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Serviço Público Federal

Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Famez - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

ALYNE RODRIGUES DE MATOS


LAURA BEATRIZ PEREZ DA SILVA
MARIA EDUARDA ASSUMPÇAO CANDIA BRAGA

ALIMENTOS PROTÉICOS
FARINHA DE PEIXE E HEMÁCIAS

CAMPO GRANDE - MS
2022

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INTRODUÇÃO

No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) os


abates de espécies suínas e avícolas somam juntos 17,23 milhões de
toneladas de carne produzida em 2019, já os abates da espécie bovina no
mesmo ano, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias
Exportadoras de Carnes (ABIEC), originaram uma produção de carne de 10,49
milhões de toneladas equivalentes a carcaça. Como resultado, o setor gerou
uma certa quantidade de produtos não destinados ao consumo humano
(farinhas, óleos e sebos de animais).
As alternativas economicamente viáveis para alimentação animal tem sido
cada vez mais indispensáveis, a alta dos preços dos insumos está colaborando
para que os produtores adotem a utilização de subprodutos animais pois
garantem vantagens nutricionais e econômicas, por exemplo as farinhas de
carne, ossos, penas, vísceras e sangue.
O processamento adequado das farinhas de subprodutos animais reduz a
carga poluente e os microrganismos patogênicos destes resíduos industriais
(HENN, 2004). Tais produtos representam uma rica matéria-prima para a
alimentação de animais criados comercialmente. Apresentam alto teor proteico
e balanço em ácidos graxos, aminoácidos, minerais e vitaminas (ANDERSON
et al., 1995). Podem apresentar alta variação em sua composição, em termos
de proteína, gordura, cinzas e aminoácidos, podendo variar seus níveis de
digestibilidade.
De acordo com a Instrução Normativa nº 41/2009 do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa), qualquer alimento ou resíduo que contenha
proteína de origem animal não pode ser usado na alimentação dos ruminantes.
Objetiva-se portanto, compreender alguns desses subprodutos animais e suas
características quando utilizados na alimentação animal.

FARINHA DE PEIXE

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É o produto obtido de cortes e/ou partes de peixes de diversas espécies,


incluindo as que não são adequadas para consumo humano. A farinha de peixe
é habitualmente fabricada com peixes como a anchova, o arenque, a cavala, a
savelha, a sardinha e o atum. O produto apresenta geralmente uma coloração
castanha clara e sua composição percentual varia de acordo com a origem da
espécie utilizada (AYADI et al., 2012) e não deve conter mais do que 10% de
umidade (BELLAVER et al., 2003).
Tabela 1 - Padrão para farinhas de peixe 1

Devido ao seu vasto valor biológico e ao elevado conteúdo de aminoácidos


essenciais, a farinha de peixe distingue-se de outros subprodutos. É rica em
vitaminas, sobretudo a B12, em ácidos graxos e minerais. Algumas farinhas de
peixe utilizadas na formulação de rações para a tilápia do Nilo, por exemplo,
são classificadas como sendo de alta atrato-palatabilidade, enquanto que os de
origem vegetal são de baixa atrato-palatabilidade.
Podemos observar na tabela abaixo que o trabalho realizado por Boscolo et al,
resultou nos seguintes dados. Os valores médios de ganho de peso verificados

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nos tratamentos controle ou quando foi empregada farinha de vísceras ou


farinha de peixe como atractantes, foram superiores (P<0,05) aos dos
tratamentos com farinha de crisálida ou de farinha de carne e ossos. A
conversão alimentar dos animais alimentados com ração contendo farinha de
vísceras foi melhor do que quando se utilizou o tratamento controle ou farinha
de carne e ossos, entretanto não diferiu significativamente dos tratamentos
controle e com a farinha de peixe (BOSCOLO et al., 2001).
Tabela 2 - Valores médios de desempenho de alevinos de tilápia Nilo
alimentados com rações contendo diferentes alimentos de origem animal como
atractantes.

FARINHA DE HEMÁCIAS

Salvo as hemoglobinas, aproximadamente todas as proteínas do sangue são


encontradas em sua porção líquida, podendo ser obtidas de duas formas:
incluindo um agente anticoagulante (plasma) ou com a remoção dos coágulos
formados sob condição normal (soro) (PRATA et al., 2005).
As células vermelhas do sangue são o produto resultante da coagulação e
centrifugação para remoção do plasma sanguíneo e posterior secagem das
hemácias coaguladas e moídas finamente (Bellaver, 2005), portanto são um
subproduto da produção de plasma.
Apresentam coloração marrom escura e aspecto de pó fino, tendo como
características físico-químicas 92% de proteína bruta e 2% de lípidos
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(BRANCO, 2001). É de baixa qualidade, por ser deficiente em aminoácidos


essenciais, como é o caso da isoleucina, também é pobre em vitaminas,
apresenta baixa palatabilidade para todas as espécies e escurece a ração.
Recomenda-se para aves e suínos jovens de 1 a 2% da ração, para poedeiras
de 6 a 7%, e para suínos em crescimento de 5 a 8%.
Composição bromatológica:

A inclusão deste produto em dietas de suínos nas fases de crescimento e


terminação tem variação de 3 a 6%, podendo ser ainda utilizada na fase final
de creche (50 a 70 dias) e na lactação com inclusões menores (2 a 4%). Para
frangos de corte, nas fases de crescimento e final, a inclusão deve ser restrita a
2 a 3%.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso dessas fontes para elaboração de dietas balanceadas pode resultar em


um aumento da produtividade animal, portanto é algo que devemos nos
atentar. As fontes de proteína derivadas de subprodutos de origem animal são
benéficas quando usadas em dietas de aves e suínos. Além disso, é a forma
mais equilibrada, dos pontos de vista sanitário, econômico e ambiental, de
destinação dos resíduos provenientes dos abates.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COMO SUBPRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL PODE GERAR ECONOMIA
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ORIGEM ANIMAL NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS E AVES, 2º Simpósio
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https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/limitacoes_vantagens_uso_

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https://www.suinoculturaindustrial.com.br/imprensa/subprodutos-de-origem-
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HENN, D. J., DETERMINAÇÃO DO VALOR NUTRITIVO DE FARINHAS DE


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Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0044848695011315
Acesso em: 17 jun. 2022.

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