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Artigo Original • São Paulo Med. J. 129 (6) • Dez 2011 • https://doi.org/10.

1590/S1516-31802011000600003

Fatores relacionados ao fracasso em


parar de fumar: um estudo de coorte
prospectivo
Fatores relacionados ao insucesso na cessação tabágica:
um estudo de coorte prospectivo

Renata Cruz Soares de Azevedo Rejane Firmino Fernandes

Resumos
CONTEXTO E OBJETIVO: Considerando as dificuldades para parar de fumar, este artigo teve como
objetivo identificar os fatores relacionados ao insucesso das tentativas de parar de fumar entre fuman-
tes que procuraram atendimento ambulatorial em um hospital geral universitário. TIPO DE ESTUDO E
LOCAL: Estudo de coorte prospectivo avaliando 100 fumantes que procuraram tratamento no Ambula-
tório de Substâncias Psicoativas. MÉTODOS: As variáveis coletadas foram fatores sociodemográficos;
grau de dependência (questionário de Fagerström); estágio de motivação para a mudança (Escala de
Avaliação de Mudanças da Universidade de Rhode Island); e presença de depressão e ansiedade
(Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalar). Os pacientes foram acompanhados após 4, 8, 12 e 24
semanas para identificar os fatores relacionados ao fracasso em parar de fumar. RESULTADOS: Os
pacientes eram em sua maioria mulheres (75%), entre 40 e 59 anos (67%); com ensino fundamental
incompleto (60%); com atividades de lazer (57%); portadores de doenças relacionadas ao tabaco
(53%); com tentativas anteriores de parar de fumar (70%); com recomendação médica de parar
(51%); com incentivo para parar (66%); e com alto grau de dependência (78%). A principal etapa moti-
vacional foi contemplação/ação (43%); a taxa de ansiedade foi de 64% e a taxa de depressão foi de
39%. A taxa de abandono foi de 66% entre os aderentes e 17% entre os não aderentes (P < 0,001). A
falta de sucesso foi correlacionada com a ausência de lazer, ensino superior e ausência de doenças
relacionadas ao tabaco. CONCLUSÃO: As variáveis de falta de atividades de lazer,

Terapêutica; Resultado do tratamento; Cessação do uso de tabaco; Cuidado ambulatório

CONTEXTO E OBJETIVO: Considerado como dificuldades na cessação do tabagismo, este artigo


identifica os fatores relacionados com a tentativa de cessação tabágica de um hospital geral universi-
tário. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo de coorte prospectivo, que avaliou 100 fumantes que pro-
curamam tratamento no Ambulatório de Substâncias Psicoativas. MÉTODOS: Avaliaram-se variáveis
sociodemográficas, grau de dependência (Questionário de Fagerström), estágio de motivação para a
mudança (University of Rhode Island Change Assessment), presença de depressão e ansiedade
(Hospital Anxie Scale). Os pacientes foram acompanhados em 4, 8, 12 e 24 semanas para identificar
fatores relacionados ao sucesso na cessação do tabagismo. RESULTADOS: Os pacientes eram, na
maioria, mulheres (75%), entre 40 e 59 anos de idade (67%), com ensino fundamental incompleto
(60%), com atividades de lazer (57%), com atividades de tabaco-relacionada (DTR) (53%), com tenta-
tivas anteriores de parar de fumar (70%), que receberam incentivo para a cessação médica (66%) e
com estímulo de dependência médica (70%). O de3% principal foi contemplação/ação (43%), a taxa
Inglês
!
Português
de ansiedade foi de 64% e de depressão, A taxa de cessação foi de 66% entre os que prendem e de
17% entre os que não prendem (P < 0,001). O insucesso foi relacionado à ausência de lazer, maior
escolaridade e ausência de DTR. CONCLUSÃO: Falta de atividades de lazer,

Tabagismo; Terapêutica; Resultado de tratamento; Abandono do uso de tabaco; Assistência


ambulatorial

ARTIGO ORIGINAL

Fatores relacionados ao fracasso em parar de fumar: um estudo de coorte prospectivo

