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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIENCIAS DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ASSOCIADO EM
EDUCAÇÃO FÍSICA – UEM/UEL

MATHEUS DE OLIVEIRA JAIME

PADRÕES DE COMPORTAMENTO NA
CATEGORIA DE BASE E SUAS RELAÇÕES
COM VARIÁVEIS DO CONTEXTO NO FUTEBOL

Maringá
2020
MATHEUS DE OLIVEIRA JAIME

PADRÕES DE COMPORTAMENTO NA
CATEGORIA DE BASE E SUAS RELAÇÕES
COM VARIÁVEIS DO CONTEXTO NO FUTEBOL

Dissertação apresentada à
Universidade Estadual de
Maringá, como parte das
exigências do Programa de Pós-
Graduação Associado em
Educação Física – UEM/UEL, na
área de concentração em
desempenho humano e atividade
física, para obtenção do título de
Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Wilson Rinaldi

Maringá
2020
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos os


docentes e discentes, pesquisadores ou
não, que resistem contra os constantes
ataques à ciência brasileira e continuam
acreditando e construindo o futuro.
.
AGRADECIMENTOS

Às vezes, a vida nos surpreende e nos direciona para incríveis e


inesperados caminhos ao lado de pessoas especiais. Realizar ou não o mestrado,
foi um destes casos. O preponderante para eu aceitar este desafio foi observar
quem eram as pessoas que estariam ao meu lado nesta caminhada. Ao analisar o
perfil profissional e pessoal do meu orientador, Dr. Wilson Rinaldi, e dos
professores Dr. Paulo Borges, Dr. Leandro Rechenchosky e Me. Vanessa
Menegassi, membros do Grupo de Estudos e Pesquisas aplicadas ao Futebol
(GEPAFUT - UEM), tive a certeza de que era ali, ao lado deles, que gostaria de me
posicionar.
A caminhada foi longa, muitas vezes sofrida, mas gratificante, pois sempre
tive o apoio acadêmico e pessoal de pessoas verdadeiramente especiais, que me
fizeram crescer com o processo. Faço uma menção específica ao Dr. Paulo Borges,
meu orientador na graduação, grande inspiração acadêmica e responsável direto por
me fazer aprender o valor da ciência. Obrigado, mister!
Agradeço também aos membros da banca avaliadora, Dr. Gibson Praça
(UFMG) e Dra. Luciane Arantes (UEM) por todas as contribuições realizadas e
reflexões estimuladas na qualificação e na defesa. Aproveito também para
agradecer ao professor Dr. João Machado (UFAM) por todo o conhecimento
colocado a nossa disposição.
Faço um agradecimento especial aos membros da minha família: minha avó
(Maria), minha mãe (Jaqueline), meu pai (Ailton) e meu irmão (João). Muito
obrigado por todo apoio, incentivo e suporte nos momentos positivos e negativos.
Vocês são os grandes responsáveis por tornar tudo isso possível.
Agradeço à minha companheira (Nathália), por estar ao meu lado sempre,
sendo um porto-seguro, de alívio, paciência, calmaria e amor em todos os
momentos, mas, principalmente nos de maior tensão. Me sinto mais completo
contigo.
Agradeço aos meus amigos, principalmente os que caminham ao meu lado
desde a infância, pela alegria que sempre me trouxeram. É um orgulho imenso
observar como todos estão trilhando belos caminhos em suas profissões e
respectivas vidas.
Agradeço também o programa Ciência sem Fronteiras, que me
proporcionou uma experiência única e enriquecedora na Università di Pisa (Itália) e
no Pisa Sporting Club, categoria sub-15, nos anos de 2015/2016.
Por fim, gostaria de agradecer o Programa de Pós-Graduação Associado em
Educação Física (UEM-UEL). Homenageio aqui, todos os funcionários destas
instituições que, mesmo sofrendo ataques constantes e sem o devido
reconhecimento, resistem e lutam pela educação brasileira pública e de qualidade.
JAIME, Matheus de Oliveira. Padrões de comportamento na categoria de base e
suas relações com variáveis contextuais no futebol. 2020. Dissertação (Mestrado
em Educação Física) – Centro de Ciências da Saúde. Universidade Estadual de
Maringá, Maringá, 2020.

RESUMO
O futebol é um esporte coletivo de envolvimento complexo, sendo que para a
compreensão contextualizada e global do jogo, é necessário conhecer as variáveis
que induzem complexidade e as propriedades da dinâmica tática de interação entre os
jogadores e as equipes, considerando ordem e tempo das ações. O presente estudo
objetivou caracterizar e comparar padrões comportamentais ofensivos e caracterizar e
comparar a influência das variáveis contextuais resultado momentâneo do jogo e
qualidade do adversário na dinâmica ofensiva de uma equipe juvenil de futebol. Para
cumprir com estes objetivos, 17 jogos de uma equipe brasileira juvenil no campeonato
estadual foram gravados e analisados por meio do instrumento de observação e
software SoccerEye. O protocolo, utilizado para a extração e registro dos eventos, é
constituído por sete critérios: 1) início da fase ofensiva; 2) desenvolvimento da
transição-estado defesa/ataque; 3) desenvolvimento da posse de bola; 4) final da fase
ofensiva; 5) espacialização do terreno de jogo; 6) centro de jogo; e 7) configuração
espacial de interação. O software SDIS-GSEQ (v5.0.77) foi utilizado para a Análise
Sequencial de Retardos das sequências ofensivas extraídas. A amostra compreendeu
29,228 eventos totais, extraídos de 1,304 sequências ofensivas, com desfechos
eficazes e não eficazes. As sequências ofensivas foram divididas de acordo com as
variáveis contextuais qualidade do adversário (contra equipes de nível “elevado”,
“intermediário” e inferior) e resultado momentâneo do jogo (estar ganhando,
empatando ou perdendo. O nível de significância adotado foi de 5% (z=≥1,96).
Identificou-se que: a zona de recuperação e de manutenção da posse de bola
influenciam diretamente no desfecho; conduções de bola e dribles são padrões
utilizados para avançar e desequilibrar o adversário no terreno de jogo;
comportamentos coletivos foram mais identificados como padrões contra equipes de
nível elevado e condutas individuais foram padrões mais observados contra as demais
equipes; em situações de derrota, padrões de cruzamento para a área se tornam mais
frequentes, apesar de normalmente terminarem em finalização não enquadrada com o
gol adversário; configurações espaciais e numéricas no momento da finalização
aumentam as probabilidades de eficácia ofensiva. Portanto, houve diferenças entre
padrões de comportamentos eficazes e não eficazes; a qualidade do adversário
diferenciou os padrões de comportamento; comportamentos individuais e de
recuperação/progressão da bola no campo ofensivo, com configuração espacial
favorável, se associaram a desfechos eficazes; o resultado momentâneo do jogo
diferenciou levemente os desfechos ao apontar mais eventos padrões de cruzamento
para a área em situação de derrota.
Palavras-Chave: Esportes Juvenis. Futebol. Desempenho Esportivo. Comportamento.
JAIME, Matheus de Oliveira. Behavioural patterns in the youth academies and their
relationship with contextual variables in football. 2020. Dissertação (Mestrado em
Educação Física) – Centro de Ciências da Saúde. Universidade Estadual de Maringá,
Maringá, 2020.

ABSTRACT

Football is a collective sport with complex involvement. For the contextualized and
global understanding of the game, it is necessary to know the variables that induce
complexity and the properties of the tactical dynamics of interaction between players
and teams, considering order and time of actions. The present study aimed to
characterize and compare offensive behavioural patterns and to verify the influence of
contextual variables, momentary result of the game and quality of the opponent in the
offensive dynamics of a youth team. To meet these objectives, 17 games of a Brazilian
youth team in the state championship were recorded and analysed using the SoccerEye
observation tool and software. The protocol, used to extract and record events, consists
of seven criteria: 1) start of the offensive phase; 2) development of the transition-state
defence / attack; 3) development of ball possession; 4) end of the offensive phase; 5)
spatialization of the playing field; 6) game centre; and 7) spatial configuration of
interaction. The SDIS-GSEQ software (v5.0.77) was used for the Delayed Sequential
Analysis of the extracted offensive sequences. The sample comprised 29,228 total
events, extracted from 1,304 offensive sequences, with effective and ineffective
outcomes. The offensive sequences were divided according to the contextual variables
of the opponent's quality (against “high”, “intermediate” and inferior teams) and the
momentary result of the game (to be winning, drawing or losing. The level of significance
adopted was 5 % (z = ≥1.96) It was found that: the zone of recovery and maintenance of
ball possession directly influence the outcome, ball driving and dribbling are patterns
used to advance and unbalance the opponent on the field of play; collective behaviours
were more identified as patterns against high level teams and individual behaviours
were more observed patterns against the other teams; in situations of defeat, crossing
patterns for the area become more frequent, although they usually end in finishing not
framed with the opposing goal; spatial and numerical configurations at the time of
finishing increase the odds of offensive efficacy, so there were differences between
effective and non-effective behaviour patterns; the adversary's quality differentiated the
patterns of behaviour; individual behaviors and recovery / progression of the ball in the
offensive field, with favourable spatial configuration, were associated with effective
outcomes; the momentary result of the game slightly differentiated the outcomes by
pointing out more standard crossing events for the area in defeat.
Keywords: Youth Sports. Soccer. Sports Performance.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Modelo teórico da dinâmica comportamental do jogo de futebol....... 17


Figura 2 - Processo da Metodologia Observacional........................................... 25
Figura 3 - Interface do instrumento de observação SoccerEye.......................... 28
Exemplo de relatório em Microsoft Excel gerado pelo software
Figura 4 - 28
SoccerEye..........................................................................................
Campograma correspondente à divisão topográfica do terreno de
Figura 5 - 39
jogo em doze zonas...........................................................................
Mapa de interações entre padrões ofensivos com eficácia e sem
Figura 6 - 62
eficácia detectados contra adversários de nível elevado...................
Mapa de interações entre padrões ofensivos com eficácia e sem
Figura 7 - 64
eficácia detectados contra adversários de nível intermediário...........
Mapa de interações entre padrões ofensivos com eficácia e sem
Figura 8 - 66
eficácia detectados contra adversários de nível inferior....................
Figura 9 - Sequências ofensivas em situação de vitória.................................... 81
Figura 10 - Sequências ofensivas em situação de empate.................................. 83
Figura 11 - Sequências ofensivas em situação de derrota................................... 85
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Estrutura da dissertação.................................................................... 24


Variáveis para análise do início da fase ofensiva/recuperação da
Quadro 2 - 31
posse de bola e suas descrições.......................................................
Variáveis para análise da transição-estado defesa/ataque e suas
Quadro 3 - 33
definições...........................................................................................
Variáveis para análise do desenvolvimento da posse de bola e suas
Quadro 4 - 34
definições...........................................................................................
Quadro 5 - Variáveis para análise do final da fase ofensiva e suas descrições.. 37
Quadro 6 - Variáveis para análise da espacialização do terreno de jogo............ 38
Quadro 7 - Variáveis para análise relacionadas com o centro de jogo................ 40
Variáveis para análise relacionadas com a configuração espacial de
Quadro 8 - 43
interação entre as equipes.................................................................
Quadro 9 - Variáveis contextuais e suas respectivas caracterizações................ 48
Quadro 10 - Confiabilidade intraobservador........................................................... 50
Quadro 11 - Confiabilidade interobservadores....................................................... 50
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Critérios e categorias do protocolo de observação SoccerEye........... 29


Tabela 2 - Critérios e categorias do protocolo de observação SoccerEye........... 58
Tabela 3 - Critérios e categorias do protocolo de observação SoccerEye........... 78
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

IEi Interceptação
IEd Desarme
IEgr Ação do goleiro em fase defensiva
IEp Ação defensiva seguida de passe
IIcg Começo ou recomeço do jogo
IIi Infração do adversário às leis do jogo
IIc Escanteio cedido pelo adversário
IIpb Tiro de meta cedido pelo adversário
IIbs Bola ao solo
IILL Lançamento de linha lateral cedido pelo adversário
DTpcp Passe curto positivo
DTpcn Passe curto negativo
DTplp Passe longo positivo
DTpln Passe longo negativo
DTczp Cruzamento positivo
DTczn Cruzamento negativo
DTcd Condução de bola
DTd Drible
DTrc Recepção ou controle de bola
DTdu Duelo
DTr Finalização
DTse Intervenção do adversário sem êxito
DTgro Ação do goleiro da equipe em fase ofensiva
DTgra Ação do goleiro da equipe em fase defensiva
DPpcp Passe curto positivo
DPpcn Passe curto negativo
DPplp Passe longo positivo
DPpln Passe longo negativo
DPczp Cruzamento positivo
DPczn Cruzamento negativo
DPcd Condução de bola
DPd Drible (1x1)
DPrc Recepção ou controle de bola
DPdu Duelo
DPr Finalização
DPse Intervenção do adversário sem êxito
DPgro Ação do goleiro da equipe em fase ofensiva
DPgra Ação do goleiro da equipe em fase defensiva
DPi Infração do adversário às leis de jogo
DPc Escanteio
DPpb Tiro de meta
DPbs Bola ao solo
DPLL Lançamento de linha lateral
Frf finalização não enquadrada com o gol adversário
Frd Finalização enquadrada com o gol adversário
Frad Finalização interceptada sem a manutenção da posse de bola
Fgl Obtenção do gol
Fbad Erro do portador da bola ou ação da defesa adversária
Fgrad Ação do goleiro adversário
Ff Lançamento da bola para fora
Fi Infração às regras do jogo
Pr Inferioridade relativa
Pa Inferioridade absoluta
Pi Igualdade pressionada
SPi Igualdade não pressionada
SPr Superioridade relativa
Spa Superioridade absoluta
ADV Goleiro da equipe em fase ofensiva x linha adiantada da equipe adversária
ATAD Linha atrasada x linha adiantada
ATM Linha atrasada x linha média
ATE Linha atrasada x zona exterior
MAD Linha média x linha adiantada
MM Linha média x linha média
MAT Linha média x linha atrasada
ADM Linha adiantada x linha média
ADAT Linha adiantada x linha atrasada
EAT Zona exterior da linha adiantada x linha atrasada
ADV Linha adiantada x goleiro da equipe adversária
JEC Jogos Esportivos Coletivos
ASR Análise Sequencial de Retardos
DEF Departamento de Educação Física
CCS Centro de Ciências da Saúde
UEM Universidade Estadual de Maringá
UEL Universidade Estadual de Londrina
SUMÁRIO

1 CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ........................................................................... 15


2 OBJETIVOS E ESTRUTURA.............................................................................. 24
3 MÉTODOS........................................................................................................... 25
3.1 Caracterização do estudo.................................................................................. 25
3.2 Participantes e cuidados éticos......................................................................... 26
3.3 Procedimentos de coletas de dados................................................................. 27
3.3.1 Instrumentos de Observação e Registro........................................................ 27
3.3.2 Variáveis contextuais/situacionais.................................................................. 48
3.4 Análise dos dados............................................................................................. 49
3.4.1 Fiabilidade dos dados..................................................................................... 50
4 RESULTADOS..................................................................................................... 51
4.1 CAPÍTULO 2 - Artigo original 1 - Eficácia e influência da qualidade do
52
adversário nos padrões de comportamento na categoria de base.........................
4.2 CAPÍTULO 3 - Artigo original 2 - Padrões comportamentais ofensivos na
categoria de base: o resultado momentâneo pode alterar a dinâmica e a eficácia 72
ofensiva?.................................................................................................................
5 CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................ 94
6 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 95
ANEXOS.................................................................................................................. 103
15

CAPÍTULO 1

1. INTRODUÇÃO

O futebol é considerado um esporte coletivo de envolvimento complexo,


onde duas equipes atuam e se enfrentam com um sistema dinâmico em constante
mutação, sendo assim, variabilidade, imprevisibilidade e aleatoriedade de ações
individuais e coletivas são características da modalidade (CASARIN et al., 2011).
Garganta e Cunha-Silva (2000) destacam que o jogo de futebol se desenvolve em um
ambiente caótico, que se projeta numa cadeia de estados de desequilíbrio-equilíbrio.
Envolvidos neste contexto caótico, estão os jovens jogadores, que participam
ativamente do esporte competitivo e precisam de acompanhamento e monitoramento
com o intuito de otimizar o processo de formação (BORGES; AVELAR; RINALDI, 2015)
Apesar da complexidade do jogo de futebol, parte da ciência moderna
apoiou-se em métodos reducionistas para entender fenômenos complexos e alguns
estudos se direcionaram para a descrição e explicação de aspectos isolados, numa
tentativa de quantificar a atividade dos futebolistas (SARMENTO, 2012). Porém, para
Garganta (1997), os estudos com jogos esportivos coletivos (JEC) devem levar em
conta os espaços de interação e a componente tomada de decisão e, não somente, por
exemplo, as distâncias métricas e alta velocidade percorridas pelos jogadores.
Dependendo de como analisados, aspectos isolados do desempenho podem fornecer
uma imagem embaraçada, uma vez que variáveis importantes não são consideradas
(HUGHES; BARTLETT, 2002; VOLOSSOVITCH, 2005).
Ao analisar o contexto do jogo de futebol de forma global, é possível
identificar um choque de modelos, ideias e interesses entre equipes que se enfrentam e
buscam a vitória por meio de um objetivo comum e traçam um embate tanto ofensivo
quanto defensivo, tendo a bola como referência e objeto de posse (AQUINO et al.,
2015). Além disso, as ações das equipes oponentes são desenvolvidas em espaço
comum, sendo portanto, interligadas e inter-relacionadas (REVERDITO; SCAGLIA,
2009); o jogo se desenvolve com a equipe detentora da posse de bola impondo
16

problemas situacionais para o adversário, com o intuito de conquistar o objetivo


ofensivo (marcar o gol), sem deixar de lado o objetivo defensivo (evitar sofrer o gol), ao
passo que o adversário se dedica a resolver os problemas situacionais criados para
conquistar a posse da bola e atacar.
Considerando tal lógica do jogo, o modelo teórico da dinâmica
comportamental no jogo de futebol (Figura 1), de Barreira e Garganta (2007),
perspectiva o jogo em duas grandes fases, que são diferenciadas de acordo com a
posse ou não posse da bola; logo, a equipe que possui a posse de bola é a equipe que
se encontra em fase ofensiva, enquanto a equipe que não a possui encontra-se em
fase defensiva. Além disso, tal modelo também inclui e diferencia os conceitos
operacionais de transição, subdividindo em transição-estado e transição-interfase, que
são os estados transitórios que caracterizados e diferenciados pelo modo de
recuperação da bola, podendo se dar de maneira direta/dinâmica (transição-estado) ou
indireta/estática (transição-interfase) (BARREIRA; GARGANTA, 2007).
As interações constantes entre os jogadores das equipes, dentro de um
espaço comum, com alternâncias de fases de ataque e defesa, dão corpo a
complexidade do jogo. Levando em consideração a integralidade do jogo, concepções
foram concebidas compreendendo a dimensão tática como o grande plano de fundo de
atuação das dimensões, devido ao elevado grau de interação entre as demais
componentes dentro e por meio dela (GARGANTA, 1997; OLIVEIRA, 2004; LAGO,
2006; SILVA; SANTOS, MARQUES JÚNIOR, 2009; BORGES et al., 2015).
17

Figura 1. Modelo teórico da dinâmica comportamental do jogo de futebol.


