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MAPA das

APRENDIZAGENS
A formação integral pretende que nosso estudante
se reconheça como responsável por si e pelo mundo,
CONSCIENTE de seu papel na escola e na sociedade.
COMPETENTE na busca de fazer o melhor possível, não
ficando na superficialidade. COMPASSIVO ao revelar
sensibilidade para ver e responder às necessidades do
outro. COMPROMETIDO consigo, com o outro e com o
mundo, inserindo-se como sujeito solidário nas diversas
relações que estabelece a partir de suas aprendizagens
nas diferentes dimensões do aprender.

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EDUCAÇÃOINFANTIL E
ENSINO FUNDAMENTAL I

Diante da tarefa de elencar critérios centrais que nas interações e relações sociais (contexto)
nas três dimensões para a última série da Edu- constroem suas identidades pessoais e coletivas,
cação Infantil e para o Ensino Fundamental I, a brincam, descobrem, imaginam, fantasiam, nar-
Equipe Pedagógica da Unidade I fez uma retoma- ram, ressignificam e questionam, dando sentido
da de diferentes documentos institucionais, entre às suas vivências, produzindo cultura. Entender
eles: os projetos dos componentes curriculares, a infância como categoria social significa dizer
os projetos das séries, os parâmetros finais das que ela está circunscrita a um tempo e a um
séries, o planejamento estratégico da unidade, os espaço. Entender que as crianças são produtoras
QMAs das séries, entre outros. Além dos docu- de cultura significa reafirmá-las como sujeitos
mentos institucionais, nos serviram de apoio para do processo formativo. Compreender isso nos
pesquisa, e posterior organização dos critérios, ajuda a caracterizar os estudantes e as infâncias
documentos como o PEC, a BNCC e o mapa de com as quais trabalhamos, estabelecendo rela-
competências do Colégio de la Inmaculada Con- ções entre esta caracterização e as dimensões da
cepción (Santa Fé, Argentina). aprendizagem integral que são centrais para o
Ao redigir os critérios foi necessário tam- nosso projeto: socioemocional, espiritual-religiosa
bém resgatar a concepção de infância do nosso e cognitiva.
projeto pedagógico. A infância, em nosso proje- Na Unidade I trabalhamos com duas eta-
to, é entendida como uma categoria social, que pas da Educação Básica: a Educação Infantil e
diz respeito a um período determinado da vida o Ensino Fundamental I. A Educação Infantil é
dos estudantes, sujeitos históricos e de direitos, entendida como primeira etapa da Educação

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Básica, que acolhe, educa e cuida (de forma A série de referência da Educação Infantil, no
indissociável) crianças de 01 ano e 11 meses a 05 mapa das aprendizagens, é o Infantil 5. Ou seja,
anos e 11 meses. Nessa etapa da Educação Básica, estamos trabalhando com direitos de aprendiza-
o foco são as brincadeiras e interações, com- gem para o final da última série, crianças com 5
preendidas como experiências que possibilitam anos completos. Vale ressaltar que as duas séries
aprendizagens, desenvolvimento e reflexão crítica, finais da Educação Infantil, pela legislação vigen-
garantindo a aprendizagem integral. A Educação te, são as únicas obrigatórias, conforme a Lei de
Infantil trabalha com três tipos de conhecimento: nº 12.796/2013.
o historicamente constituído, as práticas sociais Pretende-se que os critérios elencados para o
e os saberes cotidianos. O projeto pedagógico, Infantil 5 sejam referência para as quatro séries
nessa etapa, está articulado a partir de campos de da Educação Infantil e que sejam compreendidos
experiências, ou seja, trata-se de um arranjo cur- como aprendizagens às quais as crianças têm
ricular que busca articular: situações, experiências direito. Não se trata, portanto, de fazer seleção,
concretas e saberes da vida cotidiana ao conheci- promoção ou classificação das crianças a partir
mento historicamente constituído. Nesse contexto, dos critérios, o que seria incoerente com o proje-
a aprendizagem é articulada por meio de sete to pedagógico. A avaliação na Educação Infantil
direitos: conviver, brincar, interagir, conhecer e nos permite diagnosticar aprendizagens e retroa-
conhecer-se, expressar-se, explorar e participar. limentar a prática pedagógica.
As séries iniciais do Ensino Fundamental, na
perspectiva de dar continuidade ao processo de
aprendizagem das crianças, precisam manter

Eu, o outro
a ludicidade como um dos elementos centrais,
e nós além de proporcionar vivências e experiências
Traços, que enriqueçam e tornem a aprendizagem sig-
cores,
Corpo, gesto
imagens e
e movimento
nificativa. Dessa forma é possível a articulação
expressão
corporal do trabalho dos componentes curriculares com
as experiências da Educação Infantil. Para inserir
Campos de
experiência o estudante na rotina do Ensino Fundamental,
o papel do professor regente é central, pois é a
Espaços,
tempos, pessoa de referência para as crianças nas séries
quantidades, Sons e
relações e escuta iniciais, mediando as aprendizagens nas dimen-
transformações
sões já citadas.
Expressão,
representação, Uma das características das séries iniciais do
linguagens e
pesamento EF é a progressiva sistematização dos processos,
pois o foco é a alfabetização em todos os compo-

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nentes curriculares e o letramento na perspectiva
de apropriação do sistema de escrita alfabética e
AS SÉRIES E AS
da ampliação da competência comunicativa. DIMENSÕES
Por sua vez, nas séries finais do Ensino Funda-
mental I, no ciclo de 4º e 5º ano, são oportuniza- Na Educação Infantil e no Ensino Fundamen-
das aos estudantes diferentes experiências: tal I, o trabalho com a dimensão socioemocio-
nal passa pela relação da criança consigo (au-
• organização do tempo, do espaço e dos topercepção, autoconhecimento, autocuidado);
materiais pessoais e coletivos; com o outro (cuidado, respeito, reciprocidade,