Fatores relacionados ao insucesso na cessação tabágica: um estudo de coorte prospectivo

Renata Cruz Soares de Azevedo I ; Rejane Firmino Fernandes II

IMD, PhD. Psiquiatra e Professor do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade


de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp), Campinas, São Paulo,
Brasil

IIMestrado. Psicólogo clínico. Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas, Faculdade de Ciên-


cias Médicas, Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp), Campinas, São Paulo, Brasil

endereço de correspondência

RESUMO

CONTEXTO E OBJETIVO: Considerando as dificuldades para parar de fumar, este artigo teve como
objetivo identificar os fatores relacionados ao insucesso das tentativas de parar de fumar entre fuman-
tes que procuraram atendimento ambulatorial em um hospital geral universitário.

TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo de coorte prospectivo avaliando 100 fumantes que procuraram
tratamento no Ambulatório de Substâncias Psicoativas.

MÉTODOS: As variáveis coletadas foram fatores sociodemográficos; grau de dependência (questio-


nário de Fagerström); estágio de motivação para a mudança (Escala de Avaliação de Mudanças da
Universidade de Rhode Island); e presença de depressão e ansiedade (Escala de Ansiedade e De-
pressão Hospitalar). Os pacientes foram acompanhados após 4, 8, 12 e 24 semanas para identificar
os fatores relacionados ao fracasso em parar de fumar.

RESULTADOS: Os pacientes eram em sua maioria mulheres (75%), com idade entre 40 e 59 anos
(67%); com ensino fundamental incompleto (60%); com atividades de lazer (57%); portadores de do-
enças relacionadas ao tabaco (53%); com tentativas anteriores de parar de fumar (70%); com reco-
mendação médica de parar (51%); com incentivo para parar (66%); e com alto grau de dependência
(78%). A principal etapa motivacional foi contemplação/ação (43%); a taxa de ansiedade foi de 64% e
a taxa de depressão foi de 39%. A taxa de abandono foi de 66% entre os aderentes e 17% entre os
não aderentes (P < 0,001). A falta de sucesso foi correlacionada com a ausência de lazer, ensino su-
perior e ausência de doenças relacionadas ao tabaco.
CONCLUSÃO: As variáveis ausência de atividades de lazer, escolaridade superior e/ou ausência de
doenças relacionadas ao tabaco correlacionaram-se com a não cessação do tabagismo entre os fu-
mantes que procuraram atendimento ambulatorial em um hospital geral terciário.

Palavras-chave: Terapêutica. Resultado do tratamento. Cessação do uso do tabaco. Cuidado


ambulatório.

RESUMO

CONTEXTO E OBJETIVO: Considerado como dificuldades na cessação do tabagismo, este artigo


identifica os fatores relacionados com a tentativa de cessação tabágica de um hospital geral
universitário.

TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo de coorte prospectivo, que avaliou 100 fumantes que procura-
mam tratamento no Ambulatório de Substâncias Psicoativas.

MÉTODOS: Avaliaram-se variáveis sociodemográficas, grau de dependência (Questionário de Fa-


gerström), estágio de motivação para a mudança (University of Rhode Island Change Assessment),
presença de depressão e ansiedade (Hospital Anxie Scale). Os pacientes foram acompanhados em 4,
8, 12 e 24 semanas para identificar fatores relacionados ao sucesso na cessação do tabagismo.

RESULTADOS: Os pacientes eram, na maioria, mulheres (75%), entre 40 59 anos de idade (67%),
com ensino fundamental incompleto (60%), com atividades de lazer (57%), com atividades de doença
tabaco- (53%), com tentado de fumar (53%), que foi respirado para longe de médica (51%) e com o
grau de dependência (78%). O de3% principal foi contemplação/ação (43%), a taxa de ansiedade foi
de 64% e de depressão, A taxa de cessação foi de 66% entre os que prendem e de 17% entre os que
não prendem (P < 0,001). O insucesso foi relacionado à ausência de lazer, maior escolaridade e au-
sência de DTR.

