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Sonhos, são o impulso que nos fazem seguir em frente e ter motivação para buscar
novos desafios e caminhos para mudanças.
Imagine agora você abandonar seu país, familiares, raízes e partir para basicamente
um novo mundo, uma terra da qual pouco se sabia sobre as condições de vida, terras
que nada em termos de infraestrutura ou desenvolvimento poderiam oferecer naquele
momento.
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Pois bem nas primeiras décadas do século dezenove, imigrantes de outros países,
principalmente europeus, vieram para o Brasil em busca de seus sonhos, momento
esse em que nascia a Colônia Dona Francisca, nossa Joinville.
1851, A barca Colon partiu de Hamburgo levando os primeiros imigrantes para a
Colônia Agrícola. E no dia 9 de março do mesmo ano, a barca atracou nas margens do
Rio Cachoeira com nossos fundadores europeus.
E apenas sete anos após a chegada dos nossos primeiros colonizadores, precisamente
no dia 31 de maio de 1858, seria fundada aquela que seria Sociedade Harmonie, hoje
Harmonia Lyra, patrimônio cultural joinvilense e a querida protagonista do nosso filme.
O contexto:
- O regime de governo no Brasil era monarquista e vivíamos o auge do segundo
império, governado por Dom Pedro Segundo, e a capital do império era o Rio de
Janeiro. Ainda iríamos passar pela Guerra do Paraguai, libertação dos escravos e, por
fim, a proclamação da República.
O principal meio de comunicação ainda era o telégrafo (que chegou ao Brasil,
especificamente na cidade do Rio de Janeiro, em 1850) e nem se falava em energia
elétrica por aqui…
A Europa, por sua vez, ainda sentia os efeitos do rápido crescimento quando a
produção mecanizada reduzia a oferta de trabalho na maioria dos países. As artes
estavam sob a influência do neoclassicismo.
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O memorialista Adolfo Schneider, no texto “A formação das Primeiras Sociedades na
Colônia Dona Francisca (1958), discorreu sobre a necessidade de instituições que
abrandassem o desânimo que assolava o espírito dos imigrantes. Em um trecho
específico ele apontou a “solidão” como um dos aspectos mais terríveis daquele
período.
Em 1858, quando a colônia experimentava seu primeiro significativo impulso
econômico - o início da construção da Estada da Serra (ou Estrada Dona Francisca),
ligando o litoral ao planalto de Curitiba se configurou um cenário promissor para a
expansão também na seara das artes.
Foi aí que surgiu a Sociedade Harmonie, a primeira de outras duas que surgiram no
mesmo ano: a Sociedade Ginástica e a Associação de Cantores.
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Nomes como Goethe, Schiller e Kant, nas letras; assim como Beethoven, Mozart,
Schubert e Wagner, na música, já faziam parte do repertório cultural de muitos dos
que aqui chegaram, além de vida social intensa.
Entrevistas
Eventos que chegaram fortes no século vinte e um também começaram entre suas
paredes, como a Festa das Flores e o Festival de Dança de Joinville.
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Mais um detalhe pitoresco: a fusão com a Sociedade Musical Lyra teve impacto no
futuro da entidade, como o projeto para a construção de sua sede própria.
Foram anos repletos de inovação provocados pela chegada de europeus que fugiram
da crise pós-guerra.
O expoente desse período foi a chegada à cidade do músico austríaco Josef Prantl (o
Pepi Prantl), pianista, maestro e compositor, juntamente com sua esposa, Lotte Prantl,
em fins de 1929.
Sob a batuta de Pepi Prantl, a Sociedade Harmonia Lyra deu um novo grande salto,
com a ópera Yara, baseada no libreto de Otto Adolf Nohel – composta, montada e
encenada pela primeira vez na cidade.
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Os joinvilenses tinham o privilégio de receber no palco da Harmonia Lyra, atrações
internacionais. Uma delas foi a mais importante cantora lírica à época no Brasil (anos
1937): Bidú Sayão! Ela acabava de chegar de turnê em Nova York , no Metropolitan
Opera House. Antes disso, passou por ali Glória Véli, cantora lírica que também havia
se apresentado na Europa e Estados Unidos.
