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Provq Projectivq pqro Crionços

Teresq Fogulho
EÊA UÍVlA VEZ... - Prova Projecliva para Crianoas

Nenh,ú,má,.rpaÍtèdeste Manual, exemplares ou Íolhas de resposta podem ser impressos oú


iêp,roCtuzidoS por oualquer meio sem a auiorização escrita dos proprietários do Copyright.

Aq!ora1, Teresa :Fagulha


Desenhos José. PesÌana com a colaboração de Eduardo Miguel
;,
Copyright @ 1997, 2O02 by CEGOC-TEA.
Ed!çãó CÉGOC-TEA: Av. António Augusto de Aguiar n.e 21- 2.e 1050-012 Lisboa.
Proibidã a reprgdução total ou parcial. Todos os direitos reservados.
Depósito Legal: 58480197
"Capa:, Concepção e Design by Andreas Rocha O 2002
lmpiêssão: Multitema
EFA UMA VEZ... - Prova Proiecliva para Crianças

ln,di'ce
I eresa Fagulna
gu EOição

t. cARAcrenísrrcns cERArs 8
1.1 Ficha Técnica I
1.2 Apresentação da prova e dos aspectos teóricos de reÍerência 8
1.3 Apresentação do material 14

2. Estudos sobre a prova 33

3. Normas de Aplicação 41
3.1 lnstruções Gerais para apresentação dos cartões 41
3.2 lnstrucções EspecíÍicas para apresentação dos cartões 43

4. Análise e lnterpretação das Respostas 45


4.1 Análise das Respostas 45
4.1.1 Procedimento 45
4.1 .2 Crilérios para análise das respostas 45
4.2 Elementos para a interpretação 55
4.2.1 Análise individual de cada cartão 55
4.2.2 Anâlise global do protocolo 56
4.2.3 Exemplos 58

5. BibliograÍia 72

NAO FOTOCOPIE TESTES.


RESPEITE OS DIREITOS DE AUTOR E ApOrE A INVESTTGAçÃO EM PSICOLOGIA.
ÊRA UMA VEZ... PROVA PFOJECTIVA PARA CRTANCAS

PREFÁCIO

Os nossos testes e técnicas projectivas foram historica- Nos Estados Unidos houve desde o princípio uma grande
mente antecedidos pela criação de histórias a partir de preocupação com o desenvolvimento de formas objecti-
gravuras o que proporciona um amplo espaço lúdico que vas de cotação e com os dados normativos usando, tanto
promove a expressão pessoal, a comunicação, a instru- para adultos como para crianças, cartões incluídos no
ção e o relacionamento. Os psicólogos usam o contar Teste de Apercepção Temática (TAT) (Munay, 1938).
histórias, ou completá-las, da mesma maneira que usam
as brincadeiras e os desenhos para compreender as Embora, entre 1950 e 1970 tenham sido desenvolvidos
crianças e ajudá-las a desembaraçat a teia, tantas vezes literalmente dúzias de sistemas de cotação, nenhum
emaranhada, que corresponde à descoberta do seu deles foi alguma vez usado em grande escala pelos pro-
mundo e dos seus próprios sentimentos nas quotidianas fissionais da avaliação. Na verdade, por volta de 1980,
e, às vezes assustadoras, justaposições e confusões apenas cinco destes sistemas eram usados para avalia-
entre a Íantasia e a realidade. ções nos Estados Unidos (Vane, 1981). Por outro lado, o
TAT e outras técnicas de contar histórias evoluíram para
Os testes de narrativa de histórias têm sido classificados entrevistas projectivas com formação frequente numa
como técnicas projectivas uma vez que englobam abordagem (Bellak, 1993) descrita por Rossini e Moretti
elementos fundamentais de estímulos, respostas e inter- (1997) como uma "integração doutrinária de interpretação
pretações (Rabin,1 981 ). As figuras-estímulo, de ambigui- psicanalítica inferida" que limitava a introdução das mais
dade média, permitem obter a máxima inÍormação acer- recentes e sofisticadas teorias dinâmicas.
ca da personalidade dos examinandos através das
respostas conseguidas para interpretação posterior. As O Teste "Era Uma Yez..." difere, de várias maneiras, de
respostas são, em geral, abertas e não estruturadas para todos os testes anteriores e de todas as técnicas de contar
facilitar a livre expressão. Os julgamentos do examinador histórias, o que faz dele um prometedor substituto de todos
(interpretações) conÍiguram-se a partir da teoria e são os precedentes.
aplicados aos padrões de resposta estabelecidos para a
cria@o de histórias a fim de descodificar a complexidade Em primeiro lugar, há uma expectativa de actividade lúdica
dos dados e obter sínteses de inÍormação a vários níveis com um objectivo. Apresentando três figuras em cartões
de abstracção. É suposto que a projecção da criança, ou que Íornecem uma parte da história que deverá ser com-
exteriorização de estados interiores, se manifesta através pletada pela criança através do recurso a outras figuras, a
das histórias que organiza, as quais revelam aspectos criança participa numa situação lúdica enquanto está a ser
significativos das suas experiências de vida. observada e avaliada pelo examinador. A tarefa é intrinse-
camente interessante e requêr um envolvimento activo na
Na Europa e nos Estados Unidos, muitos conjuntos de fi- escolha das figuras, na tomada de decisões, em imaginar
guras têm sido usados como esÌímulos que invocam e desfechos e em traduzir por palavras todo o processo.
convidam à criação de histórias. A selecção das Íiguras Historicamente, apenas o MAPS requeria que as crianças
tem colocado desde sempre problemas de Íundamen- seleccionassem figuras para serem colocadas contra um
tação teórica sendo frequentemente a teoria psicanalítica fundo escolhido pelo examinador. Contudo, quando eram
a ditar as cenas, como é o caso do Blacky Pictures de as próprias crianças a seleccionar também estes cartões
Blum, do Teste de Apercepção para Crianças (CAT) de de Íundo, as suas histórias aumentavam drasticamente o
Bellak e do Pata Negra de Corman. Situações típicas da potencial de interpretação.
vida foram usadas no Teste Make-A-Picture-Story de
Shneidman (MAPS), no Teste de Figuras de Michigan e Em segundo lugar, o teste "Era Uma Vez.,." objectiva
no Teste de Apercepção para Crianças de Roberts. As ideias dinâmicas acerca do brincar como um espaço de
Íiguras que representam actividades relacionadas com a transição entre a fantasia e a realidade (Winnicott, 1971)
escola mostram e exploram exclusivamenle comporta- usando um sistema de cotação explícito e cuidadosamente
mentos e problemas do dia a dia escolar, mas podem ser desenvolvido com grande aceitação por parte dos exami-
interpoladas com outras figuras. Conquanto estes testes nadores. Aos cartões da Professora Doutora Teresa
utilizem quer figuras humanas caucasianas, quer figuras Fagulha, em que se pretende que as crianças encontrem
de animais, para aplicação em crianças negras, hispâni- os desÍechos das histórias, podem corresponder
cas ou asiáticas, as mesmas figuras estão a ser usadas respostas que revelem ansiedade, fantasia ou realismo,
agora no Tesle Tell-Me-A-Story (Costantino, Malgady & permitindo a elaboração de cenas do quotidiano, umas
Rogler, 1988). agradáveis, outras susceptíveis de causar ansiedade. A
EFÌA UMA VEZ.., PROVA PROJECTIVA PARA CRIANçAS

cotação contempla a ansiedade, a fantasia e a realidade São várias as características a salientar no teste da
a partir das sequências escolhidas pela criança para Professora Doutora Teresa Fagulha que considero de
completar as histórias e proporciona ainda ligações entre especial interesse. Os conjuntos de gravuras separados
as histórias e os conteúdos das verbalizações que lhes para raparigas e rapazes permitem um exame do desen-
estão associados. Este processo de avaliação permite volvimento específico de cada sexo, que se prevê diÍe-
focar os sentimentos da criança, a sua experiência, os rente no tempo e na elaboração em diÍerentes culturas e,
problemas do dia a dia e o seu auto-conceito como uma ainda, consoante a classe social e outras variáveis den-
base para posteriores intervenções. tro de uma sociedade. A utilização de normas de acordo
com o sexo e a idade permite maiores expectactivas
Como consequência, este Ìeste só indirectamente pro- acerca de um funcionamento, adequado ou não, da crian-
porciona inÍormação psicopatológica, no que diÍere ça em casa, na escola e com os pares. Além disso, as
notavelmente da prática corrente nos Estados Unídos normas encorajam também o uso deste teste em avalia-
onde o diagnóstico psiquiátrico é agora a principal finali- ções no contexto da saúde onde é fundamental conhecer
dade dos testes de contar histórias (Teglasi, 1993). e compreender as consequências emocionais nas crian-
Assim, a cotação e/ou as dimensões para a interpretação ças, das doenças, dos males crónicos, dos traumas
são meramente descritivas e não têm relação conceptual cirúrgicos e das deficiências físicas.
Lirmas com as outras uma vez que se segue a estrutura de
tlr-na entrevista psiquiátrica para se ajustar à nomenclatu- Para mais, a informação em si pode ser reunida usando
ra de diagnóstico usada pela Associação de Psiquiatria este teste como uma nova via para aumentar a com-
Americana. Os testes projectivos reflectem um modelo preensão da identidade cultural/racial como Íoco para um
ssiquiátrico que tem geralmente subjacente um modelo paradigma de intervenção para a prática profissional da
de doença em que se usam pedaços de informação, pre- psicologia em crianças e adultos de diÍerentes culturas
sumivelmente de base empírica, para formular um diag- (Dana, 1997). Contar histórias usando o TAT e outros
nóstico (Castillo, 1996). O teste "Era Uma Vez..." também testes semelhantes permite o acesso à história de vida ou
pode ser usado para diagnóstico psiquiátrico embora sem identidade pessoal que envolve uma classe social, uma
seguir o Íormato de Teglasi para a interpretação do TAT. etnia, uma cultura, uma raça. Howard (1991) especifica,
com elegância, que a vida são as histórias que nós vive-
Podem ser Íeitas inÍerências a partir do comportamento mos, as psicopatologias são essas histórias desestrutura-
da criança, do seu nível de expressão verbal, do modo das e a intervenção psicológica é o processo de as res-
como as histórias são contadas e organizadas e, particu- truturar. A Professora Doutora Teresa Fagulha apresenta-
larmente, do uso de dados normativos. Pode ser que nos um modelo de teste baseado em contar histórias que
actualmente isto não esteja muito em moda, mas existe contempla estes objectivos porque as cenas são étnicas
-r'na história de 50 anos de diagnóstico clínico usando na sua natureza, pelo menos, nas sociedades modernas
:écnicas projectivas que começou com David Rapapport e pós-modernas, enquanto as normas são comprovada-
e Roy Schafer e que continua com Martin Leichtman na mente étnicas e especificamente culturais.
iJenninger Clinic. A compreensão da psicopatologia nas
crianças ainda requer um quadro de referência teórico, Embora sejam necessárias normas diÍerentes consoante
dados normativos relevantes e a evidência de procedi- os países onde o teste Íor aplicado, os dados obtidos irão
mentos combinados com consistência, inteligibilidade e permitir Íazer comparações quanto ao desenvolvimento
senso comum geral (Rychlak, 1959). das crianças, a nível internacional, por sexos, e propor-
cionarão elementos sobre a eÍicácia das intervenções
Em terceiro lugar, como instrumento para planear poste- psicológicas padrão para disÍunções, nos vários países.
riores intervenções psicológicas, este teste põe em
evidência situações e comportamentos, quer específicos Portland, 17 de Agosto de 1997
da situação, quer generalizados, que são potencialmente
preocupantes para a criança e causadores de problemas Richard Dana, PH.D
para os pais, os professores e outras crianças. O teste Research Professor PORTLAND STATE UNIVERSITY
não conduz à escolha de intervenções psicológicas SOUTHERN OREGON UNIVERSITY
especíÍicas mas orquestra dados que permitem a colo-
cação de perguntas tendentes a avaliar a dinâmica, o
comportamento e o conhecimento dos examinandos.
EBA UMA VEZ... PROVA PROJECTIVA PARA CRIANCAS
'1. Características Gerâis

1. CARACTERíSTICAS GERAIS

1.1 Ficha Técnica

Teresa Fagulha

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Variável, entre 20 a 30 minutos , ,,,,,


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Crianças (a partir dos 5 anos até aos 11112 anos)

Prova projectiva que permite descrever a forma como âs cÍiança$.elaboiam


emoções (essencialmente a ansiedade e o prazer), no quadro de reÍerêÍCia
teorias psicodinâmicas.

1.2 Apresentação da prova e dos aspectos teóricos como fenómenos geradores e organizadores de todos os
de reÍerência processos mentais (Leal, 1985/1975). Elas estão pre-
sentes desde o início da vida, inÍluenciando o modo como
A prova "Era uma vez..." é uma técnica projectiva de com- a criança entende o mundo que a rodeia e a Íorma como
pletamento de histórias, apresentadas em Íormato de constrói o seu mundo interno de relações. As emoções
banda desenhada, para ser utilizada com crianças, numa têm uma intencionalidade comunicativa, enquanto
faixa etária que abrange as crianças desde os níveis pré- agentes no intercâmbio que a criança estabelece com o
-escolar (5 anos) ao 2e ciclo Básico (11112 anos). mundo externo, dando significado a esse mundo e per-
mitindo a tradução, para os outros, das suas vivências
Os primeiros estudos efectuados cingiram-se a crianças internas.
entre os 6 e os 8 anos (Fagulha, 1992, 1993)1. Posterior-
mente, o seu estudo abrangeu amostras de crianças de A criança pode elaborar os estados emocionais que expe-
5, 9, 10 e 11 anos (Fagulha, 1996ab). Experimentou-se rimenta, numa área intermédia de experiência, entre a
ainda a viabilidade da sua utilização com crianças de 4 fantasia earealidade, que Winnicott (1969/1953;
anos, a frequentarem classes de Jardim lnÍantÌ|. Se bem 197511971) descreveu e designou como espaço transi-
que as crianças se mostrassem motivadas, a tarefa de cional. Ao brincar com crianças, no contexto da relação
completar uma história, organizando cenas em sequên- terapêutica, facilmente nos apercebemos das qualidades
cia, revelou-se demasiado complexa para estas idades, e características dessa elaboração, num movimento cria-
pelo que se aconselha a sua aplicação a partir dos 5 tivo e pessoal. De Íacto, os actos brincados e a sua
anos. sequência traduzem, para um observador devidamente
habilitado, signiÍicados possíveis de descodificar.
A prova "Era uma vez..." tem como objectivo descrever a
Íorma como as crianças elaboram as emoções, essen- A concepção desta prova teve como objectivo criar uma
cialmente a ansiedade e o prazet, estados aÍectivos cuja situação que, tendo como paradigma a actividade lúdica,
função adaptativa tem uma relevância particular no proporcionasse uma Íorma simplificada de aceder a esse
desenvolvimento psicológico. No quadro de referência espaço transicional e facilitasse a leitura dos significados
das teorias psicodinâmicas, consideram-se as emoções nele expressos pelas crianças.

1 Foi, no entanto, desde o início, aplicada a crianças maìs velhas, no âmbìto da utilização clínica em esludo de casos.
ERA UI\,44 VEZ,.. PROVA PROJECTIVA PAFA CRIANçAS

[,Juma grande variedade de provas projectivas utilizadas com o observador, deveria ter um equivalente na situação
na observação psicológica das crianças (e também dos proposta.
adultos) é pedida a criação de uma história a partir de
um estímulo, Írequentemente constituído por cenas Decidiu-se, assim, que a resposta, para além do aspecto
desenhadas. Noutras, o pedido consiste em que a construtivo - criação da história na sequência do episódio
criança dê desfecho, geralmente de modo verbal, a uma proposto - devería contemplar o aspecto de manipulação
nistória incompleta que lhe é apresentada. Quando as e selecção. Deste modo, a cada episódio correspondem
crianças contam uma história "estão a revelar qual é a diversas cenas desenhadas que possibilitam a sua
raiz das suas diÍiculdades, através da projecção" continuação, cabendo à criança a escolha das cenas com
rSchofield, 1978, p. 147). que constitui o desenrolar da história apresentada.

Ouvir histórias e contar histórias é, pois, uma tareÍa natu- De acordo com a característica do espaço transicìonal -
ral e atractiva para as crianças. Bettelheim (1984/1975) "área" onde, entre a Íantasia e a realidade, se elaboram
descreve o papel Íundamental das histórias tradicionais as experiências emocionais - as cenas que dão sequên-
no desenvolvimento infantil, salientando que elas cia a cada episódio devem apresentar situações de
Íacilitam às crianças a descoberta da vida e dos seus fantasia, de realidade e de representação da vivência
próprios sentimentos, sugerindo-lhes formas de lidar com emocional, estando com ele relacionadas.
eles e de se confrontarem com a realidade.
ReÍeridos os princípios gerais para a organização da
Assim, optou-se por organizar uma situação em que são prova, indicar-se-á o modo como Íoram operacionaliza-
apresentadas às crianças histórias incompletas, em dos. Os episódios propostos representam acontecimen-
diversos episódios relativos à vida de uma mesma tos comuns na vida de qualquer criança, associados,
oersonagem infantil, sendo-lhes pedido que dêem quer a vivências ansiogéneas, quer a experiências de
continuação a esses episódios. prazet.

A Íorma de representação escolhida Íoi a "banda Se nos reportarmos à experiência da emoção ansiosa,
desenhada", por constituir um estímulo atraente para surge de imediato a ansiedade de separação como para-
crianças de diferentes idades. digma de todos os estados afectivos dolorosos, presente
desde o início da vida e que se mantém ao longo do
Para dar continuação ao episódio, várias alternativas se percurso vital. Nascemos separando-nos, rompendo essa
poderiam considerar. Seria possível, por exemplo, pedir à experiência de intimidade única da vida intra-uterina;
criança a sua verbalização de um modo completamente morremos, separando-nos do mundo que conhecemos.
aberto. Conhecem-se, no entanto, as diÍiculdades que Entre estes pontos extremos confrontamo-nos constante-
surgem no estudo de respostas tão diversificadas quanto mente com situações que nos Íazem sentir a dor ou a
as que podem ocorrer nestas circunstâncias. Por outro ameaça de perdas, materiais e imateriais (pessoas que
lado, e no quadro de reÍerência das teorias sobre a activi- amamos, ilusões que alimentamos, etc).
dade lúdica, é importante ter em consideração que, tal
como aÍirma Winnicott (197511971), "brincar é fazer". Ou Considerou-se que estas experiências poderiam ser
seja, a possibilidade de manipular e seleccionar, que se representadas através de uma situação em que uma
apresenta quando se oferece à criança uma variedade de criança, ao passear com a mãe, fica perdida - tema do
"objectos-brinquedos" para que com eles organize uma Cartão l. O medo de abandono, e/ou a certeza da con-
forma de expressão e comunicação consigo própria e sistência da presença da mãe, enquanto figura interna
ERA UMA VEZ... PROVA PROJECTIVA PARA CRIANçAS
1. Características Gerais

