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Artigo original
Flávio Shansis*
Marcelo T. Berlim**
Betina Mattevi***
Gabriela Maldonado****
Ivan Izquierdo*****
Marcelo Fleck******
bal ou contra outras escalas de mania1,3,6,8,9. Um (3) disponibilizar a escala na íntegra em língua
outro parâmetro, o da validade externa, foi ava- portuguesa (Anexo 1).
liado em quatro destas escalas5,8-10, a partir de
mudanças nos seus escores durante tratamen- MÉTODOS
to. Já a validade interna foi avaliada a partir da
análise de correlação em quatro escalas1,6,8,13 Procedimentos para adaptação da BRMaS
ou da análise dos componentes principais em para ser utilizada em nosso meio
três destes instrumentos2,9,14; entretanto, estes
procedimentos de avaliação da validade inter- Inicialmente, um grupo formado por 2 psi-
na são mais sugestivos do que conclusivos15. quiatras e 3 acadêmicos de medicina brasilei-
Desta forma, conclui-se que, além do número ros traduziu a escala original para o português.
limitado de escalas de avaliação de mania dis- Em seguida, uma tradutora especializada fez a
poníveis, muitas delas não foram ainda comple- versão dessa escala do português para o inglês
tamente testadas em relação às suas qualida- (back-translation). Essa versão em inglês foi,
des psicométricas. A maioria apresenta então, enviada para o autor da BRMaS (Per
limitações metodológicas que restringem sua Bech) para que esse a confrontasse com a
utilidade clínica e diagnóstica16, assim como escala original em inglês. As discrepâncias en-
sugerem questionamentos sobre os resultados contradas foram discutidas entre o autor e o
dos ensaios clínicos que as utilizam. grupo brasileiro com trocas de e-mails, a partir
Em países de língua portuguesa, como o do que foi obtida a tradução definitiva para o
Brasil, a situação é ainda mais problemática, na português. Esse procedimento, abrangendo a
medida em que há apenas um instrumento de um só tempo o conhecimento dos dois idiomas
avaliação de mania validado que é a Escala de e do construto clínico de mania, favoreceu a
Mania de Young – modificada para o português obtenção de uma versão equivalente à original,
por Vilela e Loureiro17. A escala de Young foi tanto do ponto de vista da estrutura lingüística
criada em 19788 e é, ainda hoje em dia, a mais quanto do ponto de vista do conteúdo semânti-
utilizada em ensaios clínicos que avaliam no- co.
vas drogas anti-maníacas. Apesar de ser uma
escala bastante fácil de ser usada, esta escala Desenvolvimento da Versão Original em
possui uma série de limitações metodológicas Inglês da Escala
(como por exemplo, a escolha arbitrária de três
itens que recebem pontuação maior do que os A escala descrita no presente artigo, intitu-
oito itens restantes e a pouca valorização de lada “Bech-Rafaelsen Mania Scale” (BRMaS)13,
sintomas psicóticos). Nosso grupo disponibili- foi desenvolvida para ser aplicada na forma de
zou, recentemente, a versão em português da uma entrevista semi-estruturada breve condu-
Escala de Mania de Altman e colaboradores zida pelo clínico. O objetivo da elaboração por
para ser administrada pelo clínico (EACA-M) 18, parte de seus autores foi o de incluí-la como um
assim como criamos um Guia para Avaliação dos pólos de avaliação de “estados maníaco-
do Estado Maníaco (GAEM)19 em português, o melancólicos”, no qual o pólo da melancolia
qual permite serem preenchidas as escalas de seria avaliado pela escala de Hamilton para
Young, Altman e de Bech-Rafaelsen. depressão22. A BRMS investiga a presença ver-
Com o intuito de disponibilizar mais um sus a ausência de sintomas maníacos, sua se-
instrumento de avaliação do estado maníaco veridade e sua mudança em resposta ao trata-
em nosso meio, que seja válido e confiável, os mento. Ela é derivada primariamente das
autores do presente estudo desenvolveram a escalas de mania de Beigel1 e de Petterson5 e
versão em português da “Bech-Rafaelsen Ma- contém 11 itens. Cada item é pontuado em uma
nia Scale” (BRMaS) de Bech e colaboradores7. escala de Likert de 5 categorias, onde 0 = não
