Você está na página 1de 35

FACULDADE SANTA CASA DE BELO HORIZONTE

Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu


Mestrado Profissional em Educação em Saúde

Aluno: Matheus Roscoe Rojas de Miranda


RASTREAMENTO DE TRANSTORNOS
ALIMENTARES

Belo Horizonte

2023
Instrumentos gerais de avaliação dos transtornos alimentares

(Adaptado de FREITAS; GORNSTEIN; APPOLINARIO, 2002)


Body Shape Questionnaire - BSQ

• Cooper e colaboradores desenvolveram o BSQ, como uma forma de


avaliar as características centrais dos transtornos alimentares AN e BN.

• Questionário autoaplicável com 34 itens que se referem à condição do


indivíduo respondente nas 4 semanas anteriores. É um teste simples de
ser preenchido e pode ser concluído em cerca de 10 minutos. Demonstrou
correlações significativas em comparação com a pontuação total no EAT.
O questionário autorrelatado foi construído com uma escala de Likert de 6
pontos (nunca, raramente, às vezes, frequentemente, muitas vezes e
sempre)
Body Shape Questionnaire - BSQ

• A validade concorrente e discriminante da medida se mostrou boa,


demonstrando ser um meio de investigar o papel das preocupações com a
forma do corpo no desenvolvimento, manutenção e tratamento da AN e
BN (COOPER et al., 1987).

• O BSQ foi adaptado para o português brasileiro por meio de tradução e


retrotradução, com o objetivo de garantir uma adaptação confiável e
válida. A importância das alterações relacionadas à imagem corporal é
fundamental para o diagnóstico precoce dos TA e dos Transtornos
Dismórficos Corporais, reafirmando a importância de um questionário
como o BSQ adaptado à cultura brasileira (PIETRO; SILVEIRA, 2008).
Beck Depression Inventory - BDI

• O BDI é utilizado mundialmente para detectar sintomas depressivos (GOMES-OLIVEIRA et al.,


2012).

• Foi projetado em 1960 para medir as manifestações comportamentais da depressão (BECK et al.,
1961). Em 1996 houve uma revisão para o teste se adequar aos critérios do DSM-IV. Trata-se de
um instrumento de auto-avaliação de sintomas depressivos (GOMES-OLIVEIRA et al., 2012).
Beck Depression Inventory - BDI

• A versão em inglês do BDI-ll foi traduzida para português brasileiro por


dois pesquisadores bilíngues e retrotraduzidos por um falante nativo.

• Consiste em 21 conjuntos de afirmações sobre sintomas depressivos nos


últimos 15 dias, classificando em uma escala ordinal de 0 a 3, resultando
em pontuações totais que variam de 0 a 63, sendo os resultados de 0 a 13
interpretados como mínima/sem depressão, de 14 a 19 depressão leve e
29 a 63 depressão grave (GOMES-OLIVEIRA et al., 2012).
Beck Depression Inventory - BDI

• Os indicadores de confiabilidade e validade da versão do teste em


português brasileiro foi satisfatória e apoia seu uso em populações não-
clínicas brasileiras para prever provável depressão (GOMES-OLIVEIRA et
al., 2012), demonstrando adequadas propriedades psicométricas
(FREITAS; GORENSTEIN; APPOLINARIO, 2002).
Symptom Checklist - SCL-90

• Utilizado como índice de gravidade global, o SLC-90 é um instrumento


autopreenchível que avalia sintomas de ansiedade, depressão, hostilidade,
ideação paranóide, somatização e outros (DEROGATIS; CLEARY, 1977),
com 90 Itens aos quais o respondente indica um grau de intensidade numa
escala Likert de 5 pontos, desde O (nenhum) a 5 (muito), desenvolvido a
partir de estudos anteriores com a Hopkins Symptom Cheklist-HSCL e com
a SCL-90 publicada inicialmente em 1975 (LALONI, 2001).

• A SLC-90-R tem sido utilizada por psicólogos clínicos e psiquiatras em


ambientes médicos e educacionais, além de ser utilizada a nível clínico.
Composta por 90 itens de auto-relato que visam refletir o padrão
psicológico dos respondentes (LALONI, 2001).
Symptom Checklist - SCL-90

• Em um estudo de adaptação, precisão e validade da SLR-90-R, foi


demonstrado sua capacidade de avaliar sintomas psicopatológicos de
forma simples e rápida, demonstrando que sua utilização em situações
clínicas permite o diagnóstico dos transtornos psicológicos, estabelecendo
um perfil sintomático dos pacientes e indicando o grau de intensidade do
distúrbio (LALONI, 2001).
Emotionality, Activity and Sociability Temperament - EAS

• O EAS trata-se de um instrumento de 20 itens, projetado para medir


aspectos hereditários de temperamento que estão relacionados a
diferenças de desenvolvimento em personalidade e comportamento
(BUSS, PLOMIN, 1984).

