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Monjolo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Monjolo em Caldas Novas, Goiás.
Pode ser usado para descascar e triturar grãos secos , resultando numa farinha mais
espessa.[2] Diversos alimentos, como o fubá e a farinha de milho, eram produzidos por
meio do esmagamento nos monjolos. A ferramenta tinha capacidade de socar até trinta
litros de milho em uma hora e meia. A expressão popular "trabalhar de graça, só
monjolo" surgiu daí.[3]
Além da função primária do monjolo de descascar e moer grãos, nas fazendas pelo
interior do Brasil ele tomou também outra importante função: espantar pacas e lontras
que vinham do rio para se alimentarem e que estragavam a plantação. A cada batida da
mão do monjolo no fundo do cocho, respeitando a periodicidade que a água lhe
implicava, um som de madeira ecoava pela mata, assustando e afastando os animais.[4]
História
O monjolo é mais rápido que o pilão, ferramenta que antes realizava o trabalho que o
monjolo foi capaz de modernizar, e não necessita da presença e esforço físico humano
para seu funcionamento. Trabalha com a força da água, que desce pelo rego d'água,
fazendo socar alternadamente a mão de pilão, descascando o arroz, o milho e o café.[5]
A utilização do monjolo é até hoje presente na toponímia de toda uma extensa região
brasileira. A região que abriga o centro-norte de Minas Gerais até o norte do Rio Grande
do Sul, passando por parte de Goiás e Mato Grosso, assinala ao menos 62 localidades
que tiram o nome do rústico instrumento. 31 em Minas Gerais, 16 em São Paulo, seis no
Paraná, três no Mato Grosso, três no Rio de Janeiro, duas no Rio Grande do Sul e uma
em Goiás. O total seria maior se contássemos os nomes de rios ou riachos que correm
pela região.[6]
Este método, simples e primitivo, consiste em deixar as bagas o terreiro até que sequem;
em seguida, levar os grãos ao monjolo, onde ocorrerá a descascagem do grão; e por
último vai para a peneira, onde se conclui a limpeza.
As sementes são colocadas em tinas cheias d'água para se tornarem mais moles e
passam por cilindros que acabam por retirar a polpa quase que em sua totalidade; em
seguida, o resto da polpa que sobra é colocado em um reservatório com água e a polpa
fica facilmente retirável após alguma horas; Depois, lavam-se os grãos e deixam no
terreiro para secar; Uma vez secos, são colocados no monjolo para que a ferramenta
remova a casca de pergaminho, de onde seguem posteriormente para o processo de
peneiração.[7]
Por ser a força motriz por trás do funcionamento do monjolo, a água tornou-se elemento
fundamental para a instalação das fazendas no interior do Brasil nos séculos XVIII e
XIX.[8]
Os monjolos, além de ecologicamente corretos, foram fundamentais para o
desenvolvimento das atividades rurais nos séculos XVIII, XIX e XX.[3]
Para o habitante do meio rural, é comum procurar morar nas proximidades dum rio ou
riacho; um lugar onde haja água. Se ele é plantador de arroz ou milho terá uma das mais
prestativas máquinas: o monjolo.[9]
Necessidade de modernização
Von Tschudi foi um importante observador do Brasil no período e suas anotações são
importantes para caracterizar a conjugação das máquinas a vapor com os equipamentos
agrícolas como o monjolo.[7]
Vale ressaltar que é um erro pensar que o monjolo era a única forma de beneficiamento
do café nos anos 1860. Diferentes maquinismos já eram instalados nas fazendas, mas o
monjolo foi o de maior impacto e melhor produtividade no período, por isso, o mais
adotado.[7]
O torque, ou momento da força, é o que define a força com que o pilão do monjolo
baterá no fundo do cocho. Quanto mais distante estiver a mão do monjolo do eixo de
rotação, menos água será necessária para realizar o movimento de gangorra.[12]
Literatura
O escritor Rubem Alves criou uma narração fazendo alusão à forma como os materiais
tecnológicos são concebidos e utilizou o monjolo como base para seu texto:
"Era uma vez um povo que morava numa montanha onde havia muitas quedas-d'água.