Fonte: adaptado de Barreira (2013).
Nota: RPB: Recuperação da Posse de bola; PPB: Perda da Posse de Bola.

Neste sistema complexo, especializado e fortemente dominado por


competências estratégicas (GARGANTA, 1997), a execução de princípios táticos
(SERRA-OLIVARES et al. 2016; RECHENCHOSKY et al., 2017; PRAXEDES et al.,
2018), os atributos psicológicos (MØLLERLØKKEN et al., 2017; NICHOLLS et al., 2017;
MENEGASSI et al., 2018), as interações com os companheiros (CLEMENTE;
MARTINS, 2017; PRAÇA et al., 2017; PRAÇA et al. 2019), as capacidades físicas
(CASTAGNA, et al. 2017; POMARES-NOGUERA et al., 2018), e as habilidades
técnicas (MAARSEVEEN; OUDEJANS; SAVELSBERG, 2017; WOODS et al., 2018),
são alguns componentes que interagem em simbiose e produzem o desempenho no
futebol.
Para aproximar-se destas componentes, sem interferir propriamente na
manifestação das mesmas, a metodologia observacional tem sido utilizada
(CONTRERAS; PINO, 2000); com o intuito de observar, registrar e posteriormente
analisar (com instrumentos adequados) as atividades dos jogadores e equipes,
18

permitindo descrever os comportamentos executados (CARLING et al., 2013). O intuito


de estudos realizados com análise de jogo passa pela identificação e compreensão de
eventos e fatores essenciais, que condicionam a execução dos comportamentos de
equipes e jogadores (GARGANTA, 2001). Identificar e compreender tais eventos e
fatores pode auxiliar a otimização do processo de treino, por parte dos profissionais
envolvidos na ponta do processo, e consequentemente a performance dos jogadores
(GARGANTA, 2001). Para obter estas informações acerca do desempenho dos
jogadores em situação de jogo e considerando aspectos que podem influir no
desempenho dentro do contexto complexo e inter-relacionado do futebol, uma das
formas de concretizar a observação do jogo é utilizar a análise sequencial.
A análise sequencial é um método estatístico que permite identificar os
padrões comportamentais (CASTELLANO; HERNANDEZ-MENDO, 2000). De acordo
com Gréhaigne e Godbout (2014), os estudos relacionados com o desempenho de jogo
avançaram ao analisar os padrões de jogo a partir da evolução complexa de
comportamentos, considerando situações dinâmicas do jogo, interações com
companheiros e adversários em condições competitivas. É de se destacar que, o
método de análise sequencial possibilita o registro contínuo dos fatos e facilita a
ordenação dos acontecimentos do jogo, possibilitando assim, predições do ponto de
vista da probabilidade, sobre a ocorrência de maneira superior ao acaso, de
determinados acontecimentos do jogo (CASTELLANO; HERNANDEZ-MENDO, 2000).
Barreira (2013), reforça que os aspectos tempo e ordem são imprescindíveis para a
compreensão do processo e do produto das ações táticas no futebol.
Dois tipos de conduta são considerados na análise sequencial, a conduta
critério e a conduta objeto. De acordo com Castelão et al. (2015), as condutas objetos
podem ser contabilizadas na sequência de dados de forma prospectiva e/ou
retrospectiva, ao passo que, a conduta critério é a categoria final, ou seja, até onde na
sequência de dados se contabilizam os retardos. No caso do jogo de futebol e dos
demais jogos esportivos coletivos, um comportamento realizado pode estar
condicionado pelo comportamento inicial, pelo evento antecedente, bem como pode
condicionar o evento final.
19

Apesar de não ser uma técnica nova de análise, é possível observar uma
crescente incidência da aplicação da análise sequencial pela técnica de retardos (ASR)
nos últimos anos (BARREIRA et al., 2013; MACHADO; BARREIRA; GARGANTA, 2014;
CASTELÃO et al., 2015; SARMENTO et al., 2016; PRAÇA et al., 2017; SANTOS et al.,
2018; MOREIRA et al., 2018). Na aplicação da análise sequencial, com a técnica de
retardos, as probabilidades condicionais são calculadas a partir das distâncias
existentes entre os retardos de condutas critérios e as condutas objetos (CASTELÃO et
al., 2015).
Considerando o todo, estudos foram desenvolvidos para identificar
comportamentos padrões no futebol em diversos contextos, objetivando fornecer
informações para auxiliar as comissões técnicas a pensarem o modelo de jogo, o estilo
de jogo, as estratégias, o planejamento de treino, a interação com os jogadores (etc.).
Padrões de comportamento no futebol são definidos como interações do organismo
com o ambiente que ocorrem com probabilidades superiores ao acaso (SARMENTO,
2012; MOREIRA; SOUZA; HAYDU, 2019), enquanto modelo de jogo trata-se de um
pensamento acerca da forma de jogar, construído no campo das ideias e orientado por
princípios, subprincípios e subprincípios dos subprincípios, representativos das
diferentes fases do jogo (OLIVEIRA, 2004) e estilo de jogo é definido como o padrão de
jogo característico, relativamente estável, repetido de maneira regular em contextos
situacionais diversos, demonstrado por uma equipe durante os jogos e moldado por
meio do treinamento (HEWITT; GREENHAM; NORTON, 2016).
A finalidade de construir um modelo de jogo orientado por princípios, que crie
um estilo de jogo com padrões de comportamento, é a de atribuir sentido ao
desenvolvimento do processo por meio de um conjunto de regularidades, visando
desenvolver um processo coerente e específico, que norteie os comportamentos dos
jogadores dentro do contexto complexo do jogo (GARGANTA, 1997; OLIVEIRA, 2004).
Apesar da referida busca por nortear e estabilizar os comportamentos realizados pelos
jogadores e equipes quando em situação de jogo (favoráveis e desfavoráveis), as
condutas coletivas são submetidas a um contexto de elevada variabilidade e podem,
portanto, oscilar a execução entre o comportamento pré-estabelecido, seguindo os
princípios, e a possibilidade de responder a novos cenários criados pelo jogo
20

(GARGANTA, 2008). As propriedades coletivas do “superorganismo” das equipes, de


acordo com Duarte et al. (2012), se manifestam por meio da harmonização das
relações entre elementos que compõem a equipe e se alicerçam no conhecimento
tático convergente e em opções divergentes, que podem desviar as ações do sentido
pré-definido.
Portanto, visando melhor caracterizar a dinâmica do futebol, estudos tiveram
como ideia considerar como os jogadores e as equipes gerem o seu comportamento em
função das alterações sucessivas de sentido que o jogo apresenta e impõe, tendo em
conta variáveis contextuais/situacionais como: o status do jogo (LAGO-PEÑAS et al.,
2010; LAGO-PEÑAS; LAGO-BALLESTEROS; REY, 2011; LAGO-PEÑAS; LAGO-
BALLESTEROS, 2012; MACHADO; BARREIRA; GARGANTA, 2014; ALMEIDA;
FERREIRA; VOLOSSOVITCH, 2014; MOALLA et al., 2018; VITO, et al., 2019), os
níveis competitivos (BORGES et al., 2019), a qualidade do oponente (ALMEIDA;
FERREIRA; VOLOSSOVITCH, 2014; GARCÍA-RUBIO et al., 2015; AQUINO et al.,
2017) os períodos do jogo (PRATAS; VOLOSSOVITCH; FERREIRA, 2012; BARREIRA
et al., 2013) e o mando de jogo (LAGO-PEÑAS, 2009; LAGO-PEÑAS; LAGO-
BALLESTEROS, 2011; GARCÍA-RUBIO et al., 2015; AQUINO et al., 2017).
Estes estudos, indicam a importância de investigar como as equipes
organizam-se nas diferentes fases do jogo, principalmente quando submetidos a
contextos favoráveis (como por exemplo, o resultado momentâneo de vitória ou o jogo
contra um oponente menos qualificado) ou desfavoráveis (como por exemplo, o
resultado momentâneo de derrota ou o jogo contra um oponente mais qualificado).
Neste sentido, é observada uma tendência que envolvem análises de jogos, que se
dedica a identificar padrões comportamentais, evidenciados pelas equipes e jogadores
durante propostas de treinamento (como os jogos reduzidos) (PRAÇA et al., 2017;
VITO, et al., 2019) e jogos oficiais (MACHADO; BARREIRA; GARGANTA, 2014;
MOREIRA et al., 2018).
Estudos como estes demonstraram por exemplo que: jogar contra equipes
de nível elevado favorece ao aumento de comportamentos coletivos de passe e inibe
comportamentos de drible e condução de bola (TAYLOR et al., 2008); equipes em
situação de vitória tendem a optar por um estilo de jogo mais direto, enquanto em
21

situação de derrota optam por uma construção indireta (PRAÇA et al., 2019); seleções
nacionais semifinalistas de Copa do Mundo 2010 oscilaram seus comportamentos
padrões em função do resultado momentâneo da partida (MACHADO; BARREIRA;
GARGANTA, 2014).
Galatti et al. (2017) apontam que estas decisões tomadas pelos jogadores,
como, optar por um comportamento em detrimento de outro, em situação de treino e de
jogo oficial, são direcionadas pelos planos: temporal (tempo total de jogo e parcial das
ações), espacial (espaço delimitado para o jogo e espaço abstrato com base nas
interações de jogo), informacional (facilitada para companheiros e dificultada para
adversários) e organizacional (individual, grupal, setorial, intersetorial e coletiva). Sendo
assim, para a compreensão contextualizada e de forma global, é necessário conhecer
as variáveis que induzem complexidade e as propriedades da dinâmica tática de
interação entre os jogadores e as equipes, considerando a ordem de espaço e tempo
(BARREIRA, 2013).
Garganta et al. (2013) apontam que as equipes procuram afirmar a sua
identidade e preservar a respectiva integridade funcional, mesmo quando lidam com as
novidades impostas pelo jogo, os comportamentos táticos realizados pelos jogadores
em situações de jogo, podem ser influenciados por diferentes fatores, como: a
construção do modelo de jogo por parte da comissão técnica da equipe (CASARIN et
al., 2011), o modelo de treino utilizado, o nível de conhecimento tático do indivíduo e do
grupo de jogadores (GIACOMINI; SILVA; GRECO, 2011; MACHADO; SCAGLIA;
TEOLDO, 2015), até os fatores contextuais (PRATAS; VOLOSSOVITCH; FERREIRA,
2012; VALADAR, 2013; MACHADO; BARREIRA; GARGANTA, 2014; MOALLA et al.,
2018). Deste modo, é possível apontar que, os problemas primordiais do jogo
encontram-se no plano estratégico-tático e que saber “o que fazer”, “quando fazer” e
“como fazer” nas situações de jogo condicionam a tomada de decisão e a execução
propriamente dita (GRECO, 2006; GARGANTA et al., 2013).
A tomada de decisão, é condicionada por elementos como espaço, tempo,
bola, companheiros e adversário, e se caracteriza pela capacidade tática dos jogadores
resolverem os problemas que as tarefas do jogo impõem (GRECO; BENDA, 2001). A
tomada de decisão deve ser sustentada pelo mapeamento dos referenciais que
22

compõem o ambiente de jogo (GARGANTA, CUNHA e SILVA, 2000). A interação dos


processos cognitivos que desencadeiam as tomadas de decisões e direcionam a
programação e execução motora que respondem aos problemas do jogo, constituem a
capacidade tática do jogador (MATIAS; GRECO, 2010).
Estudos indicam que os jogadores menos experientes, ou seja, que ainda
encontram-se em processo de formação e possuem menor quantidade e ou qualidade
de vivências nos JEC’s, possuem possivelmente um conhecimento tático declarativo
(relacionado à “o que fazer” e “quando fazer”) e processual (relacionado à “como fazer”)
inferior aos praticantes com maior experiência, bem como um conhecimento menos
estruturado e organizado que consequentemente dificulta à tomar decisões mais
rápidas e precisas (GRECO, 1995; GRECO, 2006; GIACOMINI; SILVA; GRECO, 2011;
MACHADO; SCAGLIA; TEOLDO, 2015).
Para Moreira, Haydu (2019), a categoria que o atleta compete (de base,
amadora ou profissional) e o nível competitivo podem influenciar diretamente nos
comportamentos adotados dentro de campo. Deste modo, tal processo formativo deve
ser compreendido no sentido longitudinal, sendo que o processo de treino e de jogo
deve contribuir para enriquecer as vivências e contribuir para uma melhor tomada
decisão por parte dos jovens jogadores, quando encontrarem-se diante a situações
problemáticas impostas pelo jogo (BETTEGA et al., 2018). Portanto, principalmente
neste contexto formativo de jovens jogadores, é importante que os treinos e as
estratégias de jogo orientem, direcionem e criem padrões coletivos que podem auxiliar
os jovens nos momentos de decisão.
Considerando isso, recomenda-se que as equipes, consigam fazer emergir
certa ordem e estabilidade no contexto caótico, de desordem e instabilidade
permanente, característico do futebol (STACEY, 1995). Garganta et al. (2013)
corroboram e destacam a importância de que os jogadores aprendam a resolver os
problemas contextuais do jogo, respeitando o padrão estabelecido, porém, sem
imposições de ações. Para isso, independe se o comportamento requerido é o de
ocupar espaços em amplitude ou em largura, com uma disposição mais adiantada ou
menos adiantada, o importante é que os jogadores estejam identificados com o padrão,
que é resultante das interações entre os companheiros e os adversários (GARGANTA
23

et al., 2013), levando em conta as diferentes escalas de organização: individual, grupal,


setorial, intersetorial e coletiva (OLIVEIRA, 2004).
Sendo assim, importa aos pesquisadores estudar as condutas das equipes
de categoria de base durante a fase ofensiva, com o intuito de compreender como
estas equipes interpretam e executam as ações quando submetidos aos diferentes
contextos possíveis impostos (favoráveis ou desfavoráveis), que podem influenciar e/ou
alterar os comportamentos executados pelos jovens jogadores quando em situação de
jogo. As hipóteses foram às de que comportamentos padrões de sequências ofensivas
eficazes e não eficazes difeririam entre si e que variáveis contextuais, como as
relacionadas a qualidade do adversário e ao resultado momentâneo do jogo,
influenciariam na manifestação dos padrões de comportamento. Considerando isso, os
problemas de pesquisa giraram ao em torno das seguintes questões: encontra-se, no
contexto de categorias de base, em particular nas sequências ofensivas, um caráter de
regularidade e de probabilidade de ocorrerem determinados padrões de comportamento
em sequências com desfecho eficaz e não eficaz? Seriam estes padrões ofensivos de
comportamento influenciados e/ou alterados por variáveis contextuais/situacionais
como a qualidade do adversário e o resultado momentâneo do jogo?
Deste modo, a presente pesquisa teve como intuito compreender a influência
das variáveis contextuais resultado momentâneo do jogo e qualidade do adversário na
expressão dos padrões ofensivos de uma equipe juvenil em disputa do campeonato
estadual. O propósito foi contribuir para a literatura da área, fornecendo informações
concretas aos profissionais que trabalham na ponta do processo de formação, visando
minimizar a ação do acaso e indicar a importância de construir um modelo de jogo e
treino que potencialize as ideias, com o intuito de construir padrões de conduta que
norteiem as ações dos jovens jogadores em jogos oficiais, contribuindo com a tomada
de decisão quando submetidos a contextos favoráveis e desfavoráveis.
24

2. OBJETIVOS E ESTRUTURA

Este estudo optou por seguir o padrão do modelo escandinavo para escrita
científica de teses e dissertações (Normativa nº 01/2017-PEF UEM/UEL). O modelo
aponta para a elaboração de uma introdução ampliada com os elementos pré-textuais
convencionais (Capítulo 1), a seguir foi realizada a compilação de dois textos,
estruturados na forma de artigos em língua portuguesa (Capítulos 2 e 3). Para isso,
estabeleceram-se os seguintes objetivos: I) caracterizar e comparar padrões
comportamentais ofensivos e II) caracterizar e comparar influência das variáveis
contextuais resultado momentâneo do jogo e qualidade do adversário na dinâmica
ofensiva de uma equipe juvenil. A dissertação foi estruturada em capítulos (Quadro 1):

Quadro 1. Estrutura da dissertação.


Capítulo 1 Introdução.
Artigo Original 1
Capítulo 2 Eficácia e influência da qualidade do adversário nos padrões
de comportamento de jovens futebolistas.
JAIME, M. O.; RINALDI, W.
Artigo Original 2
Capítulo 3 Padrões comportamentais ofensivos na categoria de base: o
resultado momentâneo pode alterar a dinâmica e a eficácia
ofensiva no futebol?
JAIME, M. O.; RINALDI, W.
Capítulo 4 Considerações finais do estudo.
25

3. MÉTODOS

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

A estrutura dos desenhos observacionais define-se a partir do cruzamento de


três dimensões: as unidades observadas, a temporalidade e a dimensionalidade
(ANGUERA; BLANCO; LOSADA, 2001; ANGUERA et al., 2011; ANGUERA;
HERNÁNDEZ-MENDO, 2013). De acordo com a taxonomia específica da área (Figura
2), o desenho observacional foi ideográfico (unidade), pois se analisará os
comportamentos de uma equipe ao longo de uma temporada competitiva. Os
comportamentos da equipe serão analisados durante partidas referentes à primeira,
segunda e terceira fase da principal competição estadual, por meio de gravações
contínuas com observação independente; o estudo é também multidimensional
(ANGUERA; HERNANDEZ-MENDO, 2013), pois o protocolo de análise utilizado
contempla sete critérios combinando formatos de campos com sistemas de categorias
para obtenção das sequências ofensivas.

Figura 2. Processo da Metodologia Observacional.


