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O P11l11ito ltlocle1·110
COM UM PREFACIO
de
.Perillo Go1ne8
1924
-- TYPOGRl'l.PHIH DHS .,VOZES DE Pí:.TROPOLJS" -
PETROPOUS - E. DO RIO
)i meus idolafrados paes
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Approvação
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PREFACIO
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Deus e a crença, universal
AOS INCREDULOS
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- 11 _:.
de Israel, em cada uma de suas paginas entôa
canticos ao Altíssimo.
O insensaito disse em seu coração (não em
sua intelligencia): «Não ha Deus».
Agora, leitor amigo, excluído o testemu
nho frrecusavel dos livros santos, entra(\los, da
melhor bôa vontade, nos testemunhos esmaga
dores da tradição e da historia, onde, a cada
.passo, vemos ·brilhar o nome sacrosanto do
Deus unico e salvador, numa eterna alleluia
de applausos. Seja-nos, 1mrém, permittido co.c
meçar pela transcripção do período seguinte da
excellente obra do insuspeito e illustradissirPlo
Edgard Quinet <<Le Oénie des religions»,
p. 28: l
«Le li,on en ·naissant a mairché au desert,
«l'aigle a volé sur le cime du mont, l'homme
«a marché vers la societé, vers l'humanité,, vers
«Dieu même. Oui, voilà le Grand Nom pro
«noncé, et !';i vous ne placez quelque divin ins
«tinct dans le cceur des peuples au berceau,
«tout demeure inexplicaible.»
No J. King· (1), livro sagrado dos chine
zes, encontra-se o seguinte:
· «No principio, quando não havia ainda nem
«céo, nem terra, só existia Tão (palavra que
«significa Razão), �ue produz sem limites, in
«finito em todo o genero. ·
«E Tão produz Um; Um produz dois;
<<dois produz tres ou a triade; e a triade pro
«duz a, universalidade dos seres. Foi Tão quem
«fez e dividio o céo e a terra, quem converteu
«e aperfeiçoou todas· · as cousas. Cinco elemen
«tos, a agtia, o fogo, a madeira, o metal e a
«terra compõem a materia limitada que tem
«por origem · Aquelle que não tem limites.»
1) «O livro "}. l(,ng», d.iz um notavel escriptor, con•
forml'! as antigas trad1çõe!l, foi escripto por Fo-Hy, persona•
g.em que muitos escr1ptores modernos dizem ser o mesmo Noé
da Biblla.•
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12 --
(Alexis Ard9uin - «A Religião em face da Scien
cia». - · vol 1.0, pag. 479).
Lao Tsea, au·tor de um outro livro sagrado
dos chinezes, traduzido por P:!.llthi:!r, diz o se
guinte: «No principio tudo era uma confusão
«immensa, um cháos indefinivel, inacessivel ao
«pensàmento humano. N'o meio deste cháos uma
«imagem indeterminada, ·confusa, indistincta, se
<�es imperceptixeis, em germen, indefinitos; e
«havia tambem um pdncipio subtil, vivificante:
«era a suprema Verdade; é ella a causa pn-·
«mordial da terra ; dá-se-lhe o nome de Ser;
«é �a mãe de todos os seres.» (Obra citada,
pag. 4�0)..
Bonnety, citado por Bougaud e Moigno,
enconlrou no mesmo livro a seguinte passa
gem: <<On sait , ordinairement que Trois son
«Trois.; _ mai•s . on ignore que Trois sont Un.»
_ No livro TinJCha-Piie1z lê-se· o seguinte pe
riodo: «La n�cine et !'origine de tout est l'U
«nité. L'Unité est par elle-mêmc ce "qu'elle est,
«et. ne reçoit son être · · d'aucun autre.), (Obra
citada).
Mo,igno, o philosopho profundissimo, o sa
bio universal, escreveu, no -- «Esplendores da
Fé», o seguinte: «Nos livros sagrados e divinos_
«dos chinezes existem textos authenticos refe
«rentes a seu rnonotheismo p·rimitivo. Nas mais
(<antigas poesias, só o Espírito do céo é o se
«nhor, é · elle o creador, o pae e a mãe de
«todas as cousas . . . Seu nome, Ti.en, é o do
céo. O duplo signal que o representa_· quer
«dizer grande e unico ao -mesmo tempo .
.\
*
* *
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li
Jestts-Christo
. em. presenca
�
.
do seculo . .
AOS IMPIO'l:'ES
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- 18 -
cordarn logo as rna,ldições dos povos e a sua
obra de demolição só inspira vergonha e des
prezo.
E' o supremo veredictum da historia!
O seculu que odeia a Christo tem tanibem
rasgos de suhlimidade e de amor . para com o
mesmo Christu.
E' o eterno combate entre a verdade e o
erro! ' .
�m desaggravo das blasphemias e. menti
ras lançadas contra o Desejado das nações
pe4n desespero da incredulidade inconsciente e
systematiea, vêm a historia oniversal e os tes
temunhos das maiores cerebrações do mundo,
prost,ar-se diante da Divindade e adorar o n<9-
me de Jesus-Christ.o, dando-lhe a corôa de Rei
Eterno dos seculos.
ô proprio Voltaire, chefe da impied'ade rai
rnsa do seculo XVIII, num momento de re
ílexão e de, humildade, escreveu, a respeito de
Jesus, o seguinte: «Ouarde-no5' Deus de mesclar
«aqui o sagrado com o profano! Nós não son
,<damos os caminhos da Providencia! Jesus não
«merecia o seu suppHcio, Morreu victima da in
«veja.» (Voltaire - «Diccionario philosophico» e
«Deus e os homens»). .
