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08/02/2024, 18:03 As técnicas de contar histórias

As técnicas de contar histórias


Prof.ª Clara Matuque

Descrição

A utilização das histórias como avaliação dos aspectos da


personalidade no contexto de uma avaliação psicológica por meio dos
testes TAT (Teste de Apercepção Temática) e CAT (Teste de Apercepção
Temática Infantil – Figuras de Animais).

Propósito

Compreender como as histórias que contamos diante de determinados


estímulos podem revelar aspectos da personalidade e o
desenvolvimento cognitivo, tornando-se uma forma de ampliar o
instrumental do psicólogo no campo da avaliação psicológica.

Objetivos

Módulo 1

Cartões, significados e aplicação do


TAT
Reconhecer o histórico e as principais características do TAT – Teste
de Apercepção Temática.

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Módulo 2

Interpretação e síntese do TAT


Identificar os aspectos referentes à interpretação e síntese do TAT –
Teste de Apercepção Temática.

Módulo 3

Cartões, significados e aplicação do


CAT-A
Reconhecer o histórico e as principais características do CAT-A –
Teste de Apercepção Temática Infantil – Figuras de Animais.

Módulo 4

CAT-A: Interpretação e síntese


Identificar aspectos referentes à interpretação e síntese do CAT-A –
Teste de Apercepção Temática Infantil – Figuras de Animais.

meeting_room
Introdução
Quando pensamos em caminhos que auxiliem na estimulação da
imaginação e transmissão de conhecimentos com crianças, é
comum considerarmos a arte de contar histórias. Essa prática
incentiva a criatividade e possibilita diversas formas de
expressão e de interação entre as crianças, sejam elas pequenas
ou grandes. Por meio das histórias, até mesmo os adultos
acessam o universo da imaginação, e podem, a partir da
representação mental, aprender diversos ensinamentos e
resgatar a criatividade que muitas vezes pode ser prejudicada ao

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longo dos anos. Além disso, ao escutarmos ou criarmos histórias


em todas as faixas etárias, podemos expressar, mostrar
sentimentos e ter diferentes reações que representem a nossa
visão de mundo, podendo compartilhar vivências e opiniões.

No processo de avaliação psicológica, as histórias podem


desempenhar um papel importante ao permitirem que crianças,
adolescentes e adultos associem as histórias que leem, escutam
ou constroem com suas vivências, auxiliando na expressão,
verbalização e elaboração de estratégias para lidar com
dificuldades. Além disso, as histórias podem estimular a
memória, favorecendo que relembremos experiências passadas,
encontrando, assim, caminhos que permitam relacionar
memórias e afetos. Desse modo, ao identificarmos e
conhecermos um pouco mais do mundo interior de uma pessoa a
partir das histórias que ela cria, torna-se possível
compreendermos alguns aspectos de sua personalidade.

A seguir, abordaremos duas ferramentas de avaliação da


personalidade por meio da construção de histórias, que são os
testes TAT (Teste de Apercepção Temática) e CAT-A (Teste de
Apercepção Infantil – Figuras de Animais). Alertamos que todas
as imagens usadas nesse material são apenas representativas ou
ilustrativas. Não usamos imagens dos testes em questão para
preservarmos o material e lembramos que todas as informações
aqui discutidas devem ser consideradas apenas por psicólogos e
estudantes de Psicologia.

1 - Cartões, significados e aplicação do TAT

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Ao final deste módulo, você será capaz de analisar o histórico e as
principais características do TAT – Teste de Apercepção Temática.

Os testes projetivos e o TAT


No processo de avaliação da personalidade, diversos instrumentos e
abordagens podem ser utilizados a fim de melhor compreendermos o
universo de uma pessoa. Por meio das técnicas projetivas, por exemplo,
e utilizando recursos ambíguos, o indivíduo pode expressar seus
conteúdos latentes, permitindo ao profissional observar e conhecer
aspectos muitas vezes inconscientes da sua personalidade,
contribuindo para uma avaliação global e intervenções consistentes
dentro de um contexto clínico ou outro âmbito de avaliação.

A seguir, vamos conhecer um dos instrumentos projetivos utilizados


para avaliação da personalidade chamado Teste de Apercepção
Temática – TAT. Inicialmente, para que você possa compreender melhor
a origem do TAT, alguns conceitos são importantes para introduzirmos o
tema.

Faça para você mesmo a seguinte pergunta: o


que sei sobre técnicas projetivas?

Respondendo brevemente a essa questão, podemos definir as técnicas


projetivas como ferramentas que visam favorecer ao máximo a
manifestação do mundo interno da pessoa examinada usando material
ambíguo, ou seja, que dê margem a diferentes interpretações. Da
mesma forma, as instruções devem dar liberdade quanto ao uso dos
estímulos na elaboração das respostas. O objetivo é fornecer um
mínimo de elementos externos, suficientes apenas para revelar a
resposta e permitir uma avaliação do contato com a realidade.

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As técnicas projetivas voltam-se para o conteúdo das repostas. No caso


do teste que vamos aprender, também é realizada a análise da
apercepção, que geralmente considera o que a pessoa vê e sente, e não
como a pessoa vê e sente, como, por exemplo, ocorre no
comportamento expressivo, ou seja, a apercepção é referente ao
processo de interpretar subjetivamente um estímulo, fundamentado em
suas experiências anteriores. Assim, mediante essa forma de elaborar
suas experiências, a pessoa revela a atitude e estrutura interna frente à
realidade experimentada.

O TAT tem sua origem definitiva em 1943 e foi desenvolvido por Henry
A. Murray e Christina D. Morgan (Murray, 1964 apud Hutz et al, 2018).
Henry Murray (1893-1988) foi um médico e historiador, interessado nos
trabalhos de Freud e de Jung, que atuou na Clínica Psicológica de
Harvard.

Originalmente, Murray estudou Bioquímica, mas, em 1923, incentivado


por Morgan, leu Tipos psicológicos, de Jung, e se interessou
profundamente pela Psicologia. Foi justamente sob influência dessa
obra de Jung que Murray introduziu o conceito de apercepção. Por outro
lado, Christiana Morgan (1897-1967) foi paciente de Jung e teve um
relacionamento próximo com Murray. Artista, escritora e psicanalista da
Universidade de Harvard, ela administrou uma das primeiras versões do
teste (que inclui imagens produzidas por ela) a um dos primeiros
pacientes com diagnóstico de anorexia, em Boston.

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Carl Gustav Jung (1875-1961).

A partir dos estudos e experimentos que vinham sendo realizados


envolvendo a aplicação de cartões ou desenhos atrelados a inquéritos, e
junto com as suas próprias articulações experimentais, Murray
constatou que se pode apreender o funcionamento psíquico de uma
pessoa por meio dos relatos de histórias adquiridas a partir da
apercepção de imagens, podendo essas articulações serem
consideradas como o fundamento teórico do TAT.

A abordagem de
Murray (1938) se situa
em uma perspectiva
psicanalítica bastante
rudimentar e utiliza a
noção de projeção no
sentido de atribuição
(dos conteúdos
psíquicos) a

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personagens
imaginários.
(HUTZ, 2018, p. 367)

Sendo assim, o termo “projetivo”, no contexto do referido teste, não se


assemelha ao conceito psicanalítico de projeção, embora a base
interpretativa do instrumento seja pautada nessa abordagem. O
conceito de projetivo refere-se a um processo natural de apreensão
dinâmica dos objetos do mundo externo e sua interação com o mundo
interno da pessoa. Sendo assim, foi atrelado a esse conceito a definição
de apercepção, como já explicado anteriormente.

O TAT é, então, um instrumento projetivo de avaliação da personalidade


baseado na apercepção da pessoa ao criar histórias a partir dos temas
apresentados nos cartões (ou pranchas) de aplicação. Por meio dessa
técnica, a pessoa avaliada é solicitada a criar histórias a partir de figuras
de cenas de diferentes graus de estruturação.

A denominação “temático” se dá pelo fato de se solicitar ao examinando


que desenvolva uma história ou tema. São instrumentos ideográficos, ou
seja, voltados para a compreensão da pessoa em sua singularidade.
Assim, o TAT:

flag Tem como público-alvo adolescentes e adultos,


frequentemente utilizado na faixa etária entre 14 e
40 anos.

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flag Tem o objetivo de contribuir para a revelação de


aspectos da personalidade de uma pessoa.

flag Tem como propósito revelar aspectos da


personalidade que podem estar inconscientes,
como impulsos, conflitos, emoções, sentimentos,
complexos etc.

flag Tem sido considerado como uma “radiografia da


personalidade”, assim como outros testes
projetivos.

flag Tem o perfil de um instrumento que contribui para


que o mundo interior possa ser observado e
revelado, assim como outros testes projetivos.

flag Tem como característica revelar a o inconsciente


através das respostas aos cartões (ou pranchas) de
aplicação.

flag Tem a finalidade de compreender os mecanismos


internos que levam as pessoas a agirem e reagirem
de determinada maneira.

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Os cartões de aplicação do
TAT
O TAT é composto por 31 cartões (ou pranchas) contendo imagens
constituídas por desenhos, fotografias ou reproduções de gravuras em
diversas situações cotidianas, além de um cartão totalmente em branco.
As imagens são impressas nos tons preto e branco.