sólida e securizante, darão contornos específicos à Íorma do resulta do comportamento dos adultos de quem a
como cada criança lida com esta situação. criança depende. Pensa-se que a criança poderá revelar
a característica da sua relação Íace aos pais, enquanto
Ao adoecer, a criança (e, certamente, cada um de nós), casal, num equilíbrio entre a proximidade Íace a cada
confronta-se com ansiedades despertadas pelo medo da uma das figuras parentais e a possibilidade de assumir a
perda da integridade física, ou até mesmo da vida, medo sua própria autonomia e, consequentemente, alguma
do soÍrimento físico e da separação (por vezes distância face aos conflitos dos pais.
concretizada num internamento, ou, em extremo, pela
própria morte). A experiência de ser cuidado e tratado Na situação de aprendizagem escolar todas as crianças
corresponde, por vezes, a uma situação de maior experimentam momentos de diÍiculdade, mais ou menos
proximidade dos pais, o que poderá constituir antídoto intensa. O facto de serem testemunhados pelos colegas
para aquela vivência. Esta é a temática do Cartão ll, que pode ser vivido como um ataque à auto-estima, desper-
apresenta uma situação em que a personagem está tando um sentimento de ansiedade relacionado com a
doente e precisa de cuidados médicos. Relativamente a insegurança em termos da sua imagem pessoal. Assim,
este conteúdo, Melanie Klein (196911932\ salienta o o Cartão Vll apresenta uma situação em que todas as
papel da ansiedade e da culpabilidade, não só na forma crianças da aula sabem responder a uma pergunta da
como as crianças vivenciam a situação de doença, mas, professora, excepto a personagem da história. A Íorma
por vezes, como desencadeantes da própria situação como cada criança lida com esta diÍiculdade poderá
(que teria, em tais casos, uma origem neurótica). revelar aspectos importantes do ponto de vista diagnósti-
co, a considerar de um modo particular, na medida em
O medo do escuro, os terrores nocturnos e os pesadelos que se sabe que muitos pedidos de observação psicológi-
constituem outro tipo de experiências ansiogéneas ca resulÌam de problemas de aprendizagem, Nestes
comuns no desenvolvimento inÍantil. No entanto, a inten- casos, é geralmente necessário, não só avaliar as suas
sidade da ansiedade associada a estes episódios, bem dificuldades e capacidades, do ponto de vista cognitivo e
como a sua frequência e persistência, podem constituir instrumental, mas ainda a sua reacção emocionalface às
sinais ou sintomas de perturbação. O Cartão lV apresen- exigências da aprendizagem no contexto do grupo esco-
ta uma situação em que a personagem acorda a meio da lar, pois algumas crianças evidenciam, nas provas psi-
noite com um pesadelo. cológicas, capacidades que não correspondem ao seu
eÍectivo desempenho escolar, o qual poderá estar aÍecta-
No dia-a-dia de qualquer casal acontecem, inevitavel- do por reacções emocionais.
mente, algumas situações de conÍlito, mais ou menos
grave, que a criança testemunha, ou de que se apercebe. Como se afirmou,a prova "Era uma vez..." pretende
Este tipo de experiência não pode deixar de despertar descrever a forma como as crianças elaboram a
ansiedade na criança. Esta ansiedade resulta do conflito ansiedade e o prazer. Vimos, até ao momento, quais as
entre o medo e o desejo de separação dos pais, natural- cinco situações imaginadas para representar experiên-
mente vivenciado quando a criança se confronta com a cias ansiogéneas. A prova inclui ainda dois Cartões que
relação especial que existe entre o casal, da qual se representam acontecimentos de vida especialmente
sente, de alguma Íorma, excluída, Assim, o Cartão Vl agradáveis, o Cartão lll e o Cartão V.
representa um episódio de discussão entre os pais na
presença da criança. Ao contrário do que acontece nos O Cartão lll representa a personagem num passeio à
outros Cartões, aqui o acontecimento ansiogéneo sugeri- praia com os pais. Esta situação permite avaliar aspectos
ERA UMA VEZ... PROVA PROJECïIVA PARA CRIANÇAS

da reacção de cada criança à expectativa de convívio mento (Cartão E). Este Cartão é o primeiro a ser apresen-
com os pares, cujo conhecimento é da maior importância tado e representa uma situação de brincadeiras de car-
dada a relevância das vivências de grupo no desenvolvi- naval. De acordo com a sua Íunção, as respostas a este
mento pessoal ea possibilidade de Íacilitarem, ou Cartão não são incluídas na interpretação da prova.
diÍicultarem, a integração da própria identidade da
criança nas experiências que vive com os seus iguais. A Cada uma das situações é apresentada à criança num
opção por representar este convívio na praia (versus, por Cartão com três episódios de banda desenhada. O psicó-
exemplo, uma situação de recreio escolar) obedeceu ao logo faz a descrição do Cartão segundo um procedimen-
aritério de colocar uma situação conhecida, admitindo-se to padronizado, conÍorme se indica nas "lnstruções para
que algumas das crianças a quem a prova poderá ser Aplicação", e pede, em seguida, que a criança dê
aplicada não frequentam ainda a escola. Na praia é continuação à história, escolhendo três Cenas entre as
vulgar que as crianças encontrem outras com quem brin- nove que põe à sua disposição.
car. Como é que se apresenta a possibilidade deste con-
vívio? E desejado? Surge como agradável, ou, pelo De acordo com o quadro teórico atrás mencionado, as
contrário, parece ameaçador? As respostas dadas a este nove Cenas postas à disposição da criança para
Cadão permitirão responder a estas questões. continuar a história representada em cada Cartão foram
assim concebidas:
O dia do aniversário Íoi o tema escolhido para apresentar I Três Cenas apresentam acontecimentos que
no Cartão V. De acordo com Melanie Klein (1969/1932), correspondem a diferentes modos de aceita-
este dia tal como os domingos e os dias de festas familia- ção, ou de estratégia de resolução, da realidade
proposta no Cartão. São designadas por Cenas
res, apontam à criança uma possibilidade de renovação e
de Realidade e apresentam características es-
recomeço. Os presentes que recebe signiÍicam para ela
pecíficas consoante a temática de cada Cartão.
todas as dádivas de amor que desejou e de que, por
Por exemplo, enquanto que no Cartão V (Íesta
vezes, se sentiu despojada. Pelo contrário, o facto de não
de aniversário) as Cenas de Realidade repre-
receber presentes, poderá ser atribuído, inconsciente-
sentam situações agradáveis (abrir um presente,
mente, a um castigo pelos seus impulsos agressivos ou apagar o bolo de velas), no Cartão ll (a per-
(sempre ligados aos desejos libidinais) e, por vezes, sonagem doente) elas retratam a realidade da
claramente assumido na dinâmica das relações familia- vivência do mal-estar ou desconÍorto inerentes
i'es: "se não te poftares bem, não vais ter aquilo que ao sofrimento Íísico (nas Genas de Realidade
desejas", "porta-te bem e terás o teu presente". Quando deste Cartão a personagem é representada com
a criança vive uma culpabilidade excessiva, o medo das sinais gráÍicos que expressam esse soÍrimento).
decepções poderá conduzi-la à supressão total dos dese- I Três Cenas apresentam acontecimentos que,
jos, de forma que os presentes deixarão de lhe propor- pelo recurso à fantasia, constituem diferentes Íor-
mas de fuga ao aspecto crítico proposto no
cionar verdadeiro pnzeL Assim, a expressão do prazer e
Cartão. São designadas por Cenas de Fantasia.
do desejo, ou, pelo contrário, a reacção de Írustração
Todas elas representam Íantasias "boas", no
face à sua expectativa, fornecem informação diagnóstica
entanto, distinguem-se, as que representam
relevante.
situações que podem ocorrer na vida das
crianças (por exemplo, receber um presente
Dada a relativa complexidade da tarefa pedida à criança, quando estão doentes) das que representam
pareceu necessário criar um Cartão semelhante aos des- fantasias mágicas ou de omnipotência (por
critos para ser utilizado como exemplificação do procedi- exemplo, imaginar que é um super-homem/su-
ERA UMA VEZ,.. PROVA PROJECTIVA PARA CFIANCAS
1. CaracteÍísÌicas Gerais

per-mulher, ou encontrar uma fada). Assim, na referência a essa Cena, ou diz que a personagem estava
interpretação da prova, esta categoria apare- contenÌe).
cerá subdividida em Cenas de Fantasia Viável e
Cenas de Fantasia Mágica. Em relação a este aspecto importa referir que os dese-
I Três Cenas apresentam acontecimentos que nhos das diversas Cenas são claramente estruturados.
reÍlectem a aflição desencadeada pelo aspecto De um modo geral, considera-se a vantagem de algum
crítico da situação proposta no Cartão. São de- grau de ambiguidade nos desenhos das provas temáti-
signadas por Cenas de Aflição. As Cenas desta cas, como veículo da possibilidade de interpretação pes-
categoria apresentam situações que expressam soal de cada sujeito. Na prova "Era uma vez..-." optou-se
diÍerentes graus de intensidade de aflição. por desenhos em que a representação das situações e
Assim, na interpretação da prova, esta categoria das vÌvências das figuras que nelas participam fosse tão
surgirá subdividida em Aflição e Muita Aftição, claramente explícita quanto possível, admitindo-se a
consoante as características de cada Cena. hipótese de que seria a característica das cenas escolhi-
das e o seu encadeamento em diversas sequências que
Quando a criança escolhe as três Cenas entre as nove permitiriam a construção pessoal. Paralelamente, e num
alternativas propostas, admite-se que poderá projectar-se primeiro passo relativo ao estudo da prova (Fagulha,
no "aqui e agora" da elaboração de cada estímulo apre- 1992), analisaram-se as descrições das diversas Cenas,
sentado, revelando, através das Cenas que escolhe e da feitas por crianças entre os cinco e os nove anos (162
sequência que organiza, o movimento interno na elabo- crianças), numa aplicação padronizada de acordo com as
ração das emoções evocadas pela situação apresentada
normas de utilização da prova, com a Íinalidade de veri-
no Cartão. A Íorma como dá continuação aos diferentes Íicar se as descrições feitas pelas crianças correspon-
episódios, permite-nos descrever os seus mecanismos
diam, ou não, à intenção que se pretendia representar na
de regulação da vida aÍectiva. Estes manifestam-se, não
cena desenhada. A análise das descrições das diversas
só pela categoria de Cenas que escolhe (AÍlição, Fanta-
Cenas confirmou que elas identificavam as Cenas de
sia ou Realidade), mas ainda pela sequência em que, acordo com a intenção pretendida. No entanto, e dado
num movimento associativo, essa escolha é feita. Deste que ao descrever as histórias que constróem, as crianças
modo, na interpretação tem-se em consideração, quer as partilham com o psicólogo uma sequência de imagens
categorias de Cenas que a criança selecciona, quer ainda
explícita para ambos, veriÍica-se, por vezes, não existir a
a sua colocação na sequência com elas organizada (14 necessidade de traduzir em palavras determinados
posição, 2a posição, 3a posição).
aspectos claramente ilustrados pela imagem. Assim, e
nomeadamente Íace a Cenas que representam grande
Após organizar a sequência da história, a criança deverá
carga emocional (por exemplo, quando a personagem é
"contá-|a". A verbalização da história organizada poderá
representada a chorar, ou com intensa aÍlição), algumas
enriquecer os elementos de informação obtidos através
crianças podem limitar-se a dizer "e ele(a) ficou assim".
da escolha das cenas e sua organizaçáo em sequência.
VeriÍica-se que, ao contar a história, a criança dispõe de
A circunstância reÍerida prende-se naturalmente com os
uma segunda oportunidade para elaborar a experiência pressupostos que presidiram à organização desta situa-
emocional, o que pode revelar-se através da introdução
ção projectiva. De Íacto, ao procurar concebê-la de acor-
de novos elementos não representados nas Cenas, ou de
do com as características da actividade lúdica, espera-se
alguma alteração em relação aos temas nelas expressos que ela proporcione formas não verbais de expressão da
(por exemplo, a criança escolhe uma Cena em que a per-
vivência emocional. Quando brinca, a criança pode reve-
sonagem está a chorar e, quando conta a história náo Íaz lar e elaborar os seus sentimentos, medos e Íantasias

E
ERA UMA VEZ... PROVA PFOJECTIVA PARA CFIANçAS
1. Características Gerais

recorrendo à utilização de objectos e à encenação de cada Cartão tenha uma resolução Íactual, igual para
situações que permitem exteriorizar essas vivências todas as crianças, independentemente da solução Íinal
internas, não exigindo a sua verbalizaçáo, que cada criança encontrou para a hisÌória que criou.

Na prova "Era uma vez...", ao utilizarem as Cenas que têm Mais uma vez se pode aÍirmar que esta forma de organi-
à sua disposição, as crianças encontram essa mesma pos- zar a situação facilita a comunicação expressiva, nomea-
sibilidade. Ela é especialmente adequada para as crianças damente no caso de crianças mais novas, ou mais per-
mais novas, dominadas ainda pelas características do turbadas (crianças inibidas, ou com diÍiculdades de esta-
pensamento mágico, em que a distinção entre "dizer" e belecer relação com o observador). De Íacto, a Íorma de
"ser" ou "Íazef" não está completamente estabelecida. aplicação descrita, em que o psicólogo ao apresentar
cada Cartão, conta à criança a história nele representa-
Um outro aspecto a considerar na inÌerpretação das da, dando-lhe avez para a completar com a escolha das
histórias organizadas pela sequência das cenas escolhi- Cenas, repetindo então o início da história e dando-lhe
das, bem como das histórias verbalizadas, diz respeito à novamente avez paru que ela conte a história que orga-
característica das interacções entre a personagem e ou- nizou, e, Íinalmente, colocando e descrevendo a décima
tras figuras, de adultos ou crianças, presentes nas his- cena, resulta numa alternância, em que ambos, psicólo-
tórias. Algumas Cenas representam unicamente a per- go e criança estão implicados, numa participação mútua,
sonagem, enquanto que outras apresentam a persona- equivalente dum diálogo, que facilita a experiência duma
gem em interacção com outros. A apreciação global, quer relação com outro, versus a tradicional atitude de obser-
das histórias organizadas, quer da sua verbalização, per- vador a que o psicólogo é remetido na maioria das provas
mite a avaliação das características das relações de temáticas.
objecto de cada criança, através da projecção da sua
rede de relações no esquema relacional atribuído à per- Tendo em atenção que a prova confronta as crianças com
sonagem central em interacção com essas Íiguras. situações ansiogéneas, ainda que num contexto lúdico,
considerou-se adequado organizar um espaço de tran-
E ainda de referir um outro aspecto especíÍico na con- sição entre a situação de prova e a sua Íinalização, o qual
cepção global da organização da prova. Pretendeu-se permitisse falar livremente sobre a situação vivida. Com
que cada Cartão fosse apresentado como uma situação este objectivo Íoi criado um Cartão, de formato reduzido,
independente. No entanto, pode supor-se que a Íorma que representa unicamente a personagem (designado
como a criança organiza a sequência do episódio apre- como o Retrato do/a menino/a), o qual é apresentado no
sentado poderá, de algum modo, afectar a sua reacção final da aplicação, e a propósito do qual a criança é
Íace ao Cartão seguinte, Para promover uma estandar- solicitada a dar um nome à personagem e a falar sobre o
dizaçáo das condições em que cada Cartão é apresenta- Cartão de que mais gostou, bêm como daquele de que
do, criou-se, para cada Cartão, uma décima Cena que gostou menos.
apresenta uma resolução factual do episódio proposto.
Esta Cena é colocada e descrita pelo psicólogo quando a Finalmente, e ainda na presença deste Cartão, o psicólo-
criança Ìermina a verbalização da história. Como se go pergunta à criança se gostaria de "inventar uma outra
afirmou, não está em causa a pretensão de obvial com história que tivesse acontecido àquele(a) menino(a)".
este procedimento, que a reacção rnterna evocada por Este procedimento, recentemente adoptado, tem revela-
determinado estímulo se repercuta no modo como o estÊ do boa adesão por parte das crianças e possibilitado o
mulo seguinte será vivenciado pela criança, mas tão enriquecimento da inÍormação obtida.
somente assegurar que o aspecto crítico apresentado em
EBA [JrrA VEZ_.. PROVA PROJECTTVA PARA CRTANçAS
l. CaÍactêÍísti€s GeEis

1.3 Apresentação do Material

A prova consta de sete Cartões-estímulo, de um Cartão Para cada um dos Cartões (Cartão de exemplificação e
para exemplificação e de um Cartão, em formato reduzi- Cartões-estímulo) existem dez Cenas. As dez Cenas de
do, que se destina a finalizar a prova. O Cartão para cada Cartão têm no verso a indicação do seu respectivo
exempliÍicação da prova tem no verso a indicação E, os número, antecedida pela indicação do Cartão a que cor-
Cartões-estímulo têm a indicação da respectiva numera- respondem. Por exemplo, a Cena 1 do Cartão ll será indi-
ção, de I a Vll, e o Cartão com que se finaliza a prova tem cada por ll 1.
a indicação FlM.
Em todos os Cartões as três categorias de Cenas corres-
pondem à mesma numeração:

Cenas de AÍlição 2 4 I
Cenas de Fantasia 3 5 7

Cenas de Realidade 1 6 I

A prova é constituída por uma versão masculina (perso- CARTAO


nagem masculina) a ser usada com os rapazes, e uma
versão feminina (personagem feminina) a ser apresenta-
CENAS
da às raparigas. Para mais rápida identificação do mate-
rial das duas versões, os desenhos estão impressos em 1 2 3

fundos com tonalidades diferentes: o da versão masculi- 4 5 b

na é cinza claro e o da versão feminina é amarelo claro. 7 I I

Do material da prova constam ainda uma "Folha de


Registo das Respostas" e uma "Folha de Análise das
As nove Cenas são colocadas de modo a que cada Cena
Respostas". Esta última será apresentada no ponto que
alterne com Cenas de categorias diÍerentes. Assim, indi-
trata da análise e interpretação das respostas.
cando por A as Cenas de Aflição, por F as Cenas de
Fantasia e por R as Cenas de Realidade, verifica-se a
Para Íacilitar a consulta, apresenta-se em seguida, o
seguinte disposição:
material da prova em versão reduzida. Em cada um dos
Cartões a ordem de apresentação do respectivo material
será a seguinte: R A F

A F R

F R A

Para além dos cartões-exemplo e cartões-estímulo e do


manual, a prova inclui também uma folha de registo das
respostas e uma Íolha de análise das respostas.
ERA UMA VEZ.-. PROVA PRoJECTIVA PARA CRIANÇAS
1. CaEcterísti€s Gerais

Versão Masculina

GARTÃO E (CARNAVAL)
EFA UMAVEZ,.. PROVA PROJECTIVA PARA CRIANçAS
1. Características Gerais

Versão Masculina

CARTÃO r (PASSETO COM A MÃE)

fl.
ERA UMA VEZ... PROVA PROJECTIVA PARA CRIÁNçAS

Versão Masculina

cARrÃo il (DoENçA)

r
)
ir

iil
U
ERA UMA VEZ... PROVA pROJECTTVA PARA CRTANçAS
1. Características Gerais

Versão Masculina

CARTÃO ilr (PASSETO A PRA|A)


ERA UMA VEZ... PROVA PROJECTIVA PARA CRIANçAS
1. CaracteÍísticas Gerais

Versão llasculina

CARTÃO |V (PESADELO)
ERA UMAVEZ... PROVA PROJECTIVA PARACRIANÇAS
'I
. Características Gerais

Versão Masculina

CARTÃO V (DtA DOS ANOS)


ERA UMA VEZ.. . PROVA PROJECTIVA PAIì{ CRtrÀÀlCl{,S
1. CãracteÍístiã GêEÊ

Versão Masculina

CARTÃO U (BRtcA DOS PA|S)


ERA UMA VEZ... PROVA PROJECTIVA PARA CRIANÇAS
1. Características Gerais

Versão Masculina

GARTÃO Ur (ESCOLA)

:w
EFA UMAVEZ..- PROVA PROJECTTVA PARACR|ANçAS
Í. CaracteÍísticas Gerais

Vensão llasculina

GARTÃO HM (RETRATO DO MENINO)


ERA ulrlA VEZ... PROVA PROJECTIVA PARA CRIANCAS
1 - CaEc{eÍíslicas GeËis

Versão Feminina

CARTÃO E (CARNAVAL)

.. ./

ff
ERA UMA VEZ... PBOVA PRo.JECI]VA PARA CRIANCAS

Versão Feminina

cARTÃO r (PASSE|O COM A MÃE)

K 6ã€
ERA UMAVEZ... PROVA PROJECTIVA PARA CRIANCAS
1. CaÍacterísticas Gerais

Versão Feminina

CARTÃO il (DOENçA)
ERA UMA VEZ... PROVA PROJECTIVA PARA CFIANÇAS

Versão Feminina

GARTÃO ilr (PASSETO A PRA|A)


EHÂ tÂ'A VEZ... PROVA PROJECTIVA PARA CRIANCAS
1- GaÍacÍeríslias Gerais

Versão Feminina

CARTÃO |V (PESADELO)
ERA UMA VEZ,.. PROVA PROJECTIVA PABA CRIANÇAS
1. Carâclerísiicas Gerais

Versão Feminina

GARTÃO V (DtA DOS ANOS)

. \ I l,zz

- !ll;'tf
'.
À. í/-
_
EHA T"A vEZ-. PROVA PROJECTIVA PARA CRIANçAS
l- Gã*ÍÍSli:as Gerais

Versão Feminina

CARTÃO U (BRTGA DOS PAIS)

ü'


ERA UMA VÊ2... pROVA pROJECïIVA PARA CRTANçAS
1. CaracteÍísti€s GeEis

Versão Feminina

CARTÃO Vil (ESCOLA)


EBÂII|,AìTE.,PROVAPRo.JECïVA PARA CRTANçAS
l-.ffii-&ãis

Versão Feminina

FrM (RETRATO DA MENTNA)


ERA UMA vEz .. pRovA pRoJEcïJâ:trff:
Str
2. ESTUDOS SOBRE A PROVA de AÍlição, e mostra que, tal como era esperado, nos
cartões lll e V que apresentam situações agradáveis,
A prova Íoi inicialmente estudada numa amostra de 163
surge uma maior frequência de escolha de Cenas de
crianças (Fagulha, 1992) com idades compreendidas Fantasia e de Realidade e menor frequência de escolha
entre os cinco e os nove anos. O primeiro objectivo deste
de Cenas de Aflição. Esta amostra foi recolhida em esco.
estudo foi o de conhecer a forma como as crianças desta
las oficiais e colégios particulares da zona de Lisboa.
amostra descreviam as Cenas correspondentes a cada
um dos Cartões, o que permitiu conÍirmar que as diversas
Posteriormente, (Fagulha, 1996ab) alargou-se o leque de
Cenas eram por elas percepcionadas de acordo com o
idades abrangido a uma amostra de 70 crianças de 5
significado que o desenho pretendia transmitir.
anos, frequentando uma classe de pré-primária dum colé-
gio particular de Lisboa; a uma amostra de 70 crianças de
Este estudo permitiu ainda elaborar a "Folha de Análise
9 anos frequentando uma escola oficial e um colégio par-
das Respostas", na qual se incluíram todos os itens con-
ticulat em Lisboa; e a uma amostra de 70 crianças de
siderados relevantes em termos da informação que a
10/11 anos, frequentando o 5e ano de escolaridade num
prova pode Íornecer.
colégio particular de Lisboa.

