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Índio é queimado por estudantes no condenado a um ano de reclusão.

Os outros
Distrito Federal quatro foram presos - Tomás Oliveira de
Almeida, Max Rogério Alves, Eron Chaves
O índio pataxó Galdino Jesus dos Oliveira e Antônio Novely Cardoso Vilanova.
Santos, 44, teve 95% do corpo queimado Em 2001, foram condenados pelo júri popular
depois de ter sido incendiado anteontem por homicídio doloso (com intenção de
em Brasília. Um grupo de cinco jovens matar) a 14 anos de prisão, em
estudantes jogou sobre ele uma regime integralmente fechado.
substância líquida, provavelmente álcool. Condenados por crime hediondo, Max,
Os jovens teriam, então, ateando- lhe Antônio, Tomás e Eron não teriam, à época,
fogo. [...] direito à progressão de pena ou outros
benefícios. A lei prevê, apenas, a liberdade
O crime aconteceu em um ponto
condicional após o cumprimento de 2/3 da
de ônibus, quando Santos dormia em um
pena. Mas, em 2002, a 1ª Turma Criminal fez
banco, depois de uma comemoração do
uma interpretação diferente. Como não há
Dia do Índio, na sede da Funai. Os cinco
veto a benefícios específicos na lei, os
teriam ateado fogo em Santos “por
desembargadores concederam autorização
divertimento” segundo o delegado Valmir
para que os quatro exercessem funções
de Carvalho [...] eles foram presos e
administrativas em órgãos públicos.
teriam confessado o crime [...]
As autorizações da Justiça permitiam
“Eu vi uma chama enorme e um estritamente que os quatro saíssem do
vulto, em pé, no centro dela. Imaginei que presídio da Papuda para trabalhar e
fosse um boneco, mas ele mexia os retornassem ao final do expediente. A turma
braços”, disse o comerciante José Maria de juízes chegou a permitir que os quatro
Gomes, 35[...]. A delegada Rosângela também estudassem, mas, como há
Celle Silveira [...] disse que Max Rogério proibição específica na Lei de Execuções
Alves confessou o crime e entregou os Penais, o Ministério Público recorreu e
outros. Segundo ela, todos confessaram. conseguiu revogar a permissão de estudo
para Eron Oliveira e Tomás Oliveira. Mesmo
assim, eles continuaram estudando em
universidades locais, contrariando a decisão.
Assassinato do índio Galdino completa 10 anos Em outubro do mesmo ano, o jornal
(2007) "Correio Braziliense" flagrou três dos cinco
rapazes bebendo cerveja em um bar,
namorando e dirigindo o próprio carro até o
Há 10 anos, no dia 20 de abril de presídio, sem passar por qualquer tipo de
1997, cinco rapazes de classe média de revista na volta. Após a denúncia, os
Brasília atearam fogo no índio pataxó assassinos perderam, temporariamente, o
Galdino Jesus dos Santos, de 44 anos, que direito ao regime semi-aberto, que era o que
dormia em uma parada de ônibus na Asa permitia o trabalho e o estudo externos.
Sul, bairro nobre da capital Federal. Mas a reclusão total durou pouco
Cometido o crime, fugiram, mas um tempo. Em agosto de 2004, os quatro
outro jovem que passava por ali, um rapazes ganharam o direito ao livramento
chaveiro, anotou o número da placa do carro condicional, ou seja, estão em liberdade, mas
dos assassinos e entregou à polícia. Horas precisam seguir algumas regras de
depois, Galdino morreu vítima de comportamento impostas pelo juiz no
queimaduras em 95% do corpo, que foi processo para manter sua liberdade, tais
encharcado por 1 litro de álcool. Galdino como: não sair do Distrito Federal sem
chegara a Brasília no dia anterior, 19 de abril, autorização da Justiça e comunicar
Dia do Índio. Ele participou de várias periodicamente ao juiz sua atividade
manifestações pelos direitos dos índios. profissional.
Dos cinco envolvidos, um deles, na
época do crime, era menor de idade e foi
encaminhado para o centro de reabilitação Regalias
juvenil do Distrito Federal. G.N.A.J. ficou Assim que foram encaminhados à
preso por três meses, mesmo tendo sido prisão, os criminosos não ficaram 24 horas
detidos em cela comum, junto com outros um juiz federal, Vilanova trabalhava como
presos. Eles foram transferidos para uma digitador e morava com seu irmão mais
biblioteca desativada, onde tiveram dezenas velho. Admitiu ter atirado os fósforos em
de regalias, segundo a promotora Maria José Galdino.
Miranda. Ela acompanhou o processo nos Eron Chaves de Oliveira - Tinha 19 anos.
primeiros cinco anos, mas, por causa Primo dos irmãos Tomás e G.N.A.J., admitiu
desconhecida, pediu afastamento do caso ter despejado álcool sobre o índio.
pouco tempo antes do julgamento.
Questionada se sofreu algum tipo de Max Rogério Alves - Tinha 19 anos. Criado
ameaça, Miranda prefere desconversar e diz por um ex-ministro do TSE, Alves trabalhava
apenas que “não é do meu perfil, não no escritório de advocacia do padrasto.
combina comigo, pedir para sair de um caso. Admitiu ter dirigido o carro na fuga.
Houve um motivo muito forte para que eu
saísse do processo”. Tomás Oliveira de Almeida - Tinha 18 anos.
Em entrevista ao G1, ela conta que os Único do grupo a cursar uma faculdade,
quatro rapazes tinham direito a tomar banho estudava Administração. Também admitiu ter
quente, cortinas e também ficavam com a atirado os fósforos.
chave da cela no bolso. “Durante cinco anos
eles tiveram regalias que nenhum outro G.N.A.J. - Tinha 16 anos. Cursava supletivo.
preso teve.” Ajudou a despejar o álcool.
A promotora explica que o processo
dos quatro rapazes foi dificultado pela
“quantidade absurda” de recursos 1- Responder as questões:
apresentados e também pela “incessante
tentativa de desqualificar o crime”, para que  Esclareça com suas palavras o
os assassinos não respondessem por acontecimento noticiado
homicídio e sim por lesão corporal seguida
de morte.  Explique por que Galdino
Maria José Miranda classifica o curso estava dormindo em um ponto
processual do caso Galdino como “anormal”.
“Se o processo tivesse sido de réus comuns, de ônibus
mortais comuns, teria tido o curso de apenas  Ao justificar a ação, os jovens
seis meses. Tínhamos provas em
abundância. O processo era, tecnicamente, agressores disseram achar que
muito simples”, disse Maria Miranda. o índio pataxó era um mendigo
Como estão hoje? e que estavam apenas
O G1 tentou contato com os quatro rapazes, brincando. Em sua opinião, o
mas nenhum deles concordou em falar no que levou os jovens a cometer
assunto. Na casa de Antônio Novely, filho de
juiz federal, primeiro foi dito que ele não esse crime?
estava e, depois, que teria viajado. O mesmo
 Identifique a situação legal
ocorreu na casa de Max Alves. Tomás
Almeida, que trabalha no setor de marcação daqueles que mataram Galdino
de consultas em um hospital de Brasília,
apontada na reportagem
respondeu apenas que “o caso está
encerrado e não quero mais tocar no
assunto”. Eron Oliveira, que trabalha na
pizzaria do pai, também não quis comentar o
crime.
Quem são eles?
Antônio Novely Cardoso de Vilanova -
Tinha 19 anos na época do crime. Filho de

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