Quando · homens como Voltaire, que escre
\'Cran1 as maiores infamias, as mais indignas
diatribes e os mais terríveis doestes contra a
pessôa do Redemptor, · chegam ao pon_to de
prestar tamanho testemunho de admiração .,, á
verdade que os esmaga, que juizo podemos
fazer desses mesmos homens, quando, em outros
períodos agitados de sua vida, injuriavam, com
o maior cynismo e perfídia, o adoravel Salvador?
- Que foram hypocritas, impios e deshu-
111anos!
Na noite tenebrosa do criine e da vergo
nha, da mentira e do erro, da hypocrisia e da
iniquidade, a alma não póde contemplar ;i lm:
suavissim a di1 verdade eterna,
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- 21 �
_ Ningue111, portanto, de bôa fé, negará o
criterio eminentemente historico dos livros san
tos.· Só a má fé _·ou a ignorançia é capaz de
fechar os olhos á luz da evidencia:
· Jesus é a pagina mais. briihánte da histo
ria, Linica no seu genero, é o,, heroe divino do
Evangelho
� -
.
povos e _naçoes.
e o Messias promettido
. a todos os
lsaias, Miçheas,' Zacharias, Daniel, Mala
chias, Jeremias, Joel e os outros prophetas,
Moysés (no Oen., cap. XII e seg. e no Déut.
cap. XVIII), annunciaram ao mundo um Mes
sias, promettido, realizando-se as prophecias errl
Jesus-Ch1:isto, do modo t. mais .brilhante e ex-
traordinario. •' · · )-
. Todas as nações esperavam, portanto, 'um
reparador universal.
Dão testemunho disto Suetonio e T:icito
entre os pagãos, Boulanger, Volney, e Voltaire
en_tre os mais encarniçados inimigos do Cr'uci
ficado. Socrates, philosopho grego, esperava pa
cientemente que Alguem viesse -ensihaT aos ho
mens a maneira de se portarem para com os
deuses. Akebiades, . Anquetil:Dupenon; Hudast,
contem-poraneo de Cyro e Mauricio seguem a
mesma opinião de Socrates.
Jesus-Christo, pois,' veiu ao mundo, viveu
entre os homens, · cumpriu -súa divina missão,
niorrcu, resuscitou glorioso' ·ao terceiro dia e
subiu ·triumphante ao céo.
*"
*
A existencia historica de Jesus-Christo é,
portanto, máu grado os impios, uma verdade
immensa e inatacavel. Só os beocios e os nul
los ousam negai-a. A historia e m peso fala de
Jesus e exalta-lhe· as virtudes.
Para não alongar muito, sejamos comedi-
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do, citando os testemunhos eloquentíssimos de
Tacito, Suetonio, Flavio Josepho, historiador ju
deu, Tito Livio, · Sallustio, Plutarcho, Voltaire, o
incredulo, Ckero, o grande orador, que são
concordes em affirmar desassombradamente a
tradição universal. do Messias promcttido, a sua
existencia e' permanencia entre os homens.
Jesus-Chrisfo, portanto, o eterno e miseri
cordioso Mestre, estará sempre em presença do
seculo, confundindo a impiedade e consolando
os crentes de sua Cruz.
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III
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IV.
Guer1·a ao Padre
. AOS MEUS IRMÃOS NO SACERDOCIO 1
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V
Odio eterno ao Pad1·e
AOS HENEMERITOS PADRES JESUITAS-J
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Vl
:o ensino ·catholico un opinião
dos incredulos
A LACERDA DE ALMEIDA
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VII
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��--.-..,,.__,,..�
VIII
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IX
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- 55 -
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X
Haeckel em apuros
A UM ACADEM1CO
XI,
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Ahi · está, em ligeiros·. traços, o criterio
sdentifico do· patriarcha. do monismo.
Para satisfazer as suas phantasias não córa ·
Haeckel em praticar actos tão compromettedores
para o conceito de um verdadeiro . sabi-o.
Os inimigos da fé cathólica e do Christo
perseguido e triumpha1;1te têm, sempre, .. destes
rasgos admiraveis.
A verdadeira sciencia; porém, que está sem
pre em harmonia com a fé e não podendo di
vorciar-se da religião, em. que pese aos nossos
lí\pmens emancipados e aos chamados «espíritos
forteS>� livres dos «preconceitos theologicos», veio
corrigir todos os errns do «mestre» de Yena,
pel\'; orgão de set.ls legitimos representantes.
Haeckel, porém, como inimigo apaixonado
da doutrina. catholica, adultera, como já vimos,
o Uabalho de s·eus illustres contfadictor·es, no
intuito de combater a philosophia espiritualista,;
mas estes, oppondo-lhe forte barreira, fazem-n0
recuar nesta campanha pouco nobilitante, mos
trando-lhe a admiravd harmonia da razão com
a fé.
<<Todas . as conquistas da sciencia são con
quistas da Religião», diz Spencer.
Ave., Haeckel !
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XII
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XIII
Estudos
Ma�onaria e auctoridade
A FEÜCIO DOS SANTOS, GLORIA
DAS LETRAS CATHOLICÁS NO BRASIL.
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- 73
A seducção suprema é amar; a, seducção
divina é amar sem interesse. (l)
O amor só é digno, elevado, puro, forte,
generoso, quando se baseia nos sãos principios
do . Evangelho, que é, segundo F. Coppée, «o
unico livro .. onde se encontra' uma resposta para
todas as amarguras do coração humano».
