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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO

DE OFICIAIS DA AERONÁUTICA

DIVISÃO DE ENSINO

ARTIGO CIENTÍFICO

A ANÁLISE DA AVALIAÇÃO NA INSTRUÇÃO


AÉREA NA ACADEMIA DA FORÇA AÉREA
Título do Trabalho

278
CÓDIGO

EDUCAÇÃO NA FORÇA AÉREA


LINHA DE PESQUISA

CAP 1/10
Curso e Ano
ARTIGO CIENTÍFICO

A ANÁLISE DA AVALIAÇÃO NA INSTRUÇÃO AÉREA


NA ACADEMIA DA FORÇA AÉREA
TÍTULO

EDUCAÇÃO NA FORÇA AÉREA


LINHA DE PESQUISA

05/MAIO/2010
..............................
DATA

CAP 1/2010
...........................................
CURSO

Este documento é o resultado dos trabalhos do aluno do Curso de


Aperfeiçoamento da EAOAR. Seu conteúdo reflete a opinião do autor, quando não
for citada a fonte da matéria, não representando, necessariamente, a política ou
prática da EAOAR e do Comando da Aeronáutica.
RESUMO

Esse artigo teve como objetivo investigar os parâmetros utilizados para a avaliação
da instrução aérea que interferiram na distinção do rendimento dos cadetes na
instrução de vôo na AFA nos últimos dois anos. A avaliação da instrução aérea da
Academia da Força Aérea está baseada principalmente em métodos e padrões que
a tornam muito dependente do avaliador. Devido à necessidade de classificação
entre os alunos, foi preciso pesquisar se os parâmetros utilizados na avaliação
influenciavam o rendimento dos cadetes. Devido a isso, foi realizada uma pesquisa
documental para verificar, no Plano de Avaliação e no Programa de Instrução Aérea,
a avaliação e compará-la com a teoria de Avaliação de Turra (1975) e a de Leda e
Suely (1982). Com base nesses conhecimentos, as médias dos graus dos exercícios
foram avaliadas com os graus atribuídos às missões pelos instrutores de vôo,
baseando-se nas teorias supracitadas. Ao final foi confirmada a influência negativa
dos parâmetros de avaliação da instrução aérea elencados pela AFA na distinção do
rendimento obtido pelos cadetes.

PALAVRAS CHAVES: Instrução Aérea. Academia da Força Aérea. Avaliação.

ABSTRACT

This article aims to investigate the parameters used to assess the air that interfere
with instruction in distinguishing the performance of the cadets at the AFA flight
instruction in the past two years. The evaluation of instruction Air Force Academy Air
is based mainly on methods and standards that make it very dependent on the
evaluator. Due to the need to classify the students had to search the parameters
used in the evaluation influenced the yield of the cadets. Because of this, a search
was conducted for documentary check, the Evaluation Plan and Program of
Instruction Air, assessment and compare it with the theory Assessment Turra (1975)
and of Leda and Suely (1982). Based on this knowledge, the average grade of the
exercises were evaluated with the grades assigned to missions by flight instructors,
based on the theories mentioned above. Then it was confirmed the negative
influence of the parameters for the assessment of air instruction listed by AFA in the
distinction of the income earned by cadets.

KEY WORDS: Air Instruction. Air Force Academy. Evaluation.


3

INTRODUÇÃO

A Academia da Força Aérea (AFA) é a instituição incumbida da formação


dos pilotos para a Força Aérea Brasileira (FAB). Essa formação está pautada em
regulamentos como o Programa de Instrução Aérea (PIA) e o Plano de Avaliação da
AFA (PAv).
A atividade aérea, prevista no PIA, é ministrada em dois estágios: Instrução
de Vôo na aeronave T-25, no segundo ano de formação (1° Estágio), e Instrução de
Vôo na aeronave T-27, no quarto ano de formação (2° Estágio).
A média final do estágio no segundo ano corresponde a 35% da nota final do
cadete na Divisão de Ensino e a 56% da nota final do cadete do quarto ano. Devido
a esse peso, o ensino da atividade aérea tem que ser avaliado de forma adequada e
fidedigna, pois segundo o prof. Celso Antunes (2005):

Não se pode separar o ensino da avaliação como se representassem


compartimentos separados de um processo. Aprender implica em se avaliar
e, dessa maneira, o progresso do aluno deve ser visto não pela forma como
se sai em um desafio homogêneo apresentado a muitos, mas como se
reduz sua dependência da ajuda do mediador e, portanto, qual a efetiva
distância que percorreu comparado ao apoio da mediação. (CELSO
ANTUNES, 2005).
O PAv define que para o domínio psicomotor 1, ou seja, a avaliação da
instrução aérea, seja utilizado o método de avaliação por apreciação, delegando aos
instrutores de vôo (IN) dos Esquadrões de Instrução Aérea a responsabilidade de
ensinar, avaliar e selecionar os cadetes. A atribuição do instrutor se baseia no papel
fundamental do professor, enquanto responsável pela instrução aérea e essa ligação
entre o papel do professor e a avaliação do aluno, segundo Demo (2010), fica assim
definida:

Se o papel fundamental do professor é cuidar que o aluno aprenda, então


avaliar faz parte indispensável. Avaliar é desafio sempre complicado e
complexo (por isso é para "profissionais", não amadores), mas sem
diagnóstico adequado, torna-se difícil planejar e interferir em favor do aluno.
No ano de 2008, o autor, como chefe da Seção de Avaliação da Divisão de
Ensino da AFA, pôde observar uma dificuldade por parte do Conselho Superior de
Ensino (CSE) em selecionar e indicar os cadetes, de acordo com o seu desempenho
na instrução aérea, para as diversas aviações, a saber: transporte, asas rotativas e
caça.
1(desenvolvido por Rothwell e Kazanas em 1989) refere-se às capacidades físicas e/ou a execução das tarefas motoras, de acordo com uma
determinada norma de precisão, rapidez, ou suavidade.
4

