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2019

OFTALMOLOGIA BÁSICA
[SUBTÍTULO DO DOCUMENTO]

VANESSA MASSUMI KANEKO


PROFESSORA DE CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS
MEDICINA VETERINÁRIA UNIFACVEST
MEDICINA VETERINÁRIA UNIFACVEST CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS

Sumário

1
ANATOMIA DO OLHO............................................................................................................................................. 2

OFTALMOLOGIA BÁSICA
DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS OFTÁLMICAS ........................................................................................... 2
O EXAME OFTÁLMICO PASSO A PASSO ....................................................................................................................... 2
PROCEDIMENTOS DIAGNÓSTICOS EM OFTALMOLOGIA .............................................................................................. 4
TESTE DE DEAMBULAÇÃO – PROVA DE OBSTÁCULOS .............................................................................................. 4
TESTE DA BOLINHA DE ALGODÃO ............................................................................................................................. 4
REFLEXO DE AMEAÇA VISUAL BLATERAL .................................................................................................................. 4
REFLEXO PUPILAR DIRETO E CONSENSUAL ............................................................................................................... 4
REFLEXO PALPEBRAL E CORNEAL .............................................................................................................................. 5
REFLEXO VESTIBULAR ............................................................................................................................................... 5
TESTE LACRIMAL DE SHIRMER .................................................................................................................................. 5
OBTENÇÃO DE AMOSTRAS PARA CITOLOGIA E CULTURA ........................................................................................ 5
TONOMETRIA ............................................................................................................................................................ 6
OFTALMOSCOPIA ...................................................................................................................................................... 6
CORANTES ................................................................................................................................................................. 7
TESTE DE JONES ........................................................................................................................................................ 7
ULTRASSONOGRAFIA OCULAR .................................................................................................................................. 7
BIOMICROSCOPIA ULTRASSÔNICA............................................................................................................................ 8
ELETRORRETINOGRAFIA............................................................................................................................................ 8
PRINCIPAIS OFTALMOPATIAS ......................................................................................................................... 9
DOENÇAS CLÍNICAS E CIRÚRGICAS DOS CÍLIOS............................................................................................................. 9
DOENÇAS DAS PÁLPEBRAS ............................................................................................................................................ 9
DOENÇAS DA TERCEIRA PÁLPEBRA E DUCTO NASOLACRIMAL .................................................................................. 12
DOENÇAS DA CONJUNTIVA ......................................................................................................................................... 14
DOENÇAS DE CÓRNEA................................................................................................................................................. 15
DOENÇAS DA CÂMARA ANTERIOR .............................................................................................................................. 21
DOENÇAS DA LENTE .................................................................................................................................................... 23
DOENÇAS DE RETINA .................................................................................................................................................. 24
OUTRAS AFECÇÕES ..................................................................................................................................................... 25
MEDICAMENTOS OFTÁLMICOS DE USO TÓPICO ................................................................................. 26
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ANATOMIA DO OLHO

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OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 1- Anatomia do olho.

DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS OFTÁLMICAS

O EXAME OFTÁLMICO PASSO A PASSO

O exame ocular básico é parte essencial de um tratamento assim como enfermidades concomitantes
exame físico cuidadoso e pode ser realizado e qualquer medicação adicional utilizada.
rapidamente e com eficiência, não deve ser realizado A anamnese deve estar fundamentada no
apenas quando o tutor desejar ou quando a anamnese exame clínico geral e oftalmológico, nos sinais clínicos
fornecer dados sugestivos de algum apresentados, assim como no histórico do paciente.
comprometimento do olho. O exame oftálmico é conduzido num ambiente
onde seja possível controlar a intensidade de luz, para
É importante salientar quo o olho NUNCA que a sala fique escura, permitindo o exame de
deve ser avaliado isoladamente, uma vez que parte estruturas intraoculares sem interferência de reflexos.
das enfermidades oftalmológicas são consequências Após anamnese e exame clínico básico, inicia-
de patologias sistêmicas ou localizadas que podem se o exame a distância do paciente, observando suas
estar em outras partes do corpo. atitudes, sua condição corporal e habilidade de
movimentar-se num ambiente.
A história clínica do paciente é de grande Após essa prévia avaliação, são feitos os testes
importância para estabelecer um diagnóstico, além de para avaliação da capacidade visual desse paciente que
ajudar a implementar um plano terapêutico adequado. consiste em: prova de obstáculos (paciente é exposto
Ao realizar a anamnese, é necessário obter no ambiente com obstáculos para observar sua
importantes informações, tais como, os sintomas, a capacidade de desvio), teste de ameaça (o examinador
existência de afecções primárias, se já está realizando ameaça os olhos do animal com a própria mão, sem
encostar, movimentar ar ou emitir ruído, de modo que
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apenas a aproximação do objeto – mão – seja notado exame no escuro é iniciado com lupa de magnificação
pelo paciente) e prova de bola de algodão (soltar bola e fonte focal de luz, e as estruturas oculares são

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de algodão diante dos olhos do animal e observar sua examinadas das mais anteriores em direção às

OFTALMOLOGIA BÁSICA
reação). Tanto o teste de ameaça como o da bola de posteriores.
algodão são feitos para ambos os olhos, por exemplo, Logo em seguida, mediante instilação de colírio
quando avaliar o olho direito o esquerdo deve ser anestésico (tetracaína 0,5%, oxibuprocaína 0,4% ou
fechado. propacaína 0,5%), é feita a aferição da PIO com
Após essa inspeção primária, inicia-se o exame tonometria.
oftálmico propriamente dito; a avaliação do olho e da Por fim, com animal em midríase, realiza-se
região periocular sob luz normal, a fim de buscar avaliação das estruturas posteriores, oftalmoscopia
anormalidades como assimetrias, secreções, direta e indireta a fim de buscar alterações no fundo de
estrabismo, nistagmo, ptose, hiperemia, alopecia. olho (retina, coroide e nervo óptico) e também na lente
Como fonte de luz focal verificamos os reflexos; que e no vítreo.
nos permitem investigar alterações nas vias ópticas. Em alguns casos, serão necessários a
Antes que qualquer solução seja instilada, é solicitação de exames complementares, como
feita a avaliação da produção lacrimal realizando o ultrassonografia, radiografia, eletrorretinografia,
teste lacrimal de Schirmer, colocando a fita própria biomicroscopia com lâmpada de fenda, cultura e
para esse exame no saco conjuntival e deixando por um antibiograma e citologia e/ou histopatologia.
minuto, depois retira-se a fita e faz a leitura do exame, Com o exame oftálmico completo é possível
observando quantos milímetros de fita foram determinar um diagnóstico ou uma hipótese
molhados pela lágrima durante esse tempo. diagnóstica, indicação terapêutica e prognóstico do
O próximo passo do exame oftálmico são as caso.
colorações, que buscam alterações na superfície da
córnea; é realizado o teste de fluoresceína e se Fonte: SILVA, A.C.E. Oftalmologia Veterinária,
necessário é seguido do teste de rosa bengala. O 1 ed. Londrina : Ed. e Dist. Educacional S.A., 2017