Nos anos mais recentes, grandes nomes da dança também pisaram no palco da
Harmonia Lyra, como bailarinos da Companhia Brasileira de Ballet e a primeira
bailarina do Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Ana Botafogo.
A Era Vargas, período compreendido na história entre 1930 e 1945, aliada à Segunda
Guerra Mundial, afetou muito as atividades culturais e o “jeito de ser alemão” de
Joinville. As grandes produções de teatro e apresentações musicais, compostas e
encenadas na língua dos imigrantes, foram extintas por imposição legal.
O temor e a repressão dos interventores, destacados para Joinville pela quinta região
militar, sediada em Curitiba, era tamanha que até documentos foram eliminados e foi
constituída diretoria de sobrenomes luso-brasileiros.
Vamos para um novo capítulo: A era da música, quando surgiu a Orquestra Sinfônica
da Sociedade Harmonia-Lyra.
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Em 1976, com a chegada do maestro húngaro Tibor Reisner, teríamos um novo
impulso à Orquestra. É que Tibor, também regente da Sinfônica do Teatro Municipal
de São Paulo, introduz composições clássicas e populares ao repertório.
Foi ali que ele fez suas primeiras exposições e teve contato com um dos seus maiores
incentivadores para enveredar pelo mundo das artes: o escultor Fritz Alt.
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ambiente, surrupiava o paletó do pai que, apesar da diferença de tamanho, o bom
corte lhe emprestava elegância.
O depoimento sobre essa fase da sua vida, consta em reportagem sobre uma grande
exposição que fez em Paris com o título “Perfume”.
Seu irmão Edson Machado também guarda boas memórias de sua época de juventude
na Harmonia Lyra.
De onde vem a relevância da dança na cena cultural de Joinville?
A alternativa correta é, sim, da “alma” dos próprios imigrantes que desembarcaram na
Colônia Dona Francisca.
Foi em um desses eventos, por exemplo, que surgiu o mecenas que presenteou a
entidade com o maravilhoso lustre do palco central!
Ao longo dos anos, além de histórias e feitos, a Harmonia Lyra acumulou importante
acervo.
O pequeno salão da Harmonia-Lyra (ou, a Sala Mozart), guarda uma preciosidade, a
obra de arte de Hugo Calgan intitulada "O Pavão e a Rainha", à óleo de grandes
dimensões.
Tanto a procedência do seu autor, quanto a origem do que é considerado o primeiro
pano de boca da Sociedade, ou elemento cênico, trazem histórias, curiosidades e
mistério.
Bem, se voltarmos a 1858 e avançarmos até os dias de hoje um fato é incontestável,
quando lembramos da Sociedade Cultural Harmonia Lyra estamos falando de uma
história de resistência, uma bela história que abriga milhares de histórias que
permeiam de forma direta ou indireta todos que um dia passaram por Joinville, para
viver, trabalhar ou aproveitar o que a cidade tem.
O magnifico festival de ópera é um dos grandes resgates que mantem viva a chama
dos imigrantes fundadores da Sociedade.
Como é bom ver que a cultura se perpetua através desse local tão simbólico e
perceber que aquele mesmo objetivo do passado continua vivo e latente através da
arte que se mistura com outros atores e cenas como por exemplo: arquitetos,
restauradores e trabalhadores que se empenham nas obras de restauro do prédio da
Lyra, um verdadeiro símbolo de Joinville.
A parte superior da edificação menor, onde fica o Salão Mozart e o restaurante, vai
ganhando nova vida. No futuro, deve receber ali oficinas de artes, música ….
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O próprio Salão Mozart também foi restaurado.
E outros espaços como a boate que ganharão ressignificação para continuar inspirando
as gerações de hoje e do futuro.
E o que esperar da Harmonia Lyra para o futuro?
Sociedade Cultural Harmonia Lyra!
Que você possa continuar sendo esse grande núcleo das artes em todas as suas
expressões, honrando cada pessoa que a ti dedicou trabalho e amor desde 1858 até os
dias atuais.
Estaremos sempre a espera do próximo espetáculo, o próximo aplauso, o próximo
capítulo dessa linda história que seguirá com as vidas da nossa Joinville.
Essas são questões que fazem da Harmonia Lyra ser o que ela é
Me responde uma coisa.... O que seria de Joinville sem a nossa querida Harmonya
Lyra?