Os cartões apresentam-se com numeração impressa no seu verso, que


variam conforme sexo e faixa etária. A seguir, veremos uma pequena
descrição de cada cartão, bem como seus respectivos significados:

Cartão 1 – O menino e o violino – relação com autoridade e


aspirações, objetivos, dificuldades e realizações do herói.

Cartão 2 – A estudante do campo – área das relações familiares,


percepção do ambiente, nível de aspiração e atitude frente aos
pais.

Cartão 3 RH – A pessoa está curvada sobre o divã – tristeza,


abandono, desespero, depressão, suicídio.

Cartão 3 MF – A jovem na porta – desespero e culpa.

Cartão 4 – A mulher que retém o homem – controle x impulso e


conflito nas relações heterossexuais (abandono, traição, ciúme).

Cartão 5 – A senhora na porta – mãe-esposa (protetora, vigilante,


castradora); atitudes antissociais, reações frente ao inesperado.

Cartão 6 RH – O filho que parte – relação com a figura materna


(dependência- independência, abandono, culpa).

Cartão 6 MF – A mulher surpreendida – relação com a figura


paterna que a surpreende escondendo algo, parceiro ou
possibilidade de contato afetivo – sexual.

Cartão 7 RH – O pai e o filho – atitude frente à figura paterna.

Cartão 7 MF – A menina e a boneca – relação com a figura


materna.

Cartão 8 MF – A mulher pensativa – conflitos atuais e conteúdo de


devaneios.

Cartão 8 RH – A intervenção cirúrgica – agressividade com os


outros ou consigo mesmo.

Cartão 9 RH – O grupo de vagabundos – atitudes frente ao


trabalho e ao ócio, sentimentos quanto à própria capacidade e
possibilidade de atuação; relação com o próprio grupo e
homossexualidade.

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Cartão 9 MF – As duas mulheres na praia – competência feminina,


espionagem, culpa, perseguição; atitude frente ao perigo,
desconhecido ou proibido.

Cartão 10 – O abraço – conflitos do casal e atitudes frente à


separação; relações heterossexuais satisfatórias.

Cartão 11 – A paisagem primitiva de pedra – atitudes frente ao


desconhecido, ao perigo, ao instintivo.

Cartão 12 F – A mulher jovem e a mulher velha – atitudes frente à


figura da mãe ou da filha, ao envelhecimento e ao matrimônio;
relações mãe-filha.

Cartão 12 H – O hipnotizador – atitude frente à figura de


autoridade, à terapia e até à própria situação do teste.

Cartão 12 RM – O bote abandonado – referente a fantasias.

Cartão 13 R – O menino sentado na soleira – carências, solidão,


abandono e expectativas.

Cartão 13 HF – A mulher na cama e um homem em pé com o


braço esquerdo cobrindo o rosto – atitude frente às mulheres e ao
sexo; às vezes, sentimento de culpa e atitude frente ao alcoolismo.

Cartão 13 M - A menina subindo as escadas – carências, solidão,


abandono e expectativas.

Cartão 14 – O homem na janela – autoquestionamento,


contemplação e aspiração.

Cartão 15 – A pessoa no cemitério – relação com a morte; culpa;


castigo.

Cartão 16 – A prancha em branco – necessidades mais iminentes


da pessoa ou reflexo da relação transferencial.

Cartão 17 RH – O acrobata – desejos de reconhecimento;


narcisismo; exibicionismo.

Cartão 17 MF – A ponte – frustração, depressão, suicídio.

Cartão 18 MF – O homem sendo atacado por trás – adicções ou


males físicos.

Cartão 18 RH – A mulher que estrangula outra mulher – relações


entre figuras femininas.

Cartão 19 – A cabana na neve – necessidade de proteção e


amparo frente a um ambiente inóspito.

Cartão 20 – A pessoa só sob a luz – principais aflições e


perspectivas.

Inicialmente, nas primeiras versões do TAT, existiam apenas 19 imagens,


além do cartão em branco. A série atual, composta de 31 cartões, foi
selecionada pela eficácia de cada um, calculada com a ajuda de outros
testes de personalidade.

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Como você pôde ver, alguns cartões apresentam, além do número,


algumas letras. Eles se referem ao público-alvo para o qual é destinada
a sua aplicação, sendo divididos em:

Cartões universais
São apenas números.

Cartões destinados a mulheres


São números seguidos de F.

Cartões destinados a homens


São números seguidos de H.

Cartões destinados a meninas


São números seguidos de M.

Cartões destinados a meninos


São números seguidos de R.

Aplicando o TAT
Para a aplicação do TAT, é recomendado que antes do processo de
aplicação seja previamente construído um ambiente de confiança, tendo
já se estabelecido um rapport, e que o examinador tenha minimamente
um conhecimento da realidade da pessoa que vai se submeter ao teste,
sendo o mais indicado aplicá-lo dentro de um contexto clínico, uma vez
que o TAT só constitui um instrumento acessório de diagnóstico e não
foi designado primordialmente para classificação nosológica.
Entretanto, o TAT pode ser utilizado em outros contextos, como
avaliações para cirurgias, contexto jurídico etc.

O TAT é um instrumento de grande valia para


complementação diagnóstica durante um
processo de avaliação psicológica.
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A fim de melhor apreender a subjetividade da pessoa na prática clínica,


o examinador geralmente seleciona cartões (ou pranchas) que, segundo
ele, terão maior probabilidade de fornecer informações sobre os
problemas do sujeito. Os cartões selecionados são apresentados, um
por vez, ao examinando, que é solicitado para contar uma história sobre
o que está acontecendo em cada um.

Dica
O processo de aplicação pode ser realizado em duas sessões, aplicando
em cada uma a sequência de 10 cartões previamente selecionados, de
acordo com o perfil da pessoa que será avaliada (idade e sexo do
avaliado), escolhendo 19 cartões e o cartão em branco, totalizando 20
cartões.

Serão necessários na estrutura do recinto em que seja aplicado o teste


os seguintes materiais:

Cartões de aplicação;

Material para anotações das histórias;

Cadeira (divã ou sofá) confortável (a pessoa a ser avaliada deverá


ficar de costas para o psicólogo).

As instruções a serem fornecidas para a pessoa a ser avaliada são


padronizadas de acordo com o manual do TAT e consistem em convidar
o examinado a criar uma história para cada cartão que será
apresentado.

Recomendação
O psicólogo deve ficar atento para que a história tenha um início, um
meio e um fim, que esteja claro sobre o que se passa em cada imagem
apresentada, bem como o que aconteceu antes, qual será o desfecho,
assim como quais são os sentimentos experimentados pelos
personagens.

Existem duas formas diferentes para aplicação, de acordo com níveis


socioculturais e de instrução, sendo elas:

Forma A expand_more

É aconselhável para adolescentes e adultos de grau médio de


inteligência. Assim, a instrução apresentada no início do teste é
a seguinte:

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“Este é um teste de imaginação que é uma das formas da


inteligência. Vou mostrar a você alguns quadros, um de cada vez,
e a sua tarefa será inventar, para cada um deles, uma história
com o máximo de ação possível. Conte-me o que levou ao fato
mostrado no quadro, descreva o que está acontecendo no
momento, o que os personagens estão sentindo e pensando.
Diga depois como termina a história. Procure expressar seus
pensamentos conforme eles forem ocorrendo na sua mente.
Você compreendeu? Como você tem cinquenta minutos para os
dez quadros, você pode empregar cerca de cinco minutos para
cada história. Aqui está o primeiro quadro”. (MURRAY, 2005, p.
21-23).

Forma B expand_more

É aconselhável para crianças, adultos com grau baixo de


inteligência, bem como psicóticos. A instrução apresentada é:

“Este é um teste para contar histórias. Eu tenho aqui alguns


quadros que vou lhe mostrar. Quero que você faça uma história
para cada um deles. Conte o que aconteceu antes e o que está
acontecendo agora. Diga o que as pessoas estão sentindo e
pensando e como a história acaba. Você pode fazer o tipo de
história que quiser. Compreendeu? Bom, então está aqui o
primeiro quadro. Você tem cinco minutos para fazer uma
história. Faça o melhor que puder.” (MURRAY, 2005 p. 21-23).

Após o examinado construir a primeira história (referente ao primeiro


cartão), é importante que o psicólogo elogie e, se for necessário, corrija
(estimular para que tenha desfecho, tempo, reação e herói – que
representa o personagem principal da história).

Atenção!
É permitido para a aplicação do teste a gravação das histórias, bem
como a presença de um psicólogo auxiliar, fato que deve ser
previamente acordado com a pessoa a ser avaliada.

É importante também que a pessoa examinada não saiba que o teste


continuará na próxima entrevista, uma vez que, na aplicação da segunda
série de cartões, é solicitado que o examinado se expresse com ainda
mais liberdade. O psicólogo o convida a usar ainda mais a imaginação.
Na utilização do cartão 16 (em branco), é dada uma instrução especial:
é solicitado que a pessoa primeiro imagine uma gravura e depois crie
uma história baseada nela.

