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MÓDULO EXTRA
Aulas bônus - Prof. Pedro Paiva
Uma História:
“Certa vez um candidato a discípulo procurou o grande Buda a
fim de se tornar seu discípulo:
- Oh! Grande Buda! Estou aqui pois quero se seu discípulo, estou
pronto, pode me passar as primeiras lições, pois estou pronto...”
- Calma, meu rapaz, antes de tomá-lo como discípulo eu gostaria
de lhe pedir algo muito simples...
- Pode pedir mestre, estou pronto...
- Eu quero que vá para casa e retorne assim que conseguir não
pensar mais em Macaco!
O discípulo sem entender muito bem propósito daquilo se
retirou... Um ano depois ele retorna ao mestre Buda
- E então meu filho, você está pronto para ser o meu discípulo?
- Não senhor, eu não quero mais ser o seu discípulo... quero
apenas que o senhor tire esses macacos da minha cabeça...”
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CONCEITOS
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Objetivo da concentração
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Conclusão da 1ª Parte
2 Inimigos da Concentração
O objetivo da consciência é despertar, a distração é o nosso princi-
pal inimigo e ela conta com dois capangas poderosos o entorpecimento
e a sonolência.
Entorpecimento
No entorpecimento, o mais grosseiro dos dois, nossa mente se
comporta de forma pesada e lenta, é quase como um sono completo! É
o estado de total inércia da mente, onde ela se distrai com qualquer
coisa, com fantasias grosseiras sem qualquer propósito ou utilidade,
quando é comum inclusive divagar por longos períodos de tempo e ao
final nem lembrar no que se estava pensando.
O celular, a internet, as redes sociais etc são grandes meios de
entorpecimento. Sabemos que, às vezes, perdem-se horas “navegan-
do”. E depois nos damos conta de que não ficamos com nada de útil, e
que aquele tempo simplesmente foi jogado no lixo!
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Sonolência
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Prática do Incenso
Esse exercício consiste em definir um determinado período de
tempo (inicialmente sugiro no mínimo 1 minuto e no máximo 3) e ficar
plenamente concentrado em um ponto durante esse período. A
sugestão é fazer diante de um incenso em um quarto completamente
escuro. A luz de um incenso aceso é constante e pequena o suficiente
para servir bem como um ponto focal. Coloque-se de forma confortável,
sentado, com as costas eretas, sem nenhum membro cruzado e à uma
distancia entre 1 e 2 metros. Mesmo com os olhos fixos no ponto
veremos que não é fácil se manter concentrado, mas tenha paciência,
com a prática fica cada vez mais fácil.
Prática do Relógio
Essa prática consiste em manter-se concentrado no ponteiro dos
segundos de um relógio. Por um minuto deve-se seguir o ponteiro
segundo à segundo, procurando manter uma concentração perfeita.
Esse exercício pode ser praticado sempre que se está diante de um
relógio de parede ou de pulso, só é necessário que tenha o ponteiro de
segundos.
Essa prática também pode ser utilizada para se obter uma noção
de como anda a nossa concentração. Para isso basta tomar nota cada
vez que se perder o foco ao longo de um minuto. Esse número pode ser
inicialmente muito grande (15 ou 20 vezes ao longo de um minuto),
mas com a prática isso poderá melhorar muito.
Prática do Tratak
Essa prática é muito semelhante à prática do incenso. A
diferença é que ao invés de nos concentrarmos na brasa do incenso,
vamos nos concentrar no ponto central da figura. O objetivo, portanto,
é manter-se concentrado nesse ponto central. Quando a prática é bem
feita, a tendência é que o circulo externo desapareça. Mas não fique
ansioso por nenhum resultado: simplesmente procure se manter con-
centrado e quando a sua mente escapar para outras coisas que não
seja o ponto, volte a se concentrar rapidamente sem lamentações!
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Prática do Cotidiano
A prática do cotidiano consiste em se acostumar com esse estado
de concentração que adquirimos com os exercícios sugeridos. Quanto
mais você se exercitar, mas fácil será reconhecer quando está concen-
trado e quando perdeu a concentração.
Esse estado interno de concentração é o que devemos buscar
manter nos diferentes contextos do nosso dia a dia. Enquanto estamos
dirigindo podemos nos manter atentos sem nos perder em divagações,
observando cada detalhe da rua que estamos percorrendo, sem nos
prender ou perder em nada. Podemos praticar também ao lavar louça,
reparar em cada detalhe do que estamos fazendo sem nos perder em
preocupações. Ao comer, caminhar, fazer a higiene diária, tarefas cor-
riqueiras, conversar, ler, assistir filmes, trabalhar, estudar, se deslo-
car, etc.
