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História


o

Água: elemento fundamental

Necessidade de modernização

Princípios físicos para o funcionamento


Literatura

Referências

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Monjolo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Monjolo em Caldas Novas, Goiás.

Monjolo é uma máquina hidráulica rústica, destinada ao beneficiamento e moagem de


grãos. A ferramenta foi importante, pois dispensava o uso de mão-de-obra escrava, que
antes utilizava um pilão que trituravam os grãos de milho ou de arroz.[1]

Pode ser usado para descascar e triturar grãos secos , resultando numa farinha mais
espessa.[2] Diversos alimentos, como o fubá e a farinha de milho, eram produzidos por
meio do esmagamento nos monjolos. A ferramenta tinha capacidade de socar até trinta
litros de milho em uma hora e meia. A expressão popular "trabalhar de graça, só
monjolo" surgiu daí.[3]

Com o efeito gangorra, a água impulsiona a ferramenta fazendo-a ter movimento. Em


uma extremidade, uma concha é enchida com a água, fazendo a outra parte, equipada
com uma estaca, se levante. Ao esvaziar a cuba, o movimento se inverte. Com esse
movimento, os grãos vão sendo socados e moídos dentro de um pilão. Obviamente, a
tarefa é mais demorada quando comparada com os equipamentos elétricos atuais, mas
há considerável economia de energia.[1]

Além da função primária do monjolo de descascar e moer grãos, nas fazendas pelo
interior do Brasil ele tomou também outra importante função: espantar pacas e lontras
que vinham do rio para se alimentarem e que estragavam a plantação. A cada batida da
mão do monjolo no fundo do cocho, respeitando a periodicidade que a água lhe
implicava, um som de madeira ecoava pela mata, assustando e afastando os animais.[4]

História

Monjolo comum, na pintura de Alfredo Norfini.


De acordo com os inventários que datam do século XIX, foi possível realizar a
descrição dos monjolos e o nível de desenvolvimento técnico envolvido na ferramenta.
Os estudiosos dizem ter sido Brás Cubas - um fidalgo português que esteve na Ásia com
Martim Afonso de Sousa - que trouxe da China o primeiro monjolo, que foi instalado na
capitania de São Vicente. Os indígenas brasileiros denominaram o utensílio de em
guaguaçu, que significa o grande pilão. A palavra monjolo tem, provavelmente, origem
sânscrito, vindo de mucala, que significa pilão para descascar arroz.[3]

O monjolo é popularmente associado à cultura indígena, mas o historiador Sérgio


Buarque de Holanda ressalta que a ferramenta era antes desconhecida por aquela
cultura. Segundo ele, a máquina chegou ao país oriunda do Japão, China e Indochina,
onde era utilizada para descascar arroz.[3]

O monjolo é mais rápido que o pilão, ferramenta que antes realizava o trabalho que o
monjolo foi capaz de modernizar, e não necessita da presença e esforço físico humano
para seu funcionamento. Trabalha com a força da água, que desce pelo rego d'água,
fazendo socar alternadamente a mão de pilão, descascando o arroz, o milho e o café.[5]

A utilização do monjolo é até hoje presente na toponímia de toda uma extensa região
brasileira. A região que abriga o centro-norte de Minas Gerais até o norte do Rio Grande
do Sul, passando por parte de Goiás e Mato Grosso, assinala ao menos 62 localidades
que tiram o nome do rústico instrumento. 31 em Minas Gerais, 16 em São Paulo, seis no
Paraná, três no Mato Grosso, três no Rio de Janeiro, duas no Rio Grande do Sul e uma
em Goiás. O total seria maior se contássemos os nomes de rios ou riachos que correm
pela região.[6]

Água: elemento fundamental

Há dois métodos de beneficiamento do café. O primeiro é dado em fazendas onde não


se dispunha de água abundante para fazer mover os moinhos:

Este método, simples e primitivo, consiste em deixar as bagas o terreiro até que sequem;
em seguida, levar os grãos ao monjolo, onde ocorrerá a descascagem do grão; e por
último vai para a peneira, onde se conclui a limpeza.

