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RELATÓRIO BREVE

Validade interna, dimensionalidade e desempenho do


Body Shape Questionnaire em um grupo de
universitários brasileiros
Validade interna, dimensionalidade e desempenho da
escala Body Shape Questionnaire em uma
população de estudantes universitários brasileiros
Monica Di Pietro1, Dartiu Xavier da Silveira1

Resumo
Objetivo: Adaptar o Body Shape Questionnaire para uso na população brasileira; estudar a validade interna e a dimensionalidade da escala quando utilizada em uma
população brasileira não clínica. Método: Foi realizado um estudo transversal envolvendo 164 alunos dos 3 primeiros anos da Faculdade de Medicina convenientemente
selecionados da Universidade Federal de São Paulo. Utilizou-se a versão Body Shape Questionnaire de 34 itens e um questionário para avaliação de informações
demográficas e antropométricas. Resultados: A consistência interna do Body Shape Questionnaire medida pelo alfa de Cronbach foi de 0,97, indicando que as
questões da escala convergem para o mesmo construto. A análise fatorial da escala resultou em uma solução quadridimensional responsável por 66,4% da
variabilidade total dos dados. Em relação ao escore final do Body Shape Questionnaire, a pontuação média foi de 58,7 ± 25,1 para homens e 89,7 ± 31,3 para
mulheres. Discussão: Encontramos diferenças estatisticamente significativas entre os gêneros nas médias dos escores do Body Shape Questionnaire. As mulheres
mostraram maior insatisfação do que os homens quanto à sua aparência medida pelo Body Shape Questionnaire. A versão adaptada da escala parece manter as
características da escala original.

Descritores: Imagem corporal; questionário de fatores de personalidade; Percepção da forma; Estudantes; Validade dos testes

Resumo
Objetivo: Adaptar a escala Body Shape Questionnaire para uso no Brasil; estudar a validade interna e a dimensionalidade da escala quando usada em uma população
não clínica brasileira. Método: Um estudo de corte transversal foi realizado envolvendo uma população selecionada por opção de 164 estudantes dos três primeiros
anos do curso de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Foram usadas a versão de 34 itens do Body Shape Questionnaire e uma psicologia adicional para
informação demográfica e antropométrica. Resultados: A consistência interna do Body Shape Questionnaire, medida através do alfa de Cronbach, foi de 0,97, o que
indica que as questões da escala convergem para um mesmo construto. A análise fatorial da escala resultou em uma solução de quatro dimensões que respondem
por 66,4% da variabilidade total dos dados. Em relação aos escores do Body Shape Questionnaire, sua média foi de 58,7 ± 25,1 para os homens e 89,7 ± 31,3 para
as mulheres. Discussão: encontramos uma diferença estatisticamente significativa entre os gêneros na média dos escores do Body Shape Questionnaire. As
alterações de imagem corporal, medidas pelo Body Shape Questionnaire, mostram uma grande insatisfação com a aparência em mulheres quando ocorreram aos
homens. A versão adaptada da escala parece manter as características da escala original.

Descritores: Imagem corporal; Questionário de fatores de personalidade; Percepção de forma; Estudantes; Validade dos testículos

1
Departamento de Psiquiatria, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo (SP), Brasil

Correspondência
Monica Di Pietro
Rua Joinvile, 651
04008-011 São Paulo, SP, Brasil
Telefone: (55 11) 5579-1975 / Fax: (55 11) 5083-8117 E-
Enviado: 3 de março de 2008 mail: monicapietro@uol.com.br
Aceito: 30 de julho de 2008

Rev Bras Psiquiatr. 2009;31(1):21-4


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22 Di Pietro M & Silveira DX