Um contexto especialmente interessante — e onde não costuma-
mos praticar — é ao escutar as pessoas: deter-se em cada palavra, sem
julgamentos e sem o falatório de sempre, tentando realmente en-
tender o ponto de vista do outro. É nesse momento que a concentração
começa a ser cada vez mais integrada à nossa vida e podemos sonhar
com um estado constante de concentração.
Conclusão
O desenvolvimento da concentração é uma difícil tarefa, mas se
entendermos suas implicações - que não são apenas com relação a
nossa eficiência e produtividade, mas também se referem à busca de
nossa realização como seres humanos, veremos que é uma caminhada
que vale a pena.
Esses exercícios são boas práticas, podem facilitar muitas de
nossas tarefas do cotidiano como estudar, por exemplo. Mas em um
nível mais profundo e se associamos o desenvolvimento da concen-
tração com uma busca de autoconhecimento, com a investigação filosó-
fica que procura compreender a natureza profunda das coisas e de nós
mesmos, veremos que a concentração como técnica é apenas a ponta
do iceberg.
É como um cajado que pode facilitar muito a nossa caminhada,
mas que tem pouca serventia se não sabemos para onde queremos ir.
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Aulas bônus - Prof. Pedro Paiva
Introdução
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Memorizar
Por que memorizar é importante?
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Problemas de memória
Tenho uma filha de 7 anos e ela às vezes esquece de me entregar
bilhetes do colégio com informações sobre reuniões de pais etc. Mas eu
sei que isso não é um problema de memória, é um problema de in-
teresse, porque quando o assunto é passeio na escola, festinha etc, ela
não esquece de jeito nenhum!
Conto esse exemplo porque muitas vezes escuto as pessoas se
queixando da memória, mas acredito que muitas vezes o problema é
outro. Claro que existem condições médicas que atrapalham a
memória, mas na grande maioria das vezes nosso problema é de nos
interessar por aquilo que pretendemos memorizar.
Pode ver se não tem eventos singelos que você ainda guarda com
riqueza de detalhes, ao mesmo tempo que não se lembra direito nem
do que comeu no café da manha de ontem! Percebe que parece que
vivemos a vida de forma tão automática, pensando em coisas que não
estão acontecendo naquele momento, e acabamos perdendo a atenção
necessária para assimilar o que gostaríamos? Então, acho que o que
nossa dificuldade não é incapacidade de guardar as informações, mas
de direcionar a nossa atenção o suficiente para selecionar o que quere-
mos guardar e — ponto importante — guardar de forma organizada!
Memorizar é organizar
A arte da memorização não trata só de guardar informações. O
potencial de memorização não varia tanto de uma pessoa para outra.
O que varia é, principalmente, como cada um organiza aquilo que pre-
tende memorizar.
Nós podemos ir em dois apartamentos do mesmo tamanho. Em
um deles, o dono derrubou todas as paredes e tem apenas um espaço,
sem armários, sem gavetas. E tudo o que ele ganha ele joga nesse
único espaço: desde sua bola de futebol furada, até a escritura do apar-
tamento... tudo jogado em um único ambiente.
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Técnicas de Memorização
Memorização de texto
Às vezes precisamos decorar um texto. Na maioria das vezes
pegar as ideias principais é suficiente, mas ter um texto decorado
linha por linha pode ser necessário eventualmente. Se precisarmos
decorar um artigo, uma lei ou um conceito para uma prova de concur-
so, por exemplo. Outras vezes queremos decorar uma poesia bonita,
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um texto inspirador - aliás isso é muito útil: recitar um texto pode nos
tirar de um estado de ânimo depressivo, um mau humor, e pode nos
deixar felizes e inspirados, pode mudar nosso dia!
Decorar textos perfeitamente, linha por linha e palavra por pala-
vra, vai exigir de nós mais tempo e dedicação. Um pequeno texto para
ser bem decorado vai levar horas e até dias, então o primeiro ponto é
ter paciência.
Uma forma que pode nos ajudar a acelerar esse processo é
“passar o texto pelo coração”. O que seria isso? Seria colocar toda
a sua atenção em cada palavra, o máximo de concentração, tentando
assimilar aquela palavra como se tudo se resumisse a ela, compreen-
dendo o que ela diz e imaginando que se trata da coisa mais impor-
tante do mundo, naquele momento. Costumamos ler com certa pressa,
e compreendemos as coisas pelo contexto, mas neste caso, precisamos
dessa concentração inclusive nos conectivos e preposições. Se possível
repita cada palavra em voz alta durante o processo de memorização.