Fonte: Sarmento (2012) adaptado de Anguera, Blanco, Losada (2001).
26

3.2 PARTICIPANTES E CUIDADOS ÉTICOS

A amostra total é composta por 1,304 sequências ofensivas (29,228 eventos)


extraídas de 17 jogos de uma equipe juvenil (sub-17) em disputa de um campeonato
estadual na temporada de 2019. Foi adotado como critério de inclusão: (1) sequências
ofensivas com pelo menos três toques consecutivos na bola; e como critério de
exclusão: (1) partidas que pelo menos uma das equipes estivesse jogando com 10
jogadores ou menos por um tempo superior a 10% do total. A temporada foi composta
por 20 jogos, porém três partidas foram excluídas por atenderem ao critério de
exclusão. Períodos de não observação devido a razões técnicas e/ou tecnológicas não
excederam 10% do tempo total de observação (por exemplo, sequências ofensivas que
o jogador saia do campo de gravação da câmera).
A caracterização da equipe observada, indica uma equipe de nível elevado no
contexto estadual (chegou a última fase do campeonato nas temporadas 2018 e 2019),
com rotina semanal de cinco (5) treinamentos e composta por atletas selecionados em
cidades próximas a sede do clube, além de atletas advindos de outras localidades e
estados do Brasil. O diretor responsável pela categoria de base do clube foi informado
sobre os procedimentos que seriam adotados e assinou um termo de consentimento
livre e esclarecido. O estudo faz parte do projeto de pesquisa intitulado
“Comportamento tático no futebol: avaliação das ações táticas ofensivas e suas
implicações no processo de formação esportiva de jovens futebolistas”, aprovado pelo
comitê de ética local (Proc. 1.627.516, Anexo A).
27

3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETAS DE DADOS

3.3.1 INSTRUMENTOS DE OBSERVAÇÃO E REGISTRO

A análise observacional de filmagens é um procedimento científico que


permite evidenciar a ocorrência de condutas perceptíveis, e proceder ao seu registro
organizado mediante instrumentos elaborados especificamente e utilizando os
parâmetros adequados (PRAÇA et al., 2017). A análise observacional é um método que
favorece a validade ecológica (PORTELL et al., 2015), pois os comportamentos podem
ser estudados de forma objetiva e rigorosa, dentro do contexto em que ele se
desenvolve, durante situações reais. A partir dela, análises qualitativas e quantitativas
podem ser realizadas para indagar relações de diversas ordens existentes entre as
dimensões (ANGUERA; HERNANDEZ-MENDO, 2013; SARMENTO et al., 2013).
Tomando isso em consideração, este estudo recorreu à análise
observacional de filmagens para extrair os dados (SARMENTO et al., 2013; ANGUERA;
HERNANDEZ-MENDO, 2014; PORTELL et al., 2015; PRAÇA et al., 2017). Os jogos
foram registrados com uma câmera digital Kodak Pixpro Az501 16 megapixels,
localizada em um plano superior em relação ao plano do jogo para facilitar a
visualização topográfica do terreno de jogo. Após as filmagens, os jogos foram
transferidos para um notebook HP (Intel Core i5), convertidos para o formato .avi e
recortados com o software Freemake Video Converter®, foram analisados utilizando o
protocolo de observação proposto por Barreira et al. (2012) e o software de registro
SoccerEye versão 3.1.0.5. (BARREIRA, 2013) (Tabela 1) (Figura 3). Após o registro das
observações, foi gerado, por meio do instrumento de observação, um relatório em forma
de planilha, sem separação por colunas, no Microsoft Excel® (Figura 4).
O protocolo de observação proposto por Barreira et al. (2013) conta com sete
(7) dimensões de análise: (1) Início da fase ofensiva, (2) Desenvolvimento da transição-
estado defesa/ataque, (3) Desenvolvimento da posse de bola, (4) Final da fase
ofensiva, (5) Espacialização do terreno de jogo, (6) Centro do Jogo, (7) Configuração
espacial de interação das equipes. Compondo as sete dimensões de análise, oitenta
(80) variáveis são indicadas pelo protocolo.
28

Figura 3. Interface do instrumento de observação SoccerEye.


Fonte: o autor.

Figura 4. Exemplo de relatório em Microsoft Excel gerado pelo software SoccerEye.


Fonte: o autor.
29

Tabela 1. Critérios e categorias do protocolo de observação SoccerEye.


Critérios Sub-critérios Categorias
IEi: Interceptação;
1. Início da Fase 1.1 Direta/Dinâmica IEd: Desarme;
Ofensiva/ IEgr: Ação do goleiro em fase defensiva;
Recuperação da IEp: Ação defensiva seguida de passe;
Posse de Bola
IIcg: Começo ou recomeço do jogo;
1.2 Indireta/Estática IIi: Infração do adversário às leis do jogo;
IIc: Escanteio cedido pelo adversário;
IIpb: Tiro de meta cedido pelo adversário;
IIbs: Bola ao solo;
IILL: Lançamento de linha lateral cedido pelo
adversário.
DTpcp: Passe curto positivo;
DTpcn: Passe curto negativo;
2. Desenvolvimento DTplp: Passe longo positivo;
da Transição- DTpln: Passe longo negativo;
Estado DTczp: Cruzamento positivo;
defesa/ataque DTczn: Cruzamento negativo;
DTcd: Condução de bola;
DTd: Drible;
DTrc: Recepção ou controle de bola;
DTdu: Duelo;
DTr: Finalização;
DTse: Intervenção do adversário sem êxito;
DTgro: Ação do goleiro da equipe em fase
ofensiva;
DTgra: Ação do goleiro da equipe em fase
defensiva.
DPpcp: Passe curto positivo;
DPpcn: Passe curto negativo;
DPplp: Passe longo positivo;
DPpln: Passe longo negativo;
3. Desenvolvimento DPczp: Cruzamento positivo;
da Posse de Bola DPczn: Cruzamento negativo;
DPcd: Condução de bola;
DPd: Drible (1x1);
DPrc: Recepção ou controle de bola;
DPdu: Duelo;
DPr: Finalização;
DPse: Intervenção do adversário sem êxito;
DPgro: Ação do goleiro da equipe em fase
ofensiva;
DPgra: Ação do goleiro da equipe em fase
defensiva;
DPi: Infração do adversário às leis de jogo;
DPc: Escanteio;
DPpb: Tiro de meta;
DPbs: Bola ao solo;
30

DPLL: Lançamento de linha lateral.


Frf: finalização não enquadrada com o gol
4.1 Com eficácia adversário;
4. Final da Fase Frd: Finalização enquadrada com o gol
Ofensiva adversário;
Frad: Finalização interceptada sem a
manutenção da posse de bola;
Fgl: Obtenção do gol;

Fbad: Erro do portador da bola ou ação da


4.2 Sem eficácia defesa adversária (exceção para o goleiro);
Fgrad: Ação do goleiro adversário;
Ff: Lançamento da bola para fora;
Fi: Infração às regras do jogo.

5. Espacialização do 5.1 Zonas


terreno de jogo
5.2 Setores

5.3 Corredores

Pr: Inferioridade relativa;


6.1 Com pressão Pa: Inferioridade absoluta;
6. Centro de Jogo Pi: Igualdade pressionada;
(CJ)
6.2 Sem pressão SPi: Igualdade não pressionada;
SPr: Superioridade relativa;
SPa: Superioridade absoluta.
ADV: Goleiro da equipe em fase ofensiva x
linha adiantada da equipe adversária;
7. Configuração ATAD: Linha atrasada x linha adiantada;
Espacial de ATM: Linha atrasada x linha média;
Interação (CEI) ATE: Linha atrasada x zona exterior;
MAD: Linha média x linha adiantada;
MM: Linha média x linha média;
MAT: Linha média x linha atrasada;
ADM: Linha adiantada x linha média;
ADAT: Linha adiantada x linha atrasada;
EAT: Zona exterior da linha adiantada x linha
atrasada;
ADV: Linha adiantada x goleiro da equipe
adversária.
Fonte: adaptado de Barreira (2013).
31

O software SoccerEye destaca-se também por possuir uma linguagem


congruente com o software de análise estatística Sequential Data Interchange Standard
- Generalized Sequential Querier (SDIS-GSEQ) (BAKERMAN; QUERA, 1995), que foi
utilizado. As diretrizes e definições que orientam o uso do protocolo são descritas em
um Manual de Utilização (BARREIRA, 2013), contemplando um sistema de
precedências que conduzem o observador a uma acessível e fiável coleta dos dados.
Descrição das variáveis componentes do protocolo de observação
SoccerEye (BARREIRA, 2013) (Quadro 2-8).

Quadro 2. Variáveis para análise do início da fase ofensiva/recuperação da posse de


bola e suas descrições.
Variáveis Descrições
Recuperação da posse de A Transição-Estado defesa/ataque inicia-se por meio de (i)
bola por interceptação (IEi) interceptação de um passe realizado pelo adversário; (ii)
interceptação de um passe do adversário para o espaço vazio;
ou (iii) por interceptação de uma finalização realizada pelo
adversário.
Recuperação da posse de A Transição-Estado defesa/ataque inicia-se por meio de um
bola por desarme (IEd) desarme, intervindo sobre a bola a uma situação de luta direta
com o adversário.
Recuperação da posse de A Transição-Estado defesa/ataque inicia-se por meio da
bola por ação do goleiro em conquista da posse de bola por ação do goleiro em fase
fase defensiva (IEgr) defensiva (ex. agarrar a bola após cruzamento, finalização,
passe, etc.).
Recuperação da posse de A Transição-Estado defesa/ataque inicia-se com uma ação
bola por ação defensiva defensiva de um jogador da equipe observada, que é de
seguida de passe (IEp) imediato seguida por passe, sem que exista interrupção do
jogo.
Considera-se passe o envio da bola, de forma deliberada ou
não, até um outro jogador da equipe observada, sem que exista
posse de bola, dando continuidade à Transição-Estado
defesa/ataque.
Início/Reinício da fase A Transição-Interfase defesa/ataque, por meio do tiro de saída,
ofensiva por acontece:
começo/recomeço do jogo (i) no início do jogo;
(IIcg) (ii) (ii) após gol sofrido;
(iii) (iii) no reinício do jogo na 2ª parte;
(iv) (iv) no começo de cada período da prorrogação.
A bola está em jogo quando é movimentada para a frente. O
jogador que executa o tiro de saída não volta a tocar a bola sem
que outros jogadores o façam. Um gol pode ser marcado
diretamente do tiro de saída.
Recuperação da posse de A Transição-Interfase defesa/ataque inicia-se após uma
32

bola por infração do infração do adversário às leis do jogo (ex. fora-de-jogo, falta,
adversário às Leis do Jogo comportamento antidesportivo, etc.). A bola é reposta em jogo
(IIi) com o(s) membro(s) inferior(es) por meio de um tiro livre (direto
ou indireto) ou um tiro penal.
Recuperação da posse da A Transição-Interfase defesa/ataque inicia-se após uma
bola por tiro de escanteio (IIc) interrupção regulamentar provocada pelo envio da bola pelo
adversário pela respectiva linha de fundo, de forma a
ultrapassá-la completamente, quer seja pelo solo ou pelo ar, e
um gol contra não é marcado. A bola é reposta em jogo com
o(s) membro(s) inferior(es) no quarto de círculo (raio de 1m)
marcado a partir da bandeira de escanteio, sendo o tiro de
escanteio marcado junto da bandeira mais próxima do local de
saída da bola. Os adversários permanecem a pelo menos
9,15m do arco de canto até a bola estar em jogo. A bola
encontra-se em jogo quando é movimentada por um jogador da
equipe observada.
Recuperação da posse de A Transição-Interfase defesa/ataque inicia-se após o envio da
bola por tiro de meta (IIpb) bola pelo adversário pela linha de fundo da equipe observada,
de forma a ultrapassá-la completamente, quer seja pelo solo ou
pelo ar, sem que tenha sido marcado o gol. A bola é reposta em
jogo com o(s) membro(s) inferior(es) de um ponto qualquer da
área de meta por um jogador da equipe observada, mantendo-
se os jogadores adversários fora da grande área. O executante
não poderá tocar uma segunda vez na bola até que esta seja
tocada por um outro jogador. A bola encontra-se em jogo
quando sair diretamente da grande área.
Recuperação da posse de A Transição-Interfase defesa/ataque inicia-se após uma
bola por bola ao solo (IIbs) interrupção temporária do jogo provocada por uma causa não
prevista nas leis do jogo. O jogo recomeça com uma bola ao
chão onde ela se encontrava no momento da interrupção,
recomeçando o jogo logo que a bola toque no solo. A equipe
observada recupera a posse de bola.
Recuperação da posse de A Transição-Interfase defesa/ataque inicia-se após o envio da
bola por Lançamento de bola pela linha lateral por parte do adversário, de forma a
Linha Lateral (IILL) ultrapassá-la completamente, quer seja pelo solo ou pelo ar. A
bola é reposta e jogo com as mãos, no local em que a mesma
ultrapassou a linha lateral, por um jogador da equipe adversária
à que tocou a bola em último lugar. O executante deverá ter
ambos os pés em contato com o solo e utilizará ambas as
mãos, não devendo tocar a bola antes de outro jogador. Todos
os adversários devem estar a pelo menos 2 metros do ponto
em que o lançamento de linha lateral é executado, estando a
bola em jogo logo que entre no terreno de jogo.
Fonte: adaptado de Barreira (2013).
33

Quadro 3. Variáveis para análise da transição-estado defesa/ataque e suas definições.


Variáveis Definições
Desenvolvimento da Sempre que o portador da bola, em Transição-Estado defesa/ataque,
Transição-Estado transmite efetivamente a bola a um elemento da mesma equipe,
defesa/ataque por mantendo a sua posse. O passe é realizado dentro da mesma zona ou
passe curto positivo entre duas zonas adjacentes, dando continuidade ao ataque
(DTpcp)
Desenvolvimento da Sempre que o portador da bola, em Transição-Estado defesa/ataque,
Transição-Estado não transmite efetivamente a bola um elemento da mesma equipe, que
defesa/ataque por não a recebe diretamente, perdendo-se a sua posse ou existindo uma
passe curto negativo intervenção do adversário sem êxito (comportamentos DTse / DPse) que
(DTpcn) permite a continuidade do ataque. O passe é realizado dentro da mesma
zona ou entre duas zonas adjacentes, dando continuidade ao ataque.
Desenvolvimento da Sempre que o portador da bola, em Transição-Estado defesa/ataque,
Transição-Estado transmite efetivamente a bola a um elemento da mesma equipe,
defesa/ataque por permitindo manter a sua posse. O passe é realizado entre duas zonas
passe longo positivo não adjacentes, dando continuidade ao ataque.
(DTplp)
Desenvolvimento da Sempre que o portador da bola, em Transição-Estado defesa/ataque,
Transição-Estado não transmite efetivamente a bola a um elemento da mesma equipe, que
defesa/ataque por não a recebe, perdendo-se a sua posse ou existindo uma intervenção do
passe longo adversário sem êxito (comportamentos DTse / DPse) que permite a
negativo (DTpln) continuidade do ataque. O passe é realizado entre duas zonas não
adjacentes, dando continuidade ao ataque.
Desenvolvimento da Sempre que o portador da bola, em Transição-Estado defesa/ataque,
Transição-Estado situado num dos corredores laterais e no setor ofensivo (zonas 10 ou
defesa/ataque por 12), transmite efetivamente a bola a um colega de equipe situado no
cruzamento positivo corredor central do setor ofensivo (zona 11), em trajetória aérea ou junto
(DTczp) ao solo, dando continuidade ao ataque.
Desenvolvimento da Sempre que o portador da bola, em Transição-Estado defesa/ataque,
Transição-Estado situado num dos corredores laterais e no setor ofensivo (zonas 10 ou
defesa/ataque por 12), perdendo-se a sua posse ou existindo uma intervenção do
cruzamento negativo adversário sem êxito (comportamentos DTse / DPse), permitindo neste
(DTczn) caso a continuidade do ataque.
Desenvolvimento da O portador da bola, em Transição-Estado defesa/ataque, realiza um
Transição-Estado número de contatos consecutivos igual ou superior a três, fazendo a bola
defesa/ataque por progredir pelo terreno de jogo, com o intuito de dar continuidade ao
condução de bola ataque.
(DTcd)
Desenvolvimento da O portador da bola, em Transição-Estado defesa/ataque, procura
Transição-Estado ultrapassar o(s) seu(s) adversário(s) direto(s), e manter a posse de bola
defesa/ataque por ou ganhar posição/espaço sobre este(s), dando continuidade ao ataque.
drible (1x1) (DTd)
Desenvolvimento da Ação em que um jogador da equipe em Transição-Estado defesa/ataque
Transição-Estado recebe e controla a bola enviada por um colega, dando continuidade ao
defesa/ataque por ataque
recepção/controle
de bola (DTrc)
34

Desenvolvimento da Ação em que um jogador da equipe em Transição-Estado defesa/ataque


Transição-Estado disputa a bola com um adversário (ex. uma bola em trajetória aérea não
defesa/ataque por controlada por nenhum dos jogadores), dando continuidade ao ataque.
duelo (DTdu)
Desenvolvimento da Ação em que um jogador da equipe em Transição-Estado defesa/ataque
Transição-Estado chuta a meta adversária, não resultando em gol, existindo continuidade
defesa/ataque por do ataque após a finalização.
finalização (DTr)
Desenvolvimento da Um adversário intervém sobre a bola em posse da equipe em Transição-
Transição-Estado Estado defesa/ataque, interrompendo temporal e ocasionalmente a
defesa/ataque com posse de bola. São ações do adversário sobre a bola, não consideradas
intervenção do como posse de bola
adversário sem êxito
(DTse)
Desenvolvimento da Intervenção do goleiro da equipe em Transição-Estado defesa/ataque,
Transição-Estado dando continuidade ao ataque. Todos os comportamentos tático-técnicos
defesa/ataque por realizados pelo goleiro em fase ofensiva (ex. passe, condução de bola,
ação do goleiro da drible (1x1)) são incluídos nesta categoria.
equipe em fase
ofensiva (DTgro)
Desenvolvimento da Intervenção do goleiro da equipe sem a posse de bola, que não a
Transição-Estado recupera, permitindo a continuidade ao ataque da equipe em fase
defesa/ataque por ofensiva. Todos os comportamentos tático-técnicos realizados pelo
ação do goleiro da goleiro em fase defensiva são incluídos nesta categoria.
equipe em fase
defensiva (DTgra)
Fonte: adaptado de Barreira (2013).

Quadro 4. Variáveis para análise do desenvolvimento da posse de bola e suas


definições.
Variáveis Definições
Desenvolvimento da Sempre que o portador da bola, em desenvolvimento da posse de bola,
posse de bola por transmite efetivamente a bola a um elemento da mesma equipe,
passe curto positivo mantendo a sua posse. O passe é realizado dentro da mesma zona ou
(DPpcp) entre duas zonas adjacentes, dando continuidade ao ataque
Desenvolvimento da Sempre que o portador da bola, em desenvolvimento da posse de bola,
posse de bola por não transmite efetivamente a bola um elemento da mesma equipe, que
passe curto negativo não a recebe diretamente, perdendo-se a sua posse ou existindo uma
(DPpcn) intervenção do adversário sem êxito (comportamentos DTse / DPse) que
permite a continuidade do ataque. O passe é realizado dentro da mesma
zona ou entre duas zonas adjacentes, dando continuidade ao ataque.
Desenvolvimento da Sempre que o portador da bola, em desenvolvimento da posse de bola,
posse de bola por transmite efetivamente a bola a um elemento da mesma equipe,
passe longo positivo permitindo manter a sua posse. O passe é realizado entre duas zonas
(DPplp) não adjacentes, dando continuidade ao ataque.
Desenvolvimento da Sempre que o portador da bola, em desenvolvimento da posse de bola,
posse de bola por não transmite efetivamente a bola a um elemento da mesma equipe, que
passe longo não a recebe, perdendo-se a sua posse ou existindo uma intervenção do
negativo (DPpln) adversário sem êxito (comportamentos DTse / DPse) que permite a
continuidade do ataque. O passe é realizado entre duas zonas não
35

adjacentes, dando continuidade ao ataque.


