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LUCIANA GASSENFERTH ARAUJO

CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE


AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO MOTOR
DO SALTO VERTICAL DE CRIANÇAS

Tese apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Ciências do Movimento
Humano do Centro de Ciências da Saúde
e do Esporte – CEFID, da Universidade
do Estado de Santa Catarina – UDESC.

Orientador: Prof. Dr. Sebastião Iberes Lopes Melo

Florianópolis-SC

2014
Catalogação na publicação elaborada pela Biblioteca do CEFID/UDESC

A663c
Araujo,Luciana Gassenferth
Construção e validação de um instrumento de avaliação do
estágio de desenvolvimento motor do salto vertical de
crianças / Luciana Gassenferth Araujo. -- 2014.

p. : il. ; 21 cm

Orientador: Sebastião Iberes Lopes Melo


Tese (doutorado)–Universidade do Estado de Santa
Catarina, Programa de Pós-Graduação em Ciências do
Movimento Humano, 2014
Inclui bibliografias

1. Biomecânica. 2. Salto (Atletismo). 3. Capacidade


motora nas crianças. I. Melo, Sebastião Iberes Lopes. II.
Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de
Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano. III. Título.

CDD: 612.76 – 20.ed.


LUCIANA GASSENFERTH ARAUJO

CONSTRUÇAO E VALIDAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE


AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO MOTOR
DO SALTO VERTICAL DE CRIANÇAS

Tese apresentada ao Programa de Pós Graduação em Ciências


do Movimento Humano do Centro de Ciências da Saúde e do
Esporte – CEFID, da Universidade do Estado de Santa Catarina
– UDESC.

Banca Examinadora:

Orientador: ________________________________________
Prof. Dr. Sebastião Iberes Lopes Melo – UDESC

Membro: ________________________________________
Prof. Dr. José Luiz Lopes Vieira – UEM

Membro: ________________________________________
Prof. Dra. Maria Helena Ramalho – UFJF/CIEPH

Membro: ________________________________________
Prof. Dra. Saray Giovana dos Santos - UFSC

Membro: ________________________________________
Prof. Dra. Giovana Zarpellon Mazo – UDESC

Membro: ________________________________________
Prof. Dr. Érico Felden Pereira – UDESC

Florianópolis, 14/02/2014
AGRADECIMENTOS

Quero deixar o meu agradecimento a todos aqueles que,


de alguma maneira, contribuíram para que eu chegasse até aqui.

Primeiramente a Deus e Maria Bueno, para os quais tudo é


possível.

A toda a minha família.

Ao meu orientador, Professor Dr. Sebastião Iberes Lopes


Melo...pela oportunidade, confiança, experiência e aprendizado e
especialmente pela valiosa contribuição à minha formação
profissional desde a graduação.

À Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de


Santa Catarina – FAPESC, pelo apoio financeiro.

Aos professores e funcionários do CEFID, em especial à Rosana


Nascimento, Solange Remor e Mariza Beirith.

À Escola de Aplicação do Instituto Estadual de Educação – IEE,


em especial a Diretora Ângela Zavarize e aos Professores de
Educação Física.

Aos pais ou responsáveis que autorizaram as crianças a


participarem do estudo e principalmente às crianças.

Aos professores que participaram deste estudo...por suas


valiosas contribuições.

Aos colegas de Laboratórios, em especial à Adriana Longhi,


Maurício Camaroto, Gustavo Soares Pereira e Diogo Cardoso da
Silva.

À Bia Lira...sem você tudo seria muito mais difícil.


À Juju...obrigada por cada palavra.
À Ana Cláudia Vieira Martins e Gustavo Ricardo
Schutz...obrigada por tudo.

A todos aqueles que, apesar de não mencionados, foram


fundamentais para na realização deste estudo.

Muito obrigada!
“Há pessoas que desejam saber só por saber, e isso é
curiosidade;
Outras, para alcançarem fama, e isso é vaidade;
Outras, para enriquecerem com a sua ciência, e isso
é um negócio torpe;
Outras, para serem edificadas, e isso é prudência;
Outras, para edificarem os outros, e isso é caridade".

(Santo Agostinho)
RESUMO

ARAUJO, L. G. Construção e validação de um instrumento de


avaliação do estágio de desenvolvimento motor do salto
vertical de crianças. 2014. Tese (Doutorado em Ciências do
Movimento Humano – Área: Controle Motor) Universidade do
Estado de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em
Ciências do Movimento Humano, Florianópolis, 2014.

Esta pesquisa teve como objetivo construir e validar um


instrumento de avaliação do estágio de desenvolvimento motor
do salto vertical de crianças, baseado em indicadores angulares,
na Matriz analítica para o salto vertical de Myers e colaboradores
e no Modelo de Gallahue. Participaram do estudo crianças de
ambos os sexos, com idades entre 7 e 11 anos, matriculados no
Ensino Fundamental 1. O estudo é caracterizado como descritivo
e de desenvolvimento tecnológico, e compreende duas etapas.
Primeiramente, foi elaborada e validada uma Sistemática, que se
caracteriza como um instrumento de medida para a avaliação
observacional do salto vertical de crianças, considerando a
movimentação dos diferentes segmentos corporais ao longo da
execução da tarefa, em instantes específicos de análise. Em
seguida, foi elaborada e validada uma Matriz, que se
caracterizada como um instrumento de medida para a análise e
classificação do estágio de desenvolvimento motor do salto
vertical da criança, considerando valores de medidas angulares
obtidos da movimentação dos segmentos corporais ao longo da
execução da tarefa. A coleta dos dados foi realizada no próprio
ambiente escolar das crianças e consistiu na filmagem da
execução do salto vertical, com uma frequência de aquisição de
210 Hz, com as crianças devidamente preparadas para a
avaliação biomecânica. Para a análise e processamento dos
dados, os vídeos foram editados e arquivados em pastas
individuais, com o código que representa cada criança. Em cada
salto foram selecionados os instantes de análise determinados
na Sistemática para a análise do posicionamento dos segmentos
corporais e medição dos ângulos intersegmentares de interesse
do estudo. Os dados obtidos foram caracterizados por meio da
estatística descritiva. Os intervalos dos ângulos intersegmentares
correspondente a cada estágio de desenvolvimento motor, nas
diferentes fases do salto vertical, foram determinados por meio
da identificação dos pontos de corte da análise da curva ROC
(Receiver Operating Characteristic). Para a identificação dos
melhores pontos de corte foi utilizado o Índice de Youden (J).
Para verificar a validade concorrente da Matriz proposta com a
Matriz de Myers e colaboradores, foi utilizada a correlação de
Spearman-Brown. Para todas as analises foi adotado nível de
confiabilidade maior ou igual a 95% (p≤0,05). Os resultados
evidenciaram que: a) as características das amplitudes angulares
dos segmentos corporais nos estágios de desenvolvimento e nas
fases do salto vertical corroboram com o preconizado por Myers
e colaborados e por Gallahue; b) foram observados valores para
a área sob a curva ROC acima de 0,95, permitindo a
determinação dos intervalos angulares que representam os
estágios de desenvolvimento motor do salto vertical para cada
segmento corporal, nas fases de execução do salto; c) foram
observados valores de correlação acima de 0,87, atestando a
validade concorrente da Matriz proposta com a Matriz de Myers e
Colaboradores. Conclui-se que, o instrumento de medida,
composto de uma Sistemática e uma Matriz, é valido para a
classificação do estágio de desenvolvimento motor do salto
vertical de crianças.

Palavras-chave: salto vertical; desenvolvimento motor;


biomecânica.
ABSTRACT

ARAUJO, L. G. Construction and validation of an evaluation


instrument for motor development stage of children vertical
jump. 2014. Thesis (Doutorado em Ciências do Movimento
Humano – Área: Controle Motor) Universidade do Estado de
Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Ciências do
Movimento Humano, Florianópolis, 2014.

This research had as main goal build and validate an evaluation


instrument of the motor development stage of children vertical
jump, based on angular indicators, Analytic Matrix of Myers and
Colleagues for vertical jump and in Gallahue’s Model.
Participated in the study children of both sex, aged between 7
and 11 years, registries in the Basic Education 1. The study is
characterized as descriptive and technological development
consisted in two steps. First, a Systematic was formulated and
validated, which is characterized as a measuring instrument for
observational evaluation of children vertical jump, considering the
movement of different body segments throughout the execution of
the task in specific instants of analysis. The next step was to
elaborate and validate a Matrix, which is characterized as a
measuring instrument for analysis and classification of the motor
development stage of children vertical jump, considering values
of angular measurement obtain by the body segments movement
throughout the execution of the task. Data acquisition was
performed in the school environment where the children were
prepared for the execution of the vertical jump and filmed in 210
Hz acquisition frequency for biomechanical evaluation. For data
analysis and processing, the videos were edited and archived in
individual doc, represented by the children’s individual code. In
each vertical jump, were selected the instants of analysis
determined in the Systematic for the positioning analysis of body
segments and intersegment angular measurement of the study
interest. The data were characterized by descriptive statistics.
The intervals of intersegment angles corresponding to each stage
of motor development, in the different phases of vertical jump,
were determined by identification of cutoff points of the ROC
(Receiver Operating Characteristic) curve analysis. To identify the
best cutoff points the Youden (J) index was used. To verify the
concurrent validity of the propose Matrix with the Myers and
Colleagues Matrix, Spearman-Brown correlation was used. For all
analyzes was adopted level of reliability greater than or equal to
95% (p ≤ 0.05). Results indicate that: a) The characteristics of the
angular range of the body segments, in the development stage
and in the vertical jump phases, corroborate with those
preconized by Myers and Colleagues and by Gallahue; b) were
observed values under the ROC area above of 0,95, allowing the
determination of the angular intervals that represent the motor
development stage of children vertical jump for each body
segment, in the execution fazes of the jump; c) were observed
correlation values above 0,87, testifying the concurrent validity of
the proposed Matrix with the Matrix of Myers and Colleagues. It is
concluded that, the measurement instrument, consisting by a
Systematic and a Matrix, it is valid for the classification of motor
development stage of children vertical jump.

Key-words: vertical jump, motor development, biomechanics.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................. 13
1.1 O PROBLEMA................................................................... 13
1.2 OBJETIVOS...................................................................... 16
1.2.1 Objetivo Geral.................................................................... 16
1.2.2 Objetivos Específicos........................................................ 16
1.3 JUSTIFICATIVA................................................................ 17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................ 18
2.1 DESENVOLVIMENTO MOTOR........................................ 18
2.1.1 O Modelo de Gallahue....................................................... 21
2.1.2 A matriz analítica de Myers e colaboradores para o salto
vertical............................................................................... 25
2.1.3 Avaliação em desenvolvimento motor............................... 28
2.1.4 Instrumentos de avaliação motora.................................... 31
2.2 VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE MEDIDA............. 39
2.3 O SALTO VERTICAL........................................................ 43
2.3.1 Estudos e tendências sobre o salto vertical...................... 47

3 MÉTODO........................................................................... 56
3.1 CARACTERÍSTICAS DO ESTUDO.................................. 56
3.2 SISTEMÁTICA PARA AVALIAÇÃO OBSERVACIONAL
DO SALTO VERTICAL DE CRIANÇAS........................... 57
3.2.1 Concepção e Caracterização da Sistemática.................... 58
3.2.2 Elaboração da Sistemática................................................ 58
3.2.2.1 Seleção dos participantes................................................. 58
3.2.2.2 Coleta dos dados............................................................... 59
3.2.2.3 Seleção dos instantes de análise...................................... 62
3.2.3 Validação da Sistemática.................................................. 68
3.2.3.1 Processo de validação de conteúdo................................. 68
3.2.3.2 Versão final da Sistemática para avaliação
observacional do salto vertical de crianças....................... 78
3.3 MATRIZ DE AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO DE
DESENVOLVIMENTO MOTOR DO SALTO VERTICAL
DE CRIANÇAS.................................................................. 83
3.3.1 Concepção e Caracterização da Matriz............................ 83
3.3.2 Elaboração da Matriz......................................................... 84
3.3.2.1 Seleção dos participantes................................................. 84
3.3.2.2 Definição dos ângulos intersegmentares do estudo.......... 85
3.3.2.3 Coleta dos dados............................................................... 87
3.3.2.4 Processamento e análise dos dados................................. 92
3.3.2.5 Determinação dos intervalos dos ângulos
intersegmentares para as diferentes fases e estágios de
desenvolvimento do salto vertical de crianças.................. 93
3.3.3 Validação da Matriz........................................................... 94
3.3.3.1 Seleção dos participantes................................................. 94
3.3.3.2 Coleta dos dados............................................................... 95
3.3.3.3 Processamento e análise dos dados................................. 96
3.3.3.4 Testagem da Matriz........................................................... 97
3.4 POSSÍVEIS LIMITAÇÕES DO ESTUDO.......................... 98

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................ 99

5 CONCLUSÃO................................................................... 148

REFERÊNCIAS................................................................. 149

APÊNDICES...................................................................... 161

ANEXOS........................................................................... 186

ORIENTAÇÕES PARA O USO DO INSTRUMENTO DE


AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO
MOTOR DO SALTO VERTICAL DE CRIANÇAS............. 188
13

1 INTRODUÇÃO

1.1 O PROBLEMA

O desenvolvimento motor na infância caracteriza-se pela


aquisição de um amplo conjunto de habilidades motoras, que
proporciona à criança o domínio do seu corpo em diferentes
posturas (estáticas e dinâmicas), a locomoção pelo meio
ambiente de variadas formas (andar, correr, saltar, etc.) e a
manipulação de objetos e instrumentos diversos (receber uma
bola, arremessar uma pedra, chutar, escrever, etc.) (SANTOS;
DANTAS; OLIVEIRA, 2004). Os autores argumentam, que estas
habilidades básicas são requeridas na condução de rotinas
diárias em casa e na escola, e servem a propósitos lúdicos, tão
importantes na infância. Desta forma, segundo Pansera, De
Paula e Valentini (2008), avaliar o desenvolvimento motor das
crianças é um elemento fundamental de qualquer programa de
Educação Física, pois oferece aos professores a oportunidade de
medirem a capacidade e o progresso de seus alunos e também a
sua eficiência no processo de ensino aprendizagem.
Assim, na avaliação do desenvolvimento motor, têm-se
como indicadores de desempenho as habilidades motoras da
criança, que por meio de seus resultados, contribuem com o
trabalho do professor, propiciando o planejamento e a
estruturação de estratégias para instruções que auxiliem a
criança na obtenção de padrão de movimento. O professor e o
treinador devem conhecer as fases de desenvolvimento motor
dos seus alunos, pois, a obtenção de uma grande variedade de
habilidades motoras e sua execução com eficiência, garante que
as mesmas possam ser aplicadas efetivamente em jogos,
modalidades esportivas, dança, entre outros (GALLAHUE;
OZMUN, 2005).
Entre as habilidades motoras a serem avaliadas no
ambiente escolar está o salto vertical, que é considerado um
movimento locomotor fundamental para o desenvolvimento motor
das crianças (GALLAHUE; OZMUN, 2005). O movimento de
saltar, por sua vez, é utilizado em situações do cotidiano e em
diferentes formas de movimentos esportivos. As crianças estão
em contato direto com movimentos de saltar nas brincadeiras e
14

jogos de rua, nas aulas de Educação Física, no treinamento


esportivo e em diversas atividades diárias. A combinação do
salto com outros movimentos torna-o uma habilidade motora de
base em esportes como o atletismo, voleibol, basquetebol,
handebol, ginástica olímpica, (UGRINOWITSCH; BARBANTI,
1998), apresentando um padrão motor complexo, que requer o
desempenho coordenado de todas as partes do corpo
(GALLAHUE; OZMUN, 2005).
A avaliação das habilidades motoras pode ser realizada
por meio de testes motores. Segundo Guedes e Guedes (2006),
testes motores são caracterizados pela realização de uma tarefa
motora conduzida em situação que se atenha a solicitar,
predominantemente, uma capacidade motora específica. Os
autores acrescentam, que os testes motores apresentam uma
maior aplicação prática quando utilizados em avaliações
comparativas de resultados de um mesmo avaliado em
diferentes momentos ou entre avaliados que apresentem
aspectos culturais e motivacionais semelhantes.
Na literatura específica, encontra-se uma variabilidade de
testes motores com diferentes objetivos. Dentre os testes
motores mais referenciados na literatura científica brasileira e
que envolvem habilidades motoras fundamentais, estão o Teste
de Proficiência Motora de Bruininks - Oseretsky (BOT-2); Escalas
de Desenvolvimento Motor de Peabody (PDMS-2); Bateria de
Avaliação do Movimento da Criança (M-ABC-2) e o Teste de
Desenvolvimento Motor Grosso (TGMD-2). No que se refere à
avaliação do salto enquanto habilidade motora, apenas dois
destes testes se propõem a avaliar os saltos, que são: o M-ABC-
2, que avalia o salto dentro de quadrados, e o TGMD-2, que
avalia o salto horizontal.
Quanto a avaliação do salto vertical, encontra-se na
literatura a Matriz analítica para o salto vertical de Myers et al.
(1977 apud GALLAHUE; OZMUN, 2005), que é um dos
instrumentos de medida mais citados em pesquisas sobre a
avaliação do salto vertical de crianças (SOARES; ALMEIDA,
2006; MAFORT et al., 2007; NASCIMENTO JR; GAION; VIEIRA,
2010; DEPRÁ; WALTER, 2012), mesmo não sendo uma
ferramenta elaborada para pesquisa, pois várias sequências de
desenvolvimento ainda precisam ser revistas (GALLAHUE,
2007). A Matriz de Myers e colaboradores é caracterizada como
15

uma ferramenta de avaliação observacional, na qual classifica o


estágio de desenvolvimento motor do salto vertical de crianças,
por meio de desenhos esquemáticos e breves descrições
relativas do posicionamento dos segmentos corporais. É uma
ferramenta de fácil aplicação, indicada pelos autores para
situações de ensino diário, caracterizando-se como um
instrumento de avaliação “empírica” (GALLAHUE; OZMUN,
2005). Não consta na obra de Gallahue e Ozmun (2005), como a
Matriz de Myers e colaboradores foi desenvolvida e validada.
O uso de Matrizes qualitativas observacionais, como a
Matriz de Myers e colaboradores, vem sendo criticada para o uso
em pesquisas, no que diz respeito a sua objetividade e
fidedignidade (ROSE; BURNS; NORTH, 2009). Assim, estima-se
que as pesquisas em desenvolvimento motor que utilizam como
instrumento de medida matrizes, essencialmente, observacionais
ainda não se detém com precisão aos mecanismos da função
motora e seu amadurecimento. Para Knutzen e Martins (2002), a
utilização de matrizes observacionais e baterias de testes de
proficiência motora estão sendo substituídos pela análise
biomecânica de movimentos de diversas articulações, que pode
proporcionar aos pesquisadores, dados mais precisos que
avaliações observacionais.
Assim, detecta-se na literatura específica, uma carência
de instrumentos para a avaliação do salto vertical que supere
observação visual. Pois, sendo o salto vertical uma habilidade
motora complexa que exige combinações diferenciadas do
sistema motor, necessita-se de instrumentos de avaliação
precisos, que envolvam a combinação de diferentes áreas de
estudo, como o desenvolvimento motor, a biomecânica, o
comportamento motor, etc.
Buscando preencher esta carência, pretende-se construir
e validar um instrumento de avaliação do estágio de
desenvolvimento do salto vertical de crianças, concebido com
base no Modelo de Gallahue e na Matriz analítica para o salto
vertical de Myers et al. (1977 apud GALLAHUE; OZMUN, 2005),
composto de uma Sistemática e de uma Matriz. A Sistemática
consiste em um instrumento para a avaliação observacional do
salto vertical de crianças, considerando a movimentação dos
diferentes segmentos corporais ao longo da execução da tarefa,
16

em instantes específicos de análise. E a Matriz é caracterizada


como um instrumento de medida para a classificação do estágio
de desenvolvimento motor do salto vertical da criança,
considerando valores de medidas angulares obtidos da
movimentação dos segmentos corporais ao longo da execução
do salto.

Desta forma, formulou-se a seguinte questão norteadora:

“O instrumento de medida, com base em indicadores


angulares, discrimina o estágio de desenvolvimento motor
do salto vertical de crianças?”

1.2 OBJETIVOS:

1.2.1 Objetivo Geral:

Construir e validar um instrumento de medida, com base


em indicadores angulares, para a avaliação do estágio de
desenvolvimento motor do salto vertical de crianças.

1.2.2 Objetivos Específicos:

1) Caracterizar as amplitudes angulares dos diferentes


segmentos corporais de crianças nos estágios de
desenvolvimento e fases do salto vertical;

2) Desenvolver uma Matriz de avaliação do estágio de


desenvolvimento motor do salto vertical de crianças, por meio da
determinação dos intervalos dos ângulos intersegmentares
correspondentes a cada fase e estágio de desenvolvimento do
salto vertical;
17

3) Validar um instrumento de medida, composto por uma


Sistemática e uma Matriz de avaliação do estágio de
desenvolvimento motor do salto vertical de crianças.

1.3 JUSTIFICATIVA

Justifica-se o desenvolvimento e a validação de um


instrumento de avaliação do estágio de desenvolvimento do salto
vertical de crianças, baseado nos seguintes pontos:

a) Proporcionar um instrumento (ferramenta) para


avaliar/quantificar o resultado da intervenção
pedagógica e subsidiar profissionais na elaboração
de processos pedagógicos condizentes com o estágio
de desenvolvimento motor das crianças;

b) Proporcionar um instrumento para quantificar a


análise do estágio de desenvolvimento motor do salto
vertical de crianças, que possibilite a obtenção de
dados precisos e a padronização dos procedimentos
para futuras comparações entre estudos;
18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo foi elaborado com a finalidade de


fundamentar teoricamente o estudo. Foram abordados conteúdos
relacionados ao tema central de investigação, organizados nos
seguintes tópicos: desenvolvimento motor, validação de
instrumentos de medida e salto vertical.

2.1 DESENVOLVIMENTO MOTOR

Neste tópico são apresentados conceitos sobre o


desenvolvimento motor da criança, o Modelo de Gallahue e a
matriz analítica de Myers et al. (1977 apud Gallahue; Ozmun,
2005) para a tarefa motora salto vertical e avaliação em
desenvolvimento motor.

O desenvolvimento motor pode ser conceituado como o


estudo das mudanças de ações motoras do ser humano ao longo
da vida, apresentado na forma de um processo sequencial pelo
qual o indivíduo adquire habilidades motoras, progredindo de
movimentos simples, desorganizados e sem habilidade para a
execução de habilidades motoras altamente organizadas e
complexas (MALINA, 1991; GABBARD, 2008; WADDELL;
SHEPHERD, 2002; HAYWOOD; GETCHELL, 2004). É um
processo relacionado à idade, mas não necessariamente, é
dependente dela. A idade cronológica fornece estimativas
aproximadas do nível de desenvolvimento do indivíduo, podendo
ser determinado mais precisamente por outros meios
(GALLAHUE; OZMUN, 2005). A média de aquisição das
habilidades motoras varia entre as crianças e sofre influência de
fatores genéticos, do ambiente, aprendizado e experiências
(GALLAHUE; OZMUN, 2005; GALLAHUE; DONNELLY, 2008).
Este processo sequencial pode ser identificado por fases
ou estágios, onde a troca de estágio depende de mudanças
qualitativas no comportamento (HAYWOOD, 1986; GALLAHUE,
1989). As fases ou estágios seguem determinada ordem e
sequência hierárquica que não podem ser alteradas, mas o
19

tempo para transição entre os estágios difere entre os sujeitos


dependendo de suas experiências (HAYWOOD, 1986). Roberton
e Langendorfer (1979) testaram estas mudanças ao utilizar
dados de crianças que tiveram seu desempenho no arremesso
filmado durante quase uma década. Encontraram diversas
variações no comportamento dessas crianças durante esse
período: algumas crianças permaneceram no estágio inicial, de
um componente do arremesso, durante vários anos e
repentinamente saltaram para o estágio maduro; outras
mostravam estabilização no estágio maduro com regressão para
o estágio intermediário e retorno ao nível maduro. No final deste
período, as crianças acabaram chegando ao mesmo ponto final,
o estágio maduro, mas as mudanças foram bastante variadas.
Connolly (1986) denominou este processo de equifinalidade - o
mesmo fim (estágio maduro), que possui pontos de partida e
caminhos diferentes para ser alcançado. Isto reforça a
necessidade de se considerar a interação do ser humano com o
meio ambiente, devido à sua influencia nas mudanças no
comportamento motor ao longo da vida (SMOLL, 1982).
A evolução da criança, segundo Gallahue (2007), se faz
em uma síntese harmoniosa que supõem organizados
fenômenos de regulação que agem em conjunto, não sendo
possível distinguir seus efeitos separadamente. Os principais
elementos dessas regulações são os fatores genéticos,
hormonais e ambientais. Os fatores hormonais realizam os
mecanismos fisiológicos desse programa genético ao nível das
grandes funções orgânicas. O terceiro elemento que condiciona
o desenvolvimento normal é o ambiente, onde a nutrição é o fator
mais importante, incluindo-se também o contexto familiar, afetivo,
social, econômico, cultural e “acontecimentos” que podem gerar
distorções nos programas da evolução do crescimento.
O conhecimento aprofundado das diferentes etapas de
crescimento e desenvolvimento da criança é fundamental para
situar com precisão um nível de maturação em um determinado
momento. Fatores externos ou internos podem afetar o ritmo de
crescimento e maturação da criança, e outros fatores menos
estudados, como as condições sociais que limitam sua
capacidade de movimento e podem alterar o desenvolvimento
natural de suas capacidades ontogenéticas (GUTIÉRREZ;
SIERRA; DELGADO, 1995). Para Ferreira Neto (1995), em
alguns períodos da vida, o indivíduo só atingirá o
20

aperfeiçoamento completo de suas capacidades se for sujeito a


estímulos de atividades variadas e tais atividades devem estar
relacionadas com a maturidade que caracteriza as diferentes
etapas evolutivas, para facilitar seu interesse e entendimento.
As ações habilidosas são criadas a partir da relação entre
o organismo, o ambiente e a tarefa executada (MANOEL,1994).
Qualquer alteração em algum desses elementos afetará a ação.
Por isso é necessário considerar a interação entre estes fatores
para que o desenvolvimento motor seja compreendido. Nessa
mesma linha, Keogh e Sugden (1985) acrescentam que as
respostas dos indivíduos às variações nas condições do
indivíduo e do ambiente, que impõem diferentes demandas sobre
o executante, indicarão o nível de suas habilidades motoras,
permitindo traçar um quadro mais real de seus estados de
desenvolvimento. Como exemplo, Higgens e Spaeth (1972)
testaram a habilidade de arremessar com uma das mãos por
cima do ombro em diferentes condições ambientais. Constataram
que os movimentos apresentavam variações entre uma tentativa
e outra, mas pode-se afirmar que houve uma correlação inversa
entre estabilidade do ambiente e variabilidade entre as tentativas,
quanto menos estável o ambiente, maior a variação no padrão
motor.
Assim, a criança com mais oportunidades para a prática,
melhores instruções e ambiente propício ao aprendizado, estará
com melhores possibilidades de adquirir habilidades motoras
diversas (KEOGH; SUGDEN,1985). A participação dos pais,
professores e treinadores é imprescindível no sentido de
proporcionar oportunidades para que as crianças tenham
diferentes experiências motoras.
Gallahue e Ozmun (2005) afirmam que a avaliação das
habilidades motoras da criança contribui com o trabalho do
professor, propiciando o planejamento e estruturação de
estratégias para instrução que auxiliem a criança na obtenção de
padrão de movimento. O professor ou o treinador deve conhecer
as fases de desenvolvimento motor dos seus alunos, pois, a
obtenção de uma grande variedade de habilidades motoras, e
sua execução com eficiência, garante que as mesmas possam
ser aplicadas efetivamente em jogos, modalidades esportivas,
dança, entre outros.
21

Constata-se que o desenvolvimento motor das crianças


ocorre em tempos distintos, não seguindo uma regra fixa.
Observou-se que o desenvolvimento motor é dependente da
evolução biológica do individuo, sendo influenciado por fatores
ambientais e hereditários. A evolução da criança ocorre de forma
harmoniosa influenciada por fatores internos e externos, supondo
organizados por fenômenos de regulação que agem em
conjunto, não sendo possível distinguir seus efeitos
separadamente.

2.1.1 O Modelo de Gallahue

Em seu Modelo, Gallahue apresenta o desenvolvimento


da transacionalidade, a interação indivíduo, ambiente e tarefa
(GALLAHUE, 1989). O autor descreve o processo de
desenvolvimento motor apresentado pelas fases dos movimentos
reflexos, rudimentares, fundamentais e especializados. Para
cada fase do processo de desenvolvimento motor são indicados
estágios com idades cronológicas correspondentes.
Assim, para Gallahue, Ozmun e Goodway (2012) o
desenvolvimento motor é identificado por períodos específicos
observados em quatro grandes fases: fase motora reflexiva, fase
motora rudimentar, fase motora fundamental e a fase motora
especializada, conforme descrição abaixo:

• A fase motora reflexiva acontece na faixa etária de zero a


um ano de idade, aproximadamente, e ocorre
involuntariamente. A partir da atividade reflexa, o bebê
obtém informações sobre o ambiente externo. As reações
ao toque, a luz, aos sons provocam essas atividades
motoras involuntárias. Nesta fase os estágios são de
decodificação (processamento de informações) e
codificação (agrupamento de informações).

• Na fase motora rudimentar a faixa etária aproximada está


situada entre um e dois anos do nascimento. Nesta fase
acontecem os primeiros movimentos voluntários
(rudimentares), sendo representados por formas básicas
de movimentos por parte dos bebês, que são
fundamentais para a sobrevivência, como obter o controle
da cabeça, do pescoço e dos músculos do tronco, as
22

tarefas manipulativas de alcançar, agarrar e soltar, os


movimentos locomotores de arrastar-se, engatinhar-se,
etc. Nesta fase os estágios são de pré-controle (maior
controle e precisão) e inibição de reflexos (gradualmente
vão desaparecendo).

• A fase motora fundamental acontece em uma faixa etária


aproximada de dois a sete anos. Nesta fase do
desenvolvimento motor as crianças pequenas estão
ativamente envolvidas na exploração e na
experimentação das capacidades motoras de seus
corpos. Este período serve para descobrir como
desempenhar os diversos movimentos de estabilidade
(equilíbrio), locomotores e manipulativos. Esses
movimentos acontecem de forma isolada e em seguida
de modo combinado, formando padrão de movimento
fundamental que estão ligados as habilidades motoras
fundamentais.

• A fase motora especializada ocorre na faixa etária


aproximada de 7 a 14 anos de idade. O movimento se
torna uma ferramenta que se aplica a muitas atividades
motoras complexas, presentes na vida, na recreação e
nos objetivos esportivos. Acontece o refinamento das
habilidades de estabilização, locomotoras e
manipulativas de forma progressiva. Nesta fase os
estágios são os de utilização vitalícia ou permanente
(repertório de movimentos adquirido durante a vida),
aplicação (cognitivo ajuda nas tarefas motoras) e
transição (habilidades combinadas).

Os movimentos para Gallahue, Ozmun e Goodway


(2012) podem ser caracterizados como estabilizadores,
locomotores ou manipulativos, que se combinam na execução
das habilidades motoras ao longo da vida, conforme definição a
seguir:

• Nos movimentos estabilizadores, a criança é envolvida


em constantes esforços contra a força de gravidade na
tentativa de obter e manter a postura vertical. É por meio
23

desta dimensão que as crianças ganham e mantém um


ponto de origem na exploração que realizam no espaço.

• Os movimentos locomotores são movimentos que


indicam uma mudança na localização do corpo em
relação a um ponto fixo na superfície. Envolve a projeção
do corpo em um espaço externo pela mudança de
posição do corpo em relação a um ponto fixo da
superfície. Caminhar, correr, saltar, pular ou saltitar são
tarefas locomotoras.

