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OFTALMOLOGIA BÁSICA
[SUBTÍTULO DO DOCUMENTO]
Sumário
1
ANATOMIA DO OLHO............................................................................................................................................. 2
OFTALMOLOGIA BÁSICA
DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS OFTÁLMICAS ........................................................................................... 2
O EXAME OFTÁLMICO PASSO A PASSO ....................................................................................................................... 2
PROCEDIMENTOS DIAGNÓSTICOS EM OFTALMOLOGIA .............................................................................................. 4
TESTE DE DEAMBULAÇÃO – PROVA DE OBSTÁCULOS .............................................................................................. 4
TESTE DA BOLINHA DE ALGODÃO ............................................................................................................................. 4
REFLEXO DE AMEAÇA VISUAL BLATERAL .................................................................................................................. 4
REFLEXO PUPILAR DIRETO E CONSENSUAL ............................................................................................................... 4
REFLEXO PALPEBRAL E CORNEAL .............................................................................................................................. 5
REFLEXO VESTIBULAR ............................................................................................................................................... 5
TESTE LACRIMAL DE SHIRMER .................................................................................................................................. 5
OBTENÇÃO DE AMOSTRAS PARA CITOLOGIA E CULTURA ........................................................................................ 5
TONOMETRIA ............................................................................................................................................................ 6
OFTALMOSCOPIA ...................................................................................................................................................... 6
CORANTES ................................................................................................................................................................. 7
TESTE DE JONES ........................................................................................................................................................ 7
ULTRASSONOGRAFIA OCULAR .................................................................................................................................. 7
BIOMICROSCOPIA ULTRASSÔNICA............................................................................................................................ 8
ELETRORRETINOGRAFIA............................................................................................................................................ 8
PRINCIPAIS OFTALMOPATIAS ......................................................................................................................... 9
DOENÇAS CLÍNICAS E CIRÚRGICAS DOS CÍLIOS............................................................................................................. 9
DOENÇAS DAS PÁLPEBRAS ............................................................................................................................................ 9
DOENÇAS DA TERCEIRA PÁLPEBRA E DUCTO NASOLACRIMAL .................................................................................. 12
DOENÇAS DA CONJUNTIVA ......................................................................................................................................... 14
DOENÇAS DE CÓRNEA................................................................................................................................................. 15
DOENÇAS DA CÂMARA ANTERIOR .............................................................................................................................. 21
DOENÇAS DA LENTE .................................................................................................................................................... 23
DOENÇAS DE RETINA .................................................................................................................................................. 24
OUTRAS AFECÇÕES ..................................................................................................................................................... 25
MEDICAMENTOS OFTÁLMICOS DE USO TÓPICO ................................................................................. 26
MEDICINA VETERINÁRIA UNIFACVEST CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS
ANATOMIA DO OLHO
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OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 1- Anatomia do olho.
O exame ocular básico é parte essencial de um tratamento assim como enfermidades concomitantes
exame físico cuidadoso e pode ser realizado e qualquer medicação adicional utilizada.
rapidamente e com eficiência, não deve ser realizado A anamnese deve estar fundamentada no
apenas quando o tutor desejar ou quando a anamnese exame clínico geral e oftalmológico, nos sinais clínicos
fornecer dados sugestivos de algum apresentados, assim como no histórico do paciente.
comprometimento do olho. O exame oftálmico é conduzido num ambiente
onde seja possível controlar a intensidade de luz, para
É importante salientar quo o olho NUNCA que a sala fique escura, permitindo o exame de
deve ser avaliado isoladamente, uma vez que parte estruturas intraoculares sem interferência de reflexos.
das enfermidades oftalmológicas são consequências Após anamnese e exame clínico básico, inicia-
de patologias sistêmicas ou localizadas que podem se o exame a distância do paciente, observando suas
estar em outras partes do corpo. atitudes, sua condição corporal e habilidade de
movimentar-se num ambiente.
