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Curso de Formação de Brigada de Incêndio

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Lição 08 MANGUEIRAS DE
INCÊNDIO

1 - Objetivos: Ao final desta lição os participantes serão


capazes de:

1. Identificar as dimensões, tipos, quantidades e uso


das mangueiras.
2. Identificar os acessórios de mangueira.
3. Efetuar limpeza, inspeção e verificação de avarias
em mangueiras, esguichos e acessórios;
4. Executar os acondicionamentos de mangueiras;
5. Executar métodos de acoplamento e uso de
mangueiras nas redes de incêndio das
edificações;
6. Armar linha e substituir uma linha avariada.
7. Proteger e conservar as mangueiras e juntas de
união em todas as situações de uso;
8. Guardar mangueiras e acessórios.
.

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2. Introdução

um equipamento de combate a incêndio,


Mangueira de Incêndio é
constituído de um duto flexível dotado de juntas de união, destinado
a conduzir água sob pressão
O revestimento interno do duto é um tubo de borracha que impermeabiliza
A mangueira, evitando que a água saia do seu interior. É vulcanizada em uma capa de
fibra.

A capa do duto flexível é uma lona confeccionada de fibras naturais ou


sintéticas, que permite à mangueira suportar alta pressão de trabalho, tração e as
difíceis condições do serviço de bombeiro.

Juntas de união são peças metálicas , fixadas nas extremidades


das mangueiras, que servem para unir lances entre si ou ligá-los a outros
equipamentos hidráulicos, após serem feitos os encaixes.

O Brasil adota como padrão as juntas de união de engate rápido tipo Storz
Empatação de mangueira é o nome dado à fixação, sob pressão, da junta de união de
engate rápido no duto.

Lance de mangueira é a fração de mangueira que vai de uma a outra junta de


união. Por conveniência de manuseio, transporte e combate a incêndio, o lance padrão
do Bombeiro é de 15 metros.

Linha de mangueira é o conjunto de mangueiras acopladas, formando um


sistema para conduzir a água.

3. Classificação de Mangueiras

As mangueiras de incêndio podem ser classificadas de três formas:

3.1 Quanto à Disposição das Lonas

As mangueiras podem ser classificadas quanto à disposição das lonas em mangueiras


de lona simples, de lona dupla e de lona revestida por material sintético.

Segundo a NBR 11861 as mangueiras são classificadas em tipo 1, 2, 3, 4 e 5.

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As mangueiras do tipo 1 e 2 (lona simples) são constituídas de um tubo de borracha,


envolvido por uma camada têxtil, que forma a lona.

As mangueiras do tipo 3 (lona dupla) são constituídas de um tubo de borracha


envolvido por duas camadas têxteis sobrepostas.

As mangueiras do tipo 4 e 5 (lona revestida por material sintético) são constituídas de


um tubo de borracha, envolvido por uma ou duas camadas têxteis revestidas
externamente por material sintético. Esse tipo de material permite à mangueira ter
maior resistência aos efeitos destrutivos de ácidos, graxas, abrasivos e outros agentes
agressores.

Tipo 1 e 2 Tipo 3 Tipo 4 e 5

3.2 Quanto ao Diâmetro

As mangueiras classificam-se também quanto ao seu diâmetro, sendo normalmente


utilizadas no Brasil são as de 38mm (1 ½ pol) e 63mm (2 ½ pol).

4. Conservação e Manutenção

As mangueiras de incêndio não devem ser arrastadas sobre superfícies ásperas:


entulho, quinas de paredes, bordas de janela, telhado ou muros,
principalmente quando cheias de água, pois o atrito ocasiona maior
desgaste e cortes da lona na mangueira.

Não devem ser colocadas em contato com superfícies excessivamente aquecidas,


pois, com o calor, as fibras derretem e a mangueira poderá romper-se.

Não devem entrar em contato com substâncias que possam atacar o duto da
mangueira, tais como: derivados de petróleo, ácidos, etc.

As juntas de engate rápido não devem sofrer qualquer impacto, pois isto pode impedir
seu perfeito acoplamento.

Devem ser usadas as passagens de nível para impedir que veículos passem sobre a
mangueira, ocasionando interrupção do fluxo d’água, e golpes de aríete, que podem
danificar as mangueiras e outros equipamentos hidráulicos, além de dobrar,
prejudicialmente, o duto interno.
As mangueiras sob pressão devem ser dispostas de modo a formarem voltas e nunca
ângulos (que diminuem o fluxo normal de água e podem danificar as mangueiras).

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Evitar mudanças bruscas de pressão interna, provocadas pelo fechamento rápido de


expedições ou esguichos. Mudanças bruscas de pressão interna podem danificar
mangueiras e outros equipamentos.

