causalidade
Fiz uma sobremesa especial porque vou receber visitas para o jantar.
* temporalidade
Quando o pai entrou, todos se calaram.
Depois que se formou, Ângela foi morar no interior.
* disjunção
Você vai mandar um cartão ou telefonar para Alice no aniversário dela?
* modo
Sem levantar a cabeça, a criança ouviu as recriminações.
* mediação
Comprei creme de leite e chocolate para fazer uma sobremesa especial.
* conformidade
O réu agiu conforme o advogado havia determinado.
*proporção
À medida que as eleições se aproximam, o ambiente de polarização vai ficando mais tenso.
Quanto mais conhecimento adquirimos, mais complexa se torna nossa visão de mundo.
48
b. relações discursivas
* conjunção
Paulo é perfeitamente qualificado para essa tarefa. Além disso, sua integridade faz dele uma
pessoa confiável.
* disjunção
Você precisa estudar mais Matemática. Ou já se esqueceu do resultado desastroso de suas
últimas provas?
* contrajunção
Esse vestido é lindo, mas é caro.
Embora esse vestido seja lindo, é caro.
* explicação
Termine logo isso, que quero ir embora.
Márcio esteve aqui, pois há uma xícara usada na pia.
* conclusão
Você deseja ser alguém na vida; portanto, trate de se dedicar mais aos estudos.
* comparação
João é tão alto quanto Pedro.
* generalização
Maria está atrasada. Aliás, ela nunca chega na hora.
* contraste
Todos têm o direito de se exaltar. Mas usar linguagem vulgar em sala de aula já é demais.
Enquanto eu me esforço, meus colegas não se empenham o mínimo.
b. Caso houvesse mais apoio aos atletas, o Brasil conquistaria mais medalhas em
competições internacionais.
d. Caso a criminalidade fosse combatida com mais eficiência, o Rio receberia mais
turistas.
O sistema penitenciário brasileiro é muito precário. Muitos criminosos se tornam ainda mais
violentos depois de passar pela prisão.
O sistema penitenciário brasileiro é tão precário, que muitos criminosos se tornam ainda mais
violentos depois de passar pela prisão.
a. O déficit de vagas nas penitenciárias brasileiras é muito grande. Os presos são submetidos a
condições desumanas.
b. A violência cometida por menores de idade tem aumentado muito. A adequação do ECA
tem sido questionada.
d. As oportunidades de educação, cultura e lazer são muito poucas para os jovens das classes
mais pobres. O mundo do crime se apresenta para eles como uma opção convidativa.
Reúna as duas frases de cada par a seguir, empregando o conectivo mas ou um de seus
sinônimos, conforme o ponto de vista indicado.
I.
Ensinar é uma atividade nobre e digna.
O professor é pouco valorizado no Brasil.
II.
O jornalismo é muito desafiador e interessante.
O mercado de trabalho para jornalistas é limitado.
III.
A medicina impõe uma rotina muito sacrificante.
Bons médicos alcançam alta remuneração.
5. Reúna as duas frases de cada par em apenas uma, empregando conectivos que
expressem oposição de ideias e observando a orientação argumentativa indicada, com as
adaptações necessárias. Observe antes o exemplo:
b. Estudar uma grande variedade de assuntos no Ensino Médio oferece ao jovem uma
visão abrangente da realidade.
52
6. Em cada texto abaixo, falta uma frase, na linha em branco no início do terceiro
parágrafo. Leia os textos e, depois, faça o que se pede a seguir.
Texto 1
Na Mauritânia, um país do noroeste da África, uma das regiões mais pobres do mundo,
quanto mais gorda, maior a chance de uma moça conseguir um casamento. Por trás de uma
cultura ancestral, existe uma prática cruel que tortura gerações e gerações de meninas: desde
pequenas, elas são obrigadas, pelas famílias, a comer muito além do que seus corpos
poderiam suportar.
Por isso é muito difícil encontrar, nesse país, uma mulher com mais de 30 anos que
não sofra com as consequências da obesidade: diabetes, pressão alta, artrite nos joelhos, além
de problemas na vesícula e nos rins. Elas começam com dificuldades para andar e, aos 50
anos, já estão completamente incapacitadas.
___________________________________________________________ As mulheres
confessam que, mesmo com dificuldades para andar e dores nas articulações, fazem de tudo
para continuar ganhando peso. Quando falta comida, todas vão atrás de remédios que fazem
engordar. São medicamentos que, se usados de forma errada, podem causar várias doenças
graves e até a morte.
Texto 2
Na Mauritânia, um país do noroeste da África, uma das regiões mais pobres do mundo,
quanto mais gorda, maior a chance de uma moça conseguir um casamento. Por trás de uma
cultura ancestral, existe uma prática cruel que tortura gerações e gerações de meninas: desde
pequenas, elas são obrigadas, pelas famílias, a comer muito além do que seus corpos
poderiam suportar.
