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MÓDULO EXTRA
Aulas bônus - Prof. Pedro Paiva

Aula 24- Orientações básicas sobre Concentração

O desenvolvimento da concentração não é uma tarefa fácil, muito


pelo contrário! Veremos o quão difícil é dominar a mente. Aliás, são
muitas as tradições que sabiam da importância de se desenvolver essa
capacidade.
A concentração não é apenas uma maneira de tornar nossos estu-
dos mais eficientes, ou de nos tornar mais produtivos, mas é algo
necessário para o autoconhecimento, que é o grande objetivo da filoso-
fia.
Veremos que concentrar a mente em algo, seja esse algo externo
- como um texto que estamos lendo - seja algo interno - como encontrar
um ponto de serenidade em nós mesmos – é algo muito parecido com o
ato de domesticar um animal.
Podemos imaginar a mente como um gigantesco animal, como
um elefante, por exemplo. O Elefante é um animal extremamente
poderoso e que pode ser muito útil para um agricultor devido a toda a
sua força, mas se esse animal não for dominado poderá ser assustado-
ramente destrutivo. Assim é a nossa mente: uma ferramenta
poderosíssima que deve ser bem dominada, pois é extremamente
perigosa quando fora de controle.

Uma História:
“Certa vez um candidato a discípulo procurou o grande Buda a
fim de se tornar seu discípulo:
- Oh! Grande Buda! Estou aqui pois quero se seu discípulo, estou
pronto, pode me passar as primeiras lições, pois estou pronto...”
- Calma, meu rapaz, antes de tomá-lo como discípulo eu gostaria
de lhe pedir algo muito simples...
- Pode pedir mestre, estou pronto...
- Eu quero que vá para casa e retorne assim que conseguir não
pensar mais em Macaco!
O discípulo sem entender muito bem propósito daquilo se
retirou... Um ano depois ele retorna ao mestre Buda
- E então meu filho, você está pronto para ser o meu discípulo?
- Não senhor, eu não quero mais ser o seu discípulo... quero
apenas que o senhor tire esses macacos da minha cabeça...”
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Essa história ilustra nossa dificuldade em controlar a nossa


mente.

CONCEITOS

Para falarmos de concentração precisamos antes entender um


pouco sobre a nossa mente.
Nossa mente, essa grande fábrica de pensamentos, parece nunca
estar em repouso. Mesmo quando dormimos ela parece estar tra-
balhando freneticamente, produzindo nossos sonhos que, apesar de
nem sempre nos lembrarmos, ocupam boa parte da nossa noite
Parece a chama de uma fogueira que está constantemente
reagindo ao vento, indo de um lado ao outro, com uma agitação inces-
sante. Se examinamos nossa mente veremos que é semelhante a visão
que temos de uma cidade grande vista por cima, com toda aquela
movimentação de carros, pessoas e sons.
Precisamos libertar a nossa mente de suas perturbações pois são
elas que provocam a distração e a dispersão.

Tratak: teste de dispersão


Para ganharmos consciência de nosso nível de dispersão eu
gostaria de propor a prática do tratak.
O tratak é um exercício de concentração. Sua prática é muito
simples, consiste em fixarmos nossa atenção sobre um ponto no centro
de um círculo. Quando conseguimos nos concentrar o círculo externo
desaparece permanecendo apenas o ponto central. Entendam que esse
é um efeito natural que virá com a prática, não deve ser um objetivo
—pois até o desejo de fazer o círculo sumir vai atrapalhar nossa con-
centração.

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Para fazer uma avaliação de sua concentração, faça o tratak


durante o tempo de 5 minutos. Durante 5 minutos, fixe os olhos no
ponto central e toda vez que surgir algum pensamento indesejado,
uma lembrança, preocupação ou até mesmo sensação que te tire do
foco, abaixe a cabeça e faça um traço em um papel. Volte a se concen-
trar e quando houver outra dispersão volte a riscar o papel... Ao final
dos cinco minutos você saberá quantas vezes dispersou.
Não se assuste se esse número foi muito maior do que você espe-
rava! E se foi muito pequeno, desconfie! Isso pode ter acontecido
porque você demorou muito a perceber que havia dispersado.

Objetivo da concentração

O objetivo da concentração é eliminar todos os obstáculos que nos


impedem de penetrar os objetos nos quais escolhemos consciente-
mente prestar atenção.
É essa capacidade que nos permite compreender realmente as
coisas. A compreensão de um texto, de algo que alguém está falando e
até das questões mais filosóficas como qual o sentido da vida, será pro-
porcional ao nosso grau de concentração. É isso que nos permitirá
integrar plenamente o conteúdo de um objeto, uma atenção sem
obstáculos e sem fugas.

