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FACULDADES BATISTA DO PARANÁ

JADSON FERREIRA DE ALMEIDA

RESENHA CRÍTICA DO ARTIGO “O DESAFIO DAS IGREJAS EVANGÉLICAS


INCLUSIVAS” DOS AUTORES SAMUEL MARQUES CAMPOS E BIANCA REGO
FARIAS

CURITIBA
2024
JADSON FERREIRA DE ALMEIDA

RESENHA CRÍTICA DO ARTIGO “O DESAFIO DAS IGREJAS EVANGÉLICAS


INCLUSIVAS” DOS AUTORES SAMUEL MARQUES CAMPOS E BIANCA REGO
FARIAS

Resenha crítica apresentada à Disciplina


Produção Acadêmica como parte
constitutiva do Bacharelado de Teologia à
distância.

Instrutora da disciplina: Prof. Me. Dr. Luis


Tarquinio Pontes Neto

CURITIBA
2024
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RESENHA CRÍTICA

O DESAFIO DAS IGREJAS EVANGÉLICAS INCLUSIVAS.

MARQUES CAMPOS, S., & REGO FARIAS, B. (2021). O desafio das igrejas
evangélicas inclusivas: uma reflexão à luz da teologia reformada, da teologia de
Queer em uma igreja evangélica de confissão luterana da região metropolitana
de Belém-PA. VIA TEOLÓGICA, v. 20, n. 40, p. 71-109, 2019. Recuperado de
http://periodicos.fabapar.com.br/index.php/vt/article/view/146.

I APRESENTAÇÃO DOS AUTORES

Samuel Marques Campos é doutor em Ciências Sociais, área de concentração em


Antropologia, pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da
Universidade Federal do Pará (PPGSA-UFPA), Mestre em Ciências da Religião pelo
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade do Estado do
Pará (PPGCR-UEPA). Possui os cursos livres de Especialização e Mestrado em
Teologia pelo Seminário Teológico Batista Equatorial (STBE), mantenedora da
Faculdade Teológica Batista Equatorial (FATEBE). É Coordenador de Extensão,
Subcoordenador do Centro Missiológico Equatorial (CEME) e Docente Acadêmico na
FATEBE (Graduação e Pós-Graduação lato sensu), atuando também no Núcleo
Docente Estruturante (NDE) do curso de Graduação em Teologia da referida
instituição.1

Bianca Rego Farias é bacharela em Teologia pela Faculdade Teológica Batista


Equatorial (FATEBE).2

1
Informação disponível em < http://periodicos.fabapar.com.br/index.php/vt/article/view/146>. Acessado em 19
de setembro de 2021.
2
Informação disponível em < http://periodicos.fabapar.com.br/index.php/vt/article/view/146>. Acessado em 19
de setembro de 2021.
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II APRESENTAÇÃO DA OBRA

Estrutura da Obra: Introdução, 3 capítulos, 8 subcapítulos e 6 divisões de subcapítulos


(1. A igreja evangélica de confissão luterana e o seu posicionamento sobre a
homossexualidade, 1.1 Surgimento da IECLB no Brasil, 1.2 A IECLB e sua atuação
em movimentos sociais no Pará, 1.3 Posicionamento sobre a homossexualidade; 2.
Apresentando a teologia Queer, 2.1 Pano de fundo para o surgimento de uma teologia
queer, 2.2 Fundamentos da hermenêutica queer, 2.3 Como a Teologia queer
interpreta os textos bíblicos, 2.3.1 A narrativa de Sodoma e Gomorra, 2.3.2 Código de
santidade em Levítico, 2.3.3 A definição paulina das relações homossexuais como
“contrária à natureza”; 3. Perspectiva reformada sobre a homossexualidade, 3.1 A
hermenêutica reformada, 3.2 Interpretação reformada de textos bíblicos sobre a
homossexualidade, 3.2.1 A narrativa de Sodoma e Gomorra (Gn. 19.1-11), 3.2.2 O
código de santidade em Levítico, 3.2.3 A definição paulina das relações homossexuais
como “contrária à natureza”) e Considerações Finais.

Tema Centralizador: Homossexualidade, Interpretações Teológicas, Religião e


Sociedade.

III BREVE SÍNTESE OBRA

O artigo resenhado visa fazer uma reflexão acerca da teologia queer3 à luz da
perspectiva reformada, levando em consideração os seus métodos interpretativos das
Escrituras Sagradas.

