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UNIVERSIDADE DO PORTO

Faculdade de Letras
Departamento de Ciências do Património

Teatralidade do Barroco
Levantamento iconográfico de elementos cenográficos e
construções efémeras em contexto de festa barroca

Ana Pérez

Trabalho para a Unidade Curricular de História da Arte Moderna II


orientado pelo Professor Nuno Resende

PORTO
Maio de 2021

1
Resumo

O presente trabalho procura fazer um breve levantamento de algumas iconografias de


arquiteturas e móveis efémeros presentes nas festividades barrocos dos seculos XVII e
XVIII em Portugal. Reflete-se sobre a importância da festa barroca para projeção de uma
imagem idealizada do monarca e da sua família, e o recurso às artes plásticas para tal.

Palavras-chave: arquitetura efémera; móveis efémeros; festa barroca; absolutismo régio;


carros alegóricos.

Abstract

This paper aims to do a brief survey on some ephemeral architecture and furniture of the
baroque festivities in Portugal during the XVII and XVIII centuries. The paper
contemplates the importance of the baroque festivities to project an idealized image of
the king and his family, using the visual arts to do so.

Keywords: ephemeral architecture; ephemeral furniture; baroque festivities; royal


absolutism; parade floats.

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Sumário

Objetivo geral

Teatralidade do Barroco

Levantamento iconográfico dos elementos cenográficos e construções efémeras em


contexto de festa barroca
Nascimento de D. Maria Teresa (Anexo 1)
Nascimento do Infante D. António (Anexo 2)
Batismo do Infante D. António (Anexo 3)
Casamento de D. João V e Dona Maria Ana de Áustria (Anexo 4)
Aniversário de D. José I (Anexo 5)
Falecimentos de D. João V (Anexo 6)
Entrada pública de D. João V e D. Maria Ana em Setúbal (Anexo 7)

Reflexão final

3
Objetivo geral
O presente trabalho surge como resposta à proposta de pesquisa no âmbito da
Unidade Curricular História da Arte Moderna II, lecionada pelo Professor Nuno Resende.
O trabalho enquadra-se dentro do ponto da Iconografia da Pintura Barroca Peninsular, e
tem como objetivo geral fazer um levantamento de iconografias representadas na
arquitetura e móveis efémeros das festividades barrocas.
Para o desenvolvimento deste trabalho foram consultados alguns autores como
Joaquim Jaime B. Ferreira Alves, onde constam a maioria dos relatos e desenhos
analisados para este levantamento iconográfico, Maria Manuela de Campos Milheiro,
com o seu artigo “Braga A cidade e a festa no século XVIII” e Maria Helena Vilas-Boas
e Alvim, na sua publicação “Festejos Públicos e Divertimentos Privados no Portugal
Setecentista- Alguns Casos (1750-1800)”. Vários artigos e nomes foram encontrados ao
longo da pesquisa, pelo que é visível o quão avançado se encontra o estado da arte.

Teatralidade do Barroco
O Barroco, compreendido entre os séculos XVII até XVIII, decorre no contexto da
Reforma Católica, após o Concílio de Trento e todas as medidas na linguagem simbólica
e litúrgica da Igreja, tais como o culto e importância das imagens, importância da
eucaristia, o foco na capela-mor, entre outras, relevam-se nas mudanças da linguagem
artística com os exuberantes retábulos, uso de linhas sinuosas, cores vibrantes e soberbas;
e mais tarde pelo aparecimento de um novo sistema político, o absolutismo régio.
Distingue-se por uma lógica de monumentalidade, ostentação, originalidade e
teatralidade da linguagem artística.
Segundo Alves (1988), para afirmar seu o poder político, as famílias reais
europeias realizavam festas e grandes manifestações de ordem pública para comemorar
acontecimentos da vida do monarca e da sua família, que duravam por norma três dias, o
tríduo. Celebravam-se casamentos, aniversários, mortes, receções, entradas, entre outras,
projetando sempre uma boa imagem. Para isto, foram criados elementos e construções
efémeras, recorrendo “à arquitetura, escultura, pintura e às denominadas artes menores
(...) associada a pirotecnia, a música, a coreografia, a ópera e o teatro” (Alves, 1988:
11). Assim, as festas eram marcadas por um ambiente luxuoso que se serve dos sentidos,
criando uma sensação que afetaria de forma completa os indivíduos.
Estas festas exuberantes, eram compostas pelo jogo entre as diferentes artes, de
forma a criar um espetáculo coeso. Segundo Milheiro (2003), havia festas diferentes