Questões fundamentais na anamnese


 Qual a queixa principal, o que o tutor notou de diferente nos olhos?
 A alteração acomete somente um ou ambos os olhos?
 Está acontecendo há quanto tempo e como foi a evolução?
 Apresenta algum tipo de secreção? (Lembrar que tutores costumam limpar as secreções antes das
consultas)
 Apresenta sensibilidade à luz (fotofobia)?
 Apresenta prurido?
 Já foi medicado previamente? A medicação ainda está em uso?
 Tutor percebeu baixa de visão (baixa acuidade visual – BAV)? BAV no claro (hemeralopia), no escuro
(nictalopia) ou em ambos?
 Houve mudança de ambiente ou hábitos recentemente?
 Além disso, pesquisar doenças sistêmicas:
o Antecedentes oculares ou sistêmicos; alterações de equilíbrio, deambulação e estado mental;
antecedentes familiares de doenças hereditárias, local de aquisição do animal; alimentação, urina,
fezes e ingestão de água; imunização e vermifugação; presença de ectoparasitas; contactante e
acesso à rua; viagens (serra, litoral, interior); contato com roedores, pombos, bovinos, equinos,
morcegos; acasalamento, fertilidade.
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PROCEDIMENTOS DIAGNÓSTICOS EM OFTALMOLOGIA

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TESTE DE DEAMBULAÇÃO – PROVA DE REFLEXO DE AMEAÇA VISUAL BLATERAL

OFTALMOLOGIA BÁSICA
OBSTÁCULOS
Avalia a acuidade visual (nervo óptico e córtex
Para avaliação do comprometimento visual, os cerebral).
objetos são distribuídos no ambiente. Faz se um movimento direto e súbito com a
Observa-se a reação do paciente perante o mão no campo visual do olho ipsilateral enquanto o
ambiente. Deve ser realizado com a sala de exame olho contralateral está coberto.
iluminada e completamente escura. A resposta esperada é o piscar do olho,
Se houver histórico de cegueira, o mesmo deve deve-se tomar cuidado para não deslocar corrente de
ser estimulado a andar pela sala de exame observando- ar que ativará o reflexo corneano.
se se há colisão com obstáculos que podem ser Reflexo de ameaça visual falso-negativo pode
colocados à sua frente. ser observado em animais dóceis. Nesse caso, deve-se
testar a via visual pelo teste da "bolinha de algodão".
O fato de o animal esbarrar nos objetos em um
ambiente novo é indicativo de comprometimento
da visão.

Figura 4- Reflexo da ameaça (cuidar para não deslocar corrente de


ar)

REFLEXO PUPILAR DIRETO E CONSENSUAL

Avalia a integridade da camada fotorreceptora


Figura 2 - Teste de deambulação – avalia acuidade visual da retina, integridade do nervo óptico, via
TESTE DA BOLINHA DE ALGODÃO parassimpática eferente e funcionalidade do músculo
constritor da íris.
Avalia acuidade visual (nervo óptico e córtex Usar lanterna e observar constrição pupilar no
cerebral). olho examinado e no olho contralateral.
Uma bolinha de algodão é solta de uma altura  Reflexo direto: resposta no olho examinado
acima da cabeça do animal e espera-se que o animal  Reflexo consensual: resposta no olho contralateral
acompanhe a queda da mesma. Deve-se ocluir a visão OBS: o reflexo pode estar presente em animais cegos
do olho contralateral. por lesão encefálica em casos de doenças retinianas e
do nervo óptico quando há preservação de poucos
fotorreceptores e axônios do nervo óptico.
Figura 3 - Teste da bolinha de algodão

Figura 5 - Com lanterna, observar constrição pupilar no olho


examinado (reflexo direto) e no olho contralateral (reflexo
consensual)
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REFLEXO PALPEBRAL E CORNEAL TESTE LACRIMAL DE SHIRMER

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Avaliam nervo oftálmico, nervo maxilar Avalia a produção de lágrima (em milímetros)

OFTALMOLOGIA BÁSICA
(pálpebra inferior), nervo facial e músculos da produzida pelo olho durante um minuto. Valores
pálpebra. baixos são indicativos de déficit na produção lacrimal,
Tocar delicadamente a córnea e a pálpebra. ou seja, ceratoconjuntivite seca
Reflexo normal: piscar o olho Colocar e a tira de papel no saco conjuntival
OBS: Redução ou ausência de reflexo pode não ser inferior com uma dobra de 0,5cm. Essa dobra, nos
indicativo de cegueira, mas sim, déficit no reflexo de papéis comerciais, já vem delimitada.
protação. Durante o exame a cabeça do paciente é
contida, mas não se deve manipular o olho.
Deve-se, em seguida, contar 1 minuto e realizar
a leitura em régua milimetrada.
Valores de referência: entre 15 e 25 mm/min (cães)
e 10 a 20 mm/min (gatos).

Figura 6 - Avaliação do reflexo palpebral deve ser feito


nos cantos medial e lateral

Figura 9 - Teste lacrimal de Shirmer

Figura 7 - Tocar delicadamente a córnea para


verificação do reflexo corneal
OBTENÇÃO DE AMOSTRAS PARA CITOLOGIA E
REFLEXO VESTIBULAR CULTURA

Avalia nervos oculomotor e abducente, Deve ser realizada antes da instilação de


sistema vestibular e músculos extra-oculares. colírios e corantes
Movimentar a cabeça do animal de um lado para o Indicações:
outro. Observar se os olhos deslocam-se, Citologia: indicada em presença de
acompanhando o movimento da cabeça. Observar se secreções, nódulos ou massas. Pode ser feita
há movimentos verticais dos olhos. mediante raspado, após anestesia tópica,
com espátula de aço inoxidável (Kimura) ou
aspiração com agulha fina.
Cultura: em infecções severas, crônicas ou
não responsivas ao tratamento. Para tanto
utiliza-se swabs umedecidos em solução salina
0,9%.

Figura 8 - Movimentação da cabeça para reflexo vestibular


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TONOMETRIA

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Mensuração da pressão intra-ocular (PIO).