Estratégia: Leitura ativa


Entendam que a grande estratégia aqui
não é ver tudo, mas focar naquilo que é
essencial. Assim a concentração deve ser o
descanso de todas as ações secundárias, para
conseguir a serenidade necessária que per-
mite compreender plenamente os objetos.
Quando formos estudar um texto, por
exemplo, devemos ter uma pergunta em
mente, a pergunta fundamental que precisa
ser respondida ao final daquele livro, capítu-
lo, parágrafo ou frase. Não importa qual per-
gunta, simplesmente deve ser a mais rele-
vante para nós (Leitura ativa).Assim é muito
mais fácil responder as demais que possam
surgir.
Essa pergunta será o objeto de nossa concentração e por mais que
a gente disperse devemos retornar para essa pergunta. Assim veremos
que se respondermos bem a essa pergunta fundamental, será muito
mais fácil responder as demais que possam surgir.

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Conclusão da 1ª Parte

A dificuldade que encontraram no tratak revela a dificuldade no


mistério da unidade. Com alguns exercícios prévios e a prática
continuada, que explicaremos mais a frente, você certamente conse-
guirá fazer o círculo externo do tratak desaparecer — o difícil será
manter isso por muito tempo: ele vai sumir e vai voltar pois inúmeras
vezes, pensamentos e sentimentos indesejados vão se infiltrar. E nor-
malmente em intervalos muito curtos.
Esse estado de dispersão revelado pelo exercício nos mostra que
não funcionamos como um. Somos fragmentados. O importante é não
desistir, procurar exercitar com constância e perseverança para que
um dia possamos perceber as coisas como elas realmente são, em sua
plenitude, sem sombras, sem julgamentos, em sua unidade.

As etapas do desenvolvimento da concentração e os


inimigos no caminho

“Se deixamos a mente em estado selvagem, sem controlá-la,


será destruidora e será a origem de numerosos sofrimentos
para nós e para os outros.
Todos os nossos sofrimentos passados, presentes e futuros
tem origem na mente não submissa e distraída”.
Fernando Shwarz

2 Inimigos da Concentração
O objetivo da consciência é despertar, a distração é o nosso princi-
pal inimigo e ela conta com dois capangas poderosos o entorpecimento
e a sonolência.

Entorpecimento
No entorpecimento, o mais grosseiro dos dois, nossa mente se
comporta de forma pesada e lenta, é quase como um sono completo! É
o estado de total inércia da mente, onde ela se distrai com qualquer
coisa, com fantasias grosseiras sem qualquer propósito ou utilidade,
quando é comum inclusive divagar por longos períodos de tempo e ao
final nem lembrar no que se estava pensando.
O celular, a internet, as redes sociais etc são grandes meios de
entorpecimento. Sabemos que, às vezes, perdem-se horas “navegan-
do”. E depois nos damos conta de que não ficamos com nada de útil, e
que aquele tempo simplesmente foi jogado no lixo!

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Sonolência

A sonolência é ainda mais perigosa, pois se disfarça de tran-


quilidade: “- Sou desatento porque sou muito tranquilo...”. E aí,
quando atribuímos “virtude” ao que é na verdade uma debilidade, o
problema é muito sério, pois dificilmente travaremos a batalha
necessária para vencer esse defeito. Vamos protegê-lo como se fosse
parte de nossa identidade. Seria como colocar um inimigo no centro do
nosso castelo.
Os efeitos dessa sonolência são a negligência, a irresponsabili-
dade e assim vai, e o disfarce desse inimigo se dará através de justifi-
cativas. Exemplo: “- Não presto atenção porque essa matéria é muito
chata, ou é inútil, ou o professor é péssimo...” Enfim, perde-se o verda-
deiro alvo da batalha.

As quatro etapas do desenvolvimento da Concentração

1ª Etapa: A etapa do esforço. Essa etapa requer esforço, pois


precisamos ter disciplina para insistir nos exercícios, mesmo sem con-
seguir ainda ver os resultados. Teremos dificuldade em focar e muito
mais em manter o foco.
2ª Etapa: A etapa da prática. Com maior domínio da prática
vamos começar a focalizar com mais facilidade os objetos, ainda que de
forma intermitente. Mas retornar ao estado de concentração se tor-
nará cada vez mais fácil - e vamos entender melhor o que se busca.
3ª Etapa: A etapa da continuidade. Aqui a concentração
voluntária sofre cada vez menos com as interrupções podendo se
manter por muito mais tempo.
4ª Etapa: Nessa fase a concentração se torna um estado
constante onde não se faz mais esforço nenhum para manter a con-
centração.

É impossível falar do tempo necessário para mudar de etapas, já


que isso dependerá da dedicação de cada um. Mas mesmo que você não
perceba essas mudanças e que fique por muito tempo na primeira
etapa, por exemplo, não se preocupe, pois certamente obterá
benefícios perceptíveis.