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consoante a classe. Na corte, as festas eram projetadas por artistas e compreendiam
trabalhos de arte e arquitetura efémera, jardins, fachadas, cenários, interiores, exteriores
de palácios e espaços, e depois concebidos por artesãos. A burguesia disfrutava de
espetáculos como touradas, jogos, comedias, mascaradas, cortejos e procissões. O povo,
marcado pela miséria e trabalho árduo, participava como audiência aos espetáculos das
festas e eventos da corte. Também comemoravam algumas festas populares tais como o
Carnaval ou festas de santos patronos e as suas procissões.
Como foi referido, a festa foi um constante recurso do monarca. Para este trabalho,
foram selecionados uma série de eventos e festas realizadas em Portugal ao longo do
século XVII e XVIII, a partir dos quais se fará um levantamento iconográfico através de
diversos documentos escritos retirados de artigos e publicações, e referências visuais
obtidas, maioritariamente da Biblioteca Nacional Digital.
É relevante dizer que, segundo Alvim (1992), estas festas eram acompanhadas de
grandes bodos, “pão e circo”, e cerimónias religiosas. A população e as forças militares
vestiam-se a rigor, com trajes de gala e a cidade transformava-se no palco deste
espetáculo, era iluminada vários dias e as casas decoradas no exterior.

Levantamento iconográfico de elementos cenográficos e construções efémeras em


contexto de festa barroca
Nascimento de D. Maria Teresa (Anexo 1)
– Construção de uma praça de touros no Campo de Santo Ovídeo, atual Praça da
República, Porto. Apresentava uma forma octogonal que seguia a ordem dórica,
ornamentada com pinturas e figuras mitológicas, Armas Reais, frontões;
apresentava vários camarins, entre os quais o do Senado, que se destacava pela
sua posição no espaço.
– Construção de vários carros alegóricos: um carro chafariz que lançava água; um
carro com alegoria ao amor, uma série de pequenas esculturas de “baile de
pretinhos pequenos em figura de nuz” (Alves, 1988: 44) que sustentavam a uma
figura de Vénus e Cupido. Havia pombas, ninfas e o as Armas Reais. O carro era
puxado por quatro crianças vestidas de génios; outro carro, com a forma do
“Globo do Mundo”; um carro que retratava uma montanha e depois se
transformava numa barraca chinesa; e por último, um carro com forma de barco,
denominado de “Carro de Marte”.
Nascimento do Infante D. António (Anexo 2)

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– Pinturas do sol e lua em vidro e algodão
– Construção de vários carros de cortejo: carro em forma de chafariz com filósofos
representados; carro de Parnaso com a representação da Virgem Maria, retratos
do príncipe e conjugue; carro com um elefante vivo com um camarim e a figura
de um leão; carro com forma de nau de guerra.
– Construção de uma ponte efémera para facilitar o acesso à igreja, encontrava-se
ornamentada com panejamentos de seda vermelhos e detalhes a ouro. Havia
tapetes de flores e ervas aromáticas.
Batismo do Infante D. António (Anexo 3)
– A cerimónia do batismo do Infante foi de tal forma exagerada que não foi
realizada na capela, mas sim na sala de música do palácio onde foi erguido um
altar. A mudança do lugar da festa permitiu que a procissão fosse no exterior do
palácio, para marcar o caminho foi construída uma cobertura, sustentada por
colunas intercaladas por medalhões, que apresentavam escrituras sagradas
referentes ao sacramento do batismo. Toda esta estrutura, assim como as portas
da praça, estavam ornamentadas e nobilitadas com sedas e panejamentos
vermelhos.
Casamento de D. João V e Dona Maria Ana de Áustria (Anexo 4)
– Construção de um pórtico para a recessão da Rainha repleto de figuras mitológicas
e alegorias tais como Juno, Vénus, Tétis, Diana, Cupido, a Paz, a Fortaleza, a
Prudência, aos rios portugueses, países, entre outras.
– Arco de triunfo cuja temática apresentava o casamento de Vénus e Vulcano, de
frente ao arco estava construída uma “Machina” que retratava o Monte Etna,
juntamente com trabalhos de fogo de artifício, em referência ao do arco triunfal
– Construção de um anfiteatro no Terreiro do Paço com a finalidade de receber
touradas
– Dezanove arcos trinfais que faziam o percurso do Terreiro do Paço até à Catedral,
segundo os relatos, uns encontravam-se dotados de estatuas e pinturas e outros
mais sóbrios, embelezados pela própria arquitetura e jogo dinâmico dos seus
diferentes elementos. Alguns relatos apenas descrevem os arcos que representam
algumas nações europeias.
Aniversário de D. José I (Anexo 5)
– Construção de uma fortaleza com forma triangular para a recriação de um
exercício militar no Porto