OFTALMOLOGIA BÁSICA
Anestesia-se a córnea com uma a duas gotas de
anestésico tópico e posiciona-se o tonômetro na região
central da córnea, enquanto contem-se as pálpebras.
O posicionamento cuidadoso do tonômetro e
do animal (posicionamento vertical ou horizontal da
cabeça) são essenciais e a córnea deve estar íntegra.
Figura 10 - Tonometria de aplanação
A tonometria de aplanação (Tonopem®,
Tonovet® ), estima a pressão pelo achatamento da
córnea.
Valores de referência normais: entre 10 e 20 mmHg

OFTALMOSCOPIA

Trata-se da avaliação de estruturas oculares


através do oftalmoscópio com olho em midríase.
Cuidado para manter a mesma distância entre
o oftalmoscópio e o animal, durante todo o exame.
Figura 11- Oftalmoscopia

Passos para oftalmoscopia:


1. A sala deve ser completamente escura
2. Promover midríase
a. Instilar colírio midriático (p. ex: Tropicamida 5%) – instilar uma gota e repetir após 10 minutos
b. Dez minutos após a segunda gota, pode-se iniciar a oftalmoscopia
3. Observar a retina em dioptria zero no oftalmoscópio
a. Localizar disco óptico (observar seu contorno, bem como os vasos retinianos à medida que cruzam
o disco)
b. Examinar retina (normalmente translúcida); vasos retinianos; região tapetal e não-tapetal
4. Alterar dioptria tornando-a mais positiva, mantendo a mesma distância entre o oftalmoscópio e o animal
5. a. Possibilita a visualização das estruturas anteriores como corpo vítreo e lente (cápsula posterior e
cápsula anterior)

Fundo tapetal Disco ótico

Fundo tapetal

Disco ótico

Fundo não tapetal Fundo não tapetal


Figura 13 - Fundo de olho típico de cão
Figura 12- Esquema de visualização do fundo de Figura 14 - Fundo de olho típico de gato
olho
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CORANTES

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Os corantes são utilizados para detectar Rosa Bengala: Ele é mais sensível que o teste de

OFTALMOLOGIA BÁSICA
alterações na superfície da córnea. Utiliza-se dois tipos fluoresceína, pois CORA CÉLULAS EPITELIAIS
de corante: a Fluoresceína e o corante Rosa Bengala DESVITALIZADAS. Útil nas úlceras dendríticas por
A fluoresceína é o corante tópico mais herpesvirus em gatos. O corante causa grande
utilizado, pode ser empregado tanto em solução desconforto ocular.
(colírio a 1%) como em tiras de papel impregnadas.

Fluoresceína: É o corante de eleição para


DETECTAR ÚLCERAS CORNEAIS, cora unicamente o
estroma da córnea, dando a ele uma coloração
verde fluorescente nos casos em que exista dano
epitelial. Além disso, avalia a qualidade da película
lacrimal e é possível avaliar a patência do ducto
nasolacrimal através do Teste de Jones. Figura 15 - Úlcera de córnea corada com fluoresceína

Técnica para uso da Fluoresceína


Instile uma gota do corante ou coloque a tira de papel na córnea do olho a ser testado;
Aguarde quinze segundos;
Remova o excesso do corante com solução fisiológica;
Observa-se em sala com pouca luminosidade (escotópica) com a luz azul cobalto ou ultravioleta
(lâmpada de wood).
Onde o corante estiver presente é o local da lesão.
Com o mesmo corante procede-se o teste de Jones.

TESTE DE JONES ULTRASSONOGRAFIA OCULAR

Instila-se o colírio na córnea e, se o ducto A ultrassonografia é facilmente realizada e


estiver patente, observa-se o corante na narina fornece resultados imediatos, com excelente definição.
ipsilateral ou na língua dentro de três a cinco minutos. É indicada principalmente quando há
A ausência do corante na narina ou língua opacidade que impeça a avaliação do olho, mas
indica obstrução do ducto nasolacrimal ou dos pontos também é indicada em casos de traumas oculares, tais
de drenagem. como glaucoma, suspeita de neoplasias, corpos
estranhos, descolamento de retina, doença
retrobulbar e em pré-operatório de cirurgia de
catarata.

Figura 16- -Via lacrimal canina. A drenagem lacrimal ocorre


quando excesso de lágrima se acumula no fundo do saco
conjuntival inferior. Pela gravidade é bombeado mecanicamente Figura 17 - Ultrassonografia ocular
para o ponto lacrimal e para os canalículos lacrimais normal de cão
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BIOMICROSCOPIA ULTRASSÔNICA ELETRORRETINOGRAFIA

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A biomicroscopia ultrassônica é A eletrorretinografia é um estudo

OFTALMOLOGIA BÁSICA
aceitavelmente empregada para melhor avaliação do eletrofisiológico que permite conhecer com exatidão
segmento anterior do olho como nos casos de tumores as respostas da retina diante de estímulos luminosos.
de íris, corpo ciliar e cistos de íris. É de grande utilidade no diagnóstico de
enfermidades da retina, especialmente quando se quer
avaliar a resposta retiniana de um paciente que deve
ser submetido à cirurgia de catarata. Esse exame
também permite o diagnóstico precoce e confirmativo
de enfermidades hereditárias da retina, aportando
dados importantes para a identificação de diferentes
quadros de cegueira.
É importante salientar que o
eletrorretinograma é um teste de função retiniana e
Figura 18 - Biomicroscopia com lâmpada de não de função visual.
fenda

RESUMO: AVALIAÇÃO OFTALMOLÓGICA BÁSICA PASSO A PASSO

1- Anamnese e exame físico geral


2- Avaliação da acuidade visual
a. Teste de deambulação
b. Teste da bolinha de algodão
3- Avaliação dos reflexos
a. Reflexos pupilares direto e consensual
b. Reflexo palpebral e corneal
c. Reflexo vestibular
4- Coleta de material para citologia, cultura e antibiograma
5- Avaliação da produção lacrimal
a. Teste de Shirmer
6- Corantes para avaliar lesão de córnea e sistema de drenagem lacrimal
a. Fluoresceína e rosa bengala – pesquisa de úlcera
b. Teste de Jones
7- Avaliação da Pressão intraocular – colírio anestésico
a. Tonometria
8- Avaliação de fundo de olho e estruturas intraoculares
a. Oftalmoscopia
Biomicroscopia de fenda
9- Outros exames complementares
a. Ultrassonografia
b. Eletrorretinografia
c. Exames hematológicos
d. Exame histopatológico
e. Radiografia
f. Tomografia Computadorizada
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PRINCIPAIS OFTALMOPATIAS

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Figura 19- Representação das desordens de cílios
DOENÇAS CLÍNICAS E CIRÚRGICAS DOS CÍLIOS

OFTALMOLOGIA BÁSICA
As desordens de cílios, em geral, produzem sinais clínicos
decorrentes de irritação corneoconjuntival.
Podem ser mencionados três tipos principais de desordens ciliares:
triquíase, distiquíase e cílio ectópico
Causam grave dor ocular, pois agridem diretamente a conjuntiva e a
1- cílio normal
córnea; os sintomas encontrados são em geral lacrimejamento, 2- triquíase
blefaroespasmo, prurido ocular. 3- distiquíase
4- cílio ectópico

Definições das desordens de cílios e seus principais tratamentos


DESORDEM DEFINIÇÃO TRATAMENTO
Cílios ou pelos da pele adjacente que Técnicas cirúrgicas: ritidectomia, Hotz-Celsus
TRIQUÍASE
direcionam-se para a córnea ou Stades
Cílios que emergem da abertura das
DISTIQUÍASE Epilação manual (com pinça) ou eletroepilação
glândulas tarsais.
CÍLIO ECTÓPICO Cílios que emergem da conjuntiva palpebral Excisão cirúrgica do folículo

Figura 20- Triquíase Figura 21- Distiquíase Figura 22 - Cílio ectópico

DOENÇAS DAS PÁLPEBRAS

Os sinais clínicos podem envolver presença de secreção ocular, blefaroespasmo, epífora, fotofobia,
conjuntivite e ceratite com ou sem ulceração.