1ª Etapa: Essa primeira etapa começa quando decidimos sair


da confusão. Decidimos que nossa vida tem que mudar e que precisa-
mos dar a batalha para nos tornarmos aquilo que queremos. Decidir
não é conseguir, mas certamente quebra-se uma grande inércia
quando tomamos essa decisão. E o esforço é menor quando assumimos

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a nossa responsabilidade nessa caminhada. Aqui deixamos de nos


enganar e começamos a enfrentar as dificuldades sem justificativas.
É certo que a concentração não será constante, na verdade se manterá
por pouco tempo, mas o trabalho já teve início e a vitória dependerá da
constância e da perseverança.
Aqui é necessário muito esforço, mas esse se reduz à medida que
deixamos de alimentar os inimigos do entorpecimento e da
sonolência. Assim a força necessária será cada vez menor.

2ª Etapa: Agora domina-se um pouco melhor as dispersões, mas


o mais importante será se manter vigilante, pois os hábitos do
entorpecimento podem se infiltrar novamente e a caminhada vai pre-
cisar recomeçar! Recomeçar nunca é fácil pois, com a lembrança de
que já conseguimos uma vez, podemos ser levados a adiar a retomada
da caminhada - o que fortalecerá nossos hábitos e a inércia será muito
mais difícil de ser vencida.
Aqui é preciso sempre relembrar do objetivo para que se pra-
tique em todas as situações, sem deixar que o estado de tranquilidade
nos adormeça e acabe por nos levar à negligência e, consequente-
mente, o retorno à dispersão. O trabalho não acabou e não podemos
nos esquecer disso!

3ª Etapa: Nessa fase o mais importante é atenção. Costumamos


pensar que se manter atento é algo cansativo... Pode ser, quando se
pratica pouco. Mas na realidade é o estado onde não se perde, mas
ganha-se energia! O problema é que confundimos atenção com tensão
— isto sim é cansativo! Essa atenção é o que vai proporcionar uma
concentração natural, sem esforço. É como se pudéssemos nos obser-
var de fora, nos vendo fazendo as coisas: tudo parece um pouco
mais lento, mas na realidade estamos obtendo velocidade e efi-
ciência.

4ª Etapa: Aqui está o verdadeiro estado de concentração. Não é


mais necessário batalhar, não existe distração. A personalidade obe-
dece àquilo que se escolhe fazer - seja acordar cedo no dia seguinte,
seja estudar por muitas horas ou dedicar seu tempo para os demais
sem medos ou reservas.
A consciência está plena pois voltou-se para a vida interior, os
objetos externos perdem força e apelo.
Segundo tradições orientais poderíamos tratar até de outras
etapas, mas essas quatro já nos servem muito bem! E já são um
grande desafio, pelo menos para a grande média das pessoas.

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A quarta etapa pode parecer um sonho distante, mas porque não


sonhar com isso? Perdemos tanto tempo sonhando em ter coisas,
porque não dedicar um pouco dos nossos sonhos a ser como
gostaríamos, não só por nós, mas por aqueles que estão a nossa volta.
Com esse nível de concentração poderíamos ser muito mais livres e,
sendo mais livres, poderíamos nos expressar com muito mais beleza,
bondade e justiça.

As práticas – Pratique conforme orientado na vídeoaula

Prática do Incenso
Esse exercício consiste em definir um determinado período de
tempo (inicialmente sugiro no mínimo 1 minuto e no máximo 3) e ficar
plenamente concentrado em um ponto durante esse período. A
sugestão é fazer diante de um incenso em um quarto completamente
escuro. A luz de um incenso aceso é constante e pequena o suficiente
para servir bem como um ponto focal. Coloque-se de forma confortável,
sentado, com as costas eretas, sem nenhum membro cruzado e à uma
distancia entre 1 e 2 metros. Mesmo com os olhos fixos no ponto
veremos que não é fácil se manter concentrado, mas tenha paciência,
com a prática fica cada vez mais fácil.

Prática do Relógio
Essa prática consiste em manter-se concentrado no ponteiro dos
segundos de um relógio. Por um minuto deve-se seguir o ponteiro
segundo à segundo, procurando manter uma concentração perfeita.
Esse exercício pode ser praticado sempre que se está diante de um
relógio de parede ou de pulso, só é necessário que tenha o ponteiro de
segundos.
Essa prática também pode ser utilizada para se obter uma noção
de como anda a nossa concentração. Para isso basta tomar nota cada
vez que se perder o foco ao longo de um minuto. Esse número pode ser
inicialmente muito grande (15 ou 20 vezes ao longo de um minuto),
mas com a prática isso poderá melhorar muito.

Prática do Tratak
Essa prática é muito semelhante à prática do incenso. A
diferença é que ao invés de nos concentrarmos na brasa do incenso,
vamos nos concentrar no ponto central da figura. O objetivo, portanto,
é manter-se concentrado nesse ponto central. Quando a prática é bem
feita, a tendência é que o circulo externo desapareça. Mas não fique
ansioso por nenhum resultado: simplesmente procure se manter con-
centrado e quando a sua mente escapar para outras coisas que não
seja o ponto, volte a se concentrar rapidamente sem lamentações!