Um segundo estudo (Fagulha, 1992), com uma amostra


Os resultados referentes ao aspecto da resposta "cate-
de 245 crianças com idades compreendidas entre os seis goria de cena escolhida / sua posição na sequência'
e os oito anos, permitiu estabelecer o padrão comum de
fornecem normas de referência para a interpretação dos
respostas "categoria de Cena escolhida / sua posição na
protocolos individuais, de acordo com o padrão de esce
sequência" para cada um dos Cartões. O padrão encon-
lhas obtido em cada uma das amostras. São apresenta-
trado conÍirma a característica ansiogénea dos Cartões l,
dos nos Quadros 1 a 4.
ll, lV, Vl e Vll, pela maior Írequência de escolha de Cenas

CENfu CARTÃO
POStçÃO il ilt IV V VI vil
1s Aflição 35.7 49.9 21.5 52.8 30.0 24.3 28.5

1s Fantasia 34.3 20.2 37.1 21.4 27.1 38.6 u.3


1ê Realidade 30.0 29.9 41.4 25.8 42.9 37.1 372
2e AÍlição 30.0 34.3 3't.4 42.9 27.2 37.1 45.7

2a Fantasia 30.0 28.5 30.0 34.3 41.4 37.1 30-o

2a Realidade 40.0 37.2 38.6 22.8 31.4 25.8 24-3

3q Aflição 21.5 35.8 22.9 35.8 25.7 18.5 27-1

3a Fantasia 40.0 31.4 58.5 44.2 35.7 55.7 {olt


3a Realidade 38.5 32.8 18.6 20.0 38.6 25.8 3e9
OUADRO 1.

Percentagem de escolha de cada categoria de Cena (AÍlição, Fantasia e Realidade) na 1a, 2a e 3a posições das sequências (N = 70; MÉDI/A DE [)AIE =5rq eÍr :aill
rlvA PARA .RIANÇAS
2. Estudo sobre a pÍovâ

Os padrões de resposta para as diferentes idades apre- activa e positiva, elaboram mais facilmente a ansiedade e
sentam, tal como seria de esperar, algumas diÍerenças. A adquirem maior flexibilidade para enfrentar as exigências
medida que crescem, as crianças manifestam capaci- da realidade (Klein, 1932).
dade para lidar com as dificuldades de uma forma mais

CENA/ CARTAO
POSrçÃO il ill IV V VI vil
1q AÍlição 47.4 48.2 17.9 74.7 18.8 22.8 35.7

1a Fantasia 21.2 20.0 34.7 10.2 29.8 32.2 20.4

1e Realidade 31.4 32.8 47.4 15.1 51.4 45.0 43.9

2ê AÍlição 42.5 38.8 24.1 42.O 25.3 42.2 39.3

2a Fantasia 28.6 24.9 33.5 34.7 40.8 32.O 27.1

2a Realidade 28.9 36.3 42.4 23.3 33.9 25.8 33.6

3a AÍlição 28.9 37.9 29.8 33.1 23.3 29.9 35.7

33 Fantasia 31.1 41.2 40.0 42.5 40.0 48.0 36.5

33 Realidade 40.0 20.9 30.2 24.4 36.7 22.1 27.8


QUADFO 2.

Percentagem de escolha de cada categoria de Cena (Aílição, Fantasia e Realidade) na'la,2a e 3e posições das sequèncias (N = 245; MEDIA DE IDADE = 7;3; S.D. = 4,2)

CENA/ CAR TÃO


POStçÃO il ilt IV V VI vil
1a Aflição 57.2 42.9 21.4 81.4 12.9 25.7 51.4

1e Fantasia 8.6 14.3 18.6 8.6 25.7 8.6 1.4

1a Realidade 34.2 42.8 60.0 10.0 61.4 65.7 47.2

2e Aflição 44.4 54.3 21.4 57.1 14.3 62.8 34.3

2a Fantasia 12.8 10.0 35.8 28.6 37.1 17.2 15.7

23 Realidade 42.8 35.7 42.8 14.3 48.6 20.o 50.0

3a Aflição 14.3 40.0 25.7 15.7 11 .5 54.3 32.8

3q Fantasia 27.1 45.7 27.1 50.0 34.2 38.6 17.2

3a Realidade 58.6 '14-3 47.2 34.3 54.3 7.1 50.0


QUADFO 3.

Percentagem de escolha de cada categoria de Cena (AÍlição, Fanlasia e Realidade) na1a,2a e 3q posições das sequências (N = 70; MEDIA DE IDADE = S,O; S.D. = 3,3)
ERA UMA VEZ... PROVA PROJECTIVA PARA CRIANçAS
2. EsÌudo sobre a Prova

CENA/ CARTÃO
POSrÇÃO il lil IV V VI vlt
1a Aflição 73.'l 36.6 12.1 78.1 4.8 26.9 29.3

1a Fantasia 2.4 2.4 24.5 12.2 24.4 2.4 2.4

1a Realidade 24.5 61.0 63.4 9.7 70.8 70.7 68.3

2a AÍlição 41.5 17.1 19.4 36.6 9.8 68.3 19.4

2e Fantasia 14.6 24.3 29.3 34.2 36.5 9.7 4.9

2a Realidade 43.9 58.6 51.3 29.2 53.7 22.O 75.7

3q Aflição 't2.2 24.4 9.7 9.7 12.2 36.6 '19.5

3a Fantasia 12.2 56.1 29.3 31.7 36.5 56.2 12.2

3a Realidade 75.6 '19.5 61.0 58.6 51.3 7.2 68.3

OUADRO 4.

Percentagem de escolha de cada categoÍiade Cena (Aflição, Fantasia e Realidade) na'1'",2a e 3s posições das sequências (N = 41; MEDIADE IDADE = tO,7; S.D. = 5,09)

O desenvolvimento da capacidade para elaborar a situações agradáveis, verifica-se que, à medida que as
ansiedade e a maior Ílexibilidade face às exigências da crianças se vão desenvolvendo, também estas situações
realidade traduz-se pela tendência para o aumento da Íre- vão sendo encaradas de uma forma mais adaptada,
quência de escolhas de Cenas de AÍlição na 1a posição traduzindo-se esta reacção por uma maior percentagem
como resposta aos cartões que apresentam situações de escolha das Cenas de Realidade e de Fantasia, e um
ansiogéneas, bem como uma maior Írequência de esco- decréscimo na escolha de Cenas de Aflição.
lha de Cenas de Realidade como desÍecho das sequên-
cias organizadas para dar continuidade aos episódios Para facilitar a análise, em cada um dos Cartões, apre-
apresentados nestes Cartões. Em termos de desenvolvi- sentar-se-ão, nos Quadros 5a 11 , as respostas
mento, veriÍica-se, na maioria destes Cartões, uma "percentagem de escolha de cada uma das três catego-
diminuição da escolha de Cenas de Fantasia. rias de Cena em cada uma das três posições das sequên-
cias" organizadas pelas crianças das diÍerentes amostras
No que diz respeito aos dois Cartões que apresentam em cada um dos sete Cartões da prova.

CENAS/ 5 anos 6-8 anos 9 anos 10-11 anos

POSrÇÃO N=70 N=245 N=70 N=70

1ê Aflição 35.7 47.4 57.2 73.1

1e Fantasia 34.3 21.2 8.6 2,4

1a Realidade 30.0 31.4 34.2 24.5

24 AÍlição 30.0 42.5 44.4 41.5

2e Fantasia 30.0 28.6 12.8 14.6

2e Realidade 40.0 28.9 42.8 43.9

3a Aflição 2'1.5 28.9 't4.3 12.2

3e Fantasia 40.0 31.1 27.1 12.2

3q Realidade 38.5 40.0 58.6 75.6

QUADRO 5.

Percenlagem de escolha de cada categoria de Cena em cada uma das 3 posições das sequências. CARTÃO I (Passeio com a mãe)
EFÂ t MA ì18,.. pBOvA pRoJECÌrVA PARA CRIAÌ,IçAS
2. EsÌJdo sobre a Prova

Observando o Quadro 5 veriÍica-se, em termos de desen- novas) tende a resolver-se predominantemente pela
volvimento, um aumento da escolha de Cenas de AÍlição busca de uma solução realista.
e uma diminuição de Cenas de Fantasia na 1a posição da
sequência. No que se reÍere ao Íinal da sequência, e à Face à situação de estar doente, o padrão de escolhas
medida que as crianças crescem, aumentam as escolhas das crianças soÍre algumas alterações em função da
de Cenas de Realidade. De um modo geral, verifica-se idade. Assim, observa-se que neste Cartão a maior per-
ainda a ocorrência de um padrão mais definido nas esco- centagem de escolha de Cenas de Aflição na 1a posição
lhas das crianças de g e 10/11 anos. Nãs crianças de 5 corresponde ao grupo das crianças de 5 anos. Como
anos, as escolhas das três categorias apresentam um desÍecho encontramos uma predominância de escolhas
padrão menos nítido, repartindo-se as escolhas, em cada de Cenas de Fantasia, e uma diminuição da escolha de
uma das três posições, pelas três categorias de Cenas, Cenas de Aflição, tendência que se vai acentuando em
de uma forma que não apresenta diferenças assinaláveis, termos de desenvolvimento.

Poderá aÍirmar-se que a resposta mais frequente ao VeriÍica-se que para lidar com a situação de doença, a
cenário de estar perdido corresponde a uma ressonância qual ultrapassa, em larga medida, a capacidade de con-
de aflição, com uma elaboração que, podendo passar trolo pessoal, as oianças tendem a organizar o desfecho
pelo recurso à Íantasia (mais frequente nas crianças mais (34 posição) pelo recurso à fantasia.

CENAS/ 5 anos 6-8 anos 9 anos 10-11 anos


POStçÃO N=70 N=245 N=70 N=70
1q Aflição 49.9 48.2 42.9 36.6
1s Fantasia 20.2 20.0 14.3 2.4
1a Realidade 29.9 32.8 42.8 61.0
2a AÍlição 34.3 38.8 54.3 17.1
2c Fantasia 28.5 24.9 10.0 24.3
2e Realidade 37.2 36.3 35.7 58.6
3q AÍlição 35.8 37.9 40.0 24.4
3a Fantasia 31.4 41.2 45.7 56.1
3q Realidade 32.8 20.9 14.3 19.5
OUADRO 6.

Percentagem de escolha de cada categoria de Cena em cada uma das 3 posições das sequências CARTÃO (Doença)
ll
ERA UMA VEZ... PROVA PROJECTTVA PARA CRTANÇAS
2. Estudo sobre a prova

CENAS/ 5 anos 6-8 anos 9 anos 10-1'l anos


POSrÇÃO N=70 N=245 N=70 N=70
1e AÍlição 21.5 17.9 21.4 12.1
1q Fantasia 37.1 34.7 18.6 24.5
1a Realidade 41.4 47.4 60.0 63.4
2a AÍlição 31.4 24.1 21.4 19.4
2e Fantasia 30.0 33.5 35.8 29.3
2a Realidade 38.6 42.4 42.8 51.3
3q AÍlição 22.9 29.8 25.7 9.7
3q Fantasia 58.5 40.0 27.1 29.3
3a Realidade 18.6 30.2 47.2 61.0
QUADRO 7.

Percentagem de escolha de cada categoria de Cena em cada uma das 3 posições das sequências CARTÃO lll (passeio à praia)

O Quadro 7 apresenta as respostas a uma situação de crianças, este vai sendo encarado pela maioria das
passeio à praia, na companhia dos pais, onde a persona- crianças como mais natural e menos gerador de conflito
gem encontra um grupo de crianças com quem pode brin- entre o desejo de ser aceite e o medo de que tal não
car. Dada a característica da situação apresentada e das aconteça.
Cenas disponíveis para organizar as sequências, faz sen-
tido que as Cenas de Realidade e de Fantasia possam O Quadro I discrimina as percentagens de Cenas
ser analisadas em conjunto, versus as Cenas de Aflição. escolhidas pelas crianças dos diÍerentes grupos em
De Íacto, neste Cartão, e diferentemente do que sucede resposta a um estímulo que representa uma situação de
nos Cartões que apresentam situações ansiogéneas, pesadelo.
elas tomam um signiÍicado especial. Podemos, assim,
constatar um predomínio das escolhas de Cenas de Surge em termos de desenvolvimento, e tal como se veri-
Realidade e de Fantasia, versus as escolhas de Cenas Íicou no Cartão l, um aumento progressivo na percenta-
de AÍlição, nas diversas idades. No entanto, o padrão de gem de escolha de Cenas de AÍlição na 1a posição da
escolhas apresenta características peculiares para cada sequência, e a sua diminuição, igualmente progressiva,
um dos grupos etários, surgindo, nas crianças mais ve- como desfecho da histórias organizadas pelas crianças.
lhas uma diminuição das Cenas de Aflição em cada uma VeriÍica-se, paralelamente, nesta última posição, o
das posições da sequência, bem como um incremento aumento progressivo da percentagem de escolha de
das escolhas de Cenas de Realidade. Cenas de Realidade. As cenas de Fantasia são, em todos
as faixas etárias, as menos escolhidas na 1a posição da
A medida que as crianças vão crescendo e adquirindo sequência, aumentando o seu número nas restantes
maior experiência de situações de convívio com outras duas posições em cada um dos grupos estudados.
ERA UMA VEZ.. . PROVA PROJECTìVA PARA CRIANçAS
2. Estudo sobÍe a PÍova

CENAS/ 5 anos 6-8 anos I anos 10-11 anos

POStçÃO N=70 N=245 N=70 N=70

1a AÍlição 52.8 74.7 81.4 78.1

1a Fantasia 21.4 10.2 8.6 12.2

14 Realidade 25.8 15.1 10.0 9.7

2a Aflição 42.9 42.O 57.1 36.6

2q Fantasia 34.3 34.7 28.6 34.2

2a Realidade 22.8 23.3 14.3 29.2

3a Aflição 35.8 33.1 15.7 9.7

3a Fantasia 44.2 42.5 50.0 31.7

3a Realidade 20.o 24.4 34.3 58.6

OUADRO 8.

Percentagem de escolha de cada categoria de Cena em cada uma das 3 posições das sequências. CaRfÃO lV (Pesadelo)

Um aspecto particularmente interessante a salientar, em goria (Cenas 'l e 6), a sua resposta em associação ime-
termos de desenvolvimento, diz respeito à diminuição das diata ao estímulo lraduz mais um movimento de Íuga pela
escolhas de Cenas de Realidade na 1e posição da Íantasia (e negação da emoção ansiosa) que uma situa-
sequência (verificando-se o seu aumento na 3ê posição). ção realista. Na 2a ou 3a colocação já farão sentido como
De Íacto, pela característica de duas Cenas dessa cate- soluções realistas.

CENAS/ 5 anos 6-8 anos 9 anos 10-11 anos

POSrÇÃO N=70 N=245 N=70 N=70

1s Aflição 30.0 18.8 12.9 4.8

1a Fantasia 27.1 29.8 25.7 24.4

1e Realidade 42.9 51.4 61.4 70.8

2a Aflição 27.2 25.3 14.3 9.8

2a Fantasia 41.4 40.8 37.1 36.5

2a Realidade 31.4 33.9 48.6 53.7

3a AÍlição 25.7 23.3 11 .5 12.2

3q Fantasia 35.7 40.0 34.2 36.5

3e Realidade 38.6 36.7 54.3 51.3


QUADBO 9.

Percentagem de escolha de cada categoria de Cena em cada uma das 3 posições das sequências. CnRfÃO V (Dia dos Anos)

O Quadro 9 apresenta as respostas dos diversos grupos Talcomo sucedeu no Cartão lll (Passeio à Praia) também
face a uma situação especialmente agradável, o dia dos neste Cartão atribuímos um signiÍicado particular à esco-
anos, dia em que cada criança poderá ter a expectativa lha de Cenas de Aflição, contrapondo-a à escolha de
de receber atenções especiais - os parabéns e os pre- Cenas de Realidade (uma realidade agradável) e de
senles - e que representa um marco face ao futuro: "ser Fantasia, analisadas em conjunto. Em termos de desen-
mais crescido". volvimento, observa-se que as Cenas de AÍlição apre-
ERÁ UMA vEZ... pRovA pRoJEcÏH,ïâXlj3:
fïâ;

sentam uma tendência marcada para a diminuição, em A análise das escolhas feitas pelas crianças confirma o
cada uma das três posições, apresentando um valor signiÍicado particular a atribuir, neste Cartão, à escolha de
extremamente baixo na 1a posição, no grupo de crianças Cenas de Aflição, parecendo evidente que, à medida que
de 10/11 anos. Neste grupo de idades, e numa tendência as crianças crescem podem lidar mais Íacilmente com a
inversa à que se veriÍica nos grupos de crianças mais culpabilidade associada aos desejos de receber gratifi-
novas, as Cenas de Aflição apresentam um aumento na cações especiais.
percentagem de escolha como desfecho, mantendo-se,
no entanto, com um valor muito baixo.

CENAS/ 5 anos 6-8 anos 9 anos 10-11 anos


POSrÇÃO N=70 N=245 N=70 N=70
1a Aflição 24.3 22.8 25.7 26.9
1c Fantasia 38.6 32.2 8.6 2.4
1q Realidade 37.1 45.0 65.7 70.7
2e AÍlição 37.1 42.2 62.8 68.3
2a Fantasia 37.1 32.O 17.2 9.7
2s Realidade 25.8 25.8 20.0 22.O

3a AÍlição 18.5 29.9 54.3 36.6


3q Fantasia 55.7 48.0 38.6 56.2
3a Realidade 25.8 22.1 7.1 7.2
OUADRO 10.

Percentagem de escolha de cada categoria de Cena em cada uma das 3 posições das sequências. CARTÃO Vl (Briga dos pais)

O Quadro 10 apresenta as Cenas escolhidas pelas Poderá deduzir-se, do padrão de respostas obtido, que a
crianças dos diÍerentes grupos em resposta a um estÊ maioria das crianças considera a briga entre os pais
mulo que representa uma situação de conÍlito entre os como um fenómeno da realidade, que desencadeia um
pais. sinal de aflição, face ao qual procuram uma Íuga pela
fantasia. Confrontadas com uma situação crítica e que as
Em relação às Cenas de AÍlição, não encontramos, em aÍlige, mas cuja resolução diz essencialmente respeito
termos de desenvolvimento, qualquer diferença no que aos pais, é natural que as crianças procurem uma
respeita a 1a posição da sequência. Os diferentes grupos solução no refúgio que a Íantasia oÍerece.
de idade distinguem-se, nesta posição, pela escolha de
Cenas de Fantasia, que diminuem progressivamente, Da observação das respostas no quadro 11 ressalta, em
enquanto que as Cenas de Realidade aumentam pro- termos de desenvolvimento, um aumento progressivo
gressivamente. Na 2a posição observa-se, em termos de das Cenas de Realidade, em cada uma das posições da
desenvolvimento, um aumento progressivo das Cenas de sequência, e uma diminuição progressiva das Cenas de
Afliçãoe uma diminuição progressiva das Cenas de Fantasia. Nos grupos das crianças mais velhas (9 anos e
Fantasia. No que se reÍere ao desfecho, verifica-se um 10/11 anos) a percentagem de Cenas de Aflição diminui
predomínio de escolha de Cenas de Fantasia, excepto na 2e e 3ê posições. A medida que vão progredindo em
no grupo de crianças de nove anos, que escolhem pre- termos do seu percurso escolar, as crianças revelam uma
Íerencialmente, nesta 3a posição, as Cenas de Aflição. reacção mais adaptada ao conÍronto com as exigências
EBA UI\,44 VË2... PROVA PBOJECTIVA PARA CRIANçAS
2. Ëstudo sobre a Prova

da aprendizagem, reconhecendo os seus aspectos críti- proposto nas Cenas disponíveis para este Cartão, é uma
cos, mas demonstrando que é essencialmente através de estratégia frequentemente adoptada pelas crianças mais
estratégias de acção realisticamente adequadas que eles novas.
poderão ser resolvidos. O recurso à fantasia, tal como é

CENAS/ 5 anos 6-8 anos 9 anos 10-11 anos

POSrçÃO N=70 N=245 N=70 N=70

1a Aflição 28.5 35.7 51.4 29.3

1a Fantasia 34.3 20.4 1.4 2.4

1q Realidade 37.2 43.9 47.2 68.3

2e AlÍliçáo 45.7 39.3 34.3 19.4

2e Fantasia 30.0 27.1 15.7 4.9

2q Realidade 24.3 33.6 50.0 75.7

3q AÍlição 27.1 35.7 32.8 19.5

3q Fantasia 40.0 36.5 17.2 12.2

3e Realidade 32.9 27.8 50.0 68.3

OUADRO 11.