A história clínica do paciente é de grande Após essa prévia avaliação, são feitos os testes
importância para estabelecer um diagnóstico, além de para avaliação da capacidade visual desse paciente que
ajudar a implementar um plano terapêutico adequado. consiste em: prova de obstáculos (paciente é exposto
Ao realizar a anamnese, é necessário obter no ambiente com obstáculos para observar sua
importantes informações, tais como, os sintomas, a capacidade de desvio), teste de ameaça (o examinador
existência de afecções primárias, se já está realizando ameaça os olhos do animal com a própria mão, sem
encostar, movimentar ar ou emitir ruído, de modo que
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apenas a aproximação do objeto – mão – seja notado exame no escuro é iniciado com lupa de magnificação
pelo paciente) e prova de bola de algodão (soltar bola e fonte focal de luz, e as estruturas oculares são
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de algodão diante dos olhos do animal e observar sua examinadas das mais anteriores em direção às
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reação). Tanto o teste de ameaça como o da bola de posteriores.
algodão são feitos para ambos os olhos, por exemplo, Logo em seguida, mediante instilação de colírio
quando avaliar o olho direito o esquerdo deve ser anestésico (tetracaína 0,5%, oxibuprocaína 0,4% ou
fechado. propacaína 0,5%), é feita a aferição da PIO com
Após essa inspeção primária, inicia-se o exame tonometria.
oftálmico propriamente dito; a avaliação do olho e da Por fim, com animal em midríase, realiza-se
região periocular sob luz normal, a fim de buscar avaliação das estruturas posteriores, oftalmoscopia
anormalidades como assimetrias, secreções, direta e indireta a fim de buscar alterações no fundo de
estrabismo, nistagmo, ptose, hiperemia, alopecia. olho (retina, coroide e nervo óptico) e também na lente
Como fonte de luz focal verificamos os reflexos; que e no vítreo.
nos permitem investigar alterações nas vias ópticas. Em alguns casos, serão necessários a
Antes que qualquer solução seja instilada, é solicitação de exames complementares, como
feita a avaliação da produção lacrimal realizando o ultrassonografia, radiografia, eletrorretinografia,
teste lacrimal de Schirmer, colocando a fita própria biomicroscopia com lâmpada de fenda, cultura e
para esse exame no saco conjuntival e deixando por um antibiograma e citologia e/ou histopatologia.
minuto, depois retira-se a fita e faz a leitura do exame, Com o exame oftálmico completo é possível
observando quantos milímetros de fita foram determinar um diagnóstico ou uma hipótese
molhados pela lágrima durante esse tempo. diagnóstica, indicação terapêutica e prognóstico do
O próximo passo do exame oftálmico são as caso.
colorações, que buscam alterações na superfície da
córnea; é realizado o teste de fluoresceína e se Fonte: SILVA, A.C.E. Oftalmologia Veterinária,
necessário é seguido do teste de rosa bengala. O 1 ed. Londrina : Ed. e Dist. Educacional S.A., 2017
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TESTE DE DEAMBULAÇÃO – PROVA DE REFLEXO DE AMEAÇA VISUAL BLATERAL
OFTALMOLOGIA BÁSICA
OBSTÁCULOS
Avalia a acuidade visual (nervo óptico e córtex
Para avaliação do comprometimento visual, os cerebral).
objetos são distribuídos no ambiente. Faz se um movimento direto e súbito com a
Observa-se a reação do paciente perante o mão no campo visual do olho ipsilateral enquanto o
ambiente. Deve ser realizado com a sala de exame olho contralateral está coberto.
iluminada e completamente escura. A resposta esperada é o piscar do olho,
Se houver histórico de cegueira, o mesmo deve deve-se tomar cuidado para não deslocar corrente de
ser estimulado a andar pela sala de exame observando- ar que ativará o reflexo corneano.
se se há colisão com obstáculos que podem ser Reflexo de ameaça visual falso-negativo pode
colocados à sua frente. ser observado em animais dóceis. Nesse caso, deve-se
testar a via visual pelo teste da "bolinha de algodão".
O fato de o animal esbarrar nos objetos em um
ambiente novo é indicativo de comprometimento
da visão.
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Avaliam nervo oftálmico, nervo maxilar Avalia a produção de lágrima (em milímetros)
OFTALMOLOGIA BÁSICA
(pálpebra inferior), nervo facial e músculos da produzida pelo olho durante um minuto. Valores
pálpebra. baixos são indicativos de déficit na produção lacrimal,
Tocar delicadamente a córnea e a pálpebra. ou seja, ceratoconjuntivite seca
Reflexo normal: piscar o olho Colocar e a tira de papel no saco conjuntival
OBS: Redução ou ausência de reflexo pode não ser inferior com uma dobra de 0,5cm. Essa dobra, nos
indicativo de cegueira, mas sim, déficit no reflexo de papéis comerciais, já vem delimitada.
protação. Durante o exame a cabeça do paciente é
contida, mas não se deve manipular o olho.
