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Há 4,6 bilhões de anos atrás, uma massa de matéria magmática começou a arrefecer, dando origem,
após milhões de anos, ao planeta que hoje conhecemos como Terra. O nosso planeta passou, ao longo
do tempo, por diversas mudanças. [vídeos de mudanças na morfologia da terra, separação de
continentes, mudanças climáticas, seres vivos que já passaram pela terra (dinossauros, seres pré-
históricos) chegando na evolução dos seres humanos. Os vídeos têm de ter uma vibe tranquila e
positiva]
Essas mudanças têm sido mais rápidas do que nunca [vídeos rápidos de avanços tecnológicos, coisas
modernas e tal] [pausa na voz para os vídeos] e o culpado [vídeos rápidos de homens matando
animais, pesca ilegal, poluição, petróleo, fábricas soltando fumaça, carros, violência] [pausa na voz] é
o homem.
[silêncio] [vibe tranquila volta aos poucos]
Na Terra existem 4 subsistemas abertos, sendo eles a geosfera, a hidrosfera, a biosfera e a atmosfera
[mostrar pequenos vídeos de cada um] Estes quatro interagem entre si de forma a manter todo o
planeta em um constante equilíbrio [vídeos de animais na natureza sendo livres, bebendo água de rios,
se adaptando aos seus habitats...] [pausa]. Estima-se que na pré-história a população humana girava
em torno dos 6 milhões de habitantes, mas com o surgimento das primeiras civilizações e com a
adoção da agricultura, a espectativa de vida do homem passou a ser de 18 a 33 anos, e
consequentemente, a sua população passou a aumentar.
Em 1804 atingimos, pela primeira vez, 1 bilhão de pessoas. Após 123 anos, atingimos 2 bilhões, e 33
anos depois chegamos aos 3 bilhões. O crescimento da população humana tem sido cada vez mais
rápido, e hoje em dia, contamos com 7,9 bilhões de habitantes na Terra, e de acordo com a
Organização das Nações Unidas, em 2050 a população mundial atingirá 9,7 bilhões de pessoas
[vídeos de locais com superpopulação]
[música calma] Todo ser vivo tem certas necessidades básicas para sobreviver, e não é diferente com
o homem. Nós dependemos de recursos naturais, como por exemplo, a água. [barulho de água, tipo
um rio]
A água tem diversas finalidades para o homem. [vídeos que mostram cada situação] [falar com calma]
Hidratação, preparo de alimentos, limpeza, sistemas de refrigeração, combate a incêndios, produção
agrícola, usos industriais, lazer... entre outras. Só que não estamos a falar de água salgada.
70% do planeta Terra é água. Dessa água, 97,41% é salgada. Dos 2,59% de água doce no planeta,
apenas 0,003% correspondem a água doce verdadeiramente disponível. Uma vez que recursos
renováveis são limitados pelo fluxo de regeneração natural, a água pode ser considerada renovável e
não-renovável. [pausa]
No ciclo natural da água existem vários processos. [vídeos de todos esses processos] Podemos
começar com a evaporação, onde, por ação do sol, as águas da superfície de rios, lagos e oceanos
passam do estado líquido para o gasoso e vão para a atmosfera. [pausa] Com a acumulação de
gotículas de água na atmosfera acontece a condensação, onde surgem as nuvens. [pausa] Quando essa
condensação se adensa e é acompanhada de correntes frias de ar ocorre a precipitação, onde existe a
queda de água. [pausa] Se a água cair em um local alto, esta passa do estado líquido para o sólido,
tornando-se neve. [pausa] Já se a água cair em um local de menor elevação é designada apenas de
chuva, no estado líquido. [pausa]As águas da chuva podem infiltrar-se no solo e dar origem aos
lençóis freáticos ou águas subterrâneas, ou seguir o seu curso até encontrar um rio, lago ou oceano.
[pausa] E assim, tudo se repete incontáveis vezes.
Para a água ser usufruída pelo ser humano, esta precisa ter qualidade. [pausa grande] [leve mudança
na vibe]
As ações humanas têm causado diversas alterações em vários subsistemas, sendo elas
comprometedoras. Essas alterações são chamadas de impactes ambientais. Se os impactes ambientais
negativos não forem controlados ou contidos, o nosso planeta corre perigo.