• A categoria de movimentos manipulativos, referem-se as


manipulações motoras, como tarefas de arremessos,
recepção, chute e interceptação de objetos, que são
movimentos manipulativos grossos. Costurar e cortar
com tesoura são movimentos manipulativos finos. Os
componentes manipulativos envolvem um
relacionamento do indivíduo para os objetos e é
caracterizado pela força cedida para os objetos e pela
força recebida deles.

Segundo Gallahue, Ozmun e Goodway (2012) para se


chegar ao domínio de habilidades desportivas é necessário um
longo processo, na qual as experiências com habilidades básicas
(movimentos fundamentais) são de extrema importância. As
mudanças observadas nos estágios são estabelecidas pelo
refinamento das habilidades básicas e melhor eficiência em suas
combinações, o que marcará a passagem para a fase seguinte,
dos movimentos relacionados ao desporto ou especializados.
Nesta fase, os movimentos fundamentais vão servir de base para
as combinações em habilidades desportivas, de modo que a
aquisição dos movimentos fundamentais reveste-se da maior
importância no Modelo proposto por Gallahue.

Gallahue divide a fase dos movimentos fundamentais em


estágios: inicial, emergentes elementar e proficiente, a saber
(GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2012, p.53):

a) No estágio inicial acontecem as primeiras tentativas da


criança orientadas para o objetivo de desempenhar uma
habilidade fundamental. O movimento é caracterizado por
24

elementos que faltam ou que são, de forma imprópria,


marcadamente sequênciados e restritos, pelo uso
exagerado do corpo e por fluxo rítmico e coordenação
deficiente. A sincronização espacial e temporal do
movimento é pobre. Geralmente, os movimentos
locomotores, manipulativos e estabilizadores em crianças
de 2-3 anos de idade, estão em nível inicial. Algumas
crianças podem estar além desse nível no desempenho
de algum padrão de movimento, mas a maioria está na
fase inicial.

b) Nos estágios emergentes elementar (podem ser vários),


há maior controle e melhor coordenação rítmica dos
movimentos fundamentais. A sincronização dos
elementos temporais e espaciais do movimento é
melhorada, mas o padrão de movimento durante esta
etapa ainda é, em geral, restrito ou exagerado, embora
melhor coordenado. As crianças de inteligência e
funcionamento físico tipico tendem a avançar para os
estágios emergentes elementar, sobretudo, pelo
processo de maturação. A observação do
desenvolvimento padrão em crianças de 3-5 anos revela
uma variedade de habilidades motoras fundamentais que
estão emergindo em uma série as vezes distintas e as
vezes se sobrepõem aos estágios elementares. Muitos
indivíduos, adultos, bem como crianças, não conseguem
ir além desses estágios emergentes elementar em uma
ou mais habilidade motora fundamental.

c) O estágio proficiente é caracterizado por desempenhos


mecanicamente eficientes, coordenados e controlados. A
maioria dos dados disponíveis sobre a aquisição de
habilidades motoras fundamentais sugere que as
crianças podem e devem estar no estágio proficiente com
5-6 anos, na maioria das habilidades fundamentais.
Habilidades manipulativas que requerem rastreamento
visual e interceptação de objetos tendem a se
desenvolver um pouco mais tarde por causa das
sofisticadas exigências motoras visuais destas tarefas.
Uma observação superficial nos movimentos de crianças
25

e adultos pode revelar que muitos ainda não


desenvolveram suas habilidades motoras fundamentais
para um nível proficiente. Embora algumas crianças
possam atingir este estágio principalmente por meio de
maturação e com um mínimo de influência ambiental, a
grande maioria requer uma combinação de oportunidades
de prática, encorajamento e instruções em um ambiente
de aprendizagem.

Esses estágios são analisados de acordo com a


configuração total do corpo. Em determinado estágio há uma
série de características que podem ser observadas nos principais
seguimentos do corpo, de forma geral.
Acrescenta-se que, para Gallahue, Ozmun e Goodway
(2012, p. 52), embora a maturação tenha seu papel no
desenvolvimento de padrões de movimentos fundamentais, não
deve ser vista como a única influência; as condições do
ambiente, ou seja, oportunidades para a prática, encorajamento,
instrução e a ecologia (contexto) dos papéis ambientais são de
suma importância na medida em que se desenvolvem as
habilidades motoras fundamentais.

2.1.2 A matriz analítica de Myers e colaboradores para o salto


vertical.

Gallahue e Ozmun (2005) citam a matriz proposta por


Myers et al. (1977) (Figura 1) para a análise qualitativa do salto
vertical. A matriz apresenta estágios de desenvolvimento para o
salto vertical, com descrição do posicionamento dos segmentos
corporais e desenhos esquemáticos (Figura 2), na forma de
check list. Trata-se de uma descrição motora do salto vertical de
crianças, observacional e qualitativa, que possibilita a
classificação do seu desenvolvimento motor em três estágios:
inicial, emergentes elementar e proficiente utilizando uma
abordagem de configuração corporal total. Essa matriz
caracteriza os níveis de desenvolvimento motor nas habilidades
motoras fundamentais, sendo uma ferramenta de fácil aplicação
para situações de ensino diário, caracterizando-se como um
instrumento de avaliação “empírica”, sendo imprescindível que o
examinador tenha conhecimento mecânico do movimento a ser
avaliado (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Por ser um instrumento
26

empírico, é pertinente ressaltar que o instrumento não pretende


ser uma ferramenta de pesquisa, pois várias sequências de
desenvolvimento motor ainda precisam ser revistas (GALLAHUE,
2007).

Figura 1: Matriz analítica de Myers e colaboradores para a tarefa motora


salto vertical.

A. ESTÁGIO INICIAL
1. Agachamento preparatório inconsistente.

2. Dificuldade de impulsionar com ambos os pés.


3. Extensão insuficiente do corpo ao impulsionar.
4. Elevação da cabeça: pequena ou ausente.

5. Braços não coordenados com o tronco e a ação das pernas.


6. Baixa altura alcançada.
B. ESTÁGIO EMERGENTES ELEMENTAR
e Flexão dos joelhos com ângulo menor que 90 graus no agachamento
preparatório.
2. Inclinação para frente exagerada durante o agachamento.
3. Impulso com os dois pés.
4. Corpo não se estende totalmente durante a fase do voo.
5. Braços tentam auxiliar o voo e o equilíbrio. Mas em geral, não
igualmente.
6. Deslocamento horizontal notável no pouso.
C. ESTÁGIO PROFICIENTE
1. Agachamento preparatório com flexão do joelho entre 60 e 90 graus.
2. Extensão firme dos quadris, joelhos e tornozelos.
3. Elevação dos braços coordenada e simultânea.
4. Inclinação da cabeça para cima com os olhos focalizados no alvo.
5. Extensão total do corpo.
6. Elevação do braço de alcance com inclinação do ombro combinada com
abaixamento do outro braço no auge do voo.
7. Pouso controlado bastante próximo ao ponto de partida.
Fonte: Gallahue, Ozmun (2005, pg. 249), adaptada pelos autores de
Gallahue, Ozmun e Goodway (2012).
27

Figura 2: Desenhos esquemáticos da execução do salto vertical de Myers e


colaboradores.

Fonte: Gallahue, Ozmun (2005, pg. 249), adaptada pelos autores de


Gallahue, Ozmun e Goodway (2012).

Myers et al. (1977 apud Gallahue; Ozmun, 2005) citam


também, alguns aspectos observáveis do movimento quando há
dificuldades no desenvolvimento:

a) Falha em permanecer sem contato com o solo;


b) Falha em impulsionar com ambos os pés ao mesmo
tempo;
c) Falha em agachar com ângulo aproximado de 90 graus;
d) Falha em estender corpo, pernas e braços com firmeza;
e) Coordenação pobre das ações de pernas e braços;
f) Inclinação de braços para trás ou para as laterais para se
equilibrar;
g) Falha em guiar com os olhos e a cabeça;
h) Pouso em um pé só;
i) Flexão de quadris e joelhos inibida ou exagerada ao
pousar;
j) Deslocamento horizontal marcante ao pousar.
28

Na prática, ao utilizar a matriz de Myers e Colaboradores,


as crianças podem apresentar distintos estágios de
desenvolvimento para os diferentes segmentos corporais. Na
classificação geral do desenvolvimento do salto vertical da
criança, Gallahue e Ozmun (2005), recomendam que seja
considerado o estágio mais atrasado em que se encontrar
qualquer um dos segmentos corporais.

2.1.3 Avaliação em Desenvolvimento Motor

A avaliação pode ser interpretada, segundo Tritschler


(2003), como um processo continuo de investigação que
pretende interpretar os conhecimentos, habilidades, atitudes e
necessidades dos indivíduos, atribuindo valores ou conceitos,
tendo em vista mudanças esperadas no seu desempenho e
comportamento.
Gorla (2008) define a avaliação como a coleta e a
interpretação de informações relevantes sobre um indivíduo para
colaborar na tomada de decisões válidas, fiáveis e não
discriminatórias.
Segundo Payne e Isaacs (2007) a avaliação é um meio
que permite verificar se os objetivos de um programa estão
sendo alcançados. E, por meio de seus resultados é possível
identificar os indivíduos que necessitam de uma atenção
especial, proporcionando a reformulação dos conteúdos e a
adoção de procedimentos que possibilitem atingir as
necessidades identificadas.
Para Gallahue e Ozmun (2005) a avaliação desempenha
um papel fundamental na área do desenvolvimento motor. A
avaliação de diferentes aspectos do comportamento motor de um
indivíduo proporciona ao profissional monitorar alterações de
desenvolvimento, identificar retardos e obter conhecimento sobre
estratégias instrutivas.
O desenvolvimento motor, segundo Gallahue e Ozmun
(2005), pode ser avaliado por meio do processo ou do produto. O
processo está relacionado as necessidades biológicas,
ambientais e ocupacionais que podem influenciar o desempenho
motor e as habilidades motoras do individuo desde o período
neonatal até a velhice; e o produto apresenta uma interpretação
descritivo-normativa que examina as habilidades por fases.
29

A avaliação do desenvolvimento motor infantil, segundo


Gabbard e Rodrigues (2006), acarreta em informações
fundamentais à compreensão do desenvolvimento, quer seja
realizada no ambiente escolar, clínico, de investigação ou
mesmo no contexto familiar. Independente do ambiente ou do
tipo de programa, ter a avaliação voltada a objetivos bem
definidos, é o fator essencial neste processo.
Para Gabbard e Rodrigues (2006, p.245-246) os
principais objetivos de um processo de avaliação motora são:

1) Diagnóstico ou despiste inicial: utilizados em crianças de zero


a seis anos, permitindo identificar crianças com dificuldades e
que necessitem de cuidados especiais;

2) Determinação de progresso e situação de desenvolvimento:


tem por objetivo determinar o nível ou estado de
desenvolvimento do indivíduo. Fornece informação para
determinar a aptidão física e o desempenho motor;

3) Colocação/elegibilidade para programas: aplicado para


detectar as crianças que necessitam de programas de
intervenção, de acordo com as dificuldades demonstradas;

4) Determinação dos conteúdos do programa: os resultados da


avaliação do comportamento e das características das crianças
proporcionam o planejamento da intervenção ou o
enriquecimento dos conteúdos do programa, servindo de
referência para os progressos individuais;

5) Avaliação dos programas: os resultados servem para testar o


próprio programa e determinar a necessidade de alteração;

6) Construção de normas e padrões de desempenho: a


mensuração de amostras com um grande número de sujeitos,
permite obter dados que resultarão em normas ou perfis típicos
de desempenho;

7) Investigação /Pesquisa: processos científicos de observação e


avaliação, contribuem, de maneira significativa, para o corpo de
conhecimento do desenvolvimento motor, e, produzem
informação de como os programas educacionais podem ser
melhorados;
30

8) Prognóstico de desempenho: alguns aspectos da avaliação


podem ser utilizados (de forma limitada) para prognosticar
desempenhos futuros. A informação específica pode ser útil no
uso clínico, colaborando na seleção de atividades específicas a
proficiência das crianças.

Segundo Bee (1986) o Processo de avaliação pode


acontecer por meio da observação, de perguntas e experimento
controlado. A atenção deve estar voltada para os pontos
fundamentais que devem ser observados na pesquisa: clareza,
relevância dos resultados, verificação de indagações e novas
ideias, consistência e replicabilidade, adequação da escolha dos
sujeitos e do método utilizado.
Burton e Miller (1998) sugerem que o processo de
avaliação deve acontecer de acordo com as seguintes etapas:

1) Determinação do objetivo da avaliação;


2) Seleção dos instrumentos de avaliação;
3) Coleta e tratamento dos dados;
4) Interpretação dos resultados;
5) Divulgação dos resultados.

Para Gabbard e Rodrigues (2006) o sucesso da


avaliação depende da escolha de métodos e procedimentos
eficazes.
Existem diferentes métodos de avaliação de uma mesma
capacidade. A problemática da avaliação motora está na seleção
do método que permita avaliar o que se pretende medir, e na
adaptação e validação desse método para a população
estudada. Kelly, Reuschlein e Haubenstricker (1990) constataram
que os profissionais da área de Educação Física dedicam pouco
tempo a avaliação e, quando a realizam, muitas vezes
apresentam dúvidas em relação a preparação dos alunos para o
processo, como avaliar ou mesmo escolher o instrumento de
avaliação que atende melhor as necessidades do educando e/ou
do professor.
Deste modo, se percebe que avaliar significa a análise de
importância e a interpretação do saldo de uma medida, que deve
ser aplicada em relação ao produto e não apenas em relação ao
31

processo. Contudo, para se avaliar necessita-se de instrumentos


que possam favorecer o ato ou a ação.

2.1.4 Instrumentos de avaliação motora

Instrumento de medida, segundo Tritschler (2003), é um


recurso usado para se obter informações, que pode ser
apresentado na forma escrita, oral, dispositivo mecânico,
psicológico, fisiológico ou de outra variação.
Para Gorla (2008) teste pode ser considerado como um
conjunto de tarefas geradas para determinar formas particulares
de comportamentos, apresentados sob condições padronizadas
para proporcionar escores que possuam as propriedades
psicométricas convenientes.
Guedes e Guedes (2006) consideram que o teste é
apenas um dos diversos instrumentos de medida, que devido a
sua praticidade e objetividade, se torna o recurso de medida
mais utilizado na Educação Física. Os autores acrescentam, que
dentre os instrumento de medida que mais auxiliam os
profissionais de Educação Física, estão os que tratam de:
testagem, medição, observação, entrevistas e questionários.
A seleção de um teste ou instrumento de medida, de
acordo com Tritschler (2003), deve considerar a aplicabilidade
administrativa e as qualidades psicométricas, atendo-se para a
população na qual está direcionado e no objetivo pré-
determinado. Gorla (2008) sugere que a seleção de um
instrumento de medida deve estar de acordo com os objetivos de
investigação do profissional.
Para Guedes e Guedes (2006, p.20) na seleção de um
instrumento, além da validade, precisão e exatidão das medidas,
os seguintes aspectos devem ser considerados:

a) Disponibilidade de equipamentos e a facilidade de sua


aplicação;
b) Adequação das instalações físicas disponíveis e o controle do
ambiente em condições favoráveis;
c) O domínio da técnica e dos procedimentos na aplicação ou na
administração dos instrumentos de medida;
d) A adaptabilidade dos avaliados aos procedimentos de
testagem ou medição;
32

e) A segurança da integridade física e psicológica dos avaliados.

O desenvolvimento motor pode ser avaliado por meio de


testes motores. Os testes motores, segundo Guedes e Guedes
(2006), são caracterizados pela realização de uma tarefa motora
conduzida em situação que se atenha a solicitar,
predominantemente, uma capacidade motora específica. Os
autores acrescentam que os testes motores apresentam uma
maior aplicação prática quando utilizados em avaliações
comparativas de resultados de um mesmo avaliado em
diferentes momentos ou entre avaliados que apresentem
aspectos culturais e motivacionais semelhantes.
Existe uma variabilidade de testes motores com
diferentes objetivos, que podem ser utilizados na avaliação do
desenvolvimento motor de crianças. Dentre os testes motores
mais referenciados na literatura científica brasileira e que
envolvem habilidades motoras fundamentais, estão o Teste de
Proficiência Motora de Bruininks - Oseretsky (BOT-2); Escalas de
Desenvolvimento Motor de Peabody (PDMS-2); Bateria de
Avaliação do Movimento da Criança (M-ABC-2) e o Teste de
Desenvolvimento Motor Global (TGMD-2), conforme descrição a
seguir.

a) Teste de Proficiência Motora de Bruininks - Oseretsky (BOT-2)

Autor: Bruininks e Bruininks (2005);

Faixa etária: 4,5 - 14,5 anos;

Tempo de aplicação: 45 minutos.

Objetivo:
• Avaliar a motricidade por meio do desempenho em
determinadas habilidades motoras.

Propriedades Psicométricas (LISOT; CAVALLI, 1995):


• Validade de constructo: correlação do conteúdo do
teste com aspectos significantes do desenvolvimento
motor, tendências de propriedades estatísticas e o
desempenho discriminatório apresentado pelo teste
33

quando aplicado em grupos de contraste. Resultado:


índice médio de correlação de 0,78;
• Consistência interna: correlação entre a pontuação
em um item e a pontuação total, e a correlação da
pontuação de um item com a pontuação em seu
respectivo teste. Resultado: a primeira correlação é
frequentemente menor que a segunda;
• Fidedignidade: teste e re-teste realizado em dois
grupos com idade média de 8 anos e 2 meses e 12
anos e 2 meses, respectivamente. Resultado: índice
de fidedignidade de 0,87 para a forma curta e 0,86
para a forma longa do teste;
• Fidedignidade Inter examinadores: realizado em dois
grupos, um grupo realizou treinamento específico e o
outro grupo estudou o manual. Resultado: índice de
correlação entre os grupos de 0,98 e 0,90,
respectivamente.
• Amostra normativa: 765 indivíduos, americanos,
subdivididos em extratos (raça, idade, sexo, tamanho
da comunidade e região geográfica), escolhidos de
forma aleatória.

Comentários sobre o BOT-2:

O BOT-2 é uma segunda edição do BOTMP, que é


composto, segundo Bruininks (1978), de tabelas que indicam a
pontuação média (escore padrão) em cada subteste
representativo das áreas motoras que o teste verifica. A
pontuação é obtida de acordo com a idade de cada criança,
havendo uma melhor compreensão sobre o desenvolvimento
motor ao longo do tempo. Este teste se apresenta sob duas
formas: a forma longa ou bateria completa e a forma curta, sendo
a primeira composta por 46 itens (tarefas) e a segunda por 14
itens derivados da anterior. As duas formas são constituídas por
8 subtestes que, em seu conteúdo, representam aspectos
importantes da motricidade e de seu desenvolvimento no
indivíduo (BRUININKS, 1978; LISOT; CAVALLI, 1995), que são:
1) velocidade de corrida e agilidade, 2) equilíbrio, 3) coordenação
bilateral, 4) força, 5) coordenação dos membros superiores, 6)
velocidade de resposta, 7) controle viso-motor, e 8) destreza e
velocidade dos membros superiores. Estes 8 itens mensuram a
34

destreza das mãos e dedos e a velocidade dos braços e mãos.


Na segunda versão, BOT-2 (BRUININKS; BRUININKS, 2005), as
atualizações incluem: conteúdo do teste com relevância mais
funcional, cobertura expandida de habilidades motoras finas e
grossas, melhor medição entre 4 e 5 anos, idade estendida para
até 21 anos, melhor apresentação dos itens; maior ênfase na
seleção dos itens: manutenção da posição do corpo;
coordenação de acompanhamento visual com os movimentos
dos braços e mãos; velocidade de resposta; integração de
resposta visual-percepção com respostas motoras altamente
controladas; a precisão e a velocidade dos movimentos motores
finos (BRUININKS; BRUININKS, 2005).

b) Escalas de Desenvolvimento Motor de Peabody (PDMS-2)

Autor: Folio e Fewell (2000);

Faixa etária: 0 – 6,9 anos;

Tempo de aplicação: 45-60 minutos.

Objetivo:
• Avaliar a motricidade fina e grossa de crianças.

Propriedades Psicométricas (FOLIO; FEWELL, 2000):


• Consistência interna: avaliada pelo Coeficiente Alfa de
Conbrach. Resultado: valores de 0,89 3 0,97 para cada
teste e quociente motor;
• Confiabilidade: teste e re-teste. Resultado: valores de
0,73 a 0,96 dependendo do nível etário;
• Fidelidade: inter-observador. Valores: 0,97 e 0,99 para os
testes e varia entre 0,96 e 0,98 para os quocientes;
• Validade de construto: estudos fatoriais confirmatórios.
Resultado: elevados índices de ajustamento ao modelo
de medida constituído por dois fatores latentes (QMG e
QMF), definidos respectivamente por três (PO, LO, MO) e
dois (VM, MF) testes marcadores.
35

Comentários sobre o PDMS-2:

As PDMS-2 são escalas estandardizadas utilizadas por


pediatras, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, professores
de educação física, educadores e investigadores. A versão
original das PDMS (FOLIO; FEWELL, 1983), foi concebida para o
diagnóstico precoce de atrasos no desenvolvimento motor da
criança, mais especificamente, em crianças com paralisia
cerebral. O PDMS-2 é composto de seis testes, distribuídos por
duas componentes motoras (habilidades motoras grosseiras e
habilidades motoras finas), que são: 1) reflexos, 2) posturais, 3)
locomoção, 4) manipulação de objetos, 5) manipulação fina e 6)
integração visuo-motora (FOLIO; FEWELL, 2000). Cada teste é
constituído por itens (tarefas motoras) ajustados à idade e
colocados numa sequência de dificuldade acrescida. A criança
inicia o teste num determinado item, de acordo com a sua idade,
e prossegue na sequência até falhar a execução de três itens
consecutivos. Cada item é classificado segundo uma escala de
avaliação de três valores (0 = não executa, 1 = proficiência
mínima, 2 = proficiência ótima). O valor da soma de todos os
itens em cada um dos testes é localizado na tabela de referência
para a idade, resultando um valor estandardizado e um valor
percentual que podem ser comparados inter-idades. Em seguida,
a soma dos valores estandardizados dos testes agrupados
permite obter o quociente motor total, fino ou grosseiro, por meio
da consulta em outra tabela. As escalas estandardizadas para a
população infantil norte-americana estabelecem o valor médio de
10 pontos (± 3) para cada teste e o valor médio de 100 pontos (±
15) para os quocientes motores. Os valores estandardizados
podem ser convertidos numa classificação qualitativa com 7
categorias. A adoção de resultados estandardizados, proporciona
comparações entre sujeitos ao longo do tempo, ou entre sujeitos
com idades cronológicas diferentes (FOLIO; FEWELL, 2000).
36

c) Bateria de Avaliação do Movimento da Criança (M-ABC-2)

Autor: Henderson, Sudgen e Barnett (2007)

Idade: 3-16 anos

Tempo de aplicação: 30 - 40 minutos

Objetivo:
• Identificar e descrever deficiências no desempenho
motor.

Propriedades Psicométricas:

• Confiabilidade: a confiança de teste e re-teste do M-ABC


foi considerada boa (HENDERSON; SUGDEN, 1992);
coeficiente de correlação intraclasse alto em todos os
grupos etários para o teste e re-teste (CROCE; HORVAT;
MCCATHY, 2001).
• Amostra Normativa: 1234 crianças do Reino Unido.

Comentários sobre o M-ABC-2:

A Bateria de Avaliação do Movimento da Criança – M-


ABC2 é uma segunda versão da Bateria de Avaliação do
Movimento da Criança – M- ABC (HENDERSON; SUGDEN,
1992). Trata-se da aplicação de dois testes distintos e
complementares: 1) bateria de testes motores (M-ABC Teste -
BTM) e 2) questionário (MABC bateria - LC) (HENDERSON;
SUDGEN; BARNETT, 2007). Segundo os autores, os testes são
compostos de tarefas de destreza manual, lançar e receber e
equilíbrio, que são: deslocar pinos, inserir o cordão na tabua,
trilha da bicicleta, receber bola com as duas mãos, arremessar
saco de feijão no alvo, equilibrar-se sobre a tabua, caminhar
sobre a linha e saltar sobre os quadrados. O resultado de cada
item pode variar de 0 a 5 e pode ser convertido em percentis.
Esta bateria apresenta uma checklist desenvolvida para ser
utilizada por professores, terapeutas pais ou outros profissionais.
A bateria de testes e a lista de verificação tem a possibilidade de
serem usadas de modos diferentes, mas complementares. A lista
37

de verificação pode ser utilizada como instrumento de


certificação de transtornos e o teste, como instrumento de
diagnostico mais detalhado. O uso da MABC-2 proporciona
diagnosticar o comportamento da criança nas tarefas
relacionadas as atividades da vida diária e escolar, além
daquelas relativas ao comportamento motor, fornecendo
subsídios que permitem avaliar o desenvolvimento das crianças
e analisar a possibilidade de implementação de intervenção
(HENDERSON; SUDGEN; BARNETT, 2007).

d) Teste de Desenvolvimento Motor Gross (TGMD-2)

Autor: Ulrich (2000)

Idade: 3 a 10 anos

Tempo de aplicação: 20 minutos

Objetivo:
• Avaliar o funcionamento motor grosso.

Propriedades psicométricas:
• Confiabilidade: habilidades motoras (0,79 e 0,85 = média
0,82), as habilidades de controle de objetos (0,67 e 0,93
= média 0,78) (ULRICH, 2000);
• A versão em português do TGMD-2 mostrou-se válida e
fidedigna para a amostra estudada (n=587) (VALENTINI
et al., 2008). Os resultados indicaram que a versão
portuguesa do TGMD-2 contem critérios motores claros e
pertinentes; apresentaram índices satisfatórios de
validade fatorial confirmatória (2/gl = 3,38; Goodness-of-
fit Index = 0,95; Ajusted Goodness-of-fit index = 0,92 e
Tucker e Lewis’s Index of Fit = 0,83) e consistência
interna teste-reteste (locomoção: r = 0,82; objeto: r =
0,88).

Comentários sobre o TGMD-2:

O Test of Gross Motor Development - O TGMD-2


(ULRICH, 2000). É composto por múltiplas habilidades motoras
38

fundamentais, se propondo a avaliar como a criança coordena o


tronco e membros durante o desempenho de uma habilidade
motora, analisando a presença ou ausência dos componentes de
diferentes habilidades ao invés de avaliar prioritariamente o
produto final do desempenho (ULRICH, 2000). Segundo o autor,
o teste avalia 12 habilidades motoras fundamentais, sendo 6 de
locomoção (correr, galopar, saltitar, dar uma passada, saltar
horizontalmente e correr lateralmente) e 6 de controle de objetos
(rebater, quicar, receber, chutar, arremessar por cima do ombro e
rolar uma bola). O teste é filmado e o diagnostico acontece por
meio da observação e analise dos critérios de desempenho para
todas as 12 competências. As habilidades locomotoras e de
controle de objetos possuem 24 critérios de desempenho cada
uma, onde cada criança avaliada possui duas pontuações em
todos os critérios de desempenho em cada uma das tentativas.
Se apresentar o critério de eficiência corretamente, a criança
recebe uma pontuação "1" na coluna para esse julgamento. Se
não apresentar o desempenho critério corretamente, recebe uma
pontuação "0". O critério de eficiência é calculado pela soma das
duas provas e coloca-se na coluna rotulada "escore". Em
seguida, calcula-se a pontuação pela soma dos escores das
habilidades dentro de cada subteste e colocam-se essas
pontuações em "escore bruto". Segundo Valentini (2002) o
TGMD-2 é respeitado na literatura sobre medidas e
procedimentos avaliativos, sendo considerado como um
instrumento valioso na identificação de atrasos no
desenvolvimento motor, configurando-se em um instrumento de
apoio a ação pedagógica e a intervenção terapêutica.

Os testes motores são de grande relevância para o meio


acadêmico, uma vez que são amplamente aplicados. A utilização
destes testes para avaliar o desenvolvimento motor da criança
pode proporcionar conhecimento detalhado do perfil dos
escolares, colaborando na identificação de possíveis causas de
patologias e facilitando a elaboração de programas de
intervenção precoce.
39

2.2 VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE MEDIDA

Instrumentos de medida utilizados em pesquisas devem


ser cientificamente confiáveis, devendo apresentar índices que
apontem a qualidade do instrumento e a sua praticidade (PUPO;
SCHUTZ; SANTOS, 2001).

A qualidade de um instrumento de medida pode ser


verificada por meio de suas propriedades psicométricas, que se
referem às características de sensibilidade, fidelidade e validade
dos resultados (TRITSCHLER, 2003).
A sensibilidade dos resultados de um teste é o grau em
que os resultados nele obtidos aparecem distribuídos,
discriminando os sujeitos entre si nos níveis de realização
(ALMEIDA, FREIRE, 2008). Segundo os autores, os
procedimentos de análise da sensibilidade dos resultados estão
relacionados à questão da normalidade ou não-normalidade da
distribuição dos resultados em análise, ou seja, os resultados são
analisados por meio da verificação da média e sua proximidade
em relação a mediana e a moda da distribuição.
A fidelidade ou fidedignidade baseia-se na consistência e
na precisão dos resultados obtidos no processo de avaliação, ou
seja, a fidelidade é a qualidade dos resultados obtidos em um
teste que sugerem que são suficientemente consistentes e livres
de erros de medidas (URBINA, 2004). Segundo Almeida e Freire
(2008), todos os tipos de fidelidade estão relacionados ao grau
de consistência interna ou concordância entre dois conjuntos de
resultados independentes, eles expressam-se por um coeficiente
de correlação.
A validade verifica se o instrumento mede exatamente o
que se propõe a medir, ou seja, avalia a capacidade de um
instrumento medir com precisão o fenômeno a ser estudado
(ALEXANDRE; COLUCI, 2011). Para Vianna (1982), a validade
está relacionada à que o teste mede, é um índice de
concordância entre o que o instrumento mede com o que ele se
propõe a medir.
Para Simões (2005) e Gorla (2008), a validade
corresponde ao critério mais importante para se atestar a
qualidade de um instrumento de medida. Está subjacente aos
resultados e não ao instrumento, refere-se ao grau com que as
40

informações obtidas em um instrumento são úteis, apropriadas e


objetivas, indicando em que medidas estão fundamentadas do
ponto de vista científico (SIMÃO, 2005).
Segundo Pupo, Schutz e Santos (2011, p. 157), a forma
de testar a validade depende da finalidade do teste, que pode ser
realizada de diferentes formas:

• Definição a partir da opinião de pessoas com


reconhecido conhecimento do assunto;
• Por conhecimento teórico, fundamentado em
literaturas;
• Por meio de análise com referência a critérios ou
normas.

Estas formas de validação definem o tipo de validade


realizada (PUPO; SCHUTZ; SANTOS, 2011, P. 157), que pode
ser:

• Validade de construto: ou de conceito, envolve a


verificação científica, por meio de análise fatorial
exploratória, da hipótese da legitimação da
representação que os itens têm dos conceitos;

• Validade de conteúdo: com base no referencial


teórico e /ou de pessoas com reconhecimento do
assunto.