Após o Uso Operacional as mangueiras devem sofrer rigorosa inspeção visual na lona
e juntas de união. As reprovadas devem ser separadas.

As mangueiras aprovadas, se necessário, serão lavadas com água pura e escova de


cerdas macias.
Nas mangueiras atingidas por óleo, graxa, ácidos ou outros agentes, admite-se o
emprego de água morna, sabão neutro ou produto recomendado pelo fabricante.

Após a lavagem, as mangueiras devem ser colocadas para secar.


Podem ser suspensas por uma das juntas de união ou por uma dobra no meio, ficando
as juntas de união para baixo, ou ainda estendidas em plano inclinado, sempre à
sombra e em local ventilado.

5. Formas de Acondicionar Mangueiras

São maneiras de dispor as mangueiras, em função da sua utilização:

Em espiral: própria para o armazenamento, devido ao fato de apresentar uma


dobra suave, que provoca pouco desgaste no duto. Uso desaconselhável em
operações de incêndio, tendo em vista a demora ao estendê-la e a inconveniência de
lançá-la, o que pode causar avarias na junta de união.

Aduchada: é de fácil manuseio, tanto no combate a incêndio, como no


transporte.O desgaste do duto é pequeno por ter apenas uma dobra.

Ziguezague: Acondicionamento próprio para uso de linhas prontas, na parte


superior da viatura (em compartimentos específicos). O desgaste do duto é maior
devido ao número de dobras.

Espiral Ziguezague

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6. Transporte e Manuseio

6.1. Em Espiral

Transporte de mangueira em espiral:


Deve ser transportada sobre o ombro ou sob o braço,
junto ao corpo.

Estendendo mangueira em espiral:


Toma-se a junta de união que se acha no centro da
espiral com as mãos espalmadas, de modo a permitir o
giro do rolo, enquanto se deixa a extremidade oposta no
chão. O brigadista poderá estendê-la caminhando no Aduchada
sentido do seu estendimento.

6.2. Aduchada

Transporte de mangueira aduchada:


É o mesmo utilizado para a mangueira em espiral.

Estendendo mangueira aduchada:


Para estender a mangueira aduchada, colocar o rolo no solo e expor as juntas de
união. Pisar sobre o duto, próximo à junta externa, e impulsionar o rolo para a frente
com o levantamento brusco da junta interna. Acopla-se a união que estava sob o pé e,
segurando a outra extremidade, caminha-se na direção do estendimento.

6.3. Em Ziguezague

Feixe de mangueira sobre o ombro

Para o emprego da mangueira em ziguezague, montando ou aumentando uma linha,


procede-se da seguinte forma:

Transporte:
O brigadista coloca o feixe sobre o ombro direito com a junta de união por baixo e
ligeiramente caída para frente, sustentando-o com as mãos ou ainda apoiando-o sobre
o antebraço.

Estendendo:
Se a mangueira não estiver conectada, fixar uma extremidade a um ponto (através de
uma laçada) próximo ao local de conexão. Sustentar o feixe, firmando os gomos com
as mãos e avançar em direção ao local desejado, soltando a mangueira. Os gomos
serão liberados naturalmente.

7. Acoplamento e Desacoplamento de Mangueira

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O acoplamento de mangueiras é o procedimento de ligar as juntas de união. O


desacoplamento é o procedimento inverso.

7.1. Método de Acoplamento por uma Pessoa

Para uma pessoa acoplar mangueiras, usará o método


sobre a coxa. Com o joelho direito no solo e a mão
esquerda sobre a coxa esquerda, segurar uma das juntas
da mangueira que deve ser acoplada e, com a outra mão,
sustentando a junta que deve ser ligada à primeira,
procurar encaixar os ressaltos daquela com os
alojamentos desta, que se lhe opõe. Isto fará com que as
duas peças fiquem encaixadas pelos ressaltos. Girar,
então, a junta da mão direita no sentido horário, até que
os ressaltos encontrem o limite dos alojamentos. Se
necessário, usar a chave de mangueira. Para desacoplar,
proceder de modo inverso.

7.2. Método de Acoplamento por Duas Pessoas

Uma delas segura uma das juntas à altura da cintura, usando ambas as mãos, e
apresenta a junta ao seu parceiro, mantendo-a firme. O parceiro, segurando a junta
que deve ser conectada à primeira, procura encaixar os ressaltos daquela com os
alojamentos desta, que se lhe opõe. Isto fará com que todos os ressaltos sejam
encaixados. Gira, então, a junta que segura no sentido horário, até que os dentes
encontrem o limite dos alojamentos. Se necessário, o brigadista deve usar chave de
mangueira. Para desacoplar, o processo é inverso.

8. Mangotinhos

Os mangotinhos são tubos flexíveis de


borracha, reforçados para resistir a
pressões elevadas e dotados de
esguichos próprios.