• salas ambiente; empatia) e com o mundo. A criança, mediada


pelo educador, inicia o processo pelo reconhe-
• contato com diferentes educadores; cimento do corpo, das emoções e dos senti-
• iniciação aos estudos dos diferentes com- mentos, percebendo não só o seu corpo físico,
ponentes curriculares a partir de conceitos mas também aquilo que sente em determinadas
básicos e que envolvam a metalinguagem situações. Ela sente e age de forma espontânea e
específica das ciências, buscando abordá-las com mediação consegue perceber o que sentiu e
especificamente e, ao mesmo tempo, refe- a atitude que teve a partir do sentimento, apren-
rendando-as integradamente pelos traba- dendo, aos poucos, a interpretar e nomear o que
lhos dos núcleos. sente e a controlar suas reações. Isso acontece
à medida que a criança passa a reconhecer-se a
O ciclo dá continuidade ao processo de alfa- partir do outro. É do âmbito da dimensão socio-

betização e letramento, aprofundando-o nas lin- emocional também a constituição do sentimento


de pertença a um grupo e aos espaços. A partir
guagens das ciências, organizadas em núcleos do
das relações estabelecidas nos grupos e nos espa-
conhecimento, de maneira que esse trabalho pe-
ços pretende-se (nesta dimensão) trabalhar para
dagógico consubstancie uma nova organização
a tessitura de posturas de respeito, de cuidado
de tempo e espaço escolar, na qual o estudante
e de reciprocidade. Este é um trabalho prático
passa a formar a sua identidade micro (estudante
e cotidiano, que perpassa as relações interpes-
pertencente a uma instituição jesuíta) e a tomada
soais, mas também chega ao reconhecimento
de consciência de seu papel na sociedade (sujeito
da interdependência com o meio, à exploração,
histórico pertencente a um tempo e espaço social ocupação e uso de diferentes espaços; à desco-
mais amplo). berta do mundo físico e do mundo sociocultural.
Entendemos essas duas séries como uma fase Nas séries finais do EFI já é possível trabalhar
de trabalho pedagógico que requer cuidado, na constituição do conceito de justiça socioam-
incentivo e gradativa exigência para que o estu- biental. No Ensino Fundamental I ocorre uma
dante constitua maior autonomia na transição ampliação gradativa dos espaços das crianças, o
para a segunda Fase do Fundamental. que exige mais autonomia e responsabilidade. O

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estudante, nessa faixa etária, já tem condições de que nos ajuda a desenvolver a capacidade de
construir, compreender e seguir normas, regras e silenciar e voltar o olhar para si. São experiências
combinados. Esse trabalho não é feito de forma de reflexão e de autoanálise que são fundamen-
estanque e sim dentro de um processo de apren- tais como retroalimentadoras das atitudes, as
dizagem sociopolítica, que acontece, principal- quais precisam ser voltadas para o cuidado com
mente, nos momentos de assembleia de turmas, o outro e com o planeta, na perspectiva da ética
estratégia que é central na Unidade I. Trabalha-se cristã, ou seja, do amor verdadeiro pelo próximo,
ainda com situações micro, que permitem a cada do amor que é extensivo a todas as criaturas,
estudante ter maior clareza de que suas ações e entendendo que todas as formas de vida são
individualidades estão atreladas à coletividade, sagradas e que o Planeta é casa comum de todas
seja de um grupo ou de uma turma. Essas situa- as criaturas. Para que possamos consolidar tais
ções comumente são diferentes das circunscritas aprendizagens, iniciamos percebendo a vida e
ao seu universo familiar, pois demandarão ouvir, suas necessidades, da vida humana à vida dos
argumentar, contra-argumentar, analisar, nego- demais seres vivos. Com o foco a partir da vida, é
ciar, conciliar diferentes pontos de vista etc. possível trabalhar o cuidado tanto com o sistema
A dimensão espiritual-religiosa, nessa eta- biótico, quanto com o abiótico e suas relações
pa da Educação Básica, aproxima-se da dimensão de interdependência, pois esse conhecimento é
socioemocional e a complementa, passando tam- fundamental para que se constitua o que deno-
bém pela autopercepção. A criança, mediada pelo minamos consciência planetária. Pretende-se que
adulto e/ou por outras crianças, vai reconhecendo esse conhecimento gere responsabilidade, solida-
seus sentimentos, emoções e atitudes e, nesse riedade e compromisso, pois não basta assimilar
processo, é desafiada ao autocontrole e à bus- discursos, é preciso colocar-se em ações concre-
ca do Magis (conceito central nesta dimensão), tas, agindo e sabendo distinguir o que pode ou
que para essa faixa etária é traduzido como “Ser não melhorar a sociedade, a natureza, o Planeta
mais para os demais”. O Magis é trabalhado na enquanto casa comum que abriga a todos.
Unidade de Ensino I a partir do concreto, ou seja, Na Educação Infantil e no Ensino Fundamen-
daquilo que tem significado para as crianças, que tal, a dimensão cognitiva, passa pelo desen-
aos poucos incorporam o conceito à vida cotidia- volvimento das linguagens e de habilidades que
na, elaborando expressões como: “eu fui magis”; serão necessárias para toda a vida acadêmica do
“minha professora é magis”; “isso que você sujeito.
fez não foi magis”. A intencionalidade é que o Na faixa etária dos 5 anos (Infantil 5) são cen-
estudante almeje ser magis e que seja reconhecido trais a oralidade, o desenho, a linguagem corporal
por isso, e que trabalhe para isso, percebendo que e a musical. Busca-se a ampliação da capacidade
essa é uma construção permanente. comunicativa e expressiva das crianças e o de-
Para que essa busca seja possível, é preciso senvolvimento de conhecimentos matemáticos a
que, desde pequenos, os estudantes sejam de- partir da lida com relações espaciais, de tempo,
safiados a situações de reflexão interior e, nesse de quantidades etc. Descobrir, perceber, estabe-
sentido, a pausa inaciana é uma das estratégias lecer relações e conexões, fazer questionamentos