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Prática dos Objetos


Escolha um objeto qualquer, pode ser um copo, uma flor, uma
laranja ou qualquer outro. Recomendo começar com objetos simples,
mas com o tempo pode ser com qualquer um mesmo. Procure concen-
trar-se diante dele sem perder-se em descrições (“- ah, ele é redondo,
pequeno...) ou análises (“- Está sujo, está limpo... Me lembra a minha
avó...”), enfim, tente manter-se concentrado, atento, mas com a mente
vazia. Você vai tentar fazer o mesmo que fez com o tratak, mas agora
com objetos variados.

Prática do Cotidiano
A prática do cotidiano consiste em se acostumar com esse estado
de concentração que adquirimos com os exercícios sugeridos. Quanto
mais você se exercitar, mas fácil será reconhecer quando está concen-
trado e quando perdeu a concentração.
Esse estado interno de concentração é o que devemos buscar
manter nos diferentes contextos do nosso dia a dia. Enquanto estamos
dirigindo podemos nos manter atentos sem nos perder em divagações,
observando cada detalhe da rua que estamos percorrendo, sem nos
prender ou perder em nada. Podemos praticar também ao lavar louça,
reparar em cada detalhe do que estamos fazendo sem nos perder em
preocupações. Ao comer, caminhar, fazer a higiene diária, tarefas cor-
riqueiras, conversar, ler, assistir filmes, trabalhar, estudar, se deslo-
car, etc.
Um contexto especialmente interessante — e onde não costuma-
mos praticar — é ao escutar as pessoas: deter-se em cada palavra, sem
julgamentos e sem o falatório de sempre, tentando realmente en-
tender o ponto de vista do outro. É nesse momento que a concentração
começa a ser cada vez mais integrada à nossa vida e podemos sonhar
com um estado constante de concentração.

Conclusão
O desenvolvimento da concentração é uma difícil tarefa, mas se
entendermos suas implicações - que não são apenas com relação a
nossa eficiência e produtividade, mas também se referem à busca de
nossa realização como seres humanos, veremos que é uma caminhada
que vale a pena.
Esses exercícios são boas práticas, podem facilitar muitas de
nossas tarefas do cotidiano como estudar, por exemplo. Mas em um
nível mais profundo e se associamos o desenvolvimento da concen-
tração com uma busca de autoconhecimento, com a investigação filosó-
fica que procura compreender a natureza profunda das coisas e de nós
mesmos, veremos que a concentração como técnica é apenas a ponta
do iceberg.
É como um cajado que pode facilitar muito a nossa caminhada,
mas que tem pouca serventia se não sabemos para onde queremos ir.
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Aulas bônus - Prof. Pedro Paiva

Aula 25- Orientações básicas sobre Memória

Introdução

Já aconteceu com você de ter estudado muito um determinado


assunto, ter até decorado um monte de coisa, mas na hora que você
mais precisou daquela informação deu branco? Ou acabou de assistir
uma aula superinteressante, saiu todo empolgado, mas aí alguém te
pergunta... "- E aí, o que falaram nessa aula?” Branco de novo! Às
vezes a gente não consegue nem começar, e não foi porque não presta-
mos atenção, mas provavelmente porque a gente não guardou a infor-
mação corretamente, não utilizou bem a memória.

“O grande mal do homem é o esquecimento”

Essa frase emblemática do grande mestre Merlin foi dita no filme


“Excalibur” e mostra o quanto a memória é importante. Não só para
guardar informações, como um banco de dados, mas até para nos lem-
brarmos do que nos move, do sentido da nossa vida, do que estamos
buscando, pelo que estamos fazendo as coisas, etc. Isso é muito impor-
tante.
É comum a gente começar a trabalhar porque precisa ganhar
dinheiro e aí surgem oportunidades para ganhar mais, e daí surge
mais estresse, e precisamos abrir mão de um monte de coisas para
poder ganhar mais e quando vamos ver... tudo aquilo que fizemos, que
iniciamos porque queríamos ter mais tempo, recursos e tranquilidade,
está consumindo nossa vida inteira, e nunca fazemos o que realmente
é importante para nós.

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É como a história do Índio que um dia foi questionado pelo


homem branco:
“- Ei, você pretende ficar a vida inteira assim? Dormindo na rede
e pescando?
- Mas eu gosto de pescar e dormir na rede!
- Sim, mas se você trabalhasse poderia ganhar dinheiro...
- Mas pra quê?
- Pra juntar uma quantidade bem grande de dinheiro!
- Mas pra quê?
- Pra você poder fazer o que quiser...
- Mas o que eu quero é dormir na rede e pescar...”