Apresentam-se, normalmente, em diâmetros de 16, 19 e 25 mm, e são acondicionados


nos auto-bombas, em carretéis de alimentação axial, o que permite desenrolar os
mangotinhos e usá-los sem necessidade de acoplamento ou outra manobra.

Pela facilidade de operação, os mangotinhos são usados em incêndios que necessitam


pequena quantidade de água, tais como: cômodos residenciais, pequenas lojas, porões
e outros locais de pequenas dimensões.

9. Esguichos

São peças que se destinam a Dar forma, direção e alcance ao jato d’água

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Os esguichos mais utilizados são:


1- esguicho Canhão;
2- esguichos "Pescoço de ganso" (protetor de linha)
3- esguichos Universal;
4- esguichos Regulável;
5- esguichos Agulheta;
6- esguicho Proporcionador de espuma;
7- esguicho Lançador de espuma;

10. Linhas de Mangueira

Linhas de mangueira são os conjuntos de


mangueiras aco-pladas, formando um sistema para
o transporte de água.

10.1 Linha Adutora


É aquela destinada a conduzir água de uma fonte de abastecimento para um
reservatório. Por exemplo: de um hidrante para o tanque de viatura e de uma
expedição até o derivante.

10.2 Linha Ataque


É o conjunto de mangueiras utilizado no combate direto ao fogo, isto é, a linha que tem
um esguicho numa das extremidades.

10.3 Linha Direta


É a linha de ataque, composta por um ou mais lances de mangueira, que conduz,
diretamente, a água desde um hidrante ou expedição de bomba até o esguicho.

10.4 Linha Siamesa


Linha composta de duas ou mais mangueiras adutoras, destinadas a conduzir água da
fonte de abastecimento para um coletor, e deste, em uma única linha, até o esguicho.
Destina-se a aumentar o volume de água a ser utilizada.

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11. Evoluções

Evolução é a manobra com mangueira efetuada pela guarnição ou por uma parte dela.

Para máxima segurança o brigadista deve estar alerta para a possibilidade de


“backdraft”, “flashover” ou colapso estrutural.

12. Mangueira Rompida

Na impossibilidade de se interromper o fluxo d’água por meios normais, a fim de


substituir a mangueira rompida ou furada, deve-se estrangular a mangueira. Para isto,
utiliza-se o estrangulador de mangueiras, ou fazem-se duas dobras na mangueira,
formando dois ângulos agudos, e mantendo-os nesta posição com o peso do corpo.
Com essa manobra, interrompe-se o fluxo d’água e troca-se a mangueira rompida.

13. Descarga de Mangueira

Consiste na retirada da água que permaneceu no interior da mangueira, após sua


utilização.

Modo:

 Estender a mangueira no solo, retirando as dobras que porventura apareçam.


 Levantar uma das extremidades sobre o ombro, sustentando-a com ambas as
mãos.
 Deslocar-se para outra extremidade do lance, deixando-o para trás, à medida
que se avança vagarosamente. Isto faz com que água escoe pela extremidade
da mangueira.

14. Ferramentas

São utensílios para facilitar o acoplamento e desacoplamento de


uniões, acessórios ou abertura e fechamento de registro.

14.1 Chave de Mangueira

Destina-se a facilitar o acoplamento e desacoplamento das mangueiras. Apresenta na


parte curva dentes que se encaixam nos ressaltos existentes no corpo da junta de
união.

14.2 Coletor

Peça que se destina a conduzir, para uma só linha, água proveniente de duas ou mais
linhas.

14.3 Derivante ou Divisor

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Peça metálica destinada a dividir uma linha de mangueira em outras de igual diâmetro
ou de diâmetro inferior.

14.4 Junta de União

Utilizada para efetuar a conexão de mangueiras, mangotes e mangotinhos entre si e a


outros equipamentos hidráulicos.

14.5 Redução

Peça usada para transformar uma linha (ou expedição) em outra de menor diâmetro.

14.6 Tampão

Destinam-se a vedar as expedições desprovidas de registro que estejam em uso, e a


proteger a extremidade das uniões contra eventuais golpes e ressecamentos que
possam danificá-las.

14.7 Válvula de Retenção

Utilizada para permitir uma única direção do fluxo da água, possibilitando que se forme
coluna d’água em operações de sucção e recalque. Pode ser vertical ou horizontal.

14.8 Aparelho de Hidrante

Utilizado para propiciar a extensão de um hidrante público subterrâneo, transformando-


o em um duplo de coluna , facilitando seu emprego.

14.9 Chave T

Empregada na abertura de registros de hidrantes públicos subterrâneos.

14.10 Capa de Pino

Adaptações utilizadas para permitir o encaixe da chave "T" ao registro de abertura e


fechamento de um hidrante público subterrâneo.

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