Introdução O escore da população não clínica pesquisada mais dois desvios padrão e a mesma
conceito de “imagem corporal” como fenômeno psicológico foi inicialmente média mais três desvios padrão).
apresentado em 1935 pelo escritor alemão Schilder como sendo a imagem que Grave, quando o escore total é superior a 167 (correspondente a valores
temos de nosso próprio corpo em nossa mente, o que pode explicar a forma como superiores ao escore médio desta população mais três desvios-padrão)7 .
nosso corpo se apresenta a nós mesmos . Slade expandiu esse conceito definindo- Paralelamente, elaboramos um questionário inicial para investigar dados
o como uma imagem mental que temos do tamanho, forma e contorno de nossos demográficos e antropométricos.
próprios corpos, bem como de nossos sentimentos em relação a essas Essas informações permitiram calcular o IMC (índice de massa corporal de
características e às partes que constituem nossos corpos. Portanto, a imagem Quetelet) dividindo o peso em quilogramas pelo quadrado da altura em metros.
corporal possui dois componentes principais: um perceptivo e outro atitudinal1,2 . Com base no IMC, os entrevistados foram divididos nas seguintes categorias:
Alterações da imagem corporal podem ser encontradas tanto em transtornos abaixo do peso normal (IMC < 18,5); faixa de peso saudável (IMC entre 18,5-24,9);
neurológicos quanto em transtornos psiquiátricos, fazendo parte do DSM IV excesso de peso (IMC entre 25,0-29,9); obesos (IMC ÿ 30)8,9.
(Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4ª edição) para
Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa e Transtornos Dimórficos Corporais3.
A insatisfação com a forma ou aparência corporal é considerada frequente 3. Procedimentos
principalmente entre as mulheres jovens.4 Estudos mostram que os homens O BSQ foi adaptado por meio de tradução e retrotradução, visando garantir
também podem se preocupar excessivamente com a imagem corporal5,6. uma adaptação confiável e válida para o português. Infelizmente não foi possível
A preocupação com a forma corporal é frequente entre as mulheres ocidentais, entrar em contato com o autor da escala original.
e é a questão central quando focamos nos transtornos alimentares. Até 1987 não
havia instrumentos que mensurassem satisfatoriamente essas preocupações, e Os alunos responderam aos questionários em sala de aula, onde lhes foi
Cooper e colaboradores desenvolveram o Body Shape Questionnaire (BSQ) com explicado o objetivo deste estudo. Os participantes foram solicitados a assinar um
essa finalidade. É um questionário autoaplicável de 34 itens que se refere à termo de consentimento livre e esclarecido que explicava que os dados obtidos
condição do respondente nas 4 semanas anteriores e foi originalmente validado seriam totalmente confidenciais de acordo com as normas da Comissão de Ética
em uma população de mulheres inglesas da comunidade (n = 535) em comparação em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo.
com um grupo de pacientes bulímicas (n = 38)4. Na construção do instrumento,
os itens resultaram empiricamente tanto dos grupos de transtornos alimentares 4. Análise estatística A
quanto dos não clínicos. medida de consistência interna foi o alfa de Cronbach.
O objetivo deste estudo foi adaptar a escala BSQ de 34 itens para uso no Os coeficientes de correlação item-total corrigidos foram calculados para cada
Brasil e estudar sua validade interna e dimensionalidade em uma população item da escala. Os dados foram submetidos a uma análise fatorial com o método
brasileira não clínica. de componentes principais de estimação de parâmetros, uma vez que este método
não requer distribuição normal dos dados. Os itens do questionário com carga
Método igual ou superior a 0,35 foram incluídos na solução fatorial final. Uma matriz
1. Amostra derivada por rotação varimax foi obtida para atender aos requisitos de Thurstone.
Cento e sessenta e quatro (164) estudantes de ambos os sexos foram O número de fatores a serem retidos foi o do critério de Kaiser. Os procedimentos
selecionados convenientemente, enquanto cursavam os três primeiros anos da analíticos foram realizados com o Statistical Package for the Social Sciences
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. O número de (SPSS).
alunos correspondeu a 48,5% do total de alunos matriculados nesses anos.
Resultados

Os resultados comparados de estudantes de medicina divididos por gênero são


2. Instrumentos O exibidos abaixo na Tabela1.
BSQ foi utilizado em sua versão original de 34 questões de Cooper et al.4 Os O coeficiente de consistência interna do BSQ foi de 0,97. Nenhuma das
seguintes escores foram levados em consideração para quantificar as preocupações questões apresentou baixos coeficientes de correlação item-total (CITC),
com a imagem corporal, de acordo com os padrões do estudo original: demonstrando que todos os itens se mostraram importantes componentes do
Sem preocupação, quando o escore total foi menor ou igual a 110 (que composto.
corresponde ao escore médio da população não clínica da versão original de A análise de componentes principais do composto resultou em uma dimensão
Cooper et al. mais um desvio padrão). de quatro fatores.
Leve, quando o escore total foi maior que 110 e menor ou igual a 138 Das 34 questões da escala, as questões 04, 02, 21, 17, 24, 28, 22, 23, 30, 14,
(equivalente ao intervalo entre os totais de um e dois desvios padrão do escore 03, 06, 34, 16, 09, 05, 11, 10, 01, 33, 15 , e 19 compuseram o primeiro fator
médio da população não clínica). correspondente a uma dimensão que, pelo seu conteúdo, poderia ser chamada
de “autopercepção da forma corporal”.
Moderado, quando o escore total foi maior que 138 e menor ou igual a 167 As questões 31, 20, 29, 12 e 25 são agrupadas em um segundo fator que
(correspondente ao intervalo entre a média corresponderia a uma “percepção comparativa da imagem corporal”, enquanto