Após a análise dos graus recebidos dos Esquadrões de Instrução Aérea


(EIA) naquele ano, os quais são destinados à classificação dos cadetes, percebeu-
se a expressiva concentração de valores próximos a nove pontos, prejudicando a
diferenciação e causando certa inquietação sobre o processo de avaliação da
instrução aérea na AFA.
De acordo com Demo (2006), o processo de avaliação deve sofrer
questionamentos sempre que, de alguma forma, possa produzir um bem para a
instituição ou para a aprendizagem, ficando bem claro quando o mesmo emite a
seguinte afirmação:

Todos os dados e todas as notas são questionáveis, porque são produto


natural de um processo interpretativo, enredado em teorias, hipóteses e
freqüentemente com ideologias. É fundamental saber questionar o
avaliador, a avaliação, não para se desfazer desta habilidade, mas para
emprestar-lhe tanto maior cuidado, zelo e dedicação.
Com concentração marcante da média da turma em um valor, a proximidade
entre os cadetes fica delimitada na casa de décimos e algumas vezes nos
centésimos, dificultando, desta maneira, a diferenciação no desempenho na
avaliação de vôo.
Essa distribuição de notas pode ter sido ocasionada por diversos fatores,
como a falha no processo de padronização dos avaliadores (erros de apreciação) ou
os padrões2 e instrumentos de avaliação3 não adequados (BRASIL, 2007).
A instrução aérea, além de ser a área principal da formação dos oficiais
aviadores (técnico especializada), tem um papel importante na classificação dos
cadetes. Por si só, uma avaliação deve ter grande importância numa instituição de
ensino como a AFA e, como cada missão ou vôo executado é considerado uma
avaliação, constitui uma necessidade a pesquisa que identifique os parâmetros que
influenciam na distinção do desempenho na atividade aérea.
Segundo Leda e Suelly (1982), dentre os fatores que podem influenciar a
avaliação, os instrumentos de medida e os padrões de avaliação interferem
diretamente no julgamento de valor do avaliador, pois fornecem respectivamente, os
dados a serem avaliados e ponto de referência ou padrão a ser comparado.
Como ambos os fatores fazem parte dos parâmetros da avaliação 4 e devido
2
Aquilo que se usa como ponto de referência para julgar valores. Especificamente, uma escala,
hierarquia ou série de gradações ou níveis que descrevem as variações dos valores do status de um
fenômeno e o valor atribuído a determinadas gradações ou níveis. (LEDA e SUELLY, 1982).
3
Instrumento baseado em objetivos específicos, constituído para levantar dados ou fatos para serem
avaliados. (LEDA e SUELLY, 1982).
4
Entende-se, para fins desta pesquisa, como critérios, padrões, métodos e instrumentos de avaliação
5

à possibilidade de coleta de dados apenas a partir de 2008, a inquietação


supracitada originou o seguinte questionamento: qual a interferência dos parâmetros
utilizados para a avaliação da instrução aérea na distinção do rendimento5 dos
cadetes nos últimos dois anos?
Definido o problema, para nortear o desenvolvimento do estudo, foi
estabelecido o seguinte objetivo geral: investigar os parâmetros utilizados para a
avaliação da instrução aérea que interferiram na distinção do rendimento dos
cadetes na instrução de vôo na AFA nos últimos dois anos.
Visando atingir o objetivo geral, foram desenvolvidas as seguintes questões
norteadoras, as quais, quando solucionadas, proporcionarão subsídios para a
solução do problema.
a) quais os métodos e instrumentos de avaliação previstos no PIA e no PAv
que norteiam a instrução aérea na AFA?
b) dentre os métodos e instrumentos de avaliação elencados no PAv e no
PIA, quais são os padrões de avaliação previstos na instrução aérea?
c) com base nos parâmetros previstos no PAv e no PIA, como se encontra a
distribuição do rendimento dos cadetes na instrução aérea nos últimos dois anos?
A fim de elucidar o conteúdo dessas questões foram elaborados objetivos
específicos por possuírem estreita relação com o problema investigado:
a) identificar os métodos de avaliação previstos no PAv e no PIA que
norteiam a instrução aérea na AFA.
b) identificar instrumentos de avaliação previstos no PIA e no PAv que
norteiam a instrução aérea na AFA
c) identificar os padrões de avaliação da instrução aérea previstos no PAv e
no PIA.
d) identificar, com base nos parâmetros de avaliação, a distribuição dos
graus obtidos pelos cadetes na instrução aérea nos últimos dois anos.
Ressalta-se que esta pesquisa apresentou como fator de relevância, a
investigação dos parâmetros que interferem na diferenciação dos graus obtidos
pelos cadetes na avaliação da instrução de vôo, o que possibilita uma melhor
seleção dos discentes para as diversas aviações e proporciona o investimento nos
recursos humanos de acordo com sua capacidade e habilidade.
que norteiam e definem como será realizado o processo de avaliação.
5
Entende-se, para fins desta pesquisa, como a média final das missões realizadas pelos cadetes na
instrução aérea.
6

Com um entendimento mais apurado sobre os parâmetros de avaliação,


esta pesquisa possibilitará trabalhos futuros sobre métodos de avaliação do domínio
psicomotor, fazendo com que a avaliação seja mais adequada ao tipo de seleção
previsto na organização e represente o real desempenho dos cadetes.
Após a definição do objetivo da pesquisa, da sua justificativa, do problema a
ser analisado e das questões norteadoras, foi iniciada a pesquisa científica
propriamente dita, a qual teve como ponto de partida a exposição da metodologia.