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Após o processo de aplicação, é iniciado o inquérito, a fim de saber a


origem das histórias construídas pela pessoa, ou seja, de onde foram
tiradas as ideias de suas histórias, bem como qual a relação delas com
suas experiências pessoais, seus sonhos, fantasias ou se tiveram outra
fonte de inspiração, como filmes, séries ou livros. Durante o inquérito, os
enredos das histórias significantes são recordados, estimulando o relato
livre e aberto, isto é, a associação livre.

Você percebeu como a aplicação do TAT demanda uma


estruturação e construção de um ambiente adequado
para que possa favorecer que a pessoa a ser avaliada
consiga se expressar de forma livre?

Isso requer um domínio e um manejo adequado desse instrumento,


sendo relevante uma preparação prévia para que ele seja aplicado da
melhor maneira possível. Lembre-se de que para a aplicação e utilização
de qualquer teste psicológico é fundamental também o adequado uso
do material do instrumento, o qual deve ser apenas o material original,
assim como seguir de forma fiel o manual e suas instruções.

Recomendação
Lembre-se de que sempre devemos verificar a validade do teste que
aparece na SATEPSI – Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos,
site do CFP.

video_library
Aplicação do TAT e suas
particularidades
Neste vídeo, a especialista apresenta as particularidades e cuidados na
aplicação do TAT.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

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Murray, um dos responsáveis pela construção do TAT, introduziu o


conceito de apercepção baseado na obra Tipos psicológicos, de
Jung. No que se refere à definição do termo apercepção, podemos
considerar que:

É o processo de interpretar uma situação a partir da


A narrativa do examinador, que cria as histórias do
TAT.

É o conjunto de cartões percebidos durante a


B
aplicação do TAT.

Processo de não perceber objetivamente os


C
elementos contidos nos cartões de aplicação.

É o processo de interpretar subjetivamente um


estímulo, fundamentado em suas experiências
D
anteriores, revelando a atitude e estrutura interna
frente à realidade experimentada.

O termo apercepção está relacionado ao processo


de sintetizar objetivamente e descrever os
E
elementos contidos nos cartões de aplicação do
TAT.

Parabéns! A alternativa D está correta.

O termo apercepção geralmente considera o que a pessoa vê e


sente, e não como a pessoa vê e sente, ou seja, a apercepção é
referente ao processo de interpretar subjetivamente um estímulo,
fundamentado em suas experiências anteriores. Assim, por meio
dessa forma de elaborar suas experiências, a pessoa revela a
atitude e a estrutura interna frente à realidade experimentada.

Questão 2

Em relação ao número total de cartões (ou pranchas) existentes no


TAT, quantos cartões compõem o teste em sua versão atual?

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A 20

B 31

C 21

D 30

E 19

Parabéns! A alternativa B está correta.

Vinte é o número que o psicólogo aplica na pessoa, mas não é a


quantidade total de cartões que compõem o teste. Assim, na versão
atual, o TAT é composto pelo número total de 31 cartões, sendo 30
deles com cenas diversas e um em branco.

2 - Interpretação e síntese do TAT


Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os aspectos referentes
à interpretação e síntese do TAT – Teste de Apercepção Temática.

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Pressupostos para a
interpretação do TAT
Para que você saiba a melhor forma para interpretar o Teste de
Apercepção Temática, abordaremos a seguir três pressupostos
importantes para nortear esse processo, tal como um roteiro que
possibilitará organizar e sistematizar os elementos observados ao longo
da aplicação do TAT.

Primeiro pressuposto
O primeiro ponto que precisamos levar em consideração está
relacionado ao conceito fundamental da personologia de Murray, ou
seja, o sistema teórico centrado na dualidade necessidade – pressão,
que é o método defendido por Murray para a interpretação dos
resultados.

Murray colocava como hipótese fundamental a identificação do narrador


com o personagem central (herói), partindo do pressuposto de que
diferentes indivíduos experimentam uma mesma situação, cada um a
seu modo, de acordo com sua perspectiva pessoal, revelando então a
estrutura da pessoa frente à realidade experimentada (HUTZ; BANDEIRA
& TRENTINI, 2018).

Quando nos identificamos com os diferentes heróis das histórias,


vivemos a realização de fantasias e conflitos. A personologia de Murray
está baseada nos fundamentos psicanalíticos, compreendendo a

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personalidade como um movimento de formação e relacionando


necessidades com pressões do meio e o estado interior.

Para o autor, as pessoas possuem certas necessidades que podem ser


conscientes ou inconscientes, e por isso elas vão em busca de atender a
essas suas necessidades.

Entretanto, nessa busca de atender às suas necessidades, a pessoa


encontra pressões do meio, que podem ser favoráveis ou desfavoráveis,
gerando, assim, diferentes estados interiores, podendo ser esses de
satisfação (porque as necessidades foram atendidas pelo meio) ou de
conflito, e de tensão (porque as necessidades não foram atendidas).
Murray diz que é nesse movimento que a personalidade vai se
desenvolvendo e vai se estruturando.

Segundo pressuposto
Mediante as histórias contadas pela pessoa durante a aplicação dos
testes, são reveladas características de sua personalidade - é o que diz
o segundo pressuposto considerado na interpretação, sendo que tal
premissa depende de duas importantes tendências psicológicas:

A primeira delas é a tendência das pessoas para


interpretar uma situação humana ambígua baseando-
se em suas experiências passadas e em seus anseios
presentes; a segunda é a inclinação das pessoas que
escrevem histórias para agir de igual maneira.

Assim, quando o narrador utiliza o acervo de suas experiências, ele


acaba por expressar seus sentimentos e necessidades conscientes ou
inconscientes (MURRAY, 2005).

Terceiro pressuposto
Para que você consiga interpretar o TAT de forma mais global, o terceiro
pressuposto traz a importância de que você, cada vez mais, treine o
olhar clínico com a observação, entrevistas e aplicação de testes.

Além disso, a compreensão de conhecimentos relacionados à


psicopatologia, além de conceitos psicanalíticos como resistências, a
prática em interpretação de sonhos e da linguagem corrente em

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componentes psicológicos básicos permite aprofundar as análises das


histórias.

Lembremos que as histórias geralmente são interpretadas em função


das relações do sujeito com figuras de autoridade, com pessoas
contemporâneas de ambos os sexos e em termos dos ajustes entre o id,
ego e superego etc., bem como as necessidades de cada uma dessas
instâncias.

Síntese do TAT e traços gerais


do herói
Para analisar o TAT, Murray faz inicialmente uma distinção entre a
análise formal e a análise de conteúdo, como um modo de compreender
de maneira global a pessoa e sistematizar os elementos elucidados
durante a aplicação e inquérito. Dessa forma:

Análise formal Análise de


conteúdo
Está relacionada ao
estudo da organização, Está articulada em
o estilo e a riqueza das torno de motivações,
formulações com o fatores internos e traços
objetivo de obter gerais do herói, forças
informações sobre as close do meio exercendo uma
qualidades intelectuais influência sobre o herói,
da pessoa. desenvolvimento e
desfecho da história e
análise dos temas

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(interesses e
sentimentos).

É importante também que você realize a entrevista com a pessoa a ser


avaliada a fim de obter alguns dados, tais como: idade e sexo do
avaliado, saber se os pais estão vivos e se são separados, se tem
irmãos e qual a(s) idade(s) e sexo(s), profissão e estado civil.

Após a interpretação da análise formal e a análise de conteúdo, é


realizada a síntese do TAT, que segue, de um modo geral, os cinco
pontos de análise de conteúdo (motivações, fatores internos e traços
gerais do herói, forças do meio exercendo uma influência sobre o herói,
desenvolvimento e desfecho da história e análise dos temas (interesses
e sentimentos).

Traços gerais do herói são o ponto de partida para a análise e consiste


em reconhecer o personagem com o qual o avaliado se identificou.
Aspectos importantes a serem levados em consideração são:

where_to_vote
O personagem que pareceu despertar mais interesse no avaliado, sendo
o ponto de vista adotado, bem como os sentimentos e motivações
descritos de forma mais profunda.

where_to_vote
O personagem que mais apresenta características semelhantes ao
avaliado, tais como idade, sexo e profissão, além de compartilhar mais
sentimentos e objetivos.

where_to_vote
O personagem que mais aparece na história (por exemplo, no começo e
no fim).

O herói pode estar caracterizado com diferentes traços. Alguns deles


são: superioridade (poder/capacidade), inferioridade, criminalidade,
anormalidade psíquica, sentimento de pertinência, liderança,
envolvimento em conflitos interpessoais etc. Geralmente, a maior parte
das histórias possui apenas um herói, entretanto, algumas das
seguintes situações podem se apresentar:

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flag Histórias com diversos heróis, sendo que a


identificação com o personagem sofre mudanças
ao longo da trama.

flag Histórias com dois personagens diferentes podem


representar duas forças da personalidade.

flag Histórias podem ser contadas dentro de outras,


abrindo a possibilidade de um herói secundário
observando um herói primário.

flag Histórias com atos ou atitudes heroicas (heroísmo)


estão representados por um grupo de pessoas.

flag Histórias em que não existe uma identificação do


sujeito com o personagem, sendo que ele aparece
como um observador distante ou narrador.

Vamos ver agora cada um dos pontos síntese do TAT, bem como suas
respectivas características.