Deve-se, em seguida, contar 1 minuto e realizar
a leitura em régua milimetrada.
Valores de referência: entre 15 e 25 mm/min (cães)
e 10 a 20 mm/min (gatos).
TONOMETRIA
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Mensuração da pressão intra-ocular (PIO).
OFTALMOLOGIA BÁSICA
Anestesia-se a córnea com uma a duas gotas de
anestésico tópico e posiciona-se o tonômetro na região
central da córnea, enquanto contem-se as pálpebras.
O posicionamento cuidadoso do tonômetro e
do animal (posicionamento vertical ou horizontal da
cabeça) são essenciais e a córnea deve estar íntegra.
Figura 10 - Tonometria de aplanação
A tonometria de aplanação (Tonopem®,
Tonovet® ), estima a pressão pelo achatamento da
córnea.
Valores de referência normais: entre 10 e 20 mmHg
OFTALMOSCOPIA
Fundo tapetal
Disco ótico
CORANTES
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Os corantes são utilizados para detectar Rosa Bengala: Ele é mais sensível que o teste de
OFTALMOLOGIA BÁSICA
alterações na superfície da córnea. Utiliza-se dois tipos fluoresceína, pois CORA CÉLULAS EPITELIAIS
de corante: a Fluoresceína e o corante Rosa Bengala DESVITALIZADAS. Útil nas úlceras dendríticas por
A fluoresceína é o corante tópico mais herpesvirus em gatos. O corante causa grande
utilizado, pode ser empregado tanto em solução desconforto ocular.
(colírio a 1%) como em tiras de papel impregnadas.
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A biomicroscopia ultrassônica é A eletrorretinografia é um estudo
OFTALMOLOGIA BÁSICA
aceitavelmente empregada para melhor avaliação do eletrofisiológico que permite conhecer com exatidão
segmento anterior do olho como nos casos de tumores as respostas da retina diante de estímulos luminosos.
de íris, corpo ciliar e cistos de íris. É de grande utilidade no diagnóstico de
enfermidades da retina, especialmente quando se quer
avaliar a resposta retiniana de um paciente que deve
ser submetido à cirurgia de catarata. Esse exame
também permite o diagnóstico precoce e confirmativo
de enfermidades hereditárias da retina, aportando
dados importantes para a identificação de diferentes
quadros de cegueira.
É importante salientar que o
eletrorretinograma é um teste de função retiniana e
Figura 18 - Biomicroscopia com lâmpada de não de função visual.
fenda
PRINCIPAIS OFTALMOPATIAS
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Figura 19- Representação das desordens de cílios
DOENÇAS CLÍNICAS E CIRÚRGICAS DOS CÍLIOS
OFTALMOLOGIA BÁSICA
As desordens de cílios, em geral, produzem sinais clínicos
decorrentes de irritação corneoconjuntival.
Podem ser mencionados três tipos principais de desordens ciliares:
triquíase, distiquíase e cílio ectópico
Causam grave dor ocular, pois agridem diretamente a conjuntiva e a
1- cílio normal
córnea; os sintomas encontrados são em geral lacrimejamento, 2- triquíase
blefaroespasmo, prurido ocular. 3- distiquíase
4- cílio ectópico
Os sinais clínicos podem envolver presença de secreção ocular, blefaroespasmo, epífora, fotofobia,
conjuntivite e ceratite com ou sem ulceração.
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OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 23 - Coloboma palpebral Figura 24- Anquilobléfaro fisiológico (recém- Figura 25- Anquilobléfaro secundário a
nascido) infecção
Entrópio - Pálpebras com introversão (viradas para dentro)
Tratamento: cirúrgico
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OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 32- Ectrópio
Figura 31 - Representação
esquemática do ectrópio.Observar Figura 33- Procedimento de Kuhnt-Hembolt modificado ou
eversão da pálpebra inferior V-plastia para ectrópio
Tratamento
o Blefarite alérgica: compressas frias, anti-histamínicos, glicocorticóides sistêmicos e/ou tópicos. Tratar a causa
(retirar alérgeno)
o Blefarite micótica: pomada à base de miconazol ou clotrimazol
o Blefarite bacteriana: limpeza, retirada de exsudatos purulentos , antibióticos tópicos e/ou sistêmicos
o Blefarite parasitária: peróxido de benzoíla em gel e tratamento sistêmico acaricida (moxidectina, ivermectina,
amitraz...