Desenvolvimento da Sempre que o portador da bola, em desenvolvimento da posse de bola,
posse de bola por situado num dos corredores laterais e no setor ofensivo (zona 10 ou 12),
cruzamento positivo transmite efetivamente a bola a um colega de equipe situado no corredor
(DPczp) central do setor ofensivo (zona 11), em trajetória aérea ou junto ao solo,
dando continuidade ao ataque.
Desenvolvimento da Sempre que o portador da bola, em desenvolvimento da posse de bola,
posse de bola por situado num dos corredores laterais e no setor ofensivo (zonas 10 ou
cruzamento negativo 12), não transmite efetivamente a bola a um colega de equipe situado no
(DPczn) corredor central do setor ofensivo (zona 11), perdendo-se a sua posse
ou existindo uma intervenção do adversário sem êxito (comportamentos
DTse / DPse), permitindo neste caso a continuidade do ataque.
Desenvolvimento O portador da bola, em desenvolvimento da posse de bola, realiza um
posse de bola por número de contatos consecutivos igual ou superior a três, fazendo a bola
condução de bola progredir pelo terreno de jogo, com o intuito de dar continuidade ao
(DPcd) ataque.
Desenvolvimento da O portador da bola, em desenvolvimento da posse de bola, procura
posse de bola por ultrapassar o(s) seu(s) adversário(s) direto(s), e manter a posse de bola
drible (1x1) (DPd) ou ganhar posição/espaço sobre este(s), dando continuidade ao ataque.
Desenvolvimento da Ação em que um jogador da equipe, em desenvolvimento da posse de
posse de bola por bola, recebe e controla a bola enviada por um colega, dando
recepção/controle continuidade ao ataque
de bola (DPrc)
Desenvolvimento da Ação em que um jogador da equipe, em desenvolvimento da posse de
posse de bola por bola, a disputa com um adversário (ex. uma bola em trajetória aérea não
duelo (DPdu) controlada por nenhum dos jogadores), dando continuidade ao ataque.
Desenvolvimento da Ação em que um jogador da equipe, em desenvolvimento da posse de
posse de bola por bola, chuta a meta adversária, não resultando em gol, existindo
finalização (DPr) continuidade do ataque após a finalização.
Desenvolvimento da Um adversário intervém sobre a bola em posse da equipe em
posse de bola com desenvolvimento da posse de bola, interrompendo temporal e
intervenção do ocasionalmente a posse de bola. São ações do adversário sobre a bola,
adversário sem êxito não consideradas como posse de bola.
(DPse)
Desenvolvimento da Intervenção do goleiro da equipe em desenvolvimento da posse de bola,
posse de bola por dando continuidade ao ataque. Todos os comportamentos tático-técnicos
ação do goleiro da realizados pelo goleiro em fase ofensiva (ex. passe, condução de bola,
equipe em fase drible (1x1)) são incluídos nesta categoria.
ofensiva (Dpgro)
Desenvolvimento da Intervenção do goleiro da equipe sem a posse de bola, que não a
posse de bola por recupera, permitindo a continuidade ao ataque da equipe em fase
ação do goleiro da ofensiva. Todos os comportamentos tático-técnicos realizados pelo
equipe em fase goleiro em fase defensiva são incluídos nesta categoria.
defensiva (DPgra)
Desenvolvimento da A equipe em desenvolvimento da posse de bola beneficia de uma
posse de bola por infração do adversário às leis do jogo (ex. impedimento, falta,
infração do comportamento antidesportivo). A bola é reposta em jogo com o(s)
adversário às leis do membro(s) inferior(es) por meio de um tiro livre (direto ou indireto) ou um
jogo (DPi) tiro de grande penalidade.
Desenvolvimento da A equipe em desenvolvimento da posse de bola beneficia de uma
36

posse de bola por interrupção regulamentar provocada pelo envio da bola pelo adversário
escanteio a favor pela respectiva linha fundo, de forma a ultrapassá-la completamente,
(DPc) quer seja pelo solo ou pelo ar, e um gol contra não é marcado. A bola é
reposta em jogo com o(s) membro(s) inferior(es) no quarto de círculo
(raio de 1m) marcado a partir da bandeira de escanteio, sendo o
escanteio marcado junto da bandeira mais próxima do local de saída da
bola. Os adversários permanecem a pelo menos 9,15m da marca de
escanteio até a bola estar em jogo. A bola encontra-se em jogo quando é
batida por um jogador da equipe observada e se move.
Desenvolvimento da A equipe em desenvolvimento da posse de bola beneficia de um tiro de
posse de bola por metas resultante do envio da bola pelo adversário pela linha de fundo da
tiro de metas a favor equipe observada, de forma a ultrapassá-la completamente, quer seja
(DPpb) pelo solo ou pelo ar, sem que tenha sido marcado o gol. A bola é reposta
em jogo com o(s) membro(s) inferior(es) de um ponto qualquer da
grande área por um jogador da equipe observada, mantendo-se os
jogadores adversários fora área de grande penalidade. O executante não
poderá tocar uma segunda vez na bola até que esta seja tocada por um
outro jogador. A bola encontra-se em jogo quando sair diretamente da
área de grande penalidade.
Desenvolvimento da A equipe em desenvolvimento da posse de bola beneficia de uma
posse de bola por interrupção temporária do jogo provocada por uma causa não prevista
bola ao chão (DPbs) nas leis do jogo. O jogo recomeça com uma bola ao chão no local onde
ela se encontrava no momento da interrupção, recomeçando o jogo logo
que a bola toque no solo.
Desenvolvimento da A equipe em desenvolvimento da posse de bola beneficia de um
posse de bola por lançamento de linha lateral resultante do envio da bola pela linha lateral
lançamento de linha por parte do adversário, de forma a ultrapassá-la completamente, quer
lateral a favor seja pelo solo ou pelo ar. A bola é reposta em jogo com as mãos, no
(DPLL) local em que a mesma ultrapassou a linha lateral, por um jogador da
equipe adversária à que tocou a bola em último lugar. O executante
deverá ter ambos os pés em contato com o solo e utilizará ambas as
mãos, não devendo tocar a bola antes que um outro jogador a contate.
Todos os adversários devem estar a pelo menos 2 metros do ponto em
que o lançamento de linha lateral é executado, estando a bola em jogo
logo que entre no terreno de jogo.
Fonte: adaptado de Barreira (2013).
37

Quadro 5. Variáveis para análise do final da fase ofensiva e suas descrições.


Variáveis Descrições
Finalização não enquadrada A fase ofensiva termina com uma finalização efetuada por um
com o gol adversário (Frf) jogador atacante, que sai pela linha de fundo, sem atingir o alvo.
A equipe observada perde a posse de bola.
Finalização enquadrada com A fase ofensiva termina com uma finalização efetuada por um
o gol adversário (Frd) jogador atacante, que atinge o alvo (gol adversário, incluindo as
traves) e/ou que é defendido pelo goleiro adversário, não
resultando em gol. A equipe observada perde a posse de bola.
Finalização interceptada, A fase ofensiva termina com a finalização de um atacante que
sem manutenção da posse atinge um interveniente no jogo, com exceção do goleiro da
de bola (Frad) equipe adversária (considera-se, neste caso, o comportamento
Frd). A equipe observada perde a posse de bola.
Gol (Fgl) A fase ofensiva termina com a obtenção de um gol a favor da
equipe observada, devidamente validado pelo árbitro da partida
com base nas regras do jogo de Futebol. A equipe observada
perde a posse de bola.
Perda da posse de bola por A fase ofensiva termina por meio da perda da posse de bola
erro do portador da bola/ação resultante de um erro de um jogador em posse de bola ou de
de defesa do adversário uma ação defensiva do adversário (como desarme e
(exceção para o goleiro em interceptação), com exceção para o goleiro adversário. A equipe
fase defensiva) (Fbad) observada perde a posse de bola.
Perda da posse de bola por A fase ofensiva termina por meio da perda da posse de bola
ação do goleiro adversário resultante de uma ação defensiva do goleiro adversário. Exclui-
(Fgrad) se a ação de defesa de uma finalização pelo goleiro adversário
por se tratar de um comportamento Frd (acima descrito). A
equipe observada perde a posse de bola.
Lançamento da bola para A fase ofensiva termina devido a um lançamento da bola para
fora (Ff) fora do terreno de jogo por parte de um jogador atacante, dando
origem à perda de posse de bola (excluindo a ação de
finalização que sai pela linha de fundo sem atingir a gol
adversário por se tratar de um comportamento Frf – acima
descrito). A equipe observada perde a posse de bola.
Infração às leis do jogo (Fi) A fase ofensiva termina devido ocorre uma infração às leis do
jogo cometida pela equipe observada, que perde a posse de
bola.
Fonte: adaptado de Barreira (2013).
38

Quadro 6. Variáveis para análise da espacialização do terreno de jogo.


Variáveis Descrições
Zona 1 – Defensiva Esquerda (DE) O(s) comportamento(s) do(s) jogador(es) em
fase ofensiva que ocorre(m) na zona um,
conforme o campograma.
Zona 2 – Defensiva Central (DC) O(s) comportamento(s) do(s) jogador(es) em
fase ofensiva que ocorre(m) na zona dois,
conforme o campograma.
Zona 3 – Defensiva Direita (DD) O(s) comportamento(s) do(s) jogador(es) em
fase ofensiva que ocorre(m) na zona três,
conforme o campograma.
Zona 4 – Média Defensiva Esquerda (MDE) O(s) comportamento(s) do(s) jogador(es) em
fase ofensiva que ocorre(m) na zona quatro,
conforme o campograma.
Zona 5 – Média Defensiva Central (MDC) O(s) comportamento(s) do(s) jogador(es) em
fase ofensiva que ocorre(m) na zona cinco,
conforme o campograma.
Zona 6 – Média Defensiva Direita (MDD) O(s) comportamento(s) do(s) jogador(es) em
fase ofensiva que ocorre(m) na zona seis,
conforme o campograma.
Zona 7 – Média Ofensiva Esquerda (MOE) O(s) comportamento(s) do(s) jogador(es) em
fase ofensiva que ocorre(m) na zona sete,
conforme o campograma.
Zona 8 – Média Ofensiva Central (MOC) O(s) comportamento(s) do(s) jogador(es) em
fase ofensiva que ocorre(m) na zona oito,
conforme o campograma.
Zona 9 – Média Ofensiva Direita (MOD) O(s) comportamento(s) do(s) jogador(es) em
fase ofensiva que ocorre(m) na zona nove,
conforme o campograma.
Zona 10 – Ofensiva Esquerda (OE) O(s) comportamento(s) do(s) jogador(es) em
fase ofensiva que ocorre(m) na zona dez,
conforme o campograma.
Zona 11 – Ofensiva Central (OC) O(s) comportamento(s) do(s) jogador(es) em
fase ofensiva que ocorre(m) na zona onze,
conforme o campograma.
Zona 12 – Ofensiva Direita (OD) O(s) comportamento(s) do(s) jogador(es) em
fase ofensiva que ocorre(m) na zona doze,
conforme o campograma.
Fonte: adaptado de Barreira (2013).
39

Figura 5. Campograma correspondente à divisão topográfica do terreno de jogo em


doze zonas.
Fonte: adaptado de Barreira; Garganta, 2007.
Nota: DE: Zona Defensiva Esquerda; DC: Zona Defensiva Central; DD: Zona Defensiva Direita;
MDE: Zona Média defensiva Esquerda; MDC: Zona Média Defensiva Central; MDD: Zona Média
Defensiva Direita; MOE: Zona Média Ofensivo Esquerdo; MOC: Zona Média Ofensiva Central;
MOD: Zona Média Ofensiva Direita; OE: Zona Ofensiva Esquerda; OC: Zona Ofensiva Central;
OD: Zona Ofensiva Direita.
40

Quadro 7. Variáveis para análise relacionadas com o centro de jogo.


Variáveis Descrições
Inferioridade relativa (Pr) Quando a equipe observada se encontra numa relação numérica de
inferioridade com a equipe adversária (ex. menos um ou dois
jogadores que a equipe adversária no centro de jogo). Ex: 1x2; 2x4;
3x4...

Inferioridade absoluta Quando a equipe observada se encontra numa relação numérica de


(Pa) inferioridade com a equipe adversária, que corresponde a ter menos
três ou mais jogadores que a equipe adversária no centro de jogo.
Ex: 1x4; 2x5; 2x6; 3x6...

Igualdade pressionada Quando a equipe observada se encontra numa relação numérica de


(Pi) igualdade com a equipe adversária no centro de jogo, e o jogador
portador da bola se encontra de costas para o gol adversário com
um adversário em contenção. Ex: 1x1; 2x2; 3x3...
41

Igualdade não Quando a equipe observada se encontra numa relação numérica de


pressionada (SPi) igualdade com a equipe adversária no centro de jogo, e o jogador
portador da bola se encontra de frente para o gol adversário. Ex:
2x2; 3x3; 4x4...

Superioridade relativa Quando a equipe observada se encontra numa relação numérica de


(SPr) superioridade com a equipe adversária, que corresponde a ter mais
um ou dois jogadores que a equipe adversária no centro de jogo. Ex:
2x1; 3x2; 3x1...
42

Superioridade absoluta Quando a equipe observada se encontra numa relação numérica de


(SPa) superioridade com a equipe adversária, que corresponde a ter três
ou mais jogadores que a equipe adversária no centro de jogo. Ex:
3x0; 4x1; 5x1...

Fonte: adaptado de Barreira (2013).


43

Quadro 8. Variáveis para análise relacionadas com a configuração espacial de


interação entre as equipes.
Variáveis Descrições
Zona vazia x Linha A bola encontra-se em posse do goleiro (zona vazia) da equipe
adiantada (VAD) em fase ofensiva e a linha adiantada da equipe adversária.

Linha atrasada x Linha A bola encontra-se entre a linha atrasada da equipe em fase
adiantada (ATAD) ofensiva e a linha adiantada da equipe adversária.

Linha atrasada x Linha A bola encontra-se entre a linha atrasada da equipe em fase
média (ATM) ofensiva e a linha média da equipe adversária.
44

Linha atrasada x Zona A bola encontra-se entre a linha atrasada da equipe em fase
exterior (ATE) ofensiva e a zona exterior da equipe adversária.

Linha média x Linha A bola encontra-se entre a linha média da equipe em fase
adiantada (MAD) ofensiva e a linha adiantada da equipe adversária.
45

Linha média x Linha média A bola encontra-se entre as linhas médias das equipes em
(MM) confronto.

Linha média x Linha A bola encontra-se entre a linha média da equipe em fase
atrasada (MAT) ofensiva e a linha atrasada da equipe adversária.

Linha adiantada x Linha A bola encontra-se entre a linha adiantada da equipe em fase
média (ADM) ofensiva e a linha média da equipe adversária.
46

Linha adiantada x Linha A bola encontra-se entre a linha adiantada da equipe em fase
atrasada (ADAT) ofensiva e a linha atrasada da equipe adversária.

Zona exterior da linha A bola encontra-se entre a zona exterior da linha adiantada da
adiantada x Linha atrasada equipe em fase ofensiva e a linha atrasada da equipe
(EAT) adversária.
47

Linha adiantada x Zona A bola encontra-se entre a linha adiantada da equipe em fase
vazia adversária (ADV) ofensiva e a zona vazia (goleiro) da equipe adversária.

Fonte: adaptado de Barreira (2013).


48

3.3.2 VARIÁVEIS CONTEXTUAIS/SITUACIONAIS

A influência das variáveis contextuais na execução de comportamentos por


parte dos jogadores e equipes é ressaltada por alguns estudos que caracterizaram e
compararam comportamentos/condutas executadas em função do mando de campo
(GÓMEZ et al., 2018), da qualidade do oponente (CASTELLANO et al., 2013; GÓMEZ
et al., 2018), do nível competitivo (BORGES et al., 2019) e do resultado momentâneo
do jogo (MACHADO; BARREIRA; GARGANTA, 2014; PRAÇA et al., 2019).
Assim como encontrado em outros estudos (MACHADO; BARREIRA;
GARGANTA, 2013; MACHADO; BARREIRA; GARGANTA, 2014), optou-se por dividir
as sequências ofensivas em função do resultado momentâneo do jogo em: padrões
ofensivos em situação de vitória (ganhando), em situação de empate (empatando) e em
situação de derrota (perdendo). Enquanto em função da qualidade do adversário foram
divididas em: padrões ofensivos contra adversários de nível inferior, intermediário e
elevado, semelhante ao encontrado em outros estudos (CASTELLANO et al., 2013).

Quadro 9. Variáveis contextuais e suas respectivas caracterizações.


Variáveis contextuais Caracterização das variáveis

Variável caracterizada pelo resultado momentâneo.


Classificadas em:
Resultado momentâneo do jogo
• Padrões ofensivos em situações de vitória;
• Padrões ofensivos em situações de empate;
• Padrões ofensivos em situações de derrota.

Variável relacionada com a qualidade do oponente.


Classificadas em:
Qualidade do adversário
• Padrões ofensivos contra adversários eliminados na
1a fase do campeonato (nível inferior);
• Padrões ofensivos contra adversários eliminados na
2a fase do campeonato (nível intermediário);
• Padrões ofensivos contra adversários classificados à
3a fase do campeonato (nível elevado).
49

3.4 ANÁLISE DOS DADOS

Após a recolha e tratamento dos dados, um dos tratamentos estatísticos


empregados foi a análise sequencial. Tal método representa um conjunto de técnicas
que têm como objetivo evidenciar as relações, associações e dependências
sequenciais entre unidades de conduta obtidas diacronicamente (ANGUERA et al.,
2000). Tal análise é indicada para este tipo de estudo pois permite a descrição das
condutas empregadas pelas equipes durante uma partida de futebol, sendo possível
determinar quais condutas realizadas pelas equipes se repetem, se caracterizam como
padrões e, quais são comportamentos casuais (CASTELLANO; HERNANDEZ-MENDO,
2000).
A técnica de retardos é uma das possibilidades de aplicação na análise
sequencial. De acordo com Castelão et al. (2015), a Análise Sequencial pela técnica de
Retardos (ASR) recorre ao cálculo do qui‐quadrado (χ²) para rejeitar a hipótese nula,
com o nível de significância p≤0,05. Com ela, e por meio da análise estatística
inferencial, pretende-se identificar a probabilidade de existir correlação entre as as
condutas critérios (critérios 1, 2, 3, 5, 6 e 7, tabela 1) com uma a conduta objeto (critério
4, tabela 1) (CASTELÃO, 2015). A partir de uma conduta critério, considerada como
possível iniciadora das condutas que sucedem ou antecedem, uma sequência de
retardos é avaliada para identificar quais são as condutas ativadoras e para entender se
existe associação que indique a existência do acontecimento com probabilidade
superior ao acaso (CASTELLANO; HERNANDEZ-MENDO, 2002).
Após esse cálculo, o método recorre também à estatística z hipergeométrica
(resíduos ajustados). Neste caso, quando os valores forem positivos demonstram
relações de ativação dos comportamentos/condutas, ao passo que, valores negativos
demonstram relação de inibição (CASTELÃO et al., 2015). Sendo assim, o valor z-score
(z≥1,96, p≤0,05) determinará o nível de significância entre as condutas, encontrando-se
desta forma os padrões ofensivos que tendem a ser realizados pela equipe, nos
diferentes contextos situacionais, durante os jogos do campeonato estadual juvenil,
temporada 2019. O retardo máximo (max lag) não foi determinado e os valores de z
negativos (de inibição) não foram considerados neste estudo.
50

O software de análise estatística Sequential Data Interchange Standard -


Generalized Sequential Querier (SDIS-GSEQ) (BAKERMAN; QUERA, 1995), foi
utilizado no estudo devido a sua especificidade no que diz respeito à análise de eventos
múltiplos.