Fóra do Evangelho todo o amor é lama,
hypocrisia e revoltante cynismo. Vêd-e o que se
obs.erva ✓ no mundo. A historia do amor christão
é admiravelmente soberba: a do amor sem Re
ligião é tristemente desoladora. O amor virtu�so
é desinteressado, firme, perseverante, heroico, a-1n
to, invencível. Vêde a.gora o seu valor \Obre
humano.
Quem, s,inão o amor das .cousas grandiosas
e- sublimes, dá força e coragem. aos martyres
do Christianismo, para confessarem a fé no
meio das agonias sangrentas da morte e em
presença dos furores das féras humanas? Quem,
sinão o amor das virtudes excelsas, illumina a
alma candida das virgens christans, para guar
darem intacto, em face de tanta molleza e po
dridão das sociedades pa:ganisadas, o incompa
ràvel thesoUro da castidade, a flor do Evange-
1 ho, o sorriso de Deus, o poema da vida, a
perola. do ma,is subido valQr? Quem, sinão o
amor fecundo do Evangelho, dá á esposa christan
.a força niysteriosa para supportar, resignada e
forte, o peso de sua responsabilidade e dos de
veres de seu estado? Quem, sinãó o amor im
mortal, ·sustenta em pé esta heroina do lar,
quando, por uina d'essas torpezas sem nome
do coração humano, vê profanada a santidade
do throno nupcial? Quem, sinão o amor elevado,
enxuga as lagrimas ardentes . d'esta alma amar
gurada? Quem, siinão o amor perfeito,_ lhe apre-
( 1) Henrique Bolo, «Os Casamentos Abençoados» trad.
por A. 3. S. Paulo, 1906, 1� çd,,
. cap. «O Apostolado Cop
. . . . . . '
jugal», pag. 156 , 1�7.
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- 74 -.
t
sêhtâ as cõnsdlaçôes da fê, para' acceiitar ó mar
tyrio de sua dôt' sublií:ne, êonservaildo�se fiel· e'
pura? Quem, sinão o amor, do Alto, transforma
o homem nuril ministro do Deus Eterno? Quem,
sinão esta scentefüa divina, o faz tão forte e
tão invencivel, tão glorioso e tão sobrehumano
no cumprimento dos seus deveres, quando lhe
arde no peito o fogo celeste da caridade?
Quem, sinão o poder do amor divino, o faz
s·orrir em face do martyrio e da dôr, da· ingr,ati
dão e do opprobrio? Quem, sinão o amor da
imibortalidade, o conserva sempre d� pé para ó
cumprimento dó dever sa�rado? Quem, -sinão o
amor,_ remunerador, lhe da uma coragem supre
ma para salvar uma alma, onde .quer que esteja?
Para conqujs-tal..a ao seu Mestre e Senhor,
elle supportará os ardores de um sol de . foge,
as: tr,istezas· de noites cerradas e frias, os furo
•res de tempestade�- horriveis; não temerá os pe
rigos inevitaveis, as des�raças tremendas, os
suor�s da morte; estará a cabeceira dos mise
raveis . e dos agonisantes, dos pequenos e dos
humildes.
Quem, nestas occasiões, dará ao padre tan
to heroísmo? Será o mundo? Impossivel - e
cre-lo· seria uma: loucura sem nome.
O mundo é St'!mpre iniquo e trahidor, in
grato e deshumaito.
- Elle despresa torpemente os beneficibs da
Cruz·, os prodi,gios da graça, o. sangue divino dó
Calvari-o, não reconhece os milagres da caridade
christan, ri-se das agonias do Horto, dos mar
tyrios. assombrosos do Redempt�r e das amai::gu
r,as inenarraveis da Mãe dolorosa. - Eis aqui à
imagem do mundo� Toda a sua historia é despre
si-vel. Impenitente e cego, frio e abominavel, in
digno e baixo, • negro e mesqti.inho, o mundo só
sabe odiar e· blasphemar, chegando ao delirio
supremo de i'njuriar ao proprio Deus.
Rei eterno da vida e da morte, Senhor
absoluto de todas as cousas, fonte perenne de
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toda a luz e de toda a paz, de todo o amor
e de toda a doçura, Jesus-Christo, distribuidor
das bençãos maiis copiosas e das graças mais
extnordinarias, é comparado pelos judeos e es
-cribas, imagem perfeita do mundo, a um cri-
minoso vulgar.
,E' a recomp-ensa da terra.
Mas Jesus, que . não esperava . a sua re
.cOmpensa aqui, . neste baixo reino, pois lhe .sabia
toda a podridão, levanta os divinos olhos para
o Céo e pronunoia a palavra salvadora: Sitio!
- Tenho sêde !
E' a vktoria do· amor, a palavra da �r
<.lade, o suave mysterio do perdãó.
Onde, ó alma minha conturbada, foi r; Di
vino Mestre encorajar-se?
- No fogo do celeste arnor - respondem
todas as almas que adoram o Christo invenci
vel e caminham, resolutas, em busca do «Cal
vario redemptor». Só o amor de Jesus-Christo,
amor de immortalidade, de que só as almas an
gelicas e os co,ra5ões puros podem comprehender
os esplendo,res, e capaz de todos os heroísmos.