Percentagem de escolha de cada categoria de Cena em cada uma das 3 posições das sequências. CnnfÃO Vll (Escola)

Dadas as características da prova, nomeadamente o renciar, do ponto de vista estatístico, as respostas dos
Íacto de as respostas não incidirem unicamente na ver- diferentes grupos entre si, bem como em relação ac
balização, tem-se vindo a estudar a sua utilização com grupo de controlo. Confirmou-se, deste modo, a capaci-
crianças em que as diÍiculdades na comunicação oraldifi- dade discriminativa global da prova.
culta, ou impossibilita, a utilização das provas projectivas
temáticas normalmente utilizadas. Assim, procedeu-se ao Referiu-se já o estudo das respostas normativas "catego-
estudo da viabilidade de utilização da prova em crianças ria de cena escolhida / sua posição na sequência". Esta
com Paralisia Cerebral (Fagulha, 1994) e em crianças codificação é objectiva e pré-determinada. Os elementos
surdas (Fagulha, Andersen e Gama, 1994). Verificou-se, decorrentes das verbalizações estão igualmente a ser
em ambas as situações, uma boa aceitação por parte das objecto de uma abordagem semelhante. De momento
crianças, bem como o interesse dos psicólogos que com estão a ser identiÍicadas unidades relevantes, conceptua-
elas trabalham e que colaboraram na aplicação da prova. lizadas a partir de critérios clínicos, que revelem Íacili-
Em relação ao grupo de crianças surdas utilizou-se a lin- dade de codificação, e foquem aspectos da inÍormação
guagem gestual para transmitir as instruções. que siruam de forma eficaz o processo de avaliação em
que a prova se insere (Teglasi, 1993).
Um estudo em que se compararam as respostas de gru-
pos de crianças com diferentes características de com- Paralelamente a prova tem vindo a ser utilizada no "estu-
pofiamento psicossocial - crianças agressivas, crianças do de casos" onde, para além de ser facilmente aceite
ansiosas, e crianças isoladas no convívio social - com as pelas crianças, tem revelado a possibilidade de obter
respostas das crianças de um grupo de controlo, com inÍormação complementar da que se recolhe através de
idades compreendidas entre os seis e os oito anos outras provas de avaliação da Personalidade.
(Fagulha, 1992, 1994), revelou a possibilidade de dife-
ERA UMA VEZ... PROVA PROJECTTVA PARA CRIANçAS
3. Normas de Aplicação

3. NORMAS DE APLTCAçAO

3.1 lnstruções Gerais para apresentação


dos cartões
Antes de iniciar a aplicação da prova o psicólogo selec- correspondentes a cada Cartão estão devidamente orde-
ciona o material a utilizar (versão masculina, ou versão nadas (o número relativo a cada uma das Cenas está
feminina) e verifica se os Cartões estão ordenados na indicado no seu verso). A ordem de apresentação dos
sequência correcta; verifica ainda se as dez Cenas Cartões é a seguinte:

Cartão E (Carnaval)

Cartão I (Passeio Com A Mãe)

Cartão ll (Doença)

Cartão lll (Passeio A Praia)

Cartão lV (Pesadelo)

Cartão V (Dia Dos Anos)

Cartão Vl (Briga Dos Pais)


Cartão Vll (Escola)

(Retrato Do/a Menino/a)

O psicólogo deve dispor de uma "Folha de Registo das Vamos ver a história?
Respostas" e de um cronómetro. O psicólogo vai apontando cada um dos quadros repre-
sentados no Cartão enquanto os descreve:
A criança e o psicólogo sentam-se lado a lado, frente a
uma mesa, devendo a criança ocupar a posição à esquer- Era uma vez um/a menino/a2 que estava a ver uma
da do psicólogo; se a criança for esquerdina invefte-se a montra de uma loja de brinquedos. Era Carnaval e
posição, ele/a Íoi comprar umas coisas para brincar. Estava a
atirar serpentinas. Agora vais tu continuar a história,
Como é usual na aplicação de provas deste tipo, é impor-
com estes cartõezinhos.
tante criar condições para que se estabeleça uma relação
adequada com a criança, conversando um pouco com
Dispõe as nove Cenas correspondentes ao Cartão (man-
ela, ou propondo-lhe que Íaça um desenho, conforme
tendo a Cena 10 Íora do campo de visão da criança).
pareça mais adequado a idade e características de cada
As Cenas são dispostas segundo o esquema seguinte:
criança.

1 2 3
lnicia-se a prova com o Cartão E (Carnaval) que serve
4 5 6
para exemplificar o procedimento. Antes de mostrar o
Cartão à criança, o psicólogo diz: 7 I 9

Olha, tenho aqui uma história. É uma história de Diz então:


quadradinhos, mas ainda não está pronta e eu gosta-
va que tu me ajudasses a acabá-la. Vamos ver?
Estão aqui estes cartõezinhos todos e tu agora vais

O psicólogo coloca então o Cartão em frente da criança,


escolher três para continuares a história. Fazes a
dizendo: história como tu gostares. Escolhes os três cartõezi-

2 Na aplicação da prova a crianças mais velhas, e para eviÌar uma conotação inÍantil, substitui-se a expressão "menino/a" por "miúdo/a"
ERÀ UMAVEZ_.. pROVA pROJECïtVA pARA CRTANÇAS
3. tlomas de Apli€ção

nhos que quiseres, só três, e vais colocá-los aqui. Terminada a apresentação dum Cartão, enquanto o arru-
(indicando o espaço por baixo dos quadros de banda ma e coloca o seguinte, o psicólogo poderá fazer a ligp-
desenhada do Cartão). Depois contas-me a tua ção entre os diferentes episódios representados nG'
história. Estás a perceber? Então, agora escolhe. Cartões, com frases deste tipo:

Se Íor necessário, repetem-se as indicações. Acontecem mais coisas a este/a menino/a. Vamos
ver?
Regista-se o tempo de latência, que se conta desde o Temos aqui outras coisas que aconteceram a este/a
momento em que o psicólogo acabou de dispor as nove menino/a; vamos ver o que Íoi que lhe aconteceu
Cenas até àquele em que a criança coloca, na posição desta vez.
indicada, a primeira Cena que escolheu.

Logo que a criança esteja familiarizada com o procedi-


Anota-se na "Folha de Registo das Respostas" o número mento, ao apresentar as nove Cenas, o psicólogo dirá
de cada Cena escolhida pela criança (indicado no verso apenas:
da Cena) e a sequência em que ela as coloca. Regista-
se igualmente qualquer troca de posição, ou alteração de Já sabes como é, escolhes as três que quiseres.
colocação a que a criança proceda, indicando sempre
claramente a sequência final (ex.: 3I2). O procedimento indicado mantém-se para todos os
Cartões e corresponde esquematicamente aos seguintes
Anotam-se ainda todos os comentários que a criança passos:
faça, assim como as características da sua comunicação 1. - O psicólogo coloca o Cartão em frente da criança
não-verbal (suspira, sorri, etc) e do seu comportamento e descreve cada uma das três Cenas nele desenha-
(levanta-se, arruma o material, etc.) das, de acordo com as lnstruções adiante indicadas.
Retiram-se as seis Cenas restantes, dizendo: 2. - O psicólogo dispõe à direita da criança as nove
Cenas correspondentes ao Cartão (mantendo a Cena
Estes agora já não são precisos. Vamos lá ver como 10 fora do seu campo de visão) e pede-lhe que esco-
é que Íicou a história que tu Íizeste. O/a menino/a lha três para continuar a história. Regista o tempo de
estava a ver a montra de uma loja de brinquedos. Era latência (desde o momento em que acabou de dispor
Carnaval e ele/a foi comprar umas coisas para brin- as nove Cenas até àquele em que a criança coloca,
car. Estava a atirar serpentinas. Agora é a tua vez de na posição indicada, a primeira Cena que escolheu).
contar. Anota na "Folha de Registo das Respostas" o número
correspondente a cada uma das três Cenas que a
Espera-se que a criança conte. Pode-se encorajá-la, mas criança escolheu e colocou em cada uma das três
não se deve contar a história por ela. Regista-se a narra- posições da sequência. Regista igualmente qualquer
tiva da criança. Quando tiver terminado, coloca-se então troca de Cenas, ou alteração da sua colocação a que
a Cena 10, a seguir as três que a criança colocou, e a criança proceda, indicando sempre claramente a
diz-se: sequência final. Anota ainda todos os comentários e
perguntas que a criançafaça, assim como quaisquer
Aqui o/a menino/a está a contar à mãe as coisas que características do seu comportamento que pareçam
lhe aconteceram. significativas.
3. - O psicólogo retira então as seis Cenas restantes.
Tendo-se exempliÍicado e treinado o procedimento com o 4. - O psicólogo repete a descrição do Cartão e indi-
Cartão E passa-se à situação de prova (mesmo que a ca à criança que continue a história. Regista a narra-
criança não tenha verbalizado nenhuma história). tiva da criança, bem como todos os comentários, per-
ilvA PARA CFrANÇAS
de Aplicação

guntas, hesitações, e todo o tipo de comportamentos Cartão I (Passeio com a mãe)


signiÍicativos.
5. - Quando a criança tiver terminado a história, o O/a menino/a Íoi passear com a mãe e distraiu-se a
psicólogo coloca a Cena 10, a seguir às três que a cheirar uma flor. Ficou perdido/a. E agora, o que é
criança colocou, e descreve-a, de acordo com as que vai acontecer?
instruções. Cena 10:
6. - Terminada a apresentação dos oito Cartões, o Aqui a mãe e o/a menino/a já vão os dois juntos.
psicólogo retira todo o material e apresenta à
criança o Cartão FIM (Retrato do/a Menino/a), e Cartão ll (Doença)
pede-lhe que dê um nome à personagem da história.
Pergunta-lhe ainda qual a história de que gostou mais, O/a menino/a estava a dizer à mãe que se sentia mal.
e qual a história de que gostou menos e dá-lhe opor- A mãe viu que ele/a tinha febre e chamou o médico. E
tunidade para Íalar livremente sobre a situação.
depois? Agora continuas tu.
Propõe então à criança que invente uma outra história
Cena 10:
que tivesse acontecido à personagem.
Aqui o/a menino/a está a conversar com a mãe.
7. - Na última página da "Folha de Registo de Res-
postas" o psicólogo anota o comportamento da crian-
Cartão lll (Passeio à praia)
ça durante a prova, bem como qualquer observação
que pareça relevante.
O/a menino/a foi passear à praia com os pais. Estava
a ver um grupo de meninos a brincar, todos juntos.
Tempo de aplicação da prova: o tempo médio de apli-
Voltou para o pé dos pais e pôs-se a pensar o que é
cação da prova situa-se entre 20 a 30 minutos.
que havia de fazer. E depois o que é que ele tez?
Agora contas tu.
3.2 Instruções Específicas para apresentação dos
Cena 10:
cartões
Já acabou. Aqui já voltaram para casa e estão a
jantar.
lndicam-se, a seguir, as frases a utilizar na descrição de
cada um dos Cartões e das respectivas Cenas 10.
Cartão lV (Pesadelo)
lndicam-se também as instruções para finalizar a prova.

O/a menino/a foi-se deitar. Adormeceu muito bem e


Olha, tenho aqui uma história. É uma história de
depois acordou de repente com um sonho muito
quadradinhos, mas ainda não está acabada e eu
mau. Agora continuas tu.
gostava que tu me ajudasses a acabá-la. Vamos ver?
Cena 10:
Aqui o/a menino/a e os pais estão a tomar o pequeno
Cartão E (Carnaval)
almoço.

Era uma vez umla menino/a que estava a ver uma


montra de uma loja de brinquedos. Era Carnaval e Cartão V (Dia Dos Anos)

ele/a foi comprar umas coisas para brincar. Estava a


atirar serpentinas. Agora vais tu continuar a história. Era o dia dos anos do/a menino/a. Os pais estavam
Cena 10: a dar-lhe os parabéns e os amigos também. Ele/a

Aqui o/a menino/a está a contar à mãe as coisas que tinha um grande bolo de velas. E depois, o que é que
lhe aconteceram. acontece?
ERA UMA VEZ... PHOVA PROJECTIVA PARA CRIANÇAS
3. Nomas de ApliÉção

Cena 10: Cena 10:


Acabou o dia dos anos e o/a menino/a vai-se deitar. Agora já acabou. Aqui a proÍessora está a ensinar o/a
menino/a.
Cartão Vl (Briga Dos Pais)
Cartão FIM (Retrato do/a Menino/a)
O/a menino/a e os pais estavam a comer. O pai e a
mãe começaram a brigar e estavam muito zangados. Este/a é o/a menino/a de quem temos estado a talar.
E agora como é que continua? Oueres dar-lhe um nome? Como é que ele/a se há-de
Cena 10: chamar? Gonheces alguém com esse nome? Quem
Já passou tudo. Aqui o/a menino/a está a brincar. é? (Esta última pergunta não se Íaz se a criança indicar
o seu próprio nome).
Cartão Vll (Escola) Destas histórias que vimos qualÍoi a que tu gostaste
mais? Porquê? E qual Íoi a que gostaste menos?
A proÍessora estava no quadro a explicar a lição. Porquê?
Depois Íez uma pergunta e todos os meninos sabiam Queres contar outra história que aches que poderia
responder menos este/a menino/a. Agora continuas ter acontecido a este/a menino/a? Uma história que tu
tu. inventes.
ERA UMAVEZ.., PROVA PROJECTIVA PARÁCEÉTCIs
3. Normas de ÂpiE@

4. ANALTSE E TNTERPRETAçÃO DAS RESPOSTAS mentos registados, com a finalidade de procurar o seu
signifícado na interpretação das respostas. Este, decor-
Como é usual nas provas projectivas temáticas, as
rendo essencialmente das hipóteses interpretativas
respostas não permitem obter um "score", mas reflectem
baseadas nos aspectos teóricos subjacentes à con-
um processo dinâmico. A interpretação tem como objecti-
cepção da prova, fundamenta-se ainda em estudos que
vo revelar a dinâmica da elaboração emocional e baseia-
permitiram estabelecer normas de reÍerência quanto a
-se, Íundamentalmente, na categoria de Cenas que a
alguns elementos a considerar na interpretação das
criança escolhe e na posição em que as coloca ao organi-
respostas.
zar a sequência da história. Este é o elemento da respos-
ta mais Íacilmente codiÍicável, razáo pela qual foi, até ao 4.1 Análise das Respostas
momento, objecto da maioria dos estudos eÍectuados.

4.1.1 Procedimento
Outros elementos, decorrentes da interligação entre a A análise é feita Cartão por Cartão. Assim, na parte
história organizada através das sequências de Cenas e a superior da "Folha de Análise das Respostas" (1e fila)
história verbalizada, enriquecem a inÍormação obtida. começa-se por registar o número correspondente a cada
A análise e interpretação dos protocolos é feita em dois Cena escolhida pela criança em cada um dos sete
passos: Cartões, de acordo com a sua posição na sequência (1e,
2a e 3a posição), Na 2e fila regista-se a categoria corres-

1 - Em primeiro lugar analisam-se e registam-se os diver- pondente a cada uma das respectivas Cenas.

sos elementos de informação, quer respeitantes às


Cenas que as crianças escolhem e à posição em que as Em seguida, e igualmente para cada Cartão, procede-se
colocam nas sequências que organizam, quer referentes à análise das respostas de acordo com os g7 itens indi-
às histórias que verbalizam, contemplando-se ainda os cados na "Folha de Análise das Respostas", assinalando
aspectos relativos à sua atitude Íace à situação. Este re- na quadrícula correspondente, à direita da folha, os itens
gisto é Íeito numa "Folha de Análise de Respostas',3 cria- que se aplicam. Cada item está acompanhado de uma
da para o efeito. frase-síntese que apresenta um resumo do seu conteú-
do, mas que é insuÍiciente para o correcto preenchimen-
E necessário esclarecer que a "Folha de Análise de to da Íolha (sobretudo quando não se está Íamiliarizado
Respostas" contém alguma inÍormação redundante, uma com o procedimento).
vez que se destina a facilitar uma visualização rápida dos
diversos elementos de inÍormação referentes ao protoco- Antes de proceder ao registo, o psicólogo deverá reler
lo a analisar. Os itens 7 a2l indicam a categoria de Cena todo o protocolo, incluindo as observações finais, pois
colocada em cada uma das três posições das sequên- com esta apreciação global será mais Íácil o preenchi-
cias. Os itens 22 a 27 lëm unicamente como objectivo mento de alguns dos itens.

destacar aspectos particulares já abrangidos pelos itens


anteriores, facilitando a sua rápida apreensão na 4.1.2 Critérios,para análise das respostas
inspecção da "Folha de Análise de Respostas". Os 87 itens estão organizados em quatro grupos, de
acordo com os aspectos particulares que se contemplam
2 - Num segundo momento procede-se à análise dos ele- na análise:

3 Nota: A "Folha de Análise das Respostas" apresenia algumas alterações em relação às versões anteriormente apresentadas (Fagulha,
1992, 1993a).
ERA I,AIA VEZ.. PROVA PROJECÌIVA PARA CRIANçAS
4. ANÁUSE E INTERPRFTAçÃO DAS RESPOSTAS

a) Atitude da criança face à situação, indicado por tir à criança que "pode escolher os cartõezinhos que qui- .

"Atitude". ser". Se a criança mantém esse tipo de comportamento,


b) Características das Cenas que a criança escolhe e da não recusando abefiamente a situação, mas, de facto,
sequência que com elas organiza para dar continuação evitando "escolher" as Cenas, há que ter a maior reserva
ao episódio apresentado em cada Cartão. Este conjunto na interpretação das respostas.
de itens está indicado na folha como "Sequência das
pESCRTçÃO pOS rrENS:
Cenas".
c) História que a criança conta a partir das Cenas que
escolheu e que colocou em sequência, indicado como 1: ldentiÍica-se expressamente com personagens da
"Sequência da História". história, Íazendo uma referência pessoal directa. Por
exemplo, diz "isto já aconteceu comigo", ou diz "eu" em
d) Aspectos Íormais e de conteúdo da história que a
vezde "ele" ou de "o menino", ou ainda, no Íinal, dá o seu
criança verbaliza, indicado por "Aspectos Formais e de
nome à personagem da história. Neste último caso, assi-
Conteúdo".
nala-se o item em todos os Cartões.

