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21/03/2023, 09:06 Livro 2 - Pedagogia da Presença

Livro 2 - Pedagogia da Presença

Site: Plataforma E-Cefope Impresso por: JUSCILENE FERREIRA ALVES


Formação Inicial do Modelo Pedagógico da Educação em Data: terça, 21 mar 2023, 09:06
Curso:
Tempo Integral - Estadual - Turma 1
Livro: Livro 2 - Pedagogia da Presença

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21/03/2023, 09:06 Livro 2 - Pedagogia da Presença

Índice

1. Pedagogia da Presença
1.1. Características da Pedagogia da Presença
1.2. Dimensão Prática da Pedagogia da Presença
1.3. Componentes Essenciais à Disposição Interior para a Presença
1.4. Obstáculos à Pedagogia da Presença
1.5. Comportamentos Comuns que São Obstáculos à Verdadeira Conexão Empática

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1. Pedagogia da Presença

Definição e Objetivos

O princípio da Pedagogia da Presença está presente nas ações de toda a Equipe Escolar, dos Anos Iniciais e Finais
do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, por meio de atitudes participativas e afirmativas, ultrapassando as
fronteiras da sala de aula. Materializa-se, por exemplo, por meio do estabelecimento de vínculos de consideração,
afeto, respeito e reciprocidade entre os estudantes e os educadores. Ou seja, é o fundamento da relação entre quem
educa e quem é educado, e traduz a capacidade do professor de se fazer presente na vida do educando,
satisfazendo uma necessidade vital do processo de formação humana.

Assim, a Educação em Tempo Integral colabora diretamente para reconectar a escola e a educação à vida dos
estudantes. Nesse sentido, faz-se necessário refletir acerca de como inserir ações e práticas que evidenciem a
Pedagogia da Presença no cotidiano escolar e garantir que os estudantes tenham tanto uma formação acadêmica
com excelência como um bom desenvolvimento de suas competências socioemocionais e suas habilidades
interpessoais.

Para nortear o entendimento acerca da Pedagogia da Presença e de seus desdobramentos, consideramos como
referencial teórico a obra “Pedagogia da Presença – da solidão ao encontro”, do Professor Antônio Carlos Gomes
da Costa, o qual afirma que “somente uma sociedade que aprende a tratar com respeito e dignidade aqueles que
considera os piores, poderá um dia respeitar integralmente a todos os seus cidadãos”.  (COSTA, 2001, p. 9)  Neste
sentido, é de suma importância desmistificar a ideia de que somente alguns educadores possuem o “dom” de se fazer
presentes de forma intencional e construtiva na vida de seus estudantes, uma vez que as experiências observadas ao
longo dos anos de implantação das escolas de Tempo Integral no Estado do Espírito Santo e em outros estados
brasileiros comprovam que “se fazer presente” na realidade dos educandos é uma aptidão possível de ser aprendida,
desenvolvida e aprimorada, desde que os profissionais da escola se permitam assumir um papel emancipador na
existência de seus educandos e que haja compromisso, engajamento e empatia pelas crianças e adolescentes.

Por fim, é preciso destacar que a presença pedagógica efetiva e próspera demanda abertura, reciprocidade, respeito
e compromisso:

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Disposição para Percepção


compartilhar Alerta
Simplicidade
Disponibilidade e
vontade sincera
para o diálogo Empatia (saber
colocar-se na
situação do outro)

Empenho/cuidado
em expressar-se
com franqueza e PEDAGOGIA
honestidade DA PRESENÇA Abertura para sua
própria interioridade e
capacidade de
Gosto por aprender e autoanálise
disposição para a
aprendizagem Consciência da
permanente comunicação

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1.1. Características da Pedagogia da Presença

