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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


CURSO DE DIREITO - BACHARELADO
DIREITO DO TRABALHO

JOSÉ ALCIRAN FERNANDES OLIVEIRA JÚNIOR E PETUNIA GALVÃO


BEZERRA

Resenha Crítica do conto “Carlinhos”, de César Augusto Amorim, Gabriel


Francisco e Lucas Rafael Chaves

São Luís
2021
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE DIREITO - BACHARELADO
DIREITO DO TRABALHO

JOSÉ ALCIRAN FERNANDES OLIVEIRA JÚNIOR E PETUNIA GALVÃO


BEZERRA

Resenha Crítica do conto “Carlinhos”, de César Augusto Amorim, Gabriel


Francisco e Lucas Rafael Chaves

Trabalho apresentado à disciplina de Direito do


Trabalho, ministrada pela professora Jaqueline
Demétrio, para obtenção de nota parcial referente a
primeira avaliação.

São Luís
2021
Resenha Crítica do conto “Carlinhos”, de César Augusto Amorim, Gabriel
Francisco e Lucas Rafael Chaves

O conto de título “Carlinhos” retrata a frustração e mal estar que a personagem


principal do enredo vivencia ao ser demitida de seu emprego em que trabalhou por
um longo período de tempo. Nesse panorama, o leitor é apresentado a esse cenário
por meio de relato do protagonista contado ao Antenor, um conhecido dono de bar.
Ademais, há outras personagens como o advogado denominado Dr. Thales e a
esposa de Carlos, Filomena.
O texto apresenta uma narrativa interessante, que consegue prender o leitor do
início ao fim. Desse modo, os elementos de progressão de textual foram utilizados de
modo acertado, garantindo coesão e coerência à experiência de leitura. Além disso, a
ambientação feita pelos autores concede uma imersão mais profunda no texto, o que
acontece no início do conto, em que a descrição do local e das sensações é bem
detalhada, a exemplo 3º (terceiro) parágrafo, o qual expõe que “Carlos adentrou o bar
e foi imediatamente confrontado pelo odor pungente [...]” (ARAÚJO, BRAGANÇA,
SOUSA, 2021).
Durante toda a conversa entre as personagens, não foi apresentada nenhuma
informação que dificultasse o entendimento da escritura ou que não colaborasse com
o desenrolar do conto. Nesse sentido, é válido elogiar o excelente uso do discurso
indireto livre.
No tocante à apresentação das personagens, o leitor consegue conhecer mais
sobre a vida de Carlos ao decorrer da exposição textual de uma forma adequada. Seu
Antenor também é introduzido de modo excelente, uma vez foi exibida uma riqueza
de detalhes sobre o dono bar, o que pode ser confirmado quando os autores explicam
que o homem chegou na comunidade há incertos 40 (quarenta) anos e que ele fazia
parte do espírito da comunidade, além de outras informações interessantes.
Ainda no que se refere à introdução das personagens, Filomena, a esposa do
protagonista, é mal abordada, pois ela é somente mencionada, é informado que
trabalha na mesma fábrica que o homem desempregado e que não estava feliz com
a decisão de seu cônjuge. Diante disso, poderia ter acontecido uma maior participação
da mulher na trama e mais elementos de sua personalidade poderiam ter sido
tratados. Acerca do Dr. Thales, esse é mal descrito, surgindo de conveniente, para
solucionar o conflito do protagonista. Nesse sentido, seria melhor haver a exploração
mais profunda das características e sentimentos do advogado.
A escolha da maneira de expor a história foi muito bem sucedida, visto que o
local e a ilustração permitiram a formação de um ótimo enredo. Tal aspecto convém
ser ressaltado, posto que os autores poderiam simplesmente ter optado por
apresentar o conflito no próprio lugar de trabalho, contudo optaram por contar a
narrativa por intermédio de uma conversa em um bar, o que conferiu dinamicidade e
autenticidade ao texto.
Outro ponto de destaque pode ser delineado em se tratando da supressão de
informação quanto ao motivo da demissão, se houve algum tipo de "justificativa"
relativa ao item que expressasse questão de rescisão em hipótese de "justa causa"
por parte do empregador ou ainda qualquer tipo de razão explicitada pelo chefe para
efetuar a demissão. Mesmo tendo conhecimento de que independente de motivo,
Carlos ainda teria direito às verbas rescisórias, bem como determina o art. 477 da
Consolidação das Leis do Trabalho:

art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder


à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar a
dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas
rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo. (Redação dada
pela Lei nº 13.467, de 2017)

Ademais, acrescenta-se que a presença de mais elementos descritivos, acerca


da demissão, tornaria a leitura um pouco mais clara, tendo em vista que não foi
exposto ao leitor, a situação que levou Carlos a ser demitido ou o momento o modo
como ocorreu sua demissão ou se houve notificação de aviso prévio advinda do
empregador.
Todavia, enfatiza-se coerência concernente à matéria de Direito, no momento
o qual o personagem Dr. Thales orienta o protagonista a procurar a Justiça a fim de
reclamar suas verbas rescisórias, clarificando que seu empregador teria o prazo de
10 dias para realizar o pagamento das verbas, levando em consideração o próprio
arcabouço jurídico que normatiza tal circunstância, expresso no parágrafo 6º do art.
477 da Consolidação das Leis do Trabalho:

§ 6 A entrega ao empregado de documentos que comprovem a


o

comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem como o


pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de
quitação deverão ser efetuados até dez dias contados a partir do término do
contrato. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

Sujeito a multa em caso de descumprimento, já que a motivação utilizada pelo


empregador como escusa de impossibilidade de adimplemento das verbas, não tem
respaldo em lei. Ao contrário, a previsão é de que, se o chefe de Carlos não proceder
com sua obrigação, deve ser dado prosseguimento ao que aduz o parágrafo 8º do
artigo supracitado:

§ 8º - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à


multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a
favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente
corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando, comprovadamente,
o trabalhador der causa à mora. (Incluído pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)

Por fim, é possível concluir que o conto foi bem construído e apresenta uma
história envolvente e interessante. Nesse diapasão, é uma leitura recomendada ao
leitor, pois consegue trazer uma situação pertinente e atual do Direito do Trabalho,
principalmente no cenário de pandemia e tudo isso, de modo criativo e autêntico.
Referências
BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei nº 5.442, de 01.mai.1943.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-
Lei/Del5452compilado.htm.> Acesso em: 04 jun. 2021.

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