Esta escala já foi traduzida para o francês20 e presente, 1 = bastante leve ou duvidoso, 2 =
para várias línguas nórdicas como o dinamar- leve, 3 = moderado, 4 = severo. O último dos
quês, o finlandês, o norueguês e o sueco21. A itens da escala – referente a “trabalho” – é
escala em português chamar-se-á “Escala para pontuado na primeira avaliação do paciente e
Avaliação de Mania de Bech-Rafaelsen” (EAM- nas avaliações subseqüentes de forma diferen-
BR) ou “Escala de Mania de Bech-Rafaelsen”. te e, por isso, está representado como dois
Dessa forma, os objetivos desse artigo são: (1) sub-itens distintos. Na construção da escala, os
descrever a metodologia de elaboração da ver- itens foram selecionados pela sua relevância
são em português da EAM-BR, (2) transmitir as teórica e prática para o comportamento manía-
impressões dos profissionais que a utilizaram e co em oposição à escala de depressão de Ha- 31
são os do Coeficiente de Loevinger de homoge- análise da estrutura latente desta escala a par-
neidade 30 e a Análise de Rash15,31. A diferença tir do Modelo de Rash, os resultados foram
entre estes conceitos é de que a consistência é bastante semelhantes. Cabe salientar que nes-
a identificação de um item relacionado a uma te outro estudo foram avaliados 100 pacientes
variável isolada sem requerer uma estrutura com graus de leve a moderado de mania, en-
hierárquica entre os itens. Já a dimensionalida- quanto que no outro estudo – que avaliava a
de requer que os itens relacionados a uma eficácia dos antipsicóticos – havia mais pacien-
variável isolada também possuam uma estrutu- tes incluídos com mania severa. Portanto, es-
ra hierárquica ou uma ordem mostrando que tes dois estudos proporcionam o achado psico-
alguns itens medem o grau leve da variável, métrico mais robusto da BRMS, qual seja: a
outros, seu grau moderado e, finalmente, ou- análise de dimensionalidade pelo método de
tros medem seu grau severo. Se uma ordem Rash demonstrou, tanto em pacientes com ma-
hierárquica entre os itens de uma escala conse- nia leve e moderada, quanto nos pacientes com
gue ser demonstrada, então o escore total de mania severa, que esta é uma escala unidimen-
um item individual possuirá suficiente força es- sional. Em outras palavras, que o escore total
tatistica. da BRMS possui “força estatística” para medir a
Um Coeficiente a de Cronbach com valores severidade dos estados maníacos.
entre 0,70 e 0,90 é considerado adequado. A Importante ressaltar, entretanto, que o tra-
partir de três estudos que avaliaram no seu balho de Licht e Jensen12 utilizando vários mé-
total 80 pacientes maníacos, sendo 61 mulhe- todos para análise da estrutura latente da
res e 19 homens, que haviam recebido medica- BRMS, chegou às seguintes conclusões: a) ex-
ção antipsicótica agudamente (zuclopentixol, cluiu o item “trabalho”, pois todos os pacientes
haloperidol e clorpromazina), foi calculado o a estavam internados e, por definição na escala,
de Cronbach. Na avaliação basal, este coefici- receberiam pontuações 3 ou 4; b) o modelo
ente foi de 0,80 e no primeiro dia de medicação estatístico utilizado permitiu simplificar as cate-
foi de 0,90, resultados considerados satisfatóri- gorias de escores. Com isso, as categorias que
os23. recebiam pontuação 1 e 2 passaram a ser pon-
Em relação ao Coeficiente de Loevinger de tuadas como “1” e as categorias que recebiam
homogeneidade, coeficientes de 30 ou mais pontuação 3 e 4 passaram a receber o valor “2”;
são considerados aceitáveis. Nos mesmos es- c) dos dez itens restantes (sem o item “traba-
tudos citados anteriormente23, na avaliação ba- lho”), quatro apresentaram parâmetros de bai-
sal, ele foi limítrofe (= 0,29), mas no primeiro xa discriminação e, por isso, passaram a rece-
dia de medicação foi de 0,49. ber pontuação apenas de 0 e de 1 (para todos
Em um estudo realizado com 80 pacientes os escores acima de zero). Estes itens foram:
maníacos em uso de lítio ou de anticonvulsi- humor, auto-estima, sono e interesse sexual.