53
Por isso é muito difícil encontrar, nesse país, uma mulher com mais de 30 anos que
não sofra com as consequências da obesidade: diabetes, pressão alta, artrite nos joelhos, além
de problemas na vesícula e nos rins. Elas começam com dificuldades para andar e, aos 50
anos, já estão completamente incapacitadas.
_____________________________________________________ Antigamente, tribos
inteiras atravessavam o deserto atrás de pasto para os animais. Hoje, as crianças vão para a
escola, e as mães ficam nas tendas enquanto os maridos alimentam os rebanhos. Entidades de
direitos humanos vêm brigando para acabar com a tradição que tortura meninas em pleno
século 21. Campanhas alertam para os perigos da obesidade, e a prática de exercícios é
incentivada.
Meninas são obrigadas a engordar em país africano para conseguir se casar. Fragmentos adaptados.
Disponível em
http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1680997-15605,00-MENINAS+SAO+OBRIGA
DAS+A+ENGORDAR+EM+PAIS+AFRICANO+PARA+CONSEGUIR+SE+CASAR.html Acesso
em 11/9/15.
Você deve construir duas alternativas para cada texto: uma com o conectivo mas, e outra
com o conectivo embora. Observe a adequação contextual das frases construídas, de acordo
com a orientação argumentativa dos textos.
● com mas:
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
● com embora:
54
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
● com mas:
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
● com embora:
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
7. Reescreva as frases, empregando conectivos de modo a explicitar a relação de
sentido entre as duas orações. Quando houver mais de uma possibilidade, apresente-as todas.
Veja o exemplo:
c. Trabalhando com disciplina e dedicação, qualquer estudante pode tirar boas notas.
8. As relações lógicas não foram expressas de forma adequada nas frases abaixo.
Reescreva as frases, empregando os mecanismos de coesão adequados para expressar essas
relações.
c. A cada ano aumenta o número de homicídios nas grandes cidades, havendo pouco
investimento em segurança pública.
9. Relacione todas as ideias das sentenças abaixo, de modo a compor um pequeno texto
com no máximo três períodos. Faça as alterações necessárias.
Gêneros textuais
LPIn Aula 12
Fragmentos de
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, Angela
Paiva e outros (orgs.) Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. p.19-36.
“Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para
referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam
características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e
composição característica.” (p.22-23)
Exemplos:
● Reunião de condomínio
● Sermão
● Carta comercial
● Romance
● Bilhete
● Reportagem jornalística
● Aula expositiva
57
● Horóscopo
● Bula de remédio
● Cardápio de restaurante
● Piada
● Conversação espontânea
“Gêneros são formas verbais de ação social relativamente estáveis realizadas em textos
situados em comunidades de práticas sociais e em domínios discursivos específicos.” (p.25)
“(...) os gêneros são modelos comunicativos. Servem, muitas vezes, para criar uma
expectativa no interlocutor e prepará-lo para uma determinada reação. Operam
prospectivamente, abrindo o caminho da compreensão (...).” (p.33)
“Quando dominamos um gênero textual, não dominamos uma forma linguística, e sim
uma forma de realizar linguisticamente objetivos específicos em situações particulares.”
(p.29)
Exemplos de gêneros acadêmicos
● Monografia
● Dissertação
● Tese
● Artigo
● Projeto
● Relatório
● Palestra
● Conferência
● Resenha
58
O resumo
LPIn Aula 16
EXEMPLO
A inflação tem efeitos nocivos na economia. Primeiro, reduz o poder de compra dos
indivíduos – quando os preços aumentam, eles não conseguem mais comprar a mesma
quantidade de bens. Em resultado, as pessoas despendem recursos para reduzir esse
efeito. Uma das formas mais utilizadas para tanto é recorrer a aplicações financeiras
oferecidas pelo sistema bancário, que protegem o dinheiro da corrosão inflacionária. Não
surpreende que o tamanho do sistema bancário numa economia com altas taxas de inflação
possa ser até duas vezes maior do que numa economia com estabilidade monetária.
Portanto, um dos custos da inflação é o desperdício de recursos para se defender dela, os
quais poderiam ser utilizados com objetivos mais produtivos.
Em segundo lugar, a inflação concentra a renda. As camadas mais pobres da
população, por não terem acesso ao sistema bancário, encontram mais dificuldade para se
defender dos efeitos da inflação no seu poder de compra.
Por fim, a inflação aumenta as incertezas na economia. Os preços dos diversos produtos
– sejam insumos comprados pelas empresas, sejam bens comprados pelos consumidores –
mudam o tempo todo, com constantes alterações nos preços relativos (o preço de um bem
em relação aos dos outros). Essa situação torna mais difícil para as empresas, por exemplo,
estimar os seus lucros, o que acaba por inibir os investimentos. (214 palavras)
(MOURA, M.; ANDRADE, E. Macroeconomia. São Paulo: Publifolha, 2003. Coleção Biblioteca
Valor. p.63.)