Por que as almas christans e virtuosas não
desanimam nunca? - Porque só sabem amar
o que é digno de amor, porque só olham para
o· Céo e despresam a terra, porque só creem
na Verdad� unica e sabem odiar. o erro e a
hypocrisia. Só assim se explica a existenda de
virtudes sublimes no meio de tanta corrupção e
o segredo de tantas dôres supportadas com o
ris.o nos laibios. Só ,, Jesus póde triumphar deste
modo, só Elle reina docemente nos corações e
nas . intelligencias.
O -mundo nunca teve uma palavra de· applau�
so ou um gesto de grratidão para as almas bem ,
fazej as que v,ive'm a derramar bençãos e luzes
,em toda pairte. E, embora desdlludidas . do
mundo, ,que não reconhece os seus beneficios
e lhes .offerece .o grande calix amargo Cilas in-
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gratidões, continuam sempre a sua missa.o glo
riosa de propagar o reinad_o da virtude.
Quem, no desamparo da sua dôr, as illumi•
na e fortalece, transforma as suas amarguras
em alegrias santas?
- O amor de Deus e só exclusivamente o
amor de Deus, - luz suavissi'ma que tudo ·san-
tifica e salva.
E' o mruis sublime e doloroso mysterio · da
vida. . .
O amor que se não separa da Religião
é o unico que satisfaz o· coração humano, que
é :firme na adversidade, que é forte nos gran�
des transes, · que é admiiravel nas horas so
lemnes e graves, que é soberbo nos momentos
das àesmusões tremendas. _
Quereis comprehender o amor forte e, o seu
herois,mo? - Vêde-o ,melhor no ministerio sa
grado .e depois no sanctuario do lar. - Então,
admirar-vos-eis da sua grandeza inegualavel e
nunca mais duvidareis de sua virtude excelsa
- e por que não? - divina.
Eis aqui o Padre em pleno exercido de
seu ministerfo sagrado.
Quando o amor das almas arde em seu
peito, nada o detem : nem as calumnias do im-
• pio, nem os vomitos do. inferno, nem o fogo
das perseguições, nem os sarcasmos da descren
ça, nem os furnres do despotismo, nem as amea
ças dos Cesares, nem o. ·horror das prisões,
nem os incómmodos do frio, nem as infamias
da ,imprensa trahidora; nel)l· os golpes crueis
das ingratidões, nerh a insegurança do momento,
nem as agonias· da morte inevitavel. O amor
.que se levanta para o alto, para Deus, não póde
temer o mundo. - Eis o divino segredo do
seu heroísmo. ·
Fosse sempre essa a noção do amor, com
prehendessem melhor o seu valor sobrehumano
os que profanam este nome sagrado, o mundo·
não assistiria, desanimado e triste; '•ás scenas
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----'- 77 -
ptmgentes do amor ludibriado. O amor vive
tambem do sacrificio e da dôr, da fidelidade
e da honra:
Vêde · a.gora a h,istoriá do amor. heroico
110 ·1ar, quando se vê ferido nos · espJendores de
sua pureza.
E' a.dm.iravel a sabedoria de Jesus-Christo
na dJvina instituição do sacramento do matri
monio, unindo dois corações durante toda uma
existencia abençoada _pelo Céo. E' a instituição
do Iair chr,istão, o culfo do verdadeiro amor con
jugal, a magestade da familia, a pureza da :,e
lig-ião nup.cial, obra exclusiva do Mestre unice
e infallivel - Deus.
Mas, ó tristeza indefinivel!, tambem o -tamor
conjugal iem o seu lado triste e cruel, quando
a Religião é despresada. · - •
Onde a fé é morta, o amor- desapparece.
Lêde agora a pagiina triste de um lar, on
de um dos seus chefes não sàibe pronunciar o
nome de Deus. ·
Um dia, ó dia de doce e amarga recorda
ção!, um joven bate á porta de um lar christão
e feliz, honrado e glorioso. Este mancebo en
cerra em seu coração grandes mysterios. Em
seu sem�lante se veem o frescor da mocidade,
os traços de uma belleza rara, maneiras dis
ti nctas, porte elegante e seductor. Agora se
a.ccende em sua alma apaixonada· de ,moço o· fogo
do amor, · quer um coração amigo pàra nelle
depo;;;Jtar as suas amarguras e desillusões, quer
tornar-se logo um homem forte, embora não
saiba onde encontrar o segredo d'es!;a fortaleza
christa.n, pois nunca ouviu falar em Deus, fonte
de todo bem e de toda luz.
Pobre moço, sem •ideal e sem crença!
Pobre e desgraçada donzella que, nuin mo
mento de irreflexão, decide a,bandonar o ninho
paterno em busca de uma felicidacte onde Deus
é. descoriheoido !
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- 78 -
'
Mas acompanhemos os dois jovens em seus
primeiros passos.
Vejamos o seu martyrio, as virtudes heroi
'Cas ·de· um mesmo em face de dôl'es cruciantes
e as fraquezas criminosas do outro. A sahida
de · um ente extremeoido do lar é sempr.e dolo
:rosa. Os paies veem desprender-se de seus . bra
-ços· a .filha adorada, objecto de grandes e
sinceras affeições. Só os paes christãos amam
verdadeiramente. Só elles _comprehendem a nobre
paixão do amor . casto. Só, elles sabem sentir o
gc,ipe da separação de uma fülha piedosa e bôa.
Só elles sabem dar o valor devido rá . pureza an
g_elical de uma alma eleita.
;;,Como separar-se, pois, da companhia do en
te queridíssimo, pedaço de sua alma,, fructo do
seu amor?