Nesta pesquisa, a validação utilizada trata-se da validade


de conteúdo, que avalia o grau em que cada elemento de um
instrumento de medida é relevante e representativo de um
específico constructo com um propósito particular de avaliação
(HAYNES; RICHARD; KUBANY, 1995).
Para e Polit e Beck (2006), a validade de conteúdo é um
processo de julgamento sendo composto por duas etapas
distintas. Primeiramente, ocorre o desenvolvimento do
instrumento e, posteriormente, a avaliação desse instrumento por
meio da análise por especialistas.
Na primeira etapa, para construir a variedade de itens, o
pesquisador deve inicialmente definir o construto de interesse e
suas dimensões por meio de pesquisa bibliográfica e consulta a
41

estudiosos da área e a representantes da população de interesse


(LYNN, 1986).
Na segunda etapa, que consiste na avaliação do
instrumento por especialista, Lynn (1986) sugere um mínimo de
cinco e um máximo de dez pessoas participando desse
processo, que devem opinar sobre a composição, descrição e
aplicação do instrumento. Os juízes devem inicialmente avaliar o
instrumento como um todo, determinando sua abrangência, ou
seja, se cada domínio ou conceito foi adequadamente coberto
pelo conjunto de itens e se todas as dimensões foram incluídas.
Nesta fase, podem sugerir a inclusão ou a eliminação de itens
(POLIT; BECK, 2006).
Segundo Alexandre e Coluci (2011), pode-se quantificar o
grau de concordância entre os especialistas durante o processo
de avaliação da validade de conteúdo de um instrumento, das
seguintes formas:

a) Porcentagem de concordância (PC): método empregado


para calcular a porcentagem de concordância entre os
juízes. Deve-se considerar como uma taxa aceitável de
concordância de 90% entre os membros do comitê
(TOPF, 1986; POLIT; BECK, 2006)

Obtida pela fórmula:

b) Índice de validade de conteúdo (IVC): mede a proporção


ou porcentagem de juízes que estão em concordância
sobre determinados aspectos do instrumento e de seus
itens. Permite inicialmente analisar cada item
individualmente e depois o instrumento como um todo.
Este método emprega uma escala que deve ser definida
pelo pesquisador. Lynn (1986), sugere uma escala de 1 a
4, onde 1 = não relevante ou não representativo, 2 = item
42

necessita de grande revisão para ser representativo, 3 =


item necessita de pequena revisão para ser
representativo, 4 = item relevante ou representativo.
Nesta pesquisa optou-se pela escala sugerida por Pipo,
Schutz e Santos (2011, p. 158), que compreende uma
escala de nível intervalar (0 a 10), onde de 0 a 4
considera- se inválida, de 5 a 7 pouco válida e de 8 a 10
válida. Davis (1992); Grant e Davis (1997) e Lynn (1986),
recomendam um IVC de 0,80, e, Polit e Beck (2006) e
House, House e Campbell (1981), que sugerem um IVC
de 0.90 ou mais.

Obtido pela fórmula:

c) Coeficiente de Kappa (k): é a razão da proporção de


vezes que os juízes concordam (corrigido por
concordância devido ao acaso) com a proporção máxima
de vezes que os juízes poderiam concordar (corrigida por
concordância devido ao acaso). É aplicável quando os
dados são categóricos e estão em uma escala nominal.
Os valores de kappa variam de -1 (ausência total de
concordância) a 1 (concordância total).

Obtido pela fórmula:

Onde:
Po = proporção de concordâncias observadas
Pe = proporção de concordâncias esperadas
43

Os resultados podem ser interpretados de acordo com os


valores de referências a seguir:

Compreender os procedimentos de validação de um


instrumento de medida é fundamental para que pesquisadores e
profissionais utilizem medidas e instrumentos confiáveis e
apropriados para determinada população.

2.3 O SALTO VERTICAL

Neste tópico são abordados assuntos relacionados a


tarefa motora do salto vertical, a biomecânica do salto focando
nas implicações sobre as estruturas do aparelho locomotor
humano, estudos e tendências.

A ação de saltar é uma aquisição filogenética que se


manifesta progressivamente com o desenvolvimento motor da
criança quando ela desenvolve mecanismos capazes de
mobilizar as forças mecânicas requeridas (ECKERT, 1993).
O salto é considerado um dos movimentos locomotores
fundamentais para muitas modalidades esportivas (salto em
distância, salto em altura, salto triplo, basquetebol, voleibol,
handebol, futebol, ginástica olímpica, etc.). O salto vertical
enquanto habilidade motora envolve a projeção do corpo
verticalmente no ar, com impulso dado por um ou dois pés e o
pouso, com os dois (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Saltar é um
movimento fundamental que pode ser visto como uma extensão
44

do padrão da corrida, sendo que o padrão maduro depende de


alguma forma da corrida eficaz (GALLAHUE; DONNELLY, 2008).
Durante a realização de atividades rotineiras,
constantemente, o salto é utilizado, seja pela necessidade de
alcançar objetos mais altos ou evitar obstáculos. Para Durward,
Baer e Rowe (2001) definir mais especificamente a ação de
saltar de modo a abranger tanto saltos verticais quanto saltos
horizontais, torna-se uma tarefa não muito fácil, pois cada uma
destas atividades envolve um período de tempo no qual o corpo
não está em contato com o solo. Neste sentido saltar pode ser
considerado como uma extensão natural da corrida que, por sua
vez, é uma extensão natural da locomoção.
A ação motora do salto vertical é uma combinação de
muitas variáveis que se relacionam entre si. Depende de um
eficiente controle motor, coordenação muscular, elevados níveis
de força e potência, além de uma boa técnica de execução
(ECKERT,1993).Todos estes fatores garantem o deslocamento
de todo o corpo contra a ação da gravidade e a manutenção da
postura vertical em uma situação de grande instabilidade
(ALMEIDA; RIBEIRO-DO-VALE; SACO, 2001).
Calomarde, Calomarde e Asensio (2003) definem o salto
como um desprendimento do corpo do solo com impulsos e
suspensão momentânea no ar, seguido de queda do corpo no
mesmo ponto de saída, o qual se distingue em três fases:
impulso, voo e queda. O impulso é o instante que o pé contata
com o solo, iniciando um movimento de tração que se encerra
com a fase de impulso. Esta fase ocorre quando o centro de
gravidade passa à frente da perna de apoio e termina no instante
que o pé se separa do solo. A fase de suspensão (voo) é a
marcada pela projeção do corpo no ar manifestando a mínima
parábola, a qual descreve a trajetória do centro de gravidade,
terminando com o contato do pé no solo (queda), ocorrendo a
perda da velocidade para o amortecimento.
Em uma perspectiva fisiológica, o ato de saltar pressupõe
recrutarmos um modo de contração particular que faz suceder,
em um tempo extremamente breve, um ciclo
alongamento/encurtamento do músculo (VIEL, 2001). Para o
autor, o alongamento corresponde a uma contração excêntrica
do músculo que se alonga apesar de estar contraído. O reflexo
de alongamento sobrevém durante a fase excêntrica, a qual
45

permite um tensionamento ativo dos elementos elásticos,


adicionando-se ao tensionamento passivo, bem como o
tensionamento ativo durante a contração concêntrica. A fase de
encurtamento corresponde a uma contração concêntrica do tipo
explosivo, que permite adicionar a energia às fibras musculares
rápidas, dos fusos neuromotores e de suas fibras intrafusos, bem
como da energia elástica armazenada. Esta restituição de
potencial supõe que o tempo de acoplamento entre o estiramento
e o relaxamento seja muito rápido, a fim de evitar que a energia
armazenada se dissipe em calor. O papel preeminente dos
elementos elásticos em série os expõe a complicações de origem
mecânica, tanto em virtude de uma repetição de saltos quanto
durante um encurtamento particularmente violento e não
controlado (VIEL, 2001). Para o autor não se pode medir o ciclo
alongamento/encurtamento, mas pela intensidade das
contrações excêntricas e concêntricas identificadas pelo cálculo
de impulso e impacto é possível reconhecer o modo de
recrutamento da musculatura. O pé é considerado como um
amortecedor, o qual absorve os choques e as vibrações
decorrentes da atividade física e esportiva. Assim, a atividade
muscular de desaceleração (contração excêntrica) é
grandemente utilizada durante o salto no momento da recepção,
e recepção de saltos repetidos solicita não apenas uma cadeia
de músculos, mas também uma cadeia tendinosa de estruturas
fibrosas, com a densidade de colágeno variável: tendão
quadriciptal, tendão patelar, tendão de Aquiles, aponeurose
plantar, a pressão dissipa-se simultaneamente em cada uma
delas.
Na perspectiva biomecânica, Durward, Baer e Rowe
(2001) descrevem que o salto vertical inicia pelo rebaixamento do
centro de massa ocasionado pela flexão do quadril, do joelho e
tornozelo, sendo que quanto mais baixo estiver o centro de
massa, mais distância terá disponível para o impulso do salto.
Para os autores, conforme o corpo é acelerado para cima, os
quadris e os joelhos estendem com produção de força no solo
bem acima de cem por cento do peso corporal por pé. Já,
quando os membros estão completamente estendidos, incluindo
flexão plantar da articulação do tornozelo, o corpo se levanta e o
voo começa. A velocidade de decolagem do corpo dependerá da
quantidade de trabalho realizado pelos músculos, e após esta
velocidade será reduzida pela ação da aceleração da gravidade
46

e uma máxima altura do salto será atingida. Terminado o voo,


tem inicio a aterrissagem com o contato inicial do pé com o solo.
Esse contato produzirá um grau de carga muito rápido e forças
muito acima de duzentos por cento do peso corporal terão que
ser amortecidas pelo sistema locomotor. O contato com o solo
será seguido por um período de acomodação até que o sujeito
retorne à posição vertical ereta.
Segundo Amadio e Duarte (1996) os saltos tendem a
produzir um expressivo gradiente de crescimento da força
vertical em virtude da magnitude da força e do curto tempo de
contato, conferindo ao salto o rótulo de atividade tipicamente de
impacto. O impacto está associado à força de reação do solo e
age sobre o aparelho locomotor humano desencadeando
reações e adaptações no sistema musculoesquelético. Grande
parte do desgaste e das lesões no sistema musculoesquelético
não se deve às ações traumáticas ou doenças graves, mas sim
ao efeito cumulativo da carga dinâmica (VOLOSHIN, 2004).
As crianças estão em contato direto com movimentos de
salto nas brincadeiras e jogos de rua, nas aulas de educação
física, no treinamento esportivo, em atividades diárias, entre
outras. O estresse mecânico causado pela ação de saltar auxilia
no crescimento e fortalecimento dos ossos, sendo considerado
um importante componente do desenvolvimento e manutenção
da integridade esquelética (HAMILL; KNUTZEN, 1999). Os
efeitos positivos da atividade física na infância sobre a densidade
mineral óssea imediatamente ou ao longo dos anos são
controversos. Lee e Clarck (2005) e Valdimarsson et al. (2005)
realizaram estudos com crianças praticantes de atividade física,
os resultados mostraram que os ganhos de massa óssea durante
a fase de crescimento podem persistir ao longo da fase adulta. E,
que as crianças participantes de atividades esportivas de alta
intensidade apresentaram maior densidade óssea em relação
aos que não participaram. Assim, desenvolvimento de padrão
maduro na habilidade do salto vertical é importante tanto para a
prevenção de lesões durante as aterrissagens, conseguido pela
melhor técnica de execução (STACOFF et al., 1988), como
possibilitar a participação em atividades recreativas e habilidades
esportivas.
47

2.3.1 Estudos e tendências sobre o salto vertical

Foi possível observar duas grandes tendências de estudo


sobre o salto vertical: a) estudos sobre a aptidão física e
desempenho no salto vertical e, b) estudos do padrão motor do
salto vertical.

a) Estudos sobre a aptidão física e desempenho no salto vertical:

Estudos sobre a aptidão física avaliaram indiretamente a


potência ou resistência muscular dos membros inferiores,
utilizando o salto vertical (OLIVEIRA et al. 1993; SANTO;
JANEIRA; MAIA, 1997; UGRINOWITSCH; BARBANTI, 1998;
SEABRA; MAIA; GARGANTA, 2001; MOREIRA et al., 2004;
MARQUES; GONZÁLES-BADILLO, 2005; NETO;
PELLEGRINOTTI; MONTEBELO,2006). Entre os resultados
encontrados pelos autores, está o efeito positivo do treinamento
de força e treinamento pliométrico sobre a força explosiva dos
membros inferiores de adultos e jovens atletas e não-atletas.
Nessa mesma linha, Davis et al. (2003) investigaram a
relação existente entre as características antropométricas e
físicas em homens atletas amadores com idade entre 20-37 anos
e a execução do salto vertical. Entre as variáveis estudadas
estão o percentual de gordura corporal, teste de Margaria-
Kalamen (M-K), teste de equilíbrio, idade, circunferência da
panturrilha direita, e produção média de força excêntrica do
quadríceps esquerdo. Como resultado, o percentual de gordura e
o teste de Margaria-Kalamen (M-K) foram as variáveis que mais
influenciaram o desempenho do salto vertical, sendo que a idade,
a força do quadríceps, circunferência da panturrilha e o teste de
equilíbrio também contribuíram de forma menos significativa.
Nota-se que no estudo foram investigadas apenas características
físicas, sem considerar as características de execução do salto,
por se considerar que um sujeito melhor condicionado possua
melhores condições físicas de atingir um melhor desempenho no
salto vertical.
Estudos verificaram a confiabilidade das avaliações que
utilizam o salto vertical com diferentes enfoques. Hespanhol,
Neto e Arruda (2006) verificaram a confiabilidade nas medidas
repetidas de teste e reteste, aplicadas no teste de salto vertical
com quatro séries de 15 segundos e 10 segundos de intervalo
48

entre as séries, em uma equipe de atletas de handebol e


basquetebol do sexo masculino. Os resultados apontam que o
teste aplicado é uma medida confiável para estimar a diminuição
do desempenho da força explosiva e a quantidade de trabalho
útil realizado pelos jogadores. E, a potência média e o índice de
fadiga podem ser estimativas utilizadas na resistência de força
explosiva dos atletas desse esporte.
Hespanhol et al. (2007) verificaram as diferenças
existentes entre os testes de salto vertical de natureza contínua
de 60 segundos e o teste de salto vertical de natureza
intermitente de quatro séries de 15 segundos com intervalo de 10
segundo entre as séries, aplicados em jogadores de voleibol do
sexo masculino. Os autores concluíram que o teste de salto
vertical de natureza intermitente parece ser o teste mais
adequado para a estimativa da resistência de força explosiva, por
apresentar maior quantidade de trabalho num esforço de 60
segundos. Além disso, o índice de fadiga no teste intermitente foi
inferior ao do contínuo, indicando que manifestações de fadigas
superiores são geradas pelos índices de saltos verticais de
natureza contínua.
Ugrinowitsch et al. (2000) procuraram determinar a
capacidade de predição do desempenho no salto vertical por
meio de testes isocinéticos monoarticulares em diferentes faixas
etárias. Os autores concluíram que os testes isocinéticos
monoarticulares não são adequados para esse tipo de
determinação, pois o movimento do salto depende do
sequenciamento proximal-distal das articulações envolvidas no
salto vertical, e, nos exercícios isocinéticos ocorrem movimentos
angulares e deslocamento em apenas um segmento corporal. A
força produzida nas ações isocinéticas é o resultado da curva de
força específica da articulação e não a resultante de força do
trabalho realizado pelas articulações do quadril, joelho e
tornozelo.
Estudos procuraram investigar o desempenho do salto
vertical por meio de análise biomecânica. Vanrenterghem et al.
(2004) fizeram um estudo cinemático da altura alcançada no
salto vertical de jogadores profissionais. De acordo com os
resultados, os autores sugerem, que o aumento da altura do voo
foi influenciado pelo aumento da execução do contramovimento e
aumento do trabalho da articulação do quadril na saída.
49

Andrade et al. (2012) investigaram a contribuição dos


parâmetros biomecânicos para o desempenho do salto vertical
com contramovimento (SV) e SV precedido de corrida
(SVcorrida) em 19 jogadoras da seleção brasileira adulta de
basquetebol feminino (26,2 ± 4,7 anos). Foram considerados os
picos de força passiva (PFPa) e propulsão (PFP), tempo para
alcance dos picos de força passiva (TPFPa) e propulsão (TPFP),
“load rate” (LR), taxa de desenvolvimento de força (TDF), tempo
de fase excêntrica (Texc) e concêntrica (Tcon). A análise de
componentes principais revelou que 50,86% da altura de SV foi
explicada por PFPa, TPFPa, LR, Texc e TPFP, e que 43,28% de
SVcorrida foi explicada por PFPa, TPFPa, LR, PFP. Os
resultados sugerem que parâmetros temporais parecem
contribuir de maneira mais significativa para o desempenho do
salto, porém diferentes tipos de salto podem demandar
comportamentos distintos de parâmetros biomecânicos.
Algumas pesquisas analisaram a contribuição do
movimento do braço no desempenho do salto vertical. Ashby e
Heegaard (2002) verificaram a contribuição do balanço dos
braços no salto vertical. Pois, segundo os autores, o balanço do
braço em adição à força para baixo do corpo, quando os
extensores do quadril e joelho estão na melhor posição para
exercer a força de reação vertical do solo, faz com que os
músculos se contraiam vagarosamente, seguidos pelo
desenvolvimento da maior força muscular. Nos resultados, foi
possível observar que os sujeitos saltaram 36 cm a mais com os
braços em movimento do que sem movimento dos braços. Ashby
e Delp (2006) realizaram um estudo semelhante que reafirmou
os resultados encontrados por Ashby e Heegaard (2002).
Davies e Jones (1993) analisaram três tipos de salto (em
distância, vertical com contramovimento e agachado) para avaliar
a contribuição do balanço do braço na sua execução. Os autores
não puderam concluir sobre a contribuição dos braços nos
diferentes saltos. Muito semelhante, Silva, Magalhães e Garcia
(2005) analisaram a contribuição dos membros superiores
durante a execução de diferentes tipos de salto verticais. Os
autores observaram melhor desempenho (altura atingida) no
salto vertical com livre movimentação dos membros superiores
do que nos saltos sem a movimentação dos braços.
Hara et al. (2008) investigaram como a direção do
movimento dos braços pode influenciar no desempenho do salto
50

para frente e para trás, usando uma plataforma de força e um


eletromiógrafo. Sete homens, individualmente, realizaram saltos
para frente e para trás de três diferentes maneiras sobre uma
plataforma de força (sem balançar os braços, com balanço dos
braços para frente e com balanço dos braços para trás). Os
resultados mostraram que o deslocamento do salto e a
velocidade do centro de massa na decolagem foram
significativamente mais altos no salto para frente com balanço de
braços também para frente, do que nos outros tipos de
movimento. Os autores verificaram que o melhor rendimento foi
alcançado aplicando-se o balanço de braços na mesma direção
de execução do salto. E concluem, que quando a direção de
balanço e de salto é a mesma, o nível de ativação dos
extensores do quadril é maior para se contrapor as altas cargas
que fazem o quadril flexionar durante a fase de propulsão,
resultando no aumento do torque, potência e trabalho.
Cheng et al. (2008) fizeram uma simulação
computacional para investigar os mecanismos que possibilitam o
movimento do braço para melhorar o desempenho do salto
vertical pelo balanço dos braços. Os autores observaram que o
movimento do braço pode aumentar o desempenho do salto e a
velocidade aumentada do ângulo de decolagem contribui cerca
de 2/3 para o aumento da altura do salto.
Voltado ao desempenho do salto, Nagano, Komura e
Fukashiro (2007) estudaram a estratégia de coordenação de
máximo esforço no salto horizontal em comparação com o salto
vertical, por simulação computacional. Os autores observaram
que a articulação do quadril foi utilizada mais vigorosamente no
salto horizontal do que no vertical. Os músculos flexores do
quadril foram ativados a um nível mais elevado durante o
contramovimento no salto horizontal com efeito de mover o
centro de massa do corpo na direção anterior. Observaram
também, maior flexão do quadril no salto horizontal e flexão de
joelho similar entre o salto vertical e horizontal. E, no salto
vertical a orientação do tronco deve ser próxima da postura ereta
e seu movimento angular deve ser próximo de zero no instante
de saída, pois, essa condição é necessária para que o corpo
salte verticalmente com posição ereta.
Buscando investigar os efeitos de diferentes programas
de treinamento de força nas mudanças das características
51

especificas do salto vertical, Rodacki e Fowler (2002) analisaram


dois programas de treinamento de força na tentativa de melhor
compreender os mecanismos de coordenação dos movimentos
multisegmentares. Para isso, formaram dois grupos, o primeiro
praticou saltos com contramovimento máximos enquanto que o
segundo praticou movimentos de extensão e flexão de joelho em
uma máquina de pesos. Os autores concluíram que os ganhos
de força não produziram necessariamente melhorias no
desempenho do salto, pois as alterações na força após o
treinamento podem requerer um período de re-otimização na
estratégia de coordenação antes que a altura do salto aumente;
e, que o início da extensão do quadril deve preceder as outras
articulações distais para o desempenho máximo e constatou-se
que a organização da característica temporal e espacial dos
movimentos segmentares não é só um requisito essencial para o
movimento coordenado, mas também para alcançar um
excelente desempenho.
Também sobre os efeitos do treinamento nas técnicas do
salto, Hunter e Marshall (2002) estudaram os efeitos do
treinamento de potência e de flexibilidade nas técnicas do salto
com contramovimento e do salto para baixo. O treinamento durou
10 semanas, seguido pelo re-teste. Os saltos foram executados
com objetivo de atingir a máxima altura e nenhuma restrição foi
colocada na magnitude do salto ou tempo de contato com o solo.
Os sujeitos foram distribuídos em 4 grupos que executaram: 1)
treino de potência para aumentar a altura do salto vertical; 2)
treino de alongamento para aumentar a flexibilidade; 3)
combinação do treino de potência e de alongamento; e 4) grupo
controle. Os resultados indicaram um aumento na altura de todos
os saltos em contramovimento para os grupos 1, 2 e 3, mas
somente os grupos 1 e 3 aumentaram a altura no salto para
baixo. As mudanças na técnica associada ao treinamento de
potência foram aumentadas na altura do salto em
contramovimento e para baixo e aumentada no tempo de contato
com o solo para o salto para baixo. Esses resultados mostraram
que quando o objetivo é somente aumentar a altura do salto, a
técnica mais indicada é a do salto para baixo; e, o alongamento
tem pequeno efeito nas várias técnicas do salto, mas pode
oferecer algum resultado benéfico no desempenho do salto com
contramovimento.
52

Nunes, Da Rosa e Del Vecchio (2012) avaliaram os


efeitos agudos do treinamento com uso de correntes no salto
vertical com contramovimento. Participaram do estudo oito
indivíduos, idades entre 18 e 26 anos, com no mínimo 12 meses
de experiência com treinamento de força, familiarizados com o
exercício de agachamento e eram proficientes na realização
adequada do salto vertical com contramovimento. Os
procedimentos de avaliação incluíram testes de carga máxima e
salto vertical, tendo como variáveis dependentes a altura e tempo
de voo no salto vertical com contramovimento; e variável
independente a execução de cinco repetições no agachamento,
com presença ou ausência do uso de correntes (chain resistance
training, CRT). Os resultados permitiram concluir que o treino
com resistência variável proporcionou potencialização pós-
ativação, com destaque para alocação da maior resistência no
ponto de falha mecânica. A resistência variável com o uso de
correntes parece ser alternativa viável quando se objetiva melhor
rendimento em exercício específico de potência muscular que
empregue o ciclo de alongamento-encurtamento, como o salto
vertical com contramovimento.
Sobre instrumentação para a análise do desempenho do
salto vertical, Borges Jr. et al. (2012) verificaram a validade da
medida de tempo de voo e de contato de um tapete de contato,
SaltoBras (SB), comparando-o com um osciloscópio (OS) e uma
plataforma de força (PF). Para a coleta dos dados o SaltoBras foi
posicionado sobre uma plataforma de força. Participaram do
estudo quatro homens e duas mulheres, que realizaram,
individualmente, quinze saltos sobre o SaltoBras, para a
obtenção do tempo de voo, e seis saltos consecutivos para obter
os tempos de contato. Os resultados sugerem que o SaltoBras
apresentou-se valido em relação ao osciloscópio, mas
subestimou o tempo de voo (~0.30 %) e de contato (~1.01 %)
quando comparado a plataforma de força. Apesar das diferenças,
o erro encontrado entre o SaltoBras e a plataforma de força
apresentou-se sistemático e duas equações de predição foram
definidas e inseridas no software para a correção dos erros. No
estudo foi possível concluir que o SaltBras é um instrumento
válido para a avaliação do salto vertical.
53

Os estudos com ênfase na aptidão física e no


desempenho englobam a maior parte das pesquisas encontradas
na literatura referente ao salto vertical. Com menor incidência,
aparecem pesquisas interessadas na investigação do
desempenho do salto e técnica de execução enquanto padrão
motor.

b) Estudos do padrão motor do salto vertical:

Pesquisas foram desenvolvidas com o objetivo de avaliar


o padrão motor do salto de crianças, analisando o nível de
desenvolvimento motor da tarefa e o desempenho motor. Copetti
(1996) investigou a relação entre os níveis de maturidade do
padrão fundamental e desempenho motor de 98 crianças em
idade entre 5 e 7 anos, do município de Teutônia, RS. Como
instrumento de medida foi utilizado o protocolo proposto por
Gallahue. Para o movimento de saltar foi observado que
praticamente todas as crianças encontravam-se no estágio
elementar de desenvolvimento motor. Quanto ao desempenho,
ocorreu um aumentou progressivo em função da idade e os
meninos apresentaram melhor desempenho do que as meninas.
Maforte et al. (2007) testaram o nível de desenvolvimento
do padrão fundamental de movimento (saltar, correr, chutar,
arremessar e receber) de 57 escolares praticantes de Educação
Física Escolar. Para a avaliação dos padrões fundamentais de
movimento, foi utilizado o modelo de avaliação instrumental dos
movimentos fundamentais de Mcclenaghan e Gallahue. Diferente
dos estudos anteriores, os autores realizaram uma análise
segmentar do corpo, analisando o estágio de desenvolvimento
motor de cada segmento separadamente (braços, tronco, pernas
e quadril). Os resultados apontaram para o predomínio do
estágio elementar nos segmentos tronco e pernas/quadril, e do
estágio maduro no segmento braços.
A avaliação do padrão motor do salto tem sido feita,
basicamente, a partir de técnicas qualitativas, com a utilização de
matrizes observacionais. Raras são as pesquisas que utilizaram
técnicas quantitativas para analisar as habilidades motoras
fundamentais enquanto tarefa motora. Estudos foram
desenvolvidos com o uso de técnicas de biomecânica, buscando
analisar variáveis cinemáticas e de força para quantificar
54

parâmetros relativos ao salto vertical. Gatti (2005); Melo et al.


(2008); Alves (2009), investigaram variáveis cinemáticas e
dinâmicas de crianças em diferentes estágios de
desenvolvimento motor. Os resultados destes estudos permitem
sugerir que os parâmetros biomecânicos podem ser utilizados
para classificar o nível de desenvolvimento motor de crianças,
auxiliando na avaliação qualitativa do salto.
Soares e Almeida (2006) analisaram o padrão motor
básico do chutar e da impulsão vertical, delimitando fatores que
possam influenciar as crianças na faixa etária de 7/8 anos de
idade. Participaram deste estudo 15 crianças do sexo masculino,
matriculados na Escolinha de Futebol da A.E.R. Usipa, sediada
na cidade de Ipatinga-MG. As crianças executaram três vezes
cada movimento básico (impulsão vertical e chute), sendo
filmados em dois ângulos para posterior análise do pesquisador
utilizando-se a sequência de desenvolvimento motor proposta
por Gallahue. Os resultados indicaram que 73% das crianças
encontram-se no estágio maduro quanto à habilidade
fundamental chute, enquanto que, na impulsão vertical, verificou-
se que apenas 46,5% encontram-se neste estágio.
Deprá e Walter (2012) investigaram quais movimentos da
sequência desenvolvimentista apresentados por escolares do
ensino fundamental têm associação com a faixa etária e o
desempenho no salto vertical. Participaram do estudo 137
escolares de um colégio do município de Maringá/PR, com idade
entre 7-10 (anos), estatura entre 1,19 e 1,63 metros, massa entre
20 e 60 kg, de ambos os sexos, matriculados até a quarta série
do ensino fundamental. Como instrumentos de coleta foram
utilizados a matriz de Gallahue e Ozmun (2005) e uma
plataforma de salto. No procedimento experimental, cada criança
realizou três saltos. Em crianças de sete anos, teve-se a
presença de elevação de braços coordenados e simultânea; em
crianças de nove anos, a presença de agachamento preparatório
inconsistente e a ação de braços não coordenados com o tronco
e a perna. Observaram também a prevalência da ação dos
membros superiores quando consideradas as associações
significativas entre os elementos da sequência
desenvolvimentista e o desempenho do salto vertical. Na faixa
etária entre 7-10 (anos), a faixa etária e o desempenho do salto
estão associados aos elementos da sequência
55

desenvolvimentista da configuração total do corpo humano,


preponderantemente relacionados aos membros superiores.

Sendo o salto uma habilidade considerada complexa, que


exige combinações diferenciadas do sistema motor, tem
aumentado os estudos sobre o padrão motor desse movimento.
E, para melhor entender esse padrão, observou-se que os
princípios de aplicação biomecânica, em conjunto com outras
áreas, estão sendo usados com maior frequência à espera de
uma determinação mais exata das características do movimento.
56

3 MÉTODO

Neste capítulo são abordados os procedimentos


metodológicos do estudo, agrupados nos seguintes tópicos:
Características do estudo, Sistemática para avaliação
observacional do salto vertical de crianças, Matriz de avaliação
do estágio de desenvolvimento motor do salto vertical de
crianças e Possíveis limitações do estudo.

3.1 CARACTERÍSTICAS DO ESTUDO

Esta pesquisa é caracterizada como descritiva e de


desenvolvimento tecnológico (pesquisa aplicada). Descritiva por
observar e descrever características motoras do salto vertical de
crianças em diferentes estágios de desenvolvimento, a partir de
filmagens. Para Thomas e Nelson (2002) um estudo descritivo é
baseado na premissa de que os problemas podem ser resolvidos
e as práticas melhoradas por meio da observação, análise e
descrição objetivas e completas. De desenvolvimento
tecnológico (pesquisa aplicada) por gerar conhecimentos para a
aplicação prática (SILVA; MENEZES, 2001), neste caso, a
proposição de um Instrumento de avaliação do estágio de
desenvolvimento motor do salto vertical de crianças.
Este estudo está compreendido em duas etapas que
compõem o Instrumento de avaliação do estágio de
desenvolvimento motor do salto vertical de crianças: 1)
Elaboração e testagem de uma Sistemática para avaliação
observacional do salto vertical de crianças e 2) Elaboração e
testagem de uma Matriz de avaliação do estágio de
desenvolvimento motor do salto vertical de crianças. Para melhor
visualização dos procedimentos metodológicos do estudo, optou-
se por uma ilustração por meio de um organograma, que pode
ser observado a seguir, na Figura 3:
57

Figura 3: Organograma dos procedimentos metodológicos do estudo.

Fonte: produção dos autores.

O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética


em Pesquisas Envolvendo Seres Humanos da Universidade do
Estado de Santa Catarina - UDESC, sendo aprovado sob o
número de referência 172/2011 (ANEXO 1).

3.2 SISTEMÁTICA PARA AVALIAÇÃO OBSERVACIONAL DO


SALTO VERTICAL DE CRIANÇAS

Os procedimentos metodológicos referentes a elaboração


e testagem de uma Sistemática para avaliação observacional do
salto vertical de crianças estão divididos em subtópicos que são:
concepção e caracterização, elaboração e testagem da Matriz,
conforme descrição a seguir:
58

3.2.1 Concepção e Caracterização da Sistemática

A Sistemática foi concebida com base no Modelo de


Gallahue e na Matriz analítica para o salto vertical de Myers et al.
(1977 apud GALLAHUE; OZMUN, 2005, adaptada pelos autores
de GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2012), quanto à
classificação dos estágios de desenvolvimento motor em estágio
inicial, emergentes elementar e proficiente, e da divisão das
fases dos movimentos fundamentais em fase preparatória, fase
de produção de força, fase de voo e fase de aterrissagem.
Caracteriza-se como um instrumento para a avaliação
observacional do salto vertical de crianças, considerando a
movimentação dos diferentes segmentos corporais (braço,
tronco, joelho e quadril) ao longo da execução da tarefa, em
instantes específicos de análise. Os instantes de análise foram
determinados de forma a representar os estágios de
desenvolvimento motor (inicial, emergentes elementar e
proficiente) nas diferentes fases do salto vertical (preparatória,
produção de força, voo e aterrissagem).