Dentro dos impactes ambientais negativos, existe a poluição. O termo poluição refere-se a uma
alteração indesejável no meio ambiente, por ação humana, que provoca um efeito negativo no seu
equilíbrio [vídeos de poluição] Associada à palavra poluição surge a palavra contaminação, que
consiste na introdução de microrganismos, substâncias químicas e/ou resíduos no meio ambiente
numa concentração considerada superior à normal. Os resíduos ou poluentes que contaminam os
meios podem ter origem numa fonte tópica, que é mais fácil de identificar e controlar, ou numa fonte
difusa, que acaba por ser o oposto da tópica. aqui 15:54
A poluição acaba por ser tão perigosa pois provoca a degradação do meio ambiente, isso porque as
substâncias que contaminam o meio têm um certo grau de toxicidade, que é a capacidade que essas
substâncias têm em causar efeitos adversos num organismo. Portanto, são estudadas as quantidades
dessas substâncias nocivas que um organismo pode se expor, chamadas doses. Esses estudos incluem
variáveis como o modo de exposição, a duração da exposição e o património genético individual do
organismo exposto. As substâncias, então, são classificadas de não tóxicas a supertóxicas.
Quando uma substância tóxica é inalada ou ingerida, o nosso organismo trabalha a fim de excretá-la,
porém, nem sempre esse processo é eficiente. A substância pode ser absorvida e armazenada em
tecidos e órgãos e atingir concentrações elevadas, o que é chamado de bioacumulação. A reação pode
ser rápida ou causar alterações permanentes num indivíduo, sendo assim um efeito agudo, que em
casos mais graves pode ser fatal.
Algo que pode piorar a situação em caso de exposição a substâncias tóxicas é a combinação de
substâncias. Diz-se que quando a combinação de dois agentes é superior à soma do efeito que cada
um deles apresenta isoladamente ocorre sinergismo.
As substâncias tóxicas podem afetar diretamente as células de um indivíduo e alterar o seu genoma,
sendo assim um agente mutagénico. Nesses casos, as alterações são transmitidas à descendência,
causando problemas graves. Aqui também estão incluídos os agentes cancerígenos, onde a alteração
do genoma pode levar ao desenvolvimento de tumores malignos. Outro tipo de agentes são os agentes
teratogénicos, que interferem no desenvolvimento do embrião e também no do feto. As consequências
podem ser deficiências funcionais, atraso no crescimento, anomalias estruturais, malformações e até a
morte do embrião ou do feto. Os agentes teratogénicos podem ser de natureza infeciosa, física,
química, medicamentosa ou de natureza metabólica.
Voltando a falar da água, como já foi dito, esta precisa ter qualidade para ser usufruída pelo homem,
se não as consequências podem ser graves. Portanto, vamos falar sobre a poluição da água.
Na água doce, com muito maior frequência, existe um processo chamado de eutrofização. A
eutrofização consiste no enriquecimento de nutrientes na água. Os organismos fotossintéticos
aquáticos, como cianobactérias e algas verdes, dependem de nutrientes como o azoto, o fósforo, o
carbono e o potássio para crescer e se reproduzir. Uma vez que na eutrofização a introdução desses
nutrientes ocorre, com o crescimento e reprodução acelerada desses organismos, a água começa a
ficar turva, impedindo a penetração da luz do Sol. Pelo facto da matéria orgânica passível de ser
decomposta aumentar, existe uma redução da comunidade vegetal submersa, e, além disso, alguns
organismos como peixes têm de competir pelo oxigénio disponível e acabam por morrer [mencionar
lago oligotrófico e eutrófico].
A eutrofização pode ser de origem natural, sendo um processo demorado. Acontece na evolução dos
ecossistemas, por exemplo quando um ecossistema lacustre se transforma num ecossistema terrestre.
Mas o homem também tem o seu papel aqui. A eutrofização cultural ou acelerada tem relação com as
atividades antrópicas. Um exemplo é o uso de fertilizantes. Estes produtos utilizados nas práticas
agrícolas intensivas são ricos em fósforo e azoto, portanto, acabam por causar graves consequências
ao entrar em contacto com o meio aquático.
A qualidade pode ser medida por parâmetros físicos, como por exemplo cor, turvação, sólidos, sabor e
odor [pausa], parâmetros químicos, como salinidade, dureza, alcalinidade, teor em ferro, teor em
nitratos e teor em matéria orgânica, todos medidos em termos de concentração [pausa], e parâmetros
biológicos, que avaliam a densidade populacional de determinados organismos.
Uma vez que a deteção individualizada de microrganismos patogénicos é uma tarefa complexa,
avalia-se a presença de matéria fecal na água, utilizando bactérias, como a Escherichia coli, que se
encontram no intestino humano e de outros mamíferos, que são os coliformes fecais. Na água que
consumimos, a presença de coliformes fecais tem de ser igual a zero.