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sobre a vida e o mundo é típico dessa fase do pensamento crítico, criativo e comprometido. É
processo de aprendizagem. central ainda a busca intencional do desenvolvi-
No Ensino Fundamental I continua sendo cen- mento da autonomia dos estudantes, e este deve
tral o desenvolvimento de todas as linguagens, ser um foco permanente, levando-se em conta
com ênfase à linguagem escrita, à leitura e à que é dentro da nossa unidade que o estudante,
oralidade, pois as séries iniciais constituem o ciclo em termos cognitivos, passa da fase da hetero-
de alfabetização.
nomia para a autonomia. Isso faz com que desde
Ler e escrever são práticas sociais que am-
as primeiras séries seja necessário buscar, diaria-
pliam a capacidade expressiva dos estudantes e
mente, o desenvolvimento da responsabilidade
possibilitam a ampliação do repertório individu-
em pequenos gestos e atitudes que aos poucos
al e coletivo. Assim como ampliam também a
vão estabelecendo relações com o conhecimento.
possibilidade de leitura, não só de textos (verbais
Para concluir, vale ressaltar que ao trabalhar
e não verbais), mas também a leitura do mundo.
com as três dimensões e tentar determinar pa-
Nestas séries, a constituição de conceitos ganha
espaço nos diferentes componentes curriculares, râmetros para cada uma delas dentro das séries,

passando fundamentalmente pela oralidade, sentimos necessidade de colocar, em vários

leitura, interpretação e escrita. critérios, a mediação do educador. Isso porque,


Na perspectiva da metacognição, a inten- em nosso entendimento, quando a mediação
ção é que as crianças sejam mediadas para que aparece no critério, significa que a expectativa
possam ter percepção das próprias aprendiza- que se tem é que o estudante consolide deter-
gens, reconhecendo erros e acertos, dificuldades minada aprendizagem mediada por um adulto.
e facilidades etc. Esta percepção pode ser um Se o estudante der conta do que é proposto no
caminho para a autorregulação dos processos, ou critério sozinho, significa que ele está além do
seja, o que se espera é que o estudante consiga, critério. Aqui vale resgatar o conceito de zona
gradativamente, fazer diagnósticos sobre o seu de desenvolvimento proximal, de Vygotsky. No
processo de aprendizagem e que busque estraté-
entanto, é preciso deixar claro que se a mediação
gias para superar os desafios que surgem e para
não aparece no critério, não significa que ela
aproveitar aquilo que é favorável à aprendiza-
tenha deixado de ser importante. A mediação é
gem. Neste ponto entram questões relacionadas
categoria central em todas as séries.
à atenção, concentração, organização, memória,
Entregamos agora o mapa de aprendizagens,
imaginação, entre outras. O objetivo é a autono-
em sua versão preliminar, ao grupo de profes-
mia intelectual, vivenciada passo a passo com o
sores e desejamos que o exercício do segundo
adulto e com as demais crianças.
A dimensão cognitiva passa também pela ex- semestre seja rico e fértil e que ao fim do ano

ploração e pela experienciação da aprendizagem tenhamos o mapa qualificado. Entendemos que

em diferentes contextos, levando à ampliação do o uso deste, a partir de 2019, muito nos ajudará
repertório e à apropriação gradativa do contexto a mediar e garantir as aprendizagens dos (as)
micro e macro. Está em processo a formação do nossos (as) estudantes.

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ENSINO
FUNDAMENTAL II
A escrita dos presentes critérios teve por base da, avançamos, ano a ano, em um processo de
o eixo que compõe o trabalho do Ensino Funda- abstração capaz do uso do conceito como forma
mental II, a saber, a sedimentação dos conheci- e representação da realidade.
mentos científicos que são base (fundamento) Se compreendermos a mediação como um
e mediação para a formação humana e integral exercício de construção de significados e sen-
que se espera em uma das unidades da Rede. tidos a serem compartilhados para garantir o
Durante os meses de abril e maio, a Equipe do aprendizado e o desenvolvimento, a qualidade
EFII debruçou-se sobre uma série de documentos da mediação junto aos estudantes e turmas cria
“norteadores” das aprendizagens geradas nessa possibilidades de instrumentalização e habilitação
etapa de quatro anos de formação: planejamen- destes, para que sigam realizando novas e impor-
tos individuais das equipes, dos componentes tantes conquistas, desenvolvendo autonomia e
curriculares (e das antigas áreas de conhecimen- posturas adequadas para esta e para as demais
to), dos núcleos, das competências requeridas etapas escolares.
pela BNCC, entre outros. Outro sentido possível para a mediação, no
Extraímos desses diversos textos os concei- âmbito de nossas atribuições, é o de criar pro-
tos balizadores das aprendizagens, na medida blematizações que possibilitem aos diferentes
em que, ano a ano, expressam os avanços do protagonistas do processo educativo/formativo se
processo complexo de apreensão do mundo desinstalarem de suas posições e até reconfigura-
na forma de linguagem científica e cognitiva, rem suas visões sobre as questões que os envol-
socioemocional e espiritual-religiosa. O “mapa” vem. Nesse sentido, nossas interferências devem
das aprendizagens do EFII, composto de quatro orientar-se pelo cuidado com a pessoa e com a
“estações”, ou séries, busca nos orientar, pro- sua história - isso vale para nós educadores, para
fessores e equipe pedagógica, na condução e na estudantes e seus familiares. Trata-se de desen-
busca das aprendizagens requeridas, sempre em volver outra perspectiva quanto ao que se enten-
uma perspectiva dialógica e de excelência. de por conflito, resgatando sempre as intenções
O estudante, nessa fase, intensifica um e os valores que guiaram as pessoas, sugerindo a
processo reflexivo sobre si mesmo, em busca da alteridade e o respeito como referência de traba-
identidade como indivíduo e seus múltiplos pa- lho e, principalmente, ajudando a identificar as
péis, constituindo-se como sujeito autônomo nas condições para superação e crescimento a partir
três dimensões. Uma autonomia muitas vezes dos eventos que provocaram tensões.
mediada pelos diversos sujeitos que escrevem, A identidade, ou a constituição da mesma, é
em parceria com ele, as rotas de aprendizagem elemento que transpassa as quatro séries nas três
capazes de formar para a descolonização do pen- dimensões. Na perspectiva antropológica, a com-
samento, da cultura e do saber. Nessa caminha- preendemos como abertura geral do ser em seu