3.2.2 Elaboração da Sistemática

O processo de elaboração da Sistemática consistiu nas


seguintes fases: 1) Seleção dos participantes, 2) Coleta dos
dados e 3) Seleção dos instantes de análise, conforme descrição
a seguir:

3.2.2.1 Seleção dos participantes

Foram selecionadas de forma casual sistemática, 156


crianças, matriculados no Ensino Fundamental 1, com idade
entre 7 e 10 anos, de ambos os sexos. A seleção da faixa
etária, diferente do preconizado por Gallahue, justifica-se pela
dificuldade em encontrar crianças com estágio de
desenvolvimento motor do salto vertical emergentes elementar e
proficiente, na faixa etária de 2 a 7 anos, como sugerem
Gallahue, Ozmun e Goodway (2012). A caracterização dos
59

participantes desta etapa do estudo quanto ao sexo e idade pode


ser observada na Tabela 1, a seguir:

Tabela 1 – Características dos sujeitos da elaboração da Sistemática para


avaliação observacional do salto vertical de crianças quanto ao sexo e
idade.
Sexo n 
Idade (anos) 
Feminino 86 8,21
Masculino 70 8,05
Total 156 8,13
Fonte: elaborada pelos autores.

A escola foi escolhida de forma intencional por se tratar


da maior escola em números de alunos do Estado de Santa
Catarina, por conter alunos em todas as faixas etárias do estudo
e devido ao consentimento dos responsáveis pela Instituição
para a realização da pesquisa.
Para a inclusão dos participantes no estudo, foram
adotados os seguintes critérios: estar matriculado e frequentando
as aulas de Educação Física e a ausência de alguma condição
que poderia impedir ou dificultar a realização do salto vertical.
As crianças confirmaram a participação na pesquisa por
meio da apresentação do termo de consentimento devidamente
preenchido e assinado (APÊNDICE 1).

3.2.2.2 Coleta dos dados

Primeiramente, fez-se contato com o Diretor (a) ou


responsável pela Escola, mediante visita, para esclarecimentos
sobre os objetivos da pesquisa e procedimentos do estudo,
agendamento dos dias de coleta e o envio do termo de
consentimento livre e esclarecido por intermédio da criança, a fim
de obter autorização dos pais ou responsáveis, e para que os
mesmos tivessem conhecimento sobre os procedimentos
metodológicos da pesquisa.
A coleta dos dados foi realizada no próprio ambiente
escolar da criança, em uma quadra esportiva fechada e coberta,
preparada especialmente para o evento (Figura 4). O piso da
60

quadra esportiva foi revestido com um tapete em material


emborrachado para reduzir o impacto e proporcionar segurança
às crianças durante o salto. No centro do tapete foi feita uma
marcação para a criança se posicionar para saltar e a parede
atrás ao local de execução do salto foi revestida com um tecido
em lycra, na cor preta, fosco, permitindo uma melhor visualização
do salto.

Figura 4: Organização do local da coleta de dados.


Antes Depois

Fonte: produção dos autores.

Para a coleta dos dados a filmadora foi acoplada a um


tripé e posicionada perpendicularmente ao plano do movimento
do salto vertical, a uma distância mínima (1,80 m) para que o
movimento pudesse ser enquadrado no campo de visão da
máquina (Figura 5).

Figura 5: Posição da filmadora para a coleta dos dados

Fonte: produção dos autores.


61

As imagens foram adquiridas por meio de uma filmadora


digital da Marca Casio High Speed Exilim Ex-FH20, 9.1
megapixels, com frequência de aquisição que pode variar de 30 a
1000 HZ.
Para a seleção da frequência de aquisição das imagens,
foram testadas as frequências de 30, 60 e 210 Hz na análise do
salto vertical. O teste consistiu na filmagem, ao mesmo tempo,
com três câmeras filmadoras com frequências de 30, 60 e 210
Hz, respectivamente, de um sujeito realizando o salto vertical. As
imagens foram analisadas no Software Skill Spector versão
1.2.4, e em cada frequência de aquisição foi analisada e gerada
uma curva do comportamento dos ângulos do braço, tronco,
quadril e joelho durante o salto. Para melhor análise e
comparação as curvas foram sobrepostas (Figura 6).

Figura 6: Comportamento dos ângulos do joelho, quadril, tronco e braço


nas frequências 30, 60 e 210 Hz durante o salto vertical.

Fonte: produção dos autores.

Analisando-se as curvas geradas constatou-se que estas


foram semelhantes nas três frequências, não comprometendo a
identificação de eventos importantes na análise dos ângulos,
podendo-se, neste caso, utilizar qualquer uma das três
frequências na análise do salto vertical. Mesmo assim, optou-se
por utilizar a frequência de aquisição de 210 Hz em todas as
etapas deste estudo.
62

No dia da coleta dos dados as crianças foram conduzidas


pelos pesquisadores do local da da aula de Educação Física até
o local da coleta. Cada criança recebeu uma identificação
numérica (código) para assegurar o seu anonimato. Em seguida
as crianças foram instruídas a realizar o salto vertical descalças
para padronizar a coleta dos dados, devendo tomar impulso e
cair no espaço delimitado para o salto, para que o salto fosse
válido. Ao comando de voz do pesquisador “salte para cima o
mais alto que você conseguir” teve início a aquisição das
imagens. Cada criança executou, pelo menos, um salto vertical
considerado válido.

3.2.2.3 Seleção dos instantes de análise

Inicialmente os vídeos foram editados e arquivados em


pastas individuais, identificadas com o código que representa
cada criança. Em seguida fez-se a classificação do salto das
crianças quanto ao estágio de desenvolvimento motor, por meio
da Matriz analítica para o salto vertical de Myers et al. (1977
apud GALLAHUE; OZMUN, 2005). A classificação geral do
desenvolvimento do salto vertical da criança foi realizada,
conforme sugerido pelos autores, pelo segmento mais atrasado.
Após a classificação do estágio de desenvolvimento
motor do salto das crianças, foram selecionados três grupos,
sendo um grupo para cada estágio (inicial, emergentes elementar
e proficiente) com dez crianças cada. As crianças foram
selecionadas para compor cada grupo, por apresentarem um
salto vertical com características bem representativas do estágio
na qual foram classificadas.
Na sequência procedeu-se a seleção das figuras
representativas para a determinação de instantes de análise que
melhor representassem os estágios de desenvolvimento motor
(inicial, emergentes elementar e proficiente) nas diferentes fases
do salto vertical (preparatória, produção de força, voo e
aterrissagem). Foram determinados onze instantes de análise
dentro das quatro fases do salto, conforme descrição abaixo:
63

1. Fase preparatória: foram selecionados os seguintes instantes


de análise:

1.1 Quadro/instante da posição inicial (Figura 7);


1.2 Quadro/instante da posição preparatória (Figura 8);
1.3 Quadro/instante da máxima flexão do joelho (Figura
9).

Figura 7: Quadro/instante da posição inicial nos estágios inicial,


emergentes elementar e proficiente na fase preparatória.

Fonte: produção dos autores.

Figura 8: Quadro/instante da posição preparatória nos estágios inicial,


emergentes elementar e proficiente na fase preparatória.

Fonte: produção dos autores.


64

Figura 9: Quadro/instante da máxima flexão do joelho nos estágios inicial,


emergentes elementar e proficiente na fase preparatória.

Fonte: produção dos autores.

2. Fase de produção de força: foram selecionados os seguintes


instantes de análise:
2.1 Primeiro quadro/instante do início da extensão do
joelho (Figura 10);
2.2 Último quadro/instante, imediatamente, anterior a
perda de contato dos pés com o solo (Figura 11).

Figura 10: Quadro/instante do início da extensão do joelho nos estágios


inicial, emergentes elementar e proficiente, na fase de produção de força.

Fonte: produção dos autores.


65

Figura 11: Último quadro/instante, imediatamente, anterior a perda de


contato dos pés com o solo nos estágios inicial, emergentes elementar e
proficiente, na fase de produção de força.

Fonte: produção dos autores.


3. Fase de voo: foram selecionados os seguintes instantes de
análise:
3.1 Primeiro quadro/instante após a perda de contato dos
pés com o solo (Figura 12);
3.2 Quadro/instante da máxima altura atingida pelo
quadril (Figura 13);
3.3 Último quadro/instante, imediatamente, anterior ao
contato dos pés com o solo (Figura 14).

Figura 12: Primeiro quadro/instante após a perda de contato dos pés com
o solo nos estágios inicial, emergentes elementar e proficiente, na fase de
voo.

Fonte: produção dos autores.


66

Figura 13: Quadro/instante da máxima altura atingida pelo quadril nos


estágios inicial, emergentes elementar e proficiente, na fase de voo.

Fonte: produção dos autores.

Figura 14: Último quadro/instante, imediatamente, anterior ao contato


dos pés com o solo nos inicial, emergentes elementar e proficiente, na fase
de voo.

Fonte: produção dos autores.

4. Fase de aterrissagem: foram selecionados os seguintes


instantes de análise:
4.1 Primeiro quadro/instante após o contato dos pés com
o solo (Figura 15).
4.2 Quadro/instante da máxima flexão do joelho (Figura
16).
67

4.3 Quadro/instante que representa a posição final


(Figura 17).

Figura 15: Primeiro quadro/instante após o contato dos pés com o solo nos
estágios inicial, emergentes elementar e proficiente, na fase de
aterrissagem.

Fonte: produção dos autores.

Figura 16: Quadro/instante da máxima flexão dos joelhos nos estágios


inicial, emergentes elementar e proficiente, na fase de aterrissagem.

Fonte: produção dos autores.


68

Figura 17: Quadro/instante da posição final nos estágios inicial,


emergentes elementar e proficiente, na fase de aterrissagem.

Fonte: produção dos autores.

Finalizado o processo de elaboração, procedeu-se o


processo de validação da Sistemática para avaliação
observacional do salto vertical de crianças, conforme descrição a
seguir.

3.2.3 Validação da Sistemática

O processo de validação da Sistemática consistiu nas


seguintes fases: 1) Processo de validação de conteúdo e 2)
Versão final da Sistemática para avaliação observacional do salto
vertical de crianças.

3.2.3.1 Processo de validação de conteúdo

Para a testagem da Sistemática utilizou-se o processo de


validação de conteúdo, considerando que esta forma de
testagem procura avaliar o grau em que cada elemento de um
instrumento de medida é relevante e representativo de um
específico constructo, com um propósito particular de avaliação
(HAYNES; RICHARD; KUBANY, 1995), e, se os indicadores
69

medem o que se propõem a medir (ALEXANDRE; COLUCI,


2011).
O processo de validação de conteúdo da Sistemática foi
realizado mediante o julgamento de dez avaliadores (juízes),
especialistas nas áreas de Educação Física e/ou
desenvolvimento motor e/ou comportamento motor e/ou
biomecânica, sobre seus fundamentos: composição, descrição e
aplicação, conforme propõem Polit e Beck (2006); Lynn (1986);
Grant e Davis (1997); Haynes, Richard e Kubany (1995).
Para cada avaliador foram encaminhados textos com a
apresentação do estudo e planilhas de avaliação (APÊNDICE 2).
Nas planilhas de avaliação de cada estágio estavam
apresentadas as fases do salto vertical, com as características e
ilustração do movimento segundo Myers et al. (1977 apud
GALLAHUE; OZMUN, 2005), com algumas observações deste
estudo e com imagens ilustrativas dos instantes de análises
propostos. Para cada fase do salto há um indicador a ser
avaliado e um espaço reservado para comentários. Para cada
indicador foi solicitado que o avaliador atribuísse uma nota em
uma escala de 0 a 10 (0 a 4 = inválido ou não válido e deve ser
substituído; 5 a 7 = pouco válido e deve ser corrigido e 8 a 10 =
válido). Na Figura 18 é possível observar um exemplo de planilha
de avaliação.
70

Figura 18: Exemplo de planilha para a avaliação de conteúdo da


Sistemática.

Fonte: produção dos autores.

Inicialmente foi encaminhada aos avaliadores, uma


primeira versão do instrumento, onde se constatou por meio dos
resultados, que a Sistemática obteve índice geral de validade de
conteúdo igual a 0,91 (91%). O estágio inicial obteve índice de
validade de conteúdo igual a 0,89, o estágio elementar 0,92 e o
estágio maduro 0,94, ou seja, os três estágios obtiveram índices
considerados válidos (maior que 80%).
Após esta primeira avaliação, verificou-se que, mesmo o
instrumento (Sistemática) tendo obtido índice de validade de
conteúdo satisfatório (válido), necessitava ainda de ajustes. Foi
reencaminhada para 10 avaliadores (não necessariamente os
mesmos avaliadores que participaram da primeira etapa do
processo) uma segunda versão do instrumento, reestruturada de
acordo com a compatibilização das sugestões dos avaliadores e
da recente revisão e atualização da teoria por Gallahue, Ozmun
e Goodway (2012). A atualização da teoria se refere à
reclassificação dos estágios de desenvolvimento motor em
71

estágio inicial, estágio emergentes elementar e estágio


proficiente, e da divisão das fases dos movimentos fundamentais
em fase preparatória, fase de produção de força, fase de voo e
fase de aterrissagem.
Na avaliação da segunda versão do instrumento, os
resultados da avaliação de conteúdo foram organizados em
tabelas e estão apresentados em dois formatos: 1) avaliação em
notas absolutas (0 a 10), cujo escore é exposto por valores reais,
expresso pelo índice de validade de conteúdo (IVC); e 2)
avaliação nominal categórica (válido, pouco válido ou inválido),
expressa pela porcentagem de concordância (PC).
Nas Tabelas 2, 3 e 4, a seguir, são apresentadas as
notas atribuídas aos indicadores pelos avaliadores e os valores
obtidos por meio do cálculo do índice de validade de conteúdo
(IVC). O índice de validade de conteúdo (IVC) foi determinado
por meio da média aritmética dos indicadores para cada questão
e avaliador dividido por 10 (IVC = ̅ / 10) (POLIT; BECK, 2006;
PUPO; SCHUTZ e SANTOS, 2011).
72

Tabela 2: Distribuição das notas e valores do índice de validade de


conteúdo (IVC) da Sistemática para o estágio inicial.
Estágio inicial

Indicadores

Fase Fase Fase Fase de IVC


Avaliadores Preparat Prod. de Aterrissa ∑ ̅ (̅ / 10)
ória Força Voo gem
Avaliador 1 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 2 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 3 10 10 9 10 39 9,75 0,97
Avaliador 4 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 5 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 6 8 8 9 8 33 8,25 0,82
Avaliador 7 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 8 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 9 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 10 9 10 10 9 38 9,5 0,95

∑ 97 98 98 97 390 97,5
̅ 9,7 9,8 9,8 9,7 39 9,75
IVC (̅ / 10)
0,97 0,98 0,98 0,97 3,9 0,97
Fonte: elaborada pelos autores.
73

Tabela 3: Distribuição das notas e valores do índice de validade de


conteúdo (IVC) da Sistemática para o estágio emergentes elementar.
Estágio Emergentes Elementar

Indicadores
Fase Fase Fase de Fase de IVC
Avaliadores Prepa Prod. Voo Aterris ∑ ̅ (̅ / 10)
ratóri Força sagem
a
Avaliador 1 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 2 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 3 10 9 10 10 39 9,75 0,97
Avaliador 4 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 5 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 6 9 9 9 9 36 9,0 0,9
Avaliador 7 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 8 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 9 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 10 10 10 10 10 40 10 1,0

∑ 99 98 99 99 395 98,75
̅ 9,9 9,8 9,9 9,9 39,5 9,87
IVC (̅ / 10)
0,99 0,98 0,99 0,99 3,95 0,98
Fonte: elaborada pelos autores.
74

Tabela 4: Distribuição das notas e valores do índice de validade de


conteúdo (IVC) da Sistemática para o estágio proficiente.
Estágio Proficiente

Indicadores
Fase Fase Fase Fase de IVC
Avaliadores Prepa Prod. de Aterris ∑ ̅ (̅ / 10)
ratóri Força Voo sagem
a
Avaliador 1 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 2 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 3 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 4 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 5 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 6 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 7 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 8 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 9 10 10 10 10 40 10 1,0
Avaliador 10 10 7,0 10 10 37 9,25 0,92

∑ 100 97 100 100 397 99,25


̅ 10 9,7 10 10 39,7 9,92
IVC (̅ / 10)
1,0 0,97 1,0 1,0 3,97 0,99
Fonte: elaborada pelos autores.

Observa-se nas Tabelas 2, 3 e 4, respectivamente, que a


Sistemática no estágio inicial obteve um índice de validade de
conteúdo (IVC) igual a 0,97, no estágio emergentes elementar
0,98 e no estágio proficiente 0,99. De uma forma geral, a
Sistemática para avaliação observacional do salto vertical de
crianças alcançou um índice de validade de conteúdo (IVC) igual
a 0,98, obtido por meio da média aritmética do IVC dos três
estágios de desenvolvimento motor. Ao analisar todos os valores
de IVC, percebe-se, que tanto de forma geral como de forma
individual (separada pelos estágios de desenvolvimento motor), a
Sistemática alcançou valores suficientes para a validação de seu
conteúdo, conforme sugere Davis (1992); Grant e Davis (1997) e
Lynn (1986), que recomendam um IVC de 0,80, e, Polit e Beck
(2006) e House, House e Campbell (1981), que sugerem um IVC
de 0.90 ou mais.
75

Nas Tabelas 5, 6 e 7, a seguir, são apresentados os


conceitos atribuídos aos indicadores pelos avaliadores e os
valores obtidos por meio do cálculo da porcentagem de
concordância (PC). A porcentagem de concordância (PC) foi
determinada pela divisão do número de avaliadores que
concordam (AC) pelo número total de participante (P) vezes 100
(PC = AC/P x 100) (TILDEN; NELSON; MAY, 1990; TOPF,
1986).

Tabela 5: Distribuição dos conceitos e percentuais de concordância da


validade de conteúdo da Sistemática para o estágio inicial.
Estágio inicial

Indicadores
Fase Fase Fase de Fase de
Avaliadores Preparatória Prod. Força Voo Aterrissagem PC (%)

Avaliador 1 válido válido válido válido 100


Avaliador 2 válido válido válido válido 100
Avaliador 3 válido válido válido válido 100
Avaliador 4 válido válido válido válido 100
Avaliador 5 válido válido válido válido 100
Avaliador 6 válido válido válido válido 100
Avaliador 7 válido válido válido válido 100
Avaliador 8 válido válido válido válido 100
Avaliador 9 válido válido válido válido 100
Avaliador 10 válido válido válido válido 100
PC (%) 100 100 100 100 100
Fonte: elaborada pelos autores.
76

Tabela 6: Distribuição dos conceitos e percentuais de concordância da


validade de conteúdo da Sistemática para o estágio emergentes
elementar.
Estágio Emergentes Elementar

Indicadores
Fase Fase Fase de Fase de
Avaliadores Preparatória Prod. Voo Aterrissagem PC (%)
Força
Avaliador 1 válido válido válido válido 100
Avaliador 2 válido válido válido válido 100
Avaliador 3 válido válido válido válido 100
Avaliador 4 válido válido válido válido 100
Avaliador 5 válido válido válido válido 100
Avaliador 6 válido válido válido válido 100
Avaliador 7 válido válido válido válido 100
Avaliador 8 válido válido válido válido 100
Avaliador 9 válido válido válido válido 100
Avaliador 10 válido válido válido válido 100
PC (%) 100 100 100 100 100
Fonte: elaborada pelos autores.
77

Tabela 7: Distribuição dos conceitos e percentuais de concordância da


validade de conteúdo da Sistemática para o estágio proficiente.
Estágio Proficiente

Indicadores
Fase Fase Fase de Fase de
Avaliadores Preparatória Prod. Força Voo Aterrissagem PC (%)

Avaliador 1 válido válido válido válido 100


Avaliador 2 válido válido válido válido 100
Avaliador 3 válido válido válido válido 100
Avaliador 4 válido válido válido válido 100
Avaliador 5 válido válido válido válido 100
Avaliador 6 válido válido válido válido 100
Avaliador 7 válido válido válido válido 100
Avaliador 8 válido válido válido válido 100
Avaliador 9 válido válido válido válido 100
Avaliador 10 válido pouco válido válido válido 75
PC (%) 100 90 100 100 97,5

Fonte: elaborada pelos autores.

É possível observar nas Tabelas 5, 6 e 7, que nesta


forma de avaliação, a Sistemática nos estágios inicial e
emergentes elementar apresentou 100% de concordância (PC)
entre os avaliadores e no estágio proficiente 97,5%. A
Sistemática, de uma forma geral, alcançou 99% de concordância
(PC) entre os avaliadores, percentual obtido da média aritmética
da PC dos três estágios de desenvolvimento motor. Os
percentuais de concordância (PC) obtidos pela Sistemática, tanto
de forma geral como de forma individual, são suficientes para a
validação do conteúdo, conforme recomendam Topf (1986) e
Polit e Beck (2006) ao considerarem como uma taxa aceitável de
90% de concordância entre os avaliadores.
78

3.2.3.2 Versão final da Sistemática para avaliação observacional


do salto vertical de crianças

Os comentários dos avaliadores sobre o conteúdo e a


estrutura da Sistemática foram positivos, e a maioria das
sugestões foi acatada. Desta forma, a Sistemática passou por
uma reestruturação, e para a versão final foi adotado apenas um
instante de análise para cada fase do salto vertical, que são:
quadro da máxima flexão do joelho (fase preparatória), quadro do
inicio da extensão do joelho (fase de produção de força), quadro
da altura máxima atingida pelo quadril (fase de voo) e quadro da
máxima flexão do joelho (fase de aterrissagem). A versão final da
Sistemática para avaliação observacional do salto vertical pode
ser observada na Figura 19, a seguir:
79

Figura 19: Sistemática para avaliação observacional do salto vertical de


crianças.

Segmento Características do movimento Instante de Classificação


Fase Est. corporal análise
Braço Ao lado do corpo ou para
(BR) frente. Não usa o braço. Seg. BR Q JO Ger
Quadril/ Pequena flexão do quadril e Corp T al
oral
Tronco tronco próximo a vertical.
P
Inicial

(QT) Pequena inclinação do Está


R
tronco. gio
E
P Joelho Pequena flexão dos joelhos.
A (JO)
Comentários:
R
A Braço Começa a usar o braço no _______________________
T (BR) movimento. Pequena
Ó extensão do ombro. _______________________
Emergentes

R Quadril/ Grande flexão do quadril e


I _______________________
Tronco Inclinação exagerada do
A (QT) tronco para frente. ______________________

Joelho Grande flexão dos joelhos. _______________________


(JO)
_______________________
Braço Braços para frente. Extensão do
(BR) ombro.
_______________________
Proficiente

Quadril/ Pequena flexão do quadril e


Tronco inclinação do tronco para frente _______________________
(QT) sem exagero ou inibição.

Joelho Flexão dos joelhos próxima a 90°.


(JO)

Fase preparatória: inicia com a posição ereta, seguida de um agachamento para a


preparação para o salto, até a flexão dos joelhos. Instante de análise: quadro da máxima
flexão dos joelhos.
80

Continuação Figura 19.

Segmento Características do Instante de Classificação


Fas Est corporal movimento análise
e .
Braço (BR) Ao lado do corpo ou
para trás. Usa pouco o
Seg. BR Q JO Ger
braço Corp T al
P Quadril/ Pequena ou nenhuma oral
Inicial

R Tronco flexão do quadril e


O (QT) tronco próximo a Está
D vertical. Pouca gio
U inclinação do tronco.
Ç Joelho Extensão dos joelhos. Comentários:
à (JO)
O _______________________
Braço Braços para frente ou
(BR) para lateral. Extensão
D _______________________
Emergentes

do ombro.
Elementar

E
Quadril/ Flexão do quadril e
Tronco Inclinação do tronco _______________________
F
O (QT) para frente.
_______________________
R Joelho Pequena flexão dos
Ç (JO) joelhos.
_______________________
A Para frente e para
Braço (BR) cima. Extensão do
Proficiente

_______________________
ombro.
Quadril/ Extensão firme do _______________________
Tronco quadril e tronco.
(QT)
Joelho Extensão vigorosa dos
(JO) joelhos.
Fase de produção de força: inicia do agachamento, com a extensão do corpo para a
impulsão para o salto, e termina antes dos pés perderem o contato com o solo.
Instante de análise: primeiro quadro após o início da extensão do joelho.
81

Continuação Figura 19.


Segmento Características do Instante de Classificação
Fase Est. corporal movimento análise
Braço (BR) Ao lado do corpo ou para
trás. Não usa o braço. Seg. B Q J Ge
Quadril/ Grande flexão do quadril e Corp R T O ral
Inicial

Tronco inclinação do tronco para oral


(QT) frente.
Está
Joelho Grande flexão dos joelhos. gio
(JO)
V Braços afastados para as
O Braço laterais ou extensão Comentários:
O (BR) incompleta do ombro para
Emergentes

frente. __________________
Quadril/ Extensão incompleta do
Tronco quadril e tronco. Inclinação __________________
(QT) do tronco para trás.
Joelho Extensão incompleta dos __________________
(JO) joelhos.
__________________
Braço (BR) Braços para frente e para
cima. Extensão do ombro.
Proficiente

__________________
Quadril/
Tronco Extensão vigorosa do
(QT) quadril e tronco.
Joelho Extensão vigorosa dos
(JO) joelhos.

Fase de voo: inicia com a perda de contato dos pés com o solo através da projeção do corpo
para o alto, atingindo a altura máxima e retornando pouco antes do contato dos pés com o
solo. Instante de análise: quadro da máxima altura atingida pelo quadril.
82

Continuação Figura 19.


Segmento Características do movimento Instante de Classificação
Fase Est. corporal análise
Braço (BR) Ao lado do corpo ou para trás.
Quadril/ Pouca flexão do quadril.
Seg. B Q J Ge
Tronco Tronco próximo a vertical ou
A Corp R T O ral
Inicial

(QT) inclinado para trás. oral


T
Joelho
E
(JO) Pequena flexão dos joelhos. Está
R gio
R
I
S Braço Auxiliam no equilíbrio para as
S (BR) laterais ou permanecem ao Comentários:
A lado do corpo.
Emergentes

G ____________________
Quadril/ Flexão do quadril e inclinação
E
Tronco exagerada do tronco para
M ____________________
(QT) frente. Deslocamento
horizontal.
Joelho Flexão dos joelhos maior que ____________________
(JO) 90°.
____________________
Braço (BR) Braços para frente do corpo.
Quadril/ Flexão do quadril e inclinação
Proficiente

____________________
Tronco moderada do tronco para
(QT) frente. ___________________
Joelho Flexão dos joelhos próxima a
(JO) 90°.

Classificação geral (Moda):


Fase Prep. P.Força Voo Aterris. Geral

Estágio

Fase de aterrissagem: inicia com o primeiro contato do (s) pé(s) com o solo, com uma
flexão do corpo seguida de uma extensão até retornar a posição inicial. Instante de
análise: quadro da máxima flexão dos joelhos.

Fonte: produção dos autores.


83

3.3 MATRIZ DE AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO DE


DESENVOLVIMENTO MOTOR DO SALTO VERTICAL DE
CRIANÇAS

Os procedimentos metodológicos referentes a elaboração


e testagem de uma Matriz de avaliação do estágio de
desenvolvimento motor do salto vertical de crianças estão
divididos em subtópicos que são: concepção e caracterização,
elaboração e testagem da Matriz, conforme descrição a seguir:

3.3.1 Concepção e caracterização da Matriz

A Matriz de avaliação do estágio de desenvolvimento do


salto vertical de crianças foi concebida com base no Modelo de
Gallahue e na matriz de avaliação do salto vertical de Myers et
al. (1977 apud GALLAHUE; OZMUN, 2005, adaptada pelos
autores de GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2012), quanto à
classificação dos estágios de desenvolvimento motor em estágio
inicial, emergentes elementar e proficiente, e da divisão das
fases dos movimentos fundamentais em fase preparatória, fase
de produção de força, fase de voo e fase de aterrissagem, e em
processo estatístico de distribuição dos valores angulares de
segmentos corporais, determinados por processo biomecânico,
em instantes específicos da execução do salto.
É caracterizada como um instrumento de medida para a
análise e classificação do estágio de desenvolvimento motor do
salto vertical da criança, considerando valores de medidas
angulares obtidos da movimentação dos segmentos corporais
(braço, tronco, quadril e joelho) ao longo da execução da tarefa.
Consiste em determinar os intervalos de ângulos
intersegmentares correspondentes a cada estágio de
desenvolvimento motor (inicial, emergentes elementar e
proficiente), nas diferentes fases de execução do salto vertical
(preparatória, produção de força, voo e aterrissagem), nos
instantes de análise determinados na Sistemática para avaliação
observacional do salto vertical de crianças (item 3.2.3.2, Figura
19).
84

3.3.2 Elaboração da Matriz

Foram adotados os seguintes procedimentos para a


elaboração da Matriz: seleção dos participantes; definição dos
ângulos intersegmentares do estudo, coleta dos dados;
processamento e análise dos dados e determinação dos
intervalos dos ângulos intersegmentares para as diferentes fases
e estágio de desenvolvimento do salto vertical, conforme
descrição a seguir:

3.3.2.1 Seleção dos participantes

A escola foi escolhida de forma intencional, por se tratar


da maior escola em números de alunos do Estado de Santa
Catarina, por conter alunos em todas as faixas etárias do estudo
e devido ao consentimento dos responsáveis pela Instituição
para a realização da pesquisa.
Foram selecionadas 120 crianças, matriculados no
Ensino Fundamental 1, com idades entre 7 e 10 anos, de ambos
os sexos. A seleção da faixa etária, diferente do preconizado por
Gallahue, justifica-se pela dificuldade em encontrar crianças com
estágio de desenvolvimento motor do salto vertical emergentes
elementar e proficiente, na faixa etária de 2 a 7 anos, como
sugerem Gallahue, Ozmun e Goodway (2012).
As crianças foram escolhidas de forma intencional de
acordo com o estágio de desenvolvimento do salto vertical,
classificadas por meio da Matriz analítica para o salto vertical de
Myers et al. (1977 apud GALLAHUE; OZMUN, 2005), de forma a
compor três grupos, sendo 40 crianças para o estágio inicial, 40
para o estágio emergentes elementar e 40 para o estágio
proficiente. O número de crianças por grupo foi definido com
base no Teorema Central do Limite, que garante que com um “n”
maior que 30 as médias amostrais apresentam uma distribuição
que tende a distribuição normal (MOURÃO-JÚNIOR, 2009).
Os critérios de inclusão dos participantes no estudo
foram: estar matriculado e frequentando as aulas de Educação
Física e a ausência de alguma condição que poderia impedir ou
dificultar a realização do salto vertical.
As crianças confirmaram a participação na pesquisa por
meio da apresentação do termo de consentimento devidamente
85

preenchido e assinado (APÊNDICE 1).


A caracterização dos participantes desta etapa do estudo
quanto ao estágio de desenvolvimento do salto vertical, sexo,
idade, massa corporal, estatura e IMC, pode ser observada na
Tabela 8, a seguir:

Tabela 8 – Características dos participantes da elaboração da Matriz


quanto ao estágio de desenvolvimento do salto vertical, sexo, idade,
estatura, massa corporal e IMC.
Massa
Sexo Idade Estatura corporal IMC
2
Estágio n (anos) (m) (Kg) (Kg/m )

F M 
 
 
 

Inicial 40 7,6 1,28 29,6
20 20 17,8
Emergente
s 40 20 20 8,2 1,29 28,8 17,2

Proficiente
40 20 20 8,8 1,35 33,1 17,9
F: feminino; M: masculino
Fonte: elaborado pelos autores.

3.3.2.2 Definição dos ângulos intersegmentares do estudo

Para a elaboração da Matriz foram selecionados os


ângulos dos segmentos corporais dos movimentos presentes na
Matriz de Myers e colaboradores, que são: ângulo do braço em
relação ao tronco, ângulo do tronco em relação a vertical, ângulo
do quadril e ângulo do joelho (Figura 20), analisadas no
programa de edição e processamento de imagens ImageJ
(RASBAND, 1997).
86

Figura 20 – Ilustração dos ângulos intersegmentares do estudo.