'beixair sahir do lar uma filha terna, forma
da na escola da honra e do dever, do amor e
.da fé, é um golpe decisivo para um coração
de paie e uma espada de dôr para um coração
de- mãe.
Mas o amor exige o grande sacrifício e é
necessario cumprir o dever. A esperança de
ver a filha sempre feliz no seu novo estado traz
aos paes um balsamo • para suas dôres. . E' a
luz da fé que tudo dulcifica.
Sahe, então, a filha do tecto · amigo.
Veem-se lagr-imas ardentes, abraços affectuo
sos de irmãozinhos que-ridos; bençãos e beijos
de uma mãe em prantos; ainda bençãos e abra
ços· de um pae extremoso; - é bello assistir a
um espectaculo tão emocionante e grave.
E assim, abençoada e feliz, segue a joven
em direcção de um novo lar, acompanhada por
seu esposo que, si não fôr virtuoso e crente,
lhe ha de amargurar os dias, outr'ora 'tíj":o cheios
e felizes.
Penetra, finalmente, a tímida dánzella · na
estranha morada.
As primeiras impressões são des,J.umbrante-
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- 79 -
mente encantadoras. Em toda, . parte d'esfe pe:-
queno imperio que se· chama «lar» tudo são. ri-
sos- e flôres, poes,ia e amor. Os dias correm:
ser-enos, as horas passam Hgeiras, como tudo
que é terrcestre. Reina, a principio, urna harmo
nia admiravel, porque, actualmente, só ha uma
vontade.
Dir-se-ia que o anjo da felicidade baixou
suas azas protectoras sobre estas duas almas.
Mas, durará todo esse idyllio até o ultimo ge-
mido de ambos? .
Si Deus fôr ahi conhecido e adorado, si lllo
amor que ligou estes corações foi buscar o seu
principio na Divindade, não haverá uma só la-
grima. . })
«O amor ex,ige um idolo, escreveu um emi
nente publicista. O principio do amor é divino:
e por se-r - divino o seu principio ell-e é "natu
ralmente I subHme, quando puro, espantosamente
·poderoso, quando transvfado. O termo de todo
o amor é De:us, ou alguma cousa de divino. A
mais alta tendencia do amor, que é a santidade,
atira, effectivamente, a alma dos previlegiados
da graça na substancia .divina como num abysmo
que as attí-áe violentamente.» Com . effeito: só
a Religião christan faz as almas fortes, só ella
faz o am_or profundo e inabalavel, doce e ener
gico; só ella crea o verdadeiro "lar, o lar. feliz.
Exclui a Religião e eis a supr-ema desillusão,
- o abysmo pavoroso. Estes jovens, que, ha
pouco, julgavamos ,felizes, acham-se divorciados
pela crença. E' a primeira desgraça, ou, melhor,
a suprema miseria. Esta donzella vê agora
a sua fé amesquinhada çl.entr0 do propdo lar.
Existi-rã dôr igual !
. Ha esposas christans que fizeram o sacrifi
cio . de sua mocidade e de sua vida a homens
sem fé.
Estes. homens calcam aos pés a dupla re
ligião: a do baptismo e a do leito nupcial.
Fazem pesa.r sobre a· esposa a dupla ·solidão:
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- 80 -
a_ df alma e a do coração. Precisam de dupla
conversão: a · que reconduz a Deus e a que
leva á fidelidade jurada. A situação é assaz do
lorosa; reclama uma dedicação por demais su
blime e prepara resultados muito consoladores,
para não haver demora.
A' dôr de não viver nessa ·communhão de
adoração e de crenças, que faze_m as amisades
profundas, accresce geralmente a tortura do
abandono criminoso.
, Depo•is de ter decahido diante -de Deus, 6
h-vmem não pódê. guardar por muito tempo, á
sud esposai esta estreita I e fragil sympathia, · li
mitada e sustida apenas pelos m!iseraveis egois
mos .,da carne. Uma vez que. se desertou o altar,
um dedive natural. leva a trahir o lar. E ha
hoje , tantas mulheres que se acham irrevogavel
mente ligadas a semelhantes homens!
Um interesse, uma paixão, um calculo infe
liz, um erro, consummou a dolorosa alliança da·
morte com a vida, da fé com a blasphemia,
do rafo luminoso com a lama. Um·. queima o
que a óutra adora; esta venera desde as pro�
fundezas de sua alma aqumo de qµe o outro
escarnece na .flôr de, seus_ Iabios scepticos.
E vão' ambos atravez da vida, sentindo ca
da vez ma!is cr�scer entre si a distancia fatal,
o aibysmo profundo. A divergencia dos pensa
mentos prepara o afastar dos corações. Unidos
perante os homens, estão, como que separados
diainte de Deus.