Essa é uma historinha ilustrativa, mas é interessante para


termos em mente que não podemos esquecer daquilo que realmente
queremos, do que realmente importa. Do contrário vamos acabar a
vida arrependidos. Memória serve também para não esquecermos
nunca de quem somos e do que realmente importa para nós. Na Nova
Acrópole a gente trabalha com a ideia de que memória é “Fidelidade
a nós mesmos”.
Um conceito que complementa a ideia de fidelidade a nós mesmos
é ter a memória como o poder de reviver estados psíquicos passa-
dos, reconhecê-los como pertencentes a nossa própria existên-
cia, e localizá-los num determinado momento do nosso passa-
do. Essa percepção de experiências próprias que ocorreram no passa-
do é o que sustenta a nossa noção de Eu. Essa noção ainda não é plena,
de acordo com a filosofia, mas isso é assunto para um outro momento.
O fato é que a memória guarda as etapas, os acontecimentos que
ajudam na construção de quem nós somos e, ainda que a gente não
esteja totalmente consciente da origem de cada um dos tijolos desse
nosso grande edifício, é graças à memória que eles encontram um
lugar na nossa autoconstrução. É certo que essa obra ainda não está
finalizada, mas é a partir dela que podemos seguir avançando.
A memória também é importante para nos manter caminhando
com foco nos nossos objetivos. Buda diz que um dia teremos que nos
livrar até da nossa memória - vamos nos libertar de tudo - mas antes
dessa hora chegar, é importante cuidar bem dela. Quando falamos
sobre a concentração, falamos sobre a eficiência no momento presente,
sobre colocar o foco naquilo que é essencial, e é importante ver como a
concentração e a memória estão muito relacionadas: a concentração
me permite uma vivência mais intensa e focada e a memória me ajuda
a assimilar, a guardar isso que eu elegi como o mais importante numa
determinada situação. Assim eu vou qualificando o que registro, vou
guardando só o que é útil e bom. Isso é um ponto muito importante.

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No dia a dia é comum a gente guardar um monte de porcaria.


Exemplo: Um dia alguém me chamou de preguiçoso no trabalho. Eu
fico indignado, “como pode essa pessoa vir me chamar de preguiçoso,
que absurdo, quem é ela pra me dizer isso...” O tempo passa e eu con-
tinuo com aquele rancor, com aqueles pensamentos de raiva - o que só
faz mal pra mim mesmo. Depois de um tempo eu já nem lembro
porque essa pessoa me chamou de preguiçoso - o que poderia servir de
lição para mim, sobre algo que eu devia evitar, ou porque simples-
mente fui preguiçoso mesmo naquele dia - enfim, do que eu poderia ter
aprendido eu esqueço. Mas da raiva e do rancor eu não esqueço mais!
Então eu pago um preço alto - de ter tomado aquela bronca - mas não
guardo nada de útil em troca! É como se eu fosse ao supermercado,
fizesse uma compra gigantesca, pagasse aquela conta altíssima, e
fosse pra casa sem levar a mercadoria. Assim, nós utilizamos mal a
nossa memória: a ocupamos com um monte de porcaria e depois
reclamamos que temos sérios problemas de memória...

Memorizar
Por que memorizar é importante?

Às vezes escutamos as pessoas dizerem


que a simples memorização não vale de
nada, que a “decoreba” não tem valor. Real-
mente a memorização mecânica, onde se pre-
tende decorar sem um sentido claro, além de
ser muito difícil, é vazia, frágil e pode
perder-se rapidamente. Mas tem certas
informações que se as guardássemos de
memória, certamente teríamos a possibili-
dade de utilizá-las muito mais e melhor. É
como ter peças de uma máquina disponíveis
a mão ou em um armário muito bem organi-
zado, de tal forma que posso utilizar essas
peças como e quando eu precisar. Por outro
lado, quando jogamos tudo em um baú
bagunçado, a tendência é ter que comprar
outra peça ou mesmo desistir da máquina
toda. Nem tudo devemos guardar de
memória – aliás, tem coisas que o melhor é
esquecer - mas algo de valor merece ser
guardado e bem guardado.

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Um belo poema, uma mensagem forte, um código de honra, são


coisas valiosas que se estão guardadas de memória podem nos ajudar
a sair de um estado emocional negativo, encontrar a solução de um
problema ou mesmo mudar de atitude simplesmente por lembrar de
quem somos, dos nossos valores etc.