Apresentam-se em seguida, para cada um dos grupos, os


2: Quer interromper, vai ao W.C., suspira, ou dá qualquer
critérios gerais de análise, seguidos da descrição de cada
outro sínal de desconforto (consultar também as obser-
um dos itens correspondentes.
vações finais do protocolo).

a) ATITUDE: ltens 1 a 6.
3: Para proceder à escolha das Cenas, ou à verbalizaçáo
Estes itens caracterizam aspectos da atiÌude da criança
da história, a criança necessita de ser muito estimulada.
face à situação de prova, a qual constitui um elemento a
ter em conta em todos os momentos do processo de 4: SatisÍaz o pedido de seleccionar as Cenas, mas procura
avaliação psicológica. Alguns são relativos ao comporta- um critério que evite a implicação pessoal na escolha. Tal
mento expresso (por exemplo, dar sinais de aflição ou de atitude pode revelar-se pela escolha sistemática de uma fila
desconforto; manifestar desinteresse, necessitando estí- de Cenas (Íila horizontal - Cenas 11213, ou7l8l9 - ou vedi-
mulo especial para prosseguir). Outros referem-se a Íor- cal - Cenas 1l4n), sem que a criança pareça atender ao
mas de procedimento que se relacionam com a escolha significado nelas expresso.
das Cenas. Podem denotar uma atitude relativamente
homogénea (por exemplo, a criança sistematicamente 5:Ao escolher as Cenas não procura organizar uma his-
hesita na escolha das Cenas), ou traduzir uma reacção tória que dê sequência ao episódio apresentado no Car-
especíÍica à temática de determinado Cartão, ou Cartões tão, mas tenta estabelecer uma correspondência directa
(por exemplo, hesìta e substitui algumas Cenas em deter- de cada Cena escolhida com as Cenas desenhadas no
minado Cartão). Cartão (como no jogo do loto). Este aspecto, se bem que
veiculando uma atitude semelhante à descrita no item 4),
Alguns destes itens indicam tipos de atitude que podem surge separadamente, na medida em que pode reÍlectir
afectar, ou mesmo limitar, a informação a obter. Assim, se outro tipo de características. É de referir, nomeadamente,
a criança selecciona as Cenas utilizando sistematica- que este tipo de escolha se tem veriÍicado, de modo
mente uma regra (seleccionando-as, por exemplo, pela especial, em crianças com nível intelectual baixo, por
posição em que estão dispostas), evitando implicar-se no vezes associado a pedurbações emocionais.
processo de escolha, então toda a informação que se
obtém terá um valor muito limitado, ou mesmo nulo. 6: Hesita na escolha das Cenas, substituindo-as depois
Quando no decorrer da aplicação da prova se veriÍica a de colocadas, ou altera as suas posições em relação à
tendência para este tipo de escolha, é aconselhável repe- sequência em que inicialmente as dispôs.
"^ ïY"ïï'" ; Ëï$ïÊJJ-?q'??'iá #Ê FSât?t8

b) SEOUENCIA DAS CENAS: ltensT a27. terceira Cena. Por exemplo, se a criança escolhe inicial-
Todos estes itens dizem respeito à categoria das Cenas mente uma Cena de Fantasia e a esta se segue uma
escolhidas e à posição (1u, 2u,3a) em que a criança as Cena de Aflição intensa, pode observar-se a ineÍicácia da
coloca ao organizar a sequência do episódio. tentativa de fuga pela fantasia, na medida em que o sen-
timento ansioso, que a criança evitou reconhecer inicial-
As diÍerentes Cenas correspondem a três categorias pre- mente, surge intensificado. Qual é então o movimento
viamente definidas: Aflição, Fantasia e Realidade, no pres- seguinte, ou seja, o signiÍicado da terceira Cena escolhi-
suposto de que a tarefa de continuar a história constitui da? Mantém uma escolha de expressão de aÍlição?
uma forma criativa de elaborar as emoções despertadas Procura uma resolução activa e realista da situação?
pela apresentação do Cartão, ou seja, um equivalente do Busca, uma vez mais, o recurso à fantasia?
"espaço transicional ".

O objectivo essencial é sempre a compreensão do


Como já foi reÍerido, as Cenas de Aflição representam movimento interno desencadeado pela situação apresen-
diÍerentes intensidades de expressão do sentimento tada, que conduz a criança à busca criativa da resolução
ansioso, tendo-se decidido subdividir esta categoria em: pessoal na elaboração das emoções, traduzida nas Cenas
AÍlição e Muita AÍlição. Também se procedeu à distinção que a criança escolhe e na forma como as organiza em
das Cenas de Fantasia, consoante apresentam situações
sequência (bem como na história que, em seguida, ver-
viáveis na vida da criança, ou soluções mágicas, Na
balizarâ e cuja análise se descreve nos grupos seguintes).
descrição dos itens indicam-se estas subdivisões para
cada um dos Cartões.
Os itens deste grupo caracterizam ainda alguns aspectos
particulares das sequências, essencialmente os que
Considera-se não só a categoria das Cenas escolhidas,
dizem respeito à escolha repetitiva de uma categoria
mas a sua ordem de escolha e colocação, na medida em
(itens 23, 24 e 25), e os que revelam uma alternância
que se admite que esta permite descrever o movimento
entre aspectos de grande aÍlição e soluções mágicas, ou
interno na elaboração emocional.
vice-versa (itens 26 e 27).

Assim, a primeira Cena representa o modo como a


pESCRTçÃO pOS TTENS:
criança se conÍronta, de imediato, com a situação repre-
sentada no Cartão. É suposto esta despertar alguma
7: A primeira Cena da sequência corresponde a uma
emoção, ansiosa ou prazerosa (consoante os Cartões).
circunstância de aflição. Listagem para cada Cartão:
Procura-se então entender, na característica da Cena
o modo como a criança se confronta com a
escolhida,
emoção evocada: pode conviver com a experiência
desse sentimento? Nesse caso, irá escolher uma Cena
que represente a vivência da emoção (ansiosa ou praze-
rosa), ou uma Cena que represente as características
realistas da situação? Pelo contrário, algumas crianças
procuram imediatamente um refúgio na Íantasia.

A segunda Cena escolhida ganhará um significado par-


ticular na ligação, quer com a anterior, quer ainda com a
ERA UMA VEZ... PROVA PROJECïìVA PARA CRTANçAS
4. ANÁL|SE E TNTERPRFÍAçÃO DAS RESPOSTAS

8: A prímeira Cena corresponde a uma aÍlição muito 11: A primeira Cena representa uma Íorma realista de
intensa. Listagem para cada Cartão: lazer Íace à situação, ou um modo eficiente de tentar uma
resolução da situação crítica proposta no Cartão. Em

CARTAO I Cenas 4 e 9 todos os Cartões: Cenas 16 I


CARTAO II Cenas 4 e 9

CARTÃO III Cenas 4 e 9


No Cartão lV (Pesadelo), na 1a posição, a Cena 1 deve
ser classiÍicada como "fantasia", na medida em que su-
CARTÃO IV Cenas 4 e 9
gere, nesta colocação, uma fuga agradável (tendo em con-
CARTAO V Cena 2
CARTAO VI
sideração a expressão e postura da personagem) ao
Cenas 4 e 9
aspecto ansiogéneo da temática apresentada no estímulo.
CARTAO VII Cenas 2 e 9

12: A segunda Cena da sequência corresponde a uma


9: A primeira Cena representa uma fantasia "boa" circunstância de aÍlição. Listagem para cada Cartão:
correspondentea uma situação possível de acontecer
na vida de qualquer criança e que surge como uma CARTAO I Cena2
alternativa à situação problemática que o Cartão apre-
CARTAO II Cena2
senta. Liçtagem para cada Cartão:
CARTÃO III Cena2
CARTÃO IV Cena 2
CARTAO I Cena 3 CARTÃO V Cenas 4 e 9
CARTÃO II Cenas 3 e 5 CARTAO VI Cena 2
CARTAO III Cena 5 CARTAO VII Cena 4
CARTAO IV Cena 7
CARTAO V Cenas 3 e 5
13: A segunda Cena corresponde a uma aflição muito
CARTÃO VI Cenas 3 e 5
intensa. Listagem para cada Cartão:
CARTÃO VII Cena 7

CARTAO I Cenas 4 e 9
CARTAO II Cenas 4 e 9
10: A primeira Cena representa uma Íantasia mágica,
CARTÃO III Cenas 4 e 9
desligada da realidade, ou de diÍícil concretização.
CARTAO IV Cenas 4 e 9
Listagem para cada Cartão:
CARTÃO V Cena 2
CARTÃO VI Cenas 4 e I
CARTÃO I Cenas 5 e 7
CARTAO VII Cenas 2 e 9
CARTÃO II Cena 7
CARTÃO III Cena 3 e 7a
14: A segunda Cena representa uma fantasia "boa" cor-
CARTÃO IV Cenas 3 e 5
respondente a uma situação possível de acontecer na
CARTAO V Cena 7
vida de qualquer criança e que surge como uma alterna-
CARTAO VI Cena 7
tiva à situação problemática que o Cartão apresenta.
CARTÃO VII Cenas 3 e 5
Listagem para cada Cartão:

4 A cena 7 do Cartão lll é considerada como uma fantasia de difícil concretização unicamentê na íê posição, uma vez que não parece muito viável que uma criança
chegue a um grupo e seja, de ímediato, o centro das atenções, "o rei da festa"-
ERA UMA VEZ... PROVA PROJECTIVA PARA CRIANçAS
4. ANÁLrsE E TNTERpRETAçÂo DAs BESposrAs

CARTÃO I Cena 3 18: A terceira Cena escolhida corresponde a uma aflição

CARTÃO II Cenas 3 e 5
muito intensa. Listagem para cada Cartão:
CARTAO III Cenas 5 e 7
CARTAO IV Cena 7 CARTAO I Cenas 4 e 9
CARTÃO V Cenas 3 e 5 CARTÃO II Cenas 4 e 9
CARTAO VI Cenas 3 e 5 CARTÃO III Cenas 4 e 9
CARTAO VII Cena 7 CARTAO IV Cenas 4 e 9

CARTAO V Cena 2

15: A segunda Cena representa uma fantasia mágica, CARTAO VI Cenas 4 e 9

desligada da realidade, ou de difícil concretização. CARTÃO VII Cenas 2 e 9.

Listagem para cada Cartão:

19: A terceira Cena representa uma Íantasia agradável e


possível de acontecer na vida de qualquer criança.
CARTAO I Cenas 5 e 7
Listagem para cada Cartão:
CARTAO II Cena 7
CARTAO III Cena 3
CARTÃO IV Cenas 3 e 5 CARTAO I Cena 3
CARTÃO V Cena 7 CARTÃO II Cenas 3 e 5

CARTAO VI Cena 7 CARTAO III Cenas 5 e 7

CARTAO VII Cenas 3 e 5 CARTAO IV Cena 7


CARTAO V Cenas 3 e 5

CARTÃO VI Cenas 3 e 5

16: A segunda Cena representa uma forma realista de CARTÃO VII Cena 7

Íazer lace à situação, ou um modo eÍiciente de tentar uma


resolução da situação crítica proposta no Cartão. Em 20: A terceira Cena representa uma Íantasia mágica,
todos os Cartões: Cenas 16 8 desligada da realidade, ou de difícil concretização.
Listagem para cada Cartão:
17: A terceira Cena representa um episódio de aÍlição.
Listagem para cada Cartão:
CARTAO I Cenas 5 e 7

CARTÃO II Çena 7
CARÏÃO I Cena2 CARTÃO III Cena 3
CARTAO II Cena2 CARTAO IV Cenas 3 e 5
CARTAO III Cena2 CARTAO V Cena 7
CARTAO IV Cena2 CARTÃO VI Cena 7
CARTAO V Cenas 4 e 9 CARTÃO VII Cenas 3 e 5
CARTÃO VI Cena 2

CARTAO VII Cena 4


ERA UMA VEZ... PROVA PBOJECTTVA PARA CRTANçAS
4-ANÁL|SE E TNTERPRFTAçÃO DAS RÉSPOSTAS

21: A terceira Cena representa um episódio realista, Íace A semelhança do que acontecia com os itens 7 a 27, que
à situação crítica proposta no Cartão. Em todos os caracterizam a organização das Cenas em sequência,
Cartões: procura-se descrever o movimento emocional suscitado
Cenas 1 6 I pela apresentação duma situação crítica, mas tendo
agora em conta a história que a criança verbaliza, na sua
22:. Acriança não escolhe qualquer Cena de Aflição: isto relação com as imagens que lhe servem de base.
é, não escolhe as Cenas 24 I
Em princípio, a verbalização estará relacionada com as
23: Só escolhe Cenas de Aflição: Cenas 24 g (organi- Cenas escolhidas. Chama-se a atenção para que, se isso
zadas em qualquer sequência) não acontecer, se devem assinalar os itens 48 e 49 do
grupo seguinte (consoante a verbalizaçáo da criança não
24: Só escolhe Cenas de Fantasia: Cenas 35 7 (orga- corresponda ao signiÍicado expresso nas Cenas que
nizadas em qualquer sequência) escolheu, ou nela omita aspectos relevantes dessas
Cenas).
25: Só escolhe Cenas de Realidade: Cenas 1 6 8 (orga-
nizadas em qualquer sequência) De um modo geral, sempre que na verbalização não
ocorra a expressão de uma alteração ao significado da
26: Na sequência das Cenas surge uma alternância do imagem a que se reÍere o episódio verbalizado, ele será
tipo: a uma Cena que representa uma "coisa óptima" classificado com a categoria correspondente à Cena res-
sucede-se outra que representa uma "coisa péssima" pectiva; sê-lo-á ainda quando a verbalização se reÍira
(por exemplo: no Cartão l, vem uma fada e logo a seguir dum modo incompleto ao significado expresso na Cena.
aparece um homem mau; ou, no Cartão ll, sonhou que Por exemplo, a criança pode limitar-se a dizer "ficou assim"
era o Super-Homem e depois foi na ambulância para o indicando uma Cena em que a personagem chora, ou está
hospital). aflita, ou voa, etc. Neste caso a verbalização será classiÍi-
cada de acordo com a categoria da Cena respectiva. Este
27: Na sequência das Cenas surge uma alternância do critério Íoi adoptado na medida em que, referindo-se a
tipo: a uma Cena que representa uma "coisa péssima" história a imagens visualizadas pela criança e pelo psicó-
segue-se outra que representa uma "coisa óptima". Trata- logo, algumas crianças tendem a reduzir a descrição da
se de uma sequência semelhante à descrita no item ante- imagem.
rior, mas em ordem inversa (por exemplo: vem o homem
mau e a seguir aparece uma fada; vai para o hospital e De acordo com este critério, assinala-se ainda nos itens
sonha que é o Super-Homem). correspondentes aos "aspectos Íormais e de conteúdo" o
significado correspondente às imagens. Por exemplo, se
c) SEQUÊNC|A DA H|STóR|A: trens 28 a 41. uma criança escolhe a Cena 4 do Cartão lll (Passeio à
Os itens deste grupo caracterizam a história que a crian- Praia), na qual a personagem é agredida pelas outras
ça conta, após ter escolhido e ordenado as três Cenas, crianças, assinala-se o item 62, mesmo que a criança não
adoptando-se os mesmos critérios do grupo anterior. explicite esse conteúdo na sua verbalização. De todo o
modo, não se pode ignorar que a criança escolheu essa
A verbalização correspondente a cada uma das Cenas é imagem tão explícita, embora não possa Íalar sobre ela
classiÍicada de acordo com as categorias referentes às (itens 48 ou 49). Do mesmo modo, quando a criança
Cenas: Aflição (sem a subdivisão em Aflição e Muita ll (Doença) em que a per-
escolhe a Cena 4 do Cartão
Aflição), Fantasia (sem a subdivisão em Fantasia Viável sonagem sonha/pensa no cemitério, assinala-se o item
e Fantasia Mágica) e Realidade. 80 ("faz referência à ideia de morte"). A ideia subjacente
=-^ïKïï'";Ëïff ïâJJ"".'f^"n-iKJff â:Sàt9â:
éa mesma e corresponde ao modo como a prova Íoi 35: O final da história resolve a situação inicial através
conceptualizada: a criança pode manifestar os seus dese- de uma situação de Íantasia.
jos e medos através das imagens que escolhe, tal como
acontece quando brinca, não lhe sendo exigido que os 36: A história termina num episódio de Íantasia boa,
"assuma" através da palavra. claramente desligada da realidade - fantasia mágica, mas
a criança reconhece verbal e explicitamente que se trata
Sempre que o conteúdo da verbalização seja expressa- de Íantasia, de sonho, ou de um "Íazde conta".
mente diferente daquele que corresponde à categoria da
Cena a que se reÍere, regista-se esta divergência assina- 37: O episódio final da história corresponde a uma tenta-
lando o item 48 ("distorce o significado de uma ou mais tiva de resolução realisticamente adequada, ou ao reco-
cenas") e assinala-se a verbalização de acordo com o signi- nhecimento dos aspectos crÍticos da realidade proposta
ficado expresso (AÍlição, Fantasia, ou Realidade). Por no Cartão.
exemplo, na Cena em que a personagem mostra um reló-
gio a outras crianças (Cena de Realidade) se a criança dis- 38: Não é verbalizada qualquer expressão ou aconteci-
ser: "deram-lhe um relógio e estava estragado e ele estava mento de aflição.
a mostrar aos amigos", assinalar-se-á Aflição (receber um
presente estragado) e não Realidade, bem como o item 48. 39: Toda a história expressa aÍlição.

pESCRTçÃO pOS |TENS: 40: Toda a história corresponde a acontecimentos de


Íantasia.
282 A primeira verbalização corresponde a aÍlição.
41: Toda a história corresponde ao reconhecimento dos
29: A primeira verbalização corresponde a um episódio aspectos de realidade da situação, ou à descrição de
de Íantasia estratégias realisticamente adequadas à sua resolução.

30: A primeira verbalização representa uma Íorma de d) ASPECTOS FORMAIS E DE CONTEÚDO: ltens 42 a
reconhecimento das características da realidade propos- 87.
ta, ou ainda, uma tentativa de actuação eÍiciente da per-
sonagem face a essa realidade. Das histórias contadas pelas crianças pode obter-se
grande riqueza e variedade de informação. Alguns itens
31= A segunda verbalizagão corresponde a um episódio deste grupo caracterizam aspectos Íormais dos relatos
de aÍlição. (como o seu grau de elaboração, ou a sua articulação com
as imagens representadas nas Cenas que a criança esco-
32: A segunda verbalização corresponde a um episódio lheu). Outros itens caracterizam aspectos de conteúdo do
de fantasia. relato que dizem respeito ao modo de relação da perso-
nagem principal da história com as outras crianças e com
3Íl: A segunda verbalização corresponde a uma tentativa o mundo dos adultos. Pretende-se caracterizar a pro-
de resolução realista da situação proposta no Cartão, ou jecção dos sentimentos da criança integrada no seu
ao reconhecimento do aspecto crítico dessa situação. mundo de relações, através das relações estabelecidas
entre a personagem central e outras personagens da
34: A história termina com a reÍerência a uma situação história.
de aÍlição.
4- ÀlriÁrrsE E rNrEnpnrreçro oïITffi8ïlTnot
pESCRTçÃO pOS TTENS: 48: Distorce o significado expresso em qualquer das
Cenas escolhidas. Por exemplo, ao referir-se a uma Cena
42: Coloca as três Cenas, mas não conta a história. que representa uma situação aflitiva, a criança descreve
uma situação agradável, ou vice-versa. Exemplos: ao
43: O relato limita-se a um enunciado de vocábulos que descrever a Cena 4 do Cartão lll (Passeio à Praia), em
descrevem as acções representadas nas Cenas, sem que a personagem tem uma expressão e postura de
explicitar um enredo. Exemplos: "chorou, chamou, foi aflição e outras crianças junto dela têm uma expressão
telefonar", ou "este está a brincar, depois está a andar de de troça, a criança diz: "está muito contente a brincar
colchão e foi para o pé dos pais". com os amÌgos". Na Cena 2 do Cartão ll (Doença), em
que a mãe estende uma colher com remédio à perso-
44: Na história que conta, a criança não se limita à nagem e esta tem a cara virada e as mãos esticadas,
descrição dos acontecimentos desenhados no Cartão, indicando a rejeição do remédio, a criança diz: "está a
mas surge uma pequena ligação entre os Íactos, através tomar o remédio".
da referência a antecedentes, causas ou consequências.
Exemplo: "Foi pedir ao polícia para o ajudar, mas o polÊ 49: Não inclui no relato os aspectos críticos de qualquer
cia não sabia onde a mãe estava e deu-lhe dinheiro e ele Cena escolhida. Exemplos: na Cena 4 do Cartão ll
foi telefonar e depois ficou à espera da mãe". (Doença) em que a personagem está a sonhar com o
Super-Homem, a criança diz unicamente "está a sonhar".
45: Na história há alguma interpretação dos aconteci- Na Cena 5 do Cartão Vll (Escola) em que a personagem
mentos, nomeadamente através da referência a senti- está em fato de cerimónia, Írente a três microfones,
mentos, desejos e necessidades. Exemplo: "Ele queria declamando números, a criança diz: "estava a dizer
pedir ao polícia, mas tinha medo, e como viu o polícia de números". Na Cena 4 do Cartão ll (Doença), em que a
costas, tocou-lhe no braço; o polícia ralhou com ele e ele personagem está a sonhar com uma campa, a criança diz
sentou-se no chão a chorar, mas depois viu o funil e teve simplesmente "está a sonhar", omitindo a reÍerência à
uma boa ideia e pôs-se a chamar pela mãe". campa, ou ao cemitério.