3.4.1 FIABILIDADE DOS DADOS

Um treinamento com o software SoccerEye versão 3.1.0.5. foi realizado sob a


tutela de um pesquisador experiente e indicado pelo criador do instrumento. Após o
treinamento, uma partida completa foi analisada pelo pesquisador principal e por um
pesquisador independente após 21 dias do fim da primeira avaliação, pretendendo
minimizar a interferência da primeira observação. O índice Kappa de Cohen foi
empregado para os sete critérios de análise e os resultados foram considerados fiáveis
(k≥0.81) (MAROCO, 2014).

Tabela 1. Valores de Kappa para confiabilidade intra e inter observadores.


Dimensão Intra observador Inter observadores
1 Início da fase ofensiva/recuperação 0.92* 0.92*
da posse de bola
2 Desenvolvimento da transição- 0.97* 0.89*
estado defesa/ataque
3 Desenvolvimento da posse de bola 0.98* 0.89*
4 Final da fase ofensiva 0.83* 0.87*
5 Espacialização do terreno de jogo 0.95* 0.89*
6 Centro de Jogo 0.91* 0.88*
7 Configuração espacial de interação 0.92* 0.82*
Nota: *k≥0.81.
51

3. RESULTADOS

Os resultados são apresentados seguindo o “modelo escandinavo” para a


elaboração de trabalhos acadêmicos, os quais representam uma coleção de textos
estruturados na forma de artigos, sendo na presente dissertação composta por 02
artigos originais.
52

CAPÍTULO 2

4.1 EFICÁCIA E INFLUÊNCIA DA QUALIDADE DO ADVERSÁRIO NOS PADRÕES


DE COMPORTAMENTO DE JOVENS FUTEBOLISTAS
Matheus de Oliveira Jaimeª, Wilson Rinaldiª.

ª Departamento de Educação Física, Universidade Estadual de Maringá, Paraná, Brasil.

RESUMO

Objetivo: Identificar e comparar padrões de comportamento eficazes e não eficazes,


bem como verificar a influência da variável contextual qualidade do adversário na
manifestação de padrões ofensivos de uma equipe juvenil brasileira. Métodos: O
software e instrumento de observação SoccerEye foi utilizado para registro dos dados e
o software SDIS-GSEQ para a Análise Sequencial de Retardos. A amostra
compreendeu 1,304 sequências ofensivas (29,228 eventos), com desfechos eficazes e
não eficazes, extraídos de 17 jogos de uma equipe juvenil brasileira no campeonato
estadual. As sequências ofensivas foram divididas de acordo com a variável contextual
qualidade do adversário (contra equipes de nível “elevado”, “intermediário” e inferior). O
nível de significância adotado foi de 5% (z=≥1,96). Resultados: Os padrões de
comportamento eficazes ocorreram principalmente a partir de desarmes (z=2,93),
interceptação (z=3,00; 2,21) e ação defensiva seguida de passe (z=2,21), em zonas
avançadas no terreno de jogo (z=3,62; 3,33; 2,93; 2,39), seguidos por comportamentos
coletivos e individuais, em desenvolvimento de posse no campo ofensivo, que
superavam a inferioridade numérica (z=5,20; 3,36; 3,25; 3,00). Os padrões de
comportamento não eficazes se associaram a zonas defensivas e tinham como
desfecho a perda da posse principalmente após passes curtos (z=2,79; 2,67) e
recepções de bola (z=4,33; 2,36) com igualdade pressionada no centro de jogo (z=3,41;
3,01; 1,96). A qualidade do adversário diferenciou os padrões de comportamento,
sendo que contra adversários considerados de nível elevado, a equipe apresentou mais
comportamentos que dependem de construção coletiva, como passes completos ou
tentativas (z=2,39; 2,26; 2,11), cruzamentos (z=2,70; 2,33; 4,67) e recepções (z=1,99;
4,33), enquanto contra adversários do nível intermediário e inferior apresentaram uma
incidência maior de padrões de comportamentos individuais, como conduções de bola
(z=2,65; 2,36; 2,19) e dribles (z=3,72; 3,16; 1,96; 2,28). Conclusão: Houve diferenças
entre padrões de comportamentos eficazes e não eficazes, principalmente em relação
ao centro de jogo e a zona do campo onde os comportamentos prévios e desfecho
ocorriam. A qualidade do adversário diferenciou os padrões principalmente em relação
a adotar comportamentos coletivos ou individuais.
Palavras-chave: Esportes Juvenis. Comportamento. Análise de jogo. Análise
sequencial.
53

ABSTRACT
Objective: To identify and compare effective and ineffective patterns of behavior, as
well as to verify the influence of the contextual variable "adversary quality" in the
manifestation of offensive patterns of a Brazilian youth team. Methods: The SoccerEye
software, an observation instrument, was used to record the data, and the SDIS-GSEQ
software for the Sequential Analysis of Delays. The sample comprised 1.304 offensive
sequences (29.228 events), with effective and ineffective outcomes, referring to 17
games of a Brazilian youth team in the state championship. The offensive sequences
were divided according to the contextual variable quality of the opponent (against teams
of “high”, “intermediate” and lower level). The level of significance adopted was 5%
(z=≥1.96). Results: The effective behavior patterns occurred mainly from disarms
(z=2.93), interception (z=3.00; 2.21) and defensive action followed by a pass (z=2.21), in
advanced zones on the playing field (z=3.62; 3.33; 2.93; 2.39), followed by collective
and individual behaviors, in development of possession in the offensive field, which
surpassed the numerical inferiority (z=5.20; 3.36; 3.25; 3.00). Ineffective behavior
patterns were associated with defensive zones and resulted in loss of possession mainly
after short passes (z=2.79; 2.67) and ball receptions (z=4.33; 2.36) with equality
pressed in the game center (z=3.41; 3.01; 1.96). The opponent's quality differentiated
the patterns of behavior, and against opponents considered to be of high level, the team
showed more behaviors that depend on collective construction, such as complete
passes or attempts (z=2.39; 2.26; 2.11) , crossings (z=2.70; 2.33; 4.67) and receptions
(z=1.99; 4.33), while against opponents of the intermediate and lower level, they had a
higher incidence of individual behavior patterns, such as ball driving (z=2.65; 2.36; 2.19)
and dribbling (z=3.72; 3.16; 1.96; 2.28). Conclusion: There were differences between
patterns of effective and ineffective behaviors, especially concerning to the game center
and the area of the field where previous behaviors and outcome occurred. The
adversary's quality differentiated the standards mainly regarding to adopting collective or
individual behaviors.
Keywords: Youth Sports. Behavior. Game analysis. Sequential analysis.
54

1. INTRODUÇÃO

O futebol é uma modalidade esportiva coletiva onde os jogadores precisam


interagir com seus companheiros de equipe para gerenciar as restrições oferecidas
pelos oponentes e pelo ambiente (BARREIRA et al., 2014), sendo estas ações
desenvolvidas em um espaço comum, complexo e imprevisível, onde todas as ações
estão inter-relacionadas (REVERDITO; SCAGLIA, 2009; CASARIN et al., 2011). Devido
a este ambiente caótico e complexo, é recomendável que os jogadores e as equipes
sejam direcionados por uma ordem geral norteadora (componente estratégica), mas
que também saibam percepcionar e gerir os espaços de jogo e as informações do
ambiente da melhor maneira possível, adotando comportamentos flexíveis as
imprevisibilidades das situações de jogo (GRÉHAIGNE; GODBOUT, 1995).
Por esta razão, a dimensão tática é apontada por um grupo de autores como o
núcleo diretor das demais dimensões (GARGANTA, 1997; BORGES et al., 2015), uma
vez que se refere a gestão do espaço e posições adotadas em reação a um adversário
em uma situação de jogo, possibilitando os mesmos a lidarem e solucionarem os
problemas causados pela equipe adversária (GRÉHAIGNE; GODBOUT, 1995). Sendo
assim, investigar os padrões de comportamentos em jogos oficiais, que são definidos
como interações do organismo com o ambiente que ocorrem com probabilidades
superiores ao acaso (SARMENTO, 2012; MOREIRA; SOUZA; HAYDU, 2019), pode
conferir informações importantes para otimizar o processo de treino, planejamento
estratégico e formação de jovens jogadores, aspectos estes, inerentes as dimensões
táticas que ocorrem durante o jogo.
Neste sentido, dada a relevância do gerenciamento das informações e do espaço
de jogo, uma série de estudos foram desenvolvidos recentemente com o intuito de
melhor compreender a dinâmica complexa do futebol e a influência do contexto no
comportamento dos jogadores e equipes, como: local do jogo/mando de campo
(GÓMEZ et al., 2018), qualidade do oponente (CASTELLANO et al., 2013; GÓMEZ et
al., 2018), nível competitivo (BORGES et al., 2019) e resultado momentâneo do jogo
(MACHADO; BARREIRA; GARGANTA, 2014; PRAÇA et al., 2019).
55

A qualidade do adversário é sugerida como uma influência importante no


desempenho (TAYLOR et al., 2008; CASTELLANO et al., 2013). Sobre o tema, estudos
apontam que: jogadores de elite ocupam maiores áreas em largura e profundidade ao
jogar contra equipes de qualidade inferior e optam por maiores comprimentos
defensivos em largura e área de superfície quando enfrentam equipes mais fortes
(CASTELLANO et al., 2013); os comportamentos e a dinâmica ofensiva são afetadas
pelo mando de campo e dependem da qualidade das equipes (GÓMEZ et al., 2018);
jogar contra equipes de nível elevado favorece o aumento de comportamentos coletivos
de passe e inibe comportamentos de drible e condução de bola (TAYLOR et al., 2008).
Porém, apesar de Borges, Avelar e Rinaldi (2015), indicarem a necessidade de
se conhecer e monitorar as diferentes componentes do processo de formação de
jovens jogadores, pouco se sabe sobre o comportamento de jogadores de categoria de
base, quando submetidos a contextos situacionais favoráveis e desfavoráveis, uma vez
que as investigações sobre padrões de comportamento abordaram substancialmente as
principais ligas nacionais (CASTELLANO et al., 2013; ALMEIDA; FERREIRA;
VOLOSSOVITCH, 2014; GÓMEZ et al., 2018) e campeonatos mundiais de seleções
(MACHADO; BARREIRA; GARGANTA, 2014; BARREIRA et al. 2015).
Sobre isso, considera-se que o fato de os jogadores competirem a um contexto
de categoria de base, com menor tempo de experiência/vivência dentro da modalidade,
possa gerar maiores oscilações nos comportamentos executados em diferentes
contextos situacionais (MOREIRA; SOUZA; HAYDU, 2019), como enfrentar equipes de
nível elevado e de nível baixo. Deste modo, o presente estudo tem como intuito
caracterizar e comparar padrões de comportamentos eficazes e não eficazes, bem
como verificar a influência da variável contextual qualidade do adversário (nível
elevado, intermediário e inferior) na manifestação de padrões ofensivos de uma equipe
juvenil brasileira.
56

2. MÉTODOS

2.1. Amostra

A metodologia observacional, considerada como uma técnica de imenso


potencial no estudo do comportamento humano e, portanto, no correspondente
comportamento esportivo (ANGUERA; HERNÁNDEZ-MENDO, 2013), foi utilizada para
compreender os padrões comportamentais adotados por jovens jogadores em jogos
oficiais. De acordo com a taxonomia específica da área, o estudo enquadra-se como
ideográfico (uma unidade observada), com temporalidade dinâmica (seguimento), e
heterogeneidade de possibilidades (multidimensional), pela consideração conjunta de
diversos níveis de resposta (ANGUERA; BLANCO-VILLASEÑOR; HERNÁNDEZ-
MENDO; LOSADA, 2011).
A amostra foi composta por 1,304 sequências ofensivas (29,228 eventos)
extraídas de 17 jogos de uma equipe juvenil (sub-17) em disputa de um campeonato
estadual na temporada de 2019. Para a gravação dos vídeos, câmeras foram
posicionadas em um plano superior ao terreno de jogo para facilitar a visualização
topográfica. Foi adotado como critério de inclusão: (1) sequências ofensivas com pelo
menos três toques consecutivos na bola; e como critério de exclusão: (1) partidas que
pelo menos uma das equipes estivesse jogando com 10 jogadores ou menos por um
tempo superior a 10% do total. A temporada é composta por 20 jogos, porém três
partidas foram excluídas por atenderem ao critério de exclusão. Períodos de não
observação devido a razões técnicas e/ou tecnológicas não excederam 10% do tempo
total de observação (por exemplo, sequências ofensivas que o jogador saia do campo
de gravação da câmera).
A caracterização da equipe observada, indica uma equipe de nível elevado no
contexto estadual (chegou a última fase do campeonato nas temporadas 2018 e 2019),
com rotina semanal de cinco (5) treinamentos e composta por atletas selecionados em
sua maioria nas cidades próximas a sede do clube, além de atletas advindos de outras
localidades e estados do Brasil. O diretor responsável pela categoria de base do clube
foi informado sobre os procedimentos que seriam adotados e assinou um termo de
57

consentimento livre e esclarecido. O estudo faz parte do projeto de pesquisa intitulado


“Comportamento tático no futebol: avaliação das ações táticas ofensivas e suas
implicações no processo de formação esportiva de jovens futebolistas”, aprovado pelo
comitê de ética local (Proc. 1.627.516).

2.2. Procedimentos

Após as filmagens, os jogos foram analisados utilizando o protocolo de


observação proposto por Barreira et al. (2012) e o software de registro SoccerEye
versão 3.1.0.5. (BARREIRA, 2013) (apresentado na “Tabela 2”). Após o registro das
observações, um relatório em forma de planilha, sem separação por colunas, foi gerado
em Microsoft Excel®. O protocolo SoccerEye subdivide o jogo em: transição-interfase
(estado transitório a partir de recuperação da bola de maneira indireta), transição-
estado (estado transitório a partir da recuperação da bola de maneira direta) e
desenvolvimento da posse de bola (momento posterior a transição-interfase, ou após
três eventos consecutivos de transição-estado sem pressão no centro de jogo)
(BARREIRA et al., 2012).
A qualidade do adversário foi a variável considerada para dividir em três grupos
distintos as sequências ofensivas. Sequências ofensivas de nível "elevado" foram
consideras aquelas realizadas contra equipes que chegaram na terceira fase do
campeonato, as de nível “intermediário” executadas contra equipes que foram
eliminadas na segunda fase do campeonato e “inferior” contra equipes desclassificadas
na primeira fase da competição. A equipe analisada fazia parte do grupo de nível
elevado.
58

Tabela 2. Critérios e categorias do protocolo de observação SoccerEye


Critérios Sub-critérios Categorias
IEi: Interceptação; IEd: Desarme; IEgr: Ação do goleiro em fase
1. Início da Fase 1.1 Direta/Dinâmica defensiva; IEp: Ação defensiva seguida de passe;
Ofensiva
1.2 Indireta/Estática IIcg: Começo ou recomeço do jogo; IIi: Infração do adversário às leis
do jogo; IIc: Escanteio cedido pelo adversário; IIpb: Tiro de meta
cedido pelo adversário; IIbs: Bola ao solo; IILL: Lançamento de linha
lateral cedido pelo adversário.
DTpcp: Passe curto positivo; DTpcn: Passe curto negativo; DTplp:
2. Passe longo positivo; DTpln: Passe longo negativo; DTczp:
Desenvolvimento Cruzamento positivo; DTczn: Cruzamento negativo; DTcd: Condução
da Transição- de bola; DTd: Drible; DTrc: Recepção ou controle de bola; DTdu:
Estado Duelo; DTr: Finalização; DTse: Intervenção do adversário sem êxito;
defesa/ataque DTgro: Ação do goleiro da equipe em fase ofensiva; DTgra: Ação do
goleiro da equipe em fase defensiva.
DPpcp: Passe curto positivo; DPpcn: Passe curto negativo; DPplp:
Passe longo positivo; DPpln: Passe longo negativo; DPczp:
3. Cruzamento positivo; DPczn: Cruzamento negativo; DPcd: Condução
Desenvolvimento de bola; DPd: Drible (1x1); DPrc: Recepção ou controle de bola;
da Posse de Bola DPdu: Duelo; DPr: Finalização; DPse: Intervenção do adversário sem
êxito; DPgro: Ação do goleiro da equipe em fase ofensiva; DPgra:
Ação do goleiro da equipe em fase defensiva; DPi: Infração do
adversário às leis do jogo; DPc: Escanteio; DPpb: Tiro de meta; DPbs:
Bola ao solo; DPLL: Lançamento de linha lateral.

4. Final da Fase FEf: Finalização com eficácia.


Ofensiva FSef: Finalização sem eficácia.