CONCLUSÃO: Falta de atividades de lazer, maior nível educacional e educacional/ou não ter DTR fo-
ram relacionados ao insucesso na cessação tabágica para tabagistas que buscam tratamento em am-
bulatório inserido no hospital geral terciário.

Palavras-chave: Tabagismo. Terapêutica. Resultado de tratamento. Abandono do uso de tabaco. As-


sistência ambulatorial.

INTRODUÇÃO

Em todo o mundo, estima-se que existam 1,3 bilhão de fumantes e que 80% deles vivam em países
em desenvolvimento. 1Consequentemente, mais da metade da população mundial está exposta, dire-
ta ou indiretamente, aos efeitos nocivos da nicotina e outras substâncias tóxicas do tabaco. Segundo
dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 700 milhões de crianças são expostas in-
voluntariamente à fumaça do tabaco, principalmente no ambiente doméstico, aumentando assim os
índices de pneumonia e bronquite e o risco de morte súbita, entre outras doenças.2 O tabagismo é a
principal causa de morte evitável em todo o mundo e é considerado um grave problema de saúde pú-
blica. Em 2009, a OMS estimou que cinco milhões de mortes foram atribuíveis ao tabagismo. Se os
atuais padrões de uso do tabaco não forem revertidos ou as medidas previstas para o controle global
do tabagismo não forem adotadas, a projeção para 2025 é de 10 milhões de mortes. 1

No Brasil, o tabagismo atinge 17,2% da população acima de 15 anos. 3 Dados do Instituto Nacional do
Câncer indicam taxas de 200.000 mortes por ano, ou seja, 23 pessoas morrem a cada hora por causa
de condições relacionadas ao tabagismo. 4

Apesar da disseminação de informações sobre os perigos do tabagismo, são várias as dificuldades no


processo de quebra de um vício, desde a decisão de parar de fumar até o sucesso e a persistência
em parar. Essa dificuldade se deve a diversos mecanismos, incluindo reforço positivo (pois a ação da
:
nicotina no sistema nervoso central resulta em sensações de prazer, aumento da disposição, atenção
e redução do apetite), condicionamento (desencadeado por estímulos ambientais e emoções positivas
e negativas associadas a tabagismo) e reforço negativo (uso sustentado para evitar o desconforto dos
sintomas da síndrome de abstinência, principalmente ansiedade, disforia, aumento do apetite, irritabili-
dade e dificuldade de concentração). 5

O efeito da nicotina no cérebro e os processos farmacológicos e comportamentais que determinam a


dependência à nicotina contribuem para a dificuldade em manter a abstinência. Os sintomas de absti-
nência da nicotina são a principal razão pela qual apenas 5% a 10% dos fumantes conseguem parar
sem ajuda. 6

As variáveis associadas ao sucesso na cessação do tabagismo devem ser consideradas nas estraté-
gias de abordagem dos fumantes. Vários estudos 7 mostraram que homens e mulheres mais velhos,
casados e com alto nível socioeconômico apresentam melhores resultados em relação à cessação do
tabagismo. Além disso, o número de cigarros fumados por dia também está diretamente relacionado a
melhores respostas às tentativas de parar de fumar.

Para otimizar as estratégias de tratamento do tabagismo, também é relevante discutir os fatores rela-
cionados ao insucesso no tratamento dos fumantes. Estudos 7,8 mostraram que altos níveis de ansie-
dade e depressão nos pacientes dificultam bastante a adesão e o sucesso no tratamento do tabagis-
mo, e que iniciar o tabagismo precocemente diminui a probabilidade de adesão ao tratamento.

OBJETIVO

Identificar fatores relacionados ao insucesso na tentativa de parar de fumar entre fumantes que procu-
raram atendimento médico em um ambulatório de um hospital geral universitário.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo de coorte quantitativo, descritivo e prospectivo que avaliou fumantes que pro-
curaram tratamento pela primeira vez em uma clínica especializada de uma universidade pública. Os
sujeitos foram avaliados no momento do primeiro atendimento no ambulatório e reavaliados após 4, 8,
12 e 24 semanas.