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processo existencial. Nesse sentido a identidade Nos anos finais, tratamos de relações e emo-

é muito mais um “adjetivo” que um substantivo ções situadas em um tempo/espaço de urgências

imutável e idêntico a si mesmo, é múltipla no e transições para o Ensino Médio e, por consequ-
ência, transições para o mundo do “adultecer”.
tempo e no espaço.
A inserção e engajamento em determinados
grupos identitários, a constituição da identidade
DIMENSÃO e a vivência das emoções nas relações afetivas
não apenas do grupo, mas na cumplicidade do
SOCIOEMOCIONAL outro mais próximo, o assumir dos processos e
responsabilidades que anos à frente desaguarão
A dimensão socioemocional, no EFII, é cons-
na chegada da vida adulta são facetas “desse
tituinte do ser humano como ser de/para as rela- período final” - que na totalidade da vida é ape-
ções. Significa afirmar que a existência encontra nas um começo - de formação para as bases do
“sentido” nas relações e nos diversos olhares conhecimento e para o aprofundamento no trato
que cada ser humano apreende do mundo, de si, com o mundo das emoções.
do outro e do transcendente. Também significa Cabe reforçar que os critérios das aprendiza-
defender que as emoções humanas carregam em gens para a dimensão socioemocional também
seu fundamento a alteridade e o cuidado com o nos servem de bússola que aponta rotas e possi-
outro. A narrativa e vivência dos afetos é sempre bilidades para o trato de conteúdos humanizado,
algo compartilhado em uma comunidade huma- capaz de formar também para uma inteligência

na de sentido. Não há como formarmos inte- afetiva e para o mundo por vezes conflituoso das

gralmente sem que se parta, necessariamente, relações humanas.

do respeito ao outro. Esses olhares compõem o


sentido do mundo e tecem, dia a dia, a identida-
de e subjetividade de cada pessoa.
DIMENSÃO
ESPIRITUAL-
Por se tratar de um percurso de quatro anos,
trabalhamos com o estudante que nos chega
RELIGIOSA
ainda criança e imerso no horizonte simbólico da
Trabalhar a dimensão espiritual-religiosa no
infância. As relações e emoções, nos Anos Ini-
EFII, via currículo, nos traz um grande desafio/
ciais dessa etapa, ainda se formam por meio da
possibilidade para a descolonização dos nossos
brincadeira, do imagético e lúdico. Mas também currículos e, por sua vez, para a humanização
apresentam os primeiros conflitos, que aparece- dos mesmos. Humanizaremos ainda mais os
rão com maior força nos Anos Finais e no Ensino nossos processos e tornaremos evidência aqui-
Médio: o uso dos espaços, o respeito a si mesmo lo que, a princípio, não nos soa evidenciável: a
e ao outro, a noção provisória e embrionária de autotranscendência, a dimensão de solidarieda-
um projeto de vida capaz de respeitar todas as de, partilha, engajamento, sensibilidade e cui-
formas de vida. dado para com o outro serão centrais. E, aqui, a

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dimensão espiritual-religiosa ultrapassa e abarca
a dimensão política, na medida em que mesmo
DIMENSÃO
com ideologia pode ser capaz de olhar para além COGNITIVA
das ideologias reinantes – a misericórdia como
ponto de partida de quaisquer ações humanas. A dimensão cognitiva envolve o aprender e
Perguntamo-nos, diante do mapa das apren- o saber pensar de nossos estudantes nas múl-
dizagens: como inserir uma dimensão que parte tiplas relações com o conhecimento da ciência,
da noção de transcendência em um espaço em conexão com o conhecimento da vida. É
formativo que, por excelência, trata da imanência importante destacar que o desenvolvimento está
da matéria e dos discursos criados em torno da diretamente relacionado à aprendizagem, ou
lógica da ciência ocidental? seja, um não ocorre sem o outro. Esse processo
Na relação entre a transcendência e as acontece em espiral crescente, nos dando a no-
dinâmicas da ciência lógico-demonstrativa, as ção de avanços no desenvolvimento em contínuo
oportunidades que se abrem são variadas. Em crescimento.
primeiro lugar, uma possibilidade de relação com Nesse processo, a mediação dos educadores
o conhecimento que seja contemplativa na ação, é necessária para que o estudante, ao longo do
uma contemplação que gere discernimento e EFII, possa aos poucos se perceber e se assumir
engajamento, tal como na Segunda Semana dos como sujeito do seu processo de aprendizagem
Exercícios Espirituais. De modo geral, ensina- e desenvolver a autonomia no aprender, no que
mos os nossos estudantes a explorar a realidade se refere à metodologia de estudo, organização
conhecida, retirando do mundo e do saber uma e disciplina pessoal, a partir de cada componente
dignidade própria e inalienável e os “rastros de curricular e das áreas do conhecimento.
humanidade” presentes em toda produção inte- Nessa fase os estudantes encontram-se num
lectual a serviço do mundo. período de transição para a adolescência, no qual
Em segundo, uma atitude contemplativa leva a construção da identidade vai gradativamente
à autotranscendência, a uma postura mística se revelando. As megahabilidades e habilidades
restituindo ao mundo a sacralidade necessária ao cognitivas envolvem a capacidade de abstração,
respeito e ao cuidado. Uma sacralidade reflexiva generalização, estabelecimento de relações,
e inquiridora. Uma sacralidade capaz de colocar comparações, análise e síntese. Destaca-se a
no centro do debate o respeito à vida em todas habilidade de pensar nas relações entre conceitos
as suas formas e manifestações. ou acontecimentos sem precisar experimentá-las
A dimensão espiritual-religiosa permite aos de fato; não precisam mais do concreto, mas é
nossos currículos a inserção da categoria de necessário auxiliá-los nessa transição de concreto
esperança. Como educadores, somos portadores para o abstrato. Assim, compreendem conteú-
de um passado, de uma história a ser contada, dos e procedimentos que exigem ligação entre
uma fórmula a ser compartilhada e repensada, diferentes conhecimentos. Criam hipóteses sobre
um caminho a ser refeito. e tentativas de estratégias de aprendizagem