O trabalho era árduo e o grão era moído em pilões. As mãos ficavam duras e as costas
doloridas. Um dia, quando um jovem suava ao pilão, seus olhos bateram na queda-
d'água onde se banhavam diariamente. Já a havia visto milhares de vezes. E também os
seus antepassados. Conhecia a força da água, mais poderosa que o braço de muitos
homens. Eterna e incansável, dia e noite. Uma faísca lhe iluminou a mente: não seria
possível domesticá-la, ligando ao pilão? Substituir os braços, libertar os corpos, domá-
la, pô-la a trabalhar? Assim foi inventado o monjolo." (Alves, 1993, p. 158)[14]
"O monjolo, que também se chama preguiça foi descrito por alguns viajantes: todavia,
não acho inútil dar aqui, em poucas palavras, uma ideia desse aparelho notável pela
simplicidade. Sobre uma peça de madeira vertical e imóvel, é colocada, à maneira duma
gangorra, outra peça de madeira móvel e horizontal: esta última é escavada numa das
extremidades como uma larga colher, e na outra, é armada de um soquete bem
resistente. A máquina está sempre colocada como já disse, debaixo de uma pequena
queda d'água. O líquido, caindo de uma espécie de colher que, de um lado termina a
viga oscilante, faz inclinar-se esta para o mesmo lado, enquanto a extremidade oposta,
armada na parte inferior como o soquete que eu descrevi, se ergue descrevendo um arco
de circunferência: mas enquanto a extremidade escavada se inclina, a água escorre, o
peso do pilão sobrepuja o da colher, a máquina range, e o pilão cai pesadamente num
cocho destinado a receber o grão." - Arredores de Juiz de Fora, MG, 1816
Referências
1.
Monjolo Equipamento rústico para moagem de grãos custa 200 reais, economiza
energia, funciona bem e tem vida longa por Gustavo Laredo - Revista Globo Rural
A História do Uso da Água no Brasil: Do descobrimento ao Século XX, um
projeto da Agência Nacional de Águas, 2007
«Pilão e Monjolo». basilio.fundaj.gov.br. Consultado em 20 de novembro de
2017
Whitaker, Dulce Consuelo Andreatta (1 de dezembro de 2005). «Dezoito anos de
assentamentos rurais: Diferentes dimensões desta difícil maioridade». Retratos de
Assentamentos. 7 (1): 11–60. ISSN 2527-2594
de Paula, Maria Helena (dezembro de 2011). «Inventário e análise lexical sobre
o trabalho no vernáculo goiano» (PDF). repositório UFG. Consultado em 20 de
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Holanda, Sérgio Buarque de (1994). Caminhos e Fronteiras. [S.l.]: Cia. das
Letras. pp. pag. 190 e 191
Ribeiro, Luiz Cláudio M. (junho de 2006). «A invenção como ofício: as máquinas
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Cultura Material. 14 (1): 121–165. ISSN 0101-4714. doi:10.1590/S0101-
47142006000100005
Benincasa, Vladimir (julho de 2010). «Casas rurais mineiras e do nordeste
paulista». Revista Resgate, periódico da UNICAMP. Consultado em 20 de novembro de
2017
«O Monjolo e o Pilão por Angelo João Zucconi, editor do projeto
TerraBrasileira.net». Consultado em 21 de fevereiro de 2008. Arquivado do original
em 18 de fevereiro de 2008
Corazza, Gentil. «Traços da formação socioeconômica do oeste catarinense»
(PDF). Universidade Federal da Fronteira Sul. Consultado em 20 de novembro de 2017
«Fisca Parte2 Ex». Scribd (em inglês). Consultado em 20 de novembro de 2017
«Momento ou Torque de uma Força - Mundo Educação». Mundo Educação.
Consultado em 20 de novembro de 2017
«Centro de massa. Cálculo do centro de massa - Brasil Escola». Brasil Escola.
Consultado em 20 de novembro de 2017
Carlos, Leite, José; Fernandes, Leite, Eudes (setembro de 2012). «Saber formal e
saber local: convergências e assimetrias». Ciências & Cognição. 17 (2). ISSN 1806-
5821
Ver também
Pilão
Roda de água
Moinho de água
Engenhoca
Carretão
Portal do Brasil
Portal da história
Categorias:
Equipamentos
Hidráulica
Cultura popular
Esta página foi editada pela última vez às 23h14min de 6 de outubro de 2021.
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