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1. Introdução
Lowy (2015)7 também atribui o avanço das pautas conservadoras a uma crescente
identidade religiosa, a qual, possibilitada pelo capitalismo neoliberal, produz uma
tentativa de criar identidades no seio do processo de globalização. Essa manifestação de
homogeneização da cultura se traduz através de afirmações de nacionalismos e religiões
que buscam dar conta da construção da identidade e das similaridades.
É apresentada, entre os autores citados, uma incontestável relação de expressões
do conservadorismo contemporâneo por meio das igrejas pentecostais e neopentecostais.
Para tanto, cabe encontrar, por intermédio da análise crítica do discurso, as manifestações
O uso dos assuntos pessoais nos espaços públicos é largamente perceptível nas
discussões realizadas em razão do documento que fundamenta o “Estatuto da Família”,
por exemplo, e que será objeto de análise da segunda sessão deste trabalho. A análise
acerca da esfera pública e privada feitas por Chauí têm uma resposta diferente daquela
obtida por Sennett, mas ambos compreendem a tendência do crescimento da esfera
8 Destaca-se aqui os apontamentos feitos por Montero (2006) quando percebe que há uma pretensão
do evangelismo em se tornar a religião pública e reguladora do mundo secular.
9 Categoria explorada por Marilena Chauí a respeito do público e do privado nas novas
configurações da chamada “zona cinza”.
10 Cabe salientar no curso da pesquisa o papel das práticas discursivas fomentadas a partir de robôs
que tendem a dissolver os parâmetros espaço público, segundo o psicanalista Tales Ab’sáber (2019).
privada. As duas respostas não são excludentes entre si; apenas dão elucidações a estágios
diferentes dessa superposição que a cada dia encontra novos mecanismos.
As duas categorias levantadas interagem no objeto para traçar caminhos a respeito
do aumento do debate da vida privada na esfera pública, amplamente representado pelo
eixo das pautas “moralmente reguladoras”, posto que temas como a família, orientação
sexual e demais regulações morais se tornaram temas importantes no debate público da
Câmara dos Deputados, estes temas compõem, em síntese, o acervo pertinente a esfera
privada. Contudo, tanto as pautas “securitariamente punitivas”, quanto as
“economicamente liberais” estão no entorno dessas novas formas de viver a esfera
pública e a esfera privada, isto se expressa a partir da supervalorização do indivíduo. Do
ponto de vista das pautas “economicamente liberais” há uma potente ideia de agência no
sujeito empreendedor, este mesmo sentido atribuído ao poder e a agência do indivíduo
estão presentes nas compreensões “securitariamente punitivas”.
4. Considerações finais
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