Problemas de memória
Tenho uma filha de 7 anos e ela às vezes esquece de me entregar
bilhetes do colégio com informações sobre reuniões de pais etc. Mas eu
sei que isso não é um problema de memória, é um problema de in-
teresse, porque quando o assunto é passeio na escola, festinha etc, ela
não esquece de jeito nenhum!
Conto esse exemplo porque muitas vezes escuto as pessoas se
queixando da memória, mas acredito que muitas vezes o problema é
outro. Claro que existem condições médicas que atrapalham a
memória, mas na grande maioria das vezes nosso problema é de nos
interessar por aquilo que pretendemos memorizar.
Pode ver se não tem eventos singelos que você ainda guarda com
riqueza de detalhes, ao mesmo tempo que não se lembra direito nem
do que comeu no café da manha de ontem! Percebe que parece que
vivemos a vida de forma tão automática, pensando em coisas que não
estão acontecendo naquele momento, e acabamos perdendo a atenção
necessária para assimilar o que gostaríamos? Então, acho que o que
nossa dificuldade não é incapacidade de guardar as informações, mas
de direcionar a nossa atenção o suficiente para selecionar o que quere-
mos guardar e — ponto importante — guardar de forma organizada!

Memorizar é organizar
A arte da memorização não trata só de guardar informações. O
potencial de memorização não varia tanto de uma pessoa para outra.
O que varia é, principalmente, como cada um organiza aquilo que pre-
tende memorizar.
Nós podemos ir em dois apartamentos do mesmo tamanho. Em
um deles, o dono derrubou todas as paredes e tem apenas um espaço,
sem armários, sem gavetas. E tudo o que ele ganha ele joga nesse
único espaço: desde sua bola de futebol furada, até a escritura do apar-
tamento... tudo jogado em um único ambiente.

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No outro apartamento, o dono é muito mais organizado, separa


as coisas em categorias, tem gavetas e armários para tudo, pastas
para os papéis com identificação, e tudo mais. Quem você acha que vai
ter mais facilidade para encontrar alguma coisa? O dono do primeiro
ou o dono do segundo apartamento? A capacidade do apartamento em
termos de espaço é a mesma, o que mudou foi a capacidade de organi-
zação de cada um. Então na realidade a memória só é eficiente se sou-
bermos como organizá-la bem.
E como funciona a organização da memória? A memória funciona
por associações, é isso que permite que as informações sejam bem ou
mal guardadas. Imaginem que cada associação é um espaço, uma
gaveta, um armário, onde você guarda algo. Sem associações conscien-
tes, escolhidas conscientemente, ou com associações fracas a infor-
mação se perde. E quanto mais associações conscientes fazemos, mais
fácil será encontrar a informação.
Se estamos decorando algo apenas para a prova que faremos
amanhã, sem nenhuma associação com outros aspectos da vida, é bem
provável que essa informação logo se perca imediatamente após a
prova. Às vezes não vai nem resistir até lá. Agora se vemos um senti-
do, se relacionamos com a nossa vida de forma mais ampla, isso
provavelmente vai se manter mais firme.
Por isso guardamos memórias simples da infância, mesmo
quando já passaram muitas décadas, coisas mais ou menos singelas.
Essas coisas de algum modo passaram pelo nosso coração, esses mo-
mentos nos tocaram além de fisicamente, psicologicamente. Se fôsse-
mos capazes de passar cada acontecimento pelo nosso coração — seria
como colocar uma bela moldura e pendurar na parede — certamente
nos surpreenderíamos com nossa capacidade de lembrar.

É certo que as coisas que tocam nossos sentimentos serão lem-


bradas de forma natural. Mas aquilo que não nos toca, normalmente
precisará de um esforço consciente para ganhar esse ar especial e se
tornar uma memória perene — ou pelo menos mais duradoura.

Técnicas de Memorização

Memorização de texto
Às vezes precisamos decorar um texto. Na maioria das vezes
pegar as ideias principais é suficiente, mas ter um texto decorado
linha por linha pode ser necessário eventualmente. Se precisarmos
decorar um artigo, uma lei ou um conceito para uma prova de concur-
so, por exemplo. Outras vezes queremos decorar uma poesia bonita,

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um texto inspirador - aliás isso é muito útil: recitar um texto pode nos
tirar de um estado de ânimo depressivo, um mau humor, e pode nos
deixar felizes e inspirados, pode mudar nosso dia!
Decorar textos perfeitamente, linha por linha e palavra por pala-
vra, vai exigir de nós mais tempo e dedicação. Um pequeno texto para
ser bem decorado vai levar horas e até dias, então o primeiro ponto é
ter paciência.
Uma forma que pode nos ajudar a acelerar esse processo é
“passar o texto pelo coração”. O que seria isso? Seria colocar toda
a sua atenção em cada palavra, o máximo de concentração, tentando
assimilar aquela palavra como se tudo se resumisse a ela, compreen-
dendo o que ela diz e imaginando que se trata da coisa mais impor-
tante do mundo, naquele momento. Costumamos ler com certa pressa,
e compreendemos as coisas pelo contexto, mas neste caso, precisamos
dessa concentração inclusive nos conectivos e preposições. Se possível
repita cada palavra em voz alta durante o processo de memorização.
Lendo com esse grau concentração, faça isso ao longo de uma
linha inteira do texto. Depois repita a leitura da mesma forma por
mais 2 ou três vezes, até conseguir repetir a linha inteira sem ter que
ler. Feito isso passe para a próxima linha. Depois das leituras, ao repe-
tir a linha sem ler, repita também a linha anterior mais a segunda. Vá
fazendo isso de forma acumulativa ao longo de todo o texto. Pode pare-
cer lento, mas normalmente ganha-se muito tempo quando compara-
mos com o método de repetição mecânica.