Motivações, fatores internos do herói


e forças do meio
A análise do que os heróis sentem, pensam e fazem é muito importante,
devendo-se atentar para aspectos que contribuam para melhor

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compreensão do tipo de personalidade, presença de doenças mentais


ou de traços incomuns. Nesse sentido, deve-se observar que:

A necessidade pode expressar-se subjetivamente como um


impulso, um desejo, uma intenção, ou então, objetivamente,
como uma tendência para um comportamento aberto.

A necessidade pode estar fundida com outras necessidades,


de modo que uma única ação satisfaça duas ou mais delas
simultaneamente.

A necessidade pode funcionar como uma força útil, subsidiária


à satisfação de outra necessidade dominante.

Os traços ou atitudes podem ser analisados por pontuação.


Nesses casos, cada manifestação é computada numa escala
entre 1 e 5, sendo a força de uma variável avaliada pela
intensidade, duração, frequência e importância do enredo.

O avaliador pode usar a lista proposta no manual ou selecionar


as variáveis de acordo com os objetivos da avaliação.

Os motivos, interesses e sentimentos ainda podem estar relacionados


com os seguintes fatores:

Agressão
Se caracteriza pelo emocional e
verbal, física, destruição.

Ajuda
Se caracteriza por procurar
auxílio e consolo, necessidade
de alguém para obter apoio.

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Autoagressão
Se caracteriza pela autocrítica,
culpa, sentimento de
inferioridade, automutilação e
suicídio.

Degradação
Se caracteriza por submeter-se a
punições, sofrer pressão
desagradável sem reagir,
confessar, prometer mudança de
comportamento, render-se
passivamente a condições
difíceis de serem suportadas.

Desvelo
Se caracteriza por expressar
simpatia, ser bondoso e
respeitador, encorajar, consolar,
proteger, defender.

Dominância
Se caracteriza por influenciar
pessoas, liderar, gerir, impor,
restringir, aprisionar.

Passividade
Se caracteriza pelo submissão,
inércia, preguiça, relaxamento,
sono.

Realização
S t i l bi ã
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Se caracteriza pelo ambição
manifestada na ação, empenhar-
se, trabalhar em algo importante.

Sexo
Se caracteriza por
relacionamento, paixões,
relações sexuais.

Na lista de fatores internos do herói, estão incluídos os seguintes


estados interiores e emoções:

Abatimento
Se caracteriza por
desapontamento, tristeza,
depressão, sofrimento,
desespero.

Conflito
Se caracteriza por indecisão,
oposição entre impulsos, conflito
moral, inibição paralisante.

Instabilidade
emocional
Se caracteriza pelo inconsistente
ou pela instabiliade nos afetos,
flutuações de humor, intolerância
com uniformidade e constância.

Ansiedade

S t i iú
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Se caracteriza por ciúme,
desconfiança, exaltação.

Em forças do meio exercendo uma influência sobre o herói, é possível


identificar as necessidades das pessoas com as quais o herói se
relaciona que podem ser pontuadas numa escala de 1 a 5:

1. Necessidade de observar os detalhes: situações com que se


defrontam os heróis;

2. Necessidade de destacar: singularidade, intensidade e frequência;

3. Necessidade de observar as pessoas que não aparecem na figura;

4. Necessidade de marcar os traços recorrentes das pessoas;

5. Necessidade das seguintes características dos personagens:


incluir ausência de pressões benéficas (falta, privações, perdas) e
distúrbios corporais (deficiências, dores, doenças).

Desenvolvimento, desfecho e análise


dos temas da história
No desenvolvimento e desfecho da história, considerando cada evento e
interação de pressão e necessidade do ponto de vista do herói, é
possível avaliar a quantidade de dificuldades e frustrações
experimentadas, assim como o grau relativo de sucesso e fracasso.
Outros pontos na síntese são:

1. Observar qual a força do herói e quais são as pressões do


ambiente?

2. Observar quanta força (energia, competência, esforço...) manifesta


o herói?

3. Observar qual o poder das forças favoráveis ou benéficas se


comparadas às oponentes ou danosas?

4. Observar se o caminho para a realização é fácil ou difícil?

5. Observar como lida com obstáculos?

6. Observar se faz com que as coisas aconteçam ou as coisas


acontecem?

7. Observar até que ponto manipula ou subjuga as forças do


ambiente ou é manipulado e subjugado por elas?

8. Observar se precisa de auxílio ou realiza sozinho?

9. Observar em que condições fracassa?

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10. Observar quanto de energia dirige contra si próprio?

11. Observar como é punido por má conduta?

12. Observar se há mais desfechos felizes ou infelizes?

Em análise dos temas, a interação de necessidade e pressão ambiental


junto ao desfecho podem ser analisadas a partir dos seguintes pontos:

1º ponto 2º ponto
Ter atenção tomando Ter atenção ao
cada necessidade e visualizar cada história
anotando a pressão como um todo e
com que ela se combina separar os temas de
na maioria das maior e menor
histórias. importância, os enredos
principais e os
Depois observar com close
secundários.
que necessidades e
emoções a pressão Depois observar quais
exageradamente alta desfechos, conflitos e
interage. dilemas têm
importância para o
sujeito e se possuem
temas em comum.

Considerando que o objetivo da interpretação do TAT é chegar a


elementos da personalidade, a fim de obter uma apreciação global dos
recursos da pessoa observada na interpretação, é necessário a
realização de uma síntese para organizar os elementos observados
durante a aplicação do instrumento. Esta pode ser elaborada por meio
de um relatório descritivo das observações realizadas ao longo de todo
o protocolo de aplicação, tais como expressões corporais, maneiras de
se aproximar de cada cartão, a forma como foram realizadas as
narrativas e os elementos anteriormente descritos.

Atenção!
Cabe ressaltar que o presente conteúdo a respeito do TAT é para que
você possa ser introduzido acerca desse instrumento, sendo sua
utilização restrita ao aprendizado no contexto acadêmico, não sendo
aconselhado o seu uso para outras finalidades.

video_library
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Como realizar a síntese do


TAT
Neste vídeo, a especialista reflete sobre como organizar os elementos
observados durante a aplicação do instrumento para a realização da
interpretação e síntese do TAT.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Os pressupostos teóricos defendidos por Murray em sua


personologia estão centrados na dualidade:

A Necessidade – Impulsividade

B Necessidade – Apercepção

C Necessidade – Pressão

D Pressão – Impulsividade

E Apercepção – Impulsividade

Parabéns! A alternativa C está correta.

Murray desenvolveu um sistema teórico centrado na dualidade


necessidade – pressão, relacionando necessidades com pressões
do meio e estado interior. Para ele, as pessoas têm certas
necessidades que podem ser conscientes ou inconscientes, então,

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elas vão em busca de atender a essas necessidades. Entretanto, no


decorrer dessa busca, elas encontram pressões do meio que
podem ser favoráveis ou desfavoráveis, gerando, assim, diferentes
estados interiores que podem ser de satisfação ou de conflito, e de
tensão.

Questão 2

Na análise do TAT uma distinção é importante no que diz respeito à


análise formal e à análise de conteúdo. Com relação a elas
podemos afirmar que:

I – A análise de conteúdo é a menos importante na compreensão


do teste.

II – A análise formal diz respeito à organização, ao estilo e à riqueza


das formulações, dando informações sobre o intelecto da pessoa.

III – Na análise do conteúdo deve-se observar somente quatro


pontos: motivações, fatores internos e traços gerais do herói,
interesses e sentimentos e desenvolvimento e desfecho da história.

Estão corretas as afirmativas:

A Somente a II.

B Somente I e III.

C Somente a I.

D Somente I e III.

E Somente a III.

Parabéns! A alternativa A está correta.

A alternativa A está correta, uma vez que somente a alternativa II


está correta, pois descreve exatamente o conceito de análise formal
proposto no TAT, que está relacionada ao estudo da organização, do
estilo e da riqueza das formulações com o objetivo de obter
informações sobre as qualidades intelectuais da pessoa. O ponto I,
que afirma que a análise de conteúdo é menos importante, está
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errado, pois tanto a análise formal quanto a análise de conteúdo


são de igual maneira importantes na interpretação do TAT. A análise
de conteúdo é baseada em cinco pontos de avaliação, e não em
quatro, como é colocado no ponto III.

3 - Cartões, significados e aplicação do CAT-A


Ao final do encontro você será capaz de reconhecer o histórico e principais
características do CAT-A – Teste de Apercepção Temática Infantil –
Figuras de Animais.

Considerações sobre o CAT-A


O teste de Apercepção Temática Infantil – Figuras de Animais (CAT-A) é
um instrumento que visa avaliar a dinâmica e a estrutura da
personalidade de crianças, bem como sua maneira de lidar e reagir ao
meio. É considerado um método projetivo temático, uma vez que, a
partir das histórias narradas pela criança em resposta aos estímulos
que representam situações individuais e sociais de diversas naturezas,
busca-se compreender:

flag Como a criança se percebe.

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flag Como a criança se situa no mundo e as demandas


que podem estar pressionando-a.

flag Como a criança utiliza os recursos psicológicos que


dispõe para enfrentá-las e quais mecanismos de
defesa que pode estar utilizando.

