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TESTES PSICOMÉTRICOS E TAREFAS

DIFERENÇAS E UTILIDADES EM PROCESSOS DE AVALIAÇÃO PSICODIAGNÓSTICA,


NEUROPSICOLÓGICA E NEUROPSICOPEDAGÓGICA
TESTES PSICOLÓGICOS/NEUROPSICOLÓGICOS
Testes psicológicos são instrumentos criados para avaliar
quantitativamente e, em menor grau, qualitativamente, um
determinado construto.
• Um construto é um conceito teórico não observável diretamente, mas que é
fundamentado cientificamente e empiricamente comprovado.
• Exemplos de construtos psicológicos e neuropsicológicos: afetividade, introversão
e extroversão, impulsividade, inteligência, memória, atenção, funções executivas,
etc.
• No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia (CFP), por meio do SATEPSI (Sistema
de Avaliação de Testes Psicológicos) é responsável por homologar ou não um
determinado teste.
• Todos os testes psicológicos e neuropsicológicos (desde os aprovados, aos que
estão em estudo e aos não aprovados) constam para consulta pública no site
SATEPSI (https://satepsi.cfp.org.br/).
A aba verde (“Psicólogo pode usar”) se abre em outra aba em que há 2 opções:
• Testes Psicológicos Favoráveis: lista todos os testes favoráveis no momento e que
são de uso restrito do psicólogo.
• Instrumentos não privativos do psicólogo: são geralmente questionários,
inventários e escalas que, mesmo tendo sido validados pelo CFP, são de uso
público.
A aba vermelha (“Psicólogo não pode usar”) cita os instrumentos cuja validade e
fidedignidade, ou mesmo cujo embasamento teórico, não foram cientificamente
comprovados. Também estão neste grupo os testes que não tiveram suas
normativas atualizadas.
• Testes psicométricos brasileiros SEMPRE pressupõem a existência de tabelas
normativas que contêm pontuações brutas e seus respectivos percentis (e/ou
escores) relacionados a cada faixa etária, ao nível de escolaridade do sujeito e,
algumas vezes, à região geográfica (N, S, CO, Ne, Se) do Brasil.
• Tais normativas devem sempre ser atualizadas. Um exemplo hipotético: em 2005
um determinado teste indicava que uma pontuação bruta 30 tinha percentil 50
(Médio) para crianças na faixa etária de 10 anos, que estavam no ensino
fundamental. Hoje, em 2021, as normativas deste mesmo teste devem
obrigatoriamente ter sido atualizadas e, desta forma, provavelmente os percentis
para as mesmas pontuações brutas foram também modificados.
• Testes psicométricos favoráveis (homologados pelo CFP) têm o importante
componente QUANTITATIVO (que é mensurável) presente nas tabelas normativas
atualizadas.
• Entretanto, além do componente quantitativo, em todo teste psicométrico também
devemos observar os componentes QUALITATIVOS (não mensuráveis) durante
uma aplicação. Por exemplo: “a criança estava muito ansiosa, agitada, tímida,
resistente, passiva, etc durante a aplicação?” Estas observações não mudarão os
escores obtidos, mas serão importantes para contextualizar e até entender um
eventual mau desempenho em um determinado teste.
TAREFAS
Tarefas são instrumentos e/ou atividades criados para avaliar
qualitativamente e, em menor grau, quantitativamente, o
desempenho do examinando.
• Exemplos de tarefas: jogos com procedimentos controlados, atividades
sistematizadas especificamente elaboradas para avaliar determinado aspecto
do examinando, subtestes de baterias (neuro)psicológicas que não são mais
consideradas favoráveis pelo SATEPSI, “testes” de domínio público não
homologados pelo SATEPSI.
• Atualmente temos muitos testes favoráveis e comercializados para avaliarmos
diferentes construtos. Entretanto, em particular para nós, neuropsicólogos, ainda
somos carentes de muitos testes que avaliem toda a gama e toda especificidade
de construtos necessários em cada avaliação neuropsicológica.
• Por este motivo, sempre lançamos mão de tarefas (sejam estas criadas por cada
profissional em particular, sejam as tarefas existentes na literatura científica ou
em obras literárias atuais).
• As tarefas são fundamentais para complementar o leque de instrumentos
utilizados no processo de avaliação neuropsicológica (juntamente com anamnese,
entrevistas, questionários, escalas, análise de documentos médicos, etc).
E as tarefas que possuem normativas?
• Devem ser seguidas com o rigor descrito em seus manuais. As normativas nos
fornecem um comparativo importante em relação ao esperado para cada faixa
etária, escolaridade, etc.
• Muitos autores neuropsicológicos têm se preocupado em atualizar as normativas
das tarefas de sua autoria, sendo sempre necessário acompanhar tais
atualizações.
• Ainda assim, mesmo contendo normativas, se não foram homologadas pelo CFP,
até o momento são consideradas TAREFAS, e não testes.
COMO REGISTRAR TAREFAS E TESTES NO LAUDO OU RELATÓRIO
• Em laudos e relatórios neuropsicológicos, psicopedagógicos ou neuropsicopedagógicos,
sempre devem estar registrados os procedimentos e instrumentos utilizados. Por que?
Porque seu laudo ou seu relatório poderá ser lido por qualquer outro profissional
previamente autorizado, o qual precisa saber quais instrumentos foram utilizados e com
qual objetivo.
• O nome de cada teste usado deve vir acompanhado de seus autores, editora, cidade,
ano de publicação.
• A mesma regra vale para tarefas encontradas na literatura atual ou em artigos
científicos. Caso sejam tarefas específicas criadas pelo profissional, devem ter seus
procedimentos e objetivos igualmente descritos.
FINALMENTE...

• A escolha de testes e tarefas deve ter um objetivo por parte do profissional. “Por
que aplicarei tal teste ou tal tarefa naquela criança?” “O que quero avaliar?”
“Aquele teste ou tarefa é apropriado para o que quero examinar?” “Aquele
teste ou tarefa poderá clarear minhas dúvidas em relação à minha hipótese
diagnóstica prévia?”.
• Os resultados obtidos em testes e tarefas nunca devem ser considerados
isoladamente do conjunto. Isto é, jamais devemos formular um diagnóstico
unicamente pelo resultado de um teste, ou de uma tarefa.
ESPERO TER AJUDADO!

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