Coloboma Palpebral - Desenvolvimento incompleto da margem palpebral.


Tratamento: cirúrgico

Anquilobléfaro - União das margens palpebrais superior e inferior.


Normal em filhotes até 14 dias
Pode ocorrer secundariamente à infecções
Tratamento:
o abertura das pálpebras ao longo da linha de fusão utilizando pressão digital ou tesoura oftálmica
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OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 23 - Coloboma palpebral Figura 24- Anquilobléfaro fisiológico (recém- Figura 25- Anquilobléfaro secundário a
nascido) infecção
Entrópio - Pálpebras com introversão (viradas para dentro)
Tratamento: cirúrgico

Figura 26- Entrópio em desenho Figura 28 - Ceratite secundária a entrópio.


esquemático. Observe introversão da Figura 27 - Entrópio em cão da raça Sharpei
pálpebra inferior

1 2

3 4

Figura 29 - Representação esquemática da técnica do pregueamento


Figura 30 - Representação esquemática da técnica Hotz-Celsus para
cutâneo para filhotes, para tratamento temporário do entrópio.
tratamento do entrópio.

Ectrópio - Eversão das margens palpebrais, principalmente pálpebra inferior.


Tratamento:
o Na maioria dos casos, não necessita de tratamento cirúrgico, exceto naqueles que apresentam
ceratite/conjuntivite crônica.
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OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 32- Ectrópio

Figura 31 - Representação
esquemática do ectrópio.Observar Figura 33- Procedimento de Kuhnt-Hembolt modificado ou
eversão da pálpebra inferior V-plastia para ectrópio

Blefarite - Condição inflamatória da pálpebra.


Caracterizada por prurido, secreção ocular, desconforto, hiperemia e muitas vezes, edema.
Causas:
o Alérgica – diagnosticar através de histórico e eliminação de outras causas
o Bacteriana – diagnosticar através de citologia e/ou cultura
o Micótica (Microsporum, Tricophyton) – diagnosticar através de tricograma e cultura fúngica
o Parasitária (demodiciose, escabiose) – diagnosticar através de raspado de pele e/ou histopatológico
o Por protozoário (neospora, toxoplasma, leishmania) -PCR. Elisa, IH
o Autoimune e imunomediada (pênfigo vulgar, pênfigo foliáceo, pênfigo eritematoso, penfigóide bolhoso, lúpus
eritematoso discoide e sistêmico, farmacodermias e síndrome úveo-dermatológica): geralmente crônicas,
bilaterais, recorrentes e refratárias à terapia. São caracterizadas por despigmentação palpebral, alopecia,
lesões vesicobolhosas, ulceradas, pruriginosas e crostosas- histopatológico

Tratamento
o Blefarite alérgica: compressas frias, anti-histamínicos, glicocorticóides sistêmicos e/ou tópicos. Tratar a causa
(retirar alérgeno)
o Blefarite micótica: pomada à base de miconazol ou clotrimazol
o Blefarite bacteriana: limpeza, retirada de exsudatos purulentos , antibióticos tópicos e/ou sistêmicos
o Blefarite parasitária: peróxido de benzoíla em gel e tratamento sistêmico acaricida (moxidectina, ivermectina,
amitraz...
o Blefarite por protozoário: Tratar causa de base e infecção secundária
o Blefarite autoimune e imunomediada: imunossupressores sistêmicos e tópicos

Figura 34 - Blefarite bacteriana Figura 35 - Blefarite parasitária


(Demodex canis) confirmada através de Figura 36 - Blefarite autoimune por lupus
raspado de pele eritematoso discóide
Calázio - Inflamação das glândulas tarsais, com formação granulomatosa.
Tratamento cirúrgico
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OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 38 - Representação da remoção do calázio. Após a incisão, o
Figura 37 - Calázio tecido é removido com uma cureta

Hordéolo - Inflamação, infecção e abcesso das glândulas lacrimais.


Forma massa dolorosa à palpação
Tratamento:
o Compressa quente
o Drenagem
o Antibiótico tópico

Figura 39- Hordéolo. Observar a formação de abcesso

Laceração palpebral - Afecção traumática


Tratamento:
o Limpeza abundante
o Depilação da área afetada
o Correção cirúrgica, quando necessário

Figura 41 - Representação da disposição da sutura em lacerações


Figura 40 - Laceração em pálpebra inferior por briga palpebrais (sutura em "S")

DOENÇAS DA TERCEIRA PÁLPEBRA E DUCTO NASOLACRIMAL

Entre as alterações da terceira pálpebra, podemos citar os distúrbios de posicionamento, como a protrusão
da glândula da terceira pálpebra e a eversão da cartilagem, e as neoplasias da terceira pálpebra.

Eversão da cartilagem da 3ª pálpebra - Enrolamento da margem da membrana em decorrência da curvatura anormal


da cartilagem.
A eversão da cartilagem é uma anormalidade congênita na base da cartilagem, que faz a terceira pálpebra enrolar-
se em direção ao bulbo, e existe uma predisposição para raças gigantes.
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Problemas clínicos resultantes da eversão são lesão corneal por atrito crônico e diminuição da função da terceira
pálpebra.

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Tratamento: remoção do fragmento

OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 43 - Cirurgia para eversão da cartilagem

Figura 42- Eversão da cartilagem da 3a pálpebra. Observar ausência


de massa, que difere da protusão da glândula

Protrusão da glândula da 3ª pálpebra - Ocorre geralmente por


hiperplasia/hipertrofia da glândula.
A protrusão da glândula da terceira pálpebra ocorre mais
comumente em filhotes e em cães com menos de dois anos de idade.
A glândula sai da sua posição normal, emergindo do bordo livre
palpebral, torna-se inflamada e edemaciada,
Também denominada “Cherry eye”.
Tratamento:
o Clínico: antibiótico e antiinflamatório
o Cirúrgico: Sepultamento cirúrgico (não se recomenda a remoção Figura 44-Protusão de glândula da 3a pálpebra
bilateral
da glândula por provocar ceratoconjuntivite seca)

Neoplasias palpebrais
Entre as neoplasias da terceira pálpebra, as mais comuns são as de origem conjuntival (carcinoma espinocelular e
hemangioma).
Já os tumores da terceira pálpebra que não surgem da conjuntiva incluem adenocarcinomas/adenomas da
glândula da terceira pálpebra, fibrossarcomas e linfossarcomas.
Para qualquer neoplasia que envolva a terceira pálpebra é indicada sua remoção cirúrgica total.