O estudo utilizou amostragem por conveniência, com inclusão de 100 indivíduos que visitaram pela
primeira vez o Ambulatório de Substâncias Psicoativas (Ambulatório de Substâncias Psicoativas,
ASPA) do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC/Unicamp) entre março de
2008 e março de 2009 , a fim de receber tratamento para a dependência do tabaco.

Os critérios de inclusão foram que os pacientes pudessem ser do sexo masculino ou feminino e que
precisassem ter mais de 18 anos, ser tabagista diário há pelo menos seis meses, estar procurando
tratamento para parar de fumar na ASPA/Unicamp pela primeira vez. tempo e ter tempo suficiente
para ser entrevistado antes de participar do atendimento inicial no ambulatório.

Os critérios de exclusão foram a presença de qualquer comprometimento cognitivo ou psicológico que


impedisse a compreensão da pesquisa e/ou não aceitação do termo de consentimento livre e
esclarecido.

Todo paciente que chega à ASPA por problemas de tabagismo é encaminhado para um grupo de moti-
vação, que funciona como um grupo aberto, sem necessidade de encaminhamento formal. Os encon-
tros grupais para pacientes ambulatoriais são realizados semanalmente, conduzidos pela equipe pro-
fissional do ambulatório (psiquiatra, pneumologista, dentista, enfermeiro, assistente social, psicólogo
ou terapeuta ocupacional) e observados por pós-graduandos, residentes e profissionais de saúde em
formação. As reuniões do grupo têm uma hora de duração e os tópicos de discussão incluem as difi-
culdades para parar de fumar, mecanismos relacionados à dependência de nicotina, barreiras para
:
parar, alternativas de tratamento e estratégias para reconhecer motivadores pessoais para parar de
fumar. Após um paciente ter participado de pelo menos quatro sessões em grupo e estar motivado a
avançar no processo,

Foram utilizados dois questionários semiestruturados (um para avaliação inicial e outro para acompa-
nhamento nas semanas 4, 8, 12 e 24) e cinco instrumentos psicométricos, todos aplicados individual-
mente pelo primeiro autor do estudo, conforme descrito a seguir.

• Ficha de avaliação inicial: incluiu um levantamento de dados sociodemográficos (sexo,


idade, situação profissional, escolaridade, procedência, estado civil, filhos, idade dos fi-
lhos, pessoas com quem o paciente morava, atividades de lazer, religião e prática religio-
sa ), dados clínicos (se o paciente tinha alguma doença física e de que tipo; doença
mental e de que tipo; se o paciente estava consumindo álcool e com que frequência; e
que uso foi feito de outras substâncias psicoativas) e dados relativos à recomendação de
vir para a clínica.

• Questionário de dependência de Fagerström: 9,10 era composto por seis questões que
avaliavam a dependência do tabaco, com escores variando de 0 a 10. Esses escores fo-
ram utilizados para classificar a dependência em baixa, média ou alta.

• Escala de Avaliação de Mudanças da Universidade de Rhode Island (URICA): 11,12 esta


escala avaliou o estágio de ação para mudança. É composto por 32 itens divididos em
quatro subescalas: pré-contemplação, contemplação, ação e manutenção. Esta escala
pode ser utilizada para avaliar qualquer comportamento aditivo, e já foi validada e adap-
tada para a população brasileira.

• Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD): 13,14 esta escala foi projetada
principalmente para detectar graus leves de depressão e ansiedade em pacientes não
psiquiátricos em um hospital geral. Os pacientes são solicitados a responder com base
em como se sentiram durante a semana anterior. No presente estudo, foi utilizado um va-
lor de corte de 8/9.