O público-alvo a que se destina o CAT-A são crianças entre 5 e 10 anos


(faixa etária dos novos estudos de validação para a população
brasileira). A partir da definição construída por seus autores,
esmiuçando o significado desse instrumento, podemos compreendê-lo
da seguinte maneira:

O CAT é um teste, ou seja, um instrumento de


avaliação psicológica que visa fazer um levantamento
de características psicológicas a partir de um
procedimento sistemático de avaliação.

É considerado um teste projetivo na medida em que, a partir do estímulo


ambíguo apresentado por meio dos cartões, a criança tenderá a
exteriorizar aspectos de sua personalidade não perceptíveis de outra
forma.

Relembrando
A apercepção é um conceito que está relacionado ao processo pelo qual
um estímulo novo é conectado a uma experiência já existente, dando
origem a uma nova interpretação. Os temas que são apresentados nos
cartões são um mecanismo que proporciona a interpretação e a
identificação com os personagens a partir do conteúdo latente, isto é,
determinações e motivações inconscientes que são verbalizadas com
base nos estímulos apresentados nos cartões.

O CAT-A é um instrumento composto por 10 cartões que contêm


personagens, especificamente animais e outros ligeiramente
antropomórficos (figuras com atributos humanos), podendo ser
aplicável como citado anteriormente a crianças de 5 a 10 anos, de
ambos os sexos. Desde sua criação, o CAT-A é um instrumento bastante
utilizado em avaliações psicológicas, principalmente na clínica com
crianças.

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Alguns estudos de validação apontam que esse


instrumento é uma ferramenta que pode corroborar
casos de suspeita de abuso sexual ou violência
doméstica.

A utilização de figuras de animais se deve especialmente ao fato de que


as crianças tendem a se identificar mais prontamente com animais do
que com pessoas.

Tal constatação foi relatada pelo psicanalista e historiador da arte Ernst


Kris (1900-1957), que ao analisar o teste no qual o CAT foi inspirado, o
TAT, verificou que ele não atendia de forma integral às necessidades
práticas com crianças pequenas, pois muitas situações representadas
pelos cartões não eram relevantes no que se refere a conflitos do
crescimento.

Ao elaborar e produzir novos cartões, inicialmente o resultado foi a


produção de 18 figuras essencialmente de animais e outras
antropomórficas, mas a partir da análise das figuras e a influência sobre
o estímulo que poderia ser produzido nas crianças, eliminaram-se oito
cartões, restando apenas dez, que constituem o teste até o presente
momento. As vantagens do uso de figuras animais em técnicas
temáticas para crianças estão relacionadas ao seguinte papel nas
fantasias e angústias infantis:

Os animais são
considerados amigos
das crianças nas
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histórias e na
realidade,
considerando o nível
consciente. Porém,
destaca-se o caráter
primitivo dos impulsos
animais, o que
contribui para
aumentar a
proximidade das
crianças, considerando
o nível inconsciente.
Além disso, há a
possibilidade de
disfarce que as figuras
de animais oferecem,
sendo ainda
importante considerar
que os animais
prestam mais à
ambiguidade do
estímulo, em relação à
idade e ao sexo.
(TARDIVO; SILVA, 2008, p. 149)

Sendo assim, os autores do CAT, Leopold Bellak (1916-2002) e Sonya


Bellak dedicaram-se à produção de um material diferente do TAT que
fosse mais acessível ao universo infantil, desenvolvendo, então, cartões
de aplicação direcionados para crianças, uma vez que constataram que
as crianças pequenas tendem a se identificar mais facilmente com
animais do que com pessoas.

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Cartões de aplicação do CAT-


A
Em 1965 foi publicada uma versão do CAT com cartões que continham
figuras humanas substituindo as de animais (CAT-H) e, posteriormente,
em 1966, foi lançado um suplemento do CAT, o CAT-S, composto por
figuras de animais em outras situações diferentes do teste da primeira
versão. Atualmente, apenas a versão CAT-A está considerada favorável
pelo Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos – SATEPSI e as
outras versões encontram-se desfavoráveis para aplicação.

Tendo como fundamento a teoria psicanalítica, o CAT tem por objetivo


eliciar processos projetivos sob a forma de histórias, de modo a facilitar
a compreensão das tendências da criança e suas relações com as
figuras mais importantes de sua vida, a natureza e a força dos impulsos
e tendências, as defesas mobilizadas contra eles, a dinâmica das
relações interpessoais, o estudo do desenvolvimento infantil e a
compreensão da dinâmica familiar.

As situações e cenas que compõem os cartões referem-se a aspectos


importantes do desenvolvimento da criança dentro da perspectiva da
teoria psicanalítica, tais como: a fase oral, anal, fálica, complexo
edipiano, reações diante da cena primária, relações objetais etc.

Os elementos que os cartões exploram geralmente são analisados com


base nesses pressupostos teóricos e estão relacionados a questões
como situações e papéis importantes no desenvolvimento e na vida da
criança, bem como problemas de alimentação, rivalidade entre irmãos,
complexo de Édipo e cena primária, agressão, medos, masturbação,
hábitos de limpeza etc.

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Os cartões de aplicação que compõem o CAT-A são formados por


representações de cenas impressas em tons de cinza sobre fundo claro
com a presença de personagens animais e são apresentados um por
vez à criança, que deverá narrar uma história a partir da cena
apresentada. A sequência da apresentação é determinada pela
numeração de 1 a 10, enquanto os outros cartões permanecem ocultos,
favorecendo que a criança se concentre em apenas uma gravura por
vez. A seguir, veremos de forma resumida a descrição de cada cartão e
as cenas que os constituem (HUTZ; BANDEIRA; TRENTINI, 2018):

Cartão 1: Três pintinhos estão sentados em volta de uma mesa,


sobre a qual está uma tigela grande de comida. Mais para o canto,
pode ser vista a imagem difusa de uma galinha grande.

Cartão 2: Um urso puxa uma corda em uma ponta, enquanto outro


urso e um ursinho puxam na outra ponta.

Cartão 3: Um leão com um cachimbo e uma bengala, sentado em


uma cadeira. No canto inferior direito, um ratinho aparece em um
buraco.

Cartão 4: Um canguru, usando um chapéu, leva uma cesta com


uma garrafa de leite; em sua bolsa há um bebê canguru segurando
um balão; em uma bicicleta, está uma criança canguru um pouco
maior.

Cartão 5: Um quarto escuro, com uma cama grande ao fundo. No


primeiro plano, pode-se ver um berço com dois ursinhos.

Cartão 6: Uma caverna escura com o contorno de dois ursos ao


fundo. No primeiro plano, pode-se ver um ursinho deitado.

Cartão 7: Um tigre com presas e garras expostas salta sobre um


macaco, que, por sua vez, pula no ar.

Cartão 8: Dois macacos adultos estão sentados em um sofá,


tomando chá. Um macaco adulto, no primeiro plano, sentado em
um pufe, está falando com um macaco pequeno.

Cartão 9: Um quarto escuro é visto por uma porta aberta de um


ambiente iluminado. No quarto há uma cama na qual há um

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coelho que olha para a porta.

Cartão 10: Um cachorrinho está deitado no colo de um cachorro


que está sentado. As duas figuras têm expressão neutra e estão
em um banheiro.

Aplicação do CAT-A
O processo de aplicação do CAT-A tem seu início bem antes da
apresentação dos cartões. Como em qualquer outro teste psicológico,
um dos principais ingredientes para uma boa aplicação é o bom
estabelecimento do rapport com a criança, isto é, um bom
estabelecimento de um vínculo e aliança terapêutica.

Após esse passo, é recomendado que o CAT- A seja apresentado à


criança como um jogo e não como um teste, entretanto, ao se tratar de
crianças maiores que já possam compreender que se trata de um teste,
é relevante frisar e esclarecer que não se trata de um instrumento de
aprovar ou reprovar, mas que o mais importante é ela inventar uma
história para cada figura que será apresentada.

É muito importante também antes de aplicar qualquer teste, que


tenhamos domínio sobre ele. Assim, como é previsto no código de ética
profissional do psicólogo, é fundamental que o psicólogo assuma
responsabilidades profissionais somente por atividades para as quais
esteja capacitado pessoal, teórica e tecnicamente (CFP, 2005).

A forma de execução do teste consiste em comunicar à criança que


serão apresentados cartões sobre os quais ela terá que inventar uma
história a partir do que está sendo observado por ela. É muito
importante que o psicólogo demonstre interesse pelo que a criança está

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trazendo e anote tudo o que ela disser, bem como seu comportamento
diante de cada cartão.

De um modo geral, devem ser observadas a atividade


física e as posturas que acompanham as respostas,
tais como a forma que a criança segura cada cartão,
ou como devolve para o psicólogo (por exemplo, com
raiva ou desanimada).

As instruções originais do teste recomendadas por Bellak e Abrams


descreviam o teste como um jogo de histórias no qual eram usadas 10
figuras. Uma figura por vez era mostrada à criança para que ela criasse
uma história de faz de conta. A criança deveria dizer o que estava
acontecendo na figura, o que acontece depois e o fim da história; ou o
que aconteceu antes, o que está acontecendo e o final da história. O
importante era ela criar uma história com começo, meio e fim.

Essa forma estruturada de aplicar o teste e apresentar os cartões


permite que a criança compreenda o que precisa desenvolver ao longo
da avaliação. As instruções podem ser retomadas sempre que
necessário, devendo ser realizadas de forma sucinta e adequadas à
etapa do desenvolvimento do avaliado.

