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A onda conservadora no Brasil: estratégia discursiva entre a esfera

pública e a esfera privada1

Luana Marques Carlos (Universidade Federal do Ceará)


Fábio Gentile (Universidade Federal do Ceará)

1. Introdução

A presente pesquisa busca uma interpretação sobre o desenvolvimento do discurso


conservador dentro dos espaços públicos institucionais, em especial o fazer legislativo
dos deputados federais mediante alguns projetos de lei, propostas emenda à Constituição
e medidas provisórias, elencados no projeto de tese em andamento. Tem-se, portanto, o
intuito de produzir uma compreensão acerca do fomento das ideias conservadoras
realizados por setores da Câmara Federal.
Alguns questionamentos adjacentes foram levantados diante do estado da arte do
tema e de algumas hipóteses existentes. Por isso, é pertinente perguntar: como o poder
público contribuiu para o fomento das ideias conservadoras? Quais as relações de
fomento das ideias conservadoras com a crise moderna entre o público e o privado?
Quais são os conceitos fundamentais que solidificam as pautas do movimento
conservador?
Parte-se de uma imputação lógica acerca das pautas abordadas, na medida que
entende de forma prévia que as quotas selecionadas participam do vocabulário
conservador. O fundamento das imputações acerca dos assuntos do campo conservador
parte da hipótese de que as manifestações do novo conservadorismo rompem, em parte,
com a lógica do conservadorismo clássico e, para tanto, trazem uma nova gramática e,
junto dela, uma nova agenda.
A pesquisa aborda o objeto de forma qualitativa por observar o fator indissociável
de interpretação dentro do problema de pesquisa, tendo em vista a importância de
compreender as nuances das ideias conservadoras contemporâneas e como foram
reverberadas no âmbito do poder público. Assim é possível chegar a conclusões mais
precisas acerca das questões levantadas.
1 44º Encontro Anual da ANPOCS, SPG12 – Conservadorismos e outras direitas.
A relação entre o uso de espaços do poder público e o fomento das ideias
conservadoras é um objeto sociológico e político pertinente porque toca duas temáticas
de relevância e atualidade incontestáveis. A pesquisa pode reverberar tanto na discussão
teórico-politica sobre o conceito de conservadorismo e sua apropriação no pensamento
político-social brasileiro, quanto na influência que o poder público alcança na difusão de
ideias e discursos conservadores na disputa ideológico-politica quotidiana.
Em termos de método, a tese2 recorrerá à análise crítica do discurso (ACD) para
(i) alcançar informações pertinentes extraídas dos documentos produzidos pelo poder
público, selecionados previamente, e (ii) acessar as justaposições entre a prática do
discurso e as questões sociopolíticas envolvidas. Na ACD, como aponta Gunther Kress
(1990), os analistas críticos do discurso pretendem mostrar o modo como as práticas
linguístico-discursivas estão imbricadas com as estruturas sociopolíticas mais
abrangentes de poder e dominação.
O objeto em questão será tratado por meio de uma pesquisa documental amparada
em múltiplas fontes. Faz-se fundamental uma diversidade de fontes de dados, em virtude
da necessidade de uma compreensão mais adequada dos discursos conservadores e
neoconservadores, atentando-se para o lugar do poder público na estrutura de fomento. A
pesquisa vai utilizar as fontes de jornais, revistas, vídeos e publicações oficiais, além de,
prioritariamente, é o nosso caso especifico, analisar os documentos das PEC’s, PL’s e
MP’s elencadas.
Com isso, tem-se como fontes os materiais jornalísticos voltados aos assuntos das
pautas selecionadas na pesquisa, bem como as notas taquigráficas que registraram os
principais eventos relacionados aos temas dentro da Casa Legislativa. Busca-se
identificar a forma como os assuntos foram abordados dentro do lapso de tempo em que
ela foi tratada.
Para acessar o lugar da esfera pública e do poder público na produção e
reprodução das ideias neoconservadoras, a análise crítica do discurso vem cumprir o
papel de conferir bases metodológicas, além de um constitutivo teórico potente, na
medida em que constrói formulações sobre poder, linguagem e ideologia. ACD, segundo

