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Curso de Formação de Brigada de Incêndio

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Lição 07 EQUIPAMENTOS DE
PROTEÇÃO INDIVIDUAIS

1 - Objetivos: Ao final desta lição os participantes serão


capazes de:

1. Enumerar os EPI’s básicos utilizados no serviço;


2. Demonstrar o uso correto dos EPI’s;
3. Citar os quatro principais riscos à saúde
observados em ocorrências de incêndio.
4. Saber identificar se uma máscara autônoma está
em condições de uso imediato.

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2. Introdução

Uma peça ou conjunto de peças


Equipamento de Proteção Individual é
que tem a função de proteger total ou parcialmente um indivíduo de
determinado perigo.
Para que o EPI seja eficaz, deve obedecer certos quesitos:
Ser certificado para o fim a que se destina;
Estar em condições de uso (integridade);
Ser utilizado adequadamente pelo usuário;
Os brigadistas devem dispensar atenção especial aos EPI’s. isto porque seus corpos
são mais vulneráveis às agressões ambientais do que qualquer ferramenta ou viatura.
É regra fundamental que ninguém, no combate a incêndio, entre em uma edificação
saturada de fumaça, temperaturas elevadas e gases, sem estar com equipamento de
proteção completo. A não-utilização deste equipamento pode não só causar fracasso
das operações como também trazer conseqüências sérias, inclusive a morte.

3. Riscos

É fundamental identificar os quatro riscos mais


comuns encontrados em incêndios:

falta de oxigênio;
temperaturas elevadas;
fumaça;
gases tóxicos.

3.1.Falta de Oxigênio

O processo de combustão consome oxigênio (O 2) e,


ao mesmo tempo, produz gases tóxicos. Estes
ocupam o lugar do O2 ou diminuem sua
concentração. Quando as concentrações de O 2
estão abaixo de 18%, o corpo humano reage com
aumento da freqüência respiratória, como se
estivesse sendo submetido a um esforço físico
maior, pára de responder corretamente e “se
desliga” (inconsciência) até a situação de morte.

Os 4 Riscos mais Comuns


Encontrados em Incêndios

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3.2. Temperaturas Elevadas

A exposição ao ar aquecido pode causar danos ao aparelho respiratório. Quando as


temperaturas excedem 60ºC, pode-se considerar que o calor é excessivo, e quando o
ar preenche rapidamente os pulmões pode causar baixa da pressão sanguínea e
danos ao sistema circulatório. Um dos riscos é o edema pulmonar, que pode causar
morte por asfixia. O fato de se respirar ar puro e fresco, logo depois, não torna o dano
reversível de imediato. O calor inicialmente produz danos aos olhos e após ao sistema
respiratório e pele. O fogo gera radiação ultra violeta (UV) que fere a retina e causa
ressecamento, também destrói os tecidos da pele através de queimaduras e
desidratação pelo estresse de calor.

3.3. Fumaça

A fumaça é constituída principalmente por partículas de carbono (C, CO e CO 2) em


suspensão.O tamanho das partículas é que determina a quantidade que, quando
inalada, irá penetrar nos pulmões. Todos esses componentes são prejudiciais aos
pulmões e aos olhos.

3.4. Gases Tóxicos

O bombeiro deve se lembrar de que um incêndio significa exposição a substâncias


tóxicas e irritantes. No entanto, ele não pode prever, antecipadamente, quais serão
essas substâncias. A inalação da combinação de substâncias, sejam tóxicas ou
irritantes, pode ter efeitos mais graves do que quando inaladas separadamente.

A inalação de gases tóxicos pode determinar vários efeitos no corpo humano. Alguns
dos gases causam danos diretamente aos tecidos dos pulmões e perda de suas
funções. Outros gases não têm efeito direto nos pulmões, mas quando entram na
corrente sanguínea, inibem a capacidade dos glóbulos vermelhos transportarem O 2.

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Os gases tóxicos em incêndio variam de acordo com quatro fatores:


Natureza do combustível
Taxa de aquecimento
Temperatura dos gases envolvidos
Concentração de oxigênio.
Monóxido de Carbono (CO)

O monóxido de carbono destaca-se entre os gases tóxicos.

A maioria das mortes em incêndios ocorre


por causa do monóxido de carbono (CO).