Associação de Imagens Concretas


Decorar imagens é extremamente útil e é a técnica que melhor
ilustra o funcionamento do nosso cérebro, porque trabalha com dois
elementos fundamentais da memória: Imaginação e Associação.
Vocês vão ver que com a memorização de imagens é possível sintetizar
e guardar muito conteúdo com poucos elementos.
As imagens carregam em si várias informações e isso vai ser
muito útil na memorização. Além disso, costumam ser mais fáceis de
lembrar porque envolvem mais dos nossos sentidos e têm maior apelo
emocional do que uma simples palavra. Isso é fácil de perceber:
•Pense na palavra, "flor" (só na palavra, como se fosse escrita na
tela de um computador). Ok, nada muito marcante.

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Agora pense numa flor com cores vibrantes, perfeita, bonita,


aromática, etc... Qual dessas informações você acha que terá mais
chance de lembrar?
Outro ponto importante é associação. O nosso cérebro, ao arma-
zenar informações, as coloca em um determinado “lugar", é como se
tivesse um endereço. Tanto é assim que há uma série de gatilhos que
podem trazer à tona certas lembranças: um cheiro, uma emoção, um
barulho, até a fisionomia do rosto de alguém... Tem gente que só de
sentir o cheiro da lenha queimando num fogão à lenha já se lembra da
infância na fazenda, das brincadeiras, etc.
Por associação nosso cérebro e nossa mente resgatam memórias
associadas a diferentes estímulos sensoriais - e utilizaremos essas
associações a nosso favor.
Exercício: Vamos pensar em uma sequência de 10 imagens (o
ideal é que não pertençam a mesma categoria). Vou sugerir uma lista
de palavras e vocês vão tentando decorar:
- Lago, Helicóptero, chocolate, cadeira, Pirulito, baleia, escola,
sol, óculos, casaco.
Decoraram? Talvez não. Vamos tentar com uma técnica de asso-
ciação de imagens. Imaginem um lago gigantesco e agitado. De
repente sai dele um helicóptero gigante, amarelo e sua cauda per-
manece afundada no lago. Sobre a hélice do helicóptero tem uma barra
de chocolate correndo desesperadamente (isso mesmo, um chocolate
correndo!) para não ser triturado. Atravessando um dos quadradinhos
desse chocolate, tem uma cadeira de madeira verde fosforescente. Sen-
tado na cadeira esta um pirulito desses bem coloridos, está sorrindo e
com uma baleia bebê no colo. A Baleia tem uma expressão infantil e
quando abre a boca vemos uma pequena escola lotada de crianças,
quase explodindo a escola. E bem na janela da escola se observa um
raio de luz bem intenso, forte. Esse raio está emanando de um Sol
gigantesco, ardendo, pulsando de tão quente. O sol está usando óculos
escuros, e uma das hastes dos óculos se prolonga por vários metros,
formando um gancho e, pendurado no gancho, o seu casaco preferido.
Meio doida essa sequência de imagens? Mas é assim mesmo.
Quanto mais cor, humor, movimento e exagero tiver, mais fácil de lem-
brar. Também observem que uma imagem está de alguma forma gru-
dada na outra, essas conexões são muito importantes. Observem que,
mesmo passando alguns segundos, e sem repetir a lista, vamos conse-
guir lembrar!
Vamos lá, vai repetindo daí! Lago, Helicóptero...

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Tente esse exercício com 20, 30 ou 100 palavras, você verá que é
perfeitamente possível, contanto que você não se preocupe com o que
está ficando para trás. Criou a imagem? Conectou bem à imagem
anterior? Então pode seguir em frente, pois você não vai esquecer. Se
não conseguiu lembrar bem é porque não criou bem a imagem. É preci-
so desenvolver a imaginação, mas um pouco de prática vai facilitar
muito.
Na próxima vez que for ao supermercado, tente fazer isso com a
lista de compras: crie essas associações malucas com cada item, e você
vai ver que não vai esquecer.