Dacriocistite - Inflamação e obstrução do ducto nasolacrimal


Os principais sinais clínicos incluem: secreção mucopurulenta, conjuntivite leve, epífora, dermatite eritematosa
no canto medial (em alguns casos), apresentação de material mucopurulento proveniente do ponto lacrimal,
conjuntivite recorrente unilateral
Pode ocorrer por obstrução, principalmente em braquicefálicos, que possuem o ducto tortuoso.
Testes:
o Shirmer aumentado e teste de Jones negativo
Tratamento:
o Desobstrução com fio de nylon ou sonda, sob anestesia
o Prosseguir tratamento com corticóide e Atb tópicos por pelo menos 3 semanas
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OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 45 - Cão com drenagem normal no Figura 46 - Teste de Jones negativo, Figura 47 - Desobstrução do ducto nasolacrimal
TESTE DE JONES indicando dacriocistite (obstrução) bilateral com cateter e solução fisiológica

Epífora - Excesso de lacrimejamento


Comum em braquicefálico
Ocorre por deficiência de drenagem do filme lacrimal e extravazamento de lágrima pelo canto nasal.
Tratamento: retirada da causa (se houver dacriocistite)

DOENÇAS DA CONJUNTIVA

Conjuntivite - Inflamação inespecífica da conjuntiva.


Conjuntivites são inflamações da mucosa conjuntival, constituem a afecção mais frequente em oftalmologia
veterinária.
A grande maioria das conjuntivites são secundárias e bilaterais, quando se encontra conjuntivite unilateral, deve-
se pensar em causa traumática de origem palpebral (por exemplo, entrópio) ou externa (corpo estranho). A
etiologia pode ser local ou sistêmica (secundária a doenças sistêmicas); é caracterizada por alguns sintomas
clínicos como: hiperemia, quemose, secreção ocular, formação folicular e prurido
Causas e tratamento:
o Substâncias irritantes: tratar com limpeza exaustiva com solução fisiológica, corticóides (se não houver úlcera)
e antibiótico tópicos
o Reações de hipersensibilidade: As conjuntivites alérgicas, em boa parte, estão associadas a blefarites alérgicas
que já foram abordadas no conteúdo anterior, porém vale ressaltar que costumam ser quadros hiperagudos,
com intensa quemose e, frequentemente, são acompanhadas de outros sinais gerais como sinusite, rinite e
dermatite. Retirar o alérgeno, utilização de corticóides local e/ou sistêmico, anti-histamínico tópico e
antibiótico se houver contaminação 2ª .
o Irritação mecânica: anormalidades anatômicas (entrópio, distiquíase, triquíase, cílio ectópico, eversão da
cartilagem de 3ª pálpebra...), fatores irritantes (automutilação por unha).Tratar com limpeza local,
lubrificantes, colírios antiinflamatórios não esteroidais e retirar causa. Usar colar elizabetano.
o Conjuntivite bacteriana: há exsudação. Tratamento tópico com antibioticoterapiaO diagnóstico pode ser feito
após excluir outras possíveis causas e mediante citologia, cultura e antibiograma. A primeira etapa do
tratamento é limpeza do olho e administração tópica de antibiótico de amplo espectro (por exemplo
gentamicina, tobramicina e ciprofloxacina), utilizados de quinze em quinze minutos na primeira hora e depois
pelo menos cinco instilações diárias, por no mínimo cinco dias.
o Conjuntivite micótica: As conjuntivites micóticas são raras, decorrem, na maioria dos casos, por uso crônico
de antibióticos e corticoides. As leveduras (Candida spp.) são mais frequentes que forma de hifas, o diagnóstico
definitivo deve ser feito por biopsia e, uma vez constatada, pode ser tratada com Piramicina, em colírio a 5%
por pelo menos quatro semanas.
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o Conjuntivites parasitárias são raras e, geralmente, acontecem pela presença de larvas (Dermatobia hominis),
o tratamento é sintomático e de conforto, com colírios lubrificantes, antibióticos e anti-inflamatórios não

15
esteroides.
o Conjuntivite proliferativa – a mais comum é a conjuntivite folicular, de etiologia indeterminada, que se

OFTALMOLOGIA BÁSICA
manifesta pela presença de folículos translúcidos que se iniciam na conjuntiva da terceira pálpebra, mas
podem se formar em qualquer lugar da conjuntiva; geralmente respondem positivamente ao tratamento
tópico com corticoides, porém, em casos refratários, é necessária a remoção dos folículos.
o Conjuntivite viral por cinomose: em cães. Tratar infecção secundária
o Conjuntivites nos gatos - são frequentes, quase sempre estão relacionadas a afecções de vias aéreas
superiores de origem viral (herpesvírus, calicivírus, reovírus), mas também podem ser de origem clamidiana ou
micoplasmática. O tratamento é à base de lubrificantes para conforto do paciente, antibióticos para combater
infecções bacterianas secundárias e antivirais (tópicos e sistêmicos). O tratamento para conjuntivite por
chlamydia ou mycoplasma baseia-se no uso de tetraciclinas tópicas, pelo menos cinco vezes ao dia, por no
mínimo três semanas.

Figura 49 - Conjuntivite. Observar presença de


Figura 48 - Conjuntivite. Observar a presença hiperemia de conjuntiva
de quemose (edema de conjuntiva) Figura 50 - Folículos presentes na superfície
externa da terceira pálpebra, visíveis nos
casos de conjuntivite folicular

DOENÇAS DE CÓRNEA

Esta estrutura deve ser inspecionada quanto à perda de transparência, neoformações, falhas na integridade
corneal (úlceras) e corpos estranhos.
Algumas alterações na córnea:
o Precipitados ceráticos: aglomerados celulares localizados na superfície posterior da córnea. Presentes na
uveíte.
o Perda da transparência:
 Desorganização das fibras por cicatriz:
 Nébula = pequena opacidade corneal;
 Mácula = moderada opacidade corneal;
 Leucoma = opacidade corneal total).
o Edema corneal
o Pigmentação.
o Infiltrados de cristais de colesterol, lipídico e partículas virais no estroma corneal.
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16
OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 51 - Edema de córnea bilateral (cão Figura 55 - Hiperpigmentação em um cão
Figura 53- Precipitados ceráticos vistos de
com distrofia de córnea) com ceratite superficial crônica
perto

Figura 56 - Opacidade de córnea proveniente


Figura 52 - Precipitados ceráticos em gato Figura 54 - Vascularização corneal num de uma cicatriz (úlcera perfurada)
com uveíte processo cicatricial

Distrofias corneais - opacidades não inflamatórias.