6
– Ainda na cidade do Porto, construiu-se de um templo octostilo de ordem dórica,
apresentava um zimbório. Continha as Armas Reais e a Esfera com uma figura
alegórica à pública felicidade.
– Inauguração da estátua equestre no Terreiro do Paço em Lisboa
Falecimentos de D. João V (Anexo 6)
– As exéquias e celebrações fúnebres pela morte do Rei D. João V, foram
transatlânticas, desta forma, destaca-se a redecoração do espaço da Igreja Matriz
do Pilar do Ouro Preto, atribuída ao arquiteto Francisco Xavier de Brito. Aqui,
destacava-se como elemento principal, um mausoléu efémero construído para a
exaltação da vida e morte do rei. Apresentava como tema principal duas mortes
aladas em contrapposto, que sustentam um relógio – evidencia da reflexão sobre
a efemeridade da vida. O mausoléu continha também outras figuras aladas, assim
como um busto do rei e imagens de crianças de todos os continentes – sentido
global da extensão portuguesa no mundo. Toda a igreja se encontrava embelezada
por emblemas com diferentes insígnias. Tudo isto encontrava-se enobrecido por
panejamentos pendurados ao longo da igreja, predominantemente pretos, assim
como outras figuras da morte, esqueletos, caveiras, emblemas e insígnias que se
encontravam pela igreja, proporcionando um ambiente fúnebre e pesado.
Entrada pública de D. João V e D. Maria Ana em Setúbal (Anexo 7)
– Apesar de terem chegado à cidade em dias diferentes, a receção e os artificio
foram os mesmos: quatro arcos triunfais, um na porta da cidade e outros três na
cidade.

Reflexão final
Como visível, através do breve levantamento iconográfico das arquiteturas e
moveis efémeros de festividades barrocas, é evidente a importância e necessidade da festa
neste contexto social e político, uma vez que procurava a afirmação o poder do monarca.
Entendido como uma arma política, a festa barroca nasce e vive da cooperação
das diferentes artes. Tal como no teatro, o espetáculo fazia-se e faz-se pelo conjunto de
artes como a cenografia, os figurinos, a luz, a sonoplastia, os atores o e público, as festas
barrocas viveram dessa mesma intensidade de sensações provocadas no teatro como
forma de afirmação. As arquiteturas construídas para esse momento, cuja perenidade
dependia da duração da festividade, marcadas pela forte influência clássica, pelo gosto
pelo exótico e bem ao “estilo” da época, com cores fortes, como referem alguns relatos,

7
formas orgânicas e exageradas que recorrem ao uso das linhas ondulantes e serpenteantes,
panejamentos pendurados pelos edifícios e estruturas que procuravam nobilitar o espaço;
uso de trajes chamativos e elegantes juntamente com a organização dos militares e dos
membros da igreja como uma coreografia perfeitamente encenada; as luminárias, ou seja,
a iluminação das edifícios, casas, ruas, praças durante vários dias; a música, o teatro, a
família real e o povo, faziam destes eventos verdadeiros espetáculos, onde todas as artes
se complementam e trabalham para o mesmo fim, a ostentação e manifestação do poder
régio.
Relativamente ao levantamento iconográfico, é pertinente referir o constante uso
da arquitetura como auxiliar da sumptuosidade e ostentação vivida no século XVIII
promovida pela corte. Estes elementos arquitetónicos e estruturas efémeras, funcionaram
como um telão na cidade, ajudaram a criação de uma festa/ espetáculo magnificente e
extravagante, onde todos os cidadãos, inclusive a família real, desenvolviam o seu papel.
Formas pré-clássicas e clássicas, como os arcos de triunfais, anfiteatros, colunas,
mausoléus, obeliscos, entre muitos outros marcaram o ambiente das festas
comemorativas do século XVIII, visível em todos os exemplos apresentados. Estas
referências ao mundo clássico, não se limitavam às arquiteturas e estruturas efémeras,
mas também à temática dos coches, como por exemplo no nascimento de D. Maria
Teresa, onde se encontra representada Vénus e Cupido acompanhado de vários dos seus
atributos, ou ainda no nascimento do Infante D. António com os coches chafariz e os
filósofos, ou o coche Parnaso. Ainda referente a este coche, vemos como a sociedade
deste momento era altamente paradoxal, aqui misturaram a temática mitológica com
representações da Virgem Maria e dos príncipes. É um claro reflexo de como a monarquia
se assentava na Igreja, e ao mesmo tempo procuravam afirmar-se através do
conhecimento dos textos clássicos, entendido neste tempo, como a verdadeira erudição.
Procuravam projetar uma imagem idealizada de si mesmos para o público/ povo fazendo-
o de forma monumental.
Em suma, vemos como a cenografia esta presente no Barroco português e que se
prendem na construção de aparatos cénicos de formas arquitetónicas – arquitetura
efémera –, cuja temática casa as referências clássicas com as da Igreja Católica, formas e
linhas ao gosto da época, cores fortes e a douração e um forte exotismo.