Esquema:
Texto resumido: A inflação provoca efeitos nocivos na economia. Primeiro, reduz o poder de
compra dos indivíduos. Para minimizar as perdas provocadas pela inflação, as pessoas
concentram seu dinheiro em aplicações financeiras; desse modo, recursos financeiros deixam
de ser usados com objetivos produtivos. A concentração de renda é outro efeito da inflação,
pois os mais pobres, por não terem acesso ao sistema bancário, ficam com seus recursos
desprotegidos e perdem poder de compra. Um terceiro efeito é o aumento das incertezas na
economia; diante da inconstância dos preços, as empresas não conseguem estimar lucros e
reduzem seus investimentos. (96 palavras)
EXERCÍCIOS
60
1) Uma das estratégias para produzir um resumo é identificar a ideia-tópico dos parágrafos do
texto. Sublinhe, em cada parágrafo abaixo, a ideia central.
a) Para contar uma história, é preciso saber como se faz... Afinal, nela se descobrem palavras
novas, se depara com a música e com a sonoridade das frases, dos nomes... se capta o ritmo, a
cadência do conto, fluindo como uma canção... E para isso, quem conta tem que criar o clima
de envolvimento, de encanto... Saber dar as pausas, o tempo para o imaginário de cada criança
construir seu cenário, visualizar os seus monstros, criar os seus dragões, adentrar pela sua
floresta, vestir a princesa com a roupa que está inventando, pensar na cara do rei... e tantas
coisas mais... (Fanny Abramovich. Por uma arte de contar histórias)
b) Brasília, 16/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - Os avisos estão espalhados pelos aeroportos e
postos de combustíveis: mantenha o celular desligado durante o voo ou enquanto o veículo
estiver sendo abastecido. A partir da dissertação de mestrado desenvolvida pela tecnóloga em
saúde Suzy Cristina Cabral, defendida na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação
(Feec) da Unicamp, é bem provável que o mesmo procedimento passe a ser adotado por
médicos e enfermeiros ou pelas pessoas que ingressam na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
de um hospital para visitar um parente. De acordo com o estudo, pioneiro na área no país e
um dos poucos feitos na América Latina, as ondas eletromagnéticas emitidas pelos telefones
móveis podem interferir no funcionamento dos equipamentos médicos, o que pode representar
um risco aos pacientes. (Uso de celular em hospital representa risco para pacientes.
http://www.radiobras.gov.br/ct/)
c) Há várias maneiras de fazer uma classificação das línguas, mas os linguistas atuais
consideram como mais desejável a classificação do tipo genético, só recorrendo a outras
quando não há dados suficientes para realizá-la. A classificação do tipo genético consiste em
reunir, numa só classe, as línguas que tenham tido origem comum numa língua anterior. Essa
língua anterior é reconstruída de tal maneira pelos linguistas que de seus vocábulos se possam
fazer derivar, através de leis fonéticas, os vocábulos das línguas atuais que constituem a
referida classe. Desse modo, as línguas que têm uma origem comum são todas reunidas numa
família. As famílias que apresentam certas afinidades são agrupadas num bloco. Os blocos
que apresentam certas afinidades são, por sua vez, colocados num mesmo filo. Com base
nesse critério, os linguistas se esforçam para conseguir incluir as línguas ainda não
classificadas numa família, as famílias isoladas num bloco e assim por diante. Tal trabalho
exige que o conhecimento das línguas a serem classificadas vá além de uma mera lista de
palavras, devendo haver também um conhecimento profundo da gramática dessas línguas.
(MELATTI, Julio Cezar. Índios do Brasil. São Paulo: HUCITEC; Brasília: Editora da
Universidade de Brasília, 1986.)
ESQUEMA:
Fonte: http://www.humanas.unisinos.br/pastanet/arqs/0062/0480/tecnica_do_resumo+exercicios_2002-2.doc
3) Comente os problemas do resumo produzido para o texto abaixo.
formas, por várias instituições brasileiras, entre as quais o Museu de Arte Moderna (do Rio de
Janeiro), o Museu de Arte Contemporânea da USP (SP) e o Museu Lasar Segall (SP). (291 palavras)
Resumo: As visitas a museus são atividades obrigatórias das escolas. Os alunos, que têm
preconceitos em relação à arte, recebem orientação sobre como devem se comportar e, assim,
os professores evitam problemas nesse espaço reservado à contemplação. O museu é um
espaço dos privilegiados e os objetos artísticos são sagrados. Alguns museus vêm procurando
abrir espaço para o povo, mas isso ainda é uma utopia.
Exercícios
RIFFO, Karina Fuentes; OSUNA, Sergio Hernández e LAGOS, Pedro Salcedo. Descrição da
diversidade e densidade léxicas em notícias escritas por estudantes de jornalismo. Rev. bras. linguist.
apl. [online]. 2019, vol.19, n.3, pp.499-528. Epub 19-Jun-2019. ISSN 1984-6398.
https://doi.org/10.1590/1984-6398201914113.