Fonte: produção dos autores.

a) Ângulo do braço em relação ao tronco (δ): conceitualmente


definido pelo ângulo de afastamento (anterior ou posterior) do
braço em relação ao tronco. Operacionalmente mensurado, em
graus, por meio do ângulo relativo formado entre o braço
(segmento de reta  ) e o tronco no plano sagital (segmento

). Representa o posicionamento do segmento corporal braço,
nas diferentes fases do movimento.

b) Ângulo do tronco em relação a vertical (γ): conceitualmente


definido pelo ângulo formado entre o tronco e o eixo vertical y.
Operacionalmente mensurado, em graus, por meio do ângulo
relativo formado entre o segmento de reta  e o eixo vertical y.
Representa o posicionamento do segmento corporal tronco em
relação a vertical, nas diferentes fases do movimento.

c) Ângulo do quadril (β): conceitualmente definido pelo ângulo


formado entre o tronco e a coxa. Operacionalmente mensurado,
em graus, por meio do ângulo relativo formado entre os
87

 e 
segmentos de retas   . Representa o posicionamento do
segmento corporal quadril, nas diferentes fases do movimento.

d) Ângulo do joelho(α): conceitualmente definido pelo ângulo


relativo formado entre a coxa e a perna. Operacionalmente
mensurado, em graus, por meio do ângulo relativo formado entre
 e

os segmentos de retas  . Representa o posicionamento do


segmento corporal do membro inferior, nas diferentes fases do
movimento.

3.3.2.3 Coleta dos dados

Os dados foram coletados no próprio ambiente escolar da


criança, em uma quadra esportiva fechada e coberta, ao lado da
quadra em que habitualmente eram realizadas as aulas de
Educação Física. O local da coleta (Figura 21) foi preparado para
o evento, colocando-se um tapete em material emborrachado
sobre o piso para reduzir o impacto e proporcionar conforto e
segurança às crianças durante o salto; no centro do tapete foi
feita uma marcação para a visualização do ponto de impulso e de
queda do salto; a parede atrás ao local de execução do salto foi
revestida com um tecido em lycra, na cor preta, fosco, permitindo
uma melhor visualização do salto e dos marcadores refletivos
anatômicos. Como calibrador do sistema de aquisição
bidimensional foram utilizados mini cones, fixados nas
extremidades do tapete e na direção do salto (eixo x), distantes
150 cm um do outro.

Figura 21: Organização do local da coleta de dados.

Antes Depois

150 cm

Fonte: produção dos autores.


88

Foi utilizado um tripé para fixar a filmadora e posicioná-la


perpendicularmente ao plano do movimento do salto vertical, a
uma distância mínima (2,10 m) para que o movimento fosse
enquadrado no campo de visão da máquina (Figura 22).

Figura 22: Posição da filmadora para a coleta dos dados

Fonte: produção dos autores.

Os procedimentos metodológicos da coleta de dados


foram divididos em dois subtópicos: a) procedimentos
preliminares e b) coleta dos dados propriamente dita, conforme
abordagem a seguir:

a) Procedimentos preliminares para a coleta dos dados

a.1) Contato com o Diretor (a) ou responsável pela Escola


mediante visita para esclarecimentos sobre os objetivos da
pesquisa e procedimentos do estudo, e agendamento dos dias
de coleta;

a.2) Envio do termo de consentimento livre e esclarecido por


intermédio da criança, a fim de obter autorização dos pais ou
responsáveis, e para que os mesmos tivessem conhecimento
sobre os procedimentos metodológicos da pesquisa;
89

a.3) Treinamento dos pesquisadores:

a.3.1) Avaliação observacional: dois pesquisadores foram


treinados para a classificação do estágio de desenvolvimento
motor do salto vertical das crianças por meio da Matriz para a
avaliação do salto vertical de Myers e colaboradores e da
Sistemática do estudo (item 3.2.3.1). O treinamento consistiu na
avaliação e reavaliação dos estágios de desenvolvimento do
salto vertical de crianças durante o período de 30 dias. Após este
período, verificou-se o índice de concordância intra e inter-
avaliadores para a classificação do estágio de desenvolvimento
do salto vertical das crianças. Para isso, os dois pesquisadores
fizeram duas avaliações, em separado, do salto vertical de 30
crianças escolhidas por sorteio, com intervalo de 2 semanas
entre cada avaliação. Para a avaliação intra-avaliadores obteve-
se valores de correlação (Spearman-Brown) de 0,986 para o
primeiro avaliador e 0,932 para o segundo avaliador, e para a
avaliação inter-avaliadores obteve-se uma correlação de 0,884,
sugerindo uma alta reprodutibilidade das avaliações;

a.3.2) Medições angulares: um pesquisador foi treinado para


realizar as medições angulares durante o período de 30 dias. O
treinamento consistiu em realizar várias medições angulares dos
segmentos corporais de interesse do estudo, do salto vertical de
crianças. Após o período de treinamento, verificou-se o índice de
concordância intra-avaliador para as medições dos ângulos
intersegmentares. Para isto, O pesquisador realizou duas
medições do ângulos do braço em relação ao tronco, do ângulo
do tronco em relação a vertical, do ângulo do quadril e do ângulo
do joelho do salto vertical de 30 crianças, selecionadas por
sorteio, com intervalo de 2 semanas entre cada medição.
Obteve-se valores médios de correlação (Spearman-Brown)
intra-avaliador de 0.988, sugerindo uma alta reprodutibilidade das
avaliações.

b) Coleta dos dados propriamente dita.

b.1) No dia da coleta dos dados as crianças foram conduzidas,


pelos pesquisadores, do local da aula de Educação Física até o
local da coleta. Um dos pesquisadores preencheu a ficha de
90

identificação cadastral, na qual cada criança recebeu uma


identificação numérica (código) para assegurar o seu anonimato;

b.2) Na sequência foram coletadas as seguintes medidas:

b.2.1) Massa corporal: para a obtenção destas medidas adotou-


se o protocolo sugerido por Guedes e Guedes (2006, p.42), que
consiste em: “o avaliado, com o mínimo de roupa possível e
descalço, coloca-se em pé, no centro da plataforma da balança,
em posição ereta, de frente para a escala de medida da balança,
com os membros superiores pendentes ao lado do corpo, os pés
afastados a largura dos quadris, o peso distribuído igualmente
em ambos os pés e o olhar em ponto fixo a frente de modo a
evitar oscilações na leitura da medida”. Para a medição da
massa corporal as crianças estavam sem calçados, de bermuda
e camisetas;

b.2.2) Estatura: para a obtenção destas medidas adotou-se o


protocolo sugerido por Guedes e Guedes (2006, p.39), que
consiste em: “o avaliado posiciona-se em pé, de forma ereta,
com os membros superiores pendentes ao lado do corpo, os pés
unidos e as superfícies posteriores dos calcanhares, das
nádegas, da cintura escapular e da região occipital em contato
com a escala de medida. No momento da obtenção da medida, o
avaliado se coloca em inspiração máxima, acompanhada da
melhor postura corporal, a massa corporal distribuído igualmente
sobre ambos os pés e a cabeça orientada no plano Frankfurt
(paralelo ao solo), procurando alcançar sua estatura máxima”.

b.3) Após a obtenção das medidas de massa corporal e estatura,


procedeu-se a demarcação da criança, por meio da colocação de
marcadores refletivos nos eixos articulares de interesse para o
estudo (Figura 23). De acordo com o protocolo de Kalfhues apud
Riehle (1976), foram marcadas as seguintes referências
articulares: ombro (4,9 cm do canto superior distal do acrômio);
cotovelo (1,1 cm da fenda lateral proximal da articulação do
cotovelo); quadril (0,3 cm da ponta distal do trocânter); joelho
(2,6 cm da fenda proximal da articulação do joelho) e tornozelo
(1,3 cm da ponta distal do maléolo lateral);
91

Figura 23: Marcação dos eixos articulares de interesse para o estudo, com
base em Kalfhues apud Riehle (1976).

Fonte: produção dos autores.

b.4) Em seguida fez-se a demonstração do salto para a criança,


por meio de um vídeo com imagens da execução do salto vertical
por uma criança, com um estágio de desenvolvimento proficiente.
O vídeo utilizado serviu para padronizar a demonstração do salto
vertical para todas as crianças, garantindo que a informação
fornecida fosse sempre a mesma. Segundo Mccullagh e Caird
(1990), a demonstração de um modelo correto não interfere no
desempenho de uma reprodução motora;

b.5) Na sequência, as crianças foram instruídas a realizar o salto


vertical, descalças para padronizar a coleta dos dados, devendo
tomar impulso e cair no espaço delimitado para o salto, para que
o salto fosse considerado válido. Ao comando de voz do
pesquisador “salte para cima o mais alto que você conseguir”
teve início a aquisição das imagens. Cada criança executou três
saltos verticais, de modo a se ter, pelo menos, um salto válido.
92

3.3.2.4) Processamento e análise dos dados

Com a finalidade de classificar as crianças quanto ao


estágio de desenvolvimento motor e obter os valores angulares
e, foram adotados os seguintes procedimentos:

a) Inicialmente, as imagens foram analisadas a fim de verificar a


efetiva realização do salto vertical, com base nos critérios que
consideram o salto válido (iniciando e finalizando com ambos os
pés, dentro do espaço delimitado). Os saltos considerados
inválidos foram eliminados. Dos três saltos realizados por cada
criança, foi selecionado um salto para análise, de acordo com o
melhor padrão de movimento (mais próximo do estágio de
desenvolvimento do grupo na qual estava inserido) e que
apresentasse nitidez das partes de interesse para a medição
angular;

b) Os vídeos foram editados e arquivados em pastas individuais,


identificadas com o código que representa cada criança. Em
cada salto foram selecionados os quatro instantes (quadros) de
análise determinados na Sistemática do estudo (item 3.2.3.2),
que são: quadro da máxima flexão do joelho (fase preparatória),
quadro do início da extensão do joelho (fase de produção de
força), quadro da máxima altura atingida pelo quadril (fase de
voo) e quadro da máxima flexão do joelho (fase de
aterrissagem). Para estes procedimentos foi utilizado o programa
de edição de imagens Kinovea versão 0.8.15 (CHARMANT, sd);

c) Na sequência procedeu-se a análise do posicionamento dos


segmentos corporais (joelho, quadril, tronco e braço) para a
classificação isolada de cada um destes segmentos em estágio
inicial, emergentes elementar ou proficiente, por meio da
sistemática do estudo (item 3.2.3.2);

d) Em seguida foram medidos os ângulos intersegmentares, por


meio do programa de edição e processamento de imagens
ImageJ (RASBAND, 1997).

É importante ressaltar que, nas medidas do ângulo do


braço em relação ao tronco, para distinguir o posicionamento do
segmento em relação ao tronco, foi convencionado o sinal
93

positivo para movimentos na frente do tronco e o sinal negativo


para movimentos atrás do tronco. Para o ângulo do tronco em
relação a vertical, adotou-se sinal positivo para os movimentos
anteriores ao eixo y e sinal negativo para movimentos posteriores
ao eixo y.

3.3.2.5) Determinação dos intervalos dos ângulos


intersegmentares para as diferentes fases e estágio de
desenvolvimento do salto vertical de crianças

Foram realizados os seguintes procedimentos estatísticos


para a determinação dos intervalos angulares:

a) Caracterização dos valores angulares dos diferentes


segmentos corporais e nas diferentes fases do salto por meio da
estatística descritiva: distribuição de frequências, médias (),
desvio padrão (s), coeficiente de variação (CV%), mínimo (Min),
máximo (Max) e limite inferior e superior do intervalo de 95% de
confiança para a média;

b) Os intervalos dos ângulos intersegmentares correspondente a


cada estágio de desenvolvimento motor, nas diferentes fases do
salto vertical, foram determinados no programa estatístico SPSS
(Statistical Package for Social, versão 20), por meio da
identificação dos pontos de corte da análise da curva ROC
(Receiver Operating Characteristic). Foram plotadas duas curvas
ROC para cada ângulo em cada fase do salto, comparando
iniciais e não iniciais, determinando-se o primeiro ponto de corte.
Na sequência, proficiente e não proficiente, determinando-se
assim o segundo ponto de corte. Para a identificação dos
melhores pontos de corte foi utilizado o Índice de Youden (J),
pois segundo Perkins e Schisterman (2005), o “J” incide no ponto
de corte que aperfeiçoa a habilidade de diferenciação em
estudos onde são dados pesos iguais para sensibilidade e
especificidade e, segundo Leeflang et al. (2008), este é o método
de mais fácil aplicabilidade para sua identificação. O ponto de
corte foi escolhido como o ponto onde se obteve J (J = máximo
[sensibilidade(c) + especificidade(c) – 1], onde c é o valor de
cada ponto de corte). Outra medida utilizada foi a área sob a
curva ROC. Este índice permite informações sobre a eficiência
94

do sistema. O modelo dito ideal é aquele que apresenta valor


para área sob a curva igual a 1,0;

c) Para a confirmação dos pontos de corte, as curvas ROC foram


novamente plotadas e analisadas no programa estatístico
MedCalc (MedCalc software bvba, versão 11.5.1.0)

d) Para todas as analises foi adotado nível de confiabilidade


maior ou igual a 95% (p≤0,05);

d) Por meio dos resultados foi elaborado um Quadro


(Matriz) com os Intervalos dos ângulos intersegmentares
por fases e estágios de desenvolvimento do salto vertical
de crianças.

Finalizado o processo de elaboração, procedeu-se o


processo de testagem da Matriz, conforme abordagem a seguir.

3.3.3 Validação da Matriz

Para a testagem da Matriz foram adotados os seguintes


procedimentos: seleção dos participantes, coleta dos dados,
processamento e análise dos dados, testagem da Matriz,
conforme abordagem a seguir:

3.3.3.1) Seleção dos participantes

A escola foi escolhida de forma intencional por se tratar


da maior escola em números de alunos do Estado de Santa
Catarina, por conter alunos em todas as faixas etárias do estudo
e devido ao consentimento dos responsáveis pela Instituição
para a realização da pesquisa.
Para esta fase foram selecionadas 234 crianças com
idades entre 7 e 11 anos, de ambos os sexos, matriculados no
Ensino Fundamental I. As crianças foram selecionadas de forma
casual sistemática, de acordo com a listagem de alunos
matriculados fornecida pela Instituição Escolar. O número de
crianças foi definido por meio do cálculo amostral (GIL, 2002),
95

que definiu um n mínimo de 211 crianças, considerando um nível


de confiança de 95% e um erro aceitável de 5%.
Os critérios de inclusão dos participantes no estudo
foram: estar matriculado e frequentando as aulas de Educação
Física e a ausência de alguma condição que poderia impedir ou
dificultar a realização do salto vertical.
As crianças confirmaram a participação no estudo por
meio da apresentação do termo de consentimento devidamente
preenchido e assinado (APÊNDICE 1).
A caracterização dos participantes desta etapa do estudo
quanto ao sexo, idade, massa corporal, estatura e IMC, pode ser
observada na Tabela 9, a seguir:

Tabela 9 – Características dos participantes da testagem da Matriz quanto


ao sexo, idade, estatura, massa corporal e IMC.

Idade (anos) Estatura (m) Massa corporal (Kg) IMC


2
Sujeito (sexo) (Kg/m )

 
 
 

Feminino
8,80 1,35 33,53
(n = 132) 1,35
Masculino
8,82 1,34 32,61
(n = 102) 1,34
Total
8,81 1,35 33,07
(n = 234) 1,35
Fonte: elaborada pelos autores.

3.3.3.2) Coleta dos dados

Para a coleta dos dados foram adotados os seguintes


procedimentos:

a) Anteriormente a coleta dos dados solicitou-se autorização do


Diretor da Escola para a realização do estudo, agendamento da
data para a realização das coletas e envio do termo de
consentimento livre e esclarecido por intermédio das crianças;

b) A coleta dos dados aconteceu no ambiente escolar da criança,


em um local fechado e preparado para o evento (tapete
96

emborrachado sobre o piso e com linha demarcatória ao centro,


parede revestida com tecido na cor preta). A filmadora foi
acoplada a um tripé e posicionada perpendicularmente ao plano
do movimento do salto vertical;

c) As crianças foram levadas até o local da coleta de dados pelo


seu Professor de Educação Física, e cada criança recebeu um
código para assegurar o seu anonimato. Foram coletadas as
medidas de massa corporal e estatura (GUEDES; GUEDES,
2006), e procedeu-se a colocação de marcadores refletivos nos
eixos articulares de interesse para o estudo (KALFHUES apud
RIEHLE, 1976);

d) Na sequência fez-se a demonstração do salto às crianças por


meio de um vídeo com imagens da execução de um salto vertical
por uma criança, com um estágio de desenvolvimento proficiente.
Após, as crianças foram instruídas a realizar o salto vertical,
descalças para padronizar a coleta dos dados, devendo tomar
impulso e cair no mesmo lugar, para que o salto fosse
considerado válido. Ao comando de voz do pesquisador “salte
para cima o mais alto que você conseguir” teve início a aquisição
das imagens. Cada criança executou um salto considerado
válido.

3.3.3.3) Processamento e análise dos dados

Foram adotados os seguintes procedimentos para o


tratamento e análise dos dados:

a) Edição dos vídeos para o arquivamento em pastas individuais,


identificadas com o código que representa cada criança;

b) Seleção dos seguintes instantes de análise: quadro da


máxima flexão do joelho (fase preparatória), quadro do início da
extensão do joelho (fase de produção de força), quadro da
máxima altura atingida pelo quadril (fase de voo) e quadro da
máxima flexão do joelho (fase de aterrissagem);

e) Medição dos ângulos intersegmentares (ângulo do braço em


relação ao tronco, ângulo do tronco em relação a vertical, ângulo
97

do quadril e ângulo do joelho), nos instantes de interesse;

d) Classificação do estágio de desenvolvimento motor do salto


vertical da criança por meio da Matriz analítica do salto vertical
de Myers e colaboradores, na qual classifica o estágio de
desenvolvimento do salto da criança pelo segmento mais
atrasado;

e) Classificação do estágio de desenvolvimento motor do salto


vertical da criança por meio da Matriz proposta no estudo,
adotando-se o critério de classificação geral proposto por Myers
e colaboradores, na qual o estágio de desenvolvimento do salto
da criança é classificado pelo segmento mais atrasado;

f) Classificação do estágio de desenvolvimento motor do salto


vertical da criança por meio da Matriz proposta no estudo,
classificando o estágio de desenvolvimento do salto da criança
pela medida de tendência central Moda, ou seja, pelo estágio
que ocorre com mais frequência. No empate entre os estágios, o
salto da criança foi classificado no estágio emergentes
elementar.

3.3.3.4) Testagem da Matriz

Para verificar o índice de concordância (testar a validade


concorrente da Matriz proposta) entre os resultados obtidos da
classificação das crianças por diferentes critérios foi utilizada a
correlação de Spearman-Brown. Na Figura 24, a seguir, é
possível observar uma esquematização para as correlações
entre os resultados.
98

Figura 24: Esquematização para as correlações entre os resultados das


classificações do desenvolvimento motor do salto vertical da criança.

Fonte: produção dos autores.

3.4 POSSÍVEIS LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Como possíveis limitações do estudo se pode destacar:

a) A idade das crianças (7 a 11 anos) diferente do preconizado


por Gallahue (2 a 7 anos);

b) A situação de avaliação em ambiente aberto ao público


escolar, podendo ocasionar algum tipo de constrangimento nas
crianças ao serem observadas e filmadas;

c) O possível desconforto com os marcadores refletivos nos


eixos articulares de interesse do estudo.

Buscando minimizar estas limitações, as crianças foram


familiarizadas ao ambiente de coleta e instrumentos de medida, e
executaram alguns saltos antes do início da aquisição das
imagens.
99

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo está organizado em tópicos de acordo com


os objetivos específicos do estudo. Inicialmente é apresentada a
caracterização das amplitudes angulares dos segmentos
corporais das crianças nos diferentes estágios de
desenvolvimento e fases do salto vertical. Em seguida, são
apresentados os resultados referentes a identificação dos
intervalos dos ângulos intersegmentares correspondentes a cada
estágio de desenvolvimento e fases do salto vertical das
crianças. Finalizando o capítulo, são apresentados os resultados
da validação da Matriz proposta.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS AMPLITUDES ANGULARES NOS


DIFERENTES ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO E FASES
DO SALTO VERTICAL

Com o propósito de responder ao primeiro objetivo


específico do estudo “caracterizar as amplitudes angulares de
segmentos corporais de crianças nos estágios de
desenvolvimentos e fases do salto vertical”, fez-se a
caracterização das amplitudes angulares dos segmentos
corporais nos estágios de desenvolvimento (inicial, emergentes
elementar e proficiente), nas quatro fases do salto vertical. Os
resultados estão apresentados nas Tabelas 10 a 25 e ilustrados
nas Figuras 25 a 40.
Este tópico está dividido em subtópicos de forma a
analisar cada segmento corporal de interesse do estudo a partir
do ângulo do braço em relação ao tronco, ângulo do tronco em
relação a vertical, ângulo do quadril e ângulo do joelho nas fases
do salto vertical.
O salto vertical foi dividido em quatro fases, para efeito de
análise: fase preparatória, produção de força, voo e
aterrissagem. A fase preparatória inicia-se na posição em pé,
seguida de um agachamento até a flexão máxima dos joelhos; a
fase de produção de força tem início após o agachamento
preparatório, com o início da extensão do joelho para a impulsão
do corpo para o alto e termina antes da perda de contato dos pés
100

com o solo; a fase de voo inicia-se após a impulsão do corpo


para o alto, com a perda de contato dos pés com o solo, segue
até atingir a altura máxima e retornar em queda, finalizando
antes dos pés tocarem o solo; e a fase de aterrissagem inicia-se
após o voo, com o primeiro contato dos pés com o solo, seguida
de um agachamento e o retorno à posição inicial com a extensão
dos membros inferiores.
Os instantes de análise em cada fase do salto vertical
foram determinados na Sistemática para avaliação observacional
do salto vertical de crianças (item 3.2.3.1), que são: 1) fase
preparatória – quadro/instante da máxima flexão do joelho; 2)
fase de produção de força – primeiro quadro/instante após o
início da extensão do joelho; 3) fase de voo – quadro/instante da
altura máxima atingida pelo quadril; 4) fase de aterrissagem –
quadro/instante da máxima flexão do joelho.

4.1.1 Caracterização do ângulo do braço em relação ao tronco


nos diferentes estágios de desenvolvimento e fases do salto
vertical

Inicialmente realizou-se a caracterização do ângulo do


braço em relação ao tronco na fase preparatória nos estágios de
desenvolvimento do salto vertical. Os resultados desta
caracterização podem ser observados na Tabela 10 e ilustrados
na Figura 25, a seguir:
101

Tabela 10 – Características dos ângulos do braço em relação ao tronco na


fase preparatória nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Intervalo de
Mínimo Máximo
Estágio  (°) s (°) CV% 95% confiança
(°) (°)
para média (°)
Inicial
4,75 1,32 27,87 2,23 6,76 4,28 5,22
(n=33)
Emerg
entes 15,60 3,08 19,77 9,98 20,59 14,58 16,61
(n=38)
Profici
ente 30,20 4,09 13,56 23,34 38,03 29,02 31,37
(n=49)
Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 25: Gráfico box-splot do ângulo do braço em relação ao tronco na


fase preparatória nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.

Fonte: produção dos autores.


102

Ao analisar os dados apresentados na Tabela 10 e


ilustrados na Figura 25, constata-se um aumento gradual no
valor angular do estágio inicial para o estágio proficiente. Estes
dados podem indicar que as crianças do estágio proficiente
tendem a utilizar mais os braços na preparação para o salto do
que as crianças dos estágios inicial e emergentes elementar,
sugerindo uma tendência na qual a criança começa a utilizar os
braços na fase preparatória, a medida que progride os estágios
de desenvolvimento do salto vertical.
Na análise da homogeneidade dos dados, percebe-se
uma média variabilidade nos estágios proficiente (13,56%) e
emergentes elementar (19,77%), e uma alta variabilidade no
estágio inicial (27,82%). Segundo Gomes (2000) e Rodrigues
(2010) coeficientes de variação inferiores a 10% são
considerados de baixa variação, entre 10% e 20% de média
variabilidade, entre 20% e 30% de alta variabilidade e superiores
a 30% de altíssima variabilidade. A alta variabilidade constatada
no estágio inicial pode estar justificada, na falta de padronização
da posição dos braços na preparação para saltar, por parte das
crianças deste estágio.
Quanto a amplitude, constatou-se que o estágio
proficiente apresentou a maior amplitude angular (14,69°) na
posição do braço na fase preparatória, seguido do estágio
emergentes elementar (10,61°) e do estágio inicial (4,53°).
Em relação a literatura específica, não foram encontrados
estudos com o ângulo do braço em relação ao tronco na fase
preparatória do salto vertical. Os estudos encontrados referem-se
a uma classificação anterior (GALLAHUE; OZMUN, 2005) a
reclassificação das fases de execução dos movimentos
fundamentais por Gallahue, Ozmun e Goodway (2012), em fase
preparatória, produção de força, voo e aterrissagem. Embora
esta classificação não fixe valores para os ângulos, na
classificação anterior os movimentos fundamentais
apresentavam três fases que correspondem a três das quatro
fases atuais, que são: fase de propulsão (fase de produção de
força), fase de voo (fase de voo) e fase de aterrissagem (fase de
aterrisagem).
Não foi possível comparar os resultados encontrados
para o ângulo do braço em relação ao tronco na fase
preparatória do salto vertical com a literatura clássica, pois Myers
103

et al. (1977 apud GALLAHUE; OZMUN, 2005), não caracterizam


a ação dos braços nesta fase.

Na sequência, procedeu-se a caracterização do ângulo


do braço em relação ao tronco na fase de produção de força nos
estágios de desenvolvimento do salto vertical. Na tabela 11 e na
Figura 26, a seguir, podem ser observados os resultados desta
caracterização.

Tabela 11 – Características dos ângulos do braço em relação ao tronco na


fase de produção de força nos estágios de desenvolvimento do salto
vertical.
Intervalo de
Mínimo Máximo
Estágio  (°) s (°) CV% 95% confiança
(°) (°)
para média (°)
Inicial
0,93 6,24 * -6,82 7,99 -1,28 3,14
(n=33)
Emerge
ntes 36,12 6,15 17,03 25,13 49,12 34,10 38,14
(n=38)
Proficie
nte 65,66 7,42 11,30 52,66 78,88 62,53 67,79
(n=49)
* a variabilidade não foi considerada por apresentar valores angulares
positivos e negativos.
Fonte: elaborada pelos autores.
104

Figura 26: Gráfico box-splot do ângulo do braço em relação ao tronco na


fase de produção de força nos estágios de desenvolvimento do salto
vertical.

Fonte: produção dos autores.

Observa-se nos dados apresentados na Tabela 11 e


ilustrados na Figura 26, um aumento gradual no valor do ângulo
do braço na fase de produção de força do estágio inicial ao
estágio proficiente. Observa-se também, valores positivos e
negativos no estágio inicial, indicando que algumas crianças
deste estágio posicionaram o braço para trás do corpo durante a
impulsão para o salto. O posicionamento do braço nesta fase do
salto vertical ocorreu de forma muito semelhante ao observado
na fase preparatória, na qual as crianças do estágio proficiente
movimentaram o braço de forma intensa, enquanto que as
crianças dos estágios emergentes elementar movimentaram de
forma menos intensa e do estágio inicial de forma bastante
inibida.
Quanto a homogeneidade dos dados, se constatou uma
média variabilidade para os estágios proficiente (11,30%) e
estágio emergentes elementar (17,03%) (GOMES, 2000;
RODRIGUES, 2010). No estágio inicial a variabilidade não foi
considerada, devido ao ângulo do braço apresentar valores
105

positivos e negativos, deixando a média próximo do valor zero, e,


elevando consideravelmente o coeficiente de variação.
A maior amplitude angular na movimentação dos braços
na fase de produção de força ocorreu no estágio proficiente
(26,22°), seguido do estágio emergentes elementar (23,99°) e do
estágio inicial (14,81°).
Os dados verificados neste estudo não são semelhantes
aos resultados de Alves (2009), que ao analisar o salto vertical
de 91 crianças com idade entre 5 e 15 anos, verificou maiores
valores médios para o estágio emergentes elementar (-40,40°) e
menores valores médios para o estágio inicial (-1,99°). A autora
obteve também, valores positivos e negativos para o ângulo do
braço na fase de impulsão em todos os estágios de
desenvolvimento do salto vertical, diferente deste estudo que
encontrou estes valores apenas no estagio inicial. De acordo
com os resultados parciais destes estudos é possível sugerir que
a maioria das crianças do estágio inicial utilizou pouco ou não
utilizou o braço na fase de produção de força do salto vertical.
Os resultados obtidos neste estudo para os estágios
inicial e proficiente estão de acordo com o proposto por Myers et
al. (1977 apud GALLAHUE; OZMUN, 2005), na qual as crianças
no estágio inicial tendem a não coordenar os braços com a ação
das pernas, enquanto que no estágio proficiente tendem a elevar
os braços de forma simultânea, na fase de produção de força do
salto vertical. Características que foram observadas neste
estudo. Para o estágio emergentes elementar estes autores não
caracterizam o movimento do braço nesta fase do salto.

Na sequência, fez-se a caracterização do ângulo do


braço em relação ao tronco na fase de voo nos estágios de
desenvolvimento do salto vertical. Na tabela 12 e na Figura 27, a
seguir, podem ser observados os resultados desta
caracterização:
106

Tabela 12 – Características dos ângulos do braço em relação ao tronco na


fase de voo nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Intervalo de
Mínimo Máxim
Estágio  (°) s (°) CV% 95% confiança
(°) o (°)
para média (°)
Inicial
-3,82 11,99 * -19,91 9,75 -7,87 0,23
(n=36)
Emerg
entes 72,80 7,61 10,44 55,10 85,12 70,68 74,92
(n=52)
Profici
ente 96,57 6,42 6,64 86,11 108,38 94,25 98,88
(n=32)
* a variabilidade não foi considerada por apresentar valores angulares
positivos e negativos.
Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 27: Gráfico box-splot do ângulo do braço em relação ao tronco na


fase de voo nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.

Fonte: produção dos autores.


107

Analisando os dados expostos na Tabela 12 e ilustrados


na Figura 27, constata-se, assim como nas fases anteriores, um
aumento gradual do ângulo do braço no auge da fase de voo do
estágio inicial para o estágio proficiente. Constata-se também no
estágio inicial, valores médios negativos e muito abaixo dos
valores obtidos para os outros estágios. Estes dados podem
indicar, que a maioria das crianças do estágio inicial pouco
movimentou os braços na fase de voo, e quando o fez,
posicionou o braço para trás do corpo, enquanto que nos
estágios emergentes elementar e proficiente a maioria das
crianças posicionou o braço para o alto e para frente do corpo.
Constatou uma média variabilidade para o estágio
emergentes elementar (10,44%) e uma baixa variabilidade para o
estágio proficiente (6,64%) (GOMES, 2000; RODRIGUES, 2010).
A variabilidade não foi considerada para o estágio inicial por
apresentar valores angulares negativos e positivos, trazendo a
média angular próxima do valor zero, não sendo um bom
parâmetro para verificar a variabilidade dos dados.
Os estágios inicial e emergentes elementar apresentaram
as maiores amplitude angulares para o ângulo do braço na fase
de voo, com valores de 29,33° e 30,02°, respectivamente,
enquanto o estágio proficiente apresentou o menor valor
(22,27°). Estes dados podem sugerir que algumas crianças dos
estágios inicial e emergentes elementar utilizaram os braços para
equilibrar-se durante o voo, enquanto que as crianças do estágio
proficiente utilizaram o braço para elevar o corpo para o alto.
Os dados obtidos neste estudo para o ângulo do braço na
fase de voo do salto vertical, são diferentes dos dados obtidos
por Alves (2009), na qual encontrou maiores valores médios para
o estágio proficiente (161,43°) e menores valores médios para o
estágio emergentes elementar (84,81°). A autora também
observou valores positivos e negativos apenas para o estágio
inicial. Os valores obtidos por Alves (2009) para o estágio
proficiente são maiores, sugerindo que as crianças do estágio
proficiente deste estudo, tendem a elevar menos os braços para
frente e para o alto durante o voo.