1 METODOLOGIA

A descrição dos procedimentos a serem seguidos na realização da pesquisa


deve ser apresentada conforme os seguintes aspectos: tipo de pesquisa, população
e amostra, coleta de dados e análise dos dados. (GIL, 2009).
O pesquisador utilizou, com base em seus objetivos gerais, a pesquisa
descritiva que “[...] tem como objetivo primordial a descrição das características de
determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre
variáveis.” (GIL, 2009, pg. 42). As variáveis neste projeto foram: os parâmetros de
avaliação da instrução aérea e o rendimento dos cadetes na mesma. Estabelecer a
relação entre estas se fez necessário para identificar suas interferências na
diferenciação dos rendimentos apresentados pelos cadetes durante a instrução de
vôo na AFA e, conseqüentemente, na classificação dos mesmos para as diversas
aviações.
Quanto aos procedimentos técnicos utilizados, identificados na proposta de
coleta e análise de dados, optou-se pelo delineamento tipo estudo de campo. Este
basicamente caracteriza-se “[...] pelo estudo de um único grupo ou comunidade em
termos de sua estrutura social, ou seja, ressaltando a interação entre seus
componentes” (GIL, 2009, pg. 53).
Para operacionalização dos conceitos envolvidos e das variáveis descritas
(GIL, 2009), foram aplicados, também, princípios da pesquisa bibliográfica e
documental.
A amostra da população estudada, em torno de 17 mil fichas, foi delimitada
por todas as fichas de vôo avaliadas no âmbito da AFA no período de 2008 e 2009,
em função do sistema de gerenciamento de informações da instrução de vôo,
conhecido como MENTOR, ter sua instalação a partir de 2007. O universo indicado
7

compôs-se, nos anos delimitados pelo MENTOR, de 32 mil fichas de vôo aplicadas
na instrução aérea de cerca de 820 cadetes (pesquisa estatística através de
relatórios do sistema).
As técnicas para a coleta de dados foram adotadas de maneira a responder
as questões norteadoras, da seguinte forma:
a) para responder as duas primeiras perguntas foi realizada uma pesquisa
documental, a qual teve como principais fontes o PAv e o PIA;
b) quanto à última questão, foi realizado um levantamento de dados através
de relatórios de registros de todas as fichas de vôo com os respectivos graus,
utilizando o software MENTOR.
Após o levantamento de dados, foi realizada uma comparação entre os
parâmetros de avaliação previstos no PAv e a teoria de Turra sobre padrões de
avaliação, analisando escalas, métodos e instrumentos de avaliação de acordo com
o fim esperado: a classificação.
A fim de esclarecer a distribuição das médias dos cadetes, foram
comparados os graus das fichas de vôo com seus respectivos itens de missão
(exercício), buscando indícios sobre o problema da fidedignidade6 elencado por
Heraldo (1973).
Depois foram levantadas as médias e desvios padrão das tabelas de graus,
a fim de apresentar graficamente a quantidade de graus idênticos e realizada uma
análise baseada na distribuição normal.
Com base na distribuição dos graus e na classificação de vôo pode-se ser
avaliada a interferência dos parâmetros de avaliação elencados no PAv e no PIA no
rendimento dos cadetes.
Para desenvolver este estudo, utilizou-se como referencial teórico, por tratar-
se de processo de avaliação, a Teoria de Avaliação por Observação de Turra (1975)
e de instrumentos de avaliação de Leda e Suely (1982), ambas focadas na avaliação
subjetiva, as quais foram apresentadas no capítulo 2.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Toda organização tem sua personalidade própria e cada uma delas tem o
seu papel dentro da sociedade. A AFA tem como papel a seleção e formação dos
6
É a coerência com que um teste mede aquilo que mede.Refere-se à estabilidade e à consistência
dos seus escores.
8

oficiais para a FAB. Dentro dessa formação, o cadete sofre avaliações nos domínios
cognitivo, afetivo e psicomotor.
Segundo o PAv, na instrução aérea avalia-se o domínio psicomotor, tendo
como base o método de avaliação por apreciação para os itens ou exercícios
previstos na missão e o método de avaliação global para a missão em si.
De acordo com as metodologias apresentadas por Turra (1975), para uma
observação ser criteriosa ela tem que se enquadrar nos seguintes passos:
a) definição dos objetivos;
b) determinação do foco de observação;
c) padronização dos fatores a serem observados;
d) delimitação do campo de atuação;
e) delimitação do tempo e duração;
f) determinação da técnica de coleta de dados: registro, anedotário e escala;
g) determinação da Técnica de Documentação: descrição geral, descrição
específica, interpretação e avaliação.
Foi elencada esta teoria base por adequar-se a concepção do IN como um
observador e avaliador do desempenho do cadete na instrução aérea.
Saber observar com método é o primeiro grande passo para se avaliar com
precisão, porém não é tudo. É necessário, também, analisar, mais de perto, as
demais condicionantes para uma avaliação subjetiva7 mais válida e fidedigna
(TURRA, 1975).
Utilizando-se dos métodos de avaliação por apreciação e de apreciação
global previstos no PAv para a valorização dos exercícios e da missão, os
instrutores realizam uma avaliação subjetiva do desempenho e a comparam com os
parâmetros de avaliação previstos.
Segundo Turra (1975), as apreciações seguem o seguinte raciocínio:

Considera-se que as apreciações feitas através da observação de várias


realidades associadas à comparação mental destas apreciações com um
padrão considerado como o ideal levam-nos à emissão de um conceito, o
qual é, a rigor, a própria avaliação subjetiva. (TURRA, 1975).
De acordo com Turra (1975) e Luckesi (1995) é impossível darmos o mesmo
tratamento metodológico aos processos de inferência 8, apreciação 9
e elaboração
7
O conceito de avaliação subjetiva é o ato de formular um julgamento em função de padrões
previamente estabelecidos e de apreciações emitidas pelo avaliador.
8
É o ato de admissão da verdade de uma proposição não conhecida diretamente, em virtude da
ligação dela com outras proposições já admitidas como verdadeiras.
9
É o ato de reconhecer o valor de uma inferência, a qual é o produto de uma opinião pessoal
9

de conceitos. A questão fica bem nítida quando Turra (1975) definiu observação
como sendo um processo concreto de reprodução do real, enquanto que os demais
processos são basicamente internos, de elaboração mental, estando, pois,
subordinados à pessoa do avaliador.
O IN é influenciado por diversos parâmetros de instrução, o que segundo
Turra (1975) faz com que sua avaliação global da missão seja bastante subjetiva,
pois se baseia nas avaliações do mesmo sobre os itens ou exercícios, as quais
também são subjetivas.
A concepção de Sant'Anna (1995), a qual complementa Turra (1975), é:

Já que uma avaliação subjetiva está vinculada à pessoa do avaliador, para


torná-la, então, mais científica, a fim de que a mesma possa vir a ser usada
como uma técnica de avaliação deve-se diminuir a interferência da pessoa
do avaliador no processo de valoração, sem, no entanto, prejudicar a
avaliação.
O autor também entende que cada missão prevista na instrução aérea deva
ser considerada uma avaliação e, sendo assim, cada missão deve ser avaliada de
forma global conforme previsto numa avaliação comum. Fato concluído devido à
afirmação feita em Heraldo (1973):

É notório que diferentes julgadores, por motivos vários (efeito halo,


diversidade de padrões de julgamento, ausência de uma chave de correção,
cansaço físico e mental, etc.) ao corrigirem uma mesma prova, costumam
atribuir os mais diferentes graus ao trabalho.
De acordo com a teoria de Leda e Suelly (1982), a organização de ensino
deve selecionar e avaliar os parâmetros de avaliação, baseando-se no interesse
dessa organização pelos resultados obtidos, ou seja, classificar alunos (avaliação
somativa), ou organizá-los em faixas de aprendizagem (avaliação diagnóstica) ou
simplesmente compará-los a um valor preestabelecido (avaliação formativa).
Assim, Leda e Suelly (1982) estabelecem, em seu livro Avaliação
Educacional, que a avaliação deve estar baseada em algumas etapas para que esta
atinja os objetivos propostos pela organização:
a) formulação de objetivos e definição de atributos;
b) determinação de critérios e condições;
c) seleção de procedimentos e instrumentos de medida;
d) quantificação do atributo em unidades de grau.
Em pormenores, na etapa da determinação de critérios ou padrões de
avaliação, foram estabelecidas algumas diretrizes, ainda segundo Leda e Suelly
criteriosa.
10

(1982):
a) os padrões de avaliação consistem em um esquema de variações de
qualidade;
b) nos padrões de avaliação, o significado das categorias deve ser explícito;
c) deve haver limites exatos entre as diversas categorias e o significado de
cada categoria deve ser claro;
d) os padrões de avaliação devem ser razoavelmente estáveis, pelo menos
durante uma unidade de ensino;
e) os padrões de avaliação devem facilitar a seleção e construção de
instrumentos de avaliação;
f) os padrões de avaliação devem ser atualizados, isto é, de acordo com as
descobertas científicas e outros valores culturais contemporâneos;
g) os padrões de avaliação devem corresponder ao estágio evolutivo do
aluno.
Dessa forma, fazendo uma correlação com o objetivo do trabalho, entende-
se que a avaliação da instrução aérea na AFA, tendo a classificação do
desempenho como necessidade fundamental no processo de avaliação e esta
fundamentada nos parâmetros de avaliação, pode ser analisada com base na teoria
de Turra sobre a avaliação científica e na teoria de Leda e Suelly sobre instrumentos
de medida.
Para a diferenciação das notas, o autor irá utilizar a teoria estatística de
distribuição normal, baseando na média do rendimento e no desvio padrão da
distribuição, para a comparação entre os graus de rendimento dos cadetes na
instrução de vôo.
Antes de se entender como os parâmetros de avaliação interferem no
rendimento do cadete no vôo da AFA, serão mostradas as características da
instrução.

3 INSTRUÇÃO AÉREA

A instrução aérea da AFA é regida por vários manuais. Para a presente


pesquisa foram utilizados o PAv e o PIA por serem os principais documentos que
regem a avaliação dessa instrução.
Conforme citado no próprio Brasil, 2010:
11

Esta publicação tem por finalidade estabelecer, no ano letivo de 2009, o


planejamento, os parâmetros, os meios e as normas para a realização da
instrução aérea na AFA, relativa ao Curso de Preparação de Instrutores de
Vôo e aos estágios de vôo do Curso de Formação de Oficiais Aviadores,
também cumpridos por oficiais da Marinha do Brasil e por outros militares de
nações amigas. (BRASIL, 2010).
Apesar do PIA ser editado anualmente, as principais mudanças ocorrem na
quantidade de alunos realizando o curso, nas horas de vôo e no número total de
missões a serem realizadas. No PIA de 2008 e 2009 as missões, exercícios e
padrões de avaliação foram os mesmos.
O PAv delimita que o curso regular dos cadetes é realizado em dois
estágios, durante o segundo e quarto ano, respectivamente nas aeronaves T-25
Universal e T-27 Tucano.
O primeiro estágio é composto das seguintes fases: Pré-Solo (PS),
Manobras e Acrobacias (MAC), Formatura (FR) e Navegação (NV). O segundo
estágio é composto das seguintes fases: Pré-Solo (PS), Manobras e Acrobacias
(MAC), Instrumento (VI), subdividido em básico e avançado, Formatura Dois Aviões
(FR2), Formatura Quatro Aviões (FR4) e Navegação (NV).
Cada fase é dividida em missões, que, na prática, são os vôos de instrução
realizados com a finalidade de cumprir uma Ordem de Instrução (OI). Essa OI tem
um conjunto de exercícios e orientações que compõem a missão.
Dentre os métodos de avaliação elencados para a atividade aérea, a AFA
definiu, segundo o PAv, os métodos de avaliação por apreciação e de avaliação
global, tendo como instrumento de medida padrão a ficha de vôo.
O método de avaliação por apreciação é utilizado para o IN avaliar os
exercícios das missões, de acordo com os níveis de aprendizagem previstos na OI.
Segundo o PIA, são utilizados os seguintes níveis:
a) preparação (PR): não é avaliado, cabe ao IN levar o aluno a obter uma
percepção simulada e ajustá-lo para responder corretamente a essa
percepção;
b) resposta orientada (RO): o Aluno age sob orientação mecânica do IN;
c) resposta mecânica (RM): o aluno é capaz de, por si só, executar a ação
sem o acompanhamento do IN, mas ainda há a necessidade de controle
verbal do instrutor;
d) resposta aberta complexa (RC): O aluno executará um conjunto
integrado de movimentos com a capacidade de identificar e corrigir seus
12

erros, sem a presença do IN.