MENDONCA, Marina Célia. Produção de textos em material didático para o ensino médio: questões
sobre subjetividade e gêneros. Trab. linguist. apl. [online]. 2019, vol.58, n.3, pp.1021-1050. Epub
09-Dez-2019. ISSN 2175-764X. https://doi.org/10.1590/010318135528615832019.
SILVA JUNIOR, Lenilton Damião da e COSTA-MACIEL, Débora Amorim Gomes da. O que propõe
o livro didático de Língua Portuguesa quando didatiza o gênero Artigo de Opinião? Investigações da
obra “Português: contexto, interlocução e sentido”. Rev. bras. linguist. apl. [online]. 2019, vol.19, n.3,
pp.733-760. Epub 19-Jun-2019. ISSN 1984-6398. https://doi.org/10.1590/1984-6398201913090.
O que é arte?
Dizer o que seja a arte é coisa difícil. Um sem-número de tratados de estética
debruçou-se sobre o problema, procurando situá-lo, procurando definir o conceito. Mas, se
buscarmos uma resposta clara e definitiva, decepcionamo-nos: elas são divergentes,
contraditórias, além de frequentemente se pretenderem exclusivas, propondo-se como solução
única. Desse ponto de vista, a empresa é desencorajadora: o esteta francês Étienne Gilson,
num livro notável, Introdução às artes do Belo, diz que “não se pode ler uma história das
filosofias da arte sem se sentir um desejo irresistível de ir fazer outra coisa”, tantas e tão
diferentes são as concepções sobre a natureza da arte.
Entretanto, se pedirmos a qualquer pessoa que possua um mínimo contato com a
cultura para nos citar alguns exemplos de obras de arte ou de artistas, ficaremos totalmente
satisfeitos. Todos sabemos que Mona Lisa, que a Nona Sinfonia de Beethoven, que a Divina
comédia, que Guernica, de Picasso, ou o Davi, de Michelângelo, são, indiscutivelmente,
obras de arte. Assim, mesmo sem possuirmos uma definição clara e lógica do conceito, somos
capazes de identificar algumas produções da cultura em que vivemos como sendo “arte” (a
palavra cultura é empregada não no sentido de um aprimoramento individual do espírito, mas
do “conjunto complexo dos padrões de comportamento, das crenças, instituições e outros
valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma
sociedade”). Além disso, a nossa atitude diante da ideia “arte” é de admiração: sabemos que
Leonardo ou Dante são gênios e, de antemão, diante deles, predispomo-nos a tirar o chapéu.
É possível dizer, então, que arte são certas manifestações da atividade humana diante
das quais nosso sentimento é admirativo, isto é: nossa cultura possui uma noção que
denomina solidamente algumas de suas atividades e as privilegia. Portanto, podemos ficar
tranquilos: se não conseguimos saber o que a arte é, pelo menos sabemos quais coisas
correspondem a essa ideia e como devemos nos comportar diante delas.
Infelizmente, essa tranquilidade não dura se quisermos escapar ao superficial e
escavar um pouco mais o problema. O Davi de Michelângelo é arte, e não se discute.
Entretanto, eu abro um livro consagrado a um artista célebre do nosso tempo, Marcel
Duchamp, e vejo entre suas obras, conservado em museu, um aparelho sanitário de louça,
absolutamente idêntico aos que existem em todos os mictórios masculinos do mundo inteiro.
Ora, esse objeto não corresponde exatamente à ideia que eu faço de arte.
Para me distrair um pouco, discretamente tomo emprestada do meu irmãozinho uma
revista em quadrinhos de terror. Mais tarde, visito um amigo intelectual que possui magnífica
biblioteca, e nela encontro uma suntuosa edição italiana consagrada a Stan Lee, reproduzindo
a mesma história em quadrinhos que eu havia lido há pouco num gibizinho barato. Meu
amigo me ensina que Stan Lee é um grande artista e, por sinal, a introdução, elaborada por um
professor da Universidade de Milão, confirma seus dizeres. Eu nem imaginava que uma
história em quadrinhos pudesse ter autor, quanto mais que esse autor pudesse ser chamado
artista e sua produção, obra de arte.
65
Coisa parecida acontece com um cartaz publicitário, cujo desenho original descubro
em exposição temporária de um museu. Em certa mostra de arte popular, deparo com uma
colherona de pau, tal e qual minha avó há muito tempo usava para fazer sabão de cinza numa
fazenda do interior. Um amigo meu, professor de literatura francesa, entusiasma-se pelas
memórias de Charlles de Gaulle, e me garante que o célebre estadista é também um grande
escritor. A arqueologia, que desenterrou tantas obras de arte extraordinárias, trouxe
igualmente à luz inúmeros objetos que são testemunhos históricos: dentre eles, quais são,
quais não são obras de arte?
Estas situações mostram-nos assim que, se a arte é noção sólida e privilegiada, ela
possui também limites imprecisos. E a questão que há pouco propusemos – como saber o que
é ou não obra de arte – de novo se impõe.
Já vimos que responder com uma definição que parta da “natureza” da arte é tarefa vã.