vantes23, a análise do componentes principais Em função destes novos escores, por este tra-
evidenciou um fator geral. Este fator explicou balho12, a pontuação na BRMS teoricamente
36,3% da variância na avaliação basal e 52,2% iria variar entre 0 a 16, e não mais 0 a 44 como
no dia 1. Em outro estudo24 envolvendo 124 na versão original. Com isso, Licht e Jensen12
pacientes com mania (40 homens e 84 mulhe- denominam a escala, que resultou do seu cui-
res), a análise dos componentes principais en- dadoso trabalho, de BRMaS-M (ou MaS-M), ou
controu três fatores que explicavam 40,3%da Bech-Rafaelsen Mania Scale Modified. Apesar
variância. O primeiro fator e o mais forte pode da robustez da análise psicométrica utilizada,
ser chamado de “fator de ativação-euforia” esta versão modificada da escala original não
(29,4%), o segundo refere-se aos itens relacio- tem sido largamente utilizada.
nadas à hostilidade-destrutividade (6%) e o ter-
ceiro representa transtorno de sono (4,9%). Impressão dos profissionais que
Na análise de Rash, uma versão dicotômi- utilizaram a EAM-BR
ca dos itens tem sido usada e o nível de rejei-
ção utilizado é de p ≤ 0,01. No estudo já cita- A versão em português da Escala de Ava-
do23, a análise de Rash aceitou os 11 itens da liação de Mania de Bech-Rafaelsen (EAM-BR)
BRMS para constituírem apenas uma dimensão mostrou ser este um intrumento fácil e objetivo
dos estados maníacos. Na avaliação de base, o de ser utilizado. Não possui, entretanto, “ânco-
p foi de 0,44 na comparação entre baixos esco- ras” explicativas como as existentes na Escala
res com altos escores, e de 0,17 quando com- de Altman original9 e na sua versão para o Por-
parados os pacientes homens com as mulhe- tuguês de Shansis e colaboradores18, assim
res. Em um outro estudo 12, que realizou a como na Escala de Young modificada em portu- 33
guês por Vilela e Loureiro17. Estas âncoras pro- qualidade psicométrica. Em relação aos estu-
porcionam uma segurança maior ao entrevista- dos de validade, a EAM-BR apresenta excelen-
dor, o que não ocorre na grande maioria de tes resultados quando são avaliados a sua con-
escalas existentes em psiquiatria. Estas expli- sistência interna e validação concorrente.
cações aparecem tanto como definições con- Mostrou-se ser bastante sensível às mudanças
ceituais ao lado do título de cada item, como abruptas ocorridas após o uso de antipsicóticos
também aparecem na forma de exemplos em em quadros maníacos, e esta variação se deu
cada um dos níveis de severidade. Isto facilita em paralelo àquelas ocorridas na CGI.
enormemente a tarefa de pontuação. No que diz respeito à avaliação da consis-
Percebe-se que a EAM-BR é um instru- tência interna, além do Coeficiente a de Cron-
mento com muito bom potencial, de fácil mane- bach e da Análise dos componentes principais
jo e que possibilita uma boa avaliação de um que geralmente são descritos nos estudos de
quadro maníaco eufórico clássico. Apresenta, vários instrumentos em psiquiatria, a escala de
entretanto, limitações para avaliação de qua- Bech-Rafaelsen é a única escala de avaliação
dros mais graves (não há itens para alucina- de mania que apresenta estudos com análise
ções, por exemplo, nem pontua outros delírios de dimensionalidade. Na análise da estrutura
que não os grandiosos), assim como para qua- latente desta escala a partir do modelo de Rash,
dros subsindrômicos (como aliás, quase todas por exemplo, demonstrou, tanto em pacientes
as escalas de mania). Resultados objetivos das com mania leve e moderada, quanto nos pa-
qualidades psicométricas da versão em portu- cientes com mania severa, que é uma escala
guês da EAM-BR serão objeto de futuras publi- unidimensional: mede, portanto, a severidade
cações. dos estados maníacos. No excelente trabalho
de Licht e Jensen12, foram utilizados vários mé-
DISCUSSÃO todos para análise da estrutura latente da
BRMS. Neste trabalho o item “trabalho” foi ex-
Para a elaboração de EAM-BR, os seus cluído, pois todos os pacientes estavam inter-
itens foram selecionados pela sua relevância nados e, por definição na escala, receberiam
teórica e prática para o comportamento manía- pontuações 3 ou 4. Além disso, este modelo
co em oposição à escala de depressão de Ha- estatístico permitiu simplificar as categorias de
milton22. Na realidade, esta é uma característi- escores (a escala passou a possuir apenas
ca interessante do construto conceitual desta dois escores). Dos dez itens restantes (sem o
escala que tenta abarcar o largo espectro dos item “trabalho”), quatro apresentaram parâme-
“estados maníaco-melancólicos”. tros de baixa discriminação (humor, auto-esti-
Por outro lado, chamam a atenção algumas ma, sono e interesse sexual). A escala que
limitações importantes nesta escala, em espe- resultou deste cuidadoso trabalho passou a ser
cial no que diz respeito aos ditos sintomas psi- chamada de BRMaS-M (ou MaS-M), ou Bech-
cóticos. A EAM-BR não possui nenhum item Rafaelsen Mania Scale Modified. A escala mo-
que avalie alucinações – sintoma bastante co- dificada que resultou deste estudo possui ro-
mum em quadros de mania grave. Também, bustez na análise psicométrica utilizada,
avalia pobremente alterações de pensamento. entretanto não tem sido muito utilizada.
