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SEMANA 3

UNIDADES TEMÁTICAS:
Crenças religiosas e filosofias de vida.

OBJETOS DE CONHECIMENTO:
Ensinamentos da tradição escrita.

HABILIDADES:
(EF06ER18MG) Diferenciar os textos de diferentes tradições religiosas, reconhecendo a cultura
como marco referencial de sua elaboração.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Tradições religiosas marcas culturais. Diferentes tradições religiosas expressas em diferentes tex-
tos.

INTERDISCIPLINARIDADE:
Língua Portuguesa.

TEMA: Tradições Religiosas, a diversidade de narrativas sagradas


Querido(a) estudante!
As Tradições Religiosas, na sua diversidade, refletem diferentes expressões culturais. As narrativas e
textos sagrados registram os modos de ser e de viver de grupos religiosos. Hoje você terá oportunidade
de aprender a diferenciar as narrativas e textos de diferentes tradições religiosas sobre a criação.
BREVE APRESENTAÇÃO:
Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Essas são perguntas que os seres humanos fazem há
muito tempo, procurando respostas na religião, na ciência e na própria história. Isso desperta em nós o
interesse para investigarmos as origens e assim avançarmos na busca de sentidos à vida.
Há pressupostos para a análise das origens. A religião evoca a experiência mítica em relação ao Criador
envolvendo crenças e fé. E através da cultura percebemos que há narrativas que também expressam
suas concepções, como dos povos originários e dos povos africanos.
A prevalência de narrativas míticas se faz presente nos povos originários e nos povos africanos, con-
tendo “verdades” e reflexões próprias sobre a origem do mundo, a criação dos seres e dos elementos,
podendo conter aproximações entre povos ou distanciamentos.

PARA SABER MAIS:


É necessário ler narrativas ancestrais para tentar compreender como os povos originários e os
povos africanos pensaram, contaram e recontaram suas origens.

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Mito africano Nanã fornece a lama para modela- Mito nheegatu sobre as origens do mundo e dos hu-
gem do homem manos
Dizem que quando Olorum encarregou Oxalá No princípio, contam, havia só água, céu.

De fazer o mundo e modelar o ser humano, Tudo era vazio, tudo noite grande.

o orixá tentou vários caminhos. Um dia, contam, Tupana desceu de cima no meio do
vento grande, quando já queria encostar na água saiu
Tentou fazer o homem ar, como ele. do fundo uma terra pequena, pisou nela.
Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu. Nesse momento Sol apareceu no tronco do céu, Tu-
Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. pana olhou para ele.

De pedra ainda a tentativa foi pior. Quando o Sol chegou no meio do céu, seu calor ra-
chou a pele de Tupana, a pele de Tupana começou
Fez de fogo e o homem se consumiu. logo a escorregar pelas pernas dele abaixo.
Tentou azeite, água e até vinho de palma, e nada. Quando o Sol ia desaparecer para o outro lado do céu,
a pele de Tupana caiu do corpo dele, estendeu-se por
Foi então que Nanã Burucu veio em seu socorro.
cima da água para ficar terra grande.
Apontou para o fundo do lago com seu ibiri, seu
No outro Sol [no dia seguinte] já havia terra, ainda
cetro e arma,
não havia gente.
e de lá retirou uma porção de lama. Quando o Sol chegou no meio do céu de Tupana pegou
Nanã deu a porção de lama a Oxalá, em uma mão cheia de terra, amassou-a bem, depois
fez uma figura de gente, soprou-lhe no nariz, deixou
o barro do fundo da lagoa onde morava ela,
no chão. Ela foi crescendo, ficou grande como Tupa-
a lama sob as águas, que é Nanã. na, ainda não sabia falar. Tupana, ao vê-lo já grande
soprou fumaça dentro da boca dele, então começou
Oxalá criou o homem, modelou no barro.
querendo falar. No outro dia Tupana soprou também
Com o sopro de Olorum ele caminhou. na boca dele, então, contam ele falou. E falou assim:
Com a ajuda dos orixás povoou a Terra. - Como tudo é bonito para mim! Aqui está água com
quem hei de esfriar minha sede. Ali está o fogo do
Mas tem um dia que o homem morre
céu com quem hei de aquecer meu corpo quando es-
e seu corpo tem que retornar à terra, tiver frio. Eu hei de brincar com água, hei de corre por
cima da terra; como o fogo do céu está no alto, hei de
voltar à natureza de Nanã Bucuru.
falarcom ele aqui embaixo.
Nanã deu a matéria no começo
Tupana, contam, estava junto dele, ele não viu Tupa-
mas quer de volta no final tudo o que é seu. na.
Observação – Ibiri – cetro ritual de Nanã em forma Observação – nheengatu é uma língua dos povos ori-
de jota. ginários da família de línguas tupi-guarani.
Fonte: PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Fonte: O UNIVERSO. Capítulo 1: A Origem do Universo na
Companhia das Letras, 2000, p. 93. Mitologia e na Religião. Disponível em: http://www.ghtc.usp.br/
Universo/cap01.html

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ATIVIDADES

1. As narrativas ancestrais, dos povos originários e dos povos africanos, contêm aproximações e
distanciamentos. Para identificar essas aproximações e distanciamentos será necessário identificar
o que há de semelhante e de diferente nas narrativas Mito nheengatu sobre as origens do mundo e dos
humanos e Mito africano Nanã fornece a lama para modelagem do homem. Preencha as informações no
quadro abaixo:

SEMELHANÇAS DIFERENÇAS
MITOS
Ambos os mitos o mundo e o homem No mito africano Nanã ajudou Oxalá a
foram feitos de barro. fazer o homem e o mundo, sendo que o
deus Olorum terceirizou esta função para
Oxalá que frustrou várias tentativas,
enquanto no mito nheengatu o próprio
deus Tupana fez do seu corpo terra, que
originou o mundo e o homem.

2. Represente, em desenho ou ilustração, o mito que você achou mais interessante. Capriche!

Resposta pessoal

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