Desconhecem a intima alegria das orações
que confundem o ba.Jbuciat de ambos, ignoram
a felicidade sobrenatur.al de se ajoelharem jun
tos. Elia se encontra sempre só diante do al
tar, onde fôra tão feliz no dia em que lá es
tavam os dois. Senta-se só, como se fôra viuva,
ao celeste banquete; e quando seus olhos so
nhadores se perdem na distancia dàs pespecti
vas etei;nas, vê surgirem, ao lado de suas es
peranças ma!is queridas, terriveis e espantosas
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- 81 -
ameaças para aqúelle que, apesar de tudo, ellà
quizera sempre amar. Ter sahido · de uma .casa
onde reina,va o divirto Mestre, haver deixado uma
mãe, em cujos lahios se achavam todos os
d-ias · as - orações balbuciadas desde a infanciá;
um Iam- onde a Providencia era abençoada, ama
da, visivel ; oride a · communhão dos santos ar
dores approximava maravilhosamente as almas;
onde o sig'rta.l de todas as hstas era dado pela
fé; onde as tradições christãs animavam os in
ríocentes folguedos e os jubHos do· passado;
ter vivido . de tudo isso; ter com-o que em'Be
bido de perfumes, a · alma de moça, e depois,
na l!_ora da vida grave, dos deveres sagr5tdos,
das · inquietações maternaes, ver «o Oeus de sua
mocidade e de sua alegria» · (2) tratado com'o
extranho ou como inimig.o em seu lar, ver, uma
nuvem impura de incredulidade ou de odio
velar o sol, á luz do qual elJa havia desabr.o
chado, sentir no intimo não sei que doloroso
divorcio· entre a fé de sua alma e o amor .de
seu coração, não é talvez o mais subtil e o mais
doloroso dos martyrios?
Soffre-se para desprender os sentidos dos
bens deste mundo; soffre-se • ao sentir a alma
abandonar o corpo, ao morrer. Que dizer destíl
separação que parece despedaçar a· propria
�ma�
· São assim os gcilpes da· impiedade: ella é
eminentemente cruel e hypocrita, ,porque des
presa cynicamente a moral religiosa, sem a qual
é irripossivt!l a familia.
«O homem sem bons costumes é vH, o es
poso sem bons costumes é cruel». A amisade
ca.sta, filha da Religião, tem rasgos incompara
veis. A esposa. christã tem, ás· vezes, o seu cal
var-ia no lar.
Elia soffre resignada e pura. Fiel ao Deus
de sua primeira communhão, prostradá · aos pés
(2) Ps. XLII - 4.
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--'- 82 -
ela! Mãe- Cc-leste; tião foge da Cruz, nem aban
dona o esposo crueL Elle póde blasphemar e
negar, lancear o coração da esposa desolada,
mas não, é possüvel arrancar-lhe a fé i,-;alvadora.
' Pobre alma de esposa! A sua dôr sublime
é· um clarão, porque a dôr, iilluminada pela pe
nitencia; enriquecida pela graça, tem a poesia
das- orações da infancia, que encantam, a doçura,
das; lagrimas, que oonvertem. A esposa martyr ri
e, chora aio mesmo tempo. «Tambem o pranto
sorri; tamhem o riso chora». As almas eleitas
sãJ, todas filhas. da · dôr. Onde houver o esplen
dor d.as grandes virtudes, a sublimidade das
aeçõr� santas, a eloquencia das amisades sadias,
ahl! a d:ôr exerce o seu ministerio. A mulher
fome não desespel'la e ama sempre .o companheiro
i�cueoolo, alimentando, no recesso de sua alma,
a, esperança de ve�lo um dia convertido e bom.
Na belleza de sua vfrtude/ na pureza celestial
de sila fé, nos esplendores de sua esperança, nos
braços. de sua cntz, a mulher christã illumina-se.
Chora, é verdade, mas são lagrimas que purificam.
A lagrima christã é um balsamo e uma
prece.
· Preparada pela - dôr, forte pela Religião', a
mulher tudo soffre. A candura de sua alma é
o seu unico thesouro, a fé o seu alimento, o
amor de Deus é a sua luz, caminho e vida.
Amará . sempre seu' esposo até o fim, porque
acima de tudo só vê Deus.
Onde se encontrará tamanho heroísmo, ó
philosophos da incredulidade, ó apostolas da
corrupção?
Só o · amor virtuoso é sublime. Só elle
supporta os. golpes da desgiraçà, o amargor da
ing,ratid'ão. Só ell� é firme.
*
* *
Donzellas chrii.stãs, attendei. Só Deus póde
crear o amor forte,, amor que se não , confunde
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- 83 -
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O problema da clôr
A(! ·PADRE SEVERINO RAMALHO, ORA·
DOR E JORNALISTA.
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Os benefieios da dôr
A FRANCISCO BUSTAMANTE1
CRITICO DE NOTA.
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As consolacões
. .. ela dôr
AO PADRE JOÃO DA MATHA PAIVA,
JORNALIS'l'A DE PULSO.
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O livro da dôr
AO EXMO. E REVMO. SR. DOM JOSÉ PE
REIRA ALVES, EMINENTE BISPO DE NA·
TAL, JORNALISTA BRILHANTE E ORAD<fB
DE NOMEADA.
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. Sim, almas afflictas e resignadas, o cruci
fixo é o unico livro que consola e salva.
Nelle reside um thesouro immenso de inef
faveis consolações. Um suave perfume exhala
d'elle; inundando o espírito de verdade, de paz
e de confiança.
Mil vezes adorado o divino livro.
Ah! si os
...,
impios e os grandes infelizes, fi
lho'> ingratos e prodigos, pudessem compreh•n
der os segredos do amor de Deus e as doçu
ras inenarraveis da , esperança, certamente 16unca
deixariam , de ler. o grande livro, -- presente
immortal · de um Deus crucificado pela salva-
ção do mundo. • •
Só a fé póde comprehender esta linguagem
e amar a dôr como uma benção de Deus e
um sorriso do céo.
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A dôr e a esperança
A MONSENHOR AL:M&IDA BARRETO,
GLORIA DA TRIBUNA SACRA NO RIO
GRANDE DO NORTE.