Apenas no item de “auto-estima” aparecem Em relação a sua versão em português – a
idéias supervalorizadas de grandeza, assim EAM-BR –, todos os cuidados foram tomados
como verdadeiros delírios grandiosos; entre- para que a mesma mantivesse em outra língua
tanto, outros tipos de delírios (persecutórios, as suas características originais, tanto do ponto
por exemplo) não são avaliados. Neste aspecto de vista da estrutura lingüística quanto do pon-
em particular, chama a atenção que a escala de to de vista do conteúdo semântico. Para tanto,
Young8 – a escala de mania mais utilizada na os autores do presente artigo preocuparam-se
literatura – também apresenta importantes fa- em realizar todas as etapas necessárias para
lhas na avaliação destes sintomas tão comuns este fim, a saber: a) painel bilíngüe de tradução
em apresentações maníacas, como os sinto- e discussão de todos os itens; b) retrotradução
mas psicóticos. por pessoa habilitada e com larga experiência
Em relação à confiabilidade inter-avaliado- em versões de escalas em nosso meio; c) envio
res, a EAM-BR apresenta uma excelente con- ao próprio autor da escala da nova versão em
cordância entre os pontuadores para a grande inglês originada a partir da sua tradução para o
maioria dos itens avaliada pelo Coeficiente de português; d) discussão com o autor dos pontos
Correlação Intraclasse (ICC), que hoje é consi- pendentes, bem como nova discussão entre os
34 derado o melhor padrão de mensuração desta participantes do grupo de pesquisadores brasi-
leiros até se chegar a um consenso. Com isso, 2. Murphy D, Pickar D, Alterman I. Methods for the quantita-
tive assessment of depressive and manic behaviour. In:
entende-se que a versão que agora está sendo Burdick E et al. The behaviour of psychiatric patients.
disponibilizada à comunidade científica de lín- New York, Marcel Deckker, 1982.
gua portuguesa é a mais próxima possível da 3. Brierley C, Szabadi E, Rix K, Bradshaw C. The Manches-
escala original. ter Nurse Rating Scale for the daily simultaneous assess-
ment of depressive and manic ward behaviours. J Afeect
Disorders 1988; 15: 45-54.
CONCLUSÕES 4. Mazmanian D, Sharma V, Persad E et al. Development
and validation of a scale for rating mood states of psychi-
Em nosso meio, além do desenvolvimento atric inpatients. Hosp Commun Psychiatry 1994; 45: 238-
41.
pelo nosso grupo da versão em Português da 5. Petterson U, Fyro B, Sedvall G. A new scale for the
Escala Administrada pelo Clínico para Avalia- longitudinal rating of manic states. Acta Psychiatrica
ção de Mania (EACA-M) – “Escala de Mania de Scand 1973; 49: 248-56.
Altman”18 –, temos apenas a versão já validada 6. Blackburn I, Loudon J, Ashworth C. A new scale for
measuring mania. Psychol Medicine 1977; 7: 453-58.
em português da escala de Young modificada
7. Bech P, Rafaelsen O, Kramp P, Bolwig T. The mania
(EAM-m) por Vilela e Loureiro17. Ainda que esta rating scale: scale construction and inter-observer agree-
seja a escala mais amplamente utilizada em ment. Neuropharmacology 1978; 17: 430-431.
ensaios clínicos, algumas críticas sobre ela vêm 8. Young, R, Biggs J, Ziegler V, Meyer D. A rating scale for
gradativamente ocorrendo na comunidade cien- mania: reliability, validity and sensivity. British J Psychia-
try 1978; 133: 429-35.
tífica, em especial sobre a sua validade de
9. Altman EG, Hedeker DR, Janicak PG, et al. The Clinici-
conteúdo em relação à complexidade das apre- an-Administered Rating Scale For Mania (CARS-M): De-
sentações de uma síndrome maníaca e à falta velopment, reliability, and validity. Biol Psychiatry 1994;
de mais trabalhos avaliando as suas proprieda- 36:124-34.