5.1 Zonas
5. Espacialização
do terreno de jogo 5.2 Setores

5.3 Corredores

6.1 Com pressão Pr: Inferioridade relativa; Pa: Inferioridade absoluta; Pi: Igualdade
pressionada;
6. Centro de Jogo
(CJ) 6.2 Sem pressão SPi: Igualdade não pressionada; SPr: Superioridade relativa; SPa:
Superioridade absoluta.
VAD: Goleiro da equipe em fase ofensiva x linha adiantada da equipe
7. Configuração adversária; ATAD: Linha atrasada x linha adiantada; ATM: Linha
Espacial de atrasada x linha média; ATE: Linha atrasada x zona exterior; MAD:
Interação (CEI) Linha média x linha adiantada; MM: Linha média x linha média; MAT:
Linha média x linha atrasada; ADM: Linha adiantada x linha média;
ADAT: Linha adiantada x linha atrasada; EAT: Zona exterior da linha
adiantada x linha atrasada; ADV: Linha adiantada x goleiro da equipe
adversária.
Fonte: adaptado de Barreira (2013).
59

2.3. Análise estatística e confiabilidade

Os dados foram analisados utilizando o software SDIS-GSEQ (versão 5.1)


(BAKEMAN; QUERA, 2011). A análise sequencial de retardos (ASR), foi empregada
visando investigar a existência de estabilidade na sucessão de eventos com
probabilidades superiores ao acaso (CASTELLANO; HERNANDEZ-MENDO, 2000). A
ASR recorre ao cálculo do qui-quadrado para rejeitar a hipótese nula, com significância
de p≤0,05 (CASTELÃO et al., 2015). A estatística z hipergeométrica também é utilizada
para expressar as associações e são considerados significativos os valores de z
superiores a 1,96 (p≤0,05). Como conduta-critério, foram utilizadas as variáveis
pertencentes ao critério 4, relacionadas ao final da sequência ofensiva, enquanto como
condutas-objeto, foram utilizadas as variáveis pertencentes aos seis (6) demais
critérios. Deste modo, similarmente ao encontrado em outros estudos (CASTELÃO et
al., 2015; PRAÇA et al., 2017), o retardo cinco foi adotado como retardo máximo e uma
análise retrospectiva foi aplicada, onde condutas-objeto que apresentassem valores
significativos foram classificadas como de forte associação com o desfecho (conduta-
critério).
Em relação ao controle da qualidade dos dados, 21 dias após a primeira análise
de vídeos, uma partida completa foi analisada por um pesquisador independente e
reanalisada pelo pesquisador principal, objetivando obter o nível de concordância intra
e inter avaliadores. Para esta amostra, o índice Kappa de Cohen foi utilizado, obtendo
valores superiores à k>0,81, para todas as categorias. Estes valores de confiabilidade
são classificados como “quase perfeitos” (MAROCO, 2014).
60

3. RESULTADOS

Padrões em sequências ofensivas eficazes e não eficazes contra adversários de


nível elevado

Os resultados das sequências ofensivas eficazes apontam uma elevada


probabilidade de terem um desfecho no corredor central, principalmente na zona média-
ofensiva central (z=4,80) e ofensiva central (z=8,56), com uma interação numérica
amplamente favorável no centro de jogo (z=4,90) e interação espacial entre a linha
média ofensiva x linha atrasada adversária (z=4,97) e linha mais avançada x linha
defensiva adversária (z=4,96). Os desfechos eficazes são resultantes de sequências
ofensivas executadas em momento de transição e de desenvolvimento de posse, além
de recuperações da posse de bola e ações de bola parada. Os comportamentos de
interceptação (z=2,21) e lançamento lateral (z=2,27) no campo ofensivo, foram as
formas de recuperação de posse de bola que se relacionaram com o desfecho positivo
(Figura 6).
Comportamentos que dependem de construção coletiva, como passe curto e
cruzamento (positivos e negativos) em zonas avançadas do campo, com configuração
espacial de enfrentamento entre a linha média e linha ofensiva contra a linha defensiva
e média-defensiva adversária, se associaram com o desfecho positivo, enquanto
comportamentos individuais foram menos frequentes, uma vez que apenas o drible
(z=4,00), no momento exatamente anterior ao desfecho, se apresentou como padrão. A
interação numérica dentro do centro de jogo também é um ponto a se destacar, uma
vez que padrões de interações desfavoráveis (de inferioridade numérica) foram muito
presentes em eventos anteriores ao desfecho (z=4,01; 3,00; 2,02), porém, no momento
exato da finalização o inverso se sobressaiu (z=4,90).
Já em relação aos padrões de sequências ofensivas não eficazes, é possível
observar que o desfecho ocorria nos três setores da zona média-defensiva (z=3,19;
3,48; 2,94) ou nos dois setores laterais da zona média-ofensiva (z=3,12; 4,15),
especialmente em situações de igualdade pressionada (z=3,41) e quando a bola estava
sendo trabalhada no campo defensivo, com a linha mais atrasada e com a segunda
61

linha de construção (z=2,80; 2,30) versus a linha mais adiantada adversária.


Antecederam o desfecho não eficaz, comportamentos de recepção/controle de bola
(z=4,33; 1,99), lançamentos laterais (z=2,32; 2,09) e passes curtos negativos (z=2,97),
principalmente em zonas atrasadas do campo, com a bola sendo trabalhada pela linha
mais atrasada ou pelo goleiro (ambos versus a linha adiantada adversária) e
pressionados no centro de jogo ou em leve superioridade, demonstrando um padrão
sólido de como aumentar as chances de um desfecho negativo.
62

Figura 6. Mapa de interações entre padrões ofensivos com eficácia e sem eficácia
detectados contra adversários de nível elevado.
Nota: IIi: Infração do adversário às leis do jogo; IEi: Interceptação; DTse: Intervenção do
adversário sem êxito; DTpcn: Passe curto negativo; DTczn: Cruzamento negativo; DTpcp:
Passe curto negativo; DPi: Infração do adversário às leis de jogo; DPd: Drible (1x1); DPc:
Escanteio; DPse: Intervenção do adversário sem êxito; DPr: Finalização; DPczp: Cruzamento
positivo; DPpcn: Passe curto negativo; DPgra: Ação do goleiro da equipe em fase defensiva;
DPLL: Lançamento de linha lateral; DPrc: Recepção ou controle de bola; Pr: Inferioridade
relativa; SPi: Igualdade não pressionada; Pi: Igualdade pressionada; SPr: Superioridade
relativa; ADAT: Linha adiantada x linha atrasada; ADV: Linha adiantada x goleiro da equipe
adversária; MAT: Linha média x linha atrasada; EAT: Zona exterior da linha adiantada x linha
atrasada; ATAD: Linha atrasada x linha adiantada; VAD: Goleiro da equipe em fase ofensiva x
linha adiantada da equipe adversária; ATE: Linha atrasada x zona exterior.
63

Padrões em sequências ofensivas eficazes e não eficazes contra adversários de


nível intermediário

Os resultados das sequências ofensivas eficazes contra equipes do nível


intermediário apontam para o desfecho ocorrendo no corredor central, na zona média-
ofensiva central (z=2,05) e ofensiva central (z=5,48), com um centro de jogo
amplamente favorável (z=4,11) e com a bola nas linhas mais adiantadas do ataque
(z=2,26; 2,00). O desfecho foi precedido principalmente por recuperações da posse de
bola na metade mais ofensiva do campo de jogo, por meio de interceptações (z=3,00),
ações defensivas seguidas de passe (z=2,21) e intervenção do goleiro (z=2,64),
seguidas de comportamentos individuais de drible quando em desenvolvimento de
posse (z=3,72; 3,16; 1,96) e de condução de bola em transição (z=2,36; 2,65),
ocasionando faltas cometidas pelos adversários em zonas avançadas do campo.
Quanto aos padrões de interação numérica e espacial, o centro de jogo seguiu sendo
desfavorável nos eventos anteriores ao desfecho (inferioridade absoluta e relativa) e a
configuração espacial continuou sendo de enfrentamento entre as linhas médias e
ofensivas contra as linhas defensivas e médio-defensivas adversárias, especialmente
no corredor central.
Em sequências não eficazes, foi identificado que os comportamentos coletivos
de trocas de passes curtos (z=2,79) e recepções/controle de bola (z=2,49; 2,36; 2,01),
foram padrões associados ao desfecho negativo, mesmo que em situações de
superioridade relativa no centro de jogo (z=2,68; 2,52; 3,39). Trabalhar com a bola,
principalmente quando já em desenvolvimento de posse, com a linha mais atrasada e
média contra a linha adiantada adversária, apresentou relações significativas com o
desfecho não eficaz, principalmente no setor defensivo (z=1,98), nos três setores
médios-defensivos e nos dois setores laterais médios-ofensivos (especialmente no
corredor direito). O padrão de desfecho negativo contra equipes de nível intermediário,
ocorreu nas zonas 5 (central defensiva), 7 e 9 (zona lateral média-ofensiva),
principalmente quando pressionados e em igualdade no centro de jogo (z=1,96).
64

Figura 7. Mapa de interações entre padrões ofensivos com eficácia e sem eficácia
detectados contra adversários de nível intermediário.
Nota: IEgr: Ação do goleiro em fase defensiva; IEi: Interceptação; IEp: Ação defensiva
seguida de passe; DTcd: Condução de bola; DPi: Infração do adversário às leis de jogo;
DPd: Drible (1x1); DPrc: Recepção ou controle de bola; DPpcp: Passe curto positivo;
Pa: Inferioridade absoluta; Pr: Inferioridade relativa; SPi: Igualdade não pressionada;
SPr: Superioridade relativa; ADAT: Linha adiantada x linha atrasada; EAT: Zona exterior
da linha adiantada x linha atrasada; MAT: Linha média x linha atrasada; ATAD: Linha
atrasada x linha adiantada; MAD: Linha média x linha adiantada.
65

Padrões em sequências ofensivas eficazes e não eficazes contra adversários de


nível inferior

Os resultados das sequências ofensivas eficazes contra equipes de nível inferior


apresentaram o desfecho como sendo associado a zona ofensiva central (z=5,32), com
interação numérica amplamente favorável no centro de jogo (z=3,93) e configuração
espacial de linha média ofensiva x última linha defensiva adversária (z=3,93). Os
comportamentos que antecederam ao desfecho nesta situação foram principalmente os
de bola parada, por meio de escanteios (z=2,31; 2,59) e faltas sofridas (z=2,96; 2,31),
porém, comportamentos de finalização com manutenção da posse (z=3,45; 3,20), drible
(z=2,28) e cruzamento positivo (z=2,61) também se associaram com o desfecho
positivo. O desarme no campo ofensivo, principalmente nas zonas mais avançadas do
terreno, mesmo que em situação numérica desfavorável, também apresentou relação
com o desfecho eficaz (z=2,93). Ações executadas em todas as zonas do campo
ofensivo (corredor central e corredores laterais), com configuração espacial de linha
adiantada versus linha defensiva adversária (inclusive zona exterior) e frente a frente
com o goleiro adversário foram padrões eficazes contra equipes de nível inferior.
No sentido oposto, o desfecho sem eficácia acontecia principalmente no campo
defensivo (zonas 5 e 6) e médio-ofensivo direito (z=2,01), com inferioridade numérica
no centro de jogo (z=1,96). Ações de posse de bola em outras zonas, além da zona 5 e
6, do campo defensivo (zonas 2 e 4) também apresentaram ligação com o desfecho
negativo. Apesar da superioridade numérica relativa na maior parte dos eventos
anteriores ao desfecho, a configuração espacial demonstra que a posse, nesta
situação, advinha, primordialmente, do trabalho entre jogadores da primeira linha de
construção, visto que a interação linha atrasada ofensiva x linha adiantada adversária,
foi um padrão marcante em quatro dos cinco eventos anteriores ao desfecho.
66

Figura 8. Mapa de interações entre padrões ofensivos com eficácia e sem eficácia
detectados contra adversários de nível inferior.
Nota: IEd: Desarme; DTcd: Condução de bola; DTd: Drible (1x1); DPi: Infração do
adversário às leis de jogo; DPc: Escanteio; DPczp: Cruzamento positivo; DPr:
Finalização; DPrc: Recepção ou controle de bola; DPpcp: Passe curto positivo; Pr:
Inferioridade relativa; SPi: Igualdade não pressionada; SPr: Superioridade relativa;
ADAT: Linha adiantada x linha atrasada; ADV: Linha adiantada x goleiro da equipe
adversária; EAT: Zona exterior da linha adiantada x linha atrasada; MM: Linha média x
linha média; ATAD: Linha atrasada x linha adiantada.
67

4. DISCUSSÃO

O presente estudo objetivou caracterizar e comparar padrões de comportamento,


bem como verificar a influência da variável contextual qualidade do adversário (nível
elevado, intermediário e inferior) na expressão de padrões ofensivos eficazes e não
eficazes de uma equipe juvenil. As hipóteses do estudo foram confirmadas ao
identificarmos diferenças entre os padrões ofensivos eficazes e não eficazes e
verificarmos a influência da qualidade do adversário na manifestação dos padrões.
Os padrões eficazes apresentados pela equipe quando em confronto contra
equipes de nível elevado foram diferentes dos apresentados em embates contra
adversários do nível intermediário e inferior. Contra adversários considerados de nível
elevado, a equipe apresentou mais comportamentos que dependem de construção
coletiva, como passes, cruzamentos e recepções/controles de bola (9 comportamentos
coletivos e 1 individual), enquanto contra adversários do nível intermediário e inferior
apresentaram uma incidência maior de padrões de comportamentos individuais, como
conduções de bola e dribles. Estes achados reforçam os resultados de Lago-Peñas e
Martin (2007) e Taylor et al. (2008), que identificaram que comportamentos coletivos de
passe são mais utilizados contra equipes de nível elevado, enquanto comportamentos
de drible e condução de bola são mais utilizados contra equipes menos qualificadas.
Algumas semelhanças nos comportamentos adotados pela equipe foram
observadas nas diferentes situações do jogo. De acordo com Lago-Peñas e Dellal
(2010), equipes qualificadas possuem um estilo sólido de jogo, mantendo-o apesar das
situações contextuais impostas pelo jogo. Neste estudo, as sequências ofensivas
eficazes ocorreram no campo ofensivo, com a recuperação da bola no campo de
ataque, por meio da execução de comportamentos coletivos e individuais no campo
ofensivo e por meio do aproveitamento de bolas paradas; enquanto as sequências
ofensivas não eficazes foram desenvolvidas majoritariamente no campo defensivo e
tinham como desfecho a perda da posse também na sua própria metade de campo.
Conseguir recuperar a posse de bola no campo ofensivo (z=2,21; 2,27; 2,21; 3,00;
2,93), se demonstrou um comportamento positivo para causar constrangimentos a
adversários de diferentes qualidades, pois melhora as probabilidades de obter eficácia
68

ofensiva (TENGA et al., 2010; ALMEIDA; FERREIRA; VOLOSSOVITCH, 2014;


LEONTIJEVIĆ; JANKOVIĆ; TOMIĆ, 2017), devido à proximidade com o gol adversário
e a possível desorganização defensiva momentânea do adversário, que encontrava-se
em fase ofensiva e é forçado a transitar para a defensiva.
Ao observar de maneira geral os padrões resultantes de sequências eficazes e
não eficazes, é possível notar que quando a equipe conseguia sair da primeira fase de
construção (da sua própria metade de campo) e avançar do momento de transição para
o momento de desenvolvimento da posse, as chances de desfecho com eficácia
aumentavam. De acordo com Garganta et al. (2013) o objetivo fundamental da
transição ofensiva deve ser avançar em direção a zonas avançadas, de maneira rápida
e eficaz, aproveitando a desorganização posicional momentânea do oponente. Isso se
reforça, ao observarmos que, quando a equipe não conseguia avançar para o campo
adversário e mantinha a posse de bola no próprio campo, a probabilidade de perder a
posse sem atingir eficácia, aumentava. Os resultados vão ao encontro dos
apontamentos feitos por Collet (2013) em relação a clubes profissionais das cinco
principais ligas europeias, que indicam que passes improdutivos ou supérfluos, sem
avançar no terreno de jogo e causar constrangimentos ao adversário, são preditivos de
piores resultados ofensivos; demonstrando que é uma tendência no mais alto nível
profissional e também na formação.
De acordo com Borges et al. (2019), é possível ser efetivo na categoria de base
optando por diferentes estilos de construção. Neste estudo, a presença de padrões no
momento de desenvolvimento de posse contra adversários dos três níveis, indicam um
estilo de jogo predominantemente indireto, que foi efetivo quando conseguia-se
progredir no campo de jogo, mesmo em situações numéricas desfavoráveis no centro
de jogo (inferioridade relativa), utilizando para isso dribles, conduções, faltas sofridas,
cruzamentos, para criar superioridade no evento final (finalização); isso aponta que, não
basta a equipe estar familiarizada com a manutenção da posse se a mantém em uma
zona distante do gol adversário. Independentemente do estilo de jogo, o importante é
que os jogadores estejam habituados e consigam desenvolver a posse com maior
velocidade de transmissão da bola, gerando dificuldades ao adversário (BORGES et al.,
2019).
69

5. CONCLUSÃO

É possível sugerir com base nos resultados do presente estudo que os


profissionais das comissões técnicas de jovens equipes considerem a qualidade do
adversário como uma possível influenciadora dos comportamentos adotados pelos
jovens jogadores e criem situações de treino que amenizem os efeitos do contexto.
Além disso, reforça-se a importância de construir uma ideia de jogo sólida, pautada em
princípios que norteiam as tomadas de decisões dos jogadores, priorizando fortalecer a
identidade da própria equipe ao invés de adaptar a ideia de jogo em função da
qualidade do adversário. Recuperar a bola no campo de ataque, avançar no terreno de
jogo e chegar na metade ofensiva, estimular comportamentos individuais nas
proximidades da área adversária, se aproveitar de situações de bola parada e optar por
um jogo paciente, principalmente contra equipes de nível elevado, podem favorecer a
eficácia ofensiva. Assume-se como limitações do estudo a análise de uma equipe,
proveniente de uma faixa etária e ao longo de uma temporada competitiva, o que
reforça a necessidade de novos estudos, com maior abrangência, que auxiliem na
compreensão dos padrões de comportamento de equipes de categoria de base.

ORCID

Matheus de Oliveira Jaime: http://orcid.org/0000-0001-6320-667X.


Wilson Rinaldi: http://orcid.org/0000-0001-5593-3666.

Agradecimentos

Agradecemos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior


(CAPES/Brasil) pela Bolsa de Mestrado concedida à M.O.J.
70

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72

CAPÍTULO 3

4.2 PADRÕES COMPORTAMENTAIS OFENSIVOS NA CATEGORIA DE BASE: O


RESULTADO MOMENTÂNEO PODE ALTERAR A DINÂMICA E A EFICÁCIA
OFENSIVA NO FUTEBOL?

Matheus de Oliveira Jaimeª, Wilson Rinaldiª

ª Departamento de Educação Física, Universidade Estadual de Maringá, Paraná, Brasil.