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(aquilo que não conhecem ou que não existe (método) para superação das dificuldades e
concretamente, intensificando-se a compreensão qualificação dos processos, desenvolvendo cons-
de conteúdos científicos e o estabelecimento de ciência dos recursos mentais inerentes e necessá-
relações entre conteúdos já apreendidos com os rios às várias áreas do conhecimento. Pressupõe
novos conteúdos).
o desenvolvimento de um pensamento crítico,
Essa dimensão contempla também o ama-
criativo e comprometido, relacionado à leitura da
durecimento de alguns processos que levam à
realidade local e global, ressignificando os conhe-
metacognição, na identificação de características
cimentos apreendidos em vista da promoção da
de seu processo de aprendizagem por meio de
experiências concretas e mediações, no reco- justiça e da cidadania em diferentes discursos e
nhecimento dos seus limites e potencialidades contextos.

ENSINO
MÉDIO

O presente documento é uma proposta que cognitiva, afetiva, social e organizacional foram
define os parâmetros e os critérios finais/ os documentos centrais que orientaram a escrita
cumulativos de cada série nas três dimensões dos parâmetros e dos critérios descritos na tabela
da formação integral, subsidiando o proces- do Ensino Médio.
so metodológico-avaliativo na perspectiva de Os parâmetros e os critérios presentes neste
formalizarmos uma cultura comum de análise e documento devem impactar os planejamen-
acompanhamento aos estudantes, impactan- tos dos componentes curriculares, núcleos,
do, por sua vez, a excelência na aprendizagem e séries e equipes pedagógicas da Unidade
a busca do mais e melhor. do Ensino Médio, considerando a espiralidade
O PEC da rede jesuíta do Brasil, o texto de dos processos de aprendizagem dos estudantes.
Formação e Aprendizagem Integral escrito pelos Obviamente, ao pensarmos em critérios finais de
educadores do Colégio Medianeira, os plane- cada série não pretendemos engessar as aprendi-
jamentos dos núcleos do conhecimento e os zagens dos estudantes em um “nível” ideal, mas,
planejamentos dos serviços pedagógicos (SOE, ao contrário, propomos que os parâmetros sejam
SOREP, SOCE) cujas fundamentações caracteri- coletivos para que possamos perceber a relação
zam os processos de aprendizagem e de de- entre as aprendizagens esperadas no final de
senvolvimento dos estudantes nas dimensões uma série e a situação em que se encontra cada

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estudante ao longo dos trimestres. Isto possibilita de conceitos de maneira que possam ser relacio-
que as práticas pedagógicas de cada docente nados a outras situações e contextos; as relações
e membro da equipe pedagógica possam ser consigo mesmo, com o outro e com o mundo na
constantemente realimentadas em favor do (s) perspectiva do respeito e da solidariedade; a con-
estudante (s) e com tempo hábil para retomadas. sideração do outro, no acolhimento e superação
Com este entendimento, a partir dos parâme- de si, em vista da reinvenção do significado da
tros gerais de cada dimensão da aprendizagem sacralidade da vida e dos dilemas éticos atuais.
integral, foram estabelecidos os parâmetros para Ou seja, essas e outras características da media-
o Ensino Médio e os critérios para cada série ção possibilitam o desenvolvimento da autono-
desta unidade de ensino, conforme explicitado mia e da criticidade perante o conhecimento e os
no quadro ao abaixo: desafios da vida.
Quando traçamos o perfil da aprendiza- É com este propósito que os critérios são
gem dos estudantes do Ensino Médio trazemos apresentados nas três dimensões de forma espiral
com frequência a busca do protagonismo, da e cumulativa, portanto, a aquisição de novos
autonomia, da alteridade, da autocrítica e da conhecimentos científicos, afetivos, relacionais,
capacidade de síntese e de superação do próprio éticos e espirituais é construída ao longo das três
conhecimento. Estas habilidades e competências, séries, considerando o Ensino Médio como etapa
características do pensamento pós-formal, são final do Ensino Básico.
desafios cognitivos, socioemocionais e espiritu-
ais- religiosos que se aprendem com a constante
mediação do professor.
DIMENSÃO
O papel de mediar do professor e das COGNITIVA
equipes pedagógicas, nas três dimensões da
formação integral, é contribuir para que os estu- A dimensão cognitiva envolve o aprender e o
dantes estabeleçam, na relação entre o conheci- saber pensar de nossos estudantes nas múltiplas
mento e a tessitura dos significados, as seguintes relações com o conhecimento da ciência, em co-
atribuições: as conexões entre um novo conceito nexão com o conhecimento da vida. Corresponde
e os conhecimentos anteriores; a compreensão às megahabilidades e habilidades cognitivas