• Questionário semiestruturado para dados sobre tabagismo: investigou o histórico de


uso de tabaco; se o paciente convivia com fumantes; se o paciente teve algum problema
de saúde relacionado ao tabaco; dados sobre tentativas anteriores de parar de fumar, ou
seja, se foi tentado anteriormente e com que frequência foi tentado; e dados sobre moti-
vação para parar de fumar, ou seja, se houve algum incentivo, quem foi o principal incen-
tivo, a reação da família à decisão de parar e o que motivou a decisão de parar de fumar.

• Questionário de acompanhamento: foi aplicado um questionário semiestruturado na 4ª ,


8ª , 12ª e 24ª semanas após a primeira entrevista. O questionário investigou a frequência do
paciente nos serviços de atendimento, a adesão ou não ao tratamento e o resultado (ou
seja, se o paciente parou, reduziu, aumentou ou manteve o tabagismo, ou recaiu).

Também foram identificadas comorbidades relacionadas ao tabaco que foram mencionadas pelos pa-
cientes: doenças cardiovasculares (hipertensão, aterosclerose, angina, infarto do miocárdio, acidente
vascular cerebral e tromboangeíte obliterante), doenças respiratórias (bronquite crônica, enfisema,
pneumotórax, cardiorrespiratória congestiva, asma e infecções respiratórias) e cânceres (nos pul-
mões, boca, língua, faringe, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, bexiga, colorretal, próstata,
pele e células linfóides). 15

Considerou-se como não adesão ao tratamento os pacientes que compareceram às reuniões do gru-
po motivacional, mas não passaram a frequentar as reuniões do grupo terapêutico. Os pacientes que
não haviam parado de fumar nas avaliações de seguimento (semanas 4, 8, 12 e 24) foram considera-
:
dos com falha terapêutica. Os resultados apresentados neste artigo referem-se aos desfechos avalia-
dos ao final da 24ª semana de seguimento. O critério de adesão ao tratamento foi pré-estabelecido: os
pacientes foram considerados aderentes ao tratamento quando compareceram às sessões do grupo
motivacional pelo menos quatro vezes.

Os pacientes que procuraram a ASPA para obter tratamento para tabagismo no período do estudo e
que chegaram ao ambulatório pelo menos 20 minutos antes da sessão motivacional grupal foram
questionados se esta era a primeira vez que procuravam esse serviço. Quando a resposta foi afirmati-
va, eles foram convidados a participar do estudo, fornecendo-lhes uma descrição explícita de seus ob-
jetivos e permitindo-lhes a leitura do termo de consentimento livre e esclarecido. Foram excluídos
aqueles que não chegaram para o primeiro dia de tratamento com antecedência suficiente para serem
entrevistados antes da reunião do grupo. O objetivo de optar por não incluir no estudo pacientes que
não buscavam a ASPA pela primeira vez e não realizar entrevistas após a sessão motivacional em
grupo foi evitar o uso de termos que os pacientes desse grupo haviam aprendido e evitar situações
em que os pacientes aprenderam a não expressar seus motivos espontâneos. Para os pacientes que
foram incluídos na pesquisa, após terem concordado em participar, foram aplicados os instrumentos
supracitados.

Para realizar o acompanhamento, a pesquisadora entrou em contato com os pacientes em ambulató-


rio ao final dos atendimentos. Quando o paciente não comparecia ao ambulatório no dia agendado
para a entrevista de seguimento (semanas 4, 8, 12 ou 24), eram feitas ligações telefônicas solicitando
que ele viesse ao ambulatório na semana seguinte. Na impossibilidade de contato telefônico, foram
utilizadas as seguintes medidas: lista telefônica auxiliada por busca na Internet; e atendimento do Ser-
viço Social do Hospital das Clínicas da Unicamp. Após três solicitações de atendimento, caso o paci-
ente não comparecesse ao ambulatório, era realizada uma entrevista de acompanhamento por telefo-
ne. Se ambas as medidas não obtivessem sucesso, o paciente era considerado perdido do
seguimento.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unicamp sob o número de registro
0690.0.146.000-07.