Mas, se não podemos encontrar critérios a partir do interior mesmo da noção de obra de arte,
talvez possamos descobri-los fora dela. Não existiriam em nossa cultura forças que
determinem a atribuição do qualificativo arte a um objeto? E aí, tudo se ilumina: como sei
que Stan Lee é um artista? Porque o professor da Universidade de Milão o afirma. Como sei
que a colher de pau de minha avó é um objeto de arte? Porque a encontrei num museu.
Para decidir o que é ou não arte, nossa cultura possui instrumentos específicos. Um
deles, essencial, é o discurso sobre o objeto artístico, ao qual reconhecemos competência e
autoridade. Esse discurso é o que proferem o crítico, o historiador da arte, o perito, o
conservador de museu. São eles que conferem o estatuto de arte a um objeto. Nossa cultura
também prevê locais específicos onde a arte pode manifestar-se, quer dizer, locais que
também dão estatuto de arte a um objeto. Num museu, numa galeria, sei de antemão que
encontrei obras de arte; num cinema “de arte”, filmes que escapam à “banalidade” dos
circuitos normais; numa sala de concerto, música “erudita”, etc. Esses locais garantem-me
assim o rótulo “arte” às coisas que apresentam, enobrecendo-as. No caso da arquitetura, como
é evidentemente impossível transportar uma casa ou uma igreja para um museu, possuímos
instituições legais que protegem as construções “artísticas”. Quando deparamos com um
edifício tombado pelo Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, podemos respirar
aliviados: não há sombra de dúvida, estamos diante de uma obra de arte.
COLI, Jorge. O que é arte. São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 7-11. (919 palavras)
Pontuação: emprego da vírgula
LPIn Aula 13
“A língua escrita não dispõe dos inumeráveis recursos rítmicos e melódicos da língua
falada. Para suprir esta carência, ou melhor, para reconstituir aproximadamente o movimento
vivo da elocução oral, serve-se da pontuação.” (CUNHA E CINTRA. p.625)
A VÍRGULA
A VÍRGULA PODE SER UMA PAUSA. OU NÃO.
NÃO, ESPERE.
NÃO ESPERE.
A VÍRGULA PODE CRIAR HERÓIS.
ISSO SÓ, ELE RESOLVE.
66
Emprego da vírgula:
Obs: Quando e, ou e nem vêm repetidas numa enumeração, costuma-se usar vírgula entre os
elementos coordenados
P.ex. Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! (Olavo Bilac. A um poeta.)
b. Separar o aposto
P.ex. O Professor Junito Brandão, mestre inesquecível, foi homenageado com a construção de
uma arena teatral que recebeu seu nome.
Exercício
1860. Era filho natural de José Joaquim Marques Abreu abastado comerciante e fazendeiro
português e de Luísa Joaquina das Neves. O pai nunca residiu com a mãe de modo
permanente, o que acentuou o caráter ilegal de uma origem que pode ter causado bastante
67
materna. Recebeu apenas instrução primária, estudando dos 11 aos 13 anos em Nova
Friburgo. Em 1852 foi para o Rio de Janeiro praticar o comércio atividade que lhe
desagradava e a que se submeteu por vontade do pai, com o qual viajou para Portugal no
capítulos de Camila recriação ficcional de uma visita ao Minho terra de seu pai.
c. Separar o vocativo
P.ex. Professora, posso entregar o trabalho na próxima aula?
Posso, professora, entregar o trabalho na próxima aula?
Posso entregar o trabalho na próxima aula, professora?
c. O expediente será encerrado mais cedo na próxima sexta-feira por causa da festa
de fim de ano.
Exercício
sim – de fato – ao que tudo indica – aparentemente – aliás – por falar nisso – sem
sombra de dúvida – felizmente – desse ponto de vista
b. Os participantes poderão obter muito proveito no curso que está para começar.
d. Para muitos homens brasileiros, a vitória ou a derrota de seu time é decisiva para o
humor que vão ter durante toda a semana seguinte.
i. Separar orações coordenadas (salvo as introduzidas por e com o mesmo sujeito; são
separadas as introduzidas por e quando a conjunção vem repetida)
P.ex. Não tenho tudo que amo, mas amo tudo que tenho.
Maria estuda de manhã e trabalha como vendedora à tarde.
Maria estuda, e seu irmão trabalha.
Obs: a. Os termos essenciais e integrantes da oração ligam-se uns com os outros sem pausa;
não podem, assim, ser separados por vírgula.
b. Há casos em que o emprego da vírgula não corresponde a uma pausa real na fala
(P.ex. Sim, senhor. / Não, senhora.)
EXERCÍCIOS
Tutancâmon, o faraó-menino, subiu ao trono com apenas 10 anos e morreu aos 19. Seu
curto reinado, que se estendeu de 1333 a.C. a 1324 a.C., não se conta entre os mais
importantes do antigo Egito, mas nenhum outro faraó exerce tanto fascínio na imaginação
moderna. O mundo ficou deslumbrado quando, em 1922, arqueólogos ingleses encontraram
sua câmara mortuária intacta. Lá estavam a múmia de Tutancâmon e todos os objetos
depositados junto a ela para ajudar o faraó a atravessar a eternidade: joias, mobiliário,
armas, textos religiosos e outros itens de valor inestimável para entender melhor o Egito de
3.300 anos atrás. (Veja. 24/2/10. p.78. Fragmento adaptado.)