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A (lôr e a seie11cia
A FREI' PEDRO S!NI.IG, O APOSTOLO
BOA :(MPRENSA NO BRASII,.
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- 110 -
fica, nem tão pouco resolve 8 problema
A belleza moral só existe nas almas que lut m,
com denodo e heroismo, firmes· e decididas, o os
fitos no Alto, até o ultimo sopro da vida. T •as
as almas eleitas são filhas da dôr. O . i:Jdo
não apresenta espectaculo · mais bello do que
uma alma que sabe su,pportar, com resi nação
e confiança, as terriveis provações da ida. .
A dôr é uma graça de predilecção tam-
b.em de predestinação.
Os heroes da. Egreja aproveitam-n'a
is�.,, assombram o mundo com· ,a sua andeza
moral. O· Pobrezinho de Assis illuminou ,a ltalia
e o mundo con:i, a sua pobreza evangefica !!. o
angeflco Vicente de Paulo, com os prodigios de
sua caridade, salvou milhares de infelizes.
Ambos foram heroes da dôr. Em todos os
secuios os athletas do bem, os soldados da Cruz
redernptora e os santos da Egreja, purificados
pela dôr, ensinaram aos povos a' scienci� da
salvação pela penitencia, pelo soffrimento e
pelo trabalho ennobrecedor.
Só a dôr christã sabe consol_ar. A outra dôr,
a dôr sem a luz da Fé Cafholica, não tem
ge�tos edificantes e sublimes. Sq a· dôr christã
pódê salvar. Ella é um clarão. Napoleão, o ge
nio da guerra, nas graves e profundas medita
ções do exilio, viu, claramente, a fragilidade
dos poderes humanos. A dôr fel-o sublime na
lfé que abala montanhas e o gigante dos tem
pos modernos adorou o supremo e unico· Se
nhor de todas as. cousas e_ proclamou, _com des
assombro e energia, a divinditde de Jesus Chris
to, Filli0 de Deus vivo, e Deus Elle proprio.
Morreu com a serenidade das almas de eleição,
rico de fé e de amor immórfal, confiante nas
promessas infalliveis do Juiz · indefectível.
A sciencia não poude consolar Napoleão. A
·sciencia, a gloria, ·o poder, o genio, · a rique0
za, não sabem falar . ao coração dolorido da hu
manidade que geme.
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- 111 -
. Só a Fé. ver&deira num Deus crucificado
e enumerador resolve maravilhosamente o pro
bler a da dôr. Só a firme esperança numa vida
fuh1 , vida eterna no seio infinito de Deus,
nos eslumbramentos do Paraiso, póde crear o
poem da· resignação e dar ao mundo enfermo os
exem os qtte illuminam e salvam. Os homens de
fé vêr na' dôr um dom do Senhor. Sabem que
a .tribt lação é o pão dos predestinados, que a
dôr su portada por amor de Christo crucificado,
morto, sepultado e resur�ido, é. o signal cçrto
da entr da .gloriosa no remo da eterna bcmav9n
turança.1
. Os homens de fé sabem tambem que a scien
'cia, a pobre sciencia humana, apezar de• sua
bôa voutade e de suas luzes, . é impotente para
erguer os que vivem · sob o peso dos trab'a• lhos
e . das afflicções.
Vê-se, pois, que só a Fé, thesouro inesgota
vel de bençãos copiosas e de ineffaveis · conso-
1 ações, faz adoravel e sublime o mysterio da dôr.
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--
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--------
Pretensão
A BERiLO NEVES, BRI HANTE
IN1'ELLECTUAL CATHOLIC
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,...,._ 115
Nada mais faltava· para, uma das mais le
as felicidades no lar:
eus ali era adorado e respeitado.
,brríam as_ cousas nestas alturas, quando
«por ma, fatalidade d'estas que descem d'além»,
deu-se, na grande e nobre residencia do conhe
cido dr C. de T., uma discussão forte, enthusiasta,
ardente. "
· Ei o facto.
*
* *
Num salão nobre do majestoso palacete
achavam-se reunidas as duas familias em atnis
tosa palestra, numa d'essas expansões de grande
intimidade domestica, cuja grandeza só a .Fé
sabe traduzir; Senhoras respeitaveis e gentilíssi
mas senhoritas, cavalheiros• de alta distincção e
da· mais fina· educação, trocavam, em linguagem
poli-da, idéas e sentimentos,
Criancinhas louras e formosas davam um
encanto adiniravel a este tocante corrcerto de
familiá. Os assumptos variavam de momento . a
'momento; e, como sempre succepe .nestas occa
siões, ·resvala_ram para o vasto campo da Reli
gião em suas relações com a Sciencia.
Uma formosa criancinha, de olhos vivos e
scismadores, de uma brancura quasi ideal, ver
dadeiro typo da innocencia baptismal; trazia ao
péitinho delicado e affectuoso uma piedosa me
dalha da Virgem lmmaculada, susp.ensa por uma
fita azul celeste, ageitadamente collocada ali pelas
mãos · puríssimas d'este ente. quasi sobrehumano
e desfombrantemente encantador que se chama
mãe. Foi o bastante para despertar o odio dia
bolico de um anti-clerical impenitente, joven de
19 annos, que estava presente á reunião, e es
crarn infeliz da impiedade ignorante <1ue, segundo
o insuspeito at,1tor dos Miseraveis, é a supréma
miscria do · secu,lo.