46: A história tem características desadequadas ou 50: lntroduz na história Íactos, ou conteúdos, relativos a
bizarras. A criança realça pormenores não inseridos no Cenas que não escolheu. Exemplos: no Cartão Vll
contexto ou descreve situações que não parecem ter (Escola) a criança, não tendo escolhido a Cena 3, em que
encadeamento, sobressaindo um aspecto de confusão. a personagem sobe num balão, introduz esse aconteci-
Exemplo: "E depois chorou porque não havia madeira, mento na história que conta; no Cartão I (Pa'sseio com a
mas o homem sabia e ele viu o homem e tinha medo e a mãe), não tendo escolhido a Cena 9, que representa a
fada tinha um chapéu e ele ficou a ver as estrelas e personagem muito assustada Íace a uma homem que
acabou". surge na esquina da rua, reÍere na história que "estava
com muito medo do homem que apareceu". De acordo
47= Organiza a história desligada da situação proposta no com a característica dos acontecimentos referidos, de-
Cartão, sem qualquer referência ao acontecimento crítico verão assinalar-se os itens a que correspondem os con-
que este apresenta. Exemplo: no Cartão Vl (Briga dos teúdos respectivos.
Pais), diz "Ela gostava muito de ver televisão e estava a
ver o ursinho, mas depois já estava Íarta e Íoi sair e foi 51: A criança elabora uma história em que surgem outros
andar de carro com um amigo"; não surge na história acontecimentos ou circunstâncias, para além dos que
qualquer alusão ao facto de os pais terem brigado. estão representados nas Cenas que escolheu. Tal como
ÊRA UMA VFZ... PROVA PROJECTIVA PARA CRIANCAS
4. ANÁLìsE E TNTERpRETAçÃo ons nesposins

se referiu no item anterior, poderá ser necessário assi- 55: Constrói uma história com um desfecho menos Íeliz
nalar ainda outros itens deste grupo (por exemplo, se a do que aquele que a sequência das imagens escolhidas
criança refere uma situação de perigo, não expressa nas representa. O mesmo critério do item anterior, mas no
Cenas que escolheu, será assinalado também o item 82). sentido inverso.

52: A criança faz relerència a acontecimentos ou expe- 56: A personagem tenta obter ajuda. Por exemplo, no
riências da sua vida pessoal, geralmente (mas não neces- Cartão I (Passeio com a mãe) vai ter com o polícia, ou
sariamente) relacionados com a situação que o Cartão com a fada; no Cartão lV (Pesadelo) vai ao quarto dos
apresenta. Uma vez mais se chama a atenção para que pais.
os acontecimentos a que a criança se refere poderão exi-
gir que sejam assinalados outros itens deste grupo. 57: A personagem tenta obter ajuda e não consegue. A
ineÍicácia, ou impossibilidade de obter ajuda pode ser
53: Faz ligação ou reÍerência a episódios de Cartões expressa verbalmente. Por exemplo, no Cartão I (Passeio
anteriores. Por exemplo, no Cartão V (Dia dos Anos) a com a mãe) "ele vai ter com o polícia e pergunta-lhe se viu
criança diz: "ele estava triste porque se estava ainda a a mãe dele e ele não responde" ou "e ele disse que não
lembrar do sonho mau que tinha tido" (conteúdo relativo sabia". Pode ainda decorrer da evolução da história. Por
ao Cartão lV, Pesadelo), ou, no Cartão Vl, (Briga dos exemplo, no Cartão lV (Pesadelo) "ele foi ao quarto dos
Pais) reÍere "depois ela disse a mãe que ia Íicar outra vez pais e eles estavam a dormir e ele voltou para o quarto".
doente e a mãe tinha que chamar o médico" (tema relati-
vo ao Cartão ll, Doença). Mais uma vez, e como se 58: Na história, há uma referência a "outros meninos". De
referiu nos itens 50, 51 e 52, os factos relatados implicam acordo com o critério já reÍerido, assinala-se ainda este
que se assinalem outros itens deste grupo, especificando item quando a criança escolhe Cenas em que surgem ou-
os significados e características desses factos. tras crianças, mesmo que não as refira.

54: Constrói uma história com um desfecho Íeliz, ao con- 59: A personagem convive com "outros meninos", ou, de
trário do que é representado na sequência das imagens alguma Íorma, surge no enredo, ou nas Cenas escolhidas,
escolhidas. Esta circunstância corresponde, frequente- a procura ou o desejo de convívio.
mente, a uma alteração da ordem de descrição das
Cenas, de forma a que na verbalização, a história tenha 60: O convívio com os "outros meninos", ou o desejo de
um Íinal que resolve a situação, ao contrário do que convívio, não resultam e a personagem Íica isolada. Este
sucede na sequência das imagens. Exemplo: no Cartão item é igualmente assinalado de acordo, quer com as ver-
lll (Passeio à Praia) a criança escolhe primeiro uma Cena balizações, quer com as imagens correspondentes às
em que a personagem está a brincar sozinho, depois Cenas escolhidas e à sequência organizada.
outra em que a personagem está com os pais e Íinal-
mente a terceira em que a personagem está sozinha e 61: A personagem agride os "outros meninos" (troça
atrapalhada, de costas voltadas para as outras crianças, deles, bate-lhes, Íaz uma partida, ou refere-os com uma
e conta "ela estava envergonhada, mas foi para o pé da conotação negativa).
mãe e a mãe deu-lhe uma pá e ela foi brincar". Por vezes,
a criança melhora o desfecho pela introdução de outros 62: A personagem é agredida pelos "outros meninos"
factos não representados nas Cenas que escolheu. (batem-lhe, Íazem troça ou partidas, etc.). Assinala-se este
Quando tal acontece, assinalou-se anteriormente algum item quando é escolhida a cena 4 do Cartão lll (Passeio a
dos itens relativos a essa circunstância (50, 51). praia) mesmo que a criança não verbalize exactamente o
@nteúdo coÍrespondente, uma vez que se considera a lar da história e das imagens torna explícito que os pais
imagem suficientemente explícita. não tiveram a capacidade, atribuída então à personagem,
para lidar com a situação.
63: A personagem recebe aÍecto ou apoio dos "outros
meninos" (mostram interesse, dão-lhe uma prenda, convi- 72: Uma figura adulta feminina é reÍerida como incompe-
dam a personagem para brincar, preocupam-se porque tente, incapaz, fraca, ou é, de qualquer outra Íorma,
ele/a não sabe responder, etc.). desvalorizada. O mesmo critério do item anterior.

64: A personagem dá afecto ou apoio a "outros meninos" 73: Uma figura adulta masculina indica normas de com-
(o mesmo critério do item anterior). portamento.

65: A personagem procura um adulto masculino. 74: Uma figura adulta feminina indica normas de compor-
Assinala-se este item sempre que a personagem vai ter tamento.

com o polícia, procura os pais, etc.


75: No relato surgem aspectos de grandiosidade ou

66: A personagem procura um adulto feminino. O mesmo omnipotência da personagem principal ou de qualquer
outra figura.
critério do item anterior.

76: A uma reÍerência à grandiosidade, ou à omnipotência,


67: Uma Íigura adulta masculina é referida como apoiando
segue-se uma expressão de aÍlição ou um acontecimen-
a personagem (cuida, dá aÍecto ou presentes, preocupa-
-se).
to particularmente aflitivo (a uma "coisa muito boa"
segue-se qualquer "coisa muito má").

68: Uma figura adulta Íeminina é referida como apoiando a


77= Aum acontecimento particularmente mau, orl a uma
personagem (o mesmo critério do item anterior).
expressão de aflição, segue-se uma reÍerência à
grandiosidade ou à omnipotência (a uma "coisa muito
69: Uma figura adulta masculina é reÍerida como tendo
má" segue-se qualquer "coisa muito boa").
compoftamentos de rejeição, ou agressão, em relação à
personagem; assinala-se também este item quando a figu-
78: A criança faz um comentário moralista.
ra adulta masculina não cuida, não responde, ou não dá
atenção à personagem.
79: Aparece a expressão de uma acção, ou de uma
intenção, relativa a "enganar" ou "pregar uma partida" a
70: Uma figura adulta Íeminina é referida como tendo com-
alguém.
podamentos de rejeição, ou agressão, em relação à per-
sonagem (o mesmo critério do item anterior). 80: É referida a ideia de mofte (mesmo se só em sonho
ou em pensamento). Assinala-se este item quando é
71: Uma figura adulta masculina é reÍerida como incom- escolhida Cena 4 do Cartão ll (Doença). A clareza da
petente, incapaz, fraca, ou é, de qualquer outra forma, imagem, na qual a personagem "sonha" ou "pensa" no
desvalorizada. Se bem que possa ser explícito na verba- cemitério sugere, de acordo com os critérios referidos, a
lizaçáo, este aspecto resulta, frequentemente, da análise ideia de morte, a qual nem sempre é verbalizada.
do significado da sequência. Por exemplo, no Cartão lV
(Pesadelo) "foi chamar o(s) pai(s) e eles vieram e o meni- 81: Aparece referência a um castigo ou a uma ameaça de
no teve que matar o monstro do sonho, eÌc.". O desenro- castigo.
ERA UMA VEZ,.. PROVA PROJECTIVA PAHA CFIANçAS
4. ANÁLrsE E TNTERpRETAÇÃo ons nesposrns

82: Surgem pessoas, ou acontecimentos, reÍeridos como hesitou na escolha ou colocação das Cenas (item 6).
perigosos, ou procedimentos destinados a lidar com peri- Neste ponto atende-se ainda ao tempo de latência. O seu
gos iminentes. Este item também é assinalado quando se significado é analisado em função da sua média intra-in-
manifeste a ideia de medo ou de Íuga. De um modo dividual. A alteração do tempo de latência em determina-
geral, assinala-se este item sempre que a criança es- do Cartão, em relação à sua média no conjunto dos
colha a Cena 9 do Cartão I (Passeio com a mãe), bem Cartões, representa um sinal de especial impacto da
como a Cena 9 do Cartão Vll (Escola). temática em causa nesse Cartão. Poderá veriÍicar-se,
quer um aumento desse tempo, correspondendo a uma
83: A personagem exprime, ou está implícito no relato, hesitação ou avaliação cuidadosa da sequência a orga-
um sentimento de culpa. A culpa pode ser reÍerida como nizar lace à diÍiculdade da temática proposta no estímu-
um sentimento da personagem, ou atribuída por outra lo, quer uma diminuição, que poderá sugerir Íacilidade,
figura da história. Por exemplo, "e mãe disse que ele é mas também a necessidade de resolução rápida da si-
que tinha a culpa (...)". tuação apresentada. O contexto em que surge essa alter-
ação ajudará a atribuir-lhe determinado signiÍicado.
84: Na relação entre as personagens da história surge
a referência a um sentimento de ciúme, ou este aparece b) Consideram-se as Cenas escolhidas pela criança.
claramente implícito (por exemplo, na cena 5 do Cartão lnicialmente procede-se à análise do Quadro existente na
Vl, Briga dos pais, a criança diz que "a mãe estava a Íalar parte superior da "Folha de Análise das Respostas",
com o menino e o pai estava a olhar com uma cara onde se inscreveu o número e categoria das Cenas
assim"), escolhidas em cada Cartão. Observam-se, então, as
Cenas escolhidas, consoante a sua categoria (Aflição,
85: A personagem expressa um sentimento de Íalta, Fantasia ou Realidade) e a sua posição na sequência
desencadeado pelo facto de outros terem coisas, quali-
que a criança organizou (itens 7 a 21).
dades ou benefícios que ela não tem (ou a criança atribui
a alguém na história a existência dum sentimento de
Este elemento da resposta será comparado com o pa-
inveja).
drão de respostas correspondente à faixa etária da crian-

86: A história apresenta uma expressão tão intensa de ça, apresentadas nos Quadros 1 a 4. A compreensão do
significado individual das Cenas escolhidas e da sequên-
estrago, de deterioração global, que pode sugerir a vivên-
cia de um "mundo estragado". cia organizada por cada criança, esclarece-se face à
comparação com o perfil de respostas mais comuns, nas

87: Aparece a necessidade expressa de melhorar al- idades consideradas.


guma coisa na situação, de repor a harmonia, ou qualquer
forma de expressão de um sentimento de reparação. Não se consideram nestes Quadros as subdivisões das
Cenas de AÍlição (AÍlição, Muita AÍlição) e das Cenas de
4.2 Elementos para a interpretação Fantasia (Fantasia Viável e Fantasia Mágica). O estudo
da prova tem abrangido, até ao presente, as Cenas de
Concluído o registo das respostas procede-se à análise cada categoria como um todo, sem atender às subdi-
destas, Cartão a Cartão, e ainda na sua globalidade. visõess. Estas são tomadas em consideração na análise
dos protocolos, uma vez que permitem um enriqueci-
4.2.1 Análise individual de cada cartão mento da compreensão do caso individual.
a)Atende-se à atitude da criança (itens 1 a 6) ao respon-
der ao respectivo Cartão. Por exemplo, pode veriÍicar-se Pretende-se sempre, como já foi referido, descrever a
se ela manifestou sinais de ansiedade (item 2), ou se Íorma como cada criança elabora as emoções desper-

5 Planeia-se, em estudos a desenvolver, não só incluír as subdivisões das Cenas de Aflição e Fantasia, como ainda analisar as escolhas das nove Cenas refe-
rentes a cada Cartão, consideradas como itens indêpendentes, tal como iá sucedeu num estudo de grupos de crianças com diÍerentes característicâs de com-
portamento psico-sociãl (Fagulha, 1994).
4. ANÁLrsE E TNTER'RFTAÇÃ. ÀlITffi3?ltln^'
tadas pelos diÍerentes episódios apresentados, no movi- r Concordância entre a história que a criançaverbaliza e
mento entre a Íantasia e a realidade. o conteúdo maniÍesto das imagens desenhadas nas
Cenas que escolheu (itens 47 a50,54 e 55). Em princí-
Os itens 22 a27, que assinalam situações de escolha sis- pio, a história verbalizada pela criança dirá respeito às
temática de uma mesma categoria de Cena, tomarão um Cenas por ela escolhidas. Verifica-se, no entanto, que
significado particular consoante o Cartão e a categoria algumas crianças, ao contar a história, se permitem a
em causa. Por exemplo, no Cartão V (Dia dos anos), tal oportunidade de uma nova elaboração da situação e das
como no Cartão lll (Passeio à praia) o item 22 (não esco- emoções a ela associadas, distanciando-se das imagens,
lhe Cenas de Aflição), bem como os itens'24 e 25 (esco- ou omitindo aspectos nelas representados, alterando o
lha sistemática de Cenas de Fantasia ou de Realidade) seu signiÍicado, introduzindo novos elementos, etc. Em
revelarão uma Íorma relativamente comum e adequada relação à omissão, ou distorção de aspectos das Cenas,
de lidar com as situações em causa. Nestes mesmos é importante dar atenção aos elementos a que dizem
Cartões, o item 23 (escolha exclusiva de Cenas de respeito. Assim, a omissão ou distorção de um aspecto
Aflição) apontará para uma dificuldade especial no con- claramente expressivo de aflição, ou de fantasia, pode
tacto com as emoções prazerosas, sinal relevante do apontar para um mecanismo de negação (Cramer, 1990;
ponto de vista diagnóstico. 1996), que revelará o seu significado particular Íace à
situação concreta (por exemplo, se a criança escolhe
Nos Cartões que apresentam situações ansiogéneas, a uma cena em que a personagem é agredida, ou está
ausência de escolha de Cenas de AÍlição terá uma cono- atrapalhada no convívio com os pares, e verbaliza uma
tação diÍerente, podendo sugerir a necessidade de evitar situação de boa camaradagem, há que atender à possi-
o reconhecimento da emoção ansiosa. bilidade de uma negação da ansiedade expressa na
Cena por ela escolhida).
Os itens 26 e 27 pretendem evidenciar um mecanismo de
idealização (recurso à omnipotência) que desencadeia o r Características relacionais decorrentes do conteúdo da
sentimento de estrago subjacente, ou vice-versa (senti- história: modalidades do convívio entre a personagem e
mento de aflição que a criança procura evitar pelo recur- outras crianças, bem como entre a personagem e as fi-
so à omnipotência). Admite-se que este tipo de sequên- guras adultas, e ainda os sentimentos que podem surgir
cia revela uma diÍiculdade particular em lidar com a associados às situações relatadas (itens 56 a 87). Nesta
emoção despertada pelo Cartão em causa. análise, e de acordo com cada protocolo, é possível que
se saliente uma enorme diversidade de elementos, os
c)Analisam-se os elementos decorrentes da história que quais se admite que reÍlectem, por projecção, a Íorma
a criança conta, atendendo aos seguintes aspectos: como cada criança vive o seu mundo de relações objec-
tais: confia nos adultos e nas outras crianças (pode pedir
r Elaboração da emoção no quadro de reÍerência esta- ajuda e contar com ela), as figuras de adulto são va-
belecido para a sequência das Cenas: movimento entre o lorizadas ou desvalorizadas, apoiantes ou rejeitantes,
reconhecimento da emoção, recurso à fantasia e procura reconhece normas de comportamento, confia nos seus
de soluções realistas para lidar com a situação crítica próprios recursos paraÍazer Íace às situações, etc.
proposta no Cartão (itens 28 a 41).

4.2.2 Análise global do protocolo


r Grau de elaboração da história (itens 42 a 45), que 1. ldentificação de regularidades, formas de funciona-
pode revelar, por exemplo, maior ou menor facilidade na mento que revelem uma característica mais sistemática,
elaboração simbólica, através da verbalização. expressa nas Cenas que a criança escolhe.
4 ANÁLrsE rru â3Sàt?â3
=, "r"=roniKJffi
Para esta análise é importante dispor todas as sequên- do soluções de Íantasia seguidas de expressão de
cias de Cenas referentes a cada um dos sete Cartões de grande aflição, etc).
Íorma a visualizar o conjunto. A observação da totalidade
das Cenas, bem como das sequências, permitirá detectar Em relação à finalização da prova, em que se pede à
mais facilmente aspectos peculiares. Por exemplo, pode criança que dê um nome à personagem e que diga qual
constatar-se uma predominância de Cenas em que a o Cartão de que gostou mais, e o de que gostou menos,
personagem está sozinha e isolada, padrão de resposta verifica-se que, quer na amostra estudada, quer nos estu-
Írequente nas crianças isoladas, mas que pode revelar dos de caso em que a prova foi aplicada, todas as
uma reacção interna pouco evidente no comportamento crianças que deram o seu próprio nome à personagem
habitual; ou uma predominância de "Íinais" (34 Cena (ou o nome do pai ou da mãe) apresentavam sempre
escolhida) correspondentes a uma característica especÊ algumas características de perturbação emocional.
fica. Pode, por exemplo, verificar-se que a criança apre- Quanto aos Cartões preferidos, ou rejeitados, é especial-
senta uma tendência para terminar as histórias em Íanta- mente relevante procurar o significado desta atribuição
sia, ou em Cenas que representam uma aflição intensa, de acordo com as histórias elaboradas pela criança.
etc. Esta observação global das Cenas e sequências
escolhidas ajudará ainda a salientar e enriquecer aspec- A proposta de inventar uma história, se bem que consti-
tos consignados nos itens 7 a 27. Por exemplo, a tua um procedimento recentemente introduzido, revelou
alternância duma Cena "muito boa"/Cena "muito má", ou uma boa aceitação por parte das crianças. Embora sendo
vice-versa (itens 26 e 27), se ocorrer Írequentemente, uma proposta bastante aberta, algumas crianças cons-
pode apontar a hipótese de um funcionamento esquizo- troem as histórias com Íorte predomínio de elementos
paranóide, a existência de uma clivagem entre um mun- presentes ou sugeridos pelos Cartões e Cenas da prova.