70
Era uma vez uma rotina em que criança bem-criada e educada era aquela
que tinha horário para tudo e não misturava as coisas: brincar era brincar estudar
era estudar. Hoje em dia cercadas de aparelhos eletrônicos que dominam desde
cedo as crianças da era dos estímulos constantes e simultâneos são capazes de
executar três quatro cinco atividades ao mesmo tempo – e prestar pelo menos
alguma atenção a todas elas. “Parece que tenho quatro olhos e quatro ouvidos”
descreve Beatriz 10 anos que costuma conversar on-line com os amigos ouvir
música checar mensagens e ainda deixar a televisão ligada à espera de seus
programas preferidos tudo isso enquanto faz a lição de casa. Pesquisa realizada em
maio confirmou que 73% dos meninos e meninas entre 7 e 15 anos têm o hábito de
combinar um número de tarefas simultâneas que varia de três para os menores a
até oito no começo da adolescência. (Veja. 6/8/2008. p.93. Fragmento adaptado.)
O termo grego logos significa literalmente discurso e é com tal acepção que o
encontramos por exemplo em Heráclito de Éfeso. O logos enquanto discurso
entretanto difere fundamentalmente do mythos a narrativa de caráter poético que
recorre aos deuses e ao mistério na descrição do real. O logos é fundamentalmente
uma explicação em que razões são dadas. É nesse sentido que o discurso dos
primeiros filósofos que explica o real por meio de causas naturais é um logos. Essas
razões são fruto não de uma inspiração ou de uma revelação mas simplesmente do
pensamento humano aplicado ao entendimento da natureza. O logos é portanto o
discurso racional argumentativo em que as explicações são justificadas e estão
sujeitas à crítica e à discussão. Daí deriva por exemplo o nosso termo “lógica”.
Porém o próprio Heráclito caracteriza a realidade como tendo um logos ou seja uma
71
racionalidade que seria captada pela razão humana. Portanto um dos pressupostos
básicos da visão dos primeiros filósofos é a correspondência entre a razão humana
e a racionalidade do real o que tornaria possível um discurso racional sobre o real.
(MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006. p.26.)
Exercício
Reescreva cada trecho sublinhado no texto abaixo, unindo as duas frases por meio do
pronome que. Antes, veja o exemplo:
Pesquisadores tentam salvar as “superfrutas” encontradas na Mata Atlântica que estão ameaçadas de extinção.
Regência:
Os pronomes relativos devem sujeitar-se à regência dos nomes e dos verbos a que estão
subordinados. Antes do pronome relativo deve ser empregada, portanto, a preposição que for
exigida pelo termo ao qual o pronome estiver associado. Observe:
Não conheço a moça que mora ao lado. [Não conheço a moça. – A moça mora ao
lado.]
A notícia de que eu falei saiu no jornal. [A notícia saiu no jornal. – Eu falei da
notícia.]
A estante em que você pôs os livros caiu. [A estante caiu – Você pôs os livros na
estante]
73
EXERCÍCIOS
1. Junte as duas frases, empregando o pronome cujo (e suas flexões), conforme o modelo.
c) O artista tem sido muito elogiado pela crítica. Suas obras estão expostas este mês no centro
cultural.
b) Chapeuzinho Vermelho devia se manter afastada da floresta. Na floresta vivia o lobo mau.
c) Essa história se passa no Nordeste brasileiro. A religiosidade popular é muito forte lá.
3. Nas frases a seguir, extraídas de textos produzidos por estudantes, o pronome onde não foi
empregado corretamente. Reescreva as frases de modo a ajustá-las à norma padrão.
a. A escolha da carreira se torna mais difícil quando há a interferência dos pais, onde estes
influenciam seus filhos.
c. A sociedade brasileira é uma sociedade alienada onde muitas vezes a tevê a manipula.
4. Converta as duas frases em uma, por meio de um pronome relativo. A segunda oração dada
deve ser a oração subordinada. Observe a norma culta.
74
a) O rapaz é meu primo. Você conversou animadamente com o rapaz durante toda a festa.
b) Na biblioteca, os alunos encontraram o livro. O trabalho não poderia ser feito sem o livro.
c) O passeio será no próximo domingo. Meus filhos foram convidados para o passeio.