Na maioria das vezes, respeitam algumas das seguintes
características:
o são bilaterais
o aspecto aproximadamente simétrico
o não apresentam vascularização
o são de origem hereditária.
Podem afetar diferentes camadas histológicas da córnea, podendo
ser epitelial, estromal ou endotelia
Depósitos lipídicos ou cristalinos podem ser uma causa de distrofia
estromal.
Figura 57- Opacidade de córnea por distrofia
Não são responsivos a nenhum tratamento estromal lipídica

Degenerações corneais - são condições patológicas secundárias que se manifestam única ou bilateralmente.
Caracterizam-se por depósito de lipídios, colesterol, cálcio ou por uma combinação dessas substâncias.
Podem ser acompanhadas ou precedidas por inflamação e vascularização de córnea.
Clinicamente são lesões de tamanhos variáveis, com bordas bem demarcadas, de aspecto branco denso, branco
acinzentado ou cristalino.
Se diferem das distrofias, pois pode-se observar perdas epiteliais.

Ceratite - Inflamação de córnea.


Provoca opacidade e é geralmente acompanhada de secreção ocular
Causas:
o causas mecânicas - distúrbios de cílios, entrópio, pregas nasais
o infecciosas
o traumas
o ceratoconjuntivite seca
o alergias
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Tratamento:
o Colírio antibiótico

17
o Lubrificantes
o Colírio corticoide (na ausência de úlcera) – reduz neovascularização

OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 58 - Ceratite (opacidade de córnea) e conjuntivite (hiperemia de conjuntiva)

Ceratite ulcerativa – Inflamação de córnea com presença de


ulceração.
A ulceração corneal consiste na perda de uma ou mais
camadas da córnea
As úlceras podem ocorrer por diversas causas, entre elas:
o causas mecânicas (distúrbios de cílios, entrópio, pregas
nasais)
o infecciosas (bacterianas, micóticas, Pseudomonas Figura 59- Desenho esquemático das camadas histológicas da
córnea (A) e de uma úlcera corneana atingindo a camada
aeruginosa é o microrganismo mais perigoso) estromal (B).
o ceratoconjuntivite seca
o traumáticas
o afecções do nervo facial ou trigêmeo
A primeira manifestação clínica é dor e fotofobia, seguidas por blefaroespasmo, lacrimejamento, opacidade
branco-azulada, secreção mucosa a muco-purulenta, hiperemia conjuntival, uveíte reflexa , miose, e por fim,
neovascularização corneal.
A fluoresceína vai se fixar quando há lesão profunda (não se adere ao epitélio).
Pode haver “Florida spots”- pequenos pontos circulares de opacidade estromal
Tratamento
o Alívio da dor: Atropina tópica (1 a 2 vezes ao dia)
o Inibidores de proteases e colagenases – eliminam enzimas que podem retardar o processo cicatricial (4 a 8
vezes ao dia)
 acetilcisteína
 EDTA
 heparina
 soro sanguíneo
o Substituto de lágrima - lubrificantes
o Colírio antibiótico (4 a 24 vezes ao dia)
o Auxílio à regeneração
 Vit A e C
 Sulfato de condroitina
o Retirar causas mecânicas (p.ex. cílio ectópico)
o Flap de 3ª pálpebra – protege e nutre córnea (recobrir a úlcera temporariamente com a 3ª pálpebra). O flap
deve permanecer por pelo menos 15 dias.
o Colar elizabetano – SEMPRE!
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OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 61- Ceratite ulcerativa evidenciada pelo colírio de fluoresceína
Figura 60 - Ceratite ulcerativa crônica. Observar áreas
coradas com fluoresceína (úlcera) e áreas de opacidade
(ceratite), neovascularização e hiperpigmentação
(processo crônico)

Figura 62 - Representação esquemática da técnica de flap de 3a pálpebra

Figura 63 - Progressão de úlceras de córnea não-complicadas e complicadas


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Úlcera indolente - Erosão corneana superficial que acomete cães da raça Boxer,
Corgi, Poodle, Samoieda e Golden Retrivier

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Tratamento:
o Ceratotomia seguida de flap de terceira pálpebra por 21 dias

OFTALMOLOGIA BÁSICA
o Antiinflamatório tópico (não esteroidal) e antibiótico.

Descemetocele - Quando há uma úlcera que leva à lesão de estroma, formando


uma hérnia.
O estroma não se cora com a fluoresceína, somente com rosa de bengala
Tratamento: Figura 64 - Esquema demonstrando as camadas
da córnea (epitélio, membrana de Bowman,
o Flap de 3ª pálpebra
Estroma e Membrana de Descemet.
o antibiótico e antiinflamatório tópico (corticóides são proibidos)

Figura 66- Descemetocele em gato

Figura 65- Descemetocele. Observar a herniação da membrana de


Descemet, devido a ulcera profunda, atingindo estroma.

Ceratite superficial crônica – Pannus - Caracterizada pelo


crescimento de um tecido fibrovascular, semelhante a tecido
de granulação, de coloração rósea e pigmentação escura, sobre
a conjuntiva, limbo e córnea.
A causa é imunomediada, mas fatores como exposição
excessiva a raios ultravioleta da luz solar e poluentes
podem deflagrar este tipo de reação.
Diagnóstico citopatológico
Tratamento - imunomoduladores
Figura 67- Pannus oftálmico. Observar o crescimento de
tecido fibrovascular em córnea

Ceratoconjuntivite seca – CCS ou KCS - enfermidade ocular comum no cão, caracterizada pela diminuição ou não
produção da parte aquosa do filme lacrimal, a qual resulta em ressecamento e inflamação da conjuntiva e da córnea,
dor ocular, doença corneana progressiva e visão reduzida.
Causas
o Imunomediada – MAIS COMUM
o agentes infecciosos (como o vírus da cinomose),
o defeitos congênitos (agenesia ou hipoplasia da glândula lacrimal),
o excisão da glândula da terceira pálpebra (iatrogênica),
o traumas (lesão no nervo facial),
o induzida por fármacos (toxicidade a sulfas, uso prolongado de atropina)
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A principal característica dessa enfermidade é a presença de uma secreção mucosa ou purulenta que faz com que
os olhos aparentem uma conjuntivite bacteriana (que é sempre a causa de um subdiagnóstico); porém outros

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importantes sinais podem ser encontrados, como: hiperemia conjuntival, opacidade corneal, prurido ocular,
vascularização corneal superficial, infiltrados celulares corneais, ceratite pigmentar