Exemplo
Se a criança se encontra na fase pré-escolar, ao retomarmos as
instruções, elas podem ser fornecidas a partir de uma sequência
temporal no momento propício, perguntando de forma direcionada: “E o
que aconteceu antes?”, “E o que acontecerá depois?”. Se, porventura, ela
não conseguir fugir da mera descrição das pranchas, a recomendação é
para que o entrevistador solicite que a criança imagine uma história.

Ocampo (2003) sugere que durante a aplicação o psicólogo


entrevistador pode intervir com perguntas que esclareçam mais o que
foi dito pela criança, a fim de estimular a obter uma resposta mais
completa possível, permitindo que ela se estenda mais em sua
construção e finalize cada história. Entretanto, é necessário que o
entrevistador tenha o cuidado para não direcionar e fazer perguntas que
possam sugerir situações determinadas, prejudicando a história
originalmente construída pela criança.

Deve-se também evitar perguntas que possam


ser respondidas com “sim” ou “não” em cada
tema apresentado.

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Significados dos cartões


No processo de identificação dos temas evocados a partir dos
estímulos percebidos pelas crianças é recomendado considerar a
importância de conhecer os temas que geralmente são mobilizados
pelos estímulos que cada uma traz. A partir dos temas, é possível achar
as narrativas mais originais, ou seja, mais relevantes em termos de
ansiedades, conflitos e defesas específicas de cada criança.

Dica
Observe como a criança narra a história, de modo a identificar se ela faz
apenas uma descrição da cena estática de cada cartão ou se, a partir do
estímulo apresentado pelas cenas, ela consegue desenvolver uma
história. Caso a criança fique mais restrita à mera descrição, pode ser
um sinal de uma possível resistência à situação da aplicação ou
maneiras de enfrentamento da ansiedade diante de algum tema difícil.
Entretanto, cabe considerar que toda narrativa apresenta elementos
presentes no estímulo.

De acordo com Tardivo (2008), os significados dos temas que surgem


em cada cartão de acordo com a população brasileira são os seguintes:

Cartão 1 expand_more

O significado desse cartão pode fazer referências à figura


materna, geralmente percebida como alguém que nutre e
gratifica. Podem surgir temas referentes ao ato de comer, de ser
ou não ser alimentado e atitudes diante da alimentação. O papel
da comida como recompensa ou punição e problemas gerais de
oralidade também podem estar presentes.

Cartão 2 expand_more

O significado desse cartão costuma ser associado à percepção


do conflito edípico, como também é relevante observar com
quem o ursinho coopera (mãe ou pai). Podem surgir temas
relacionados à competitividade, revelando segurança ou
insegurança da criança no que se refere à sua própria
capacidade, sendo manifestada, por exemplo, como uma luta,
com expressão de agressividade da própria criança ou
autonomia, como também por meio da brincadeira (cabo de

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guerra). A ruptura da corda pode estar relacionada à


preocupação com o castigo ou, de forma simbólica, com o medo
da castração.

Cartão 3 expand_more

O significado desse cartão demonstra como o personagem do


leão geralmente é associado à figura paterna, reforçado pelo
contexto simbólico do cachimbo e bengala e pelo fato de estar
sentado no trono como um “rei”. O símbolo da bengala pode ser
visto tanto como um instrumento de agressividade, como para
depreciação, sendo o leão visto como alguém mais velho que
necessita de apoio, que denote impotência e não imponha temor
(nesse caso, é necessário observar se poderia ser uma defesa).
É importante verificar que tipo de força essa figura do leão
representa, se é boa ou ruim. O outro personagem, o ratinho,
costuma ser visto como a figura de identificação da criança, o
que torna relevante observar o tipo de relação e interação entre o
ratinho e o leão (se é amistosa, consoladora, ameaçadora). Para
confirmar que essa projeção pode estar relacionada à figura
paterna, é importante relacionar com outras histórias e outros
dados. Algumas crianças podem alternar a identificação com o
leão e o ratinho ao longo da construção da história, o que pode,
por exemplo, ser um indicativo de confusão de papéis ou conflito
de submissão e autonomia.

Cartão 4 expand_more

O significado desse cartão geralmente está relacionado a


situações de lazer e relação com a figura materna, sendo este
um aspecto importante. Podem surgir questões relacionadas à
rivalidade entre irmãos e indagação sobre a origem dos bebês.
Também podem ser identificados comportamentos regressivos
para ficar mais perto da mãe (identificação com o bebê), ou
desejos de autonomia (ênfase no canguru pequeno andando de
bicicleta). A cesta de frutas também pode evocar questões
relacionadas à comida e, em alguns casos, podem surgir temas
relacionados à fuga do perigo.

Cartão 5 expand_more

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O significado desse cartão comumente pode surgir estando


relacionado à cena primária, tais como medo de abandono, fuga
da situação (ex.: os ursinhos estão dormindo e os pais estão fora
de casa), e necessidades orais (os ursinhos estão com fome ou
estão recebendo alimento). Atenção: Nos cartões 5 e 6 podemos
observar como a criança se sente com a intimidade dos pais.

Cartão 6 expand_more

O significado desse cartão também está relacionado à cena


primária, sendo geralmente uma ampliação de questões que não
foram anteriormente trazidas no cartão 5. Entretanto, temas
como ciúmes, castigos, necessidades de proteção e medo de
perder a mãe podem surgir também.

Cartão 7 expand_more

O significado desse cartão costuma evocar e favorecer a


expressão do medo da agressividade e de modos de lidar com
ela, tendo as respostas mais típicas relacionadas à figura que
ataca, geralmente percebida como masculina, ameaçadora,
hostil e persecutória. A rejeição a esse cartão pode revelar uma
defesa contra a ansiedade da criança diante de situações
ameaçadoras que envolvam expressão da agressividade, bem
como histórias que não produzem o efeito esperado a partir do
estímulo (ex.: o tigre e o macaco estão brincando ou são
amigos).

Cartão 8 expand_more

O significado desse cartão demonstra que o estímulo costuma


revelar qual é o papel da criança na estrutura e aspectos da
dinâmica familiar, bem como também podem surgir significados
relacionados à identificação com a figura parental e sentimento
de proteção e aceitação. A figura do adulto em primeiro plano
pode ser percebida tanto como figura materna quanto paterna.

Cartão 9 expand_more

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O significado desse cartão pode relacionaar o tema a castigo,


agressividade e pesadelos. Podem surgir temas relacionados ao
medo do escuro, de ser abandonado pelos pais ou de ser
deixado sozinho. Eventualmente, a criança pode trazer algum
conteúdo relacionado ao que se passa no ambiente ao lado,
provavelmente devido à interferência de mecanismos de defesa
diante da ansiedade mobilizadas pelos temas anteriormente
descritos. Em contrapartida, também podem surgir nas histórias
significados relacionados ao desejo de independência e
crescimento.

Cartão 10 expand_more

O significado desse cartão demonstra histórias relacionadas ao


controle dos esfíncteres e controle dos impulsos que podem ser
observadas, bem como concepções de moralidade da criança.
Ocasionalmente, foram observados temas de carinho e cuidado
entre os personagens, o que pode evidenciar relações
gratificantes da criança ou defesas contra a ansiedade
mobilizada pelo estímulo, tais como punição ou agressividade.
Por se tratar do último cartão da avaliação, alguns pontos podem
ser mais facilmente evidenciados, tais como tendências
regressivas e controles frágeis.

video_library
Significados dos cartões e
aplicação do CAT-A
Neste vídeo, a especialista apresenta os significados atribuídos aos
diversos cartões a forma de aplicação do CAT-A.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


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Questão 1

No que se refere ao CAT-A, como é realizado o processo de


avaliação?

A partir de histórias que as crianças constroem ao


A serem apresentados cartões contendo figuras de
animais e figuras antropomórficas.

A partir de histórias que o psicólogo conta para as


B crianças ao apresentar cartões contendo figuras de
animais e de pessoas.

A partir da leitura e interpretação de histórias que as


C
crianças leem para o psicólogo.

A avaliação ocorre ao serem apresentados para a


D criança cartões contendo personagens animais e
humanos.

Por meio da leitura de histórias e a produção de


E
desenhos que as crianças fazem.

Parabéns! A alternativa A está correta.

O CAT-A é um teste voltado para crianças, no qual é realizada a


avaliação por meio das histórias que as crianças constroem à
medida que são apresentados a ela cartões contendo cenas com
personagens animais e figuras antropomórficas (figuras com
aspectos humanos). Não é o psicólogo que conta histórias para a
criança, é ela quem as cria. Assim, as crianças não leem histórias e
não as interpretam, elas as constroem a partir de sua imaginação.
Por outro lado, no CAT-A são apresentados para a criança cartões
contendo figuras de animais e antropomórficas, e não figuras
humanas.

Questão 2

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No que se refere ao CAT-A, a constatação de que a utilização de


figuras de animais em vez de pessoas era mais adequada para a
avaliação de crianças foi realizada por:

A Albert Ellis

B Henry Murray

C Ernst Kris

D Carl G. Jung

E Sigmund Freud

Parabéns! A alternativa C está correta.