10. Secunda S, Katz M, Swann A, et al. Mania. Diagnosis,
des psicométricas. A Escala de Mania de Bech- state measurement and prediction of treatment response.
Rafaelsen possui também algumas destas limi- J Affect Disorders 1985; 8: 113-21.
tações conceituais existentes na escala de 11. Endicott J, Spitzer R. A diagnostic interview. The Sche-
Young; entretanto, seus autores e colaborado- dule for Affective Disorder and Schizophrenia. Arch Gen
Psychiatry 1978; 35: 837-44.
res vêm publicando trabalhos bastante consis-
12. Licht R, Jensen J. Validation of the Bech-Rafaelsen Ma-
tentes que avaliam muitas propriedades psico- nia Scale using latent structure analysis. Acta Psych
métricas7,12,15,21,23,24. Neste sentido, a escala de Scandinavica 1997; 96: 367-72.
Bech-Rafaelsen vem contribuindo para a comu- 13. Bech P, Bolwig T, Kramp P, Rafaelsen O The Bech-
nidade científica interessada em escalas, pois Rafaelsen Mania Scale and the Hamilton Depression
Scale. Acta Psychiatr Scand 1979; 49: 420-30.
vem sendo submetida a diferentes estudos e
14. Double D. The factor structure of manic behaviour.
demonstra boas qualidades psicométricas. Psychol Meas Psychopharmacology 1990; 18: 113-9.
A sua versão em português aqui apresen- 15. Bech P. Rating Scales for Affective Disorders: their vali-
tada, denominada de Escala de avaliação de dity and consistency. Acta Psychiatr Scand 1981; 64
mania de Bech-Rafaelsen (EAM-BR), vem se (Suppl 295): 25-35.
16. Poolsup, N, Li Wan, A, Oyebode, F. Measuring mania
juntar à escala de Young17 e à escala de Altman and critical appraisal of rating scale. J Clin Pharmacy and
publicada por nosso grupo18, para também ficar Therapeutics 1999; 24: 433-43.
disponível à comunidade científica de língua 17. Vilela J, Loureiro S. Escala de Avaliação de Mania de
portuguesa. A EAM-BR possui uma versão bem Young – Estudo das qualidades psicométricas da versão
brasoleira. In: Gorentsein C, Andrade L, Zuardi A. Esca-
cuidada e contou com a anuência do próprio las de Avaliação Clínica em Psiquiatria e Psicofarmaco-
autor da escala original. Desta forma, os auto- logia. São Paulo, Lemos Editorial, 2000. p. 113-24
res do presente trabalho disponibilizam uma 18. Shansis F, Berlim M, Mattevi B, Maldonado G, Izquierdo
nova escala de mania em português que apre- I, Fleck M. Desenvolvimento da Versão em Português da
Escala Administrada pelo Clínico para Avaliação de Ma-
senta robustez nas suas qualidades psicométri- nia (EACA-M): “Escala de Mania de Altman” Revista Psiq
cas e aguardam para que a mesma possa ser do RS 2003; 25 (3): 412-25.
testada em nosso meio. Além disso, esperam 19. Shansis F, Grevet E, Mattevi B, Berlim M, Maldonado G,
que a mesma possa melhor guiar a prática diá- Santin A, Fleck M, Izquierdo I. Development and applica-
tion of the mania rating guide (MRG). Rev Bras Psiquiatr
ria dos psiquiatras de língua portuguesa no 2003; 25 (2): 91-5
manejo de pacientes maníacos. 20. Pichot P, Chambon O, Poncet F et al. Echelles
d’évaluation des états d’anxiété, de dépression, de ma-
nie, de schizophrénie: correspondance avc les syndrome
du DSM III. 2me éd. Paris, Masson, 1991.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 21. Baastrup P, Ahlfors U, Bejerkenstetd L et al. A controlled
Nordic multicentre study of zuclopenthixol acetate in oil
solution, haloperidol and zuclopenthixol in the treatment
1. Beigel A, Murphy D, Bunney W. The manic-state rating
of acute psychosis. Acta Psychiatr Scand 1993; 87; 48-
scale. Scale construction, reliability and validity. Arch
58.
Gen Psychiatry 1971; 25: 256-62.
35
36
1. Atividade (motora)
0: Atividade motora normal, expressão facial adequada.
