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Trabalho de Lógica

1) Justifique informalmente a verdade dos axiomas que Hunter usa:

Os axiomas que Hunter usa são, na verdade, esquemas de axiomas, ou seja, as


letras que ocorrem em PS1, PS2 e PS3 são letras esquemáticas, que podem ser
substituídas por quaisquer fórmulas, formando um axioma genuíno. Desse modo, é
possível haver infinitos axiomas das formas PS.

Para comprovar a verdade desses axiomas, basta verificar as combinações


possíveis numa tabela de verdade, atribuindo às letras esquemáticas os valores de
verdade V e F. Uma tabela para PS2 terá oito linhas, em virtude de possuir três letras
esquemáticas, e uma tabela para PS3 terá quatro linhas, em virtude de possuir duas
letras esquemáticas. E todas as linhas da última coluna das duas tabelas de verdade
serão preenchidas pelo valor verdadeiro. Desse modo, qualquer fórmula que seja uma
instância das formas PS será sempre verdadeira, independentemente dos valores de
verdade de suas subfórmulas componentes.

2) Explique informalmente porque {, } não é um conjunto adequado de


conectivos:

Um conjunto adequado de conectivos permite definir todos os demais, apenas


com os conectivos escolhidos, formando proposições equivalentes em que aparecem
conectivos diferentes dos nossos. Duas proposições são equivalentes quando o mesmo
conjunto de atribuições de verdade que torna uma verdadeira também torna a outra
verdadeira, e esse conjunto de condições de verdade é exibido na última coluna de uma
tabela de verdade. Assim, uma conjunção p  q é uma proposição equivalente a  (p
 q), pois ambas a proposições são verdadeiras sob as mesmas condições, ou seja, a
última coluna da tabela de verdade delas é idêntica.

Se tivermos um conjunto de conectivos adequado, então é possível formar com


esses conectivos uma proposição, ou melhor, um esquema de proposição que seja
equivalente a outro esquema de proposição em que ocorrem conectivos diferentes dos
nossos, tendo ambas as proposições, portanto, as mesmas condições de verdade.
No entanto, {, } não é um conjunto adequado de conectivos, pois não se
pode construir com esses conectivos todas as possibilidades de um conjunto de
condições de verdade, e visto que a cada conjunto de condições de verdade corresponde
um determinado conectivo, conclui-se que não se pode expressar todos os conectivos
apenas com o referido conjunto.

Isso se dá porque o conectivo de bi-implicação possui um comportamento vero-


funcional que, digamos, numa tabela de verdade com quatro linhas, na última coluna
sempre haverá duas linhas com valor de verdade V e duas linhas com valor de verdade
F. Sempre que o antecedente tiver o mesmo valor de verdade que o consequente, a bi-
implicação será verdadeira, e sempre que o antecedente tiver um valor de verdade
diferente do consequente, a bi-implicação será falsa. Isso, por assim dizer, limita a
expressividade desse conjunto de conectivos, tornando-o um conjunto não adequado.

3) Explique a diferença entre Verdade Lógica e Tautologia. Dê exemplos:

Uma tautologia, na Lógica Proposicional (LP), é uma fórmula cujo valor de


verdade é sempre verdadeiro, independente do valor veritativo atribuído às fórmulas
atômicas que nela ocorrem, ou seja, pode-se dizer que é verdadeira apenas em função do
significado dos operadores que nela ocorrem. Por exemplo, a fórmula

p  (p  q)

é uma tautologia, pois o valor de verdade na última coluna das quatro linhas de uma
tabela de verdade mostra sempre verdadeiro, ou seja, essa fórmula é verdadeira em toda
e qualquer valoração.

As tautologias são, por assim dizer, um subconjunto que está contido num
conjunto mais amplo, o conjunto das verdades lógicas. Toda tautologia é, portanto, uma
verdade lógica, mas nem toda verdade lógica é uma tautologia, pois também são
consideradas verdades lógicas as fórmulas válidas.

Uma fórmula válida, na Lógica de Predicados de Primeira Ordem (LPPO), é


uma sentença verdadeira segundo qualquer interpretação. Uma determinada fórmula é
válida, ou logicamente verdadeira, se e somente se for verdadeira para toda e qualquer
estrutura. Por exemplo, a fórmula

xPx  Pa
é uma fórmula válida, e portanto verdadeira para toda e qualquer estrutura. Porém não é
uma tautologia, pois nem todas as fórmulas válidas são tautologias, mas toda tautologia
é uma fórmula válida.

A fórmula válida supracitada, no entanto, em virtude de conter um quantificador


universal, não tem sua validade demonstrada por uma tabela de verdade. Ou seja, numa
tabela de verdade, o valor de verdade em uma das quatro linhas da última coluna é falso,
embora a referida fórmula seja válida na LPPO.

Sendo assim, a tabela de verdade é um método insuficiente para demonstrar a


validade das fórmulas na LPPO. Para demostrar a validade, usa-se um método diferente,
o método dos tablôs. Um tablô para a referida fórmula demonstra a sua validade. Na LP,
por outro lado, uma tabela de verdade é o suficiente para demonstrar que uma fórmula é
uma tautologia.