o Blefarite por protozoário: Tratar causa de base e infecção secundária
o Blefarite autoimune e imunomediada: imunossupressores sistêmicos e tópicos
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OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 38 - Representação da remoção do calázio. Após a incisão, o
Figura 37 - Calázio tecido é removido com uma cureta
Entre as alterações da terceira pálpebra, podemos citar os distúrbios de posicionamento, como a protrusão
da glândula da terceira pálpebra e a eversão da cartilagem, e as neoplasias da terceira pálpebra.
Problemas clínicos resultantes da eversão são lesão corneal por atrito crônico e diminuição da função da terceira
pálpebra.
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Tratamento: remoção do fragmento
OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 43 - Cirurgia para eversão da cartilagem
Neoplasias palpebrais
Entre as neoplasias da terceira pálpebra, as mais comuns são as de origem conjuntival (carcinoma espinocelular e
hemangioma).
Já os tumores da terceira pálpebra que não surgem da conjuntiva incluem adenocarcinomas/adenomas da
glândula da terceira pálpebra, fibrossarcomas e linfossarcomas.
Para qualquer neoplasia que envolva a terceira pálpebra é indicada sua remoção cirúrgica total.
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OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 45 - Cão com drenagem normal no Figura 46 - Teste de Jones negativo, Figura 47 - Desobstrução do ducto nasolacrimal
TESTE DE JONES indicando dacriocistite (obstrução) bilateral com cateter e solução fisiológica
DOENÇAS DA CONJUNTIVA
o Conjuntivites parasitárias são raras e, geralmente, acontecem pela presença de larvas (Dermatobia hominis),
o tratamento é sintomático e de conforto, com colírios lubrificantes, antibióticos e anti-inflamatórios não
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esteroides.
o Conjuntivite proliferativa – a mais comum é a conjuntivite folicular, de etiologia indeterminada, que se
OFTALMOLOGIA BÁSICA
manifesta pela presença de folículos translúcidos que se iniciam na conjuntiva da terceira pálpebra, mas
podem se formar em qualquer lugar da conjuntiva; geralmente respondem positivamente ao tratamento
tópico com corticoides, porém, em casos refratários, é necessária a remoção dos folículos.
o Conjuntivite viral por cinomose: em cães. Tratar infecção secundária
o Conjuntivites nos gatos - são frequentes, quase sempre estão relacionadas a afecções de vias aéreas
superiores de origem viral (herpesvírus, calicivírus, reovírus), mas também podem ser de origem clamidiana ou
micoplasmática. O tratamento é à base de lubrificantes para conforto do paciente, antibióticos para combater
infecções bacterianas secundárias e antivirais (tópicos e sistêmicos). O tratamento para conjuntivite por
chlamydia ou mycoplasma baseia-se no uso de tetraciclinas tópicas, pelo menos cinco vezes ao dia, por no
mínimo três semanas.
DOENÇAS DE CÓRNEA
Esta estrutura deve ser inspecionada quanto à perda de transparência, neoformações, falhas na integridade
corneal (úlceras) e corpos estranhos.
Algumas alterações na córnea:
o Precipitados ceráticos: aglomerados celulares localizados na superfície posterior da córnea. Presentes na
uveíte.
o Perda da transparência:
Desorganização das fibras por cicatriz:
Nébula = pequena opacidade corneal;
Mácula = moderada opacidade corneal;
Leucoma = opacidade corneal total).
o Edema corneal
o Pigmentação.
o Infiltrados de cristais de colesterol, lipídico e partículas virais no estroma corneal.
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Figura 51 - Edema de córnea bilateral (cão Figura 55 - Hiperpigmentação em um cão
Figura 53- Precipitados ceráticos vistos de
com distrofia de córnea) com ceratite superficial crônica
perto
Degenerações corneais - são condições patológicas secundárias que se manifestam única ou bilateralmente.
Caracterizam-se por depósito de lipídios, colesterol, cálcio ou por uma combinação dessas substâncias.
Podem ser acompanhadas ou precedidas por inflamação e vascularização de córnea.
Clinicamente são lesões de tamanhos variáveis, com bordas bem demarcadas, de aspecto branco denso, branco
acinzentado ou cristalino.