OFTALMOLOGIA BÁSICA
Diagnóstico:
o Teste de Schirmer: abaixo de 10 mm/min
 15mm/min = produção normal
 11-14mm/min = CCS inicial ou subclínica
 6-10mm/min = CCS moderada
 5mm/min = CCS severa
Tratamento
o Colírios com corticóide – somente na ausência de úlcera
o Colírio Lubrificante
o Colírios de antibióticos – até cicatrização da úlcera
o Para uso contínuo, pode-se usar uma ou mais das opções abaixo:
 Imunomoduladores tópicos
 Ciclosporina tópica
 Tacrolimus 0,03%*
 Óleo de linhaça
 Inibidores da colagenase
 Acetilcisteína
 EDTA
 soro sanguíneo (obter o soro por centrifugação e manter em geladeira – instilar 4 a 6 x por dia)
 Pilocarpina colírio – estimula produção de lágrima

A B

Figura 68- A - Ceratoconjuntivite seca. A córnea apresenta infiltração celular e vascularização. Figura 69- Teste Lacrimal de Schirmer
B - Notar abundante secreção mucopurulenta e vascularização corneal

Sequestro corneal - Necrose corneana felina


Etiologia desconhecida
Forma lesão corneal focal preto-amarronzada
Tratamento: remoção cirúrgica do tecido necrótico (ceratectomia)

Figura 70 - Sequestro corneal Figura 71 – Ceratectomia para tratamento do Figura 72 - Aspecto da córnea após
sequestro corneal ceratectomia
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Florida Spots - opacidades brancas ou branco-acinzentadas do estroma.


Os olhos não apresentam sinais de inflamação ou desconforto e não respondem ao tratamento com corticosteróide.

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Dermóide - Fragmento de pele sobre a córnea.

OFTALMOLOGIA BÁSICA
Tratamento: remoção cirúrgica (ceratectomia)

Figura 73 - Florida spots


Figura 74 - Dermoide

DOENÇAS DA CÂMARA ANTERIOR

A câmara anterior é avaliada quanto à profundidade, qualidade do humor aquoso (límpido e claro),
inflamação intra-ocular e perfurações oculares.
Deve-se avaliar a íris, que deve ser observada quanto ao diâmetro, simetria, coloração, hemorragia e presença
de vasos visíveis
Algumas alterações que podem ser encontradas:
o Hifema: coleção de sangue
o Hipópio: coleção de células (geralmente pus)
o Flare: depósito de grânulos (excesso de proteínas no humor aquoso)
o Sinéquia anterior: aderência da íris na córnea
o Sinéquia posterior: aderência da íris no cristalino
o Iris bombeé: íris abaulada por sinéquia completa
o Rubeosis iridis: Vasos sanguíneos sobre a íris
o Injeção ciliar ou “vasos em medusa” – vasos ingurgitados na esclera, indicativo de glaucoma
Uveíte - Inflamação de íris, corpo ciliar e coróide
Sintomas: dor, fotofobia, blefaroespasmo, epífora, vermelhidão
Exame físico:
o observa-se desconforto, hiperemia, edema corneal, congestão ciliar, edema iridiano, pressão intra-ocular
baixa, miose, turbidez do humor aquoso, exsudação fibrinosa, hifema, hipópio e precipitados ceráticos.
o Pode ocorrer sinéquias.
Os sinais crônicos mais comuns são catarata e glaucoma secundários e hiperpigmentação de íris.
Tratamento:
o Tratar causa de base
o Anti-inflamatórios tópicos
o Anti-inflamatórios sistêmicos
 Prednisolona
 Flunixina meglumina IV
o Midriáticos
 Atropina 1%
o Antibióticos tópicos e/ou sistêmicos
o Imunossupressores (caso os corticoides ou os AINEs forem insuficientes ou contraindicados)
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QUADRO – CAUSAS DE UVEÍTE


Bacterianas Virais Metabólicas

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Septicemia Adenovirus – Hepatite infecciosa Diabetes melito
Mycobacterium tuberculosis canina Hiperlipidemia

OFTALMOLOGIA BÁSICA
Brucella canis Cinomose Hipertensão arterial sistêmica
Borrelia burgdorferi Raiva
Leptospira sp FeLV Neoplásicas
FIV Primárias
Fúngicas PIF Metástases
Coccidioidis immitis Paraneoplásicas
Cryptococcus neoformans Parasitárias
Histoplasma capsulatum Dípteros – miíase Outras
Candida albicans Dirofilaria immitis Coagulopatias
Blastomyces dermatitidis Toxocara sp Induzida por fármacos
Idiopática
Protozoários Imunomediadas Uveíte pigmentar em Golden
Toxoplasma gondii Uveíte facolítica Retriever
Rickettsia rickettsii Uveíte facoclástica Radioterapia
Leishmania donovani Trombocitopenia imunomediada Trauma
Vasculite imunomediada Toxemia
Síndrome úveodermatológica Ceratite ulcerativa
Esclerites

Figura 76 - UVEÍTE POR HEPATITE INFECCIOSA - Na fase de viremia, o


Figura 75- UVEÍTE. A - observar congestão episcleral e presença de
vírus atinge o humor aquoso e replica no endotélio do trato uveal e da
precipitados ceráticos. B- observar presença de edema corneal e
córnea, causando uveíte anterior e edema de córnea (PODE OCORRER
hipópio.
POR REAÇÃO VACINAL)

Figura 77 - Rubeosis iridis em gato


Figura 78- Iris bombé secundária a uveíte
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Glaucoma - Aumento de PIO, provocada pelo excesso de humor aquoso na câmara anterior.
O glaucoma desenvolve-se quando o escoamento normal do humor

23
aquoso é prejudicado.
Os primeiros sinais clínicos incluem dor, dilatação pupilar e hiperemia

OFTALMOLOGIA BÁSICA
conjuntival.
A dor é caracterizada por blefarospasmos, sensibilidade peri ocular,
secreção serosa a seromucóide, pode se notar olhos turvos e, nos
casos bilaterais, déficit visual.
Algumas vezes observa-se luxação lenticular e aumento do tamanho
do bulbo ocular (bulftalmia).
Ao exame oftálmico, reflexo pupilar fotomotor (RPFM) diminuído é
sinal de alerta, pois o paciente pode estar apresentando aumento da
pressão intra-ocular.
Também é observado injeção ciliar “vasos em medusa”.
Ao exame de fundo de olho com oftalmoscópio é comum observar
hiperreflexia do tapetum, pigmentação peripapilar, atenuação dos
vasos retinianos e escavação do disco óptico. (figura 82) Figura 79- Vasos episclerais normais (A) e
Injeção ciliar típica do glaucoma (B)
O diagnóstico é firmado através da aferição da pressão intra-ocular com
tonômetro digital de aplanação (Tonopen®) ou de identação (Schiötz®),
sendo considerados os valores entre 10 e 20 mmHg normais.
Tratamento
o Tratar causa primária (p. ex: uveíte)
o Agentes hiperosmóticos para tratamento emergencial (manitol IV –
7,5 ml/kg em 15-20 minutos)
o Colírios redutores de PIO – bid ou sid
Figura 80 - Glaucoma em felino. Observar
buftalmia
CAUSAS DE GLAUCOMA
Primário Beagle, Poodle, Husky
Secundário Associado à lente (p.ex.luxação)
Uveíte: sinéquia, hifema
Traumático: corpo estranho e hifema
Tumores intra-oculares
Diabetes
Congênito Alterações do segmento anterior

Figura 81 - Fundo de olho de cão com


glaucoma.

