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O Teatro Político Brasileiro

Arena, Opinião e Oficina


ARENA
• Fundado em SP em 1953 por José Renato Pecorá.
• O grupo utilizava o formato da cena circular (arena), que
proporcionava maior interação entre os atores e o público e
dispensava uma cenografia cara.
• O grupo foi muito influenciado pelas idéias de Bertolt Brecht.
• Para incentivar a produção de textos nacionais, o Arena criou o
Seminário de Dramaturgia.
• O Arena revelou dois grandes dramaturgos: Gianfrancesco
Guarnieri (Eles Não Usam Black-tie) e Oduvaldo Viana Filho, o
Vianinha (Rasga Coração).
• Um dos principais diretores do grupo foi Augusto Boal – grande
teatrólogo brasileiro, idealizador do Teatro do Oprimido.
• Além dos textos já citados, o Arena produziu também musicais em
que personagens da história do Brasil são exaltados. Ex.: Arena
Conta Tiradentes e Arena Conta Zumbi.
OPINIÃO
• Logo após o golpe de 1964, o CPC (Centro Popular de Cultura), órgão cultural da UNE
(União Nacional do Estudantes), foi extinto de forma agressiva e autoritária por parte
do governo militar.
• Artistas que faziam parte do CPC, como Vianinha e Ferreira Gullar, juntamente com
Armando Costa e Paulo Pontes, organizaram o musical Opinião. Este espetáculo foi o
ponto de partida do grupo.
• O Opinião foi um espetáculo com músicas de protesto, dirigido por Augusto Boal e que
juntou compositores como João do Vale (representante da cultura nordestina), Zé Keti
(representante do samba do morro) e a intérprete Nara Leão (representante da cultura
urbana) numa proposta de ação revolucionária usando o teatro e a música. Devido
alguns problemas de saúde, Nara Leão foi substituída por uma jovem cantora baiana,
chamada Maria Bethânia.
• O grupo se consolidou e fez muito sucesso com espetáculos como: “Liberdade,
Liberdade”, de Millôr Fernandes e Flávio Rangel; “Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o
Bicho Come”, de Vianinha e Ferreira Gullar; “O Último Carro”, de João das Neves; entre
vários outros.
• O grupo também apoiou a produção de textos nacionais promovendo seminários de
dramaturgia, a exemplo do Arena.
• Vários espetáculos mostraram a preocupação do grupo em representar as classes mais
baixas da sociedade.
• O Opinião marcou pela atitude de protesto, de resistência e conscientização social
usando o Teatro e a Música como verdadeiros veículos de comunicação.
Capa do disco produzido a
partir do show Opinião
Maria Bethânia, cantora jovem
que substituiu Nara Leão no
espetáculo Opinião.
Na foto acima, ela canta Carcará,
de João do Vale.
Trechos de Liberdade, Liberdade de Millôr Fernandes
“Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta,
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda.” (Cecília Meirelles)
***
“Não concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-las”. (Voltaire, filósofo francês)
***
“Pode-se enganar algumas pessoas todo o tempo; pode-se enganar todas as pessoas algum tempo; mas não se pode enganar todas as
pessoas todo o tempo.” (Abraão Lincoln, presidente norte-americano)
***
“Se Hitler invadisse o inferno, eu apoiaria o demônio.” (Winston Churchill, primeiro-ministro inglês)
***
Conquista do ser humano – o direito ao lazer:
Hora de comer – comer!
Hora de dormir – dormir!
Hora de vadiar – vadiar!
Hora de trabalhar? – Pernas pro ar, que ninguém é de ferro!
***
“O mal que os homens fazem vive depois deles. O bem é quase sempre enterrado com seus ossos.” (Shakespeare)

A liberdade e a puta são as coisas mais cosmopolitas debaixo do sol.