Este gás sem cor e sem odor está presente em todo incêndio e a queima incompleta é
responsável pela formação de grande quantidade de CO. Como regra, pode-se
entender que fumaça escura significa altos níveis de CO.

As indústrias utilizam diversas substâncias químicas, como amônia, cloro, gás


carbônico, etc., que podem vazar, formando uma atmosfera tóxica, sem existir
presença de fogo ou de suas conseqüências.

4. Equipamentos

4.1. Botas
Oferece proteção para os pés e parte das pernas, devem
possuir resistência a furos através de palmilha de aço, seu
bico deve também ser de aço para evitar o esmagamento
dos dedos caso caiam objetos pesados sobre eles. Devem,
ainda, ser impermeáveis, resistentes a produtos químicos,
a correntes de baixa tensão (600 V), ao calor e ter solado
antiderrapante.

4.2. Vestimentas
Devem proporcionar ao bombeiro mobilidade sem comprometer suas características de
proteção.

Atualmente as vestimentas são confeccionadas em tecidos e materiais a base de fibras


de aramida. As aramidas são famílias de polímeros sintéticos produzidos a partir de
diácidos e diaminas aromáticas, sua estrutura
molecular foi concebida para garantir estabilidade,

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por isso, são muito resistentes a altas temperaturas


e não são inflamáveis.

Só as aramidas são capazes de produzir materiais


inerentemente antichamas, que mantém suas
características ao longo de toda sua vida.

Compostas de blusões ¾ , jaquetas e sobrecalças


podem ser confeccionadas em várias cores e ter
adicionados acessórios como bolsos, faixas e
suportes.

4.3. Balaclavas

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Da mesma forma que a vestimementa, são feitas em


aramida e tem por finalidade a proteção do pescoço e
cabeça contra o calor.

4.4. Luvas
Confeccionadas em couro, aramida e fibras especiais,
oferecem proteção ao calor, vapores, líquidos, cortes e
abrasões.

4.5. Capacetes
Dos modelos mais antigos, confeccionados em baquelite aos mais modernos de Kevlar
temos uma grande variedade e modelos e construções.

Os mais antigos protegiam somente do sol, da chuva e de impactos pequenos. Hoje


são virtualmente inquebráveis e constituídos de várias camadas de materiais para
oferecer proteção total a cabeça.

Podemos dividir os capacetes em três formas:

Quanto ao formato (modelo)


Quanto a área que protege
Quanto ao material empregado na sua construção

Quanto ao formato

Temos no mercado basicamente dois formatos: americano e


europeu. Ambos oferecem vantagens e desvantagens.
Cabe a cada organização estudar as características de cada modelo para optar pelo
que melhor lhe servir.

Quanto a área que protege

Neste quesito temos os modelos de casco total e casco parcial. No primeiro caso toda
a cabeça é protegida enquanto no outro geralmente a proteção fica da orelha para
cima.

Quanto ao material empregado na sua construção

Aqui uma grande gama de materiais pode ser relacionada. Desde o baquelite, o
policarbonato, a fibra de vidro, o Kevlar, etc. Aqui também cabe a cada organização
estudar as características de cada material para optar pelo que melhor lhe servir.

4.6. PASS
P: Personal - Pessoal

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A: Alert - Alertas
S: Safety – Segurança
S: System - Sistema

Sistema Pessoal de Alertas de Segurança


Equipamento eletrônico que oferece ao bombeiro um 1 – Acionador do Alerta de Socorro
2 – Reset / Desliga
sistema de alertas para situações perigosas que 3 – Fixadores
poderão ser fatais se perdurarem. 4 – Alarme Luminoso
5 – Saída do Alarme Sonoro
Dotado de sinais luminosos e sonoros e de sensores este EPI avisa ao bombeiro e a
seus colegas sobre determinados riscos:

Risco 1 – Alerta de Inatividade


Em caso do bombeiro ficar imóvel por mais de 18 segundos o PASS emite um
pré-alarme e caso permanecer imóvel por mais de 30 segundos o alarme e as
luzes disparam para informar aos colegas que algo está errado com o bombeiro.