Os dados coletados foram inseridos no banco de dados do software SAS (SAS - Statistical Analysis
Systems, versão 9.1.3., 2002-2003). Para analisar a relação entre as variáveis categóricas, foi utiliza-
do o teste do qui-quadrado ou o teste exato de Fisher (para valores esperados inferiores a 5). Para
analisar os desfechos de não adesão e falha terapêutica, foram utilizados os testes de Cochran e Fri-
edman. Para estudar os fatores associados ao insucesso do tratamento na semana 24, foram utiliza-
das análises de regressão logística, modelos univariados e modelos multivariados com critérios
stepwise de seleção de variáveis. O nível de significância para os testes estatísticos foi de 5% (P <
0,05).

RESULTADOS

No período do estudo, 281 pessoas procuraram tratamento para dependência de tabaco no Ambulató-
rio de Substâncias Psicoativas do Hospital das Clínicas da Unicamp. Destas, 151 pessoas não chega-
ram para o primeiro dia de tratamento com antecedência suficiente para serem entrevistadas antes da
reunião do grupo e não foram incluídas no estudo. Além disso, 28 indivíduos já haviam sido pacientes
na clínica e estavam fazendo uma nova tentativa por causa de uma recaída e, portanto, foram excluí-
dos. Dois sujeitos foram excluídos por apresentarem comprometimento psicológico ou cognitivo: um
apresentando comprometimento cognitivo significativo e o outro apresentando sintomas de intoxica-
ção durante a entrevista. Assim, avaliamos 100 fumantes que procuraram tratamento para parar de
fumar pela primeira vez na ASPA (!Figura 1 ).

Houve uma perda de 11% dos pacientes nos seis meses subsequentes. As maiores taxas de perda
concentraram-se na primeira e quarta semanas (5%) e da 12ª à 24ª semana ( 5%).
:
Dos fumantes avaliados neste estudo, a maioria (64%) começou a fumar antes dos 15 anos e 72% fu-
mava há 30 anos ou mais.

Outros dados relativos ao perfil dos pacientes são mostrados em"Tabela 1 .

"A Tabela 2 apresenta o perfil dos pacientes que conseguiram parar e não conseguiram parar de fu-
mar após seis meses.

A taxa de abandono foi de 66% entre os que aderiram ao tratamento e 17% entre os que não aderiram
(P < 0,001). O critério de adesão foi pelo menos quatro semanas em sessões motivacionais em grupo.
Os motivos alegados para a não adesão foram, muitas vezes, dificuldade em encontrar tempo (27%
dos pacientes), dificuldade em obter transporte (5%) ou problemas de saúde pessoal (8%).

As variáveis incluídas na análise de regressão logística sobre a não cessação do tabagismo foram
sexo, idade, escolaridade, situação profissional, estado civil, morar com fumante, atividades de lazer,
religião, prática religiosa, doença relacionada ao tabaco, Fagerström, URICA, HAD para depressão e
ansiedade e principal incentivo.

Os resultados da análise de regressão logística multivariada indicaram que as variáveis doença relaci-
onada ao tabaco, lazer e escolaridade estiveram significativamente associadas ao insucesso do trata-
mento em 24 semanas. Além disso, os sujeitos com alto risco de insucesso foram aqueles sem doen-
ça relacionada ao tabaco (2,7 vezes), sem lazer (3,9 vezes) e com ensino superior (4,5 vezes) (
"Tabela 3 ).
DISCUSSÃO

O objetivo principal deste estudo foi investigar os fatores associados à não cessação do tabagismo,
em um grupo de fumantes que procurou atendimento em clínica especializada. Nossa intenção foi
contribuir para o aumento da taxa de abandono a partir da identificação de fatores que influenciam o
fracasso em parar de fumar.