6. Nos fragmentos abaixo, empregue vírgulas para separar a oração adjetiva da principal
quando necessário, levando em conta o valor restritivo ou explicativo das orações no
contexto. (Fragmentos extraídos, com adaptações, de Veja. 18/6/08.)
c. Em 1965, quando Mel Brooks criou a série Agente 86, a Guerra Fria estava no
auge. Na série que sobreviveu até 1970 e se tornou um clássico Don Adams era Maxwell
Smart que fazia de tudo para não justificar seu sobrenome, “esperto”.
d. “O problema com os cristãos moderados é que eles fazem uma leitura seletiva da
Bíblia. Mas como escolher os pontos da Bíblia que vale a pena sustentar e aqueles que
devem ser rejeitados? Essa escolha é feita com base em critérios seculares. Então,
pergunto: por que não ser completamente secular?” (John Allen Paulos, matemático norte-americano,
em entrevista)
7. Passe para a língua padrão escrita as seguintes ocorrências da linguagem oral. Observe que,
em alguns casos, diferentes preposições correspondem a diferentes sentidos para a frase.
b. A escolha da carreira não pode se basear apenas numa escolha por uma profissão
que a pessoa se identifique (...)
f. Na adolescência, além de todos os problemas por quais os jovens passam, ainda têm
de tomar uma decisão muito importante: a escolha da profissão.
g. Existe ainda a necessidade de combinar algo que a pessoa goste ou tenha habilidade
e que ao mesmo tempo dê uma boa perspectiva quanto à remuneração.
i. Existe também o teste vocacional, em que testa os seus conhecimentos e dita a sua
vocação na carreira profissional.
EXERCÍCIOS
1. Em cada frase, substitua a palavra ou expressão em negrito pela que está entre parênteses,
fazendo o emprego adequado de a (s) ou à (s). Veja os exemplos:
g. Segundo o contrato assinado com os alunos, o curso deve fornecer a eles todo o
material didático. (alunas / elas)
2. Empregue corretamente o acento de crase nas frases abaixo quando necessário, e indique os
casos em que esse emprego é opcional.
A explicação para a aversão de certos homens _____ vida _____ dois pode
vínculos afetivos. O trabalho foi liderado por Hasse Walum, de apenas 27 anos e
AVPR1A, mas se diz totalmente fiel _____ parceira – quando tem uma.
animal, uma das raras espécies em que predomina _____ monogamia. Quando um
arganaz macho escolhe uma fêmea, mantém-se fiel _____ ela até o fim, ajudando
Walum e sua equipe relacionaram tais diferenças genéticas _____ forma como os
5. Preencha as lacunas nas frases abaixo com a, as, à ou às (frases extraídas de textos
produzidos por estudantes).
6. As frases abaixo foram modificadas, e suas novas versões precisam ser completadas com a,
à, as ou às. Escreva, no espaço entre os colchetes, a alternativa adequada em cada caso.
A educação inclusiva promove escolas que praticam uma educação integradora, que
se aplica [ ] todos os alunos.
EXERCÍCIOS
d. Para que a medida se concretizasse, bastaria mais estímulo por parte do governo.
a. A autora soube, de forma clara e objetiva, frisar pontos simples, mas que é
essencial para um bom desempenho.
4) Preencha as lacunas do texto abaixo com uma das palavras ou expressões nos
parênteses, de acordo com norma padrão.
A extinção de animais faz parte da evolução da vida na Terra, mas, desde que o
bicho homem resolveu dar sua contribuição a esse processo, o desaparecimento de
espécies ____________ (tem / têm) se acelerado de forma preocupante. Na semana
passada, ____________________ (foi divulgado / foi divulgada) a mais completa pesquisa
sobre a situação dos mamíferos no planeta. O quadro é o mais sombrio já desenhado sobre
essa classe de animais. Um quarto das 5.487 espécies de mamífero classificadas pela
ciência ____________________ (se encontra / se encontram) em risco de desaparecer. Isso
significa 1.141 espécies, quinze vezes mais do que o número de mamíferos
_________________ (extinto / extintos) nos últimos cinco séculos.
Alguns dos animais relacionados nesse estudo, realizado pela União Internacional
para a Conservação da Natureza, ____________________ (está ameaçado / estão
ameaçados) de desaparecer por causas naturais. É o caso do diabo-da-tasmânia, um
marsupial carnívoro que lembra um urso pequeno, que desenvolveu um tipo de câncer fatal
que contagia os exemplares da espécie através do contato físico. Segundo os cientistas,
porém, a grande maioria dos animais ameaçados ____________________ (é vítima / são
vítimas) da ação humana. “O perigo de extinção das espécies, hoje, decorre quase
exclusivamente da caça e do desmatamento, que _______________ (destrói / destroem) os
habitats”, disse a Veja o biólogo sul-africano Mike Hoffmann.
As florestas são destruídas para dar lugar à expansão urbana e à agricultura, o que
explica os altos índices de animais sob risco no sul e no sudeste da Ásia, onde 80% da
população de primatas ____________________ (pode desaparecer / podem desaparecer).
A outra grande ameaça às espécies, a caça indiscriminada, frequentemente é praticada por
total desconhecimento da importância da preservação desses animais.
83
a. Até o fim do século passado, ainda existiam alguns casarões coloniais na cidade.