Se diferem das distrofias, pois pode-se observar perdas epiteliais.
Tratamento:
o Colírio antibiótico
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o Lubrificantes
o Colírio corticoide (na ausência de úlcera) – reduz neovascularização
OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 58 - Ceratite (opacidade de córnea) e conjuntivite (hiperemia de conjuntiva)
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OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 61- Ceratite ulcerativa evidenciada pelo colírio de fluoresceína
Figura 60 - Ceratite ulcerativa crônica. Observar áreas
coradas com fluoresceína (úlcera) e áreas de opacidade
(ceratite), neovascularização e hiperpigmentação
(processo crônico)
Úlcera indolente - Erosão corneana superficial que acomete cães da raça Boxer,
Corgi, Poodle, Samoieda e Golden Retrivier
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Tratamento:
o Ceratotomia seguida de flap de terceira pálpebra por 21 dias
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o Antiinflamatório tópico (não esteroidal) e antibiótico.
Ceratoconjuntivite seca – CCS ou KCS - enfermidade ocular comum no cão, caracterizada pela diminuição ou não
produção da parte aquosa do filme lacrimal, a qual resulta em ressecamento e inflamação da conjuntiva e da córnea,
dor ocular, doença corneana progressiva e visão reduzida.
Causas
o Imunomediada – MAIS COMUM
o agentes infecciosos (como o vírus da cinomose),
o defeitos congênitos (agenesia ou hipoplasia da glândula lacrimal),
o excisão da glândula da terceira pálpebra (iatrogênica),
o traumas (lesão no nervo facial),
o induzida por fármacos (toxicidade a sulfas, uso prolongado de atropina)
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A principal característica dessa enfermidade é a presença de uma secreção mucosa ou purulenta que faz com que
os olhos aparentem uma conjuntivite bacteriana (que é sempre a causa de um subdiagnóstico); porém outros
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importantes sinais podem ser encontrados, como: hiperemia conjuntival, opacidade corneal, prurido ocular,
vascularização corneal superficial, infiltrados celulares corneais, ceratite pigmentar
OFTALMOLOGIA BÁSICA
Diagnóstico:
o Teste de Schirmer: abaixo de 10 mm/min
15mm/min = produção normal
11-14mm/min = CCS inicial ou subclínica
6-10mm/min = CCS moderada
5mm/min = CCS severa
Tratamento
o Colírios com corticóide – somente na ausência de úlcera
o Colírio Lubrificante
o Colírios de antibióticos – até cicatrização da úlcera
o Para uso contínuo, pode-se usar uma ou mais das opções abaixo:
Imunomoduladores tópicos
Ciclosporina tópica
Tacrolimus 0,03%*
Óleo de linhaça
Inibidores da colagenase
Acetilcisteína
EDTA
soro sanguíneo (obter o soro por centrifugação e manter em geladeira – instilar 4 a 6 x por dia)
Pilocarpina colírio – estimula produção de lágrima
A B
Figura 68- A - Ceratoconjuntivite seca. A córnea apresenta infiltração celular e vascularização. Figura 69- Teste Lacrimal de Schirmer
B - Notar abundante secreção mucopurulenta e vascularização corneal
Figura 70 - Sequestro corneal Figura 71 – Ceratectomia para tratamento do Figura 72 - Aspecto da córnea após
sequestro corneal ceratectomia
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Dermóide - Fragmento de pele sobre a córnea.
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Tratamento: remoção cirúrgica (ceratectomia)
A câmara anterior é avaliada quanto à profundidade, qualidade do humor aquoso (límpido e claro),
inflamação intra-ocular e perfurações oculares.
Deve-se avaliar a íris, que deve ser observada quanto ao diâmetro, simetria, coloração, hemorragia e presença
de vasos visíveis
Algumas alterações que podem ser encontradas:
o Hifema: coleção de sangue
o Hipópio: coleção de células (geralmente pus)
o Flare: depósito de grânulos (excesso de proteínas no humor aquoso)
o Sinéquia anterior: aderência da íris na córnea
o Sinéquia posterior: aderência da íris no cristalino
o Iris bombeé: íris abaulada por sinéquia completa
o Rubeosis iridis: Vasos sanguíneos sobre a íris
o Injeção ciliar ou “vasos em medusa” – vasos ingurgitados na esclera, indicativo de glaucoma
Uveíte - Inflamação de íris, corpo ciliar e coróide
Sintomas: dor, fotofobia, blefaroespasmo, epífora, vermelhidão
Exame físico:
o observa-se desconforto, hiperemia, edema corneal, congestão ciliar, edema iridiano, pressão intra-ocular
baixa, miose, turbidez do humor aquoso, exsudação fibrinosa, hifema, hipópio e precipitados ceráticos.
o Pode ocorrer sinéquias.