O perfil sociodemográfico dos tabagistas que procuraram tratamento foi em sua maioria mulheres, na
faixa etária de 40 a 59 anos; não possuíam ensino fundamental completo, estavam empregados, eram
católicos e tinham companheiro. Isso é compatível com os dados da literatura brasileira. 16 Esses da-
dos sugerem que estudos que abordem dois aspectos do tratamento da dependência do tabaco são
importantes: as razões pelas quais as taxas mais baixas de homens procuram tratamento (embora a
prevalência de tabagismo seja maior entre os homens); e a necessidade de desenvolver estratégias
para conscientizar os fumantes de que devem buscar e os profissionais de saúde de que devem reco-
mendar o tratamento em idade mais precoce. Com isso, as consequências nocivas relacionadas à ex-
posição prolongada à fumaça do cigarro podem ser minimizadas.

Quanto ao histórico de tabagismo, a maioria dos pacientes deste estudo iniciou o hábito aos 15 anos
ou menos, fumava há 30 anos ou mais e apresentava alto grau de dependência pelo teste de Fagers-
tröm. Esses dados são consistentes com outros trabalhos neste campo. 17 Além disso, a maioria dos
pacientes já havia tentado parar de fumar anteriormente e foram incentivados a fazê-lo e procurar tra-
tamento. Isso pode indicar que este foi um subgrupo de pacientes com maiores chances de sucesso.
7

Os dados deste estudo enfatizam as consequências deletérias do tabagismo, 15 como os altos índices
de doenças relacionadas ao tabaco, com prevalência de doenças respiratórias. Além disso, cerca de
um terço dos pacientes estavam afastados do trabalho ou se aposentaram por motivo de doença.
Além disso, é possível que, por causa de suas doenças, tais indivíduos tenham recebido mais incenti-
vos de médicos e outros profissionais de saúde para parar de fumar, pois utilizaram maior quantidade
de serviços de saúde na abordagem de seus problemas de saúde. 18
:
As taxas de comorbidade relacionadas à depressão e ansiedade, avaliadas pela escala HAD (39% e
64%, respectivamente), foram superiores às taxas da população em geral. 19 Essas variáveis não esti-
veram associadas ao desfecho estudado, provavelmente devido às limitações impostas pelo número
de sujeitos. No entanto, é importante que essas comorbidades sejam avaliadas pelos profissionais de
saúde, com o objetivo de alcançar uma abordagem mais ampla da dependência do tabaco.

Um estudo 20 sugeriu que menores taxas de adesão ao tratamento estão diretamente associadas a
menores taxas de abstinência do tabagismo. No presente estudo, o sucesso em parar de fumar foi
significativamente maior entre aqueles que aderiram ao tratamento (66% versus 17% entre os não
aderentes). A relação entre adesão e sucesso indica a importância de estudos que contribuam para
otimizar as estratégias de adesão. Além disso, esse achado sugere a necessidade de estudos que
aprofundem o entendimento sobre taxas de sucesso superiores à taxa de abandono espontâneo (em
torno de 5% a 10%), 6 mesmo entre os pacientes que não aderem ao tratamento.

A taxa de abandono de 35% neste estudo é semelhante aos achados de outros estudos nacionais e
internacionais. 17,21 Esse resultado deve estimular a expansão dos serviços para fumantes, de modo
a contribuir para a redução da morbimortalidade associada ao tabaco.

Um fator que se relacionou ao insucesso do tratamento na análise multivariada foi a falta de ativida-
des de lazer. Foi demonstrado em um estudo 22 que a participação em reuniões fora do local de traba-
lho, na igreja ou com familiares foi preditiva de sucesso entre os fumantes diários, sugerindo que a
participação social promove o sucesso no tratamento dos fumantes. Outro estudo 18 relatou que fu-
mantes que realizavam outras atividades em sua rotina e não precisavam fumar para passar o tempo
tiveram maior sucesso no tratamento. Isso indica que há necessidade de integrar estratégias conside-
rando essa variável, a fim de facilitar a cessação do tabagismo.