DOENÇAS DA LENTE

Luxações/subluxações de lente - Podem ser primárias ou secundárias a glaucoma, uveíte, catarata e trauma
Tratamento:
o Conservador: agentes mióticos (decamerium ou pilocarpina)
o Facectomia intracapsular: na luxação anterior

Catarata - Opacidade de cristalino


Tratamento: cirúrgico em catarata madura
Pode ser primária ou secundária (nutrição, agentes químicos, radiação, eletricidade, trauma, hipocalcemia,
diagetes mellitus, uveíte, luxação de lente, atrofia de retina...)
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OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 82- Catarata Figura 83- Luxação completa de cristalino secundária a uveíte.
Glaucoma secundário parece estar presente.

DOENÇAS DE RETINA

O espectro de doenças adquiridas envolvendo a retina é vasto. Podemos encontrar inflamações, infecções,
toxicidades, inflamações imunomediadas, deficiências nutricionais, envolvimento retiniano em doenças metabólicas
e degeneração súbita.
As lesões são observadas geralmente na oftalmoscopia.

Coriorretinite - Lesões inflamatórias no fundo de olho. Geralmente a retina vem acometida junto com a coroide.
Essas inflamações são caracterizadas por infiltração celular, edema, hemorragia e possível descolamento de retina
inicial, ao passo que refletividade tapetal aumentada, com ou sem pigmentação por melanina, indica degeneração
retiniana secundária.
O tratamento consiste na utilização de anti-inflamatórios sistêmicos e tratamento da causa de base
Causas de coriorretinite
Virus: cinomose, herpesvirus, mokolavirus
Riquétsias: Ehrlichia canis, Rickettsia rickettsii
Fungos: Acremonium, Aspergilus fumigatus, Blastomyces dermatitidis, Histoplasma capsulatum, Criptococcus
neoformans, Coccidioides immitis, Pseudallescheria boydii
Algas: Prototheca aciorofilica
Protozoários: Toxoplasma gondii, Neospora caninum, Leishmania donovani
Parasitas: Toxocara canis, Angiostrongylus vasorum, miíases
Imunomediadas: Síndrome uveodermatológica

Descolamento da retina (DR)- separação da retina da coroide


Essa separação ocorre geralmente entre a camada fotorreceptora e o epitélio pigmentado.
Os principais sinais de descolamento são perda visual e aparência de uma
estrutura branca, móvel, por trás da lente.
Causas: distúrbios congênitos (incluindo displasia retiniana, anomalia do olho
do Collie), descolamento seroso (acúmulo de fluido sob a retina que a
empurra para longe dos tecidos adjacentes; por exemplo, síndrome
uveodermatológica em cães e hipertensão em cães e gatos; exsudatos
inflamatórios de várias causas), trauma, inflamação intraocular grave, entre
outros
Em felinos, a hipertensão é comum em idosos.
Nesses animais, tortuosidade de vasos retinianos, hemorragias e Figura 84- DR completa com áareas de
descolamento da retina são características oftalmoscópicas encontradas; a hemorragia em felino de 14 anos
cegueira súbita pode ser o sinal clínico principal nesses casos, dependendo da extensão do envolvimento retiniano.
Tratamento e preservação da visão são possíveis em pacientes afetados menos gravemente.
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OUTRAS AFECÇÕES

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Exoftalmia (proptose) - Também conhecida como proptose do bulbo do olho, a exoftalmia traumática é a saída
do globo ocular do interior da órbita.

OFTALMOLOGIA BÁSICA
Tratamento:
Depende da integridade do globo ocular
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MEDICAMENTOS OFTÁLMICOS DE USO TÓPICO

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Antibióticos Cloranfenicol (Regencel®, Epitezan®)
Devem ser utilizados na presença de infecção Ciprofloxacino (Ciprovet®)*arde!

OFTALMOLOGIA BÁSICA
bacteriana. Moxifloxacino (Vigamox®)
Dependendo do quadro, devem ser utilizados entre 4 e Tobramicina (Tobrex®, Tobramax®)
24 vezes ao dia Ofloxacino (Oflox®)
Anti-inflamatórios Diclofenaco (Still®)
Utilizados nos quadros de inflamação Flurbiprofeno (Ocufen®)
Dependendo do quadro, devem ser utilizados entre 4 e Condroitina (Ciprovet®; Tears®, Tobramax®)
12 vezes ao dia Trometamol Cetorolaco (Cetrolac®)
Nepafenaco (Nevanac®)
Imunomoduladores Ciclosporina – optimunne® bid ou tid
Estimulam produção lacrimal Tacrolimus 0,03% - manipular bid ou tid
Corticóides Garasone®
Utilizados somente na AUSÊNCIA de úlcera de córnea Tobradex®
Dependendo do quadro, devem ser utilizados entre 4 e Maxitrol®
12 vezes ao dia Keravit ®
Cilodex®
Lubrificantes (substitutos de lágrima) Epitegel®
Utilizados nas ceratites para fornecer conforto. Systane®
Dependendo do quadro, devem ser utilizados entre 4 e Hyabak®
24 vezes ao dia Lacrima plus®
Lacril®
Epitelizantes (retinol, metionina, aminoácidos, cloranfenicol) Regencel®
Utilizados nas úlceras de córnea Epitezan®
Podem ser utilizados menos vezes que o colírio
Midriáticos e cicloplégico Tropicamida (Midriacyl®)
Utilizados na uveíte e controle de dor intensa Atropina 1%
Miótico Pilocarpina (Pilocan® 2%)
Utilizados no tratamento conservativo da Brometo de demecário
luxação/subluxação de lente
Redutores de PIO Latanoprost (Xalatan®) – sid ou bid
Utilizados no tratamento do glaucoma. Dorzolamida (Trusopt®) - tid
Travoprost (Travatan®) – sid ou bid
Timolol (Glaucotrat®) – pouco eficaz na
monoterapia – bid ou tid
Acetazolamida (Diamox®) - tid
Anestésicos tetracaína 0,5%
Para realização de procedimentos e exames oxibuprocaína 0,4%
propacaína 0,5%

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