O psicanalista e historiador da arte Ernst Kris, ao analisar o teste no


qual o CAT foi inspirado (o Teste de Apercepção Temática – TAT),
verificou que ele não atendia de forma integral às necessidades
práticas com crianças pequenas, pois muitas situações
representadas pelos cartões não eram relevantes no que se refere a
conflitos do crescimento.

4 - CAT-A: Interpretação e síntese

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Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os aspectos referentes
à interpretação e síntese do CAT-A – Teste de Apercepção Temática
Infantil – Figuras de Animais.

Interpretando o CAT-A
No processo de interpretação do CAT é necessário, inicialmente, levar
em consideração que as técnicas projetivas exigem um tipo de
raciocínio interpretativo diferenciado, de forma que a análise do
instrumento não se dá apenas por meio da observação de cada
resposta individualizada e a realização de um somatório de respostas.

É preciso considerar um processo de síntese, ou seja,


integrar as respostas em um todo que reflita a
organização singular dos diferentes elementos
apreendido.

Isso significa que a cada resposta analisada dos cartões o psicólogo vai
ampliando, aprofundando e esclarecendo o funcionamento específico
da criança avaliada. Sendo assim, podemos considerar que a análise do
CAT-A é fundamentada, basicamente, a partir das interpretações que a
criança faz do estímulo, isto é, ela interpreta à sua maneira, em função
de suas necessidades e motivações.

Exemplo
O psicólogo, então, deve buscar compreender ao longo de todo o
protocolo, como a ansiedade interfere em cada produção, ou quando os
conteúdos pessoais são retidos ou expressos, ou quando a criança
consegue se soltar ou se retrai, ou até mesmo quando pode aumentar
ou diminuir suas defesas a partir do impacto de um estímulo específico.

Para tanto, diante da complexidade das possibilidades de interpretação,


alguns esquemas foram desenvolvidos a fim de melhor contribuírem
para uma sistematização e organização dos dados observados durante
a aplicação. Vamos abordar aqui uma maneira de analisar e interpretar o
CAT-A a partir dos pressupostos teóricos de Bellak e Abrams (2010), que
organizaram uma estrutura conceitual composta por oito categorias:

Autoimagem expand_more

Baseia-se nas características do herói principal – a figura central


do relato, em torno da qual a história transcorre. O herói é

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considerado a figura de identificação, na qual a criança projeta


suas características reais ou ideais. Quanto menos parecidos
com o narrador, mais latentes podem ser os aspectos de sua
personalidade evocados.

Relações objetais expand_more

Baseia-se na relação sobre como a criança percebe as outras


pessoas e o tipo de relação que estabelece com elas, sejam eles
pais, irmãos, amigos, rivais. De um modo geral, as relações
podem ser percebidas como de apoio, rivalidade etc.

Concepção do ambiente expand_more

Baseia-se na categoria que se refere ao contexto que envolve o


herói, e quanto mais coerente for a visão do ambiente mostrada
nas histórias do CAT-A, mais motivos existem para considerá-lo
útil de suas reações na vida diária.

Necessidades e conflitos expand_more

Baseia-se nas necessidades que estão relacionadas ao


comportamento do herói ou afirmações explícitas que ele
procura, ou deseja. Os conflitos podem estar relacionados aos
impulsos que se opõem ao superego, sendo importante sua
identificação a fim de observar as ansiedades subjacentes e as
defesas utilizadas para enfrentá-la.

Ansiedades expand_more

Baseia-se nas ansiedades que se refere ao que está por trás dos
conflitos, o motivo fundamental de como os conflitos se
configuram, ou seja, àquilo de que a criança realmente se
defende. Dentre as ansiedades mais importantes, estão as
relacionadas a danos físicos, abandono (solidão, falta de apoio),
medo de ser desaprovada (perder o amor ou não o ter).

Mecanismos de defesa expand_more

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Baseia-se em dois tópicos que foram subdivididos aqui a fim de


tornar mais clara a sua compreensão e análise:

A) Mecanismos de defesa adaptativos:

Formação reativa – adoção de um impulso contrário ao que é


indesejável que é mantido inconsciente. É adotada uma postura
rígida que impede a expressão de impulsos contrários.

Anulação e ambivalência – a anulação é uma ação que visa


cancelar ou negar o que foi verbalizado; a ambivalência é uma
expressão de atitudes e sentimentos contraditórios em relação a
uma pessoa ou objeto.

Isolamento- constitui-se no processo de romper a associação do


discurso de modo a excluí-los do consciente, evitando o
autoconhecimento, como por exemplo, pausas no decurso do
pensamento ou outra estratégia que esparse a continuidade da
fala.

Repressão e negação – repressão é a operação psíquica na qual


é retirado da consciência algum conteúdo (ideia ou afeto)
indesejável. Negação está relacionada ao mecanismo utilizado
como último recurso, ou seja, quando outros mecanismos não
foram o bastante para ‘barrar’ algum conteúdo inadequado ou
desejo reprimido.

Projeção e Introjeção – na projeção, o impulso inaceitável é


atribuído a outra pessoa, objeto ou evento externo, onde a
pessoa expulsa de si qualidades, sentimentos, desejos ou
objetos que não aceita em si mesmo e localiza nos outros. Na
introjeção, a pessoa introjeta em si características de outras
pessoas visando resolver suas próprias dificuldades emocionais.

B) Mecanismos de defesa imaturos, fóbicos ou desorganizados:

Medo e ansiedade – os conteúdos ansiógenos se expressam


explicitamente. O discurso permanece relativamente organizado,
mas não há possibilidade de enfrentamento ou solução do
conflito subjacente.

Regressão – está relacionado a um retorno a formas de


gratificação de fases anteriores diante de conflitos que surgem
em estágios posteriores do desenvolvimento, podendo ser
percebidos a partir das formas de expressão e comportamento
da pessoa.

Controles frágeis ou ausentes – está relacionado a observação


de falhas de lógica e articulação no discurso ao perceber o

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estímulo, indicando comprometimento do processo secundário,


o que dá origem à expressão de conteúdos primitivos e intensos.

Superego expand_more

Baseia-se na relação da categoria a possíveis punições pelos


comportamentos inadequados do herói e qual a proporção do
castigo ao deslize cometido (que pode indicar um superego
atuante). Se o castigo é exagerado, por exemplo, pode indicar
uma interferência do superego rígido; se é leve demais ou
inexistente pode indicar um superego frágil. Entretanto, nem
todos os relatos permitem verificar diretamente o superego.

Integração do ego expand_more

Baseia-se na relacionada da observação se a criança consegue


realizar a tarefa de contar histórias, indicando seu nível geral de
funcionamento. Como exemplo: se o herói conseguiu lidar com
os problemas presentes na trama e se o desenlace foi realista ou
não. Outro ponto a considerar está relacionado a qualidade do
relato, em termos de riqueza de conteúdo, coerência da história e
adequação ao estímulo. Uma integração do ego fraca é
observada, por exemplo, em relatos impessoais ou meramente
descritivos ou desorganizados.

A partir dessas categorias conceituais existe uma síntese que é


produzida, resultando num último conceito denominado de totalidade.
Com esse oito norteadores mencionados anteriormente é possível ir
desenvolvendo um constructo que permita ao psicólogo identificar as
questões referentes à personalidade por meio da fala da criança e de
suas reações.

Análise dos conteúdos


Diante da complexidade de elementos para interpretação, a análise do
conteúdo visa identificar os relatos que mais se destacam nas histórias
construídas a partir da apresentação dos cartões.

De acordo com o manual de aplicação do CAT- A, a sistematização dos


dados permite organizar e visualizar a interpretação e análise dos

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conteúdos. Sendo assim, foi desenvolvido um sistema de pontuação de


acordo com os elementos identificados, referente às categorias de
interpretação proposto por Bellak (2010). A seguir, apresentamos alguns
elementos considerados nas diferentes categorias:

Autoimagem
Pontuação positiva de acordo
com as características do herói
(ex.: positivo quando é visto
como bom, corajoso; negativo
quando é visto como incapaz,
inferior).

Relações objetais
Pontuação de acordo com a
maneira em que as figuras
importantes são descritas no
relato (ex.: positivo quando
denotam aceitação, proteção;
negativo quando denotam
rejeição, insegurança).

Concepção do
ambiente
Pontuação de acordo como a
narrativa descreve o sentimento
do herói frente ao ambiente (ex.:
positivo quando o herói se sente
valorizado; negativo quando o
ambiente sugere situações
inseguras).

Necessidades e
conflitos
Pontuação de acordo com a
maneira com que as

id d flit ã
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necessidades e conflitos são
especificadas ou não são
expressas no discurso e
narrativas.

Ansiedades
Pontuação de acordo com
expectativas reveladas (ex.:
positivo quando estão
associadas a exigências e
expectativas adequadas
relacionadas a aprovação;
negativo quando refletem receio
de perda de amor, abandono
etc.)

Mecanismos de
defesa
Pontuação referente a
habilidades para lidar com
estímulos internos e externos
(ex.: positivo- mecanismos
adaptativos; negativo-
mecanismos fóbicos, imaturos
ou desorganizados).