Parâmetros
da unidade
de ensino

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desenvolvidas e, especificamente no Ensino
DIMENSÃO
Médio, refere-se à capacidade de consolidação
de habilidades de memória, percepção, atenção, SOCIOEMOCIONAL
raciocínio e sistematização. O aprofundamento e
a abstração são habilidades inerentes à análise, à A dimensão socioemocional busca o desen-
síntese e à generalização pretendidas nessa fase. volvimento da identidade pessoal dos nossos
Envolve a relação entre a compreensão e o apro- estudantes, construindo-se a partir da integra-
fundamento da linguagem específica dos compo- ção de seu corpo, suas emoções, pensamen-
nentes curriculares e das áreas do conhecimento. tos e valores, em meio às relações estabelecidas
Contempla também os processos de meta- consigo, com os outros e com o mundo.
cognição, na autopercepção e no reconheci- Como a dimensão socioemocional possibilita
mento dos seus limites e potencialidades e na compreendermos melhor estes jovens? Quais
busca de estratégias de aprendizagem (método), aprendizagens são capazes de aprender a partir
desenvolvendo consciência dos recursos men- das suas características e demandas biológicas,
tais inerentes e necessários às várias áreas do cognitivas e sociais?
conhecimento. Pressupõe o desenvolvimento de
O desenvolvimento da identidade pessoal dos
um pensamento crítico, criativo e comprometido
estudantes do Ensino Médio envolve um longo
relacionado à leitura da realidade local e global,
processo de autoconhecimento a partir da
em sua interdependência, com observação crítica
percepção de si mesmo nas dimensões bioa-
e analítica da realidade, tendo como elemen-
ntropopsicossocial. Em outras palavras, nossos
to integrador o conhecimento historicamente
jovens, na medida em que compreendem suas
constituído inserido no currículo escolar. Essa
emoções, pensamentos e valores, se reconhecem
dimensão envolve a busca de soluções para situ-
como seres humanos simultaneamente únicos e
ações problema, com comprometimento formal
sociais. É neste caminho que, aos poucos, con-
e político, inventividade e criatividade envolvidos
quistam e assumem seu protagonismo na vida
com a construção de um projeto de vida pautado
pessoal e social, aprofundando a capacidade de
na justiça socioambiental. O processo de apren-
se autoavaliarem em relação ao que pensam,
dizagem pressupõe identificações e construções
sentem e manifestam.
de significados que são fortemente favorecidos
Na medida em que os jovens aprendem a se
pela relação afetiva estabelecida entre os sujeitos
da construção do conhecimento. posicionar e se autoavaliar diante dos conflitos e

Para haver condições do desenvolvimento das contradições da realidade, aprendem tam-

dos processos cognitivos em consonância com a bém a se responsabilizar pelas suas ações, pois

complexidade exigida nessa fase, entende-se que este processo faz parte do “adultecer”.
a mediação realizada pelos educadores seja de Este “adultecer” exige dos jovens uma cons-
fundamental importância no êxito das aprendiza- tante reflexão sobre o direito à vida, à liberdade e
gens. A metacognição também precisa ser estimu- à dignidade, considerando o agir ético e o respeito
lada e mediada com intencionalidade relacionada aos direitos humanos como os principais alicerces
ao método de cada área de conhecimento. para que aprendam a reconhecer o outro e no

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outro a pluralidade e os direitos universais de uma relações pessoais e inventivo no que toca a
sociedade democrática e inclusiva. reconstituição da sua existência em contextos,
É na relação com o mundo que o outro vivências e experiências desafiadoras nas pers-
se ressignifica constantemente e estabelece as pectivas ontológica, ética, social e política – o
mediações positivas e negativas entre as esferas que aproxima esta dimensão na sua concepção,
públicas e privadas. O que se espera é que os por complementaridade, à dimensão socioemo-
nossos jovens consigam perceber a importância cional. Assim, qualquer dicotomização prevalente
do cuidado com a casa comum – o espaço local e acerca da separação de razão, emoção, afetos
global - comprometendo-se de maneira proposi- e espírito descaracteriza e banaliza – ao mesmo
tiva com as demandas ecológicas e sociopolíticas tempo que nega ao humano, nossos estudan-
decorrentes deste posicionamento e inferência tes – sua inclinação e capacidade reflexiva sobre
no meio em que vivem. Este processo de refle- seu ser – precondição de superação gradativa de
xão-ação-avaliação requer o desenvolvimento de si mesmo, em vista de uma abertura ontológica
habilidades de argumentação e criticidade que essencial (natureza do ser, da existência e da
partam de princípios e ações éticas e valorativas própria realidade).
para o bem-estar comum. Por isso, se pressupomos um ser humano ple-
Assim, as aprendizagens que envolvem a no somente na possibilidade de ser junto com –
dimensão socioemocional dos estudantes do como ser capaz de significar e reinventar relações
Ensino Médio exigem dos educadores uma cons- (consigo, com os outros, com o mundo e com o
tante mediação, pois se ensina e se aprende a transcendente) - compreendemos ser caráter
autonomia, a autoavaliação e a autocrítica nos imprescindível de mediação, nesta dimensão na
conflitos e desafios do dia a dia escolar. fase da formação dos(as) nossos(as) estudantes
no EM, a composição e proposição de espaço e

DIMENSÃO ambiente orientados para que, conscientes de si


possam descentrar-se em direção ao outro.
ESPIRITUAL- Neste sentido, a dimensão espiritual-religiosa
RELIGIOSA assume sua peculiaridade na proposta de supe-
ração de uma razão exclusivista e árida, confor-
A formação do estudante na dimensão espiri- mativa e exploradora, para recompor a dimen-
tual-religiosa no EM pressupõe e compreende são íntima do sujeito em interface com o que
o ser humano como vida autoconsciente e de é conhecido (objeto estudado), considerando a
inerente transbordamento do reconhecimento predisposição do(a) estudante que aprende prin-
da própria existência em unicidade com o Outro cipalmente por meio do significado interno que
Vida e com o Outro Transcendente. este oferece ao ato consciente de aprender.
Desse modo, a mediação nesta dimensão A autotranscedência, neste sentido, encarna um
pressupõe o humano como sujeito situado conhecimento e uma prática sobre o conhecer
histórico e contextualmente, imanente nas pautada na premissa que o saber deve nutrir

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de vida os sujeitos envolvidos nos processos de
aprendizagem (educadores e estudantes...) – isto
é, uma nutrição possível somente na considera-
ção do outro, no acolhimento e na superação
de si, em vista da reinvenção do significado da
sacralidade da vida, dos dilemas éticos atuais, da
reconexão com a natureza e o cosmo, do sentido
dado à própria vida numa autocriação de si e do
mundo de modo propositivo e ético.