Cada exercício realizado recebe um grau de acordo com o nível de
aprendizagem previsto e o resultado demonstrado é comparado com um padrão de
avaliação, o qual também é utilizado para quantificar o desempenho final da missão.
O método de avaliação global é utilizado pelo IN para avaliar e quantificar o
desempenho na missão e tem por base a execução individual de cada exercício.
Os graus dos exercícios e da missão são definidos após uma comparação
com os padrões de avaliação, os quais se encontram numa escala. Segundo o PAv,
na AFA o padrão de avaliação escolhido foi o método da escala gráfica10, sendo
definido como:
a) perigoso (1): caracterizado quando as normas da atividade aérea forem
violadas ou quando o IN intervier, manualmente, nos comandos de vôo
para evitar acidentes perfeitamente previsíveis;
b) deficiente (2): quando o cadete apresentar erros, não atingindo o nível de
aprendizagem previsto no exercício;
c) satisfatório nos mínimos (3): quando o cadete apresentar erros,
atingindo, com muito treinamento, o nível previsto, com rendimento
mínimo aceitável, demonstrando condições de obter o desempenho
esperado na próxima missão;
d) satisfatório (4): quando o cadete apresentar erros, atingindo, com
treinamento, o nível previsto no exercício;
e) bom (5): quando o cadete apresentar poucos e pequenos erros,
atingindo, com pouco treinamento, o nível previsto;
f) excelente (6): quando o cadete demonstrar excelente domínio da
aeronave e atingiu com facilidade ou superou o nível previsto para a
missão.
Caso o aluno receba um grau deficiente ele terá que realizar uma missão de
revisão. Um exercício deficiente já acarreta um grau deficiente na missão.
Todas as missões são avaliadas através da ficha de vôo, a qual contém
todos os exercícios referentes à ordem de instrução prevista. Desde 2007, esta ficha
é eletrônica e seu preenchimento resulta na construção de um banco de dados

10
É o método de Avaliação de desempenho mais utilizado, divulgado e simples. Exige muitos
cuidados, a fim de neutralizar a subjetividade e o pré-julgamento do avaliador para evitar
interferências. Trata-se de um método que avalia o desempenho das pessoas através de fatores de
avaliação previamente definidos e graduados. (LEDA E SUELLY, 1982)
13

(MENTOR).
Para quantificar o desempenho final do aluno na atividade aérea, calcula-se
uma média aritmética de todas as missões avaliadas, incluindo as missões solo que
forem comuns a todos os cadetes.
Após a abordagem da forma em que, atualmente, é ministrada e avaliada a
instrução aérea na AFA, e, com o intuito de esclarecer outra questão norteadora na
pesquisa, será apresentada como está a distribuição do rendimento dos cadetes nos
últimos dois anos de acordo com os dados levantados através da ferramenta de
gerenciamento de vôo.

4 O RENDIMENTO NA INSTRUÇÃO AÉREA

Conforme descrito anteriormente, o MENTOR é um programa que foi


desenvolvido para acompanhar toda a atividade aérea na AFA, gerenciando o
rendimento dos cadetes na instrução aérea, a disponibilidade de aeronaves e o
planejamento e avaliação da instrução como um todo. Foi através do MENTOR que
foram levantados os dados referentes às missões e às avaliações para esta
pesquisa.
Dessa forma, dois histogramas foram elaborados (Figura 1 e 2) para uma
melhor visualização da distribuição das médias obtidas com os parâmetros atuais,
nos anos de 2008 e de 2009, com base na quantidade de repetições de médias
pelos cadetes ao final do curso:

18
16
14
12
Repetições

10
8
6
4
2
0
3

7
92

76

61

46

30

00

84

69

30

07
15

53
4,

3,
4,

4,

4,

4,

4,

4,

3,

3,

3,

3,

Rendimento dos cadetes

Fig.1 – Distribuição de médias no ano de 2008.


Fonte: Banco de dados do Mentor.
14

18
16
14
12
Repetições

10
8
6
4
2
0
5

3
6

1
84

69

38

23

07

92

61

46

23
53

76
4,

3,
4,

4,

4,

4,

4,

3,

3,

3,

3,
Rendimento dos cadetes

Fig.2 – Distribuição de médias no ano de 2009.


Fonte: Banco de dados do Mentor.

A apresentação dos dados, através de gráficos, elaborados pelos


rendimentos obtidos na atividade aérea em relação às repetições dos mesmos pelos
cadetes, visou mostrar a aglomeração de alunos com o mesmo rendimento e
responder a terceira questão norteadora.
Para mensurar estatisticamente a avaliação da atividade aérea, foram
levantados, também, a média e o desvio padrão do rendimento dos cadetes,
conforme apresentado a seguir:
Ano Média Desvio Padrão
2008 4,180 0,389
2009 4,063 0,433
Fig.3 - Médias e desvio padrão.
Fonte: Banco de dados do MENTOR

Após a abordagem da distribuição da média de avaliação dos cadetes na


instrução aérea na AFA e com a finalidade de proporcionar continuidade a este
estudo, deu-se o início da análise dos dados obtidos na pesquisa, conforme
apresentados a seguir.

5 ANÁLISE DE DADOS

De acordo com o exposto na metodologia se fez necessário analisar, em


separado, cada um dos fatores que compõem os parâmetros de avaliação a fim de
identificar a influência desses no rendimento do cadete na instrução aérea.
Analisando a avaliação encontrada na atividade aérea, percebeu-se que o
método por apreciação, previsto na avaliação dos exercícios, pautado na escala
15