RESUMO

Objetivo: Caracterizar e comparar padrões eficazes de comportamento ofensivo e


verificar a influência da variável contextual resultado momentâneo do jogo na dinâmica
ofensiva de sequências executadas por uma equipe juvenil brasileira. Métodos:
Recorreu-se ao instrumento de observação e software SoccerEye para registro de
dados, e ao software SDIS-GSEQ para a Análise Sequencial de Retardos dos 5,706
eventos extraídos de 200 sequências ofensivas com desfecho em finalização (gols,
finalizações enquadradas e não enquadradas com o gol) referentes a 17 jogos de uma
equipe juvenil no campeonato estadual. As sequências ofensivas foram divididas de
acordo com a variável contextual resultado momentâneo do jogo. O nível de
significância adotado foi de 5% (z=≥1,96). Resultados: Diferentes características de
construção ofensiva (direta, indireta e de bola parada) tiveram associações com
desfechos eficazes, porém, comportamentos como recuperar a bola no campo ofensivo
(z=2,73; 2,57; 2,47; 2,11; 2,04) e/ou transportar a bola até o campo de ataque com
comportamentos individuais de drible (z=3,79; 3,65; 2,65; 2,11) e condução de bola
(z=3,75; 3,55; 3,48; 3,25), mesmo que em inferioridade numérica (z=3,67; 2,52; 2,12),
se associaram com desfechos com eficácia dentro da área adversária (z=7,46; 2,90) e
configuração espacial favorável (z=5,41; z=4,98; z=3,69). O resultado momentâneo do
jogo não influenciou de maneira incisiva nos padrões de comportamentos eficazes;
porém, alguns comportamentos pontuais como a opção por cruzar a bola na área em
situações de derrota (z=3,03; 2,70; 2,70; 2,40) e por driblar (z=3,65; 2,13; 2,11) no
corredor central e com configuração espacial favorável (z=3,58; 3,20; 2,94) em
situações de vitória, foram apontados. Conclusão: Padrões de comportamento foram
identificados em sequências ofensivas com desfecho eficaz, sendo os comportamentos
individuais e de recuperação/progressão da bola no campo ofensivo, com configuração
espacial favorável, associados a finalizações. Pontualmente, o resultado momentâneo
do jogo diferenciou os desfechos ao apontar mais eventos padrões de cruzamento para
a área em situação de derrota.
Palavras-chave: Esportes Juvenis. Comportamento. Análise de jogo. Análise
sequencial.
73

ABSTRACT
Objective: To characterize and compare effective patterns of offensive behavior and to
verify the influence of the contextual variable "momentary result" of the game on the
offensive dynamics of sequences performed by a Brazilian youth team. Methods: The
"Soccer Eye" software and observation instrument was used to record data, and the
SDIS-GSEQ software for the Sequential Analysis of Retards of the 5.706 events
extracted from 200 offensive sequences with finalization ending (goals, framed and non-
framed finishes) referring to 17 games of a youth team in the state championship. The
offensive sequences were divided according to the contextual variable momentary result
of the game. The level of significance adopted was 5% (z=≥1.96). Results: Different
characteristics of offensive construction (direct, indirect and set pieces) had associations
with effective outcomes, however, behaviors such as recovering the ball in the offensive
field (z=2.73; 2.57; 2.47; 2.11; 2.04) and / or transport the ball to the attack field with
individual dribbling behaviors (z=3.79; 3.65; 2.65; 2.11) and ball handling (z=3.75 ; 3.55;
3.48; 3.25), even if in numerical inferiority (z=3.67; 2.52; 2.12), they were associated
with effective outcomes within the adversary area (z=7, 46; 2.90) and favorable spatial
configuration (z=5.41; z=4.98; z=3.69). The momentary result of the game did not have
a strong influence on patterns of effective behavior; however, some punctual behaviors
such as the option to cross the ball in the area in situations of defeat (z=3.03; 2.70; 2.70;
2.40) and for dribbling (z=3.65; 2.13; 2.11) in the central corridor and with favorable
spatial configuration (z=3.58; 3.20; 2.94) in situations of victory, were pointed out.
Conclusion: Behavioral patterns were identified in offensive sequences with an
effective outcome, with individual behaviors and recovery / progression of the ball in the
offensive field, with favorable spatial configuration, associated with finishes. Punctually,
the momentary result of the game differentiated the outcomes by pointing out more
standard crossing events for the area in a situation of defeat.
Keywords: Youth Sports. Behavior. Game analysis. Sequential analysis.
74

1. INTRODUÇÃO

O futebol é uma modalidade esportiva coletiva complexa que se desenvolve em


um ambiente caótico e se projeta numa cadeia de estados de desequilíbrio-equilíbrio
(GARGANTA; SILVA, 2000), onde é nítida a articulação de diferentes indicadores
relacionados as qualidades táticas, técnicas, físicas e psicológicas. Pensando em
qualificar as experiências vivenciadas pelos jogadores e potenciar uma ideia de jogo, é
recomendável que as equipes criem padrões e façam emergir certa ordem e
estabilidade dentro deste contexto caótico (HEWITT; GREENHAM; NORTON, 2016), o
que pode contribuir para uma melhor tomada decisão por parte dos jovens jogadores,
quando encontrarem-se diante de diferentes situações impostas pelo jogo. Neste
sentido, a avaliação de padrões de comportamentos adotados pelos jogadores em
jogos oficiais pode conferir informações importantes para o ajuste do processo de treino
e formação.
Apesar da referida complexidade do jogo, Hewitt; Greenham; Norton (2016)
apontam que, de maneira geral, estudos que abordam os fenômenos em uma
perspectiva holística ainda são minoria. Para Garganta (1997) e Barreira (2013), a
dinâmica do jogo se dá pela interação das dimensões espaço, tempo, tarefa e
organização da equipe/relação entre os participantes, ao longo das diferentes fases do
jogo. Neste sentido, a metodologia observacional, em particular a análise sequencial de
retardos (ASR), tem sido utilizada para verificar comportamentos padrões executados
pelos jogadores, uma vez que o método possibilita a extração de dados quanti-
qualitativos, sem desconsiderar a dinâmica complexa do jogo (CONTRERAS; PINO,
2000).
Sendo assim, é necessário compreender que no futebol os termos
“comportamento” e “padrão de comportamento” são descritos como a interação do
organismo com o ambiente (MOREIRA; SOUZA; HAYDU, 2019) e as condutas que
ocorrem com probabilidade superior ao acaso (SARMENTO, 2012), respectivamente.
Para melhor compreendê-los, uma das linhas de estudo sobre comportamentos no
futebol, se propõe a investigar o efeito de variáveis contextuais como, o resultado
momentâneo do jogo (estar ganhando, empatando ou perdendo), relatado como um
75

dos influenciadores da dinâmica ofensiva de uma equipe (MACHADO; BARREIRA;


GARGANTA, 2014; KONEFAŁ et al., 2018; PRAÇA et al., 2019). Estudos prévios
demonstraram que equipes em situação de vitória tendem a conduzirem menos a bola
e executarem menos dribles (TAYLOR et al., 2008); equipes em situação de vitória
tendem a optar por um estilo de jogo mais direto, enquanto em situação de derrota
optam por uma construção indireta (PRAÇA et al., 2019); seleções nacionais
semifinalistas de Copa do Mundo 2010 oscilaram seus comportamentos padrões em
função do resultado momentâneo da partida (MACHADO; BARREIRA; GARGANTA,
2014); equipes em momento de empate ou derrota apresentaram maior frequência de
passes curtos, cruzamentos e maior tempo de posse de bola (KONEFAŁ et al., 2018).
Porém, observou-se que os estudos abordaram majoritariamente equipes
profissionais das principais ligas europeias e campeonatos mundiais de seleções
(MACHADO; BARREIRA; GARGANTA, 2013; MACHADO; BARREIRA; GARGANTA,
2014; BARREIRA, et al. 2015). O conhecimento acerca da questão no contexto de
categorias de base, principalmente brasileiro, ainda é incipiente e é importante
considerar que o nível competitivo e a categoria da qual os jogadores fazem parte
(base, amador ou profissional), podem influenciar diretamente nos comportamentos
adotados (MOREIRA; SOUZA; HAYDU, 2019), principalmente em relação ao
processamento das informações que o jogo e o ambiente impõem (VAEYENS et al.,
2007).
Levando em consideração o apontado, acredita-se que equipes de categoria de
base, por serem menos experientes nas situações do jogo, podem ser mais suscetíveis
as influências do ambiente, oscilando o comportamento de maneira latente em função
do contexto do jogo (favoráveis e desfavoráveis). Deste modo, dada a relevância e
incipiência do entendimento dos padrões emergentes de jogo no contexto brasileiro e
do efeito causado por variáveis contextuais nas condutas de equipes de jovens
futebolistas, o presente estudo objetiva caracterizar e comparar padrões
comportamentais ofensivos com e sem eficácia e verificar a influência da variável
contextual no resultado momentâneo do jogo (estar ganhando, empatando ou
perdendo) na dinâmica de sequências ofensivas executadas por uma equipe brasileira
de futebol da categoria juvenil (sub-17), findadas em finalização.
76

2. MÉTODOS

2.1. Amostra

Trata-se de um estudo observacional, onde a estrutura é configurada a partir dos


critérios: unidades do estudo, temporalidade e dimensionalidade (ANGUERA; BLANCO-
VILLASEÑOR; LOSADA, 2001). A taxonomia específica da área enquadra o presente
estudo na estrutura ideográfica (unidade), com temporalidade dinâmica (seguimento), e
heterogeneidade de possibilidades (multidimensional), pelos diversos níveis de
resposta (ANGUERA; BLANCO-VILLASEÑOR; HERNÁNDEZ-MENDO; LOSADA,
2011). A amostra compreendeu 5,706 eventos extraídos de 200 sequências ofensivas
com desfecho em finalização (gols, finalizações enquadradas e não enquadradas com o
gol) referentes a 17 jogos de um campeonato estadual sub-17 (média de 11,76
finalizações por jogo), durante a temporada regular de 2019 (três jogos foram excluídos
por inferioridade numérica de uma das equipes). As sequências ofensivas foram
divididas de acordo com a variável contextual resultado momentâneo.
A equipe observada foi semifinalista na temporada 2018 e chegou à terceira e
última fase do campeonato estadual na temporada 2019; trata-se de uma amostra
selecionada por conveniência. Foram adotados como critérios de inclusão: (1) termo de
consentimento livre e esclarecido assinado pelo representante do clube; (2) sequências
ofensivas com pelo menos três toques consecutivos na bola; e como critério de
exclusão: (1) partidas que pelo menos uma das equipes estivesse jogando com 10
jogadores ou menos por um tempo superior a 10% do total. Períodos de não
observação devido a razões técnicas e/ou tecnológicas não excederam 10% do tempo
total de observação (por exemplo, sequências ofensivas que o jogador saia do campo
de gravação da câmera). O estudo faz parte do projeto de pesquisa intitulado
“Comportamento tático no futebol: avaliação das ações táticas ofensivas e suas
implicações no processo de formação esportiva de jovens futebolistas”, aprovado pelo
comitê de ética da Universidade Estadual de Maringá (Proc. 1.627.516).
77

2.2. Procedimentos

Os jogos foram registrados com uma câmera digital Kodak Pixpro Az501 16
megapixels, localizada em um plano superior em relação ao plano do jogo para facilitar
a visualização topográfica do terreno de jogo. Após as filmagens, os jogos foram
transferidos para um notebook HP (Intel Core i5), convertidos para o formato .avi,
recortados com o software Freemake Video Converter® e, analisados utilizando o
protocolo de observação proposto por Barreira et al. (2012) e o software de registro
SoccerEye versão 3.1.0.5. (BARREIRA, 2013) (Tabela 3). Após o registro das
observações, um relatório em forma de planilha, sem separação por colunas, foi gerado
em Microsoft Excel®.

2.3. Instrumentos

Para observação dos comportamentos realizados recorreu-se à metodologia


observacional. De acordo com Praça et al. (2017), trata-se de um procedimento
científico que permite explicitar a ocorrência de comportamentos perceptíveis e
prosseguir ao registro organizado por meio de instrumentos específicos e parâmetros
adequados. Considerando isso, o instrumento de observação e software SoccerEye
(BARREIRA et al., 2012) foi utilizado. Trata-se de um protocolo específico para o
futebol, onde os comportamentos são registrados durante a fase ofensiva da equipe,
que é composta pelos momentos de transição-estado e transição-interfase, que são
estados transitórios que caracterizam-se e diferenciam-se de acordo com o modo de
recuperação da bola, podendo se dar de maneira direta/dinâmica (transição-estado) ou
indireta/estática (transição-interfase), além do desenvolvimento da posse de bola,
momento posterior a transição (BARREIRA; GARGANTA, 2007).
O protocolo é constituído por um total de sete (7) critérios de análise. Além disso,
o presente estudo optou por considerar 3 subitens de finalizações com eficácia e
pertencentes ao critério 4 “Final da fase ofensiva” (tabela 3), como conduta-critério,
enquanto todos os demais critérios e variáveis foram considerados condutas-objeto
(critérios 1, 2, 3, 5, 6 e 7) e avaliados em função da conduta-critério mencionada.
78

Tabela 3. Critérios e categorias do protocolo de observação SoccerEye


Critérios Sub-critérios Categorias
1.1 Direta/Dinâmica IEi: Interceptação; IEd: Desarme; IEgr: Ação do goleiro em fase
1. Início da Fase defensiva; IEp: Ação defensiva seguida de passe;
Ofensiva 1.2 Indireta/Estática
IIcg: Começo ou recomeço do jogo; IIi: Infração do adversário às leis
do jogo; IIc: Escanteio cedido pelo adversário; IIpb: Tiro de meta
cedido pelo adversário; IIbs: Bola ao solo; IILL: Lançamento de linha
lateral cedido pelo adversário.
DTpcp: Passe curto positivo; DTpcn: Passe curto negativo; DTplp:
2. Passe longo positivo; DTpln: Passe longo negativo; DTczp:
Desenvolvimento Cruzamento positivo; DTczn: Cruzamento negativo; DTcd: Condução
da Transição- de bola; DTd: Drible; DTrc: Recepção ou controle de bola; DTdu:
Estado Duelo; DTr: Finalização; DTse: Intervenção do adversário sem êxito;
defesa/ataque DTgro: Ação do goleiro da equipe em fase ofensiva; DTgra: Ação do
goleiro da equipe em fase defensiva.
DPpcp: Passe curto positivo; DPpcn: Passe curto negativo; DPplp:
Passe longo positivo; DPpln: Passe longo negativo; DPczp:
3. Cruzamento positivo; DPczn: Cruzamento negativo;DPcd: Condução
Desenvolvimento de bola; DPd: Drible (1x1); DPrc: Recepção ou controle de bola;
da Posse de Bola DPdu: Duelo; DPr: Finalização; DPse: Intervenção do adversário sem
êxito; DPgro: Ação do goleiro da equipe em fase ofensiva; DPgra:
Ação do goleiro da equipe em fase defensiva; DPi: Infração do
adversário às leis de jogo; DPc: Escanteio; DPpb: Tiro de meta; DPbs:
Bola ao solo; DPLL: Lançamento de linha lateral.
4. Final da Fase 4.1 Com eficácia Frf: finalização não enquadrada com o gol adversário; Frd: Finalização
Ofensiva enquadrada com o gol adversário; Fgl: Gol;

5.1 Zonas
5. Espacialização
do terreno de jogo 5.2 Setores

5.3 Corredores

Sentido do ataque →
6.1 Com pressão Pr: Inferioridade relativa; Pa: Inferioridade absoluta; Pi: Igualdade
pressionada;
6. Centro de Jogo
(CJ) 6.2 Sem pressão SPi: Igualdade não pressionada; SPr: Superioridade relativa; SPa:
Superioridade absoluta.
VAD: Goleiro da equipe em fase ofensiva x linha adiantada da equipe
7. Configuração adversária; ATAD: Linha atrasada x linha adiantada; ATM: Linha
Espacial de atrasada x linha média; ATE: Linha atrasada x zona exterior; MAD:
Interação (CEI) Linha média x linha adiantada; MM: Linha média x linha média; MAT:
Linha média x linha atrasada; ADM: Linha adiantada x linha média;
ADAT: Linha adiantada x linha atrasada; EAT: Zona exterior da linha
adiantada x linha atrasada; ADV: Linha adiantada x goleiro da equipe
adversária.
Fonte: adaptado de Barreira (2013).
79

2.4. Qualidade dos dados

A consistência da observação dos peritos foi aferida por meio da fiabilidade intra-
observador e inter-observadores, recorrendo ao índice Kappa de Cohen. Para isso,
uma partida completa foi analisada pelo pesquisador principal e por um pesquisador
independente após 21 dias do fim da primeira avaliação, pretendendo minimizar a
interferência da primeira observação. O índice Kappa de Cohen foi empregado para os
sete critérios de análise. Em relação à fiabilidade intra-observador, obtiveram-se valores
entre 0,83≤k≤ 0,98, com o menor valor (k=0,83) para o critério 4 e o maior para o
critério 3 (k=0,98). Enquanto à fiabilidade inter-observadores apresentou valores entre
0.82≤k≤ 0.92, com o menor valor (k=0.82) para o critério 7, e o maior para o critério 1
(k=0.92). Por serem valores de k iguais ou superiores à ≥0.81, indicam confiabilidade
(MAROCO, 2014).

2.5. Análise estatística

Após a extração dos dados, a análise sequencial de retardos (ASR) foi aplicada
por meio do software de análise estatística SDIS-GSEQ (versão 5.1) (BAKEMAN;
QUERA, 2011), com o intuito de evidenciar, por meio da estatística inferencial,
associações e dependências sequenciais entre comportamentos (conduta-critério e
condutas-objeto) (ANGUERA et al., 2000), investigando a existência de estabilidade na
sucessão de eventos com probabilidades superiores ao acaso (CASTELLANO;
HERNANDEZ-MENDO, 2000). A ASR recorre ao cálculo do qui-quadrado para rejeitar a
hipótese nula, com significância de p≤0,05 (CASTELÃO et al., 2015) e a estatística z
hipergeométrica é utilizada para expressar as associações, sendo significativos os
valores de z superiores a 1,96 (p≤0,05).
Similarmente ao encontrado em outros estudos (CASTELÃO et al., 2015; PRAÇA
et al., 2017), analisou-se de maneira retrospectiva os cinco comportamentos anteriores
ao final das sequências ofensivas (critério 4, tabela 3) para determinar as associações
entre comportamentos. Valores de z positivos demonstram relação de ativação dos
comportamentos (CASTELÃO et al., 2015) e quanto maior positivamente, mais fortes as
80

associações entre os eventos (MACHADO; BARREIRA; GARGANTA, 2014). O retardo


máximo (max lag) não foi determinado e os valores de z negativos (de inibição) não
foram considerados neste estudo.

3. RESULTADOS

As figuras 1, 2 e 3 representam os padrões ofensivos identificados nas


sequências ofensivas executadas em momentos de vitória, empate e derrota,
respectivamente. Três desfechos considerados eficazes (gol, finalização enquadrada
com o gol e finalização não enquadrada com o gol) foram utilizados como conduta
critério de análise; as demais variáveis não componentes da variável “final da
sequência ofensiva” foram utilizadas como condutas objeto.
81

Figura 9. Sequências ofensivas em situação de vitória.


Nota: IILL: Lançamento de linha lateral cedido pelo adversário; IEi: Interceptação; IIi: Infração do
adversário às leis do jogo; DTd: Drible; DTd: Drible; DTrc: Recepção ou controle de bola; DTczn:
Cruzamento negativo; DPcd: Condução de bola; DPd: Drible (1x1); DPplp: Passe longo positivo; DPLL:
Lançamento de linha lateral; DPi: Infração do adversário às leis do jogo; DPpcn: Passe curto negativo;
DPr: Finalização; DPc: Escanteio; Fgl: Gol; Frd: Finalização enquadrada com o gol adversário; Frf:
Finalização não enquadrada com o gol adversário; Pr: Inferioridade relativa; Pa: Inferioridade absoluta;
SPa: Superioridade absoluta; EAT: Zona exterior da linha adiantada x linha atrasada; ADV: Linha
adiantada x goleiro da equipe adversária; MAT: Linha média x linha atrasada; ADAT: Linha adiantada x
linha atrasada; MAD: Linha média x linha adiantada.