Características da Pedagogia da Presença

Reciprocidade como essência


O educador incorpora atitudes básicas que lhe permitem exercer uma influência construtiva, criativa e solidária na
vida do educando. Este, por influência dessa relação com o educador, amplia e desenvolve autoconhecimento,
autoestima, autoconceito e autoconfiança, o que possibilita o aprimoramento de competências para relações
interpessoais e exercício de cidadania, elementos fundamentais para sua formação e futura construção do seu
Projeto de Vida.
Compartilhamento de tempo, de experiências e exemplos entre educador e educando
No ato de educar, educando e educador se tornam visíveis, perceptíveis e se fazem presentes em seu meio, em seu
tempo e em suas histórias, enquanto indivíduos e enquanto membros de suas gerações. O que torna isso possível
para o jovem, como explica Antonio Carlos Gomes da Costa, é a percepção de que “alguém compreendeu e acolheu
suas vivências, sentimentos e aspirações, filtrou-os a partir de sua própria experiência e comunicou-lhe com clareza a
solidariedade e a força para agir” (ICE, Princípios educativos, 2015, p. 35).
A ação educativa envolve tudo o que se faz para favorecer o desenvolvimento pessoal e social do educando
Isso inclui todas as atitudes, posturas, gestos e ações voltadas para o desenvolvimento pessoal, social ou produtivo
do educando, tanto em atividades educativas (formais ou informais) como em atividades de lazer ou profissionais.
É necessário exercício ativo de atenção e de diálogo, com intensa escuta do outro e de si próprio
O educador tem que se educar para escutar, observar, acompanhar o conjunto de acontecimentos reais que
transcorrem antes os seus olhos, seja da sua vida, seja da do outro.
É preciso considerar os muitos tempos da presença pedagógica
É fato que os muitos tempos da presença pedagógica precisam ser considerados, mas, quais são esses tempos? O
infográfico abaixo apresenta alguns aspectos da dimensão das temporalidades que precisam ser considerados para a
presença pedagógica.

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TEMPOS DA PRESENÇA PEDAGÓGICA

O PRESENTE O PASSSADO
O qual é preciso
No qual é preciso
compreender:
estar e agir de
aprender com a
maneira plena e
experiência
inquestionável
acumulada

O PRESENTE,
DE NOVO E O FUTURO
SEMPRE
Conhecer para
Nele retormar para traçar um
interagir, de maneira
plena e inquestionável,
caminho ao ponto
no exercício da tarefa que gostaria de
de educar atingir

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1.2. Dimensão Prática da Pedagogia da Presença

A Prática do Diálogo

Para ser capaz de ir ao encontro do outro, é indispensável partir de si, ou seja, estar em si. Em outras palavras, é
preciso presença, é preciso diálogo. Martins Buber (2009), no que concerne a questão tratada, nos traz três tipos de
diálogo:

TIPOS DE DIÁLOGO EDUCATIVO


Cada participante realmente
Em que duas ou mais pessoas se encontram no tem em mente o outro (ou os
mesmo espaço e cada uma fala apenas consigo outros) em seu ser presente e
mesma de maneira tortuosa, seguindo circuitos DIÁLOGO GENUÍNO particular e se volta para ele(s)
(Falado ou silencioso)
estranhos, mas têm a ilusão de troca. Nem para na intenção de estabelecer
aprender algo, nem para comunicar, nem para uma relação mútua e viva
convencer, nem para se conectar: apenas para
confirmar ou re-forçar a autoconfiança.

DIÁLOGO
TÉCNICO

Motivado unicamente pela


necessidade de entender
MONÓLOGO objetivamente alguma coisa. Este
(Disfarçado de diálogo) é o mais comum na vida
“moderna”.

O exercício da Pedagogia da Presença pressupõe a prática de um diálogo que permita que ambos sujeitos da ação existam quando
conversam acerca do assunto que se pauta. Tomando por base as referências de Antonio Carlos Gomes da Costa e o modelo de relação
de ajuda desenvolvido por Robert Carkhuff e posteriormente detalhado e aprofundado por Clara Feldman e M.L de Miranda (1983), a seguir
elencaremos as quatro fases da ajuda na presença pedagógica:

4 FASES DA
da Ajuda
na Pedagogia da Presença

Clique em + para ver um descritivo


mais amplo de cada Fase:

O Educando busca e se O Educando avalia a O Educando  compreende  O Estudante age no rumo


entrega à ajuda situação na qual está onde quer chegar no qual quer chegar

1 2 3 4
O Educador O Educador
O Educador O Educador comunica comunica e
comunica comunica corresponsabili orienta
disponibilidade compreensão  dade alternativas

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1.3. Componentes Essenciais à Disposição Interior para a Presença

De acordo com o professor Antônio Carlos Gomes da Costa, é 

“pela proximidade que o educador se acerca ao máximo do educando, procurando identificar-se com a sua
problemática, de forma calorosa, empática e significativa, buscando uma relação realmente de qualidade.
(...) A presença é uma habilidade que se adquire no exercício do trabalho, no convívio com a criança, na
demonstração que se importa com o bem-estar e com o projeto de vida dela”. (COSTA, 1991, p. 17-18)

Exercer a pedagogia da presença pode parecer uma tarefa complexa e de fato vai exigir muita dedicação e esforço.
Todavia, fazer uso da criatividade, do diálogo, da interação e do acolhimento pode resultar em mudanças
significativas na vida dos estudantes.