gráfica e no contado direto do instrutor com o aluno, encontra-se adequado ao


processo de avaliação (LEDA; SUELLY, 1982).
Em relação ao método de avaliação global, por se basear nas avaliações
realizadas para cada exercício e por infligir ao IN a responsabilidade de conferir um
grau sem o respectivo parâmetro de comparação, gera, de acordo com a teoria de
Turra, um aumento na subjetividade e, conseqüentemente, na imprecisão do
instrumento de medida.
Assim, o sistema de avaliação da AFA, baseado nos métodos supracitados,
implica na dupla interferência da subjetividade do instrutor no instrumento de medida
por basear o método de avaliação global nos resultados do método de avaliação por
apreciação, o que, segundo Turra (1975), agrava ainda mais os erros de avaliação e
confere pouca fidedignidade ao instrumento de medida.
A afirmativa sobre a subjetividade de Turra (1975), foi corroborada através
da comparação entre o grau final da missão e a média aritmética dos exercícios
avaliados na mesma, o que resultou na observação de erros de arredondamento na
ordem de 20,594% e 21,910% para 2008 e 2009 respectivamente. Esta observação
baseia-se, principalmente, na questão do grau final não poder ser expresso de forma
métrica ou decimal, tendo o IN que equiparar, por arredondamento ou valoração
própria, um desempenho decimal a um inteiro.
Devido a essa equiparação e aos erros decorrentes da mesma, o
instrumento de medida tem sua fidedignidade diminuída, o que, segundo Leda e
Suelly (1982), interfere significativamente no processo de avaliação.
A influência dos métodos de avaliação na distinção do rendimento do vôo,
conforme exposto acima, ficou caracterizada pelo aumento da subjetividade no
sistema, porém foi a partir da diminuição da fidedignidade do instrumento de medida
que ocorreu a interferência maior, pois se busca a seleção dos alunos através de
uma avaliação que depende desse instrumento, assim, todo o processo fica
prejudicado.
Outro ponto analisado foi a escala de valores comparativos, ou seja, os
padrões de avaliação. Segundo o PAv e o PIA, os padrões de avaliação estão
distribuídos numa escala gráfica, com valores inteiros de 1 a 6, sendo utilizada na
quantificação dos exercícios e missões.
Segundo Leda e Suely (1982), a escala mais apropriada para comparações,
visando classificar ou organizar resultados, seria a escala métrica ou decimal por
16

apresentar uma gama maior de valores a serem atribuídos.


A escala métrica ou decimal destaca-se pelos inúmeros valores a ser
assumido pelo resultado e pela possibilidade de infligir o tipo de precisão desejada.
Para ressaltar a dificuldade de distinção encontrada no rendimento dos
cadetes na atividade aérea, devido a escala ou padrão de avaliação ora utilizada,
destaca-se, em ambos os gráficos das figuras 1 e 2, que 96,183% e 99,354% de
cadetes têm a média idêntica a de outro, o que dificulta a distinção do desempenho
e conseqüentemente a classificação dos mesmos.
Um fato a ser observado foi que, de acordo com Turra (1975), não se pode
aumentar a quantidade de valores a serem comparados pelo avaliador sem também
aumentar a subjetividade na avaliação, o que seria prejudicial à fidedignidade do
processo e dos resultados.
Então, verificamos que se aplicarmos a teoria de Leda e Suely (1982) para
atribuir o grau a missão, ou seja, utilizando valores decimais e mantendo o intervalo
de 1 a 6, teríamos um aumento nos valores dos padrões de comparação sem que
fosse, com isso, aumentado o grau de subjetividade na avaliação.
Outro ponto analisado foi que, segundo Turra (1975), para se atribuir um
valor a uma avaliação deve-se considerar o somatório dos pontos atribuídos a cada
questão, tendo a valorização baseada nos objetivos específicos daquela avaliação.
Sendo considerada a missão como uma avaliação e que a média
correspondente ao rendimento é composta apenas pelos graus das missões, a
atribuição do grau final das missões como sendo a média dos graus inferidos aos
seus exercícios, seria suficiente para resolver a questão do IN não ser capaz, de
forma precisa e fidedigna, de inferir o valor do desempenho da missão.
Sendo assim, para a visualização da interferência dos parâmetros de
avaliação no rendimento dos cadetes na instrução aérea, foram elaborados gráficos
com base na escala métrica e na média aritmética dos graus de cada missão dos
anos de 2008 e de 2009, sendo que o grau final foi obtido através da média
aritmética dos valores de cada exercício avaliado.
Estes valores foram dispostos nos gráficos seguintes, os quais relacionaram
o rendimento com suas repetições entre os alunos:
17

3
Repetições

0
6

2
85

78

70

66

57

52

49
45

40

33

26

24

14

09

97
76

24
74

60

29

20
4,

4,

4,

4,

4,

3,
4,

4,

4,

4,

4,

4,

4,

4,

4,

4,

4,

4,

4,

3,

3,
Rendimento dos cadetes

Fig.4 – Distribuição de médias no ano de 2008


Fonte: Banco de dados do Mentor

Através da análise, percebeu-se, em ambos os gráficos (Figura 4 e 5), uma


diminuição significativa no número de cadetes com a mesma média, o que melhora
a distinção do desempenho e a conseqüente classificação dos mesmos, ratificando,
assim, as teorias abordadas por Turra (1975) e Leda e Suelly (1982).

3
Repetições

0
8
7

0
0

0
1

9
3

5
5

3
4

5
0

4
8

2
8

7
0

1
91
80

74
65

51
45

38
34

31
28
22

10
03

99
89

37
62
56

17

76
58
4,
4,

4,
4,

3,
3,
4,
4,

4,
4,

4,
4,

4,
4,

4,
4,

4,
4,

3,
3,

3,

Rendimento dos cadetes

Fig.5– Distribuição de médias no ano de 2009


Fonte: Banco de dados do Mentor

Outra questão importante para a interferência pesquisada foi que, sendo


comparadas as médias de classificação anterior com aquelas utilizando a média
aritmética dos exercícios e na escala métrica, foram encontradas grandes
modificações na classificação dos cadetes, conforme as tabelas contidas no
apêndice A.
18

Analisando as classificações no apêndice citado acima, percebeu-se que


apenas 14 alunos em 2008 e 12 alunos em 2009 mantiveram as suas classificações,
existindo modificações nas médias que permitiram uma melhor distinção e, ainda,
estas novas médias fizeram com que alguns cadetes alterassem seu
posicionamento fora dos limites para serem selecionados nas aviações
anteriormente indicadas. Este fato levanta a possibilidade da seleção dos discentes
para as diversas aviações estar sendo influenciada pela interferência dos
parâmetros de avaliação na avaliação da atividade aérea.
Depois de analisados todos os fatores que compõem os parâmetros de
avaliação da atividade aérea, conclui-se, como solução para o problema
apresentado, que estes parâmetros influenciaram negativamente no rendimento dos
cadetes, pois fizeram com que as médias ficassem aglutinadas e que o grau final
das missões não correspondesse, de forma precisa, ao desempenho apresentado.
Após a apresentação de todos os dados da pesquisa, juntamente com as
análises e referências à teoria da Avaliação Cientifica, finalizou-se a discussão dos
dados obtidos de fontes documentais e passou-se à fase de conclusão da pesquisa
científica.