Durante a decomposição da matéria orgânica biodegradável, compostos orgânicos mais complexos
são transformados em compostos mais simples, como amoníaco e dióxido de carbono, portanto, existe
uma diminuição na concentração de oxigénio dissolvido na água. Carência bioquímica de oxigénio é a
quantidade de oxigénio dissolvido consumido durante a decomposição aeróbia das substâncias
biodegradáveis presentes numa amostra de água. Se a quantidade de oxigénio dissolvido na água não
for suficiente, uma vez que os microrganismos decompositores aeróbios têm nutrientes em
abundância e proliferam rapidamente, peixes e outros seres vivos acabam por morrer, pois necessitam
de oxigénio em abundância. Em quantidades ainda mais baixas de oxigénio, ocorre a libertação de
odores e alteração do aspeto físico da água. Assim, ocorre a degradação desse recurso. aqui
Mesmo em condições deploráveis, na grande maioria dos casos, a água ainda tem salvação. Uma das
grandes vantagens dos avanços tecnológicos é a capacidade de tratar águas residuais. Toda água que
consumimos, ou grande parte dela, vai parar em uma rede de esgotos [pausa]. O tratamento de
efluentes é realizado em instalações denominadas estações de tratamento de águas residuais, as
ETAR(es?). Nessas instalações, o principal objetivo é fazer com que o efluente final tenha qualidade
suficiente para ser devolvido ao ambiente e não causar danos. Para isso, existem quatro fases de
tratamento.
Na primeira fase, o tratamento preliminar, existem processos como a crivagem, a tamisagem e a
desarenação, que visam remover sólidos de maiores dimensões contidos na água.
Na segunda fase, o tratamento primário, a água passa por decantadores, onde materiais em suspensão
do efluente são decantados sob a forma de lamas, devido à redução da velocidade. Em alguns casos
pode recorrer-se a um processo químico de coagulação, quando o efluente é mais complexo. Durante
essa fase existe uma diminuição da carência bioquímica de oxigénio, e, pelo facto de as partículas que
se depositam carregarem consigo uma grande quantidade de bactérias, existe uma descontaminação
biológica.
Na terceira fase, o tratamento secundário, é utilizado um biorreator em aerobiose, pois os micróbios
presentes no efluente precisam de oxigénio para eliminar a matéria orgânica. Após um tempo, são
originadas lamas secundárias, portanto pode se dizer que houve uma nova decantação.
Durante última fase, o tratamento terciário ou avançado, são removidos nutrientes, poluentes
específicos, bactérias e outros resíduos, o que faz com que a água esteja pronta para ser lançada no
meio ambiente.
As lamas produzidas durante os tratamentos primários e secundários também podem ser aproveitadas.
Ao passarem posteriormente por digestores anaeróbios, a fim a reduzir e estabilizar os sólidos
residuais, acontece a biometanização, onde são produzidos o dióxido de carbono e o metano, que são
os principais constituintes do biogás. Assim, o metano pode ser utilizado para suprir necessidades
energéticas. Biossólidos ou lamas tratadas são os materiais sólidos estabilizados, e podem ser
utilizados como fertilizantes ou condicionadores dos solos desde que não representem um risco para o
meio ambiente.
Um exemplo de um local próximo onde os efluentes são devolvidos ao ambiente é a Foz do Lizandro,
na Ericeira. Nesse local foram feitas análises de amostras de água, e descobriu-se que existia uma
elevada concentração de bactérias Escherichia coli no rio Lizandro. Foi ponderada, então, a proibição
de banhos naquela praia. Porém, foram feitas novas análises e concluiu-se que a concentração de
bactérias se encontrava abaixo dos valores de referência, portanto os banhos continuaram sendo
permitidos. Apesar disso, em 2018 as concentrações voltaram a aumentar, o que pode significar que
teremos problemas no futuro.
Mesmo sendo a mais importante e essencial para o ser humano, a água doce não é a nossa única
preocupação [vídeos que mostram a Ilha de Plástico do Pacífico, música tensa e som de gaivotas].
[música tensa termina] Nos mares encontramos uma grande parte da biodiversidade do planeta
[vídeos de vários animais marinhos]. Lá os seres vivos até poderiam sentir que estão seguros, porém o
homem não interfere apenas em ambientes terrestres.