***

Mas, afinal, o que é a liberdade? Eu lhes garanto que a liberdade existe. Não só existe, como é feita de concreto e cobre e tem cem metros de
altura. A liberdade foi doada aos americanos pelos franceses em 1866. Recebendo a liberdade dos franceses, os americanos a colocaram na
ilha de Bedloe, na entrada do porto de Nova Iorque. Esta é a verdade indiscutível. Até a agora a liberdade não “penetrou” no território
americano. Quando Bernard Shaw esteve nos EUA foi convidado a visitar a liberdade, mas recusou-se afirmando que seu gosto pela ironia não
ia tão longe. Aquelas coisas pontudas colocadas na cabeça da liberdade ninguém sabe o que sejam. Coroa de louros certamente não é.
Antigamente era costume coroar-se heróis e deuses com coroas de louros. Mas quando a liberdade foi doada aos EUA, nós, os brasileiros, já
tínhamos desmoralizado o louro, usando-o para dar gosto no feijão. A confecção da monumental efígie custou à França trezentos mil dólares.
Quando a liberdade chegou aos EUA, foi-lhe feito um pedestal que, sendo americano, custou muito mais do que o principal:
quatrocentos e cinqüenta mil dólares. Assim, o preço da liberdade é de setecentos e cinqüenta mil dólares.
Trechos de Liberdade, Liberdade de Millôr Fernandes
“A liberdade e a puta são as coisas mais cosmopolitas debaixo do sol.

***
Mas, afinal, o que é a liberdade? Eu lhes garanto que a liberdade existe. Não só
existe, como é feita de concreto e cobre e tem cem metros de altura. A liberdade foi
doada aos americanos pelos franceses em 1866. Recebendo a liberdade dos
franceses, os americanos a colocaram na ilha de Bedloe, na entrada do porto de
Nova Iorque. Esta é a verdade indiscutível. Até a agora a liberdade não “penetrou”
no território americano. Quando Bernard Shaw esteve nos EUA foi convidado a
visitar a liberdade, mas recusou-se afirmando que seu gosto pela ironia não ia tão
longe. Aquelas coisas pontudas colocadas na cabeça da liberdade ninguém sabe o
que sejam. Coroa de louros certamente não é. Antigamente era costume coroar-se
heróis e deuses com coroas de louros. Mas quando a liberdade foi doada aos EUA,
nós, os brasileiros, já tínhamos desmoralizado o louro, usando-o para dar gosto no
feijão. A confecção da monumental efígie custou à França trezentos mil dólares.
Quando a liberdade chegou aos EUA, foi-lhe feito um pedestal que, sendo
americano, custou muito mais do que o principal:
quatrocentos e cinqüenta mil dólares. Assim, o preço da liberdade é de setecentos
e cinqüenta mil dólares.
O Último Carro
Texto e direção: João das Neves
Montagem: Grupo Opinião
Um dos últimos espetáculos do grupo.
1975
Vianinha
Ferreira Gullar
Zé Keti

Nara Leão João do Vale


OFICINA
• Foi fundado por José Celso Martinez Correia, em 1961.
• O grupo não se restringiu às questões políticas e sociais. Compreender e representar
a cultura brasileira sempre foi uma característica presente nos espetáculos.
• Entre os espetáculos montados pelo grupo na déc. de 60, é importante destacar: Os
Pequenos Burgueses, de Maxim Gorki; Galileu Galilei, de Bertolt Brecht; O Rei da
Vela, de Oswald de Andrade; Roda Viva, de Chico Buarque.
• A montagem de “O Rei da Vela” em 1967, foi o marco do Tropicalismo no teatro
brasileiro.
• Zé Celso usa em seus espetáculos alguns elementos que podem ser entendidos
como uma neo-ritualização do teatro, remetendo-se de forma simbólica aos rituais
que deram origem ao teatro.
• Zé Celso defende a idéia do te-ato: o teatro que “ata” o espectador ao ator e ao
espetáculo, promovendo total interação entre todos.
• Entre os espetáculos mais recentes, foi feita uma montagem histórica do texto “Os
Sertões”, de Euclides da Cunha. A montagem apresenta várias divisões e sub-
divisões, sendo que, cada parte, dura por volta de 6 horas.
Na apresentação de Roda Viva, em 1968,
os atores jogavam panfletos na plateia
com a seguinte mensagem:
"TODOS AO PALCO!!! Abaixo o
conformismo e a burrice - PEQUENOS
BURGUESES! Tire a bunda da cadeira e
faça uma guerrilha teatral, já que você
não tem peito de fazer uma real,
PORRA!!!" 

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