CONCLUSÃO
O ímpeto para iniciar a pesquisa da qual resultou a produção deste artigo foi
a inquietação do autor perante o fato de o Conselho Superior de Ensino encontrar
dificuldade em selecionar os cadetes para as diversas aviações, devido aos
rendimentos dos mesmos na atividade aérea estarem muito próximos e até, muitas
vezes, serem idênticos.
Partindo dessa inquietação, este estudo buscou verificar o seguinte
problema de pesquisa: qual a interferência dos parâmetros utilizados para a
avaliação da instrução aérea na distinção do rendimento dos cadetes nos últimos
dois anos?
Após a análise dos dados, apoiada pela da metodologia científica e nas
teorias de Turra (1995) e de Leda e Suelly (1982) sobre a avaliação científica e
instrumentos de medida, o presente trabalho revelou que a utilização dos
parâmetros atuais para a classificação dos discentes implica no aparecimento de
algumas situações indesejáveis como um percentual significativo de erros de
avaliação, a dificuldade de distinção de médias (rendimento) e diminuição da
19

fidedignidade do instrumento de medida da avaliação. Todas essas implicações


demonstraram uma interferência negativa dos parâmetros de avaliação na distinção
de rendimento na atividade aérea.
Como implicação dos resultados para a FAB, um estudo no sentido de
aprimorar o processo na AFA de classificação da Divisão de Ensino e de seleção
para as diversas aviações poderá se tornar uma valiosa contribuição para o futuro
da Força, uma vez que irão refletir sensivelmente na melhoria da seleção dos oficiais
do futuro, militares esses que, algum dia, decidirão os rumos da Força Aérea
Brasileira.
Assim sendo, a busca pelos corretos parâmetros de avaliação dentro de
qualquer organização de ensino deve ser perseguida em caráter permanente, pois:
“Avaliar é um desafio sempre complicado e complexo (por isso é para "profissionais",
não amadores), mas sem diagnóstico adequado, torna-se difícil planejar e interferir
em favor do aluno.” (DEMO, 2010).

REFERÊNCIAS

ANTUNES, C. Como transformar informações em conhecimento. Petrópolis: Vozes,


2005.
BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica. Departamento de Ensino
da Aeronáutica. Academia da Força Aérea. Programa de Instrução Aérea da AFA.
Pirassununga, SP, 2010a.
BRASIL. Centro de Instrução Especializada da Aeronáutica. Apostila de avaliação
por apreciação. Rio de Janeiro, RJ, 2007.
BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica. Departamento de Ensino
da Aeronáutica. MCA 37-5: Plano de avaliação da Academia da Força Aérea.
Brasília, DF, 2010b.
DEMO, P. Avaliação: sob o olhar propedêutico. Campinas: Papirus, 1996.
______. Avaliação: para cuidar que o aluno aprenda. São Paulo: CRIARP, 2006.
______. Textos discutíveis 8: avaliação. Disponível em:
<HTTP://pedrodemo.blog.uol.com.br/índex.html>. Acesso em: 16 mar. 2010.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
HERALDO, M. V. Testes em Educação. São Paulo: IBRASA, 1973.
HOFFMANN, J. - Avaliação: mito & desafio. Porto Alegre: Educação e Realidade,
1993.
LEDA, S.;SUELLY, A. Avaliação Educacional. Porto Alegre: Sullina, 1982.
20

LUCKEZI, C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. São Paulo: Cortez Editora,


1995.
SANT'ANNA, I. M. Por que avaliar? Como Avaliar? critérios e instrumentos.
Petrópolis: Vozes, 1995.
TURRA, G. M. G. e outros. Planejamento de ensino e avaliação. Porto Alegre:
PUC/EMMA, 1975.
21

APÊNDICE A – Compilação de dados do programa mentor

Aluno Média Atual Média Aritmética Clas. Atual Clas Aritmética


07-068 4,923 4,856 1 1
07-054 4,846 4,813 2 2
07-123 4,846 4,810 5 3
07-061 4,846 4,806 3 4
07-078 4,692 4,802 14 5
07-141 4,692 4,800 15 6
07-063 4,846 4,785 4 7
07-072 4,769 4,785 8 8
07-031 4,769 4,778 7 9
07-148 4,615 4,772 21 10
07-137 4,462 4,757 37 11
07-088 4,615 4,755 18 12
07-115 4,769 4,744 10 13
07-004 4,769 4,740 6 14
07-109 4,769 4,740 9 15
07-152 4,692 4,740 16 16
07-008 4,692 4,738 12 17
07-027 4,692 4,729 13 18
07-014 4,462 4,712 30 19
07-135 4,615 4,711 19 20
07-164 4,462 4,711 38 21
07-128 4,538 4,702 28 22
07-178 4,769 4,697 11 23
07-003 4,538 4,697 24 24
07-125 4,538 4,697 27 25
07-162 4,615 4,694 22 26
07-142 4,615 4,693 20 27
07-055 4,615 4,692 17 28
07-181 4,615 4,677 23 29
07-121 4,462 4,669 36 30
07-070 4,462 4,662 33 31
07-006 4,462 4,644 29 32
07-150 4,385 4,619 45 33
07-066 4,308 4,616 48 34
07-018 4,385 4,605 39 35
07-143 4,308 4,603 50 36
07-049 4,538 4,596 26 37
07-017 4,462 4,593 31 38
07-098 4,462 4,591 34 39
07-103 4,462 4,590 35 40
07-139 4,231 4,590 61 41
07-086 4,308 4,587 49 42
07-408 4,231 4,577 66 43
07-058 4,462 4,571 32 44
07-067 4,385 4,564 42 45
07-026 4,385 4,562 41 46
07-084 4,154 4,528 71 47
07-071 4,385 4,525 43 48
07-029 4,538 4,521 25 49
07-105 4,154 4,519 72 50
07-129 4,154 4,518 73 51
22