Porém, em fazendas com água em abundância, o processo era implementado e gerava


mais produtividade:

As sementes são colocadas em tinas cheias d'água para se tornarem mais moles e
passam por cilindros que acabam por retirar a polpa quase que em sua totalidade; em
seguida, o resto da polpa que sobra é colocado em um reservatório com água e a polpa
fica facilmente retirável após alguma horas; Depois, lavam-se os grãos e deixam no
terreiro para secar; Uma vez secos, são colocados no monjolo para que a ferramenta
remova a casca de pergaminho, de onde seguem posteriormente para o processo de
peneiração.[7]

Por ser a força motriz por trás do funcionamento do monjolo, a água tornou-se elemento
fundamental para a instalação das fazendas no interior do Brasil nos séculos XVIII e
XIX.[8]
Os monjolos, além de ecologicamente corretos, foram fundamentais para o
desenvolvimento das atividades rurais nos séculos XVIII, XIX e XX.[3]

Para o habitante do meio rural, é comum procurar morar nas proximidades dum rio ou
riacho; um lugar onde haja água. Se ele é plantador de arroz ou milho terá uma das mais
prestativas máquinas: o monjolo.[9]

Necessidade de modernização

A falta de padronização nos rústicos equipamentos responsáveis pelo beneficiamento do


café, fazia com que o grão perdesse sua qualidade e tornaram- se incompatíveis com os
graus de consumo da época. Pilões manuais, monjolos ou carros puxados por bois não
realizavam a produção necessária para competir com novos produtos como o chá, o
chocolate, a chicória e outros itens de consumo popular.

Com isso, enxergou-se a necessidade de ampliar o beneficiamento e a modernização do


processo de produção do café. Assim, alguns mecanismos novos surgiram, como a
inserção de máquinas a vapor para aumentar a produtividade das ferramentas existentes.
As máquinas a vapor movimentavam, de acordo com a necessidade, por vezes uma
prensa de açúcar, por vezes um monjolo de café, por vezes um moinho de milho.[7]

Von Tschudi foi um importante observador do Brasil no período e suas anotações são
importantes para caracterizar a conjugação das máquinas a vapor com os equipamentos
agrícolas como o monjolo.[7]

Vale ressaltar que é um erro pensar que o monjolo era a única forma de beneficiamento
do café nos anos 1860. Diferentes maquinismos já eram instalados nas fazendas, mas o
monjolo foi o de maior impacto e melhor produtividade no período, por isso, o mais
adotado.[7]

Além dos produtos alimentícios citados, a abertura de estradas, o beneficiamento em


monjolos e pilões ajudaram a dinamizar a produção ervateira no oeste catarinense no
final do século XIX e início do século XX.[10]

Princípios físicos para o funcionamento


O funcionamento do monjolo é dado por basicamente dois princípios físicos: o torque e
o centro de massa. O monjolo iniciará seu movimento quando o torque do peso da água
for igual ao torque do peso do pilão do monjolo, em relação ao apoio.[11]

O torque, ou momento da força, é o que define a força com que o pilão do monjolo
baterá no fundo do cocho. Quanto mais distante estiver a mão do monjolo do eixo de
rotação, menos água será necessária para realizar o movimento de gangorra.[12]

O centro de massa é um ponto que se comporta como se toda a massa de um corpo


estivesse posicionada sobre ele. O cálculo dessa grandeza é dado de acordo com a
distribuição da massa pelo corpo. No caso do monjolo a distribuição da massa sobre a
ferramenta é variável à medida que a água enche a extremidade do tronco. Essa variação
no centro de massa é o que causa o movimento do utensílio quando, ao encher
constantemente uma extremidade, acaba deslocando o centro de massa para próximo da
ponta, fazendo cair tal extremidade e ao se esvaziar, o centro de massa volta para a
ponta na qual está localizada o pilão, que desce com força.[13]

Literatura
O escritor Rubem Alves criou uma narração fazendo alusão à forma como os materiais
tecnológicos são concebidos e utilizou o monjolo como base para seu texto:

"Era uma vez um povo que morava numa montanha onde havia muitas quedas-d'água.
O trabalho era árduo e o grão era moído em pilões. As mãos ficavam duras e as costas
doloridas. Um dia, quando um jovem suava ao pilão, seus olhos bateram na queda-
d'água onde se banhavam diariamente. Já a havia visto milhares de vezes. E também os
seus antepassados. Conhecia a força da água, mais poderosa que o braço de muitos
homens. Eterna e incansável, dia e noite. Uma faísca lhe iluminou a mente: não seria
possível domesticá-la, ligando ao pilão? Substituir os braços, libertar os corpos, domá-
la, pô-la a trabalhar? Assim foi inventado o monjolo." (Alves, 1993, p. 158)[14]