4) Crie duas derivações em lógica proposicional e duas derivações em lógica de


predicados de primeira ordem: dê as premissas, a conclusão e a derivação:

a)  p  q, (p  q)  r, r  s |- qrs

1.  p  q P

2. (p  q)  r P

3. r  s P
4. | p H
5. | | ¬ q H
6. | | ¬ p 1, 5 SD

7. | | p  ¬ p 4, 7 IC
8. | ¬¬ q 5, 7 RA
9. | q 8 DN

10. p  q 4, 9 RPC
11. r 2, 10 MP
12. s 3, 11 MP

13. r  s 11, 12 IC

14. q  r  s 13 C
b) (¬ r  ¬ s)  ¬ p, p  ¬ q, r  q |- (¬ r  s)  r

1. (¬ r  ¬ s)  ¬ p P

2. p  ¬ q P

3. r  q P
4. | p H
5. | ¬ q 2, 4 MP
6. | q 3S

7. | q  ¬ q 5, 6 C
8. ¬ p 4, 7 RA

9. ¬ p  (¬ r  ¬ s) 1 BC

10. ¬ r  ¬ s 8, 9 MP

11. | ¬ r  s H
12. | | ¬ r H
13. | | ¬ s 12, 10 MP
14. | | s 12, 11 MP

15. | | s  ¬ s 13, 14 C
16. | ¬¬ r 12, 15 RA
17. | r 16 DN

18. (¬ r  s)  r 11, 17 RPC


c) x ¬ Dx  x (¬ Px  Cx), x ¬ Dx  x Px, x (Px  Qx) |- x Cx

1. x ¬ Dx  x (¬ Px  Cx) P

2. x ¬ Dx  x Px P

3. x (Px  Qx) P

4. Pa  Qa 3 E
5. Pa 4S

6. x Px 5 I

7. x Px  x ¬ Dx 2 BI

8. x ¬ Dx 6, 7 MP

9. ¬ Da 8 E

10. x ¬ Dx 9 I

11. x (¬ Px  Cx) 1, 10 MP

12. ¬ Pa  Ca 11 E
13. Ca 12, 5 SD

14. x Cx 13 I
d) x (Qx  (Dx  Px)), x Cx  x ¬ Px, x (¬ Cx  Cx) |- x (Qx  Dx)

1. x (Qx  (Dx  Px)) P

2. x Cx  x ¬ Px P

3. x (¬ Cx  Cx) P

4. ¬ Ca  Ca 3 E
5. | ¬ Ca H
6. | Ca 4, 5 MP

7. | Ca  ¬ Ca 5, 6 C
8. ¬¬ Ca 5, 7 RA
9. Ca 8 DN

10. x Cx 9 I

11. x ¬ Px 10, 2 MP

12. ¬ Pa 11 E

13. Qa  (Da  Pa) 1 E


14. | Qa H

15. | Da  Pa 13, 14 MP
16. | Da 15, 12 SD

17. Qa  Da 14, 16 RPC

18. x (Qx  Dx) 17 I


5) Questão das vernanas:

A lógica é uma linguagem artificial, constituída por operadores que são


idealizações com respeito a certas expressões da linguagem natural, mas aquela não
possui toda a complexidade comunicativa desta. Por isso, existe certa dificuldade em
formalizar adequadamente sentenças de uma linguagem natural. Uma sentença
intuitivamente verdadeira numa linguagem natural pode revelar-se inválida caso seja
formalizada e analisada dentro do cálculo de predicados. Pode ocorrer que não tenha
sido formalizada corretamente, ou mesmo pode acontecer que não seja possível
formalizá-la corretamente no cálculo de predicados, o que enseja a busca por outros
sistemas lógicos não-clássicos.

Um dos problemas da lógica clássica é a respeito de sentenças que contenham


termos singulares cujos referentes não existem. Isso porque é um pressuposto na lógica
clássica que termos singulares denotam objetos existentes. É por essa razão que L3* é
verdadeiro na lógica clássica, embora S3 seja intuitivamente falso. Ou seja, S3 é
intuitivamente falso porque, como sabemos, não existem vernanas, porém, em virtude
do pressuposto de existência na lógica clássica, a formalização da referida sentença,
L3*, é analisada como verdadeira. Esse é, portanto, um problema da lógica clássica na
formalização de sentenças que contenham termos que nomeiam objetos não existentes.
O mesmo tipo de problema que também ocorrem em S5 e L5*.

A lógica livre é uma alternativa que oferece uma solução a esse problema. A
lógica livre não assume a existência dos objetos designados por seus termos, ou seja, ela
admite termos singulares que denotam objetos não existentes. No entanto, talvez haja
uma solução para o referido problema dentro da própria lógica clássica.

Podemos supor que as sentenças S1 e S3 não foram corretamente


formalizadas, ou seja, que falta algo nas sentenças L1* e L3*, para que possamos
diferenciá-las formalmente no que diz respeito aos objetos existentes dos não existentes.
Assim, vamos adicionar, à cada sentença, algo que diga respeito à existência dos objetos
referidos pelos termos "banana" e "vernana", a saber, que bananas existem e vernanas
não. Teremos, então, respectivamente, as formalizações das sentenças S1 e S3 :

L1** x (Mx  y (By  Cxy))  y By

L3** x (Mx  y (Vy Cxy))  y Vy


Essa parece ser uma possível solução para o referido problema, a saber, o
problema que surge quando tentamos formalizar sentenças em que ocorrem termos
cujos referentes não existem. No entanto, resta saber se essa solução é satisfatória para
outros casos similares, sem com isso criar uma indesejável contradição.

6) Formalizações 8, 9 e 10:

Ave: A; Branco: B; Cisne: C; Pato: P; x ama y: Rxy

8) Só existe um pato que ama todos os cisnes.

x (Px  y (Py  x=y)  z (Cz  Ryz)

9) Se todas as aves são brancas, então todos os cisnes e todos os patos são brancos.

x (Ax  Bx)  y z ((Cy  By)  (Pz  Bz))

Filósofos: F; Livros: L; Dar: Dxyz; x gosta de y: Rxy

10) Todos gostam dos filósofos, se todo filósofo dá algum livro para alguém.

x ((Fx  y (Ly  z Dxyz))  w Rwx)

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