Os sinais crônicos mais comuns são catarata e glaucoma secundários e hiperpigmentação de íris.
Tratamento:
o Tratar causa de base
o Anti-inflamatórios tópicos
o Anti-inflamatórios sistêmicos
Prednisolona
Flunixina meglumina IV
o Midriáticos
Atropina 1%
o Antibióticos tópicos e/ou sistêmicos
o Imunossupressores (caso os corticoides ou os AINEs forem insuficientes ou contraindicados)
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Septicemia Adenovirus – Hepatite infecciosa Diabetes melito
Mycobacterium tuberculosis canina Hiperlipidemia
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Brucella canis Cinomose Hipertensão arterial sistêmica
Borrelia burgdorferi Raiva
Leptospira sp FeLV Neoplásicas
FIV Primárias
Fúngicas PIF Metástases
Coccidioidis immitis Paraneoplásicas
Cryptococcus neoformans Parasitárias
Histoplasma capsulatum Dípteros – miíase Outras
Candida albicans Dirofilaria immitis Coagulopatias
Blastomyces dermatitidis Toxocara sp Induzida por fármacos
Idiopática
Protozoários Imunomediadas Uveíte pigmentar em Golden
Toxoplasma gondii Uveíte facolítica Retriever
Rickettsia rickettsii Uveíte facoclástica Radioterapia
Leishmania donovani Trombocitopenia imunomediada Trauma
Vasculite imunomediada Toxemia
Síndrome úveodermatológica Ceratite ulcerativa
Esclerites
Glaucoma - Aumento de PIO, provocada pelo excesso de humor aquoso na câmara anterior.
O glaucoma desenvolve-se quando o escoamento normal do humor
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aquoso é prejudicado.
Os primeiros sinais clínicos incluem dor, dilatação pupilar e hiperemia
OFTALMOLOGIA BÁSICA
conjuntival.
A dor é caracterizada por blefarospasmos, sensibilidade peri ocular,
secreção serosa a seromucóide, pode se notar olhos turvos e, nos
casos bilaterais, déficit visual.
Algumas vezes observa-se luxação lenticular e aumento do tamanho
do bulbo ocular (bulftalmia).
Ao exame oftálmico, reflexo pupilar fotomotor (RPFM) diminuído é
sinal de alerta, pois o paciente pode estar apresentando aumento da
pressão intra-ocular.
Também é observado injeção ciliar “vasos em medusa”.
Ao exame de fundo de olho com oftalmoscópio é comum observar
hiperreflexia do tapetum, pigmentação peripapilar, atenuação dos
vasos retinianos e escavação do disco óptico. (figura 82) Figura 79- Vasos episclerais normais (A) e
Injeção ciliar típica do glaucoma (B)
O diagnóstico é firmado através da aferição da pressão intra-ocular com
tonômetro digital de aplanação (Tonopen®) ou de identação (Schiötz®),
sendo considerados os valores entre 10 e 20 mmHg normais.
Tratamento
o Tratar causa primária (p. ex: uveíte)
o Agentes hiperosmóticos para tratamento emergencial (manitol IV –
7,5 ml/kg em 15-20 minutos)
o Colírios redutores de PIO – bid ou sid
Figura 80 - Glaucoma em felino. Observar
buftalmia
CAUSAS DE GLAUCOMA
Primário Beagle, Poodle, Husky
Secundário Associado à lente (p.ex.luxação)
Uveíte: sinéquia, hifema
Traumático: corpo estranho e hifema
Tumores intra-oculares
Diabetes
Congênito Alterações do segmento anterior
DOENÇAS DA LENTE
Luxações/subluxações de lente - Podem ser primárias ou secundárias a glaucoma, uveíte, catarata e trauma
Tratamento:
o Conservador: agentes mióticos (decamerium ou pilocarpina)
o Facectomia intracapsular: na luxação anterior
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OFTALMOLOGIA BÁSICA
Figura 82- Catarata Figura 83- Luxação completa de cristalino secundária a uveíte.