Os resultados deste estudo para o ângulo do braço na


fase de voo do salto vertical, nos três estágios de
desenvolvimento, estão de acordo com o sugerido por Myers et
al. (1977 apud GALLAHUE; OZMUN, 2005). Segundo os autores,
108

as crianças no estágio inicial tendem a não coordenar os braços


com a ação das pernas; as crianças do estágio emergentes
elementar tendem a auxiliar com os braços o voo e o equilíbrio,
e, as crianças do estágio proficiente tendem a projetar o braço
para frente e para cima, com intuito de alcançar a maior altura
possível. Características que foram observadas neste estudo.

Concluindo a análise do ângulo do braço em relação ao


tronco, fez-se a caracterização do ângulo do braço na fase de
aterrissagem nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Na tabela 13 e na Figura 28, a seguir, podem ser observados os
resultados desta caracterização:

Tabela 13 – Características dos ângulos do braço em relação ao tronco na


fase de aterrissagem nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Intervalo de
Mínimo Máximo
Estágio  (°) s (°) CV% 95% confiança
(°) (°)
para média (°)
Inicial
-0,26 3,48 * -6,22 4,01 -1,42 0,89
(n=37)
Emerg
entes 10,33 2,96 28,66 5,78 15,22 9,45 11,19
(n=47)
Proficie
nte 27,41 6,23 22,7 16,44 39,18 25,30 29,51
(n=36)
* a variabilidade não foi considerada por apresentar valores angulares
positivos e negativos.
Fonte: elaborada pelos autores.
109

Figura 28: Gráfico box-splot do ângulo do braço em relação ao tronco na


fase de aterrissagem nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.

Fonte: produção dos autores.

Analisando-se os dados apresentados na Tabela 13 e


ilustrados na Figura 28, constata-se que os valores médios do
ângulo do braço na fase de aterrissagem são maiores para o
estágio proficiente em relação ao estágio emergentes e estes
são maiores em relação ao inicial. O estágio inicial apresentou
valor médio negativo, indicando que a maioria das crianças deste
estágio posicionou o braço para trás do corpo ao pousar. Os
resultados obtidos para o ângulo do braço na fase de
aterrissagem são semelhantes aos resultados observados nas
fases anteriores, com movimentação gradual dos braços do
estágio inicial para o estágio proficiente.
Para o ângulo do braço em relação ao tronco na fase de
aterrissagem os estágios emergentes elementar e proficiente
apresentaram uma alta variabilidade, com valores percentuais
de, respectivamente, 22,7% e 28,66% (GOMES, 2000;
RODRIGUES, 2010). No estágio inicial a variabilidade não foi
considerada, tendo em vista que o valor mínimo e máximo do
deslocamento angular apresentou valores negativos e positivos,
110

trazendo a média angular próxima do valor zero, não sendo um


bom parâmetro para verificar a variabilidade dos dados.
Os resultados obtidos neste estudo são diferentes dos
resultados de Alves (2009), na qual encontrou maiores valores
médios para o estágio emergentes elementar (77,86°) e menores
valores médios para o estágio inicial (-11,79°). Divergindo
também de Alves (2009), que detectou valores positivos e
negativos para o ângulo do braço na fase de aterrissagem para
os estágios inicial e emergentes elementar, este estudo detectou
valores negativos apenas no estágio inicial. De acordo com os
resultados parciais destes estudos, é possível sugerir que no
estágio inicial as crianças tendem a posicionar os braços para
trás do corpo na aterrissagem do salto vertical.
O estágio proficiente apresentou a maior amplitude
angular (22,74°), seguido do estágio inicial (10,23°) e do estágio
emergentes elementar (9,44°) para o posicionamento do braço
na fase de aterrissagem do salto vertical.
Não foi possível comparar os resultados obtidos neste
estudo para o ângulo do braço em relação ao tronco na fase de
aterrissagem do salto vertical com Myers et al. (1977 apud
GALLAHUE; OZMUN, 2005), porque estes autores não
apresentam as características de posicionamento dos membros
superiores nesta fase do salto vertical.

O ângulo do braço apresentou um posicionamento


semelhante nas quatro fases do salto vertical. Algumas crianças
do estágio inicial não movimentaram os braços enquanto outras
movimentaram discretamente os braços para frente ou para trás
do corpo em todas as fases do salto. Já as crianças do estágio
emergentes elementar movimentaram mais os braços do que as
crianças do estágio inicial e menos do que as crianças do estágio
proficiente. E, as crianças o estágio proficiente movimentaram os
braços de forma mais acentuada, principalmente nas fases de
produção de força e voo na intenção de alcançar maior impulsão
e altura.
O posicionamento do braço no salto vertical mostrou-se
bastante característico para cada estágio de desenvolvimento,
havendo uma tendência da utilização do braço a medida que
ocorre o progresso no estágio de desenvolvimento, ou seja,
quanto mais adiantado no estágio de desenvolvimento, mais
111

utiliza o braço para saltar. Assim, pode-se sugerir que o ângulo


do braço pode ser utilizado como parâmetro para a classificação
do estágio de desenvolvimento do salto vertical.

4.1.2 Caracterização do ângulo do tronco em relação a vertical


nos diferentes estágios de desenvolvimento e fases do salto
vertical

Terminada a análise do ângulo do braço em relação ao


tronco, fez-se a caracterização do ângulo do tronco em relação a
vertical nas fases e estágios de desenvolvimento do salto
vertical, iniciando pela fase preparatória. Os resultados desta
caracterização podem ser observados na Tabela 14 e na Figura
29, a seguir:

Tabela 14 – Características dos ângulos do tronco em relação a vertical na


fase preparatória nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Intervalo de
Mínimo Máximo
Estágio  (°) s (°) CV% 95% confiança
(°) (°)
para média (°)
Inicial
5,88 2,51 42,53 1,25 9,98 5,14 6,61
(n=47)
Emerg
68,7
entes 71,60 8,43 11,76 59,33 84,21 74,44
(n=36)
4
Profici
34,1
ente 36,31 6,35 17,48 28,50 50,71 38,42
(n=37)
9
Fonte: elaborada pelos autores.
112

Figura 29: Gráfico box-splot do ângulo do tronco em relação a vertical na


fase preparatória nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.

Fonte: produção dos autores.

Na Tabela 14 e Figura 29, observa-se que o estágio


emergentes elementar obteve os maiores valores para o ângulo
do tronco na fase preparatória e apresentou a maior amplitude
angular (24,88°). Percebe-se que este estágio obteve um valor
angular muito elevado (71,60°) em relação ao estágio inicial
(5,88°) e proficiente (36,31°), sugerindo que a maioria das
crianças do estágio emergentes elementar flexionou em demasia
o tronco ao se preparar para saltar. Estes dados podem indicar
que para o grupo estudado, as crianças do estágio inicial tendem
a manter o tronco em extensão, próximo a vertical, na fase
preparatória do salto vertical, diferente das crianças do estágio
emergentes elementar que tendem a flexionar de forma
exagerada, e do estágio proficiente que tendem a flexionar de
forma moderada.
Os estágios emergentes elementar e proficiente
apresentaram uma média variabilidade para o ângulo do tronco
na fase preparatória, com valores percentuais de,
respectivamente, 11,76% e 17,48%, e o estágio inicial uma
altíssima variabilidade (42,53%) (GOMES, 2000; RODRIGUES,
113

2010). Esta altíssima variabilidade no estágio inicial pode estar


justificada, no fato da maioria das crianças deste grupo não ter
uma postura de tronco definida para se preparar para saltar.
Algumas mantiveram o tronco ereto, quase sem nenhuma flexão,
e outras, apresentaram uma pequena flexão do tronco.
Conforme comentado na análise do ângulo do braço em
relação ao tronco na fase preparatória, devido, provavelmente, a
recente reclassificação das fases dos movimentos fundamentais
por Gallahue, Ozmun e Goodway (2012), não foram encontrados
estudos sobre o ângulo do tronco na fase preparatória, para
comparar os dados.
As características de posicionamento do tronco na fase
preparatória do salto vertical para os estágios de
desenvolvimento observadas neste estudo, são semelhantes ao
preconizado por Myers et al. (1977 apud GALLAHUE; OZMUN,
2005). Segundo os autores, as crianças no estágio inicial
apresentam um agachamento preparatório inconsistente,
mantendo o tronco próximo a vertical, enquanto que no estágio
emergentes elementar flexionam de forma exagerada o tronco e
no estágio proficiente agacham de forma consistente, com flexão
do tronco sem exagero ou inibição.

Na sequência fez-se a caracterização do ângulo do


tronco em relação a vertical na fase de produção de força nos
estágios de desenvolvimento do salto vertical. Os resultados
desta caracterização podem ser observados na Tabela 15 e na
Figura 30, a seguir:
114

Tabela 15 – Caracterização dos ângulos do tronco em relação a vertical na


fase de produção de força nos estágios de desenvolvimento do salto
vertical.
Intervalo de
Mínimo Máximo
Estágio  (°) s (°) CV% 95% confiança
(°) (°)
para média (°)
Inicial
5,11 2,36 46,25 1,05 8,88 4,41 5,80
(n=47)
Emerge
ntes 64,71 5,61 8,66 56,90 75,44 62,81 66,60
(n=36)
Proficie
nte 22,64 5,67 25,05 15,30 35,76 20,74 24,52
(n=37)
Fonte: elaborada pelos autores

.Figura 30: Gráfico box-splot do ângulo do tronco em relação a vertical na


fase de produção de força nos estágios de desenvolvimento do salto
vertical.

Fonte: produção dos autores.


115

Semelhante ao observado na fase preparatória, nota-se


nos dados apresentados na Tabela 15 e ilustrados na Figura 30,
que o estágio emergentes elementar obteve os maiores valores
angulares, seguido do estágio proficiente e estágio inicial. Nesta
fase, os valores angulares do tronco são menores em relação a
fase preparatória, tendo em vista que para proporcionar uma
melhor impulsão, o tronco tende a se aproximar da vertical.
Observou-se que a maioria das crianças do estágio emergentes
elementar apresentou pouca extensão do tronco, assumindo uma
postura diferenciada dos outros estágios ao impulsionar o corpo
para o alto. As crianças do estágio inicial e proficiente
apresentaram um comportamento semelhante ao estenderem
mais o tronco ao impulsionar para o salto.
Na análise da homogeneidade dos dados se constatou
uma altíssima variabilidade no estágio inicial (46,25%), uma alta
variabilidade no estágio proficiente (25,05%) e uma baixa
variabilidade no estágio emergentes elementar (8,66°) (GOMES,
2000; RODRIGUES, 2010). A altíssima variabilidade no estágio
inicial observada na fase preparatória volta a se repetir nesta
fase, reforçando a justificativa na qual as crianças deste estágio
não apresentam uma postura de tronco definida na preparação e
impulsão do salto.
Comparando os resultados deste estudo com os
resultados de Gatti (2005), que estudou o salto vertical de 22
meninas (7,6±2,9 anos) e 17 meninos (8,5±2 anos), e de Alves
(2009), percebe-se uma semelhança entre os resultados. Gatti
(2005), detectou que o estágio emergentes elementar apresentou
os maiores valores médios (29,46°) para o ângulo do tronco na
fase de impulsão e o estágio inicial os menores valores médios
(12,81°). Alves (2009), também detectou em seu estudo, maiores
valores médios no estágio emergentes elementar (53,11°) e
menores valores médios para o estágio inicial (23,74°). Havendo
uma concordância entre os estudos, se pode sugerir que no
estágio emergentes elementar as crianças tendem a estender
menos o tronco do que as crianças dos outros estágios ao
impulsionar o corpo para o alto.

Os resultados deste estudo estão de acordo com a


citação de Myers et al. (1977 apud GALLAHUE; OZMUN, 2005),
que se refere que ao impulsionar o corpo para o alto durante o
salto vertical, as crianças do estágio inicial mantém o tronco
116

ereto, próximo a vertical, com mínima flexão para frente; já as


crianças do estágio emergentes elementar não estendem
completamente o tronco e tendem a flexionar de forma
acentuada o tronco para frente; e no estágio proficiente as
crianças apresentam uma extensão do tronco, com moderada
flexão. Foi possível observar neste estudo características
semelhantes para cada um dos estágios de desenvolvimento do
salto vertical.

Em seguida fez-se a caracterização do ângulo do tronco


em relação a vertical na fase de voo nos estágios de
desenvolvimento do salto vertical. Os resultados desta
caracterização podem ser observados na Tabela 16 e na Figura
31, a seguir:

Tabela 16 – Características dos ângulos do tronco em relação a vertical na


fase de voo nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Intervalo de
Mínimo Máximo
Estágio  (°) s (°) CV% 95% confiança
(°) (°)
para média (°)
Inicial
31,80 10,51 33,05 19,09 48,18 28,24 35,35
(n=40)
Emerge
ntes 14,19 3,29 23,24 9,44 22,11 13,10 15,27
(n=40)
Proficie
nte 1,21 2,86 * -3,67 4,20 0,36 2,06
(n=40)
* a variabilidade não foi considerada por apresentar valores angulares
positivos e negativos.
Fonte: elaborada pelos autores.
117

Figura 31: Gráfico box-splot do ângulo do tronco em relação a vertical na


fase de voo nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.

Fonte: produção dos autores.

Na fase de voo, diferente do observado nas fases


preparatória e produção de força, nota-se nos dados dispostos
na Tabela 16 e ilustrados na Figura 31, um aumento gradual da
extensão do tronco do estágio inicial (31,80°) até o estágio
proficiente (1,21°). Nota-se também, valor mínimo negativo para
o estágio proficiente (-3,67°), sugerindo que algumas crianças
deste estágio, no auge do voo, estenderam o tronco além da
vertical (hiperextensão). Os resultados obtidos podem indicar,
que grande parte das crianças do estágio inicial na fase de voo,
estendeu menos o tronco do que as crianças dos outros
estágios. E, as crianças do estágio emergentes elementar
entenderam mais o tronco do que as crianças do estágio inicial e
menos do que as crianças do estágio proficiente.
Quando se analisa a variação dos dados, se observa
uma média variabilidade no estágio inicial (19,09%) e uma baixa
variabilidade no estágio emergentes elementar (9,44%)
(GOMES, 2000; RODRIGUES, 2010). No estágio proficiente a
variabilidade não foi considerada, devido ao ângulo do tronco
apresentar valores positivos e negativos, deixando a média
118

próximo do valor zero, e, elevando consideravelmente o


coeficiente de variação.
Os resultados encontrados para o ângulo do tronco são
semelhantes aos resultados obtidos por Gatti (2005) e Alves
(2009) e na qual encontraram, respectivamente, maiores valores
médios para o estágio inicial (10,73° e 29,98°) e menores valores
médios para o estágio proficiente (4,09° e 0,30°). Assim como
neste estudo, Alves (2009) obteve valores angulares positivos e
negativos na fase de voo para o estágio proficiente. De acordo
com os resultados dos estudos, pode-se sugerir uma tendência
das crianças no estágio inicial em não estender adequadamente
o tronco durante o voo enquanto que as crianças do estágio
proficiente mantêm o tronco mais estendido.
As características observadas para o ângulo do tronco na
fase de voo no diferentes estágios de desenvolvimento do salto
vertical, estão em concordância com Myers et al. (1977 apud
GALLAHUE; OZMUN, 2005), na qual sugerem que as crianças
no estágio inicial durante o voo tendem a flexionar o tronco para
frente, no estágio emergentes elementar não estendem
totalmente o corpo, e no estágio proficiente apresentam uma
extensão total do corpo durante o voo do salto vertical.

Finalizando a análise do posicionamento do tronco em


relação a vertical, fez-se a caracterização do ângulo do tronco na
fase de aterrissagem nos estágios de desenvolvimento do salto
vertical. Na tabela 17 e na Figura 32, a seguir, podem ser
observados os resultados desta caracterização:
119

Tabela 17 – Características dos ângulos do tronco em relação a vertical na


fase de aterrissagem nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Intervalo de
Mínimo Máximo
Estágio  (°) s (°) CV% 95% confiança
(°) (°)
para média (°)
Inicial
6,56 2,89 44,13 2,46 11,97 5,56 7,55
(n=35)
Emerge
ntes 38,59 5,74 14,87 29,11 48,78 36,82 40,36
(n=43)
Proficie
nte 16,63 3,41 20,55 11,03 24,15 15,56 17,69
(n=42)
Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 32: Gráfico box-splot do ângulo do tronco em relação a vertical na


fase de aterrissagem nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.

Fonte: produção dos autores.


120

Observa-se nos dados apresentados na Tabela 17 e


ilustrados na Figura 32, maiores valores para o ângulo do tronco
na fase de aterrissagem no estágio emergentes elementar,
seguido do estágio proficiente e do estágio inicial. Estes dados
podem indicar que, assim como observado anteriormente nas
fases preparatória e produção de força, as crianças do estágio
emergentes elementar flexionaram mais o tronco do que as
crianças dos outros estágios, e, as crianças do estágio inicial
realizaram a aterrissagem com o tronco em menor flexão. Já as
crianças do estágio proficiente flexionaram mais o tronco do que
as crianças do estágio inicial e menos do que as crianças do
estágio emergentes elementar.
No estágio emergentes elementar, as crianças
apresentaram a maior variação do movimento do tronco na fase
de aterrissagem do salto vertical, com valor percentual de
29,11% (alta variabilidade). O estágio proficiente apresentou uma
média variabilidade (16,63%) e o estágio inicial uma baixa
variabilidade (2,46%) (GOMES, 2000; RODRIGUES, 2010). A
baixa variabilidade no estágio inicial pode estar justificada, no
fato de que as crianças deste estágio pouco movimentaram o
tronco durante a aterrissagem.
Diferente dos resultados deste estudo, Gatti (2005),
obteve maiores valores médios para o ângulo do tronco na fase
de aterrissagem do salto vertical no estágio inicial (12,63°) e os
menores valores médios para o estágio emergentes elementar
(8,50°). Porém, semelhante aos resultados deste estudo, Alves
(2009) constatou maiores valores médios para o estágio
emergentes elementar (38,91°) e menores valores médios para o
estágio inicial (6,84°). A autora constatou também, valores
angulares positivos e negativos para o estágio inicial, o que não
foi observado neste estudo. Encontrada concordância entre os
resultados parciais dos estudos, é possível sugerir que as
crianças do estágio inicial tendem a manter o tronco próximo a
vertical e as crianças do estágio emergentes elementar a
flexionar o tronco de forma acentuada durante o pouso.
Os resultados obtidos neste estudo para o ângulo do
tronco na fase de aterrissagem do salto vertical para os estágios
de desenvolvimento, estão de acordo com Myers et al. (1977
apud GALLAHUE; OZMUN, 2005). Os autores sugerem que
entre as dificuldades de desenvolvimento estão a flexão do
121

tronco inibida ou exagerada no momento da aterrissagem,


características observadas neste estudo nos estágios inicial e
emergentes elementar. E no estágio proficiente, os autores
sugerem que as crianças realizam pouso controlado bastante
próximo ao ponto de partida, características também observadas
neste estudo.

Observou-se nas fases preparatória, produção de força e


aterrissagem posicionamentos do ângulo do tronco distintos
entre os três estágios de desenvolvimento. Com o aumento da
idade não aumenta ou diminui a flexão (extensão) do tronco
durante o salto. Nestas fases, as crianças do estágio inicial
pouco flexionaram o tronco, diferente das crianças do estágio
emergentes elementar que flexionaram o tronco de forma
acentuada e das crianças do estágio proficiente que flexionaram
de forma moderada.
Na fase de voo, diferente do observado nas outras fases
do salto vertical, observou-se um aumento gradual da extensão
do tronco do estágio inicial até o estágio proficiente. Ocorreu uma
menor extensão do tronco no estágio inicial, enquanto que nos
estágios emergentes elementar e proficiente o tronco se
aproximou mais da vertical.
Tendo-se observado posicionamentos do tronco
específico para cada estágio nas diferentes fases do salto, é
possível sugerir que o ângulo do tronco pode ser utilizado como
parâmetro para a classificação do estágio de desenvolvimento do
salto vertical.

4.1.3 Caracterização do ângulo do quadril nos diferentes estágios


de desenvolvimento e fases do salto vertical

Concluída a análise do ângulo do tronco em relação a


vertical, iniciou-se a caracterização do ângulo do quadril,
começando pela fase preparatória. Os resultados desta
caracterização podem ser observados na Tabela 18 e na Figura
33, a seguir:
122

Tabela 18 – Características dos ângulos do quadril na fase preparatória nos


estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Intervalo de 95%
Estági  (°) Mínimo Máximo
s (°) CV% confiança para
o (°) (°)
média (°)
Inicial
119,81 8,20 6,84 105,23 134,75 117,40 122,22
(n=47)
Emerg
entes 78,46 8,94 11,39 63,59 92,66 75,43 81,48
(n=36)
Profici
ente 99,23 5,48 5,52 90,02 109,11 97,40 101,06
(n=37)
Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 33: Gráfico box-splot do ângulo do quadril na fase preparatória nos


estágios de desenvolvimento do salto vertical.

Fonte: produção dos autores.


123

Nos dados apresentados na Tabela 18 e ilustrados na


Figura 33, se observa maiores valores do ângulo do quadril para
a fase preparatória no estágio inicial, valores intermediários para
o estágio proficiente e menores valores para o estágio
emergentes elementar. Estes dados indicam que no instante da
preparação para o salto, as crianças do estágio inicial
mantiveram uma menor flexão do quadril (pouco agachamento),
enquanto as crianças do estágio emergentes elementar uma
maior flexão, grupando mais o corpo. As crianças do estágio
proficiente gruparam menos o corpo do que as crianças do
estágio emergentes elementar e mais do que o estágio inicial,
buscando, provavelmente, a melhor posição para impulsão com
o quadril fletido próximo a 100°.
Não foram encontrados estudos com o ângulo do quadril
na fase preparatória do salto vertical, prejudicando a comparação
dos dados obtidos com a literatura específica, conforme
justificado anteriormente na fase preparatória do ângulo do braço
em relação ao tronco.
Os resultados obtidos para o ângulo do quadril na fase
preparatória e estágios de desenvolvimento estão de acordo com
o sugerido por Myers et al. (1977 apud GALLAHUE; OZMUN,
2005). Segundo estes autores, no estágio inicial as crianças ao
ser prepararem para saltar apresentam um agachamento
preparatório inconsistente, com pouca flexão de tronco e joelhos,
enquanto que no estágio emergentes elementar inclinam de
forma exagerada o tronco para frente ao agachar e no estágio
proficiente agacham de forma consistente, com moderada flexão
do tronco e joelhos, características que foram observadas neste
estudo.

Em seguida foi feita a caracterização do ângulo do quadril


na fase de produção de força nos estágios de desenvolvimento
do salto vertical. Na Tabela 19 e na Figura 34, a seguir, podem
ser observados os resultados desta caracterização:
124

Tabela 19 – Características dos ângulos do quadril na fase de produção de


força nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Intervalo de 95%
Mínimo Máximo
Estágio  (°) s (°) CV% confiança para
(°) (°)
média (°)
Inicial
125,51 9,24 7,19 110,66 143,25 122,80 128,22
(n=47)
Emerge
ntes 83,21 8,97 10,77 68,21 97,78 80,18 86,25
(n=36)
Proficie
nte 105,18 5,69 5,41 95,14 113,25 103,28 107,08
(n=37)
Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 34: Gráfico box-splot do ângulo do quadril na fase de produção de


força nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.

Fonte: produção dos autores.


125

Analisando os resultados dispostos na Tabela 19 e


ilustrados na Figura 34, observa-se que o estágio inicial
apresentou os maiores valores de ângulo do quadril na fase de
produção de força, o estágio proficiente valores intermediários e
o estágio emergentes elementar os menores valores. Observou-
se também, que a posição do quadril na fase de produção de
força é muito semelhante ao observado na fase preparatória,
embora apresentem critérios de análise angular diferentes, a
primeira fase voltada para a flexão e a segunda para a extensão
do quadril.
Os resultados deste estudo são semelhantes aos
resultados obtidos por Alves (2009), que encontrou maiores
valores médios para o estágio inicial (115,26°) e menores valores
médios para o estágio emergentes elementar (74,26°). Porém, os
resultados deste estudo são diferentes dos resultados obtidos
por Gatti (2005), que obteve maiores valores médios para o
estágio emergentes elementar (91,27°) e menores valores
médios para o estágio inicial (76,57°); e por Melo et al. (2008),
que ao estudaram o salto vertical de 39 crianças com idades
entre 4 e 12 anos, verificaram maiores valores médios para o
estágio proficiente (112,23°) e menores valores médios para o
estágio emergentes elementar (97,65°). Embora não haja uma
total concordância entre os estudos, se pode sugerir que no
estágio emergentes elementar as crianças tendem a estender
menos o quadril do que as crianças dos outros estágios na fase
de produção de força. Isto pode ter acontecido, devido ao fato
que estas crianças flexionaram o quadril em demasia na fase
preparatória, dificultado o movimento de extensão do quadril para
a impulsão para o salto.
Neste estudo foram observadas características
semelhantes ao preconizado por Myers et al. (1977 apud
GALLAHUE; OZMUN, 2005), para o ângulo do quadril na fase de
produção de força. Pois, segundo estes autores, as crianças no
estágio inicial estendem o corpo de forma insuficiente, com o
tronco próximo a vertical, enquanto que no estágio emergentes
elementar não estendem completamente, inclinando o tronco
para frente, e o estágio proficiente estendem firmemente os
joelhos e quadril, com uma moderada inclinação do tronco para
frente.
126

Terminada a análise da fase de produção de força,


procedeu-se a caracterização do ângulo do quadril na fase de
voo nos estágios de desenvolvimento do salto vertical. Na tabela
20 e na Figura 35, podem ser observados os resultados desta
caracterização:

Tabela 20 – Características dos ângulos do quadril na fase de voo nos


estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Intervalo de 95%
Mínimo Máximo
Estágio  (°) s (°) CV% confiança para
(°) (°)
média (°)
Inicial
99,21 16,60 16,73 71,11 122,23 93,58 104,82
(n=36)
Emerge
ntes 145,56 14,71 10,10 120,02 165,23 140,72 150,39
(n=38)
Proficie
nte 184,97 7,71 4,17 171,02 199,05 182,67 187,26
(n=46)
Fonte: elaborada pelos autores.
127

Figura 35: Gráfico box-splot do ângulo do quadril na fase de voo nos


estágios de desenvolvimento do salto vertical.

Fonte: produção dos autores.

Nos dados dispostos na Tabela 20 e ilustrados na Figura


35, constata-se um aumento gradual no valor do ângulo do
quadril do estágio inicial até o estágio proficiente, na fase de voo.
Estes dados podem indicar que, diferente do observado nas
fases preparatória e produção de força, as crianças dos estágios
emergentes elementar e proficiente estenderam mais o corpo no
auge do voo do que as crianças do estágio inicial. Percebe-se
também, que o estágio proficiente apresentou elevados valores
angulares, ultrapassando os 180°, indicando que algumas
crianças deste estágio estenderam o corpo em demasia,
provocando um arqueamento corporal para trás. Já as crianças
do estágio emergentes elementar não estenderam
completamente o corpo na fase de voo, e as crianças do estágio
inicial apresentaram valores angulares mais baixos, próximos a
100°, sugerindo que no auge do voo a maioria das crianças deste
estágio estendeu menos corpo.
Quanto a homogeneidade dos dados, se observa uma
média variabilidade nos estágio inicial (16,73%) e emergentes
128

elementar (10,10%), e uma baixa variabilidade no estágio


proficiente (4,17%) (GOMES, 2000; RODRIGUES, 2010).
Os dados verificados para o ângulo do quadril são
semelhantes aos resultados de Melo et al. (2008) e Alves (2009),
na qual observaram, respectivamente, maiores valores médios
para o estágio proficiente (168,44° e 184,18°) e menores valores
médios para o estágio inicial (135,29° e 108,42°). Percebe-se
entre os estudos uma tendência das crianças no estágio inicial
em estender menos o quadril e as crianças do estágio proficiente
em estender mais o quadril durante o voo no salto vertical. E, as
crianças do estágio emergentes elementar em estender mais o
quadril do que as crianças do estágio inicial e menos do que as
crianças do estágio proficiente.
Os resultados obtidos para o ângulo do quadril na fase de
voo do salto vertical para os três estágios de desenvolvimento
estão em concordância com Myers et al. (1977 apud
GALLAHUE; OZMUN, 2005). Pois, segundo os autores, as
crianças no estágio inicial durante o voo tendem a estender o
corpo de forma insuficiente (grupamento do corpo), já as crianças
do estágio emergentes elementar não estendem totalmente o
corpo e as crianças no estágio proficiente apresentam uma
extensão total do corpo. Características que foram observadas
neste estudo.

Finalizando a análise do posicionamento do quadril, fez-


se a caracterização do ângulo do quadril na fase de aterrissagem
nos estágios de desenvolvimento do salto vertical. Na tabela 21 e
na Figura 36, a seguir, podem ser observados os resultados
desta caracterização:
129

Tabela 21 – Características dos ângulos do quadril na fase de aterrissagem


nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Intervalo de 95%
Mínimo Máximo
Estágio  (°) s (°) CV% confiança para
(°) (°)
média (°)
Inicial
157,40 12,28 7,80 134,57 172,01 153,18 161,62
(n=35)
Emergen
tes 79,94 7,41 9,26 68,55 95,21 77,65 82,21
(n=43)
Proficien
te 107,74 6,39 5,92 98,23 116,88 105,74 109,73
(n=42)
Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 36: Gráfico box-splot do ângulo do quadril na fase de aterrissagem


nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.

Fonte: produção dos autores.


130

Conforme apresentado na Tabela 21 e ilustrado na Figura


36, o estágio inicial apresentou os maiores valores angulares,
seguido do estágio proficiente e do estágio emergentes
elementar. Estes resultados indicam, que as crianças do estágio
inicial pouco flexionaram o quadril, enquanto que as crianças do
estágio emergentes elementar flexionaram em demasia o quadril
ao pousar, sugerindo uma dificuldade em equilibrar o corpo na
queda. Já as crianças do estágio proficiente flexionaram mais o
quadril do que as crianças do estágio inicial e menos do que as
crianças do estágio emergentes elementar, adotando uma flexão
do quadril próxima a 110°, sugerindo um domínio corporal na
queda, tendo em vista que esta posição pode favorecer o
equilíbrio do corpo na aterrissagem do salto.
Os resultados deste estudo são semelhantes aos
resultados de Alves (2009), na qual encontrou maiores valores
médios para o estágio inicial (138,16°) e menores valores médios
para o estágio emergentes elementar (96,19°). Porém, são
diferentes dos resultados de Gatti (2005), pois a autora
encontrou os maiores valores médios para o estágio inicial
(66,95°) e menores valores médios para o estágio proficiente
(37,37°). Observou-se que os valores angulares encontrados por
Gatti (2005) estão bem abaixo dos valores encontrados neste
estudo e no estudo de Alves (2009). É possível sugerir uma
tendência entre os estudos, na qual as crianças do estágio inicial
flexionam menos o corpo na aterrissagem do salto do que as
crianças dos outros estágios.
Os resultados obtidos neste estudo estão de acordo com
o proposto por Myers et al. (1977 apud GALLAHUE; OZMUN,
2005), na qual, entre as dificuldades de execução do salto está a
flexão do quadril inibida ou exagerada no momento da queda,
características observadas neste estudo nos estágios inicial e
emergentes elementar, respectivamente. No estágio proficiente
os autores sugerem que as crianças realizam pouso controlado
bastante próximo ao ponto de partida, características também
observadas neste estudo.