Superego
Pontuação referente a maneira
como o herói é tratado (ex.:
positivo- a punição do herói é
adequada ao deslize cometido;
negativo- não existe punição
frente a um deslize ou ela é
severa demais diante do deslize
cometido).

Integração do ego
P t ã l i d
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Pontuação relacionada a
qualidade do discurso e o
desenlace da narrativa (ex.:
positivo – relato organizado,
desenlace realista; negativo –
discurso pobre, desorganizado,
desenlace insatisfatório ou
irrealista).

No final a pontuação foi sistematizada com o intuito de auxiliar na


identificação de padrões recorrentes no protocolo, sendo necessário
estar atrelado à observação de outros fatores de avaliação contidos no
instrumento.

Síntese do CAT-A
Tendo em vista que o objetivo deste instrumento é chegar a elementos
da personalidade a fim de obter uma apreciação global dos recursos da
criança observadas na interpretação, é necessária a realização de uma
síntese para organizar os elementos observados durante a aplicação do
instrumento. Assim, podemos identificar diferentes níveis de análise.

Inicialmente, é importante a realização da síntese do tema principal com


o objetivo de identificar o conteúdo latente (a narrativa em seu estado

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bruto, que não está manifesto) do relato.

É importante, então, descrever de forma sucinta e objetiva o relato (nível


descritivo), compreender a partir de uma generalização formulada em
termos de “se... então”, visando uma lógica interpretativa (nível
interpretativo) e, após essa etapa, buscar identificar o conteúdo latente
a fim de alcançar a dinâmica da criança (nível diagnóstico).

Após esse procedimento, é relevante você considerar alguns itens que


possam auxiliar na compreensão do funcionamento da criança, tendo
em vista o estágio do desenvolvimento e o nível sociocultural no qual
cada criança se encontra. Alguns aspectos são importantes dentro
dessa síntese:

Aspectos intelectuais

Considerar a amplitude do vocabulário, a riqueza do discurso e


a diversidade de temas abordados.

Autoimagem

Considerar a percepção da criança e o quanto confia em sua


própria capacidade de resolver as dificuldades que enfrenta
(adequação e participação do herói no desenlace; tipos de
desenlace).

Concepção do ambiente e relações objetais

Considerar a percepção que a criança possui do ambiente e as


pressões existentes sobre ela, bem como suas interrelações de
modo geral, de forma particular com as personagens que
representam as figuras parentais interagindo com o herói dos
relatos.

Principais necessidades, conflitos e


ansiedades

Considerar a identificação de quais são as necessidades e os


conflitos mais recorrentes, especialmente nos cartões onde a
criança não mantém um discurso organizado ou apresenta
pouca qualidade na produção.

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Defesas e elaboração dos conflitos

Considerar que este item está relacionado ao processo de


identificação a quais são as defesas mais usadas e suas
consequências em termos de facilitar ou dificultar a elaboração
dos conflitos expressos nos relatos.

Encaminhamentos

Considerar a necessidade de intervenções posteriores e


possíveis alternativas que ajudem a criança no enfrentamento
de suas dificuldades, relacionadas aos familiares, ao ambiente
em geral ou a ela mesma, tais como atividades em grupo,
psicoterapia etc.

A síntese pode usar um relatório descritivo das observações realizadas


ao longo de todo o protocolo de aplicação, tais como expressões
corporais, maneiras de se aproximar de cada cartão e a forma como
foram realizadas as narrativas, além dos elementos anteriormente
descritos.

video_library
Elaboração da síntese e
relatório na interpretação do
CAT-A
Neste vídeo, a especialista apresenta os elementos e níveis de análise
que devem ser considerados na elaboração da síntese e relatório na
interpretação do CAT-A.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

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Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Quando falamos de mecanismos de defesa, é possível subdividi-los


em adaptativos ou desorganizados. Marque a seguir a opção
relacionada a mecanismos de defesa desorganizados.

Regressão; medo e ansiedade; controles frágeis ou


A
ausentes.

Repressão e negação; medo e ansiedade; controles


B
frágeis ou ausentes.

Medo e ansiedade; controles frágeis ou ausentes;


C
projeção e introjeção.

Regressão; repressão e negação; medo e ansiedade;


D
isolamento.

E Regressão e negação, projeção e isolamento.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Os mecanismos de defesa foram subdivididos aqui em dois tópicos


a fim de tornar mais clara a sua compreensão e análise. Eles foram
subdivididos em: a) adaptativos; e b) desorganizados, fóbicos ou
imaturos. Os mecanismos de defesa desorganizados, fóbicos ou
imaturos estão divididos em: regressão; medo e ansiedade;
controles frágeis ou ausentes.

Questão 2

No Teste de Apercepção Temática – CAT-A é necessária a


realização de uma síntese dos elementos elucidados no teste, a fim
de se fazer uma análise global da criança. No que se refere ao tema
principal, os níveis interpretativos referentes ao processo de síntese
são os níveis:

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A Descritivo, interrogativo, diagnóstico.

B Declarativo, interpretativo, diagnóstico.

C Descritivo, interpretativo, diagnóstico

D Descritivo, interpretativo, prognóstico.

E Declarativo, interrogativo, prognóstico.

Parabéns! A alternativa C está correta.

De acordo com o manual do CAT-A, é importante a realização da


síntese do tema principal, com o objetivo de identificar o conteúdo
latente do relato (a narrativa em seu estado bruto, que não está
manifesto). É importante, então, descrever de forma sucinta e
objetiva o relato (nível descritivo), compreender a partir de uma
generalização formulada em termos de “se... então”, visando uma
lógica interpretativa (nível interpretativo) e, após essa etapa, buscar
identificar o conteúdo latente a fim de alcançar a dinâmica da
criança (nível diagnóstico).

Considerações finais
Ao longo de todo o material, foram apresentados alguns dos testes para
avaliação de personalidade mais utilizados no Brasil, a fim de auxiliá-
lo(a) em sua futura prática profissional e introduzi-lo(a) no contexto da
avaliação psicológica. Tanto o TAT como o CAT-A são importantes
instrumentos na avaliação psicológica que precisam ser utilizados com
destreza, ética e consciência por parte do profissional psicólogo. É
sempre importante frisar que a utilização dos testes é de uso restrito ao
psicólogo, sendo vedado o seu compartilhamento e divulgação dos
resultados.

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headset
Podcast
Neste podcast, a especialista apresenta as particularidades dos testes
psicológicos TAT e CAT-A na avaliação psicológica.

Explore +
Para que você possa se aprofundar ainda mais nos conceitos que
permeiam a análise e interpretação do TAT, uma dica é você conhecer o
Dicionário de psicanálise, de Elisabeth Roudinesco e Michel Plon,
publicado pela editora Zahar em 1998.

Pesquise também pelo Dicionário de avaliação psicológica, de Juliane


Callegaro Borsa, Manuela Ramos Caldas Lins e Hugo Leonardo Rocha
Silva da Rosa, publicado pela Vetor Editora em 2022, para que você
tenha uma visão ampla acerca dos instrumentos de avaliação
psicológica.

Saiba mais sobre os testes que estão favoráveis e desfavoráveis para


uso, bem como sobre o sistema de validação que realiza essa distinção,
acessando o site do Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos
(SATEPSI).

Referências
AFFONSO, R. M. L.; FARIA, A. P. de. Avaliação da psicoterapia breve de
adulto: contribuição do teste de apercepção temática T.A.T. Bol. Psicol.,
São Paulo, v. 65, n. 143, p. 211-228, jul. 2015. Consultado na internet em:
16 mar. 2022.

https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03567/index.html# 58/60
08/02/2024, 18:03 As técnicas de contar histórias

BELLAK, L; ABRAMS, D. CAT-A: Teste de apercepção infantil: figuras de


animais/ Leopold Bellak e David M. Abrams; adaptado à população
brasileira [por] Adele de Miguel … [et al.]; [tradução Maria Cecília de
Vilhena Moraes Silva]. São Paulo: Vetor, 2010. - (Coleção CAT-A; v. 1)

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de ética profissional dos


psicólogos, Resolução nº 10/05, 2005. Consultado na internet em: 27
mai. 2022.

HUTZ, C.; BANDEIRA, D.; TRENTINI, C. Avaliação psicológica da


inteligência e da personalidade. Porto Alegre: Artmed, 2018.

MURRAY, H. Teste de Apercepção Temática. 3 ed. São Paulo: Casa do


Psicólogo, 2005.

OCAMPO, M. L. S.; ARZENO, M. E. G.; PICCOLO E. G. O processo


psicodiagnóstico e as técnicas projetivas. São Paulo: Martins Fontes,
2003.

OLIVEIRA, S. E. S.; BANDEIRA, D. R. Avaliação psicológica da inteligência


e da personalidade. Porto Alegre: Artmed, 2018.

TARDIVO, L.; SILVA, M. O Teste de Apercepção Temática com figuras de


animais (CAT-A). In: VILLEMOR-AMARAL; WERLANG. Atualidades em
métodos projetivos para avaliação psicológica. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2008.

VILLEMOR-AMARAL, A. E. de; XAVIER, M. de F. Avaliação da relação com


a figura materna no CAT-A. Psic: Revista de Psicologia da Vetor Editora,
São Paulo. v. 8, n. 2, p. 195-203, dez. 2007. Consultado na internet em:
19 mar. 2022.

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