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MARCONDES, Danilo.

Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a


Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998, 2ª ed., pg. 204.)

A ENCICLOPÉDIA

A Enciclopédia talvez seja a obra mais representativa do Iluminismo e de sua


concepção do papel da filosofia, das artes e da ciência, i.e., do saber em geral. Esse
monumental projeto editorial e pedagógico pretendia ser uma espécie de grande
síntese do saber da época, visando colocá-lo ao alcance do público em geral, de todo
e qualquer indivíduo que fosse capaz de ler e, por conseguinte, de se instruir. Inclui
assim verbetes que vão desde “Filosofia”, de autoria do próprio Diderot, até
“Economia política”, elaborado por Rousseau; desde “Rio de Janeiro” até “Genebra”.
Sua publicação foi iniciada em 1751 sob a liderança de Denis Diderot, mas
reunindo escritos dos principais pensadores, filósofos e cientistas da época,
sobretudo franceses, como Voltaire, D’Alembert, Condorcet e Rousseau. Sua edição
completa chegou a 24 volumes in folio, tendo sido censurada pelo Parlamento
francês (1759), temeroso das repercussões desse projeto, e pela Igreja, em virtude
da visão materialista e anticlerical de muitos de seus autores. Posteriormente, já nos
anos 1770, foram publicados volumes in quarto e in octavo, formatos menores que
tornavam a obra mais barata e acessível, e no reinado de Luís XVI ela acabou por
receber a aprovação oficial da Coroa.
A Enciclopédia, ou Dictionnaire raisonné des scienees, des arts et des métiers,
consiste fundamentalmente em uma súmula das grandes descobertas científicas e
técnicas da época, bem como dos grandes desenvolvimentos filosóficos e artísticos
que marcaram o progresso da humanidade no período moderno. O termo enkyklios
paideia significa literalmente “ciclo completo do aprendizado” e reflete a pretensão
pedagógica e reformista de seus idealizadores, que pretendiam com isso tornar o
saber acessível, libertando o homem da ignorância e das superstições e, dessa forma,
transformando a sociedade; uma sociedade de homens cultos, dominando os
princípios básicos do conhecimento técnico e científico, seria forçosamente mais
livre e igualitária.
Esses ideais tiveram grande influência na Revolução Francesa e contribuíram
para a contestação da monarquia absoluta e do poder da Igreja, sobretudo no Estado
francês da época. Por outro lado, o ideal de transformação da sociedade pela
educação de seus membros será duramente contestado por Marx em sua crítica da
ideologia.

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