07-013 4,231 4,509 53 52


07-033 4,308 4,503 47 53
07-010 4,308 4,496 46 54
07-080 4,385 4,491 44 55
07-140 4,231 4,490 62 56
07-073 4,077 4,486 77 57
07-064 4,231 4,485 57 58
07-022 4,385 4,472 40 59
07-015 4,231 4,472 54 60
07-156 4,231 4,462 65 61
07-122 4,231 4,457 60 62
07-039 4,154 4,447 69 63
07-065 4,231 4,431 58 64
07-101 4,231 4,421 59 65
07-035 4,231 4,412 55 66
07-060 4,077 4,410 75 67
07-020 4,154 4,400 67 68
07-009 4,231 4,394 52 69
07-151 4,231 4,391 63 70
07-120 4,077 4,369 83 71
07-401 4,077 4,355 85 72
07-154 4,231 4,351 64 73
07-001 4,231 4,339 51 74
07-047 4,231 4,324 56 75
07-024 4,154 4,311 68 76
07-172 4,077 4,309 84 77
07-111 4,077 4,298 82 78
07-118 4,000 4,291 94 79
07-051 4,154 4,290 70 80
07-074 4,000 4,289 92 81
07-077 4,077 4,285 78 82
07-011 4,000 4,278 86 83
07-180 4,000 4,277 97 84
07-082 4,000 4,274 93 85
07-087 4,077 4,267 80 86
07-163 3,923 4,261 105 87
07-030 4,000 4,248 88 88
07-062 4,077 4,246 76 89
07-059 3,923 4,244 100 90
07-158 3,846 4,244 113 91
07-005 4,077 4,241 74 92
07-173 3,846 4,240 114 93
07-108 3,923 4,234 102 94
07-167 4,000 4,228 96 95
07-100 4,077 4,223 81 96
07-048 3,923 4,223 99 97
07-092 3,923 4,212 101 98
07-056 4,000 4,208 90 99
07-155 4,000 4,206 95 100
07-021 4,000 4,203 87 101
07-079 4,077 4,193 79 102
07-032 4,000 4,192 89 103
07-133 3,923 4,166 103 104
07-402 3,923 4,160 106 105
23

07-069 4,000 4,148 91 106


07-159 3,923 4,137 104 107
07-037 3,923 4,116 98 108
07-157 3,846 4,108 112 109
07-138 3,846 4,106 110 110
07-153 3,846 4,105 111 111
07-016 3,846 4,099 107 112
07-114 3,846 4,096 109 113
07-104 3,769 4,044 116 114
07-179 3,769 4,034 117 115
07-093 3,846 4,027 108 116
07-160 3,692 4,001 119 117
07-134 3,615 3,970 122 118
07-012 3,769 3,934 115 119
07-002 3,692 3,898 118 120
07-041 3,615 3,893 120 121
07-113 3,615 3,824 121 122
07-146 3,615 3,765 123 123
07-045 3,462 3,760 126 124
07-177 3,538 3,736 124 125
07-036 3,462 3,698 125 126
07-050 3,308 3,526 127 127
07-112 3,308 3,478 128 128
07-085 3,231 3,376 129 129
07-130 3,077 3,242 130 130
07-083 3,000 3,174 131 131

Aluno Média Atual Média Aritmética Clas. Atual Clas. aritmética


08-086 4,846 4,918 5 1
08-009 4,923 4,886 2 2
08-007 4,769 4,864 6 3
08-008 5,000 4,862 1 4
08-094 4,923 4,844 3 5
08-017 4,692 4,839 11 6
08-110 4,769 4,827 9 7
08-071 4,769 4,807 8 8
08-003 4,615 4,803 14 9
08-057 4,538 4,783 25 10
08-068 4,846 4,780 4 11
08-078 4,692 4,772 13 12
08-005 4,538 4,757 20 13
08-016 4,769 4,745 7 14
08-011 4,615 4,740 15 15
08-014 4,692 4,721 10 16
08-155 4,538 4,696 28 17
08-074 4,462 4,677 32 18
08-025 4,615 4,662 16 19
08-018 4,385 4,661 39 20
08-061 4,538 4,655 26 21
08-100 4,462 4,650 33 22
08-166 4,462 4,650 36 23
08-101 4,615 4,647 19 24
08-051 4,538 4,644 24 25
24

08-115 4,462 4,644 34 26


08-070 4,462 4,636 30 27
08-040 4,615 4,633 17 28
08-045 4,615 4,630 18 29
08-143 4,462 4,626 35 30
08-037 4,538 4,620 23 31
08-030 4,692 4,615 12 32
08-015 4,538 4,583 21 33
08-075 4,154 4,575 65 34
08-116 4,385 4,567 45 35
08-080 4,385 4,565 42 36
08-406 4,231 4,563 61 37
08-097 4,231 4,561 56 38
08-065 4,462 4,559 29 39
08-111 4,231 4,558 57 40
08-004 4,385 4,557 38 41
08-033 4,385 4,551 41 42
08-073 4,462 4,536 31 45
08-172 4,154 4,526 69 46
08-027 4,154 4,519 62 47
08-083 4,308 4,515 49 48
08-126 4,538 4,505 27 49
08-041 4,308 4,503 47 50
08-189 4,462 4,502 37 51
08-124 4,231 4,502 58 52
08-142 4,385 4,466 46 53
08-173 4,308 4,458 52 54
08-183 4,308 4,453 53 55
08-035 4,538 4,452 22 56
08-046 4,154 4,452 64 57
08-013 4,231 4,440 54 58
08-119 4,308 4,407 51 59
08-043 4,154 4,406 63 61
08-026 4,077 4,404 71 62
08-002 4,077 4,388 70 63
08-076 4,308 4,385 48 64
08-039 4,000 4,385 83 65
08-029 4,385 4,377 40 66
08-050 4,077 4,373 73 67
08-081 4,231 4,372 55 68
08-151 4,000 4,370 93 69
08-055 4,000 4,365 85 70
08-137 4,077 4,364 76 71
08-107 4,308 4,345 50 72
08-042 4,077 4,343 72 73
08-034 4,000 4,339 82 74
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25

08-158 4,077 4,300 78 83


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26

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08-054 3,000 3,178 173 176

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