O segundo fator de destaque associado à reprovação foi o nível de escolaridade superior. Esse acha-
do não foi corroborado por outros estudos, 23 que mostraram relação inversa. É provável que esse
achado esteja relacionado ao fato de que o presente estudo avaliou indivíduos que procuraram atendi-
mento em um hospital universitário público com perfil assistencial caracterizado por alta demanda, es-
paço limitado e participação de estudantes e outros profissionais em formação como observadores.
Além disso, a linguagem adotada nos grupos indicou que a maioria dos participantes deste estudo
apresentava baixo perfil educacional. No entanto, outros estudos, principalmente em populações bra-
sileiras, devem ser realizados para examinar essa hipótese.

Um fator citado na análise multivariada como associado ao não abandono do tabagismo foi a ausên-
cia de doenças relacionadas ao tabaco. Um estudo recente 24 observou que a presença de doença
relacionada ao tabaco foi correlacionada com a busca por tratamento e maior motivação para parar de
fumar. A partir desses dados, pode-se sugerir que os fumantes poderiam ser direcionados com maior
ênfase aos benefícios associados à prevenção de doenças relacionadas ao tabaco, bem como aos
benefícios de qualidade de vida de parar de fumar, mesmo antes do surgimento de qualquer doença
relacionada ao tabagismo. para fumar.

Algumas limitações deste estudo devem ser destacadas. A primeira diz respeito ao pequeno número
de sujeitos avaliados, o que limitou o poder da análise estatística. Outra limitação foi a não inclusão de
indivíduos que não chegaram no primeiro dia com tempo suficiente para realizar a entrevista antes de
sua participação no grupo de acolhimento. Embora esse método tenha impedido a inclusão de um nú-
mero significativo de fumantes no estudo, foi utilizado por considerarmos mais importante que os paci-
entes não fossem comprometidos na busca pelo tratamento (ou seja, não iniciando o atendimento no
dia desejado ) como resultado de nosso projeto de pesquisa. Outra limitação foi que parar de fumar foi
medido através de auto-relato, sem validação biológica, como medição de cotinina sérica. Finalmente,

CONCLUSÃO
:
As variáveis falta de atividades de lazer, escolaridade superior e/ou ausência de doença relacionada
ao tabaco foram correlacionadas com a não cessação do tabagismo, entre os fumantes que procura-
ram atendimento médico em ambulatório de hospital geral terciário.

Endereço de correspondência:
Renata Cruz Soares de Azevedo
Rua Severo Penteado, 131/9
Cambuí - Campinas (SP) CEP 13025-050
Tel. (55 19) 3308-6630
E-mail:
azevedo.renata@uol.com.br

Data da primeira submissão: 1 de outubro de 2010

Último recebimento: 16 de junho de 2011

Aceito: 29 de junho de 2011

Fontes de financiamento: Este artigo foi baseado na dissertação de mestrado de RF Fernandes, inti-
tulada "Fatores envolvidos na busca, adesão e sucesso terapêutico no tratamento de fumantes", apre-
sentada ao programa de pós-graduação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 2010

Conflito de interesse: Nenhum

Clínica de Psiquiatria e Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campi-
nas, São Paulo, Brasil

1. Organização Panamericana de Saúde. Tabaco e pobreza: um ciclo vicioso. Disponível em:


http://www.opas.org.br/MOSTRANT.CFM?CODIGODEST=213 Acessado em 2011 (2 jun).

2. Organização Mundial da Saúde. Relatório da OMS sobre a Epidemia Global do Tabaco, 2009: Im-
plementação de ambientes livres de fumo. Genebra: Organização Mundial da Saúde; 2009. Disponível
em: http://whqlibdoc.who.int/publications/2009/9789241563918_eng_full.pdf Acessado em 2011 (2 de
junho).

3 Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


(IBGE). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Tabagismo 2008. Disponível em: http://www.ib-
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Endereço para correspondência: Renata Cruz Soares de Azevedo Rua Severo Penteado, 131/9
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Datas de Publicação
» Publicação nesta coleção » Data de emissão
11 de janeiro de 2012 dezembro de 2011

História
» Recebido » Avaliado
em 01 de outubro de 2010 em 16 de junho de 2011
» Aceito
em 29 de junho de 2011

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