Glaucoma secundário parece estar presente.
DOENÇAS DE RETINA
O espectro de doenças adquiridas envolvendo a retina é vasto. Podemos encontrar inflamações, infecções,
toxicidades, inflamações imunomediadas, deficiências nutricionais, envolvimento retiniano em doenças metabólicas
e degeneração súbita.
As lesões são observadas geralmente na oftalmoscopia.
Coriorretinite - Lesões inflamatórias no fundo de olho. Geralmente a retina vem acometida junto com a coroide.
Essas inflamações são caracterizadas por infiltração celular, edema, hemorragia e possível descolamento de retina
inicial, ao passo que refletividade tapetal aumentada, com ou sem pigmentação por melanina, indica degeneração
retiniana secundária.
O tratamento consiste na utilização de anti-inflamatórios sistêmicos e tratamento da causa de base
Causas de coriorretinite
Virus: cinomose, herpesvirus, mokolavirus
Riquétsias: Ehrlichia canis, Rickettsia rickettsii
Fungos: Acremonium, Aspergilus fumigatus, Blastomyces dermatitidis, Histoplasma capsulatum, Criptococcus
neoformans, Coccidioides immitis, Pseudallescheria boydii
Algas: Prototheca aciorofilica
Protozoários: Toxoplasma gondii, Neospora caninum, Leishmania donovani
Parasitas: Toxocara canis, Angiostrongylus vasorum, miíases
Imunomediadas: Síndrome uveodermatológica
OUTRAS AFECÇÕES
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Exoftalmia (proptose) - Também conhecida como proptose do bulbo do olho, a exoftalmia traumática é a saída
do globo ocular do interior da órbita.
OFTALMOLOGIA BÁSICA
Tratamento:
Depende da integridade do globo ocular
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Antibióticos Cloranfenicol (Regencel®, Epitezan®)
Devem ser utilizados na presença de infecção Ciprofloxacino (Ciprovet®)*arde!
OFTALMOLOGIA BÁSICA
bacteriana. Moxifloxacino (Vigamox®)
Dependendo do quadro, devem ser utilizados entre 4 e Tobramicina (Tobrex®, Tobramax®)
24 vezes ao dia Ofloxacino (Oflox®)
Anti-inflamatórios Diclofenaco (Still®)
Utilizados nos quadros de inflamação Flurbiprofeno (Ocufen®)
Dependendo do quadro, devem ser utilizados entre 4 e Condroitina (Ciprovet®; Tears®, Tobramax®)
12 vezes ao dia Trometamol Cetorolaco (Cetrolac®)
Nepafenaco (Nevanac®)
Imunomoduladores Ciclosporina – optimunne® bid ou tid
Estimulam produção lacrimal Tacrolimus 0,03% - manipular bid ou tid
Corticóides Garasone®
Utilizados somente na AUSÊNCIA de úlcera de córnea Tobradex®
Dependendo do quadro, devem ser utilizados entre 4 e Maxitrol®
12 vezes ao dia Keravit ®
Cilodex®
Lubrificantes (substitutos de lágrima) Epitegel®
Utilizados nas ceratites para fornecer conforto. Systane®
Dependendo do quadro, devem ser utilizados entre 4 e Hyabak®
24 vezes ao dia Lacrima plus®
Lacril®
Epitelizantes (retinol, metionina, aminoácidos, cloranfenicol) Regencel®
Utilizados nas úlceras de córnea Epitezan®
Podem ser utilizados menos vezes que o colírio
Midriáticos e cicloplégico Tropicamida (Midriacyl®)
Utilizados na uveíte e controle de dor intensa Atropina 1%
Miótico Pilocarpina (Pilocan® 2%)
Utilizados no tratamento conservativo da Brometo de demecário
luxação/subluxação de lente
Redutores de PIO Latanoprost (Xalatan®) – sid ou bid
Utilizados no tratamento do glaucoma. Dorzolamida (Trusopt®) - tid
Travoprost (Travatan®) – sid ou bid
Timolol (Glaucotrat®) – pouco eficaz na
monoterapia – bid ou tid
Acetazolamida (Diamox®) - tid
Anestésicos tetracaína 0,5%
Para realização de procedimentos e exames oxibuprocaína 0,4%
propacaína 0,5%