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Referencias bibliográficas
– Alves, J. J. B. F. (1988). A Festa Barroca no Porto ao Serviço da Família Real
na Segunda Metade do Século XVIII Subsídios para o Estado. Revista da
Faculdade de Letras. Universidade do Porto. Porto, Portugal.
– Alves, J. J. B. F. (1993). O Magnifico Aparato: Formas da Festa ao Serviço da
Família Real no Século XVIII. Revista de História. Vol. XII. Páginas 155- 220
– Calado, M. (2012). Arte Efémera- Arte Pública Formas de Relação entre Arte e
Poder. Faculdade de Belas-Artes. Universidade de Lisboa. Portugal Disponível
em: http://hdl.handle.net/10451/6504
– Coutinho, M. J. P. (2017). Arquitetura e Supremacia: Analogias entre a
Decoração de Portais e Arcos no Contexto das Festividades Filipinas
Brigantinas. Universidade Nova de Lisboa. Lisboa, Portugal. Disponível em:
http://arquivomunicipal.cm-
lisboa.pt/fotos/editor2/Cadernos/2serie/7/cad07_03.pdf
– Maravall, J. A. (1975). La Cultura del Barraco Análisis de uma Estructura
História. Editorial Ariel. Barcelona. Espanha. Capítulo 9.
– Milheiro, M. M. C. (2003). Braga A cidade e a festa no século XVIII.
Universidade do Minho. Guimarães, Portugal. ISBN: 972-98695-8-8
– Tedim, J. M. (1994). Teatro da Morte e da Glória: Francisco Xavier de Brito e as
Exéquias de D. João V em Ouro Preto. In Barroco 17: Anos 1993-6 (pp. 241-
250). Belo Horizonte: Centro de Pesquisas do Barroco Mineiro. Disponível no
Repositório UPT, http://hdl.handle.net/11328/2270
– Vilas- Boas Alvim, M. H. (1992). Festejos Públicos e Divertimentos Privados
no Portugal Setecentista- Alguns Casos (1750-1800). Universidade
Portucalense. Porto

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Índice

Objetivo geral .................................................................................................................. 3

Teatralidade do Barroco ............................................................................................... 3-4

Levantamento iconográfico dos elementos cenográficos e construções efémeras em


contexto de festa barroca .............................................................................................. 4-6
Nascimento de D. Maria Teresa (Anexo 1) .......................................................... 4
Nascimento do Infante D. António (Anexo 2) .................................................. 4-5
Batismo do Infante D. António (Anexo 3) .......................................................... 5
Casamento de D. João V e Dona Maria Ana de Áustria (Anexo 4) ..................... 5
Aniversário de D. José I (Anexo 5) ................................................................... 5-6
Falecimentos de D. João V (Anexo 6) .................................................................. 6
Entrada pública de D. João V e D. Maria Ana em Setúbal (Anexo 7) ................. 6

Reflexão final ............................................................................................................... 6-7

Referências bibliográficas ............................................................................................... 8

Anexos ....................................................................................................................... 9- 13
Anexo 1 ................................................................................................................ 9
Anexo 2 ......................................................................................................... 9- 10
Anexo 3 .............................................................................................................. 10
Anexo 4 .............................................................................................................. 11
Anexo 5 .............................................................................................................. 12
Anexo 6 ....................................................................................................... 12- 13
Anexo 7 .............................................................................................................. 13