"O monjolo, que também se chama preguiça foi descrito por alguns viajantes: todavia,
não acho inútil dar aqui, em poucas palavras, uma ideia desse aparelho notável pela
simplicidade. Sobre uma peça de madeira vertical e imóvel, é colocada, à maneira duma
gangorra, outra peça de madeira móvel e horizontal: esta última é escavada numa das
extremidades como uma larga colher, e na outra, é armada de um soquete bem
resistente. A máquina está sempre colocada como já disse, debaixo de uma pequena
queda d'água. O líquido, caindo de uma espécie de colher que, de um lado termina a
viga oscilante, faz inclinar-se esta para o mesmo lado, enquanto a extremidade oposta,
armada na parte inferior como o soquete que eu descrevi, se ergue descrevendo um arco
de circunferência: mas enquanto a extremidade escavada se inclina, a água escorre, o
peso do pilão sobrepuja o da colher, a máquina range, e o pilão cai pesadamente num
cocho destinado a receber o grão." - Arredores de Juiz de Fora, MG, 1816

Auguste Saint-Hilaire, Viagem pelas Províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, p.


56[15]

Referências
1.

 Monjolo Equipamento rústico para moagem de grãos custa 200 reais, economiza
energia, funciona bem e tem vida longa por Gustavo Laredo - Revista Globo Rural
  A História do Uso da Água no Brasil: Do descobrimento ao Século XX, um
projeto da Agência Nacional de Águas, 2007
  «Pilão e Monjolo». basilio.fundaj.gov.br. Consultado em 20 de novembro de
2017
  Whitaker, Dulce Consuelo Andreatta (1 de dezembro de 2005). «Dezoito anos de
assentamentos rurais: Diferentes dimensões desta difícil maioridade». Retratos de
Assentamentos. 7 (1): 11–60. ISSN 2527-2594
  de Paula, Maria Helena (dezembro de 2011). «Inventário e análise lexical sobre
o trabalho no vernáculo goiano» (PDF). repositório UFG. Consultado em 20 de
novembro de 2017
  Holanda, Sérgio Buarque de (1994). Caminhos e Fronteiras. [S.l.]: Cia. das
Letras. pp. pag. 190 e 191
  Ribeiro, Luiz Cláudio M. (junho de 2006). «A invenção como ofício: as máquinas
de preparo e benefício do café no século XIX». Anais do Museu Paulista: História e
Cultura Material. 14 (1): 121–165. ISSN 0101-4714. doi:10.1590/S0101-
47142006000100005
  Benincasa, Vladimir (julho de 2010). «Casas rurais mineiras e do nordeste
paulista». Revista Resgate, periódico da UNICAMP. Consultado em 20 de novembro de
2017
  «O Monjolo e o Pilão por Angelo João Zucconi, editor do projeto
TerraBrasileira.net». Consultado em 21 de fevereiro de 2008. Arquivado do original
em 18 de fevereiro de 2008
  Corazza, Gentil. «Traços da formação socioeconômica do oeste catarinense»
(PDF). Universidade Federal da Fronteira Sul. Consultado em 20 de novembro de 2017
  «Fisca Parte2 Ex». Scribd (em inglês). Consultado em 20 de novembro de 2017
  «Momento ou Torque de uma Força - Mundo Educação». Mundo Educação.
Consultado em 20 de novembro de 2017
  «Centro de massa. Cálculo do centro de massa - Brasil Escola». Brasil Escola.
Consultado em 20 de novembro de 2017
  Carlos, Leite, José; Fernandes, Leite, Eudes (setembro de 2012). «Saber formal e
saber local: convergências e assimetrias». Ciências & Cognição. 17 (2). ISSN 1806-
5821

15.  Bruno, Ernani Silva (2000). Equipamentos, usos e costumes da casa


brasileira: Equipamentos. [S.l.]: EdUSP. ISBN 9788586297076

Ver também
 Pilão
 Roda de água
 Moinho de água
 Engenhoca
 Carretão

 Portal do Brasil
 Portal da história

Categorias:

 Equipamentos
 Hidráulica
 Cultura popular

 Esta página foi editada pela última vez às 23h14min de 6 de outubro de 2021.
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