Você está na página 1de 17

Vamos

Co
Construir
Re
História de vida
As pessoas com vitimação e institucionalizadas têm histórias de vida

dramáticas, marginalizadas, confusas

dificuldade em pensar o passado e o futuro e em refletir o presente

Institucionalização  separação, reativa a angústia de perda/abandono


 rutura/descontinuidade
 sentimento de abandono progressivo e
desinteresse da família
 meros espectadores do processo
judicial/social/educativo

São pessoas colocadas num saco grande, indiferenciado ...


... dos marginais,
... dos “coitados”.......

Destacar a individualidade, pela história, pela originalidade e singularidade


O tempo nestas pessoas é “morto”, cristalizado,
sem perspetivas de futuro
não ponderam a possibilidade de transformar (destino = não há nada a
fazer...)

Intervenção= Não se vai negar ou apagar os acontecimentos,


mas inscrevê-los num percurso articulado, sequencial, compreensível
Esta construção implica criação, imaginação livre, sem censura,
com respeito e aceitação

“a história de vida...pode estimulá-los no desejo de construírem a sua vida


a partir das soluções que eles encontrarão,
do que eles farão do que fizeram com eles,
isto tomando posse da margem de liberdade que lhes resta
e que é sua, e autorizando-se a ser criadores e escultores da sua vida,
enquanto sujeitos competentes e responsáveis”
Abels- Éber (2000, p.205)
Na narrativa, a pessoa fica despida, só e sem defesas!!!
(Cyrulnik, 1999)

A criança tenta proteger os seus pais;


como explicar o inexplicável?
tolerar o intolerável?
nomear o inominável?

As crianças descobrem as suas capacidades


e o seu próprio pensamento,
pelo facto de enunciar o que lhes aconteceu
e de exprimirem nas suas palavras
(Abels-Éber, 2000)
Do dever do silêncio ao direito à expressão

A (re)construção da história de vida, para a maioria das pessoas,


é a primeira permissão para falar;
até ali, quando lhe pediam a palavra era para a investigar, avaliar....
“quando falo com a drª as palavras são como as cerejas”

A história de vida não deve ser feita:


porque apetece...
porque é uma técnica engraçada....

Ela deve ser enquadrada como resposta às solicitações,


e preocupações da criança...

pode ser individual ou em grupo; institucional ou familiar

dar também a ideia de que nos estão a ajudar a nós! São úteis!
A História/narrativa permite criar um espaço
pelo contexto de criação, reformulação,
de diálogo entre terapeuta e pessoa
criando um espaço intermédio,
onde se pode construir

Terapeuta = contador de histórias


≠ engenheiro social
Não se quer consertar a realidade, mas possibilita
reinterpretá-la, criando alternativas de leitura e
significado

Há uma evolução nas crenças, nas leituras,


nos discursos (narrativas)
A (re)construção da história de vida
é uma procura e uma construção de sentido
a partir de acontecimentos temporais pessoais e
familiares

Promove o sentimento de pertença; Eu-Outro; família e


grupo social

Toda a pessoa tem necessidade de saber e de compreender


de onde vem,
quem é,
como vive na sua família,
para onde vai
Falar, escrever = processo de libertação

Nomear = tornar tangível


- amplificar e aprofundar o conhecimento de si
com a ajuda do outro a quem se diz,
ajuda a emergir o sentido das coisas,
dar ordem ao desordenado, ver mais claramente
- promove distanciamento e poder sobre....

- destaca a originalidade de cada percurso pessoal


- permite valorizar a pessoa

Quando esta visibilidade da sua história acontece face


a outra pessoa, traz uma dimensão social particular
“a janela por detrás da qual observa o seu passado e a sua vida,

onde vê a paisagem da sua vida” (Bild)

Gingras destaca a dimensão criativa

na elaboração da história de vida

A pessoa passa a ser um criador....

pois fala pelas suas próprias palavras


Fazer um contrato, escrito, pelos dois intervenientes,

com os objetivos, modalidades de trabalho, suportes usados

e regras deontológicas

(confidencialidade, respeito, a história fica propriedade da

pessoa...)

Este contrato confere à pessoa o estatuto de sujeito,

valoriza-a, dá-lhe poder


1ª fase - Construção
Questão: Podes contar-me do que te lembras desde que eras pequenino?
= objecto-actor
= Pré-narrativa
= discurso prefabricado

- reconstituição cronológica linear dos acontecimentos


- narrativas rápidas, fatalistas, sem questionamento
- linguagem precisa, replicando a linguagem dos especialistas
- relatos estereotipados
“Máscara”: pessoa apresenta-se como acha que os outros a veem ou
querem que ela seja
2ª fase: Desconstrução
escuta partilhada da recitação

Pessoa: - tomada de conhecimento “não percebo porquê”


- busca de sentido: porquê?
“por culpa minha”

Terapeuta: Selecionar alguns grandes temas:


Que pensas do que te aconteceu?
Quando é que começaste a questionar isto?
Quando dizes nós, estás a falar de quem?
O que é que queres dizer com isso?
Como era lá em casa antes de entrares no …?
3ª fase - Reconstrução

- emergência de sujeito - autor pela produção de sentido


“não tenho nada a ver com aquilo”
- diminuição da culpa e responsabilidade
através de uma nova configuração
Linha da vida

uma pessoa = uma história


= um percurso construído de acontecimentos
que não são factos mas histórias,
representadas numa linha de vida,
que permite a construção da identidade de cada um
permite compreender-se e projectar-se

não há identidade sem história


Através da imagem (desenho, pintura)
pode-se exprimir aquilo que verbalmente não se consegue....

- o livro da vida (Glickman, 1957)

- O livro de memórias (Elbow, 1987): do nascimento até ao presente,


narrativa escrita de acontecimentos e sentimentos
sobre o que aconteceu

- O Jogo do desenha uma história (Gabel, 1984)


- desenha e vai contando uma história sobre o desenho

- O Livro do alfabeto (Goodman, Williams, Angell, & Gantt, 1998)


- as letras do nome da criança servem de mote

- O Jogo da glória (Caillé & Rey, 2002)


Isaura:
quando os pais contam histórias aos filhos é para que eles
tenham bons sonhos; quando vocês contam histórias na
terapia é para libertar de um pesadelo....

Ambrósio:
não é tanto sair do pesadelo, mas ajudar o sonhador
a acordar, a mudar de universo,
a construir um mundo onde o pesadelo não tem poder;
...as pessoas têm medo de ter medo,
são mais angustiadas pelas crenças
que pelos acontecimentos em si

(Caillé & Rey, 2003)


Linha da vida

partida

chegada

Você também pode gostar