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as questões 32, 26, 07, 18 e 13 foram agrupadas em um fator que denominamos Outro estudo do ano de 2001, com versão reduzida de 14 itens da escala,
“atitude em relação à alteração da imagem corporal”. Por fim, as questões 08 e validado por Dowson e colaboradores em uma população de 75 mulheres com
27 correspondem a uma última dimensão, que se refere a “alterações graves na baixo peso psicogênico e história de anorexia nervosa total ou parcial, encontrou
percepção corporal”. um coeficiente de confiabilidade interna de 0,9311 .

Discussão A A análise fatorial da estrutura da escala em nosso estudo resultou em uma


importância da identificação das alterações da imagem corporal é fundamental solução quadridimensional referente a componentes distintos do fenômeno. No
para o diagnóstico precoce dos Transtornos Alimentares e do Transtorno geral, a maioria das questões do BSQ manteve um desempenho adequado,
Dismórfico Corporal, pois os sintomas isolados desses transtornos precedem inclusive no que se refere à solução fatorial que se refere às dimensões
sua manifestação plena. Essa observação reafirma a importância de ter um psicopatológicas dos transtornos da imagem corporal.
questionário como o BSQ adaptado à cultura brasileira.
Neste estudo, a consistência interna do BSQ medida pelo alfa de Cronbach Como limitação do estudo podemos citar que uma amostra de estudantes de
foi de 0,97, indicando que as questões da escala convergem para o mesmo medicina pode não ser representativa da população geral brasileira.
construto. Embora esses resultados possam sugerir que alguns itens podem ser Outro ponto a ser discutido é a utilização do peso referido pelos alunos e não
redundantes, uma análise preliminar não suporta essa hipótese. Um estudo de aquele efetivamente medido. A inexistência de critérios diagnósticos objetivos
validação e confiabilidade do BSQ realizado por Rosen e colaboradores em que possam ser considerados como “padrão ouro” para caracterizar o transtorno
1995 encontrou um coeficiente de confiabilidade de 0,8810. da imagem corporal representa um obstáculo para o desenvolvimento de um
estudo sobre a validade de critério do BSQ.

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Referências
1. Slade DP. A imagem corporal na anorexia nervosa. Br J Supl. de Psiquiatria.
1988;(2):20-2.
2. Slade DP. O que é imagem corporal? Behav Res Ther. 1994;32(5): 497-502.

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Alegre: Artes Médicas; 1995.
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Distúrbio Comer Int J. 2001;29(4):373-9.
6. Hallinan CJ, Pierce EF, Evans JE, De Grenier JD, Andrés, FF.
Percepções da forma corporal atual e ideal de atletas e não atletas.
Percepcionar Habilidades Mot. 1991;72(1):123-30.
7. Cooper Z, Fairburn C. The Eating Disorder Examination: uma entrevista
semiestruturada para a avaliação da psicopatologia específica dos transtornos
alimentares. Distúrbio Comer Int J. 1987;6(1):1-8.
8. Tovée MJ, Emery JL, Cohen-Tovée EM. A estimativa do índice de massa
corporal e da atratividade física depende do próprio índice de massa corporal
do observador. Proc Biol Sci. 2000;267(1456):1987-97.
9. Organização Mundial da Saúde (OMS). Obesidade: prevenindo e gerenciando o
relatório epidêmico global de uma consulta da OMS sobre obesidade. Genebra;
junho de 1997.
10. Rosen JC, Jones A, Ramirez E, Waxman S. Questionário de Forma Corporal:
estudos de validade e confiabilidade. Distúrbio Comer Int J. 1996;20(3):315-9.

11. Dowson J, Henderson L. A validade de uma versão curta do Body Shape


Questionnaire. Res. de Psiquiatria. 2001;102(3):263-71.

Rev Bras Psiquiatr. 2009;31(1):21-4

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