Associação de Imagens simbólicas


Essa prática é idêntica a anterior, mas exigirá de nós um pouco
mais de criatividade. A ideia é fazer a mesma lista de palavras, mas
agora vamos utilizar palavras abstratas como: ordem, alegria, amor,
justiça, generosidade, concentração, memorização, paciência, perse-
verança, Liberdade.
Aqui será necessário gastar um tempo maior criando as imagens
para cada uma das ideias.
Ordem pode ser representada por uma gaveta brilhante e per-
feitamente organizada, saindo dela um sorriso gigante de alegria, em
um dos dentes desse sorriso pode ter um coração pulsante do amor,
coração que se pendura em um dos pratos de uma balança da justiça,
enquanto o outro jorra moedas de ouro como generosidade, e essas
moedas se concentram em um único ponto de luz, concentração, esse
ponto de luz ilumina um cérebro cheio de arquivos lotados de papéis,
memória, um senhor sobre esse cérebro sentado em uma cadeira de
balanço aguardando pacientemente, enquanto um escalador tenta
escalar o nariz desse senhor, e mesmo escorregando inúmeras vezes
ele continua, persevera, até que consegue e salta de asa Delta com a
profunda sensação de liberdade.
Bem, essas imagens serviram para mim, mas cada um precisa
descobrir as suas próprias imagens. A prática vai fortalecer cada vez
mais nossa memória.

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Palácio da Memória
O Palácio da memória é uma técnica muito antiga, parece que foi
muito utilizada pelos oradores gregos. Como precisavam fazer aquelas
palestras longas e não contavam com um Datashow precisavam
memorizar tudo. Para isso eles aproveitavam um tipo de memória que
temos que é muito boa, aliás é excelente, é a nossa memória espacial.
Provavelmente por uma questão de sobrevivência temos mais
facilidade para memorizar os espaços, como estão distribuídos. Às
vezes visitamos uma pessoa uma única vez e já guardamos uma noção
de como é a casa dessa pessoa. Se formos mais duas ou três vezes tere-
mos uma lembrança precisa e, o mais interessante, os anos passam e
parece que a memória continua firme lá. Pode fazer um teste. Tem
alguma casa que morou na infância, ou até a casa de um amigo que
você costumava visitar? Se tentar percorrer a casa com a imaginação
vai ver que se lembra de quase tudo.
A técnica do palácio da memória utiliza essa nossa capacidade
natural. Vamos guardar nossas lembranças nos diferentes cômodos ou
objetos de lugares que sejam familiares para nós. Podemos utilizar
nossa casa, nosso trabalho, o caminho de um para o outro. Podemos
ter inúmeros palácios, cada um desses espaços pode guardar
diferentes conteúdos.
Então a técnica consiste em traduzir o conteúdo da palestra, ou
aula, ou apresentação, em tópicos, e associar imagens a cada um deles.
Vamos tratar essas imagens como se fossem objetos, e guarda-los nos
diferentes cômodos do nosso “palácio”. Por guardar entendam que eu
vou literalmente colocar uma coisa lá. Se quero lembrar da ordem
posso colocar uma gigantesca gaveta organizada logo na minha sala de
estar representando a ordem, um sorriso na cozinha como símbolo de
alegria, o coração do amor em um dos quartos, a balança da justiça no
corredor e assim vai. Vou guardar as informações nos diferentes cômo-
dos.
Vocês podem pensar: “- Puxa, mas minha casa não é tão grande
como essa, não vai caber...” Mas se vocês pensarem bem vão ver que só
na sala da casa você pode guardar várias imagens, na cozinha mais
um tanto, porque pode colocar em cada canto, cada objeto, em cada
gaveta, uma informação diferente. Ou seja, além de todas as suas
coisas você pode guardar todo o curso de técnicas de estudo no seu
quarto!

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Agora que me expliquei vamos tentar exercitar. Vou utilizar essa


planta de apartamento - veja no vídeo da aula – e vou explicar como eu
guardei os tópicos desta presente aula – Memória – em seus cômodos,
só para que entendam bem a ideia.
Assistam à vídeoaula!!

Conclusão
Estas técnicas que passei para vocês são só algumas dentre um
enorme universo de possibilidades. Tem gente que cria suas próprias
técnicas. Estas são técnicas que já utilizei e que funcionam. Quem
quiser levar isso para um nível mais profissional vai poder pesquisar
uma vasta literatura sobre o assunto. Mas com estas já dá para
resolver muita coisa.
Bem, como tudo que queremos fazer bem, é preciso exercitar. Não
vão pensando que é só aplicar para ter um desempenho perfeito, logo
da primeira vez. Mas se insistirem, vocês vão ver que é muito mais
simples do que agora pode parecer.
Uma coisa que eu queria reforçar é a dica de ter bons conteúdos
decorados para o dia a dia. Eu tenho alguns textos decorados que me
ajudam demais a elevar a consciência, ficar mais bem disposto, bem
humorado, paciente, mente clara, tranquilo e confiante.
Atingindo este estado, podemos nos acostumar a nos reconhecer
aí! Essa é a nossa verdadeira identidade, é assim que somos quando
estamos mais centrados. E neste sentido, é a memória que nos permite
manter a fidelidade a quem realmente somos, a fidelidade a nós
mesmos.

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