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Anexos

1. Nascimento de D. Maria Teresa

“1º- carro de “agoar a Praça” que “mostrava hum grande chafariz (...) lançando agoa pelas suas
respectivas partes” (...) 2º- um pequeno carro com um baile de pretinhos pequenos “em figura de
nuz” com penachos na cabeça, que na Relação é designado por Amor Portuense “em forma de
huma concha que servia de sustentáculo à Deosa Vénus, que no regaço acariava o vendado Cupido.
Na frente da concha estavão duas pombas, como symbolo do Amo: ao lado direito se divisavão as
Armas Reaes, e ao esquerdo as da Cidade: este carro era ornado com seys Nynfas (...)” 3º - um
carro em figura de “Goblo do Mundo” 4º- um carro “que figurava huma monstanha e que a seu
tempo se transformava em huma deliciosa barraca Chineza” 5º- um carro “em figura de barca”
(...) denominado Carro de Marte”
Apud de J. J. B. F Alves. 1988. P. 43- 44

“A praça era formada por hum octogno regular, ao nascente ficava o grande pórtico principal em
arco de volta redonda (...) ornado com pilastras dobradas da ordem Dórica (...) lado do Ponte
ficava o Camarote do Senado (...) bem executada impena da ordem Dórica, dentro da qual se vião
as Armas Reaes, ornadas de bandeiras, e triunfos, e varias figuras que terminavam a parte superior
de Camarotes, que por todos se contavam 150 ornados de boas pinturas (...) De huma parte se
descobria o valente Alcides subjugando o bravo Touro, da outra o Musico Apóllo tocando a
dourada Lyra”
Apud de J. J. B. F Alves. 1988. P. 46

2. Nascimento do Infante D. António

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Imagem 2
Desenho de José Francisco de Paiva. Carro triunfal. apud de J. J. B. F. Alves. 1988.

Imagem 3
Desenho de José Francisco de Paiva. Carro alegórico. apud de J. J. B. F. Alves. 1988.

“(...) pintar o Sol, e a Lua em vidro, e em algodão e José Francisco de Paiva encarregar-se-ia dos
desenhos dos carros para o cortejo.”
Livro dos Festejos apud J. J. B. F. Alves. 1988. P. 192

“1º- um carro em forma de chafariz “barrufando” o campo, e que tinha em cada um dos lados um
“Filizopho” (...) 2º- um carro que figurava “o Parnaso”, o qual trazia “hum bello pedestal, e sobre
elle o retrato da Rainha Nossa Senhora em pintura ficando lhe pouco mais abaixo o retrato do
Principe e Consorte figurados nos lados” (...) 3º- um carro com “hum monstruoso elefante o qual
debaixo tras hum leão olhando para o mesmo, e o dito elefante leva sobre o costado hum camarim
(...) 4º- carro formava a figura de huma nau de guerra”
J. J. B. F. Alves. 1988. P. 44- 45

“(...) huma espécie de ponte, que desde o adro daquela Igreja descia muito abaixo das escadas; e
servindo para suavizar a subida (...) achava-se a dita ponte ornada nas suas cortinas de seda
carmezim agolloada de ouro, e toda alcatifada de flores e hervas cheirosas”
Segundo suplemento à Gazeta de Lisboa, nº 18 apud J. J. B. F. Alves. 1993. P. 192

3. Batismo do Infante D. António

“(...) se contruio hum caminho cuberto, entre columnas do qual pendião medalhões com inscripções
tiradas da Escritura Sagrada, e relativas ao Sacramento do Batismo: todo o fito caminho ornado
com sedas e pannos de Rás: e até nas entradas da Praça havia pórticos ornados com cortinas.”