Assim, inicialmente, a partir de um estudo em uma igreja inclusiva da região


metropolitana de Belém-PA, pertencente à Igreja Evangélica de Confissão Luterana
do Brasil, os autores fazem um breve panorama sobre o surgimento dessa
denominação no Brasil e seu estabelecimento na cidade supracitada (MARQUES
CAMPOS & REGO FARIAS, 2019, p. 75 a 81). A seguir, é realizada uma análise
histórica e apresentada a hermenêutica bíblica defendida pelos adeptos da teologia

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A teologia queer é um método teológico desenvolvido a partir da abordagem filosófica da teoria queer, construída
por estudiosos como Marcella Althaus-Reid, Lisa Isherwood, Michel Foucault, Gayle Rubin, Eve Kosofsky
Sedgwick e Judith Butler. Disponível em < https://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_queer> . Acessado em
20/09/2021.
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queer, sendo salientada a forma como essas pessoas reinterpretam textos bíblicos
(MARQUES CAMPOS & REGO FARIAS, 2019, p. 82 a 95). No terceiro capítulo, são
feitas reflexões acerca da hermenêutica reformada e como os que assumem essa
teologia interpretam textos bíblicos relacionados à homossexualidade (MARQUES
CAMPOS & REGO FARIAS, 2019, p. 96 a 101).

Deste modo, Marques Campos & Rego Farias (2019), baseados na pesquisa
realizada, apreendem que para os teólogos queer, a Bíblia não condena a
homossexualidade. No entanto, para a teologia reformada, a homossexualidade é um
pecado, sendo considerada como um comportamento inadequado pelas Escrituras.

Por fim, os autores entendem que, na academia, devem-se privilegiar os debates


respeitosos, plurais metodologicamente, mesmo quando existirem discordâncias
cruciais, compreendendo que o debate sobre essa temática deve ser feito de forma
científica, respeitosa e com bona fide4. (MARQUES CAMPOS & REGO FARIAS, 2019,
p. 103).

IV PRINCIPAIS TESES DESENVOLVIDAS NA OBRA

a) A IECLB caracterizar-se por ser uma igreja que se envolve em


movimentos sociais em favor daqueles que são considerados
marginalizados pela sociedade, por estar pautada na Teologia da
Libertação, tem a sua história marcada pelo ativismo social: Assim, a
igreja em Belém/PA inclui pessoas de orientação homossexual em sua
membresia, realizando casamentos entre pessoas do mesmo sexo nessa
igreja, por considera-las como irmãs em Cristo, membros comungantes e
atuantes nas atividades da comunidade paraense (MARQUES CAMPOS &
REGO FARIAS, 2019, p.77 e 78).

b) A teologia queer introduz no pensamento cristão uma ruptura com as


abordagens teológicas tradicionais: A perspectiva pós-estruturalista, que
emerge como uma corrente que procura desconstruir verdades absolutas e

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Bona fide é uma locução latina que significa "de boa-fé" ("bona fide", in Dicionário Priberam da Língua
Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/bona%20fide [consultado em 19-09-2021]).
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centrais, trouxe a fundamentação para a teoria queer, apresentando o conceito


de múltiplas identidades sexuais, repensando e questionando a
heterossexualidade dominante e normativa na sociedade e de que a
homossexualidade seja caraterizada como um desvio de padrão. Nesta linha,
a discussão dos fundamentos da hermenêutica queer, em torno da prática
homossexual baseia-se na reinterpretação das Escrituras (MARQUES
CAMPOS & REGO FARIAS, 2019, p.88).

c) A teologia reformada entende que uma interpretação adequada das


Escrituras deve concentrar-se na compreensão literal do texto,
considerando as condições históricas, o tipo de literatura bíblica, a
gramática e o contexto: À luz do método gramático-histórico, os reformadores
entendem que o alvo principal é identificar qual a real intenção do autor do
texto, deixando a Escritura falar e não falando por ela (MARQUES CAMPOS &
REGO FARIAS, 2019, p.96).

d) O debate sobre essa temática deve ser feito de forma científica, respeitosa
e de boa fé: Não há pontos em comum entre a teologia queer e a teologia
reformada por serem teologias diferentes e opostas. Devido a isso, os autores
entendem que devem-se privilegiar na área acadêmica os debates respeitosos,
plurais metodologicamente, mesmo quando existirem discordâncias cruciais
(MARQUES CAMPOS & REGO FARIAS, 2019, p.103).