do idealmente bom e um mundo ameaçador, a qualcons- Noutras crianças surgem conteúdos mais diversiÍicados
titui um elemento relevante a esclarecer do ponto de vista verificando-se, nalguns casos, uma possibilidade de
diagnóstico. Íalarem sobre aspectos da sua vida pessoal de um modo
menos directo, traduzido simbolicamente na história
2. Analisam-se os aspectos de conteúdo da história, inventada. Este aspecto parece-me particularmente
igualmente na perspectiva de salientar as características importante, uma vez que algumas crianças com pertur-
mais sistemáticas. bação emocional maniÍestam, Írequentemente, a neces-
sidade de falar sobre aspectos da sua experiência. A su-
Esta análise global poderá salientar, quer uma tendência gestão de criação livre de uma história, pode ajudar à

comum a vários Cartões, quer uma forma peculiar de expressão e à elaboração dessas diÍiculdades.
resposta a um determinado Caftão. Por exemplo, uma
criança pode maniÍestar recursos adequados para lidar Por último, é importante referir que, tal como acontece
com a maioria das situações propostas, maniÍestando um noutras provas projectivas, a análise do protocolo indivi-
equilíbrio no confronto com as emoções que elas desper- dual ganha um signiÍicado mais real e claro na interli-
tam e, no entanto, dar uma sequência ao Cartão Vl (Briga gação com todos os dados da vida da criança, a sua
dos pais) que claramente evidencia a dificuldade de con- situação familiar, a sua história de desenvolvimento, e o
viver com os sentimentos que esse Cartão evoca (esco- motivo que desencadeou o pedido de observação (a
lhendo só Cenas de Fantasia, ou só de Aflição, procuran- "queixa").
ERA tÃtà VEZ.. PROVA PBo.JECTTVA pAg CRTANçAS
4. AfiÁUSE E |NTERPRFTAçÃO DAS HESPOSTAS

4.2.3 Exemplos HISTóRIA:


Caso Ana Ela depois ficou ali encostada, a ver se a mãe vinha e
A Ana tem sete anos e nove meses. É titna única. uma fada deu-lhe umas asas para ela voar e ir ver se via
Frequenta a 2a classe num colégio particular. Foi a pro- a mãe, mas não viu e depois "assentou-se" no chão a
Íessora quem sugeriu à mãe que marcasse a consulta chorar porque não sabia da mãe.
psicológica porque não entende as dificuldades escolares
da Ana. É uma criança muito esperta, mas desinteressa- CARTÃO ll (Doença)
da e preguiçosa. Tempo de Latência 3"
CENAS ESCOLHIDAS
A mãe compareceu na consulta com aAna, É uma rapari- 589
ga nova, com aspecto deprimido. O pai não veio à HISTóRIA:
consulta por estar Íora de Lisboa, o que acontece Íre- E depois ela foi brincar e depois foi para a cama dormir e
quentemente, por motivos de trabalho. A mãe apresenta depois ficou pior e foi numa ambulância para o hospital.
o motivo acima referido e diz que a Ana não se dá muito
bem com esta professora. Às vezes náo taz os trabalhos CARTÃO lll (Passeio à praia)
de casa e, por isso, Íica sem recreio. Ela não concorda e Tempo de Latêncía 12"
já falou com a proÍessora. Faz sacrifícios para poder ter a CENAS ESCOLHIDAS
Ana no colégio, pois quer que ela tenha uma vida melhor t-32
que a dela. HISTÓRIA:
Foi brincar sozinha e fez um castelo na areia, depois foi
AAna estabelece Íacilmente uma relação de colaboração para a água e apanhou um peixe e depois foi brincar com
com o psicólogo. ManiÍesta preocupação pelos resulta- os meninos.
dos e, nas provas de nível, está muito atenta aos insuces-
sos, Tem um bom nível intelectual. CARTÃO lV (Pesadeto)
Tempo de Latência 3"
CARTÃO E (Carnavat) CENAS ESCOLHIDAS
Tempo de Latência 15" 2I9
CENAS ESCOLHIDAS HISTÓRIA:

804 Depois foi ao quafto e viu o pai e mãe deitados na cama


HISTóRIA: a dormir. Depois a menina foi lá e gritou e foi para a cama

Ela depois mascarou-se à rainha, e conhecia outros dela e depois adormeceu com o sonho.
meninos que também estavam mascarados e depois, de
repente... assustou-se com um mascarado de bruxa. CARTÃO V (Dia dos anos)
Tempo de Latência 3"
CENAS ESCOLHIDAS
CARTÃO I (Passeio com a mãe) 518
Tempo de Latência 5" HISTóRIA:
CENAS ESCOLHIDAS Depois foi ver as prendas todas e depois mostrou aos

054 meninos as prendas dela e depois ela soprou as velas.


4. ANÁLrsE
=,*r=", "rro#SiiJA8JJàt?i3

CARTAO Vl (Briga dos pais) FIM


Tempo de Latência 6" Dá à personagem o nome de uma amiga. Gostou mais do
CENAS ESCOLHIDAS Cartão V (Dia dos anos) porque teve muitas prendas e
372 gostou menos do Cartão ll (Doença) porque ela foi para
o hospital.
HISTóRIA:
A menina foi ver televisão e depois foi passear no carro Tendo-se proeg{ido à análise das respostas e Íeito o
dela e quando chegou a casa ouviu os pais à briga. respectivo registo,-passa-se à interpretação que, num
primeiro passo, se Íará Cartão a Cartão. Dos aspectos
CARTÃO Vll (Escola) analisados só serão mencionados os que revelem carac-
Tempo de Latência 13" terísticas de interesse para a interpretação. Por exemplo,
CENAS ESCOLHIDAS em relação à atitude da criança não surge indicação espe-
293 cial em qualquer dos Cartões, pelo que este ponto não
HISTÓRN: será referido.
Depois ela fez caretas para a professora e a professora
ficou zangada e ela estava muito furiosa e disse que ia à
casa de banho e depois foi andar de balão às escondidas

.::+ãi#>.==:r:
ÉRÂ T.iIA VZ-- PMVA PRO,'ECIWA PARA CATANCAS
4. ANÁUSE E |NTERPFFTAçÃO DAS RESPOSTAS

PROVA "ERA UMA VEZ..."


FOLHA DE ANÁLISE DAS RESPOSTAS
NOME: Ana

IDADE: 7:B SEXO: F DATA:_I_l_


CARTÕES
CENAS I il ilt IV V VI VII
NUMERO 654 589 137 2 8 9 518 3 7 2 793
CATEGORIA RFA FRA RFF A RA FRR FFA FAF

ATITUDE
ldentiÍica-se com a personagem
AÍlige-se
Precisa de muito incentivo
Selecciona as cenas usando um critério
Procura emparelhar as cenas (como num loto)
Hesita na escolha das cenas
DAS CENAS
Primeira cena: aÍlição
Primeira cena: muita aÍlição
Primeira cena: Íantasia viável
10 Primeira cena: Íantasia máoi
11 Primeira cena: realidade
12 cena: aÍlição
13 Segunda cena: muita aÍlição
14 cena: Íantasia viável
15 Segunda cena: fantasia mágica
16 Segunda cena: realidade
Têrceira cena: aÍlição
18 Terceira cena: muita
Í9 Têrceira cena: Íantasia viável
20 Terceira cena: fantasia mágica
21 Terceira cena: realidade
22 Não escolhe cenas de aÍlição
23 Só escolhe cenas de
24 Só escolhe cenas de fantasia
25 Só escolhe cenas de realidade
Sequência cena "muito boa"/cena "muito má"
27 Sequência cena "muito má"/cena "muito boa"
IA DA
28 Primeira aÍlição
29 Primeira verbalização: Íantasia
30 Primeira verbalização: realidade
31 Segunda verbalização:
32 verbalização: fantasia
33 Segunda
34 Termina a história em
35 Termina a história em Íantasia
36 Termina em fantasia mágica, mas com "crítica"
37 Termina a história em realidade
38 Nunca verbaliza
39 Só verbaliza aÍlição
Só verbaliza Íantasia
41 Só verbaliza realidade
ERÁ UMA VE.-. PFOVA PRo.JECïVA PAFiq CRLANÇAS
4. ANÁusE E TNTERPRETAçÃo DAs BEsposiAS

ASPECTOS FORMAIS E DE CONTEÚDO vtl


42 Não conta história
43 Descreve as cenas sem explicitar um enredo
44 Elabora um enredo
45 Elabora um enredo mais rico
46 A história ébizarra ou sem sentido (confusa)
47 A história não dá ao tema do cartão
48 Distorce o signiÍicado de uma ou mais cenas
49 Omite aspectos "críticos" de uma ou mais cenas
50 Faz referência a cenas que não escolheu
51 lntroduz outros Íactos ou conteúdos
52 Faz reÍerência a aspectos da sua vida pessoal
53 Faz referência a cartões anteriores
54 TransÍorma o desÍecho, melhorando-o
55 TransÍorma o desÍecho, piorando-o
56 Personagem tenta obter
57 Personagem tenta obter ajuda e não
58 Faz referência a "outros meninos"
59 Personagem quer conviver com "outros meninos"
60 procura convívio mas não resulta
61 Personagem "outros meninos"
62 agredida por "outros meninos"
63 Personagem apoiada por "outros meninos"
64 Personagem apoia "outros meninos"
65 adulto masculino
66 Personagem procura adulto Íeminino
67 Personagem apoiada por adulo masculino
68 apoiada por adulto feminino
69 Personagem rejeitada por adulto masculino
70 por adulto Íeminino
71 Adulto masculino desvalorizado
72 Adulto Íeminino desvalorizado
73 Adulto masculino indica normas
74 Adulto feminino indica normas
75 Na história há reÍerência a omnipotência
76 Após reÍerência a omnipotência
77 reÍerência a aÍlição surge omnipotência
78 Faz um comentário moralista
79 Faz reÍerência a enganar ou "pregar partida"
80 Faz reÍerência à ideia de morte
81 Faz reÍerência a castigo ou ameaça de castigo
82 Faz referência a perigos ou à ideia de Íuga
83 Faz reÍerência a culpabilidade (ou inÍere-se)
84 Faz referência a ciúme (ou inÍere-se)
85 Faz reÍerência a inveja (ou infere-se)
86 Surge a vivência de um "mundo estragado"
87 Faz reÍerência a desejo de

Conclusões:
EFA tÃtAVZ.. PROVA PRo.TECTM PAFA CR|ÂNçAS
4. ANÁUSE E IÌ{TERPFErAçÃO DÂS RESPOSTAS

ANÁLISE INDIVIDUAL DE CADA CARTÃO recorrendo então à omnipotência, e mostrando


quanto é angustiante ficar sozinha e desamparada.
CARTÃO I (Passeio com a mãe)
a) Comparando as Cenas escolhidas, de acordo CARTÃO ll (Doença)
com a respectiva categoria, em cada uma das a) O perfil de escolhas da Ana não coincide com
posições da sequência, e reportando-nos ao os que encontramos nas amostras estudadas
Quadro 5, verifica-se que, enquanto a maioria das (Quadro 6). Verìfica-se, uma vez mais, a
crianças escolhe inicialmente Cenas de Aflição (1e "negação" da emoção ansiosa, pela escolha ini-
e 2a posição) terminando com uma Cena de cial de uma Cena de Fantasia. A doença não
Realidade, encontramos neste protocolo precisa- tem consequências desagradáveis, nem assus-
mente o inverso. A criança tenta não se confrontar ta, pelo contrário, associa-se a uma brincadeira.
com a emoção ansiosa, imaginando a personagem No entanto, logo surge na 2a Cena escolhida a
à espera (passivamente? na possibilidade de realidade desagradável, à qual se segue um
esperança em que a situação se resolva? na difi- final, também aqui mais angustiante do que a
culdade de acreditar nos recursos pessoais para situação proposta no Cartão-estímulo: ir para o
resolver a situação?). Na associação da criança hospital. Note-se ainda que a criança não esco-
essa resolução surge através de uma figura mági- lhe qualquer das Cenas que representam a
ca (a fada, Cena7, que não escolhe mas refere, proximidade com os adultos que cuidam, ou
por isso se assinala o item 50) que lhe dá poderes consolam o sofrimento (Cenas 3 e 6, por exem-
"especiais". No entanto, essa idealização da ajuda plo) e que em todas as Cenas escolhidas a
omnipotente e dos poderes que dela advêm não personagem aparece sozinha.
constitui, de facto, uma solução verdadeiramente b) A história verbalizada é coincidente com a
tranquilizante e a história desenvolve-se no sentido representada nas'imagens, dela se inÍerindo
de um final mais angustiante do que aquele que é uma elaboração emocional com as característi-
representado no Cartão-estímulo. Esta sequência cas reÍeridas em a).
(Cena "muito boa/"Cena muito má") corresponde c) O aspecto de conteúdo mais saliente corres-
ao assinalar do item 26. ponde à negação da ansiedade e organização
b) A história que a criança verbaliza é concordante da sequência em termos de agravamento da
com a que as Cenas representam, dela se situação (ficou pior e Íoi para o hospital) ligado
inferindo o mesmo movimento emocional descrito à separação que o internamento implica. No
no ponto anterior. final é esta a história que a criança refere como
c) Elabora um enredo, mostrando facilidade na aquela de que menos gostou.
expressão verbal. Verificando-se esta mesma ca-
racterística nas restantes histórias, este aspecto CARTÃO lll (Passeio à praia)
não voltará a ser reÍerido na análise. Quanto aos a) Em relação à categoria de Cenas e sua colo-
aspectos de conteúdo salienta-se o movimento já cação (Quadro 7) veriÍica-se que as Cenas de
descrito entre uma ídealização de ajuda omnipo- Realidade e Fantasia são as mais Írequente-
tente (item 75) e a intensidade de aflição subse- mente escolhidas, o que corresponde ao per.Íil
quente (item 76). De um modo geral, pode pois de escolhas da Ana. Não escolhe qualquer
inferir-se que a Ana lida com dificuldade com a Cena de Aflição. Parece que o convívio com os
ansiedade de separação, elicitada pelo tema do pares não surge como um tema especialmente
Cartão l, procurando "negá-la" no 1q momento, inquietante. A sequência, iniciada com uma
=*^ïKï"*;Ëiff ïÊJJ""='f^"n'i[^Jff â3S*?â3

Cena que representa a personagem sozinha, b) A história verbalizada segue de perto o con-
segue com uma Cena em que a personagem teúdo expresso nas Cenas escolhidas.
exibe dotes especiais: pesca um peixe. Prova- c) A criança inicia a sequência colocando a per-
velmente essa fantasia permite-lhe expÍessar o sonagem a pedir o apoio dos pais para lidar
desejo de ser a figura principal no convívio com com a sua aÍlição. Volta então para a cama,
as outras crianças (Cena 7, com que termina). sozinha e aÍlita com o pesadelo. A falta de con-
De realçar que a Cena I (que aAna não escolhe) fiança na ajuda dos pais não é explicitada, mas
representa igualmente uma situação de convívio torna-se clara pelo desenrolar do enredo. Em
agradável entre a personagem e todo o grupo, relação aos aspectos de conteúdo surge a pro-
não realçando o papel central da personagem, jecção do sentimento de não conseguir encon-
como sucede na Cena 7 escolhida pela Ana. trar apoio junto dos pais e de solidão e de falta
b) Encontra-se o mesmo movimento emocional de recursos pessoais face ao sofrimento.
na história verbalizada. De realçar que, tendo a
Ana escolhido uma Cena em que a personagem CARTÃO V (Dia dos anos)
surge em convívio com os outros de forma par- a) Quanto à categoria de Cenas e sua colo-
ticularmente "eÍusiva", na verbalização esse cação em sequência verifica-se uma conformi-
aspecto não é explicitado. dade com o padrão de escolhas para este
c) Se é certo que se pressente o papel da fan- Cartão (Quadro 9). As escolhas da Ana dis-
tasia no desejo de conviver agradavelmente tribuem-se entre as Cenas de Fantasia e de
com outras crianças e de ser especialmente Realidade, não escolhendo Cenas de AÍlição.
aceite, esta fantasia não desencadeia, como Como primeira escolha surge uma Cena de
aconteceu nos dois primeiros Cartões, um sen- Fantasia que representa uma situação com um
timento de ansiedade intensa. Pode hipotetizar- "monte" de prendas maior que a própria per-
-se que a representação interna da sua sonagem. A Ana revela um intenso e imediato
aceitação pelas outras crianças não é comple- desejo de gratificações, o qual conduz a um
tamente pacíÍica (necessidade de se assegurar desÍecho comum e adequado, abrir as prendas
com o peixe pescado) e revela alguma insegu- e apagar o bolo de velas.
rança e carência de aÍecto (necessidade de ser b) A história verbalizada é conforme à que cor-
o centro das atenções). No entanto, não desen- responde à sequência das Cenas.
cadeia ansiedade, o que traduz o seu desejo, e c) A criança convive de uma forma esperançosa
a sua disponibilidade para receber atenções e adequada com a situação proposta, revelando
gratiÍicantes e aÍectos compensatórios. um sentimento de conÍiança que constitui um
sinal de disponibilidade para receber o aÍecto e
CARTÃO lV (Pesadelo) apoio emocional de que necessita.
a) Em relação à categoria de Cena escolhida
(na 1a posição AÍlição) verifica-se uma con- CARTÃO Vl (Briga dos pais)
formidade com a amostra estudada (Quadro 8). a) Tal como nos outros Cartões que apresentam
No entanto, a sequência de colocação apresen- situações ansiogéneas, a Ana começa por
ta uma organização um pouco distinta, com o "negar" o sentimento ansioso, procurando reÍu-
recurso a uma Cena de Realidade e, uma vez giar-se na fantasia, Íugindo da situação crítica,
mais, uma Cena de Aflição intensa para finalizar duma forma que se acentua na 2ê escolha. Uma
a história. vez mais, este movimento não resulta e surge
ERA UMÂ VEZ.-. PROVA PROJECTIVA PAFA CRIANCAS
4- ANÁUSE É INTERPRETAçÀO DAS RESPOSTAS

como desfecho a aflição, traduzida numa Cena da proÍessora, a expressão do sentimento de


em que a personagem está sozinha, preocupa- raiva por parte da personagem - "ela estava
da e "presa" à situação de conflito entre os pais. muito furiosa" bem como o aspecto de "andar
O padrão de escolhas é, uma vez mais, distinto de balão às escondidas". Face às exigências da
do que se apresenta no Quadro10. aprendizagem não surge qualquer sinal de que
b) Em relação à verbalização, o seu conteúdo é a criança tenha confiança nas suas capacida-
conforme ao representado nas Cenas escolhi- des para enfrentar as dificuldades, mas somen-
das, salientando-se o facto de assumir a Íanta- te um desejo de fuga dessa situação, vivida
sia - "foi passear no carro dela" - sem qualquer como ameaçadora.
crítica.
c) Uma vez mais se veriÍica a dificuldade em FIM:
lidar com a situação proposta, revelando a
É interessante notar que, apesar de surgirem dificuldades
criança a utilização do mecanismo de fuga pela
praticamente em todos os Cartões que apresentam
Íantasia, a fragilidade desta solução, eo seu
temáticas ansiogéneas, a criança vai recordar como mais
isolamento face aos pais.
desagradável o Cartão ll (Doença) porque "vai para o
hospital". Pode imaginar-se que o aspecto de separação
CARTÃO Vll (Escola)
da Íamília e isolamento surge para a Ana como mais
VeriÍica-se um aumento do tempo de latência,
em relação ao tempo médio que se observou intenso nessa situação. Paralelamente, pode levantar-se

nos outros Cartões. Este dado, em consonância a hipótese de que as dificuldades que actualmente expe-

com a história organizada, reforça o aspecto de rimenta possam ser por ela vividas como um equivalente

dificuldade face à temática apresentada neste de "não estar bem", ou "estar doente", sem encontrar
Cartão. uma saída saudável. Esta poderá ligar-se à expectativa
a) O aspecto mais saliente em relação à cate- de receber presentes, os quais simbolicamente represen-
goria de Cenas escolhidas, na comparação com tam o afecto e a atenção que deseja e parece não rece-
o Quadro 11, é a escolha imediata de uma Cena ber da forma como necessita,
de Fantasia. A fragilidade desta deÍesa é aqui
especialmente clara, uma vez que logo surge, ANÁLISE GLOBAL DO PROTOCOLO
na 2a escolha, uma Cena de Aflição, com cono-
tações de soÍrimento e Íuga dolorosa, que con- Da observação das sequências organizadas como
duz a uma fuga mágica. A sequência organiza- resposta aos Cartões que apresentam situações ansiogé-
da corresponde aos itens 26 e 27: a Cena em neas ressalta uma imediata negação dessa emoção, de
que pode "gozar" com a situação sucede uma um modo geral através de fugas pela fantasia. Verifica-
Cena de ansiedade intensa, a qual é seguida de -se, sistematicamente, que esta forma de defesa da
uma Cena de Fantasia mágica (fugir de balão). emoção ansiosa não revela qualquer eÍicácia, na medida
b) A verbalização, correspondendo às Cenas em que os finais das histórias organizados pela Ana são
escolhidas, acrescentando alguns aspectos que mais angustiantes do que os estímulos apresentados nos
reforçam o sentimento de mal viver a situação Cartões correspondentes.
escolar.
c) No que respeita aos aspectos de conteúdo A situação escolar parece particularmente angustiante e
verifica-se uma verbalização de zanga por parte ameaçadora. Por outro lado, no convívio com os pares
-^ ,.T"ïï'";
ËïiïâJt-'i',ït[ ;ff Ê."S1ât?i3

surge um desejo de reconhecimento, o qual necessita CnnfÃO E (Carnaval)


algo de especial, por parte da Ana, para se poder con- Tempo de Latência 5"
crelizan Ela deve mostrar aos outros meninos como é CENAS ESCOLHIDAS
capaz de pescar um peixe para que eles a aceitem da 4 6 2
Íorma plena e efusiva que ela deseja. Aqui reside, certa- HISTÓRIA:
mente, alguma fonte de Írustração, pois a Ana não parece Ele está ao pé duma feiticeira e estava mascarado. Ele
sentir-se segura da sua capacidade e valor. No entanto, estava com medo que lhe fizessem atguma partida.
ela mantém viva a expectativa de poder receber gratiÍi- Depois estava aqui uma fada, um cowboy e um pathaço.
cações, ou seja, parece preparada para poder beneficiar Eles queriam fazer mal a este e ele teve medo deles e foi-
de um apoio que possibilite a interiorização de imagens -se embora.
mais seguras.