1: Atividade motora levemente aumentada, expressão facial vívida (animada).
2: Atividade motora um tanto excessiva, gestos vívidos (animados).
3: Atividade motora francamente excessiva, movimentando-se a maior parte do tempo. Levanta-
se uma ou várias vezes durante a entrevista.
4: Constantemente ativo, inquieto e com muita energia. Mesmo se solicitado, o paciente não
consegue sentar sossegado.
2. Atividade (verbal)
0: Atividade verbal normal.
1: Um tanto falante.
2: Muito falante, sem intervalos espontâneos na conversação.
3: Difícil de interromper.
4: Impossível de interromper, domina completamente a conversação.
3. Fuga de idéias
0: Discurso coeso, sem fuga de idéias.
1: Descrições vívidas (animadas), explicações e elaborações sem perder a conexão com o
tópico da conversação. O discurso ainda é coeso.
2: Repetidamente, é difícil para o paciente permanecer no tema, uma vez que o paciente é
distraído por associações ao acaso (freqüentemente faz rimas, sons, trocadilhos, partes de
versos ou música).
3: A linha de pensamento é regularmente interrompida por associações dispersivas.
4: É difícil a impossível seguir a linha de pensamento do paciente, uma vez que o paciente
constantemente pula de um assunto para outro.
4. Voz/Nível de ruído
0: Volume de voz normal.
1: Fala alto sem ser barulhento.
2: Voz discernível à distância, um tanto barulhenta.
3: Vociferante, voz discernível à longa distância, barulhento, cantando.
4: Gritando, berrando, ou usando outras formas de barulho devido à rouquidão.
5. Hostilidade/destrutividade
0: Sem sinais de impaciência ou hostilidade.
1: Um tanto impaciente ou irritável, mas o controle está mantido.
2: Marcadamente impaciente ou irritável. Provocação mal tolerada.
3: Provocativo, faz ameaças, mas pode ser acalmado.
4: Violência física manifesta. Fisicamente destrutivo.
37
7. Auto-estima
0: Auto-estima normal.
1: Auto-estima levemente aumentada, vangloriando-se um pouco.
2: Auto-estima moderadamente aumentada, vangloriando-se. Uso freqüente de superlativos.
3: Gabando-se, idéias irreais.
4: Idéias grandiosas; impossível de ser corrigido.
8. Contato
0: Contato normal.
1: Levemente intrometido, “metendo o bedelho”.
2: Moderadamente intrometido e argumentador.
3: Dominador, manipulador, diretivo, mas ainda dentro do contexto.
4: Extremamente dominante e manipulador, fora do contexto.
11. Trabalho
A. Na primeira avaliação do paciente
0: Atividade de trabalho normal.
1: Atividade levemente aumentada, mas a qualidade do trabalho está levemente reduzida, uma
vez que a motivação está mudando; o paciente está relativamente suscetível a distrações.
2: Atividade aumentada, mas motivação claramente flutuante. O paciente tem dificuldades em
julgar a qualidade de seu próprio trabalho e a qualidade está de fato diminuída. Freqüente-
mente discute no trabalho.
3: Capacidade para trabalho claramente reduzida e de tempos em tempos o paciente perde o
controle. Tem que parar de trabalhar e ser afastado. Se o paciente é hospitalizado, ele pode
participar alguma horas por dia das atividades da enfermaria.
4: O paciente está (ou deveria estar) hospitalizado e incapaz de participar de atividades de
enfermaria.
B. Em avaliações semanais
0: a) O paciente retomou o trabalho no seu nível de atividade normal.
b) Quando o paciente não terá nenhum problema em retomar o trabalho normal.
1: a) O paciente está trabalhando, mas o esforço está um pouco reduzido devido a ter mudado a
sua motivação.
b) É duvidoso se o paciente pode retomar o trabalho normal em escala completa, devido à
tendência à distração e mudança de motivação.
2: a) O paciente está trabalhando, mas a um nível claramente reduzido, por exemplo, devido a
episódios de não-comparecimento.
b) O paciente ainda está hospitalizado ou em dispensa. Ele só está hábil a retomar o trabalho
se precauções especiais forem tomadas: supervisão próxima e/ou redução do tempo.
3: O paciente ainda está hospitalizado ou afastado e é incapaz de retomar o trabalho. No
hospital, ele participa algumas horas por dia nas atividades da enfermaria.
4: O paciente ainda está hospitalizado e, em geral, incapaz de participar das atividades da
38 enfermaria.