GLOSSÁRIO
Este Glossário intenta contextualizar e conectar os termos/conceitos importantes às aprendizagens
propostas no Mapa das Aprendizagens dos Anos/Séries, quais são os significados e sentidos no que
toca à maturação biopsíquica e na aprendizagem dos/das estudantes, via trato com o conhecimento
em suas múltiplas dimensões da Formação/Aprendizagem Integral.

• ADULTECER: na medida em que os jovens tornem mais humanos” com todos os huma-
aprendem a se posicionar e a se auto avaliar nos e a vida que nos circunda.

diante dos conflitos e das contradições da rea- • ECOÉTICA: perspectiva ética que considera o

lidade, aprendem também a se responsabilizar humano como ser integrado ao todo – na sua

pelas suas ações. dimensão existencial e ecológica. O humano é


compreendido como interdependente aos se-
• AUTORREGULAÇÃO: refere-se à competência
res cosmológicos, por isso, não dicotomizado
do sujeito para monitorar e avaliar seus pensa-
nem separado do todo. O valor ético explícito
mentos e ações. É um retorno sobre si, refle-
aqui é da existência comum.
tindo sobre sua formação integral.
• ÉTICA CRISTÃ: o cuidado com o outro e com
• DISCERNIMENTO INACIANO: ato decisório e
o planeta, ou seja, do amor verdadeiro pelo
equilibrado tendo o amor como critério último
próximo, do amor que é extensivo a todas as
da reflexão e da ação consciente. O discerni-
criaturas, entendendo que todas as formas de
mento considera a possibilidade do humano
vida são sagradas e que o Planeta é a Casa
decidir-se acerca das moções que o afeta,
Comum de todas as criaturas.
objetivando uma ação/escolha-compromisso • EXISTÊNCIA: o ser tem consciência da própria
que, além de contemplativa também seja com- vida, sentido de todas as coisas que são reais e
prometida com o lugar, o tempo e as pessoas. existem. Somente o ser humano tem consciência
“Deus deseja que façamos escolhas que nos da própria existência e de todas as formas de vida.

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• IMAGINAÇÃO: para a criança é o jeito mais com os demais. Comprometido consigo, com
genuíno de pensar e abstrair; para o adoles- o outro e com o mundo, inserindo-se como
cente é a maneira de “viajar” no tempo, no sujeito solidário nas diversas relações que es-
espaço e nas suas relações; para o jovem é o tabelecem a partir de suas aprendizagens nas
jeito de sonhar e construir futuros possíveis, diferentes dimensões do aprender.
para o adulto é a maneira própria de criar e • MAGIS: é um conceito característico da espi-
de pôr em movimento permanentemente seus ritualidade inaciana. É a capacidade de fazer
sonhos de pessoa e de mundo. o melhor que puder, por meio do aprofunda-
• JUSTIÇA SOCIAMBIENTAL: é um conceito mento do mundo interior, onde o próprio Deus
formado por três dimensões: cuidado com a habita e se revela.
natureza, com a sociedade e com as pessoas. • MEDIAÇÃO: ato de orientar, de acompanhar
Está relacionado às políticas públicas, sociais, a aprendizagem de e com o outro. Quando
de acesso a tudo o que os cidadãos têm direi- a mediação aparece no critério, significa que
to. Tem relação com o estímulo ao conjunto a expectativa que se tem é que o estudante
de cuidados com os bens da criação, foco e consolide determinada aprendizagem mediada
direcionador das práticas formativas dentro do por um adulto. Se o estudante der conta do
Colégio e tem por base as definições do PEC. que é proposto no critério sozinho, significa
• LIDERANÇA INACIANA: são características do que ele está além do critério. Aqui vale res-
processo de formação de lideranças inacianas: gatar o conceito de zona de desenvolvimento
o desenvolvimento de habilidades motivacio- proximal, de Vygotsky. No entanto, é preciso
nais, ou seja, um bom líder precisa motivar o deixar claro que se a mediação não aparece no
seu grupo a vivenciar os valores e atitudes que critério, não significa que ela tenha deixado de
são caros para a comunidade; ajuda e cuidado ser importante. A mediação é categoria central
com o seu grupo, para que todos possam se em todas as séries.
desenvolver juntos e, acima de tudo, o líder • MEMÓRIA: a memória é recurso imprescindível
inaciano deve entender a autoridade como ser- para o pensar, o falar, o escrever, o resolver
viço aos demais. Vivenciar a liderança inaciana problemas, o elaborar textos, o comunicar-se e
é estar a serviço do outro, com o outro e para o interagir, pois, estes movimentos do intelecto
o outro. Nossa proposta pedagógica pretende recorrem às informações nela “depositadas” e
uma formação integral do sujeito, na qual ele significativamente lembradas para as necessá-
possa se reconhecer como responsável por si rias inferências e intervenções.
e pelo mundo, consciente de seu papel na • METACOGNIÇÃO: ato de pensar sobre o
escola e sociedade. Competente na busca de pensar (autopercepção, reconhecimento dos
fazer o melhor possível, não ficando na super- limites e potencialidades, busca de soluções
ficialidade, mas aprofundando a busca pelo para os problemas, entre outras habilidades).
sentido último da existência. Compassivo ao • MOÇÕES – EE: são os movimentos interiores
revelar sensibilidade para ver e responder às que nos conduzem consciente ou incons-
necessidades do outro, aberto para aprender cientemente. Refere-se aos movimentos que