• Foi traduzido e validado para língua portuguesa como Escala de


Adequação Social (EAS) e se demonstrou um instrumento válido.
Compreende traços de Emocionalidade, Atividade, Timidez e
Sociabilidade (FREITAS; GORNSTEIN; APPOLINARIO, 2002).
Three-factor eating questionnaire - TFEQ

• O TFEQ é um questionário auto preenchível desenvolvido para medir três


dimensões do comportamento alimentar humano, que avaliam a restrição
cognitiva, desinibição e fome percebida, aspectos importantes para melhor
entendimento dos distúrbios de comportamento alimentar associado a TA e a
obesidade. Possui propriedades psicométricas bem estabelecidas. Na prática
clínica, sua utilização auxilia a definição da intervenção terapêutica mais
adequada a cada paciente (STUNKARD; MESSICK, 1985).

• Em sua versão reduzida de 21 itens, traduzida para o português brasileiro, o


questionário demonstrou-se um instrumento adequado para identificar os
comportamentos de restrição cognitiva, alimentação emocional e controle
alimentar associados ao hábito alimentar, que podem servir como ponto de
partida para estratégias de orientação nutricional em programas de controle de
peso (NATACCI; JÚNIOR, 2011).
The Clinical Impairment Assessment Questionnaire (CIA)

• Desenvolvido para avaliar o comprometimento psicossocial às características


do TA, o CIA é uma medida de autorrelato de 16 itens, que cobre os últimos 28
dias (MOSER et al., 2020). Foi projetado para medir o comprometimento geral
em três domínios específicos (pessoal, cognitivo e social) (BOHN et al., 2008).

• Criado em 2008, o objetivo do teste foi desenvolver uma medida clinicamente


útil do comprometimento psicossocial resultante das características do
transtorno alimentar. Algumas propriedades do instrumento foram criadas para
garantir que o teste funcionaria como uma medida fácil de usar, como ser um
questionário autorrelatado, ser compatível com uma medida do estado atual
das características do transtorno alimentar, ser relativamente breve e gerar
uma pontuação única e prontamente calculada (BOHN et al., 2008).
The Clinical Impairment Assessment Questionnaire (CIA)

• Ele é projetado para ser aplicado em seguida do teste EDE-Q ou outra


medida atual dos recursos para transtornos alimentares. O CIA foi
projetado para ter o mesmo formato de resposta estilo Likert do EDE-Q,
que são somados para produzir uma pontuação global única que indica a
gravidade do comprometimento secundário, desde que 12 dos itens
tenham resposta, pelo menos (MOSER et al., 2020).

• Os resultados do CIA apoiaram consistentemente a utilidade do


instrumento mostrando altos níveis de consistência interna, validade de
construto e discriminante, confiabilidade teste-reteste e sensibilidade à
mudança (BOHN et al., 2008). Outros estudos apoiaram a utilização do
instrumento original como método de avaliação (MARTÍN et al., 2015)
Depression, anxiety and stress scale - DASS

• A base conceitual do DASS foi fundamentada no modelo tripartido de ansiedade e depressão, que
indica um “continuum” entre depressão, ansiedade e estresse. A relação entre ansiedade e
depressão tem sido complexa, porém, podem ser considerados pontos diferentes no mesmo
“continuum”, ou seja, nos mesmos transtornos de humor/afetivos ou transtornos distintos. Por outro
lado, o estresse está intimamente relacionado com a depressão e ansiedade e pode levar ao
aparecimento de um ou ambos os transtornos. (VIGNOLA, TUCCI, 2014).

• O TCA está associado a emoções e sentimentos, principalmente de caráter negativo, ou seja,


pessoas que têm TCA, não conseguem controlar suas emoções, assim, usam o alimento como
forma de alívio. O TCA também está ligado a transtornos psicológicos, dentre eles, ansiedade e
depressão (FREITAS et al., 2002).
Depression, anxiety and stress scale - DASS

• O DASS-21 foi traduzido para português de Portugal (APÓSTOLO et. al., 2006). Porém, o
português brasileiro possui diferenças para o português de Portugal, além do contexto sociocultural
ser bem diferente entre ambos os países. Um estudo adaptou e validou o DASS-21 para o
português brasileiro, com achados que apoiam a validade da versão português brasileiro, que
aumentam a evidência e capacidade da escala avaliar estados emocionais separadamente, e
dispensa o uso de diferentes instrumentos para avaliar esses estados (VIGNOLA, TUCCI, 2014).

Você também pode gostar