A missão de “humanizar a educação” é desafiadora em muitos contextos das escolas públicas brasileiras, mas é
urgente e necessário que isso aconteça, pois, conforme afirma Paulo Freire, é preciso “a única forma que eu tenho de
fazer amanhã, o que é hoje impossível, é fazer hoje o possível de hoje”. (FREIRE, 2003, p. 58) 

Essa aproximação e “quebra de barreira” entre educador e educando não significa que a sala de aula se tornará um
ambiente anárquico, mas sim que o educador estará disposto a dialogar com os estudantes, não colocando as
exigências antes da compreensão. É preciso que as crianças e os adolescentes se sintam acolhidos e aceitos,
independente de quem sejam e de onde venham, para que possam criar uma relação de confiança com o educador e
com a escola.

Antonio Carlos Gomes da Costa identifica três componentes essenciais nessa disposição para a presença, quais
sejam:

1 Abertura para conhecer, compreender, envolver-se de maneira sadia na experiência do outro, ir além dos contatos
superficiais e da intervenção puramente objetiva e técnica. É essa capacidade de deixar penetrar sua vida pela vida
dos outros que torna possível captar seus apelos e responder adequadamente a suas dificuldades e impasses, pré-
requisitos para a aceitação e a reciprocidade;

2 Reciprocidade em uma interação,  na qual os envolvidos se mostram receptivos um ao outro, se revelam


mutuamente, se aceitam e comunicam seus conteúdos sem abrir mão de sua originalidade;

3 Compromisso do educador perante o educando, com seu envolvimento integral no ato de educar. O educador
assume um compromisso que vai muito além da adaptação do educando a uma realidade dada: ele abre espaços e
compartilha ferramentas para a construção da presença do educando, na medida em que este amplia sua autonomia
e suas bases de liberdade, escolha e compromisso consigo mesmo e com os outros, e se torna mais competente
para aproximar e integrar seu ser (o que é) e seu querer ser/tornar-se (o que quer ser/tornar-se).

O exercício da Pedagogia da Presença é tarefa de todas as pessoas envolvidas em uma instituição dedicada
à educação (educadores, professores, coordenadores pedagógicos, bibliotecários, porteiros, assistente de serviços
gerais, pessoal administrativo, gestores e outros). É importante ter em mente que não se trata de trabalho restrito às
salas de aula, reuniões, nem a mesas de trabalho, afinal, cada pessoa presente no ambiente de educação tem
também um papel educador, mesmo informal.

Mas, como estruturar esse “processo de ajuda” ao educando? Primeiramente, partindo do pressuposto que, para
compreender um indivíduo, antes de mais nada é essencial conhecê-lo, criar uma relação de proximidade com ele,
observar o seu comportamento e mostrar genuína preocupação. Em seguida, envolve-se a “orientação para a
mudança”, incentivando e apresentando mecanismos e estratégias que o educando possa utilizar para transformar a
sua realidade e canalizar suas ações no desenvolvimento de suas potencialidades e de suas competências
socioemocionais.

Vale ressaltar aqui que é uma atribuição do educador se inteirar das dificuldades, fragilidades e potencialidades de
seus estudantes, e, quando identificar situações graves, comunicar a Gestão escolar para que estas sejam
encaminhadas aos profissionais da saúde para tratamentos específicos nos âmbitos da medicina, da psicologia e da
psicanálise, entre outros.

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Todavia, se cada educador estiver disposto a fazer os ajustes necessários para exercer de modo efetivo a pedagogia
da presença, os impactos positivos e as transformações na vida dessas crianças se tornarão evidentes para toda
comunidade escolar e a escola entregará para a sociedade jovens críticos, autônomos, solidários e participativos.

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1.4. Obstáculos à Pedagogia da Presença

O número de crianças, adolescentes e jovens que necessitam de uma efetiva ajuda pessoal e social para a
superação dos obstáculos para o seu pleno desenvolvimento como pessoa e como cidadão é crescente. Por isso, na
perspectiva da Pedagogia da Presença, nós, profissionais das escolas, precisamos nos atentar para algumas
armadilhas. São elas:

para aprimorar a Pedagogia da Presença


Medidas
disciplinares mau Negação de
conduzidas Responsabilidades

Chamadas de
atenção constante

ARMADILHAS QUE
Comparações
Cegueiras PODEM MINAR A
da Rotina
PRESENÇA
Julgamentos PEDAGÓGICA
moralizantes

Os rótulos Diastanciamentos

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1.5. Comportamentos Comuns que São Obstáculos à Verdadeira Conexão


Empática

Os hábitos podem nos levar a adotar alguns comportamentos que parecem empáticos, mas que, na verdade, se
usados de maneira irrefletida e por costume, impedem um diálogo verdadeiro. A seguir citaremos alguns destes
hábitos: 

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