Lendo com esse grau concentração, faça isso ao longo de uma
linha inteira do texto. Depois repita a leitura da mesma forma por
mais 2 ou três vezes, até conseguir repetir a linha inteira sem ter que
ler. Feito isso passe para a próxima linha. Depois das leituras, ao repe-
tir a linha sem ler, repita também a linha anterior mais a segunda. Vá
fazendo isso de forma acumulativa ao longo de todo o texto. Pode pare-
cer lento, mas normalmente ganha-se muito tempo quando compara-
mos com o método de repetição mecânica.
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Tente esse exercício com 20, 30 ou 100 palavras, você verá que é
perfeitamente possível, contanto que você não se preocupe com o que
está ficando para trás. Criou a imagem? Conectou bem à imagem
anterior? Então pode seguir em frente, pois você não vai esquecer. Se
não conseguiu lembrar bem é porque não criou bem a imagem. É preci-
so desenvolver a imaginação, mas um pouco de prática vai facilitar
muito.
Na próxima vez que for ao supermercado, tente fazer isso com a
lista de compras: crie essas associações malucas com cada item, e você
vai ver que não vai esquecer.
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Palácio da Memória
O Palácio da memória é uma técnica muito antiga, parece que foi
muito utilizada pelos oradores gregos. Como precisavam fazer aquelas
palestras longas e não contavam com um Datashow precisavam
memorizar tudo. Para isso eles aproveitavam um tipo de memória que
temos que é muito boa, aliás é excelente, é a nossa memória espacial.
Provavelmente por uma questão de sobrevivência temos mais
facilidade para memorizar os espaços, como estão distribuídos. Às
vezes visitamos uma pessoa uma única vez e já guardamos uma noção
de como é a casa dessa pessoa. Se formos mais duas ou três vezes tere-
mos uma lembrança precisa e, o mais interessante, os anos passam e
parece que a memória continua firme lá. Pode fazer um teste. Tem
alguma casa que morou na infância, ou até a casa de um amigo que
você costumava visitar? Se tentar percorrer a casa com a imaginação
vai ver que se lembra de quase tudo.
A técnica do palácio da memória utiliza essa nossa capacidade
natural. Vamos guardar nossas lembranças nos diferentes cômodos ou
objetos de lugares que sejam familiares para nós. Podemos utilizar
nossa casa, nosso trabalho, o caminho de um para o outro. Podemos
ter inúmeros palácios, cada um desses espaços pode guardar
diferentes conteúdos.
Então a técnica consiste em traduzir o conteúdo da palestra, ou
aula, ou apresentação, em tópicos, e associar imagens a cada um deles.
Vamos tratar essas imagens como se fossem objetos, e guarda-los nos
diferentes cômodos do nosso “palácio”. Por guardar entendam que eu
vou literalmente colocar uma coisa lá. Se quero lembrar da ordem
posso colocar uma gigantesca gaveta organizada logo na minha sala de
estar representando a ordem, um sorriso na cozinha como símbolo de
alegria, o coração do amor em um dos quartos, a balança da justiça no
corredor e assim vai. Vou guardar as informações nos diferentes cômo-
dos.
Vocês podem pensar: “- Puxa, mas minha casa não é tão grande
como essa, não vai caber...” Mas se vocês pensarem bem vão ver que só
na sala da casa você pode guardar várias imagens, na cozinha mais
um tanto, porque pode colocar em cada canto, cada objeto, em cada
gaveta, uma informação diferente. Ou seja, além de todas as suas
coisas você pode guardar todo o curso de técnicas de estudo no seu
quarto!
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Conclusão
Estas técnicas que passei para vocês são só algumas dentre um
enorme universo de possibilidades. Tem gente que cria suas próprias
técnicas. Estas são técnicas que já utilizei e que funcionam. Quem
quiser levar isso para um nível mais profissional vai poder pesquisar
uma vasta literatura sobre o assunto. Mas com estas já dá para
resolver muita coisa.
Bem, como tudo que queremos fazer bem, é preciso exercitar. Não
vão pensando que é só aplicar para ter um desempenho perfeito, logo
da primeira vez. Mas se insistirem, vocês vão ver que é muito mais
simples do que agora pode parecer.
Uma coisa que eu queria reforçar é a dica de ter bons conteúdos
decorados para o dia a dia. Eu tenho alguns textos decorados que me
ajudam demais a elevar a consciência, ficar mais bem disposto, bem
humorado, paciente, mente clara, tranquilo e confiante.
Atingindo este estado, podemos nos acostumar a nos reconhecer
aí! Essa é a nossa verdadeira identidade, é assim que somos quando
estamos mais centrados. E neste sentido, é a memória que nos permite
manter a fidelidade a quem realmente somos, a fidelidade a nós
mesmos.
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