A figura 9 aponta uma elevada probabilidade de o gol ocorrer neste contexto em


uma zona ofensiva central (z=5,12), com superioridade absoluta na proximidade da bola
(z=2,04) e com o atacante frente a frente com o goleiro adversário (z=6,75). Outros
comportamentos anteriores ao desfecho também se associaram, como ações de
finalizações interceptadas (z=6,38), ações individuais de confronto 1x1 no momento de
transição-estado (z=3,65; z=2,65) e de desenvolvimento da posse (z= 2,11; z=3,79),
além de conduções de bola (z= 3,25). Ações na zona mais próxima ao gol adversário
(z=2,90; z=7,46) e com contextos de confronto entre a linha adiantada ofensiva e a
82

linha defensiva do adversário (z=3,49; z=3,92) e frente a frente com o goleiro adversário
(z=4,57), também se associaram positivamente com o gol.
Já nos padrões de sequências com desfecho em finalização enquadrada com o
gol adversário (Frd), não foi identificada associação forte dos comportamentos prévios
com o referido desfecho. Porém, é possível destacar que, assim como nas sequências
de gol, houve associação de ações no corredor central, especialmente na zona ofensiva
(z=3,98; 3,40) e média ofensiva (z=3,95; z=2,36), com superioridade no centro de jogo
(z=3,17) e com a bola nos jogadores mais avançados versus defensores (z=3,20;
z=2,94), ou nas costas da linha defensiva adversária (z=3,58). Os padrões de
sequências findadas em finalização não enquadrada com o gol adversário (Frf),
apresentaram interações semelhantes às dos demais desfechos, com ações realizadas
no corredor centro-direita do campo de ataque (z=3,71; z=3,88; z=2,63; z=3,20), porém
com o diferencial da interação das ações de bola parada com o desfecho (z=3,31;
z=2,16).
83

Figura 10. Sequências ofensivas em situação de empate.


Nota: IEp: Ação defensiva seguida de passe; IEi: Interceptação; IIi: Infração do adversário às leis do jogo;
DTcd: Condução de bola; DTgro: Ação do goleiro da equipe em fase ofensiva; DTd: Drible; DPcd:
Condução de bola; DPd: Drible (1x1); DPdu: Duelo; DPczp: Cruzamento positivo; DPi: Infração do
adversário às leis do jogo; DPgra: Ação do goleiro da equipe em fase defensiva; DPpcp: Passe curto
postivo; DPpcn: Passe curto negativo; DPr: Finalização; DPc: Escanteio; Fgl: Gol; Frd: Finalização
enquadrada com o gol adversário; Frf: Finalização não enquadrada com o gol adversário; Pr:
Inferioridade relativa; Pa: Inferioridade absoluta; SPi: Igualdade não pressionada; SPa: Superioridade
absoluta; EAT: Zona exterior da linha adiantada x linha atrasada; ADV: Linha adiantada x goleiro da
equipe adversária; MAT: Linha média x linha atrasada; ADAT: Linha adiantada x linha atrasada; MM:
Linha média x linha média.

É possível apontar por meio da figura 10 que o padrão da dinâmica ofensiva,


correspondente ao final do ataque em gol (Fgl), em situações de empate, apresentaram
elevada probabilidade de ocorrerem na zona ofensiva central (z=4,97), com interação
favorável em relação ao centro de jogo em igualdade (z=2,31) e principalmente na zona
vazia entre a linha defensiva e o goleiro adversário (z=5,41). Já os comportamentos
prévios ao desfecho, são caracterizados por uma mescla de ações individuais, como
84

dribles e conduções, com ações coletivas, que necessitam de cooperação com os


companheiros, como passes curtos e longos. A zona 11 do campo se associou com o
desfecho de sucesso máximo em quase todos os eventos anteriores (z=4,97; z=7,15;
z= 2,61; z=2,53; z=2,42), inclusive com ações de bola parada (z=4,00). A interação
espacial apontou para relações favoráveis frente a frente com o goleiro (z=5,41; z=4,98;
z=3,69) e no espaço entre a linha defensiva e média do adversário (z=5,10).
Quando o desfecho foi em finalização enquadrada com o gol adversário (Frd), a
associação entre ações no setor ofensivo central (z=6,63), na zona vazia (z=2,71) e
adiantada (z=6,63) em situação numérica amplamente favorável (z=6,19), foi verificada.
Comportamentos prévios individuais como confrontos de 1x1 (z=3,11; z=3,05) e
aceleração com bola (z=2,73; z=3,01), além de recuperação da posse de bola de forma
direta, principalmente no campo ofensivo, como interceptação (z=2,57; z=2,73), ação
defensiva seguida de passe (z=2,11) e de recuperação indireta como infrações
cometidas pelo adversário (z=2,47), também se relacionaram com a finalização
direcionada ao gol.
O desfecho em finalização para fora (Frf), também se associou com as zonas
centrais ofensivas do campo de jogo, 8 e 11 (z=4,89; z=3,18), com centro de jogo
amplamente favorável (z=2,11) e com configuração espacial de linha média da equipe
de ataque contra linha defensiva da equipe adversária (z=5,94). Comportamentos de
remate com manutenção de posse (z=5,57; z=2,01), bolas paradas (z=2,41; z=2,89),
cruzamentos positivos (z=3,27), conduções (z=3,75), e ações do goleiro em transição
ofensiva (z=2,07) e intervenções do goleiro adversário (z=3,01), se associaram com o
desfecho.
85

Figura 11. Sequências ofensivas em situação de derrota.


Nota: IEi: Interceptação; IEd: Desarme; DTcd: Condução de bola; DTpcp: Passe curto positivo; DTrc:
Recepção ou controle de bola; DPcd: Condução de bola; DPd: Drible (1x1); DPczp: Cruzamento positivo;
DPi: Infração do adversário às leis do jogo; DPgra: Ação do goleiro da equipe em fase defensiva; DPpcn:
Passe curto negativo; DPr: Finalização; DPc: Escanteio; Fgl: Gol; Frd: Finalização enquadrada com o gol
adversário; Frf: Finalização não enquadrada com o gol adversário; Pi: Infração do adversário às leis do
jogo; SPa: Superioridade absoluta; EAT: Zona exterior da linha adiantada x linha atrasada; ADV: Linha
adiantada x goleiro da equipe adversária; MAT: Linha média x linha atrasada; ADAT: Linha adiantada x
linha atrasada; ADM: Linha adiantada x linha média.

Assim como nas situações de vitória e empate, a figura 11 indica que as


sequências com desfecho em gol se associaram com comportamentos de drible (2,83),
condução de bola (z=5,60; z=3,22) e situações de bola parada (z=3,64), principalmente
no corredor central do campo (z=3,13; z=4,68; z=2,90). É interessante destacar também
a relação de ações de interceptação no campo defensivo adversário (z=2,37) com o gol.
Já as sequências com desfecho em finalização enquadrada com o gol adversário (Frd),
86

apresentaram associações com a zona central e zona lateral direita do campo de jogo,
com comportamentos de roubadas de bola nas zonas avançadas do campo (z=2,37),
bolas paradas (z=4,09), além de cruzamentos positivos (z=2,70), realizados
principalmente do setor ofensivo direito (z=2,11).
O desfecho de finalização para fora (Frf) se associou significativamente com o
corredor central da configuração espacial, especialmente com a zona média ofensiva
(z=2,95) e ofensiva central (z=2,38). Também se relacionaram com o desfecho,
comportamentos de cruzamento positivo (z=3,03; z=2,70; z=2,40), escanteios (z=2,69),
remates com posterior manutenção de posse (z=5,46; z=2,44; z=2,19),
recepção/controle (z=2,55), condução (z=2,18) e confrontos 1x1 (z=2,72),
principalmente quando executados no corredor central ofensivo nas zonas 8 e 11
(z=2,76; z=2,53; z=2,47; z=2,11; z=1,99), mas também no setor ofensivo direito
(z=2,68; z=2,11). A interação espacial e numérica não apresentou relações com os
eventos mais próximos ao desfecho.

4. DISCUSSÃO

O presente estudo objetivou caracterizar padrões com e sem eficácia ofensiva e


verificar a variabilidade de padrões comportamentais em função da variável contextual
resultado momentâneo do jogo, em sequências ofensivas de uma equipe brasileira
juvenil de futebol. A hipótese era de que as variações no resultado momentâneo da
partida gerariam oscilações nos padrões de comportamentos dos jovens jogadores e
alguns resultados vão ao encontro desta prerrogativa nas sequências com desfecho em
finalização avaliadas.
O estudo de Praça et al. (2019) apontou que equipes em situação de vitória
tendem a optar por um estilo de jogo mais direto, enquanto em situação de derrota
optam por uma construção indireta, porém, de maneira geral, os padrões encontrados
no presente estudo indicam um equilíbrio entre ações em desenvolvimento de posse
(jogo indireto), e ações em transição-estado (jogo direto). Portanto, em nossos
resultados, estar vencendo, empatando ou perdendo a partida tendeu a não influenciar
diretamente a equipe a optar pelo estilo de construção direta ou indireta. Borges et al.
87

(2019), identificaram em equipes de categoria de base que o método de construção não


é tão influente, uma vez que todos, quando bem executados, podem ser eficazes.
Possivelmente, outras variáveis contextuais, como o mando de campo e a qualidade
dos jogadores, possam influenciar mais diretamente o estilo de jogo (CASTELLANO et
al., 2013; GÓMEZ et al., 2018).
Em relação à eficácia das sequências ofensivas, os resultados observados na
literatura não são consensuais. Alguns indicam que a eficácia ofensiva está usualmente
relacionada com adotar um jogo que preze pela construção horizontal, com sequências
mais longas e ataques mais elaborados (GARGANTA, 1997; LAGO-PEÑAS et al., 2011;
MACHADO et al., 2013; KEMPE et al., 2014), enquanto outros apontaram que os
ataques rápidos foram mais eficazes que os ataques elaborados (TENGA et al., 2010).
Deste modo, podemos entender que o principal indicativo de uma equipe bem-sucedida
é manter o foco e estar identificada com o estilo de jogo, independente de qual seja,
atingindo eficácia na execução (COLLET, 2013; BORGES et al., 2019). Utilizar
diferentes dinâmicas de construção ofensiva pode ser interessante para dificultar a
leitura de jogo da equipe adversária.
Em relação aos padrões comportamentais ofensivos, os resultados do presente
estudo apontaram padrões de ações individuais de drible e condução de bola, tanto em
momentos de transição-estado quanto de desenvolvimento da posse de bola. Apesar
de Taylor et al. (2008) salientarem que equipes em situação de vitória tendem a se
tornar menos ofensivas ao conduzirem menos a bola e executarem menos dribles, os
resultados do presente estudo apontaram que as condutas de drible (1x1) em
configurações espaciais favoráveis e em situações de vitória e gol, bem como de
conduções de bola em eventos afastados do fim da sequência ou do evento anterior a
finalização, foram padrões, corroborando com os achados de Moreira et al. (2018), com
uma equipe adulta campeã estadual e de Machado et al. (2013), com a seleção
uruguaia na Copa do Mundo FIFA 2010.
Sobre isso, é possível que questões psicológicas podem ser variáveis
associativas neste contexto, uma vez que ao estar vencendo uma partida, os jovens
podem conquistar um estado de autoconfiança que favorece a realização de ações
técnicas de drible e condução, pois o estado de autoconfiança é a crença que o
88

indivíduo têm na sua capacidade de ser bem-sucedido, em um determinado momento


positivo (VEALEY, 1986). Outro ponto a ser considerado é a conduta da equipe
perdedora que, em busca de igualar o placar, pode se desorganizar defensivamente e
propiciar o surgimento de espaços livres entre suas linhas defensivas, favorecendo
situações de 1x1 no último terço do campo e consequentemente sofrer o gol. A
condução de bola é um comportamento arriscado para perder a bola, porém, que
favorece a criar situações de finalização em zonas avançadas do campo . A presença
de padrões de comportamento em condução de bola em transição-estado e em
desenvolvimento de posse, indicam que o comportamento foi utilizado para acelerar o
jogo e penetrar nas zonas mais avançadas do campo, antecedendo comportamentos
mais próximos a finalização; indicativo este que pode ser considerado positivo, pois
conduções de bola podem provocar desequilíbrios na estrutura defensiva adversária
(SILVA et al., 2005).
Enquanto isso, quando no ataque em situações adversas (derrota e empate),
mudanças de comportamentos ofensivos foram observadas, onde: a) cruzamentos,
foram mais utilizados para tentar penetrar na grande área adversária, porém, findando
principalmente em finalizações não enquadradas com o gol adversário, reforçando os
achados de Lago-Peñas et al. (2010), Machado et al. (2013) e Konefał et al., 2018; e b)
ações faltosas cometidas pelos adversários em zonas avançadas do campo e
escanteios concedidos pelo oponente (bolas paradas) também foram padrões
antecedentes as finalizações, assim como no estudo de Moreira et al. (2018).
Em relação a espacialização dos padrões no terreno de jogo, foi possível
observar que conseguia-se transportar a bola até o campo ofensivo e executar
sequências de comportamentos no campo de ataque. Porém, também se observou que
a equipe conseguia iniciar suas ações no campo ofensivo, principalmente por meio de
interceptações, desarmes, ações defensivas seguidas de passe, lançamentos laterais e
infrações cometidas pelo adversário. Iniciar as ações ofensivas no campo de ataque
pode ser considerado um padrão importante, pois aumentam as probabilidades de
ocorrências de finalizações e gols (TENGA et al., 2010; LEONTIJEVIĆ; JANKOVIĆ;
TOMIĆ, 2017). O estudo de Espada et al. (2018) também identificou esta tendência no
Campeonato Nacional feminino de Portugal, onde 27,59% dos gols tiveram a zona
89

média-ofensiva como local de recuperação da bola. Hughes (1990 apud VOGELBEIN et


al., 2014), argumenta em seu estudo que cerca de 34 recuperações de bola no último
terço do campo são necessárias para marcar um gol, enquanto uma equipe precisa de
cerca de 235 recuperações de bola no próprio terço defensivo para marcar um gol.
Em relação aos comportamentos de finalização, estudos anteriores corroboram
com os achados do presente estudo ao apontarem a zona ofensiva central (11) como
preponderante para a ocorrência de finalizações e gols (CASTELÃO et al., 2015;
ESPADA et al., 2018). Além disso, apesar de antecedida por ações em situação
desfavorável no centro de jogo (inferioridade relativa e absoluta), a finalização em si,
associou-se a situações favoráveis no centro de jogo (superioridade relativa, absoluta e
igualdade não pressionada) bem como na configuração espacial (interação atacante
versus goleiro adversário ou linha atacante adiantada versus linha atrasada adversária),
o que vai ao encontro dos achados de Machado, Barreira, Garganta (2014).
Aparentemente, quanto maior o distanciamento das ações do interior da grande área,
diminui-se a probabilidade de marcar um gol e aumenta-se a possibilidade de ocorrer
uma finalização não enquadrada com o gol adversário.
Apesar das importantes informações acerca da dinâmica de jogo e da influência
do resultado momentâneo nos comportamentos de jogadores juvenis, o presente
estudo limitou-se a analisar uma equipe, ao longo de uma temporada competitiva.
Sugere-se que novos estudos contemplem um número maior de equipes e categorias,
bem como verifiquem a influência de outras variáveis contextuais, como fase da
competição, qualidade do adversário, tempo de jogo, mando de campo (etc...), inclusive
associando diferentes técnicas de análise que identificam padrões, como a social
network analysis, em jogos oficiais e treinamentos.
90

5. CONCLUSÃO

Destacamos que para esta amostra: I) o resultado momentâneo influenciou os


comportamentos; II) diferentes dinâmicas ofensivas em situações de vitória, empate e
derrota, apresentaram eficácia; III) padrões comportamentais de drible, principalmente
com configuração espacial de interação entre a linha adiantada ofensiva versus linha
defensiva ou zona vazia adversária, se associaram especialmente com as situações de
vitória e gol; IV) conduções de bola foram comportamentos padrões antecedentes a
finalizações; V) sequências ofensivas iniciadas no campo ofensivo foram padrões que
se associaram com finalizações; VI) em situação de derrota, cruzamentos foram
identificados como padrões e principalmente associados a finalizações não
enquadradas com o gol adversário; VII) manter a bola próxima ao último terço do
campo, aumentou a chance de gol, assim como, manter a bola em zonas afastadas da
grande área aumentou a chance de finalizações para fora; VIII) situações de
superioridade numérica ou igualdade não pressionada, em momentos de enfrentamento
dos jogadores mais avançados com a linha defensiva adversária ou com o goleiro
adversário, se associaram com finalizações, especialmente em gols.
Como aplicações práticas, sugere-se que os profissionais que atuam na ponta
do processo de formação façam com que os jovens jogadores vivenciem, se adaptem e
saibam tomar melhores decisões nas mais diversas situações possíveis, desde as
favoráveis como estar à frente na pontuação ou estar em superioridade numérica, até
as desfavoráveis como estar sendo derrotado ou em inferioridade numérica na
proximidade da bola, sem perder os princípios definidos para a equipe. Utilizando para
isso, por exemplo, métodos diferentes de construção ofensiva, visando familiarizar e
aumentar o leque de experiências táticas/estratégicas. Incentivando para isso, ações
coletivas e individuais que visam pressionar e recuperar a bola, manter a posse,
progredir e penetrar na área adversária para finalizar.

Agradecimentos
Agradecemos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES/Brasil) pela Bolsa de Mestrado concedida à M.O.J.
91

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94

CAPÍTULO 4

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objetivos: (I) caracterizar e comparar padrões de


comportamentos ofensivos e (II) caracterizar e comparar a influência das variáveis
contextuais resultado momentâneo do jogo e qualidade do adversário na dinâmica
ofensiva de uma equipe juvenil estadual. As principais hipóteses do estudo eram de que
os padrões de comportamento executados por um grupo de jovens futebolistas se
diferenciariam em relação a eficácia e em função de variáveis do contexto.
Sobre os padrões de comportamento e a eficácia, em síntese, constatamos que
comportamentos como recuperar a bola no campo de ataque, superar a inferioridade
numérica no centro de jogo, utilizar diferentes dinâmicas de construção, utilizar dribles e
conduções de bola para manter a posse e avançar no terreno de jogo, criar situações
favoráveis de superioridade numérica ou igualdade não pressionada, contribuíram para
desfechos positivos. Enquanto que, sobre a influência das variável do contexto,
resultado momentâneo do jogo e qualidade do adversário, constatamos que: a
qualidade do adversário influenciou os comportamentos e aqueles caracteristicamente
coletivos foram mais notados contra equipes de nível elevado, enquanto os individuais
foram mais notados contra equipes de nível intermediário e inferior; o resultado
momentâneo de derrota fez com que comportamentos de cruzamento para a área se
tornassem padrões; o drible, principalmente com configuração espacial de interação
entre a linha adiantada ofensiva versus linha defensiva ou zona vazia adversária, se
associaram especialmente com as situações de vitória e gol.
Assume-se como limitação principal do estudo ter analisado apenas uma equipe
da categoria juvenil e ao longo de uma temporada competitiva. Sugere-se que novos
estudos contemplem um maior número de equipes, categorias de formação e níveis
competitivos, bem como verifiquem a influência de outras variáveis contextuais, como
fase da competição, tempo de jogo e mando de campo, inclusive associando diferentes
técnicas de análise que sejam capazes de identificar padrões em jogos oficiais, como a
social network analysis.
95

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ANEXOS
104

ANEXO A: Parecer do comitê de ética.


105
106
107

ANEXO B: Termo de consentimento livre e


esclarecido.
108
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