Risco 2 – Alerta de Socorro


No caso do bombeiro precisar pedir socorro, pode acionar manualmente o PASS.
O aparelho emite um sinal sonoro de mais de 98 dB medidos a 3m de distância e
fortes luzes facilitando a localização da pessoa pelos seus colegas.

Risco 3 – Alerta de Calor


Caso o bombeiro adequadamente trajado com vestimentas de aramida expor-se a
temperaturas acima das recomendadas o PASS irá disparar o alarme de calor
informando ao bombeiro que deve se afastar.

Resposta Típica do Sensor de Temperatura


Calor Radiante Tempo para Disparo do Alarme
176 oC 06 Minutos
149 oC 08 Minutos
121 oC 10 Minutos
93oC 12 Minutos

Modelos mais modernos também emitem sinais de rádio para uma central informando
qual é o bombeiro que está com dificuldades.

Nem todos os PASS oferecem a opção de sensor de temperatura.

4.7. Proteção Respiratória


São equipamentos que buscam anular a agressividade do ambiente sobre o sistema
respiratório, oferecendo em diversos casos proteção limitada, principalmente quando
utilizados equipamentos filtrantes ou autônomos de pressão negativa.

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4.7.1. Máscara Contra Gases (Equipamento Filtrante)

Consiste em uma máscara de borracha adaptável ao rosto, contendo um filtro que


elimina agentes nocivos à respiração.

Os filtros são próprios para cada classe de agente, tais como:


filtro químico para absorção de gases e vapores;
filtro mecânico para retenção de partículas sólidas em suspensão no ar;
filtro combinado para gases e vapores (químico) e partículas em suspensão
(mecânico);
filtro específico para monóxido de carbono que possui um catalisador que transforma o
CO em CO2.
Os filtros devem ser próprios para o agente nocivo à respiração. Necessitam de
controle rígido da validade e do tempo em uso, que varia, inclusive, conforme a
concentração do agente no ambiente. Não devem ser utilizados em ambientes com
pequena porcentagem de O2, pois podem causar a morte do bombeiro. Estas graves
restrições desaconselham sua utilização nas operações de combate a incêndio e
salvamento.

4.7.2. Equipamento Dependente para Resgate (capuz para carona)

No aparelho de circuito fechado, o ar expirado é reaproveitado, não sendo lançado


para o ambiente. Trata-se de equipamento composto de uma máscara de borracha
adaptável ao rosto, um reservatório contendo oxigênio e um filtro alcalino para a
retenção do ar resultante da respiração. Embora o equipamento dê maior autonomia ao
bombeiro, apresenta os seguintes inconvenientes:
necessita de pessoal altamente especializado para a manutenção;
é de alto custo;
exige maior esforço para respirar;
o ar a ser inspirado é isento de umidade, o que dá ao bombeiro uma sensação muito
desagradável, que provoca salivação abundante e, muitas vezes, acessos de tosse.
Por esses motivos, o aparelho de circuito fechado não é utilizado por Bombeiros.

4.7.3. Aparelho Autônomo de Proteção Respiratória de Ar Comprimido (Máscara


Autônoma)

Este equipamento é usado no serviço do Corpo de Bombeiros. Ele dá proteção


respiratória e proteção ao rosto do usuário, mas é limitado pela quantidade de ar
existente no cilindro.

Descrição genérica

O cilindro é preso por uma braçadeira à


placa do seu suporte e contém ar
respirável altamente comprimido. Abrindo-
se o registro do cilindro, o ar comprimido
passa pelo redutor de pressão, onde se

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expande a uma pressão intermediária de


6 bar (6 kgf/cm2). A esta, o ar chega até a
válvula de demanda, que,
automaticamente, libera a quantidade de
ar necessária para os pulmões. O ar
expirado vai para o exterior através de
uma válvula de exalação existente na
máscara facial.

A válvula de demanda pode estar


conectada à máscara por meio de uma
ligação de rosca ou em posição
intermediária, entre o cilindro e a máscara.

O manômetro permite verificar a pressão do ar existente no cilindro a qualquer tempo,


o que é muito importante durante a utilização, pois permite ao bombeiro verificações
periódicas do tempo de uso que lhe resta, aumentando sua segurança.

Mascarilha Cilindro com Manômetro Suporte Básico

Válvula de Demanda Redutor de Pressão Manômetro de Controle

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