Um exemplo disso, é a exploração de petróleo. O petróleo é encontrado em câmaras subterrâneas,
portanto, o fundo do mar é perfurado e o combustível fóssil é extraído. Acontece que podem
acontecer acidentes nas plataformas petrolíferas e o petróleo ser derramado nos oceanos. O mesmo
pode acontecer em acidentes que envolvem navios-petroleiros, que fazem o transporte desse
combustível. Mas também existem outras formas de poluir os mares.
Todos os dias produzimos resíduos [pausa]. Estão incluídos nesses resíduos o papel, o plástico, o
alumínio, o vidro e muitos outros. O problema da produção desses resíduos é que eles têm um tempo
de decomposição elevado. Por exemplo, o alumínio demora de 200 a 500 anos para se decompor. O
plástico, 450. Já o vidro demora um milhão de anos para se decompor. Então o que acontece quando
esses resíduos vão para o mar?
Em 1997 foi vista pela primeira vez a Ilha de Plástico do Pacífico. Esta ilha chamada de “o sétimo
continente” é constituída por resíduos plásticos que têm origem terrestre e por alguns resíduos que
vieram de embarcações, como redes de pesca, cestas ou jaulas. A Ilha do Plástico tem três vezes o
tamanho da frança e aproximadamente 80.000 toneladas de plástico. E como já era de se imaginar, as
consequências são catastróficas. Milhares de animais marinhos morrem todos os anos por causa da
Ilha, tanto por intoxicação quanto for asfixia e afogamento. Os animais que não morrem acabam
feridos. Desde que foi descoberta, a Ilha não para de crescer, portanto estamos longe de resolver esse
problema. E não pensem que a poluição marinha acaba por aqui. Os resíduos estão espalhados por
todo o oceano e as consequências acabam por ser as mesmas.
Até agora vimos como o homem interfere na água, mas esse não é o único recurso que está em risco.
Também interferimos no solo [vídeos de desflorestação, aterros sanitários] e no ar [vídeos de fábricas
soltando fumaça, carros no trânsito...], o que envolve as alterações climáticas, chuvas ácidas e a
redução da camada de ozono. Tudo isso nos levará a catástrofes gigantescas, comprometendo todo o
planeta e a sua biodiversidade. Mas o problema é que, como já foi dito no início do documentário, a
população humana não para de crescer. Em pouco tempo atingiremos a superpopulação e faltarão
recursos para suprir as nossas necessidades básicas.
O conceito “pegada ecológica” refere-se à área biologicamente produtiva disponível que está a ser
utilizada para sustentar o atual estilo de vida da espécie humana, e o conceito “biocapacidade” refere-
se à área biologicamente produtiva (como zonas de cultivo, pastos, florestas e pesca) disponível para
responder às necessidades da humanidade. Para compreender melhor, podemos começar dizendo que
em 2019, o planeta Terra consumiu todos os recursos naturais do ano a 29 de julho, ou seja, a procura
do ser humano foi e é muito maior do que a capacidade do nosso planeta regenerar os seus recursos.
A pegada ecológica evidencia os impactes ecológicos gerados pelo ser humano e a forma como as
escolhas que fazemos podem nos levar a um caminho de sustentabilidade. O passivo ecológico de um
dado país é determinado calculando a diferença entre o valor da pegada ecológica e da biocapacidade.
Se o valor for positivo, o país não está a desenvolver-se de maneira sustentável, pois existe uma
sobreutilização dos ativos ecológicos desse país. Portugal acaba, infelizmente, por entrar na lista
desses países.
Desenvolvimento sustentável significa modelo de desenvolvimento que permite satisfazer as
necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações satisfazerem as suas
próprias necessidades, e a nossa pegada ecológica nos ajuda a enxergar como nós podemos,
individualmente, caminhar para esse modelo. Ao calcular a nossa pegada, é-nos dito como podemos
contribuir com a melhoria do planeta, por exemplo, podemos diminuir o consumo de carne, comprar
produtos alimentares locais ou usar a bicicleta e os transportes públicos em vez do automóvel. No
caso da água, um jeito de contribuir fácil é praticar reciclagem e evitar certos tipos de produtos que
podem ser prejudiciais ao meio aquático algum dia. Atividades como a recolha de lixo nas praias é
algo que pode contribuir bastante, mesmo que não pareça. Além disso, estão começando a surgir
ideias de limpeza dos oceanos, que transformarão os resíduos em algo útil para o homem. Também é
muito importante conscientizar as gerações mais novas, pois elas são o futuro e a esperança do nosso
planeta. Não podemos mudar o mundo todo, mas podemos começar por nós mesmos. Faz a tua parte.

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