O posicionamento do ângulo do quadril nas fases


preparatória, produção de força e aterrissagem mostrou-se
distinto entre os três estágios de desenvolvimento. Não foi
131

observada uma relação com o aumento da idade no


posicionamento do quadril durante o salto vertical. Nestas fases,
o estágio inicial apresentou a menor flexão corporal durante o
salto, enquanto que o estágio emergentes elementar apresentou
a maior flexão e o estágio proficiente uma moderada flexão
corporal.
Diferente do observado nas outras fases do salto vertical,
na fase de voo observou-se um aumento gradual da extensão do
quadril do estágio inicial até o estágio proficiente, sugerindo uma
relação entre o aumento da idade com o posicionamento do
quadril no auge do voo.
O valor do ângulo do quadril não permite identificar o
quanto o tronco e os joelhos influenciaram na movimentação do
quadril, sugerindo que este ângulo pode não ser um bom
parâmetro para a classificação isolada do estágio de
desenvolvimento do salto vertical.

4.1.4 Caracterização do ângulo do joelho nos diferentes estágios


de desenvolvimento e fases do salto vertical

Finalizada a análise do ângulo do quadril, fez-se a


caracterização do ângulo do joelho, iniciando pela fase
preparatória nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Os resultados desta caracterização podem ser observados na
Tabela 22 e na Figura 37, a seguir:
132

Tabela 22 – Características dos ângulos do joelho na fase preparatória nos


estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Intervalo de 95%
Mínimo Máximo
Estágio  (°) s (°) CV% confiança para
(°) (°)
média (°)
Inicial
136,41 18,72 13,73 104,99 167,72 130,64 142,17
(n=43)
Emerge
ntes 109,25 6,36 5,82 95,12 129,19 107,09 111,40
(n=36)
Proficie
nte 90,87 7,48 8,23 75,22 101,95 88,50 93,22
(n=41)
Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 37: Gráfico box-splot do ângulo do joelho na fase preparatória nos


estágios de desenvolvimento do salto vertical.

Fonte: produção dos autores.


133

Analisando os dados dispostos na Tabela 22 e ilustrados


na Figura 37, verifica-se que há um aumento gradual da flexão
do joelho do estágio inicial até o estágio proficiente. Estes dados
podem indicar que, entre os grupos estudados, as crianças do
estágio proficiente ao se prepararem para saltar tendem a grupar
mais o corpo (agachar), flexionando mais os joelhos do que as
crianças do estágio emergentes elementar, e estes flexionam
mais do que as crianças do estágio inicial.
Não foram encontrados estudos com o ângulo do joelho
na fase preparatória, conforme justificado anteriormente nas
análises angulares, impossibilitando a comparação dos dados
obtidos para este ângulo com a literatura específica.
Percebe-se uma concordância entre os resultados
obtidos neste estudo com a tese proposta por Myers et al. (1977
apud GALLAHUE; OZMUN, 2005). Pois, estes autores sugerem
que as crianças no estágio inicial ao se prepararem para saltar,
apresentam um agachamento preparatório inconsistente, com
pequena ou nenhuma flexão dos joelhos, e as crianças nos
estágios emergentes elementar e proficiente apresentam uma
grande flexão dos joelhos, próxima a 90°, características que
foram observadas neste estudo.

Em seguida fez-se a caracterização do ângulo do joelho


na fase de produção de força nos estágios de desenvolvimento
do salto vertical. Na tabela 23 e na Figura 38, a seguir, podem
ser observados os resultados desta caracterização:
134

Tabela 23 – Características dos ângulos do joelho na fase de produção de


força nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Intervalo de 95%
Mínimo Máximo
Estágio  (°) s (°) CV% confiança para
(°) (°)
média (°)
Inicial
142,80 18,04 12,63 110,50 169,01 137,24 148,35
(n=43)
Emerge
ntes 117,04 5,87 5,02 106,23 127,23 115,05 119,03
(n=36)
Proficie
nte 98,83 7,60 7,70 82,41 111,96 96,43 101,23
(n=41)
Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 38: Gráfico box-splot do ângulo do joelho na fase de produção de


força nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.

Fonte: produção dos autores.


135

Pode-se observar nos dados apresentados na Tabela 23


e ilustrados na Figura 38, um aumento progressivo da extensão
do joelho na fase de produção de força do estágio inicial para o
estágio proficiente. Estes dados podem sugerir que as crianças
do estágio proficiente apresentaram uma capacidade maior de
extensão e produção de força, considerando que na fase anterior
de preparação (agachamento), flexionaram mais os joelhos.
Ao comparar com a literatura específica, observou-se que
os resultados obtidos para o ângulo do joelho na fase de
produção de força são semelhantes aos resultados de Alves
(2009), que verificou maiores valores médios para o estágio
inicial (99,01°) e menores valores médios para o estágio
proficiente (80,34°). Porém, os resultados obtidos são diferentes
dos resultados de Gatti (2005), que verificou maiores valores
médios para o estágio emergentes elementar (79,27°) e menores
valores médios para o estágio proficiente (75,81°); e de Melo et
al. (2008) que obtiveram maiores valores médios para o estágio
proficiente (104,03°) e menores valores médios para o estágio
emergentes elementar (99,32°). Notou-se também, que os
valores médios obtidos neste estudo para o estágio inicial
(142,80°) distinguissem dos valores obtidos por Alves (2009)
(99,01°), indicando que as crianças deste estudo tendem a
manter os membros inferiores em maior extensão durante a
impulsão do salto.
Os resultados obtidos neste estudo estão de acordo com
a literatura clássica, pois, segundo Myers et al. (1977 apud
GALLAHUE; OZMUN, 2005), ao impulsionar, as crianças no
estágio inicial tendem a estender o corpo de forma insuficiente,
grupando mais o corpo; já no estágio emergentes elementar não
atingem a completa extensão do corpo e no estágio proficiente
estendem firmemente os joelhos, quadril e tornozelos, resultando
na extensão corporal. Estas características foram observadas
neste estudo para o ângulo do joelho na fase de produção de
força nos três estágios de desenvolvimento do salto vertical.

Na sequência fez-se a caracterização do ângulo do joelho


na fase de voo nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Na tabela 24 e Figura 39, podem ser observados os resultados
desta caracterização:
136

Tabela 24 – Características dos ângulos do joelho na fase de voo nos


estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Intervalo de 95%
Mínimo Máximo
Estágio  (°) s (°) CV%
(°) (°)
confiança para
média (°)
Inicial
73,36 10,65 14,52 54,43 90,29 69,81 76,91
(n=37)
Emerge
ntes 143,74 9,50 6,66 125,48 158,82 140,84 146,62
(n=44)
Proficie
nte 173,63 4,99 2,87 159,19 179,69 172,00 175,24
(n=39)
Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 39: Gráfico box-splot do ângulo do joelho na fase de voo nos


estágios de desenvolvimento do salto vertical.

Fonte: produção dos autores.


137

Analisando-se os dados dispostos na Tabela 24 e


ilustrados na Figura 39, se percebe que as crianças do estágio
proficiente apresentaram a maior extensão do joelho na fase de
voo, seguido do estágio emergentes elementar e do estágio
inicial. Pode-se dizer, que este já era um resultado esperado,
tendo em vista, que esta fase é o resultado da fase de produção
de força. As crianças que flexionaram mais os joelhos na fase
preparatória, impulsionaram mais na fase de produção de força e
estenderam mais os joelhos na fase de voo.
Semelhante aos resultados obtidos neste estudo, Melo et
al. (2008) e Alves (2009), obtiveram, respectivamente, maiores
valores médios angulares na fase de voo para o estágio
proficiente (167,51° e 172,28°), e menores valores médios para o
estágio inicial (114,64° e 84,8°). Esta concordância de resultados
indica uma maior extensão dos joelhos no auge do voo a medida
que os estágios de desenvolvimento do salto vertical progridem.
Observou-se também, uma grande diferença nos valores médios
para o estágio inicial encontrados neste estudo (73,36°) e no
estudo de Melo et al. (2008) (114,64°), indicando que neste
estudo, as crianças no estágio inicial apresentaram uma menor
extensão dos joelhos durante a fase de voo.
Confrontando os resultados deste estudo com a literatura
clássica, observou-se características semelhantes ao sugerido
por Myers et al. (1977 apud GALLAHUE; OZMUN, 2005), que
citam que para a fase de voo do salto vertical, na qual as
crianças no estágio inicial tendem a estender o corpo de forma
insuficiente durante o voo, com pouca extensão dos joelhos e
baixa altura atingida. Já as crianças no estágio emergentes
elementar não estendem totalmente o corpo e as crianças no
estágio proficiente apresentam uma extensão total do corpo no
momento do voo.

Finalizando a análise do posicionamento do joelho, fez-se


a caracterização do ângulo do joelho na fase de aterrissagem
nos estágios de desenvolvimento do salto vertical. Os resultados
desta caracterização podem ser observados na Tabela 25 e
ilustrados na Figura 40, a seguir:
138

Tabela 25 – Características dos ângulos do joelho na fase de aterrissagem


nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Intervalo de 95%
Mínimo Máximo
Estágio  (°) s (°) CV%
(°) (°)
confiança para
média (°)
Inicial
151,17 10,14 6,70 131,29 165,29 147,74 154,60
(n=36)
Emerge
ntes 116,49 4,57 3,93 108,52 126,55 115,18 117,78
(n=50)
Proficie
nte 89,69 8,58 9,57 74,21 101,56 86,69 92,68
(n=34)
Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 40: Gráfico box-splot do ângulo do joelho na fase de aterrissagem


nos estágios de desenvolvimento do salto vertical.

Fonte: produção dos autores.


139

Analisando-se os resultados obtidos e representados na


Tabela 25 e na Figura 40, constata-se que as crianças do estágio
inicial apresentaram os maiores valores de ângulo do joelho na
fase de aterrissagem, seguido dos estágios emergentes
elementar e proficiente. Estes resultados indicam, que ao pousar,
a maioria das crianças dos estágios inicial e emergentes
elementar pouco flexionaram os joelhos, indicando uma
dificuldade em equilibrar o corpo no amortecimento da queda. Já
as crianças do estágio proficiente flexionaram os joelhos
próximos a 90°, indicando um domínio corporal na execução do
movimento, tendo em vista que esta posição pode favorecer ao
amortecimento e equilíbrio do corpo na aterrissagem do salto.
Diferente do observado nas fase anterior, os três estágios
apresentaram uma baixa variabilidade (GOMES, 2000;
RODRIGUES, 2010) para o ângulo do joelho na fase de
aterrissagem, com valores percentuais de variação entre 3,93% e
9,57%.
Os valores observados neste estudo são semelhantes
aos valores obtidos por Alves (2009), que encontrou maiores
valores médios para o estágio inicial (119,87°) e menores valores
médios para o estágio proficiente (93,01°). Porém, são diferentes
dos valores obtidos por Gatti (2005), que obteve maiores valores
médios para o estágio proficiente (43,49°) e os menores valores
médios para o estágio inicial (35,39°); e por Melo et al. (2008) na
qual encontraram maiores valores médios para o estágio
emergentes elementar (145,14°) e menores valores médios para
o estágio proficiente (136,51°). Observou-se também, que os
valores obtidos neste estudo são maiores que os valores
encontrados por Gatti (2005). Mesmo com alguma divergência
entre os resultados dos estudos, é possível sugerir uma
tendência no comportamento dos membros inferiores ao pousar,
ocorrendo uma maior flexão dos joelhos a medida que progride
os estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Neste estudo, nos três estágios de desenvolvimento do
salto vertical, foram observadas características de movimentação
dos membros inferiores na fase de aterrissagem muito
semelhantes com o sugerido na literatura clássica. Pois, segundo
Myers et al. (1977 apud GALLAHUE; OZMUN, 2005), nos
estágios inicial e emergentes elementar as crianças apresentam
flexão de joelhos inibida ao pousar, e as crianças no estágio
140

proficiente realizam um pouso controlado bastante próximo ao


ponto de partida, com flexão dos joelhos próxima a 90°,
características que foram observadas neste estudo.

Foi possível observar características distintas do ângulo


do joelho nas fases do salto vertical. As fases preparatória e
aterrissagem apresentaram uma orientação para a flexão dos
joelhos, enquanto que a fase preparatória tenha buscado a
melhor posição para a impulsão (flexão do joelho) e a fase de
aterrissagem o amortecimento corporal ao pousar. Já as fases de
produção de força e voo orientaram-se para a extensão dos
joelhos procurando a melhor impulsão do corpo para o alto.
Nos estágios de desenvolvimento do salto vertical, se
pode sugerir para o grupo estudado, que o posicionamento dos
membros inferiores durante a execução do salto vertical ocorre
de forma diferenciada e gradual a medida que ocorre o progresso
dos estágios de desenvolvimento, ou seja, a flexão ou extensão
dos joelhos ao saltar tende a aumentar ou a diminuir com o
aumento da idade, sugerindo que o ângulo do joelho pode ser
utilizado como parâmetro para a classificação do estágio de
desenvolvimento do salto vertical.

4.2 DETERMINAÇÃO DOS INTERVALOS DE ÂNGULOS


INTERSEGMENTARES CORRESPONDENTES A CADA FASE
E ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO DO SALTO VERTICAL

Buscando responder ao segundo objetivo específico do


estudo “Desenvolver uma Matriz para análise do estágio de
desenvolvimento motor do salto vertical de crianças, por meio da
determinação dos intervalos dos ângulos intersegmentares
correspondentes a cada fase e estágio de desenvolvimento do
salto vertical”, procedeu-se a determinação dos intervalos
angulares utilizando-se a análise das curvas Receiver Operating
Characteristic (ROC). Foram desenhadas duas curvas ROC para
cada estágio em cada fase do salto: a primeira comparando
iniciais e não iniciais (primeiro ponto de corte), e a segunda
comparando proficiente e não proficiente (segundo ponto de
corte). Para a identificação dos melhores pontos de corte foi
utilizado o Índice de Youden (J). Para a confirmação dos pontos
141

de corte, as curvas ROC foram novamente plotadas e analisadas


no programa estatístico MedCalc (MedCalc software bvba,
versão 11.5.1.0). Os resultados podem ser observados no
Quadro 1, a seguir:

Quadro 1: Intervalo de ângulos intersegmentares por fases e estágios de


desenvolvimento do salto vertical de crianças.
Fase Preparatória Produção Voo (°) Aterrissagem
Segmento (°) de (°)
Corporal Força (°)
Estágio
Inicial ≤ 6,8 ≤ 8,0 ≤ 9,7 ≤ 4,0
Braço Emergentes 8,1 a 9,8 a
6,9 a 20,5 4,1 a 15,1
49,0 85,0
Proficiente ≥ 20,6 ≥ 49,1 ≥ 85,1 ≥ 15,2
Inicial ≤ 10,0 ≤ 8,9 ≥ 19,1 ≤ 11,2
Tronco 4,3 a
Emergente ≥ 50,7 ≥ 35,8 ≥ 24,1
19,0
9,0 a
Proficiente 10,1 a 50,6 ≤ 4,2 11,3 a 24,0
35,7
Inicial ≥ 105,2 ≥ 113,2 ≤ 122,2 ≥ 116,9
Quadril Emergentes 122,3 a
≤ 89,8 ≤ 96,2 ≤ 95,2
165,1
Proficiente 89,9 a 96,3 a 95,3 a
≥ 165,2
105,1 113,1 116,8
Inicial ≥ 119,3 ≥ 127,2 ≤ 90,3 ≥ 126,5
Joelho Emergentes 102,1 a 109,2 a 90,4 a 101,7 a
119,2 127,1 158,7 126,4
Proficiente ≤ 102,0 ≤ 109,1 ≥ 158,8 ≤ 101,6
Fonte: elaborada pelos autores.

Analisando os dados dispostos no Quadro 1, pode-se


constatar os intervalos dos ângulos intersegmentares (faixas
angulares limites) para as fases e estágios de desenvolvimento
do salto vertical. Constata-se também, que foram determinados
os limites angulares entre os estágios de desenvolvimento em
todas as fases do salto vertical.
142

Os resultados obtidos indicam que os ângulos dos


segmentos corporais estudados podem ser considerados como
bons indicadores do posicionamento dos segmentos corporais
durante a execução do salto vertical, diferenciando
quantitativamente os estágios entre si. Desta forma, foi possível
propor uma Matriz para a avaliação do estágio de
desenvolvimento motor do salto vertical de crianças,
considerando os valores do ângulo do braço em relação ao
tronco, do ângulo do tronco em relação a vertical, do ângulo do
quadril e do ângulo do joelho.

Em seguida da determinação dos pontos de corte e dos


intervalos angulares, foi verificada a significância estatística de
cada análise por meio dos índices para a área sob a curva ROC.
Os resultados deste procedimento podem ser observados na
Tabela 26, a seguir:
143

Tabela 26 – índices obtidos para a área sob a curva ROC por fases e
estágios de desenvolvimento do salto vertical.
Fase salto vertical

Produção Aterrissa
Ângulo Estágios Preparatória Voo
de força gem

Incial vs 1,000 1,000 1,000 1,000


Elementar
Braço
Elementar vs 1,000 1,000 1,000 1,000
Maduro
Incial vs 1,000 1,000 0,993 0,996
Tronco Elementar
Elementar vs 1,000 1,000 1,000 1,000
Maduro
Incial vs 0,995 0,995 0,999 1,000
Elementar
Quadril
Elementar vs 0,997 0,998 1,000 1,000
Maduro
Incial vs 0,960 0,958 1,000 1,000
Joelho Elementar
Elementar vs 0,992 0,989 1,000 1,000
Maduro
Fonte: elaborada pelos autores.

Analisando-se os dados apresentados na Tabela 26,


verifica-se que para todos os intervalos angulares foi possível
identificar a capacidade preditiva para as fases e estágios de
desenvolvimento do salto vertical, considerando que os índices
para a área sob a curva ROC apresentam-se acima de 0,9 e
alguns atingem o modelo ideal, com índice igual a 1,0
(LEEFLANG et al.,2008). Segundo Ferreira et al. (2011), um
indicador perfeito apresenta a área sob a curva ROC de 1,00, ao
passo que a linha diagonal representa a área sob a curva ROC
de 0,50. Para um indicador apresentar uma habilidade
discriminatória significativa, a área sob a curva ROC deve estar
144

compreendida entre 1,00 e 0,50, e quanto maior a área, maior o


poder discriminatório do respectivo indicador.
Constata-se também na Tabela 26, que o ângulo do
braço apresentou-se como um indicador perfeito do estágio de
desenvolvimento do salto vertical, com todos os índices para a
área sob a curva ROC igual a 1,0.

Os resultados obtidos indicam que as curvas ROC


desenhadas para cada ângulo, em cada estágio e em cada fase
do salto vertical, apresentaram uma ótima capacidade de
classificação, permitindo a determinação dos intervalos dos
ângulos intersegmentares para as diferentes fases e estágios de
desenvolvimento do salto vertical, e a proposição de uma Matriz
para a avaliação do estagio de desenvolvimento motor do salto
vertical de crianças.

4.3 VALIDAÇÃO DA MATRIZ PARA A AVALIAÇÃO DO


ESTAGIO DE DESENVOLVIMENTO MOTOR DO SALTO
VERTICAL DE CRIANÇAS

Na intenção de responder ao terceiro e último objetivo


específico do estudo “Validar a Matriz para a avaliação do
estágio de desenvolvimento motor do salto vertical de crianças”,
procedeu-se a avaliação do estágio de desenvolvimento do salto
vertical de um grupo de 234 crianças. As crianças foram
avaliadas por segmento corporal (braço em relação ao tronco,
tronco em relação a vertical, quadril e joelho) em cada uma das
fases do salto vertical, sendo que a classificação dos estágios de
desenvolvimento do salto foi feita adotando-se três diferentes
critérios de classificação, que são:

• 1ª avaliação: por meio da matriz para avaliação do salto


vertical de Myers et al. (1977 apud Gallahue; Ozmun,
2005), na qual classifica o estágio de desenvolvimento do
salto da criança pelo segmento mais atrasado;
• 2ª avaliação: por meio da Matriz proposta no estudo,
adotando-se o critério de classificação proposto por
Myers et al. (1977 apud Gallahue; Ozmun, 2005), na qual
145

o estágio de desenvolvimento do salto da criança é


classificado pelo segmento mais atrasado;
• 3ª avaliação: por meio da Matriz proposta no estudo,
classificando o estágio de desenvolvimento do salto da
criança pela medida de tendência central Moda, ou seja,
pelo estágio que ocorre com mais frequência.

Os resultados destas avaliações podem ser observados


na Tabela 27, a seguir:

Tabela 27 – Classificação dos estágios de desenvolvimento do salto vertical


das crianças nos diferentes critérios de avaliação.

Estágio 1ª avaliação 2ª avaliação 3ª avaliação

Inicial 85 82 58
Emergentes elementar 71 73 81
Proficiente 78 79 95
Total 234 234 234
Fonte: elaborada pelos autores.

Nos dados apresentados na Tabela 27, se observa que


na 1ª avaliação houve um predomínio de crianças no estágio
inicial, seguido do estágio proficiente e emergentes elementar.
Na 2ª avaliação, percebe-se que o número de crianças por
estágio é muito semelhante ao observado na 1ª avaliação, com
uma pequena diminuição no número de crianças no estágio
inicial e um pequeno aumento no número de crianças nos
estágios emergentes elementar e proficiente. Já na 3ª avaliação,
se observa diferentes números de crianças por estágio em
relação a 1ª e a 2ª avaliação, com uma diminuição no número de
crianças no estágio inicial e um aumento no número de crianças
nos estágios emergentes elementar e proficiente.

Considerando que uma criança pode ter cada um de seus


segmentos corporais classificados em estágios diferentes, os
resultados observados na Tabela 27 indicam, que a classificação
do estágio de desenvolvimento do salto vertical da criança por
meio da medida de tendência central Moda (3ª avaliação), tende
146

a valorizar mais o desenvolvimento do salto da criança, uma vez


que considera o estágio de desenvolvimento de mais segmentos
corporais e não apenas o segmento que apresenta o estágio
mais atrasado.
Finalizada a classificação do estágio de desenvolvimento
do salto vertical das crianças, procedeu-se a correlação entre os
resultados das avaliações por meio do cálculo do coeficiente de
correlação de Spearman. Os resultados podem ser observados
na Tabela 28, a seguir:

Tabela 28: Coeficientes de correlação obtidos da comparação dos


resultados das três avaliações do estágio de desenvolvimento do salto
vertical das crianças.
Coeficiente de
Variável p-valor
correlação

1ª avaliação vs 2ª avaliação 0,975 0,000

1ª avaliação vs 3ª avaliação 0,892 0,000

2ª avaliação vs 3ª avaliação 0,874 0,000

Fonte: elaborada pelos autores.

Observa-se nos dados apresentados na Tabela 28, que a


correlação entre a 1ª avaliação versus a 2ª avaliação obteve
coeficiente de correlação considerado extremamente forte (0,91
< ρ < 1,0) (RODRIGUES, 2010). Pode-se afirmar que este já era
um resultado esperado, tendo em vista que as duas avaliações
foram realizadas utilizando-se o mesmo critério de classificação
do estágio de desenvolvimento do salto da criança. A correlação
entre a 1ª avaliação versus a 3ª avaliação e a 2ª avaliação
versus a 3ª avaliação, mesmo com critérios diferentes de
classificação do estágio de desenvolvimento do salto, obtiveram
coeficientes de correlação considerados forte (0,71 < ρ < 0,9)
147

(STEVENSON, 2001; RODRIGUES, 2010). Observa-se também,


que todas as correlações foram significantes.
Os resultados obtidos da análise de correlação entre as
avaliações indicam a existência de uma validade concorrente da
Matriz proposta com a Matriz de Myers e colaboradores,
sugerindo que essa Matriz poderá ser utilizada para a avaliação
do estágio de desenvolvimento motor do salto vertical de
crianças, independente do critério de classificação, por meio do
estágio do segmento mais atrasado ou do estágio que aparece
com maior frequência.
148

5. CONCLUSÃO

Com orientação nos objetivos do estudo, no referencial


teórico e nos resultados obtidos, foi possível concluir que:

Quanto à caracterização das amplitudes angulares


durante o salto vertical:

1) As características das amplitudes angulares dos


segmentos corporais nos estágios de desenvolvimento e
nas fases do salto vertical corroboram com o preconizado
por Myers e colaborados e por Gallahue;

Quanto à determinação dos intervalos de ângulos


intersegmentares correspondentes a cada fase e estágio de
desenvolvimento motor do salto vertical

2) Foi possível determinar os intervalos angulares que


representam os estágios de desenvolvimento motor
(inicial, emergentes elementar e proficiente) do salto
vertical, para cada segmento corporal (braço, tronco,
quadril e joelho), nas quatro fases de execução do salto
(preparatória, produção de força, voo e aterrissagem);

Quanto à validade da Matriz para a avaliação do estágio


de desenvolvimento motor do salto vertical de crianças:

3) A validade concorrente da Matriz proposta com a Matriz


de Myers e Colaboradores foi atestada por meio da
obtenção de índices de correlação considerados fortes (0,
97, 0,87 e 0,89).

Desta forma, conclui-se, com apoio nos resultados, que o


instrumento de medida, composto de uma Sistemática e uma
Matriz, é válido para a classificação do estágio de
desenvolvimento motor do salto vertical de crianças.
149

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APÊNDICES

APÊNDICE 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

APÊNDICE 2 – Processo de validação da Sistemática para a


avaliação do salto vertical de crianças.
162

APÊNDICE 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA


GABINETE DO REITOR – GR
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS – CEPSH

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O(a) seu(sua) filho(a)/dependente está sendo convidado a


participar de uma pesquisa de doutorado, que tem como objetivo
avaliar as características do desenvolvimento motor em crianças,
durante a realização do salto vertical. Com o resultado dessa avaliação
será possível verificar se a criança está desenvolvendo as habilidades
motoras correspondentes ao período maturacional em que se
encontra.
A avaliação de seu(sua) filho(a)/dependente será previamente
marcada (dia e horário) e acontecerá na escola em que ele(ela) estuda,
durante a aula de educação física. Na avaliação será utilizada uma
trena para medir a estatura e tamanho dos membros superiores e
inferiores, uma balança digital para verificar o peso corporal e uma
filmadora que registrará os saltos da criança. Algumas perguntas sobre
os hábitos diários de seu (sua filho (a)/dependente poderão ser feitas,
mas não é obrigatório responder a todas as perguntas e submeter-se a
todas as medições. Os riscos destas avaliações serão mínimos, por
envolver uma habilidade motora em que ele(ela) está acostumado a
realizar no dia a dia, no caso, o salto vertical.
A identidade do(a) seu(sua) filho(a)/dependente será
preservada pois cada criança será identificada por um número (código)
para assegurar o seu anonimato, tendo acesso a esses dados apenas os
pesquisadores.
Os benefícios e vantagens em participar deste estudo estão na
contribuição para a análise do padrão motor do salto vertical de
crianças, que é uma habilidade fundamental da locomoção humana,
utilizada em situações do cotidiano e nas diferentes formas de
movimentos esportivos. Avaliar o desenvolvimento motor torna-se
163

uma importante ferramenta para verificar se as crianças estão


desenvolvendo as habilidades motoras correspondentes ao período
maturacional em que se encontram. Essa avaliação poderá auxiliar na
prática do professor nas aulas de educação física, como forma de
avaliação das atividades propostas, criando condições ambientais para
o desenvolvimento das habilidades motoras correspondentes a cada
fase do desenvolvimento infantil.
As pessoas que estarão acompanhando os procedimentos
serão os Professores Luciana Gassenferth Araujo (estudante de
doutorado), Maurício Camaroto (estudante de mestrado) e do Prof.
Responsável Sebastião Iberes Lopes Melo (Professor Doutor do Curso
de Educação Física da UDESC).
O(a) senhor(a) poderá retirar o(a) seu(sua)
filho(a)/dependente do estudo a qualquer momento, sem qualquer
tipo de constrangimento.
Solicitamos a sua autorização para o uso dos dados do(a)
seu(sua) filho(a)/dependente para a produção de artigos técnicos e
científicos. A privacidade do(a) seu(sua) filho(a)/dependente será
mantida através da não-identificação do nome.
Agradecemos a participação do(a) seu(sua)
filho(a)/dependente e a sua colaboração.

NOME DO PESQUISADOR PARA CONTATO: Luciana Gassenferth


Araujo
NÚMERO DO TELEFONE: (48) 33218670

ENDEREÇO: Rua Pascoal Simone, 358, Florianópolis/SC

ASSINATURA DO PESQUISADOR RESPONSAVEL

_____________________________
164

TERMO DE CONSENTIMENTO

Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da


pesquisa e, que recebi de forma clara e objetiva todas as explicações
pertinentes ao projeto e, que todos os dados a respeito do
meu(minha) filho(a)/dependente serão sigilosos. Eu compreendo
que neste estudo, as medições dos experimentos/procedimentos de
tratamento serão feitas em meu(minha) filho(a)/dependente, e que
fui informado que posso retirar meu(minha) filho(a)/dependente do
estudo a qualquer momento.

Nome por extenso


_______________________________________________________

Assinatura __________________________ Local:

__________________ Data: ____/____/____


165

APÊNDICE 2: Processo de validação de conteúdo da


Sistemática para avaliação observacional do salto vertical de crianças

Universidade do estado de Santa Catarina – UDESC


Centro de Ciências da Saúde e do Esporte – CEFID
Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano- PPGCMH

Florianópolis, SC, setembro de 2012.

Prezado (a) Professor (a),

Sou aluna do Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação


em Ciências do Movimento Humano do Centro de Ciências da Saúde e do
Esporte (CEFID) da Universidade do estado de Santa Catarina (UDESC),
linha de pesquisa comportamento motor, sob orientação do Prof. Dr.
Sebastião Iberes Lopes Melo. Como trabalho de Tese, estamos realizando
estudos objetivando construir e validar um instrumento, para a avaliação
do estágio de desenvolvimento motor do salto vertical de crianças,
fundamentada no Modelo de Gallahue.
Preliminarmente, estamos desenvolvendo uma sistemática para
avaliação observacional do salto vertical de crianças.
Para a elaboração desta sistemática foram selecionadas figuras
representativas, também, com no Modelo de Gallahue, para a
determinação de instantes de análise que melhor representam os estágios
de desenvolvimento motor (inicial, emergentes elementar e proficiente)
das diferentes fases de execução do salto vertical (preparatória, produção
de força, voo e aterrissagem), a partir de imagens de vídeos obtidas de
filmagens da execução do salto de crianças classificadas nos estágios
inicial, emergentes elementar e proficiente.
Isto posto, solicitamos sua colaboração para se manifestar sobre a
“validade de conteúdo” deste instrumento (em anexo), considerando que
o processo de “validação de conteúdo” procura avaliar o grau em que
cada elemento de um instrumento de medida é relevante e representativo
de um específico constructo com um propósito particular de avaliação
(HAYNES; RICHARD; KUBANY, 1995; THOMAS; NELSON, 2002). Para tal,
assinale no campo respectivo sua avaliação (notas de zero a dez).
166

Solicitamos que dedique parte de seu precioso tempo, para a


análise de conteúdo deste instrumento, no sentido de avaliar se as
imagens selecionadas para representar os diferentes estágios de
desenvolvimento motor para diferentes fases de execução do salto
vertical, realmente são constructo, representam e estão de acordo com a
Teoria de Gallahue.
A partir da validação desta sistemática, o passo seguinte será o
desenvolvimento de uma Matriz, que por meio dos recursos de cinemetria,
será possível quantificar os valores angulares dos instantes de análise
selecionados e estabelecer, com recurso estatístico, os pontos de
separação e intervalos angulares para os diferentes estágios de
desenvolvimento motor.