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� l16 -
Al'f>erto de\ acadernico de direito, eis o o
me do joven incredulo que, á vista de urna me
dalha, se sentiu tão inflammado, mudando on:1.
pletamente o assumpto das conversações p ra o
terreno religioso, afim de dar redeas ao s II an
ticlel'icalismo estupido e grosseiro.
· D'esta vez, porém, Alberto, o i9g nuo e
ir.comparavel Alber_to, viu-se em camisa
varas.
Cecilia Dolores de*, eis o nome glorioso
de uma joven de 17 annos, que chei de ar
dvr e de convicção, de fé e· de luz, tom, u a 'de
fesa da Religião de um modo tão brilhante e
e1;rr::;,gâdor, que arrancou estrepitosos. ápplausos
dos assistentes.
Cecília recebera esmerada educação religiosa
e :..tientifica num conceituado collegio da cidade
de **"', deixando um nome consagrado pelo ta
lento, pelas virtudes e por um· caracter ada
mantino.
Alberto, qu;! ern intelligente, nunca est11-
dára religião; mas julgava-se pontífice nas cou
sas religiosas, o que lhe valeu uma 'tttnda mes
tra, · applicada pelo , verbo eloquente de Ceci)ja,
typo ideal de uma perfeita donzella, alma feita
de luz e de pureza, christã ás direitas, inven
cível pela fé profunda e esclarecida.
Ora, -minhas s-enhoras e meus senhores, diz
Alberto, apontando p.ara a medalha da l:nda
criancinha:. . uma superstição da idade media .. .
religião .. . fé,... mysterio... tudo. é .illusão .. .
o catholicismo passou .. . morreu a fé ...
Não acham, excellentissimas senhoras?
Silencio sepulcral por dois minutos. Nunca
se assistira, em uma roda de familia ·educada,
atacar-se a Religião de um modo tão brutal.
Julgava-se, a principio, ser uma brincadeira de
mau gosto. Verificou-se, logo depois, que era um
exfübicionista audacioso o, pobre Alberto.
Mas, era preciso dar uma lição em regra
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117 �-
ao\ sabichão orgulhosô, ·e ,coube á Cecilia essa
tan�Ja.
\ A moça, imperturbavel e serena, conscia
"do eu dever, com a alma amargurada pela
injur feita á sua Fé, rompendo o silencio:
- Sr. Alb,erto, diz, não. fale tão desastra
da e :r,.1da111entc. Saiba o jllustre academico que
se não insultam impunemente as ·crenças alheias.
A impi dade tem a suprema audacia de só blas-
1:>hemar e negar por um simples prazer diabolico.
rotas bl !;phe_mias e chalaças, injurias e doestas,
palavras intempestivas, não são argumentos. •
Uma méêlalha representa um symbolo réli-
gi9so: irão ê uma superstição. 1
Um pedaço de panno t�mbcm representa a
g-Joriosa bandeira da Patria ·estrerncdcla e -ado-
rada: a bandeira não é superstição. • ,.
lia vinte seculos que se annuncia o en
terro do catl101icismo, e o augusto enfermo ahi
está cheio de vida e glorioso. A fé, a' Religião,
ó mysterio, tudo isto passou, sr. Alberto?
Para affirmar sem·elhante desproposito é
precisl1 estar louco. Que significa, então, este
cç,lossal movimento catholico que se nota em
todo o mundo, apesar de todas as perseguições
e de todos os odios?
Que significam, na Allemanha, na Inglater
ra, na propria França, nos Estados Unidos da
Amtrica do Norte, as grandiosas manifestações
de fé catholica?
E os congressos eucharisticos celebrados ul
tim,;mente na America e na Europa?
Será isto a morte da Religião?
Bemdita morte que dá vida aos homens.
A I{eligião pão passou, sr. Alberto: o - que já
passou· foi o colosso romano, na época das mais
tormentos às perseguições: o que já passou foi
toda a c;ihalha endiabrada- que jurou guerra d€'
mcrte á Religião. Abra a historia e vinte seculos
ahi estão attestando- o eterno vigor da Fé.
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
. � 1)8 -
Onde os syi;nptomas de morte, illustre sr.
/
.
Alberto? 1
*
* *
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_. A. Philosopbia e a Eucharistia
A' MOCIDADE CATHOLICA DO BRASIL
*
* *
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- 131 -
�-
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INDICE'
Approvàçãó 5
Prdacio . . . . . . . 7
I. -Deus ·e a crença universal . . . . · 9
II. Jesus Christo em presença do .seculci . 16
III. .A Religião e os ·homens de sciencia 23
IV. Guerra ao Padre . . . 27
V.·. Odio eterno ao Padre . . . . . 3•
V( O ensino catholico na opinião dos in-
. credukis . . . · . . . . . . .. 38
VII. A confissão na opinião dos incredulos • • 47
VI.II. Odio · maçonico · á Religião !í,0
IX. Onqe a caridade maçonica? • �
X. Hackel em apuros . . . 57
XI. As falsificações de Haeckel 59
.XII. Porque odeiam os Jesuitas? . . 63
XII 1. Estudos - Maçonaria e autoridade 68
A · Religião ·e o Amor 71
O problema da dôr . 86
Os beneficios · da • dôr 90
As consolações da dôr 96
O livro da dôr· . · . 101
A· dôr e a esperança 106
A-dôr e a sciencia · . . . 109
Pretensão desc'abida e tola 112
Uma discussão ás direitas . . . . , · 114
A Eucharistia e a Palavra de Jes�s Christo 121
Sciencia e Fé . . . . . . 125
A ·Philosophia e a Eucharistia . 129
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