12
Segundo suplemento à Gazeta de Lisboa, nº 14 apud J. J. B. F. Alves. 1993

4. Casamento de D. João V e D. Maria Ana de Áustria

“se executou um belíssimo artificio de fogo de admiravel idéa, e primor, formando-se huma
machina, em que se via representado o Monte Etna, que estava fumegando, e lançando por vezes
chamas, sendolhe opposto hum Arco de triunfo, que representava o Palácio de Venuz, de donde ella
sahio em hum carro triunfante tirado por Cisnes, que Cupido guiava, cercado de Genios amorosos,
que se vião por hum infinito numero de archotes (...) Vénus desceo do carro e seguida da sua
comitiva, abrio-se o monte, de que sahio Vulcano com os Cyclopes (...) Vulcano forjou hum rayo
(...) começando a jogar o fogo por hum jardim, que estava represenrado ao pé do Monte Etna”
Apud de J. J. B. F Alves. 1993. P. 163- 164

“hum agradavel, e polido Anfitheatro (...) houve Touros”


Apud de J. J. B. F Alves. 1993. P. 163

“(...) entre dezanove Arcos triunfais (...) ornados com emblemas, e dísticos, que declaravão as
alusões, do que representavão, e guarnecidos com primorosas estaturas, e pinturas, outros
ricamente adereçados com singular idéa (...)”
Apud de J. J. B. F Alves. 1993. P. 164

5. Aniversário de D. José I

“(...) edificada uma fortaleza, no Campo da Cordoaria, em forma triangular ficando a


Porta principal della fronteira ao Convento do Carmo”
J. J. B. F. Alves. 1988. P. 45

“hum templo de ordem dórica sustentando oito colunas o seu pavilhão ao qual cobria
hum zimbório, em cujos quatro lados se vião coroando, as Armas Reaes e Esfera
ilumiada transparentemente, e em baixo a figura da Publica felicidade”
J. J. B. F. Alves. 1988. P. 45- 46

“6 de Junho de 1775 quando se associou o aniversário de D. José I com a inauguração da estatua


na Praça do Comercio.”
J. J. B. F. Alves. 1993. P. 165

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6. Falecimento de D. João V

Imagem 4
“Reproduçam do Mauzoleu (...) do FIDELISSIMO REY D. JOÃO o V”. Retirada de “Breve descripção” apud J.M
Tedim Teatro da Morte e da Glória: Francisco Xavier de Brito e as Exéquias de D. João V em Ouro Preto. 1994.

“(...) preparasse hum rico e magnifico Mausoleo, em que se respeitasse igualmente a memoria na
elevação do objecto, que se fizesse pública na ostentação a saudade que lhe consagravam os
corações (...) Adornou-se em primeiro lugar o frostespício exterior da mesma Igreja de panos
negros dispostos (...) No mais alto delle e bem no meyo estavão duas mortes com asas sustentando
nas maos hum relogio de área também com asas; verdadeira demonstração da volabilidade da vida
humana, cujo fim hé a morte. No meyo do Frntespicio debaixo de hum magestoso pavelhão de
veludo negro se via hum meyo corpo ou busto de mármore, verdadeiro retrato do Serenissimo Rey
D. João o 5º, em cujos lados se vião também de mármore duas estátuas com asas e clarins na boca
em ação de tocalos que representavão a Fama como a hum e outro polo do mundo as glórias do
mesmo Serenissimo Rey defuncto. (...) Ao entrar da porta para dentro se via logo (...) na extensão
que compreende o coro pela parte de baixo, hua armação de panos negros admiravelmente ligados
com outros brancos, em forma de festoens de cujas pintas sahião com bellisima proporção vârias
borlas de bordadura e franjas de ouro”
Apud de “Breve descripção” in J.M Tedim

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Teatro da Morte e da Glória: Francisco Xavier de Brito
e as Exéquias de D. João V em Ouro Preto. 1994.

“E da parte esquerda se via outro emblema em que se via pintada a morte hum Rey, em h†a caceyra
coroada com a letra: “Extinctus vivere, fingit amor” (...) Por baixo de cada h†a destas tarjas
pendião 3 caveyras prateadas com asas; h†a no meyo e duas nos lados, puco mais abaixo das quais
se formava hum admirável pavilhão de branco com borlas de ouro nas pontas, sahindo da
concavidade delle hum excelente laço encrespado de que pendia sobre o vão de cada tribuna h†a
pequena tarja que na da parte direita tinha a letra: “Rumpit notras (?)” e na esquerda se lia
“Immiet hora” ”
“Breve descripção” apud J.M Tedim
Teatro da Morte e da Glória: Francisco Xavier de Brito
e as Exéquias de D. João V em Ouro Preto. 1994.

7. Entrada pública de D. João V e D. Maria Ana em Setúbal

“A porta da Villa estava ornada com hum Arco Triunfal, em que se lião diversos emblemas (...) e
três Arcos triunfaes de huma perfeita idéa, as janelas todas vistosamente armadas”
J. J. B. F. Alves. 1993. P. 173

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