V CRÍTICA DO RESENHISTA

Ao observar que, nos últimos anos, algumas igrejas evangélicas tem mudado suas
concepções acerca do comportamento homoafetivo, Marques Campos & Rego Farias
(2019), sob a óptica da teologia reformada, estudam a teologia queer, a qual também
é considerada como a teologia homossexual, tendo sido adotada por diversas igrejas
classificadas como “inclusivas”. Assim, essa pesquisa pode ajudar a esclarecer, e
muito, as preferências teológicas e posicionamentos sobre essa temática sob a ótica
dos que defendem tal teologia em contraposição com a teologia reformada, refletindo
como sobre como essa nova proposta teológica problematiza a sexualidade, sua
relação com a fé e a interpretação das Escrituras. Buscando, deste modo, enxergar a
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Palavra de Deus como ouvinte e não falando por ela, visando compreender o seu
sentido claro e natural.

Neste tempo em que vivemos, cresce na sociedade em geral, e também em setores


religiosos, uma valorização da homossexualidade como comportamento não apenas
aceitável, mas supostamente compatível com a vida cristã. Diferentes abordagens
teológicas têm sido propostas no sentido de se admitir que homossexuais masculinos
e femininos possam ser aceitos como parte da Igreja e expressar livremente sua
homoafetividade no ambiente cristão. Portanto, nesse aspecto, o debate acerca do
assunto instigante e desafiador analisado pelos autores neste artigo se mostra
fundamental nos mais variados níveis eclesiásticos e por todos aqueles que, como
cristãos, querem fazer a diferença no mundo moderno, seguindo os passos do Mestre.

A problemática da obra ao discutir a Teologia Queer, que propõe uma releitura da


teologia reformada de Martinho Lutero e de passagens bíblicas, adequando a Igreja
com a cultura e o contexto social contemporâneos, nos faz refletir sobre a necessidade
de aguçar os nossos conhecimentos bíblicos de acordo com a Verdade (BÍBLIA
SAGRADA. Efésios 4:14, 2017, p. 1284). Em lugar da exegese, que seria o processo
pelo qual o intérprete visita o texto bíblico em busca de sua história e do seu sentido
original, preferem a eisegese, que é o processo pelo qual o intérprete projeta sobre o
texto as suas próprias ideias. Isto porque, procuram ler o texto bíblico a partir de uma
perspectiva ideológica ou política. Porém, isso se revela uma grande ironia, uma vez
que, considerando que o intuito do cristianismo é vivência em comunidade, no qual a
relação com outro se estabelece na própria relação com Deus, a hermenêutica dos
adeptos da teologia queer se distancia, em muito, do Senhor que não fazia a sua
vontade, mas a Vontade do Pai (BÍBLIA SAGRADA. João 5:30, 2017, p. 1169).

Diante da doutrinação fragmentada e desvirtuada dos princípios bíblicos, será que a


interpretação da teologia reformada, que visa deixar que o autor do texto sagrado diga
o que ele de fato diz, em vez de atribuir-lhe o que pensa que ele deva dizer
(MARQUES CAMPOS & REGO FARIAS, 2019, p.96), não seria a melhor perspectiva
para a proclamação genuína da fé cristão, visando a difusão da verdade em Cristo?
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A proposta da teologia queer constitui-se em um desafio contemporâneo ao


cristianismo. É manifesto como “novos ensinos” divergentes do que tem sido
defendido pelo cristianismo histórico vem se alastrando em ambientes sagrados,
seduzindo pessoas, resultando em crentes ativistas de suas próprias causas (BÍBLIA
SAGRADA. 2 Timóteo 4:3, 2017, p. 1307). Cremos também que a Igreja (incluindo
suas áreas acadêmicas) deve sim participar deste debate com o objetivo de
desenvolver uma consciência crítica, aplicando uma teologia que desperte a leitura e
interpretação da Palavra de Deus, cumprindo com amor a missão de ir por todo mundo
e pregar o Evangelho a toda criatura (BÍBLIA SAGRADA. Marcos 16:15, 2017, p.
1119).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÍBLIA SAGRADA. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Nova Almeida


Atualizada. 3ª ed. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

MARQUES CAMPOS, S., & REGO FARIAS, B. (2021). O desafio das igrejas
evangélicas inclusivas: uma reflexão à luz da teologia reformada, da teologia de
Queer em uma igreja evangélica de confissão luterana da região metropolitana
de Belém-PA. VIA TEOLÓGICA, v. 20, n. 40, p. 71-109, 2019. Recuperado de
http://periodicos.fabapar.com.br/index.php/vt/article/view/146.

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