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Nós, mães lactantes de Brasília e regiões administrativas do DF, utilizamos desta carta
para manifestar nossa solicitação de inclusão de lactantes, com e sem comorbidades,
no público prioritário da vacinação contra o vírus SARS-CoV-2 (Covid-19). Nossa
demanda é motivada por diversos fatores, os quais citados adiante. Apesar desses
fatores, entendemos que a vacinação se torna urgente, principalmente, pela
vulnerabilidade de bebês até 2 anos de idade diante do cenário grave desta pandemia
no país. Sendo assim, em 13 de maio de 2021 iniciamos um importante movimento em
prol da priorização deste grupo na vacinação com objetivo de proteger as vidas
maternas e, principalmente, dos bebês.
Mães lactantes são aquelas que produzem leite e, por sua vez, amamentam os bebês,
os lactentes. A Organização Mundial de Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria
recomendam que o aleitamento materno seja exclusivo até os 6 (seis) meses de vida
do bebê e continuado até os 2 (dois) anos de idade ou mais, juntamente com
alimentação complementar, por diversos benefícios, como: nutrição, proteção a
doenças, crescimento e desenvolvimento.
Nosso país está entre os países com mais mortes de bebês por Covid-19 no
mundo. Especialistas explicam que esse triste índice está associado ao número
elevado de casos, além da falta de testagem, diagnóstico tardio e não possibilidade do
uso de máscaras em menores de 2 (dois) anos. Ao contrário do que se divulga, bebês
e crianças são igualmente suscetíveis à contaminação e também podem ser vetores de
transmissão. Estima-se que só em 2020 cerca de 1.064 bebês tenham morrido por
Covid-19, mas esse número pode ser ainda muito maior, segundo epidemiologistas. No
mês de abril de 2021, o Brasil registrou, pela primeira vez, mais mortes do que
nascimentos.
Cabe lembrar que bebês menores de 2 anos não podem usar máscara em função do
risco de sufocamento, o que faz com que a contenção de contaminação e contágio seja
um obstáculo, bem como sua exposição muito arriscada, sugerindo que a imunização
das mães e a consequente proteção dos bebês pelo leite materno seja uma saída
eficiente e sem maiores custos para o poder público, o que, evidentemente,
configura uma estratégia de proteção conjunta extremamente inteligente. Segundo um
cálculo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), já se contam pelo menos
45 mil bebês, crianças e adolescentes que perderam pai e mãe na pandemia. As
consequências do número de mortes e desestruturação familiar ainda são
desconhecidas, mas temos condições de diminuir esses impactos a partir do momento
que também vislumbrarmos o horizonte de imunização das mães e proteção de bebês
como estratégia de segurança e sobrevivência familiar.
Sabe-se que estudos muito promissores ainda estão sendo feitos para maior
entendimento do fator de proteção dos anticorpos do SARS-CoV-2 (COVID-19) no
leite materno, porém devido à gravidade da situação atual do país, o grande
número de mortes, inclusive de bebês, a impossibilidade do uso de máscara para
maior para proteção e ainda a grande necessidade de contato pele a pele com a
mãe, entendemos que as lactantes com filhos de até 2 (dois) anos de idade,
independente de ter comorbidade , devem ser entendidas como grupo prioritário
na vacinação. Consideramos que os ganhos são muito maiores que os riscos e que,
ainda assim, cada caso pode ser discutido com o pediatra como explicado acima.
O Distrito Federal é uma das unidades federativas que mais se destaca positivamente
na gestão dessa triste pandemia. Estamos certas de que haverá vontade política,
compromisso e também desejo de ser a unidade responsável por proteger lactantes e
lactentes. As lactantes com filhos de até 2 (dois) anos de idade vacinadas
representam uma geração de bebês com grau de proteção ao COVID-19 e com a
presença materna durante seu desenvolvimento.
Agradecemos todas e todos envolvidos nesse processo e seguimos em luta até que
TODAS as lactantes, com e sem comorbidades, possam ter o direito de imunização e
proteção de seus bebês!
REFERÊNCIAS: