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O SUMIÇO DE MARIA EDUARDA -

Condições de sobrevivência de Os Maias em 1945


BRENO GÓES (PUC - Rio/ CAPES/ CNPq)

Na noite de 24 de Novembro de 1945, estreou em Lisboa a peça teatral Os Maias,


encenada a partir de uma adaptação do romance queirosiano feita pelo intelectual açoriano
José Bruno Carreiro. O espetáculo contou, então, com o apoio do Secretariado Nacional de
Informação, por ter sido parte integrante das comemorações oficiais do primeiro centenário
de nascimento de Eça de Queirós.
O trabalho aqui proposto, baseado em documentos oficiais do SNI colhidos no
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, levanta a hipótese de que o clímax da peça de
Carreiro tenha sido censurado pelo filho de Eça e então subdiretor do SNI, António Eça de
Queirós, por motivos morais e políticos, e de ter sido essa versão censurada do texto que
chegou até nós através de uma edição da INCM em 1984. A consequência mais notável da
censura que aqui se alega ter ocorrido seria o inteiro sumiço da personagem de Maria
Eduarda no derradeiro ato da peça.
A análise do episódio em questão pretende ser um estudo de caso a respeito dos
fatores políticos que condicionam a sobrevivência da personagem ficcional, especialmente
em contextos de exceção como o Estado Novo salazarista nos anos 1940.

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