6) Reescreva as frases abaixo, substituindo o verbo sublinhado pelo que é dado entre
parênteses e respeitando a concordância conforme a norma padrão. Não faça nenhuma outra
alteração na frase.
d. Quando os professores foram convocados para nova reunião com os pais, ficaram
apreensivos, pois tinham ocorrido incidentes desagradáveis na última. (haver)
e. Planeje seu roteiro em detalhes para que não haja contratempos na viagem.
(ocorrer)
f. Sem fiscalização intensiva nas estradas, podem acontecer mais acidentes fatais no
feriadão. (haver)
LPIn Aula 24
Exemplos em 1, 2 e 3 extraídos de
QUEIRÓS, Eça de. Singularidades de uma rapariga loura. In: ____. Contos. Ciberfil Literatura Digital, março de
2002, p. 30-49. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ph000002.pdf.
1. Para separar as partes de um período das quais uma, pelo menos, esteja subdividida
por vírgulas
85
Às portas dos lados os passageiros tinham posto o seu calçado para engraxar:
estavam umas grossas botas de montar, enlameadas, com esporas de correia; os sapatos
brancos de um caçador, botas de proprietário, de altos canos vermelhos; as botas de um
padre, altas, com a sua borla de retrós; os botins cambados de bezerro, de um estudante; e
a uma das portas, o nº15, havia umas botinas de mulher, de duraque, pequeninas e finas, e
ao lado as pequeninas botas de uma criança, todas coçadas e batidas, e os seus canos de
pelica-mor caíam-lhe para os lados com os atacadores desatados.
2. Para separar, num período, orações de mesma natureza (isto é, orações coordenadas)
que tenham certa extensão
[...] não era natural que elas viessem comprar, para si, casimiras pretas. E não: elas
não usavam «amazonas», não queriam decerto estofar cadeiras com casimiras pretas, não
havia homens em casa delas; portanto aquela vinda ao armazém era um meio delicado de o
ver de perto, de lhe falar, e tinha o encanto penetrante de uma mentira sentimental.
O cliente que tiver seu CRV/CRLV roubado poderá pedir isenção do pagamento do
DUDA de 2ª via comparecendo à sede do órgão (Av. Presidente Vargas, 817, sobreloja), a
fim de abrir um processo administrativo para obtenção do mesmo, munido dos seguintes
documentos:
a) Formulário próprio, devidamente preenchido;
b) Cópia do documento de identidade;
c) Cópia do CPF ou cópia do CNPJ (Pessoa Jurídica);
d) Cópia do comprovante de residência;
e) Original e cópia do registro de ocorrência policial. (Adaptado do site do Detran)
Exercícios
2. As frases a seguir poderiam ser usadas para aconselhar ou orientar um estudante que
estivesse iniciando um curso a distância. Reescreva-as, deslocando a conjunção conclusiva
para outra posição diferente do início da segunda oração, e empregando o ponto e vírgula.
Antes, veja o exemplo:
OU
3. Nos fragmentos de texto abaixo, algumas vírgulas poderiam ser substituídas por
ponto e vírgula com melhor resultado. Indique esses casos.
(Fragmentos adaptados de Casa de pensão, de Aluísio Azevedo)
b. Tirou distinção nos primeiros exames. A mãe quase morre de alegria. Lourenço quis
solenizar o acontecimento com um banquete correlativo, mas as suas condições de fortuna já
não eram as mesmas, o dinheiro ia minguando de um modo assustador.
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c. Mme. Brizard parecia ter um filho em risco de vida, Coqueiro declarou, cheio de
dedicação, que não deixaria o “pobre amigo” ir assim desamparado para uma casa de saúde
ou um hotel, Amelinha choramingava ao lado da cama do enfermo, e, quando se achava a sós
com este, beijava-lhe as mãos, afagava-lhe os cabelos e soluçava palavras de ternura.
d. Amâncio tinha grande inapetência e torcia o nariz aos alimentos, mas a pequena
metia-o em brios, chamando-lhe piegas, fracalhão, dizendo que ele “parecia um neném e que
precisava levar uns petelecos para tomar juízo”.
e. Nini estava melhor que nunca, tranquila, havia comido regularmente e mostrava-se
até mais satisfeita e mais comunicativa, ao dar, porém, com Amâncio, que entrara no quarto
com o seu risinho de boa amizade, abriu de repente a estrebuchar na cama, bramindo
impropérios e atassalhando as roupas.
4. Pontue os fragmentos abaixo, empregando, pelo menos uma vez, cada um dos sinais
indicados.
(Fragmentos de
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2020/06/morte-de-miguel-parece-fe
ita-para-meditar-sobre-o-sistema-brasileiro-de-castas.shtml)
Imaginemos que minha mãe saísse e eu fizesse uma birra e me enfiasse no elevador
para correr atrás dela a empregada me puxaria pelo braço ou pela orelha para fora do
elevador e talvez acrescentasse um tapa na bunda final tudo sem medo de que eu a odiasse
por isso e sem medo que minha mãe discordasse dela.