Agradecemos a sua colaboração e nos colocamos à disposição


para mais esclarecimentos, caso necessário.
167

PROPOSTA DE INSTRUMENTO DE MEDIDA

“SISTEMÁTICA PARA AVALIAÇÃO OBSERVACIONAL DO SALTO


VERTICAL DE CRIANÇAS”

1. INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como temática a construção e a validação


de uma sistemática para avaliação observacional do salto vertical de
crianças. Esta sistemática será posteriormente utilizada como instrumento
de medida na tese de doutorado que tem como tema central a
“Construção e validação de um instrumento para a avaliação do estágio de
desenvolvimento motor de crianças no salto vertical”.
A sistemática aqui proposta foi elaborada com base no Modelo de
Gallahue (1989) e na matriz analítica de Myers et al. (1977 apud Gallahue;
Ozmun, 2005) adaptada de Gallahue, Ozmun e Goodway (2012), que é
amplamente utilizada para analises qualitativas do padrão motor de
crianças. Esta matriz classifica os níveis de desenvolvimento motor nas
habilidades motoras fundamentais, sendo uma ferramenta de fácil
aplicação para situações de ensino diário, caracterizando-se como um
instrumento de avaliação “empírica”, sendo imprescindível que o
examinador tenha um bom conhecimento da mecânica do movimento a
ser avaliado (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Segundo Gallahue (2007), por ser
um instrumento “empírico”, esta matriz de análise não pretende ser uma
ferramenta para pesquisa, pois várias sequências de desenvolvimento
ainda precisam ser revistas.
Percebe-se, todavia, que a utilização de matrizes qualitativas
observacionais (olho nú ou vídeos), como esta de Myers et al. (1977 apud
Gallahue; Ozmun, 2005), vem sendo criticada para o uso em pesquisas, no
que diz respeito a sua objetividade e fidedignidade, pois segundo Rose,
Burns e North (2009) deve haver um treinamento específico dos
avaliadores e critérios melhores elaborados. Estes autores, também
sugerem que a análise do padrão motor do salto seja realizada a partir de
critérios com melhores definições. E este é um dos objetivos da construção
desta sistemática.
Considerando que as pesquisas em desenvolvimento motor que
utilizam como instrumento de medida matrizes qualitativas
essencialmente observacionais, como nos estudos recentes de Vasconcelos
168

e Araújo (2010), Teixeira et al. (2010), Neto, Medeiros e Viana (2012),


entre outros, ainda não se detêm com preciosismo aos mecanismos da
função motora e seu amadurecimento, percebe-se a necessidade de
melhorar este quadro, por meio da implementação de uma ferramenta
que possa fornecer a aquisição de dados preciso e de um método mais
rigoroso, neste caso a cinemetria.
Assim, justifica-se a construção e validação de uma sistemática de
avaliação observacional do salto vertical de crianças, pela necessidade de
instrumentos de medida mais precisos e de fácil aplicabilidade, útil nas
atividades de pesquisa e na geração de dados para subsidiar a intervenção
pedagógica do profissional de Educação Física.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A construção da sistemática para avaliação observacional do salto


vertical de crianças foi fundamentada no Modelo de Gallahue e na matriz
analítica de Meyer et al. (1977 apud Gallahue; Ozmun, 2005),
apresentados a seguir.

2.1 Modelo de Gallahue (GALLAHUE, 1989; GALLAHUE; OZMUN, 2005;


GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2012)

Em seu Modelo Gallahue apresenta o desenvolvimento da


transacionalidade, a interação indivíduo, ambiente e tarefa. O autor
descreve o processo de desenvolvimento motor apresentado pelas fases
dos movimentos reflexos, rudimentares, fundamentais e especializados.
Para cada fase do processo de desenvolvimento motor são indicados
estágios com idades cronológicas correspondentes.
Assim, para Gallahue, o desenvolvimento motor é identificado por
períodos específicos observados em quatro grandes fases: fase motora
reflexiva, fase motora rudimentar, fase motora fundamental e a fase
motora especializada, conforme segue:

a) A fase motora reflexiva acontece na faixa etária de zero a um ano


de idade, aproximadamente, e ocorre involuntariamente. A partir
da atividade reflexa, o bebê obtém informações sobre o ambiente
externo. As reações ao toque, a luz, aos sons provocam essas
atividades motoras involuntárias. Nesta fase o estágio é de
169

decodificação (processamento de informações) e codificação


(agrupamento de informações).
b) Na fase motora rudimentar a faixa etária aproximada é entre um e
dois anos do nascimento. Nesta fase acontecem os primeiros
movimentos voluntários (rudimentares), que são representados
por formas básicas de movimentos por parte dos bebês, que são
fundamentais para a sobrevivência, como obter o controle da
cabeça, do pescoço e dos músculos do tronco, as tarefas
manipulativas de alcançar, agarrar e soltar, os movimentos
locomotores de arrastar-se, engatinhar-se, etc. Nesta fase o
estágio é de pré-controle (maior controle e precisão) e inibição de
reflexos (gradualmente vão desaparecendo).
c) A fase motora fundamental acontece em uma faixa etária
aproximada de dois a sete anos. Nesta fase do desenvolvimento
motor é onde as crianças pequenas estão ativamente envolvidas
na exploração e na experimentação das capacidades motoras de
seus corpos. Este período serve para descobrir como
desempenhar os diversos movimentos de estabilidade
(equilíbrio), locomotores e manipulativos. Esses movimentos
acontecem de forma isolada e em seguida de modo combinado,
formando padrões de movimentos fundamentais que estão
ligados as habilidades motoras fundamentais.
d) A fase motora especializada ocorre na faixa etária aproximada de
7 a 14 anos de idade. O movimento se torna uma ferramenta que
se aplica a muitas atividades motoras complexas, presentes na
vida, na recreação e nos objetivos esportivos. Acontece o
refinamento das habilidades de estabilização, locomotoras e
manipulativas de forma progressiva. Nesta fase os estágios são os
de utilização vitalícia ou permanente (repertório de movimentos
adquirido durante a vida), aplicação (cognitivo ajuda nas tarefas
motoras) e transição (habilidades combinadas).

Os movimentos, para Gallahue, podem ser caracterizados como


estabilizadores, locomotores ou manipulativos, que se combinam na
execução das habilidades motoras ao longo da vida e tem as seguintes
características:

a) Nos movimentos estabilizadores, a criança é envolvida em


constantes esforços contra a força de gravidade na tentativa de
170

obter e manter a postura vertical. É por meio desta dimensão que


as crianças ganham e mantém um ponto de origem na exploração
que realizam no espaço.
b) Os movimentos locomotores são movimentos que indicam uma
mudança na localização do corpo em relação a um ponto fixo na
superfície. Envolve a projeção do corpo em um espaço externo
pela mudança de posição do corpo em relação a um ponto fixo da
superfície. Caminhar, correr, saltar, pular ou saltitar são tarefas
locomotoras.
c) A categoria de movimentos manipulativos, referem-se as
manipulações motoras, como tarefas de arremessos, recepção,
chute e interceptação de objetos, que são movimentos
manipulativos grossos. Costurar e cortar com tesoura são
movimentos manipulativos finos. Os componentes manipulativos
envolvem um relacionamento do indivíduo para os objetos e é
caracterizado pela força cedida para os objetos e pela força
recebida deles.

Assim, para Gallahue, para se chegar ao domínio de habilidades


desportivas, é necessário, um longo processo, onde as experiências com
habilidades básicas (movimentos fundamentais) são de fundamental
importância. Na pré-escola, a criança de 4 a 6 anos de idade abrange a fase
dos movimentos fundamentais, com o surgimento de múltiplas formas
(correr, saltar, arremessar, receber, quicar, chutar) e suas combinações. As
mudanças observadas nos estágios serão estabelecidas em forma de um
refinamento das habilidades básicas e, melhor eficiência em sua
combinação, o que irá marcar a passagem para a fase seguinte, a dos
movimentos relacionados ao desporto, ou especializados. E, é nesta fase
que os movimentos fundamentais vão servir de base para as combinações
em habilidades desportivas, de modo que a aquisição dos movimentos
fundamentais reveste-se da maior importância no Modelo proposto por
Gallahue.
171

2.1.1 Estágios de desenvolvimento motor dos movimentos fundamentais


(GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2012, p.53):

Em seu Modelo Gallahue divide a fase dos movimentos fundamentais


em estágios: inicial, emergentes elementar e proficiente, a saber:
d) No estágio inicial acontecem as primeiras tentativas da criança
orientadas para o objetivo de desempenhar uma habilidade
fundamental. O movimento é caracterizado por elementos que
faltam ou que são, de forma imprópria, marcadamente
sequênciados e restritos, pelo uso exagerado do corpo e por fluxo
rítmico e coordenação deficiente. A sincronização espacial e
temporal do movimento é pobre. Geralmente, os movimentos
locomotores, manipulativos e estabilizadores em crianças de 2-3
anos de idade, estão em nível inicial. Algumas crianças podem
estar além desse nível no desempenho de alguns padrões de
movimento, mas a maioria está na fase inicial.
e) Nos estágios emergentes elementar (podem ser vários), há maior
controle e melhor coordenação rítmica dos movimentos
fundamentais. A sincronização dos elementos temporais e
espaciais do movimento é melhorada, mas os padrões de
movimento durante estas fases ainda são, em geral, restritos ou
exagerados, embora melhor coordenados. As crianças de
inteligência e funcionamento físico normal tendem a avançar para
os estágios emergentes elementar, sobretudo, por meio do
processo de maturação. A observação do desenvolvimento
padrão em crianças de 3-5 anos revela uma variedade de
habilidades motoras fundamentais que estão emergindo em uma
série de vezes distintas e às vezes se sobrepõem aos estágios
elementares. Muitos indivíduos, adultos, bem como crianças, não
conseguem ir além desses estágios emergentes elementar em
uma ou mais habilidade motora fundamental.
f) O estágio proficiente é caracterizado por desempenhos
mecanicamente eficientes, coordenados e controlados. A maioria
dos dados disponíveis sobre a aquisição de habilidades motoras
fundamentais sugere que as crianças podem e devem estar no
estágio proficiente com 5-6 anos, na maioria das habilidades
fundamentais. Habilidades manipulativas que requerem
rastreamento visual e interceptação de objetos tendem a se
desenvolver um pouco mais tarde por causa das sofisticadas
172

exigências motoras visuais destas tarefas. Uma observação


superficial nos movimentos de crianças e adultos pode revelar
que muitos ainda não desenvolveram suas habilidades motoras
fundamentais para um nível proficiente. Embora algumas crianças
possam atingir este estágio principalmente pela maturação e com
um mínimo de influência ambiental, a grande maioria requer uma
combinação de oportunidades de prática, encorajamento e
instruções em um ambiente de aprendizagem.
Esses estágios são analisados de acordo com a configuração total
do corpo, onde em determinado estágio há uma série de características
que podem ser observadas nos principais seguimentos do corpo, de forma
geral.
Acrescenta-se que, para Gallahue, Ozmun e Goodway (2012, p.
52), embora a maturação tenha seu papel no desenvolvimento de padrões
de movimentos fundamentais, ela não deve ser vista como a única
influência; as condições do ambiente, ou seja, oportunidades para a
prática, encorajamento, instrução e a ecologia (contexto) dos papéis
ambientais são de suma importância na medida em que se desenvolvem as
habilidades motoras fundamentais.

2.2 Matriz analítica para o salto vertical de Myers et al. (1977 apud
Gallahue; Ozmun, 2005), adaptada de Gallahue, Ozmun e Goodway (2012).

Gallahue e Ozmun (2005, p. 248) citam a matriz proposta por


Myers et al. (1977)* (Figura 1) para a análise qualitativa do salto vertical. A
matriz apresenta uma sequência de desenvolvimento para o salto vertical,
com breves descrições do posicionamento dos segmentos corporais, na
forma de check list, nas diferentes fases do salto. Estes autores
apresentam ainda, desenhos esquemáticos (Figura 2) da execução do salto
vertical. Trata-se de uma avaliação motora de crianças, observacional e
qualitativa, que possibilita a classificação do seu desenvolvimento motor
em estágios: inicial, emergentes elementar e proficiente.
173

Figura 1: Matriz analítica de Myers et al. (1977) para o salto vertical

ESTÁGIO INICIAL
1. Agachamento preparatório inconsistente.
2. Dificuldade de impulsionar com ambos os pés.
3. Extensão insuficiente do corpo ao impulsionar.
4. Elevação da cabeça pequena ou ausente.
5. Braços não coordenados com o tronco e a ação das pernas.
6. Baixa altura alcançada.
ESTÁGIOS EMERGENTES ELEMENTAR
1. Flexão dos joelhos excede ângulo de 90 graus no agachamento preparatório.
2. Inclinação para frente exagerada durante o agachamento.
3. Impulso com os dois pés.
4. Corpo não se estende totalmente durante a fase do voo.
5. Braços tentam auxiliar o voo e o equilíbrio. Mas em geral, não igualmente.
6. Deslocamento horizontal notável no pouso.
ESTÁGIO PROFICIENTE
1. Agachamento preparatório com flexão do joelho entre 60 e 90 graus.
2. Extensão firme dos quadris, joelhos e tornozelos.
3. Elevação dos braços coordenada e simultânea.
4. Inclinação da cabeça para cima com os olhos focalizados no alvo.
5. Extensão total do corpo.
6. Elevação do braço de alcance com inclinação do ombro combinada com
abaixamento do outro braço no auge do voo.
7. Pouso controlado bastante próximo ao ponto de partida.
Fonte: (Gallahue e Ozmun, 2005, pg. 248).

* Para este estudo foi feita uma adaptação na matriz analítica de Myers et al. (1977 apud
Gallahue; Ozmun, 2005), de acordo com a recente classificação dos estágios de
desenvolvimento motor e divisão das fases dos movimentos fundamentais de Gallahue, Ozmun
e Goodway (2012).
174

Figura 2: Desenhos esquemáticos da execução do salto vertical de Myers et


al. (1977)

Fonte: Gallahue e Ozmun (2005, pg. 249).

Myers et al. (1977 apud Gallahue; Ozmun, 2005) citam também,


alguns aspectos observáveis do movimento quando há dificuldades de
desenvolvimento:
k) Falha em permanecer sem contato com o solo;
l) Falha em impulsionar com ambos os pés ao mesmo tempo;
m) Falha em agachar com ângulo aproximado de 90 graus;
n) Falha em estender corpo, pernas e braços com firmeza, na fase de
voo;
o) Coordenação pobre das ações de pernas e braços;
p) Necessidade de inclinação de braços para trás ou para as laterais
para se equilibrar;
q) Falha em guiar com os olhos e a cabeça;
r) Pouso em um pé só, com frequência;
s) Flexão de quadris e joelhos inibida ou exagerada ao pousar;
t) Deslocamento horizontal marcante ao pousar.
Na prática da utilização desta matriz, as crianças podem
apresentar distintos estágios maturacionais para os diferentes segmentos
corporais. Na classificação geral da criança para a tarefa motora analisada,
175

Gallahue e Ozmun (2005) recomendam que seja considerado o estágio


mais atrasado em que se encontrar qualquer um dos segmentos corporais.

3. SISTEMÁTICA PARA AVALIAÇÃO OBSERVACIONAL DO SALTO VERTICAL


DE CRIANÇAS: PROPOSIÇÃO.

3.1 Caracterização

A sistemática proposta neste estudo foi elaborada com base no


Modelo de Gallahue (1989) e na matriz de Myers et al. (1977 apud
Gallahue; Ozmun, 2005), adaptada de Gallahue, Ozmun e Goodway (2012).
Trata-se de um instrumento de medida para a análise e
classificação do estágio de desenvolvimento motor da criança por meio de
avaliação observacional para a tarefa motora salto vertical, considerando a
movimentação dos diferentes segmentos corporais (joelho, quadril, tronco
e membro superior) ao longo da execução da tarefa.
Consiste em, a partir da observação de imagens de crianças
realizando o salto vertical, seleção de figuras representativas (com base no
Modelo de Gallahue), para a determinação de instantes de análise que
melhor representam os estágios de desenvolvimento motor (inicial,
emergentes elementar e proficiente) nas diferentes fases do salto vertical
(preparatória, produção de força, voo e aterrissagem).

3.2 Processo de construção

Para a construção da sistemática foram adotados os seguintes


procedimentos:
a) Seleção de três grupos, sendo um grupo para cada estágio de
desenvolvimento motor (inicial, emergentes elementar e proficiente), com
10 crianças cada, classificadas de acordo com a matriz de Myers et al.
(1977 apud Gallahue; Ozmun, 2005).
b) Aquisição das imagens, por meio de filmagem bidimensional da
execução do salto vertical, utilizando uma câmera com frequência de
aquisição de 210 Hz, acoplada a um tripé posicionado perpendicularmente
ao plano de execução do salto (Figura 3), a uma distância mínima para que
o movimento fosse visualizado na íntegra, preenchendo todo o campo
visual da câmera.
176

Figura 3: imagem da posição da filmadora para a coleta dos dados

Fonte: produção dos autores.

g) Análise das imagens no Software Kinovea Video Editor versão


0.8.15 e seleção das figuras representativas (com base no Modelo
de Gallahue), para a determinação de instantes de análise que
melhor representam os estágios de desenvolvimento motor
(inicial, emergentes elementar e proficiente) nas diferentes fases
do salto vertical (preparatória, produção de força, voo e
aterrissagem) para a elaboração da sistemática. Foram
determinados onze instantes de análise dentro das fases do salto,
conforme descrição abaixo:

1. Fase preparatória: foram selecionados os seguintes instantes de análise:


1.1 Quadro que representa a posição inicial;
1.2 Quadro que representa a posição preparatória;
1.3 Quadro da máxima flexão do joelho;

2. Fase de produção de força: foram selecionados os seguintes instantes de


análise:
2.1 Primeiro quadro do início da extensão do joelho;
2.2 Último quadro, imediatamente, anterior a perda de contato
dos pés com o solo.

3. Fase de voo: foram selecionados os seguintes instantes de análise:


3.1 Primeiro quadro após a perda de contato dos pés com o solo;
3.2 Quadro da máxima altura atingida pelo quadril, representado
pelo eixo do trocanter maior;
3.3 Último quadro, imediatamente, anterior ao contato dos pés
177

com o solo.

4. Fase de aterrissagem: foram selecionados os seguintes instantes de


análise:
4.1 Primeiro quadro após o contato dos pés com o solo;
4.2 Quadro da máxima flexão do joelho;
4.3 Quadro que representa a posição final.

Obs. os instantes de análise estão representados por imagens na planilha


de avaliação.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GALLAHUE, D. Assessing children’s motor behavior: considerations for


motor, fitness, physical activity and alternative assessment. Tópicos em
desenvolvimento motor na infância e adolescência. Rio de Janeiro: LECSU,
p. 167-185, 2007.

GALLAHUE, D. L. Understanding motor development: Infants, children,


adolescents. Benchmark Press (Indianapolis, Ind.), 1989.

GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento


motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte,
2005.

GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C.; GOODWAY, J. D. Understanding motor


development: infants, children, adolescents, adults. 7. ed. New York:
McGraw-Hill Companies, 2012.

HAYNES, S. N.; RICHARD, D.; KUBANY, E. S. Content validity in psychological


assessment: A functional approach to concepts and methods.
Psychological Assessment, v. 7, n. 3, p. 238, 1995.

NETO, J. L. C.; MEDEIROS, D. C. A.; VIANA, M. R. G. D. S. Avaliação das


habilidades motoras fundamentais em crianças de 10 a 12 anos: um estudo
comparativo. FIEP Bulletin On-line, v. 82, n. 2, 2012b.
178

ROSE, K. J.; BURNS, J.; NORTH, K. N. Relationship between foot strength


and motor function in preschool-age children. Neuromuscular Disorders,
v. 19, n. 2, p. 104-107, 2009.

TEIXEIRA, H. M. et al. Desempenho motor de escolares em diferentes


estágios nutricionais: avaliação do processo das habilidades motoras
fundamentais, salto, chute e arremesso. FIEP Bulletin, v. 80, n. 2, 2010b.

THOMAS, J. R.; NELSON, J. K. Métodos de pesquisa em atividade física.


Porto Alegre: Artmed, 2002.

VASCONCELOS, B. C.; ARAÚJO, R. A Análise do desenvolvimento motor em


escolares de Planaltina_DF. Educação Física em Revista, v. 4, n. 2, 2010b.
179
180
181
182
183
184
185
186

ANEXOS

ANEXO 1 - Carta de aprovação no Comitê de Ética em


Pesquisas Envolvendo Seres Humanos (UDESC).
187

ANEXO 1- Carta de aprovação no Comitê de Ética em Pesquisas Envolvendo


Seres Humanos (UDESC)
188

ORIENTAÇÕES PARA O USO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DO


ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO MOTOR DO SALTO VERTICAL DE
CRIANÇAS

ARAUJO, Luciana Gassenferth; MELO, Sebastião Iberes Lopes.

1. Selecione o material que será utilizado e organize um local


que seja adequado para a filmagem da criança, conforme
exemplificado na Figura 1, a seguir;

Figura 1: Exemplo de seleção e organização do local da filmagem.


Antes Depois

Fonte: produção dos autores.

2. Delimite a área para a realização do salto vertical, de forma


que ao saltar, a criança não se desloque em demasia para
frente ou para trás, descaracterizando o salto vertical;

3. Preencha a Ficha de identificação cadastral com os dados da


criança (Anexo 1);

4. Fixe marcadores nos eixos articulares: ombro, cotovelo,


quadril, joelho e tornozelo, conforme exemplificado na
189

Figura 2. Para isto, utilize um protocolo de localização dos


eixos articulares;

Figura 2: Exemplo de marcação dos eixos articulares.

Fonte: produção dos autores.

5. Oriente a criança para que vista roupas confortáveis e que


permitam a visualização dos marcadores, e sobre os
procedimentos da filmagem;

6. Projete a imagem da execução do salto vertical de uma


criança, com estágio de desenvolvimento motor proficiente;

7. Possibilite a criança realizar alguns saltos, para que se


adapte aos procedimentos da filmagem, até perceber que
ela entendeu a tarefa;

8. Determine a criança para o comando “salte para cima o


mais alto que você conseguir” e proceda a filmagem;
Obs.: sugere-se que cada criança realize no mínimo um salto
vertical considerado válido.

9. Selecione os quatro instantes (quadros) de análise


determinados na Sistemática para a avaliação observacional
do salto vertical de crianças (Anexo 2), que são: quadro da
190

máxima flexão do joelho (fase preparatória), quadro do


início da extensão do joelho (fase de produção de força),
quadro da máxima altura atingida pelo quadril (fase de voo)
e quadro da máxima flexão do joelho (fase de aterrissagem).
Para isto, utilize um programa de edição de imagens;

10. Proceda a medição dos valores dos ângulos


intersegmentares (ângulo do braço em relação ao tronco,
ângulo do tronco em relação a vertical, ângulo do quadril e
ângulo do joelho), nos instantes de análise de cada fase do
salto. Para isto, utilize um programa de edição e
processamento de imagens. Anote os valores obtidos no
espaço reservado na Ficha de avaliação motora (ANEXO 1),
conforme exemplificado e destacado em cor vermelha na
Figura 3, a seguir:

Figura 3: Ficha de avaliação motora com dados simulados de medidas


de valores angulares.

Fonte: produção dos autores.


191

Obs.: nas medidas do ângulo do braço em relação ao tronco, para


distinguir o posicionamento do segmento em relação ao tronco,
utilize sinal positivo para movimentos na frente do tronco e sinal
negativo para movimentos atrás do tronco. Para o ângulo do
tronco em relação a vertical, utilize o sinal positivo para os
movimentos anteriores ao eixo y e sinal negativo para
movimentos posteriores ao eixo y.

11. Verifique em qual intervalo angular da Matriz de avaliação


do estágio de desenvolvimento motor do salto vertical de
crianças (Anexo 3), encontra-se o valor obtido para o ângulo de
cada seguimento corporal em cada fase do salto e classifique-o
no estágio de desenvolvimento motor correspondente. Anote o
resultado da classificação no espaço reservado na Ficha de
avaliação motora, conforme exemplificado e destacado na cor
azul na Figura 4, a seguir:

Figura 4: Ficha de avaliação motora com dados simulados de


classificação dos segmentos corporais em cada fase do salto vertical.

Fonte: produção dos autores.


192

12. Classifique o estágio de desenvolvimento motor de cada


segmento corporal, por meio do estágio que ocorre com
mais frequência. Anote o resultado da classificação no
espaço reservado na Ficha de avaliação motora, conforme
exemplificado e destacado na cor verde na Figura 5, a
seguir:

Figura 5: Ficha de avaliação motora com dados simulados de


classificação de cada segmento corporal.

Fonte: produção dos autores.

13. Verifique na Ficha de avaliação motora, o estágio de


desenvolvimento motor dos segmentos corporais que
ocorre com mais frequência e classifique de forma geral o
estágio de desenvolvimento motor do salto vertical da
criança, conforme exemplificado e destacado na cor laranja
na Figura 6. No caso de empate entre os estágios, o salto da
criança é classificado no estágio emergentes elementar.
193

Figura 6: Ficha de avaliação motora com dados simulados da classificação


do estágio de desenvolvimento motor do salto vertical.

Fonte: produção dos autores.

_______________________________________________________
_______________________________________________________
194

ANEXO 1: FICHA DE IDENTIFICAÇÃO CADASTRAL E AVALIAÇÃO MOTORA


195

ANEXO 2: SISTEMÁTICA PARA A AVALIAÇÃO OBSERVACIONAL DO SALTO


VERTICAL DE CRIANÇAS

Segmento Características do movimento Instante de Classificação


Fase Est. corporal análise
Braço Ao lado do corpo ou para
(BR) frente. Não usa o braço. Seg. BR Q JO Ger
Quadril/ Pequena flexão do quadril e Corp T al
oral
Tronco tronco próximo a vertical.
P
Inicial

(QT) Pequena inclinação do Está


R
tronco. gio
E
P Joelho Pequena flexão dos joelhos.
A (JO)
Comentários:
R
A Braço Começa a usar o braço no _______________________
Emergentes

T (BR) movimento. Pequena


Ó _______________________
extensão do ombro.
R Quadril/ Grande flexão do quadril e
I _______________________
Tronco Inclinação exagerada do
A (QT) tronco para frente. ______________________

Joelho Grande flexão dos joelhos. _______________________


(JO)
_______________________
Braço Braços para frente. Extensão do
(BR) ombro.
_______________________
Proficiente

Quadril/ Pequena flexão do quadril e


Tronco inclinação do tronco para frente _______________________
(QT) sem exagero ou inibição.

Joelho Flexão dos joelhos próxima a 90°.


(JO)

Fase preparatória: inicia com a posição ereta, seguida de um agachamento para a


preparação para o salto, até a flexão dos joelhos. Instante de análise: quadro da máxima
flexão dos joelhos.
196

Continuação Sistemática.

Segmento Características do Instante de Classificação


Fas Est corporal movimento análise
e .
Braço (BR) Ao lado do corpo ou
para trás. Usa pouco o
Seg. BR Q JO Ger
braço Corp T al
P Quadril/ Pequena ou nenhuma oral
Inicial

R Tronco flexão do quadril e


O (QT) tronco próximo a Está
D vertical. Pouca gio
U inclinação do tronco.
Ç Joelho Extensão dos joelhos. Comentários:
à (JO)
O _______________________
Braço Braços para frente ou
(BR) para lateral. Extensão
D _______________________
Emergentes

do ombro.
Elementar

E
Quadril/ Flexão do quadril e
Tronco Inclinação do tronco _______________________
F
O (QT) para frente.
_______________________
R Joelho Pequena flexão dos
Ç (JO) joelhos.
_______________________
A Para frente e para
Proficiente

Braço (BR) cima. Extensão do


_______________________
ombro.
Quadril/ Extensão firme do _______________________
Tronco quadril e tronco.
(QT)
Joelho Extensão vigorosa dos
(JO) joelhos.
Fase de produção de força: inicia do agachamento, com a extensão do corpo para a
impulsão para o salto, e termina antes dos pés perderem o contato com o solo.
Instante de análise: primeiro quadro após o início da extensão do joelho.
197

Continuação Sistemática.
Segmento Características do Instante de Classificação
Fase Est. corporal movimento análise
Braço (BR) Ao lado do corpo ou para
trás. Não usa o braço. Seg. B Q J Ge
Quadril/ Grande flexão do quadril e Corp R T O ral
Inicial

Tronco inclinação do tronco para oral


(QT) frente.
Está
Joelho Grande flexão dos joelhos. gio
(JO)
V Braços afastados para as
O Braço laterais ou extensão Comentários:
O (BR) incompleta do ombro para
Emergentes

frente. __________________
Quadril/ Extensão incompleta do
Tronco quadril e tronco. Inclinação __________________
(QT) do tronco para trás.
Joelho Extensão incompleta dos __________________
(JO) joelhos.
__________________
Braço (BR) Braços para frente e para
cima. Extensão do ombro.
Proficiente

__________________
Quadril/
Tronco Extensão vigorosa do
(QT) quadril e tronco.
Joelho Extensão vigorosa dos
(JO) joelhos.

Fase de voo: inicia com a perda de contato dos pés com o solo através da projeção do corpo
para o alto, atingindo a altura máxima e retornando pouco antes do contato dos pés com o
solo. Instante de análise: quadro da máxima altura atingida pelo quadril.
198

Continuação Sistemática.
Segmento Características do movimento Instante de Classificação
Fase Est. corporal análise
Braço (BR) Ao lado do corpo ou para trás.
Quadril/ Pouca flexão do quadril.
Seg. B Q J Ge
Tronco Tronco próximo a vertical ou
A Corp R T O ral
Inicial

(QT) inclinado para trás. oral


T
Joelho
E
(JO) Pequena flexão dos joelhos. Está
R gio
R
I
S Braço Auxiliam no equilíbrio para as
S (BR) laterais ou permanecem ao Comentários:
A lado do corpo.
Emergentes

G ____________________
Quadril/ Flexão do quadril e inclinação
E
Tronco exagerada do tronco para
M ____________________
(QT) frente. Deslocamento
horizontal.
Joelho Flexão dos joelhos maior que ____________________
(JO) 90°.
____________________
Braço (BR) Braços para frente do corpo.
Quadril/ Flexão do quadril e inclinação
Proficiente

____________________
Tronco moderada do tronco para
(QT) frente. ___________________
Joelho Flexão dos joelhos próxima a
(JO) 90°.

Classificação geral (Moda):


Fase Prep. P.Força Voo Aterris. Geral

Estágio

Fase de aterrissagem: inicia com o primeiro contato do (s) pé(s) com o solo, com uma
flexão do corpo seguida de uma extensão até retornar a posição inicial. Instante de
análise: quadro da máxima flexão dos joelhos.
199

ANEXO 3- MATRIZ DE AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO


MOTOR DO SALTO VERTICAL DE CRIANÇAS

Fase Preparatória Produção Voo (°) Aterrissagem


Segmento (°) de (°)
Corporal Força (°)
Estágio
Inicial ≤ 6,8 ≤ 8,0 ≤ 9,7 ≤ 4,0
Braço Emergentes 8,1 a 9,8 a
6,9 a 20,5 4,1 a 15,1
49,0 85,0
Proficiente ≥ 20,6 ≥ 49,1 ≥ 85,1 ≥ 15,2
Inicial ≤ 10,0 ≤ 8,9 ≥ 19,1 ≤ 11,2
Tronco 4,3 a
Emergente ≥ 50,7 ≥ 35,8 ≥ 24,1
19,0
9,0 a
Proficiente 10,1 a 50,6 ≤ 4,2 11,3 a 24,0
35,7
Inicial ≥ 105,2 ≥ 113,2 ≤ 122,2 ≥ 116,9
Quadril Emergentes 122,3 a
≤ 89,8 ≤ 96,2 ≤ 95,2
165,1
Proficiente 89,9 a 96,3 a 95,3 a
≥ 165,2
105,1 113,1 116,8
Inicial ≥ 119,3 ≥ 127,2 ≤ 90,3 ≥ 126,5
Joelho Emergentes 102,1 a 109,2 a 90,4 a 101,7 a
119,2 127,1 158,7 126,4
Proficiente ≤ 102,0 ≤ 109,1 ≥ 158,8 ≤ 101,6

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