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podem estar mais ligados ao conhecimento mento de informações, estabelecimento de
(pensamentos, ideias, memórias); aos afetos hipóteses, o que lhes permite avaliar e escolher
(amor, ódio, desejos, medos) ou aos nossos alternativas.
sentimentos e inclinações (paz, entusiasmo, • PERCEPÇÃO: está vinculada à atenção sobre
tristeza, alegria, ansiedade). objetos, pessoas, situações e à intuição sobre
• ONTOCRIATIVIDADE: a ontocriação conside- tais situações. Portanto, é um elemento perma-
ra a importância dos aspectos subjetivos e ob- nente da ação cognoscente, relacional e social.
jetivos da existência humana em relação à sua • PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÕES: uma
condição imanente e ontológica ao pressupor das funções do cérebro é o processar de infor-
que é por meio do trabalho e da prática sócio mações auditivas, visuais e escritas, funcionan-
existencial, que o humano inventa e reinventa do como “alimentador” permanente da ação
a si mesmo – sua subjetividade – o sentido de cognitiva e das capacidades de comunicação e
mundo e da própria existência, comum na re- relação interpessoal e com o meio.
lação com o todo em vista da sua autogênese. • RACIOCÍNIO LÓGICO: este elemento cogniti-
• OUTRO/outro: exercício de construção de vo abrange: a) Dedução: raciocínio que vai de
uma interioridade voltada ao autoconhecimen- um conhecimento/conceito amplo e abstrato,
to em vista da abertura ao outro ser humano e para uma contextualização mais específica; b)
às outras vidas com base na liberdade respon- Indução: raciocínio ou proposições resultantes
sável, ao mesmo tempo que propõe a cons- da análise/ experimentação de variáveis, fatos,
tituição e desenvolvimento da superação de afirmações, negações e hipóteses; c) Método:
si – do auto centrismo – acerca do sentido da observação de elementos particulares para se
existência e valor da vida promovida pela per- chegar a formulações gerais; c) Inferências:
cepção do transcendente na vida e na história. extrair do conhecimento elementos novos;
• PENSAMENTO ABSTRATO: Existem diversos redimensionar com o real; estabelecer hipó-
níveis de abstração. Os sujeitos lidam com es- teses e suposições; d) reversibilidade: é a
tes níveis desde muito cedo. A criança peque- capacidade de perceber as contradições e a
na mantém relação tanto com objetos con- relação do todo com as partes e vice-versa. O
cretos como com conceitos abstratos (amor, pensamento reversível consegue analisar de
medo, certo e errado), para os quais constrói forma coordenada e relacionada mais do que
sentidos por meio da experiência. A abstração, um elemento ao mesmo tempo. O estímulo,
por sua vez, tem a ver com a realidade, que a criatividade e a diversidade das estratégias
produz os sujeitos e é por eles produzida. Não metodológicas podem garantir um maior
há uma desvinculação entre abstração e reali- desenvolvimento cognitivo dos estudantes;
dade. Os sujeitos operam sobre o mundo por d) generalização: é a capacidade do aluno
meio da linguagem que representa a realidade, de transferir conhecimentos e conceitos entre
ou seja, que a abstrai. Para abstrair utilizamos as diferentes ciências, séries e áreas e; d)
diferentes metahabilidades do pensamento: Transposição: é a capacidade de relacionar
memória, imaginação, linguagem, processa- e generalizar conceitos e informações entre

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os componentes curriculares e entre os com- mas da totalidade da coisa em si. Reunindo no
ponentes e as diversas dimensões sociais e todo as partes já estudadas, a síntese possibili-
históricas do contexto. ta que se conheçam as relações determinantes
• RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS: não se trata da da unidade do objeto em estudo, conferindo-
resolução de questionários ou exercícios e sim -lhe um sentido global. A síntese quase sempre
da ação integradora entre o racional, o sensó- envolve julgamento e avaliação.
rio motor e o sinestésico (dimensão sócio emo- • SUSTENTABILIDADE: conceito ressignificado à
cional, cognitiva, espiritual, ética etc), possibi- luz dos documentos da Igreja (Laudato Sí) que
litando ao indivíduo a capacidade de enfrentar cerca a compreensão de que a ação humana
questões e problemas pessoais, interpessoais e no mundo deve considerar o cuidado com o
sociais de maneira crítica e criativa. planeta como sistema vivo, como Casa Co-
• SAGRADO: a abordagem no campo filosófi- mum. A sustentabilidade aqui não é vista como
co, sociológico e do conhecimento religioso manutenção e reserva de recursos naturais para
acerca da realidade e do sagrado deve garantir estender o tempo e a condição de exploração
a aproximação da visão de Sagrado ao con- da natureza pelo humano, mas de respeito e
texto, isto é, sob os aspectos do pensar e do valorização da vida de todos os seres.
viver humano dentro de uma relação dialógica, • TEMPO E ESPAÇO/ LOCAL E GLOBAL: a com-
que vai além do que é visível, assegurando a preensão do significado de tempo e espaço
harmonia entre o visível e extrapolando para o envolve um movimento constante de tecitura
invisível. Assim, a realidade que está presente da pessoa toda e de todas as pessoas (for-
deve interagir na trans-visão. Dessa forma, es- mação integral), a partir dos vários contextos
sas múltiplas percepções do sagrado ocorrem societários, mas também individuais de apren-
na interação/dialogia entre sujeito e objeto que dizagem (causalidade, relações entre passado,
aproxima a concepção do sagrado ao valor presente e futuro).
inerente da vida como posicionamento ético,
evidenciado no rosto do outro como algo não
totalizável, mas sim, o humano como um pro-
jeto aberto ao infinito.
• SÍNTESE: é a capacidade de analisar e selecio-
nar as informações e conceitos centrais enten-
dendo-os de forma globalizada e integrada.
Aproveita a capacidade de julgamento, de ava-
liação e de superação. É um processo lógico
de reconstrução e de recomposição do todo,
através de seus elementos. Sua ação é natural-
mente complementar à análise, pois o conhe-
cimento de alguma coisa não se resume ao
conhecimento de suas partes e componentes,

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Referências
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