CARTÃO I (Passeio com a mãe)


salienta-se ainda que em todas os cartões que apresen- Tempo de Latência 4"
tam temáticas ansiogéneas a Ana organiza histórias em CENAS ESCOLHIDAS
que, na Cena Íinal a personagem surge sozinha. O senti- B1 4
mento de isolamento e de Íalta de conÍiança em figuras HISTóRIA:
internas protectoras é patente ao longo de todo o proto- Foi a uma cabina telefónica e depois perguntou a um potí-
colo, Na projecção da criança os pais não podem dar-lhe cia se sabia onde estava a mãe dele e o potícia disse que
o apoio que ela procura e necessita e o abandono e não viu e depois ficou a chorar no chão.
rejeição parecem muito presentes, sendo especialmente
intensos na representação dã situação escolar. CARTÃO il (Doença)
Tempo de Latência 5"
Da análise eÍectuada decorre a necessidade de um apoio CENAS ESCOLHIDAS
que inclua algum aconselhamento, quer aos pais, quer à g 4 Z
professora, de forma a que estes se sintam motivados HISTORIA:
para atender ao seu sofrimento e responder às suas Estava na ambulância e foram para o hospital. Ete esta-
necessidades. va doente na cama do hospital e depois veio o superboy
para salvar o menino. Já está.
Caso António
CARTÃO lll (Passeio à praia)
Apresenta-se, em seguida, um protocolo de um rapaz de Tempo de Latência 5"
seis anos, que foi observado, a pedido da proÍessora, por CENAS ESCOLHIDAS
ter dificuldades de relação, quer com os colegas, quer g. I 4
com os adultos, as quais diÍicultam a sua integração na HISTORIA:
escola. Frequenta a 1a classe e não tem dificuldades na Foi para o pé da mãe e do pai porque depois os outros
aprendizagem. Os pais referem que ele é meigo e obe- meninos estavam a olhar para ele. Ele estava ao pé da
diente, mas tem muitos medos. Foi atropelado, há cerca mãe e do pai e fez um castelo e depois os outros meni-
de um ano e meio, tendo ficado hospitalizado durante nos estavam a rir-se dele, à gargalhada.
duas semanas. Vive com os pais e com um irmão, de dois
anos.
4- ÁNÁusE E ,,*rERpFsrAçÃo #^JffiSffç "

CARTÃO (Pesadelo)
U CARTÃO Vl (Briga dos pais)
Tempo de Latência 35" Tempo de Latência 3"
CENAS ESCOLHIDAS CENAS ESCOLHIDAS
524 7 94
HISTóRIA: HISTóRIA:
(Enquanto olha as Cenas, diz: também tive um pesadelo, E depois ele foi andar de carro e depois andava outra vez
pensava que estava no meu quarto um bicho muito a pensar nos pesadelos e a chorar e depois o pai estava
grande, era muito mau.) Depois ele estava a pensar que só à guerra com a mãe e ele a chorar.
tinha uma pistola e tinha matado o bicho eãepois foi para
o quarto do paì e da mãe, e eles estavam a dormir e ele CARTÃO Vll (Escola)
sentou-se em cima da cama dele a pensar. Tempo de Latência 5"
CENAS ESCOLHIDAS
CARTÃO V (Dia dos anos) 5I 7
Tempo de Latência 5" HISTÓRIA:
CENAS ESCOLHIDAS Ele foi ali e disse os números todos e depois ele foi para
0g7 casa e estudou e quando chegou à escola já sabia e fez
HISTORIA: assim aos colegas.
Ele estava a abrir os presentes, depois ele estava chatea-
e
do porque os outros colegas não brincavam com ele FIM:
depois ele foi para a rua e pensou que andava nas Dá o nome à personagem e diz que é um miúdo lá da
nuvens, num avião, a brincar e a pensar. terra. Gostou mais do Cartão Vll (Escola) porque ele
sabia e fez caretas aos colegas. Gostou menos do Cartão
lV (Pesadelo), por causà do bicho do pesadelo,
Durante a aplicação da prova mostrou-se colaborante e
interessado.
ERA UI\44 VEZ... PROVA PROJECTIVA PARA CRIANçAS
4. ANÁLISE E INTERPRETAçÃO DAS RESPOSTAS

PROVA ''ERA UMA VEZ..."


FOLHA DE ANALISE DAS RESPOSTAS
NOME: António

IDADE: 6.6 SEXO: M DATA:_/_l_


CARTÕES
CENAS I il ilt IV V VI vil
NUMERO 814 I 4 7 914 5 24 697 794 587
CATEGORIA R RA AAF ARA F AA RAF F A A FRF
ATITUDE
ldentiÍica-se com a personagem
AÍlige-se
Precisa de muito incentivo
Selecciona as cenas usando um critério
Procura emparelhar as cenas (como num loto)
Hesita na escolha das cenas
SEQU DAS CENAS
Primeira cena: aflição
Primeira cena: muita
Primeira cena: fantasia viável
10 Primeira cena: fantasia
11 Primeira cena: realidade
12
13 Segunda cena: muita aÍlição
Segunda cena: fantasia viável
15 cena: fantasia
Segunda cena: realidade
17
18 Terceira cena: muita aÍlição
19 Terceira cena: Íantasia viável
20 Terceira cena: Íantasia mágica
Terceira cena: realidade
22 Não escolhe cenas de
Só escolhe cenas de aÍlição
24 Só escolhe cenas de Íantasia
25 Só escolhe cenas de realidade
cena "muito boa"/cena "muito má"
27 Sequência cena "muito má"/cena "muito boa"
DA
28 Primeira aflição
29 Primeira verbalização: Íantasia
30 Primeira realidade
31 Segunda verbalização: aÍlição
Segunda verba fantasia
33 Segunda verbalização: realidade
Termina a história em
35 Termina a história em Íantasia
Termina em Íantasia mas com "crítica"
37 Termina a história em realidade
Nunca verbaliza aÍlição
39 Só verbaliza
40 Só verbaliza Íantasia
41 Só verbaliza realidade
ERA UMA VEZ... PROVA PROJECTIVA PARA CRIANCAS
4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS RESPOSTAS

ASPECTOS FORMAIS E DE CONTEUDO V VI vtl


42 Não conta história
43 Descreve as cenas sem explicitar um enredo
44 Elabora um enredo
45 Elabora um enredo mais rico
46 A história ébizarra ou sem senÌido (conÍusa)
47 A história não dá seguimento ao tema do cartão
48 Distorce o de uma ou mais cenas
49 Omite aspectos "críticos" de uma ou mais cenas
50 Faz referência a cenas que não escolheu
51 lntroduz outros factos ou conteúdos
52 Faz reÍerência a aspectos da sua vida pessoal
53 Faz reÍerência a cartões anteriores
54 Transforma o desfecho, melhorando-o
55 TransÍorma o desfecho, piorando-o
56 Personagem tenta obter ajuda
57 tenta obter aiuda e não
58 Faz reÍerência a "outros meninos"
59 quer conviver com "outros meninos"
60 Personagem procura convívio mas não resulta
61 Personagem agride "outros meninos"
62 "outros meninos"
63 Personagem apoiada por "outros meninos"
64 "outros meninos"
65 Personagem procura adulto masculino
66 procura adulto feminino
67 Personagem apoiada por adulo masculino
68 adulto Íeminino
69 Personagem rejeitada por adulto masculino
70 rejeitada por adulto Íeminino
71 Adulto masculino desvalorizado
72 Adulto Íeminino desvalorizado
73 Adulto masculino indica normas
74 Adulto feminino indica normas
75 Na história há reÍerência a
76 Após reÍerência a omnipotência surge aflição
77 Após reÍerência a omnipotência
78 Faz um comentário moralista
79 Faz reÍerência a enganar ou "pregar partida"
80 Faz reÍerência à ideia de morte
81 Faz reÍerência a castigo ou ameaça de castigo
82 Faz reÍerência a ou à ideia de Íuga
83 Faz reÍerência a culpabilidade (ou inÍere-se)
84 Faz reÍerência a ciúme (ou inÍere-se)
85 Faz reÍerência a inveja (ou infere-se)
86 Surge a vivência de um "mundo estragado"
87 Faz reÍerência a desejo de

Conclusões:
4 ANÁLrsE n -="r*rronti[oJiSâ:SJât?â3
=,

ANALISE INDIVIDUAL DE CADA CARTÃO -se ainda que a criança não escolhe qualquer das Cenas
que representam a proximidade com os adultos que
CARTÃO I (Passeio com a mãe) cuidam, ou consolam o sofrimento (Cenas 3 e 6, por
a) Comparando as Cenas escolhidas com as que se exemplo). Pode entender-se como a realidade dura do
observam no Quadro 5 veriÍica-se que, enquanto a maio- desastre e internamento faz perder o sentido a esses
ria das crianças escolhe inicialmente Cenas de Aflição (14 "benefícios secundários", mais Írequentemente presentes
e 2a posição) terminando com uma Cena de Realidade, nas respostas de crianças que têm uma história de
encontramos neste protocolo precisamente o inverso. A doenças comuns, sem internamentos, nem sustos espe-
criança tenta não se confrontar com a emoção ansiosa, ciais. A escolha da Cena 7 Íoi feita por todas as crianças
procurando soluções realistas para a situação apresen- de uma amostra com sequelas graves de queimaduras, e
tada, as quais não se revelam consistentes, uma vez que, consequentes internamentos (Partidário, 1996). Neste
no final, coloca a personagem numa aflição mais intensa sentido, a angústia de morte e a imediata deÍesa através
do que aquela que o Caftão estímulo propõe. da omnipotência traduzem a intensidade da "sequela psi-
b) A história que a criança verbaliza é perÍeitamente con- cológica" do acontecimento traumático vivido pelo
cordante com a que as Cenas representam, dela se in- António.
Íerindo o mesmo movimento emocional descrito no ponto b) Na história verbalizada salienta-se a omissão do sig-
anterior. Elabora um enredo, mostrando facilidade na nificado crítico da Cena 4. No entanto, tal como consta
expressão verbal. Verificando-se esta característica nas dos critérios para a análise das respostas, considera'se
restantes histórias, este aspecto não será reÍerido na sua expresso o sentimento claramente representado na
análise, imagem, embora não possível de ser verbalizado.
c) Quanto aos aspectos de conteúdo salienta-se o movi- c) O aspecto de conteúdo mais saliente corresponde à
mento de pedir ajuda a uma figura masculina, não con- omissão da referência à ideia de morte na Cena 4, mani-
seguindo obtê-la. É evidente que a situação de Íicar festando a diÍiculdade face à angústia de morte. De tudo
perdido e abandonado é angustiante e deixa o António quanto Íoi reÍerido resulta a avaliação de uma intensa difi-
com pouca capacidade de elaborar as emoções a ela culdade actual face à experiência realmente vivida pela
associadas. No entanto, o desastre e consequente hospi- criança e que parece constituir uma ameaça muito pre-
talização, poderão ter reavivado ansiedades de sepa- sente no seu mundo interno.
ração, podendo levantar-se a hipótese de que as dificul-
dades actuais do António terão uma característica essen- CARTÃO lll (Passeio à praia)
cialmente reactiva a essa situação traumática, relativa- a) Quanto à categoria de Cenas e sua colocação (Quadro
mente recente. 7) veriÍica-se que as Cenas de AÍlição são as menos
escolhidas, sendo especialmente raras na 1a posição. As
CARTÃO ll (Doença) Cenas de Fantasia são as mais Írequentemente escolhi-
a) Em relação às categorias de Cenas e sua colocação, das pelas crianças desta faixa etária. Encontramos neste
a sequência que a criança organiza segue o padrão apre- protocolo duas Cenas de Aflição (1a e 3e posição) e não
sentado no Quadro 6. De salieniar, no entanto, a surge qualquér Cena de Fantasia. O primeiro movimen-
presença do item 27: a uma Cena que representa um to na elaboração da emoção evocada representa Aflição,
acontecimento aÍlitivo (Cena 4), segue-se uma Cena de Íace à presença de outras crianças e a procura de apoio
Fantasia Mágica (Cena 7). Observa-se, pois, um movi- junto dos pais. Segue-se uma Cena de Realidade, mas
mento em que a emoção ansiosa intensa (ideia de mor- logo surge uma Cena de Muita Aftição-
te) desencadeia a necessidade de uma solução mágica, b) Encontra-se o mesmo moümento enrind na
ser salvo por uma Íigura omnipotente, o superboy. Note- história verbalizada.
ERA UMA VE--- PROVA PROJECTIVA PARA CRIANC, AS
4. ANÁUSE E INTERPRFTAçÃO DAS RESPOSTAS

c) O acontecimento proposto é encarado pelo António, 9) salienta-se a escolha de uma cena de Aflição (2ê
não como agradável, mas antes ameaçador. A ideia de posição), sendo esta categoria a menos escolhida pelas
conviver com outras crianças desencadeia aflição e crianças das amostras estudadas. A criança começa por
procura de apoio junto dos pais, os quais não conseguem se situar na Realidade proposta (tem presentes), mas
apoiar a personagem, ajudá-la a enfrentar a situação surge de imediato a Aflição em resultado da expectativa
temida, pois ela vai ser objecto da troça das outras negativa Íace ao convívio com as outras crianças e o sen-
crianças. Salienta-se ainda a projecção do sentimento timento de isolamento que a leva a afastar-se (vai para a
de ser rejeitado pelas outras crianças, claramente verba- rua) e a procurar refúgio na Fantasia.
lizado. b) Este movimento de elaboração emocional é expresso,
quer nas Cenas, quer na história verbalizada.
CARTÃO lV (Pesadeto) c) Os aspectos de conteúdo mais salientes são os já
O tempo de latência é superior ao dos restantes Cartões. reÍeridos: projecção do sentimento de ser rejeitado pelas
Este facto resulta de que a criança, antes de escolher as outras crianças que conduz à fuga da situação de con-
Cenas comenta, de imediato, a sua vivência pessoal, na vívio, ao isolamento e ao refúgio na Íantasia.
ligação com o episódio apresentado,
a) Em relação à categoria de Cenas escolhidas (AÍlição e CARTÃO Vl (Briga dos pais)
Fantasia), veriÍica-se uma conÍormidade com a amostra a) A sequência organizada não apresenta aspectos
estudada (Quadro B). No entanto, a sequência de colo- salientes na comparação com o padrão de escolhas apre-
cação apresenta uma organização bem distinta. A criança sentado no Quadro 10. Analisando o movimento na ela,
começa por se refugiar numa Íantasia mágica, mas logo boração da emoção despertada por este Cartão, verifica-
surge a aÍlição e o recurso aos pais. Uma vez mais, não se uma Íuga pela Fantasia Mágica, que desencadeia a
revela conÍiança na eÍicácia da sua ajuda e Íica sozinha e Aflição, a qual se mantém na terceira Cena. O item 24
aÍlita. assinala uma sequência em que a uma Fantasia Mágica
b) Este movimento surge, quer nas Cenas escolhidas, sucede uma Cena de Muita AÍlição. Este mecanismo
quer na história verbalizada. (semelhante, mas em ordem inversa, ao que se referiu
c) Em relação aos aspectos de conteúdo salienta-se a no Cartão ll) aponta a fragilidade das idealizações, na
comunicação da sua experiência. O estímulo desperta a medida em que desencadeiam os sentimentos dolorosos
recordação dos seus pesadelos e o António pode parti- para os quais não podem constituir solução elicaz.
lhar essa vivência com a psicóloga. Uma vez mais surge b) A criança verbaliza uma história de acordo com as
a necessidade de recorrer à ajuda dos pais, e a expecta- características reÍeridas na sequência das Cenas.
tiva de que eles não dêem apoio, ficando a personagem c) De notar que a Fantasia evoca o medo dos pesadelos,
abandonada na sua solidão e sem recursos pessoais correspondente ao acontecimento do Cartão lV. Mais
Íace ao soÍrimento. De salientar a ocorrência frequente uma vez a situação termina com a personagem isolada e
de perturbações do sono após situações de internamen- em sofrimento, revelando a intensidade desta vivência
to, o que levanta a hipótese de que a memória do desas- interna da criança.
tre e suas consequências seja associada a uma repre-
sentação de "pesadelo". CARTÃO Vil (Escota)
a) O aspecto mais saliente em relação à categoria de
CARTÃO V (Dia dos anos) Cenas escolhidas, na comparação com o euadro 11, ê a
a) Quanto à categoria de Cenas e sua sequência (euadro ausência de escolha de Cenas de AÍlição, as quais são
'-^'.Kf.1e=Ëï3i#J-"=1ï?ïHtrâ3Sât?13

frequentemente escolhidas pelas crianças da mesma lll, em que aparecem outras crianças, numa atitude de
faixa etária. Repare-se ainda que é o único Cartão em rejeição/agressão. Aliás, o sentimento de isolamento e
que não aparece qualquer Cena de Aflição. Face à situa- de Íalta de conÍiança em figuras internas protectoras é
ção proposta a criança escolhe uma Cena de Fantasia patente ao longo de todo o protocolo. Na projecção da
Mágica mas, neste contexto, ela não vai desencadear a criança os pais não podem dar-lhe o apoio que ela procu-
Aflição. Pelo contrário, a criança pode usar os seus re- ra e necessita. Provavelmente esta vivência subjectiva
cursos, de uma forma adequada do ponto de vista da poderá entender-se em resultado de os pais não terem
realidade para lidar com as dificuldades na aprendiza- podido, na fantasia da criança, preservá-la de uma
gem. Assim, pode "brincar", fantasiar o seu triunÍo face experiência tão traumática como a que viveu. Os acon-
aos colegas num terreno em que não sente ameaça, mas tecimentos agradáveis (Cartões lll e V) são percepciona-
antes sucesso. dos como ameaçadores, evocando ansiedade pelo medo
da rejeição por parte das outras crianças.
FIM:
Mais uma vez surge a reÍerência ao medo dos pesade- Se é certo que a facilidade na aprendizagem escolar
los. Em relação à preÍerência pelo Cartão Vll (Escola) é pode compensar, até certo ponto, o sentimento de
interessante notar quanto a Íacilidade na aprendizagem desvalorização e de insegurança, é também de ter em
constitui uma compensação para as dificuldades que a consideração que tal pode levar a um sobre,investimen-
criança sente Íace aos colegas. Nesse campo pode sen- to das tarefas escolares em detrimento das actividades
tir-se com recursos, e experimentar alguma confiança de convívio com outras crianças, comprometendo um
nas suas capacidades. desenvolvimento equilibrado.

ANALISE GLOBAL DO PROTOCOLO A diÍiculdade na elaboração da ansiedade e a intensi-


dade desta emoção apontam para a necessidade de um
Da observação das sequèncias organizadas ressalta que apoio psicológico que permita à criança expressar os
o desfecho (3q posição) não corresponde nunca a uma seus medos e Íantasias, podendo contactá-los e traba-
Cena de Realidade. Elas terminam em Aflição (Cartões l, lhá-los na presença apoiante do terapeuta. A experiência
lll, lV e Vl), ou em Fantasia (Cartões ll, V e Vll), eviden- de um apoio seguro e aceitante permitirá desenvolver no
ciando a diÍiculdade da criança em lidar com as emoções António uma forma diÍerente de relação com outros adul-
evocadas. Salienta-se ainda que em todas as Cenas tos e criar a possibilidade de maior conÍiança nos seus
finais a personagem surge sozinha, excepto no Cartão pares.
ERA UMA VEZ... PHOVA PROJECTIVA PARA CRIANçAS
5. BIBLIOGHAFIA

5. BIBLIOGRAFIA de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica apresen-


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