2 A tese em apreço encontra-se em uma etapa de levantamento bibliográficos e coleta de dados.


Iran Melo (2011), é uma abordagem teórico-metodológica que busca investigar a forma
como a linguagem funciona na reprodução, manutenção e transformação social.
A análise crítica do discurso propõe que a consciência crítica da linguagem deve
ser um elemento fundamental na prática democrática. Ela partilha da concepção de que
muitas das relações entre a linguagem e as estruturas sociais são opacas, ou seja, pouco
visíveis, passam despercebidas pelos indivíduos. Entretanto, os textos apresentam traços
e pistas de rotinas sociais que revelam essas relações (FAIRCLOUGH, 2001).
Para o SPG intitulado “Conservadorismo e outras direitas”, os autores submetem a
presente proposta porque compreendem a importância de investigar esta nova gramática
que compõe o debate público. O conservadorismo se apresentou ao longo da história
como uma força política que se atribuía a função de uma crítica à sociedade quando ela
ameaça os valores fundamentais e a sua própria existência. Dadas as recentes e
expressivas manifestações de pessoas que se nomeiam conservadores, há a pertinência de
reinterpretar tal caracterização. Existe nessa intitulação alguns contrastes com o conceito
clássico de conservadorismo, tendo em vista que o caráter conservador tem função
reativa dentro de um processo político pelo que se narra na história. Portanto, é relevante
apontar que uso abusivo do adjetivo conservador solapa o substantivo e para tanto é
necessária uma exaustiva investigação do léxico.

2. Interpretações sobre conservadorismos


O movimento conservador contemporâneo3 e o neoconservador4 preservam
algumas defesas do conservadorismo clássico; um dos exemplos é a crítica à
modernidade e ao conceito iluminista da razão. Desse modo, há a crítica ao primado do
abstrato e uma supervalorização do concreto. Essas críticas ao pensamento abstrato
induzem uma forte ligação do conservadorismo com as ideias fomentadas pelo senso
comum. Pela sincronicidade da temática, foram considerados na bibliografia da pesquisa

3 Recorremos ao conceito de conservadorismo contemporâneo para englobar os movimentos e


agentes autointitulados conservadores e que ainda não produziram um acervo potente dentro do
pensamento social. Para tanto, não os tratam pelo título pejorativo de conservadorismo “vulgar”. Assim,
incorporam os recentes agentes conservadores sem perder de vista que o termo conservador pressupõe uma
longa história dentro das ideias políticas.
4 O termo foi usado pela primeira vez por membros do partido Democrata quando tratavam de ex-
membros que se transferiram para o partido Republicano. Segundo Kristol (1995), os neoconservadores são
liberais que foram tomados pela realidade.
tanto estudos a respeito do neoconservadorismo, quanto sobre o conservadorismo
clássico, pois ambos se manifestam no recorte cá estudado.
Os fomentadores do neoconservadorismo, em particular, recorrem aos argumentos
do senso comum pertencentes a posturas tradicionalistas5 para terem arguição e
incorporar espontaneamente uma parcela da população ao próprio movimento. Assim
sendo, as ideias voltadas para o neoconservadorismo precedem o movimento organizado,
tendo fácil adesão quando adentram o debate público.
Esse conjunto de palavras e pautas compõe um processo social denominado, no
debate público, onda conservadora ou onda azul. Discutido nas pesquisas do Ronaldo
Almeida (2018), esse movimento aparece gerido dentro de suas propostas por quatro
eixos: economicamente liberal; moralmente reguladora; securitariamente punitiva; e, por
fim, socialmente intolerante. Os três primeiros dos quatro eixos elencados vêm sendo,
seguramente, fomentados por setores do poder público mediante pautas no Congresso
Nacional.
A base teórica desta pesquisa se alinha a três grandes questões que permeiam as
categorias principais do objeto e as perguntas-chaves. Os assuntos pertinentes ao quadro
teórico derivam da perspectiva teórico-metodológico quanto aos temas principais que
circulam no imaginário do objeto. Para criar um locus acerca do fomento das ideias
neoconservadoras a partir do poder público é fundamental ingressar no estado da arte de
temas como: conservadorismo, neoconservadorismo; análise crítica do discurso; público
e privado. Para construir esta tarefa há de se evocar autores que discutem o tema de
forma atual, como também trazer reflexões realizadas dos teóricos de vanguarda das
categorias abordadas.
Alguns pesquisadores têm se dedicado à interpretação das interfaces do
conservadorismo e sua onda de ascensão. O pesquisador Joanildo Burity (2016) apresenta
o aumento da adesão popular às pautas conservadoras como devido, em parte, ao fato de
que o imaginário social conservador estava apenas adormecido. O politólogo Marcelo
Tadvald (2014) traz considerações similares quando observa que, diante do processo de
ascensão das questões identitárias, esse imaginário sai do estado de dormência, na medida
em que é instigado para a crítica.
5 Entende-se por tradicionalismo a compreensão apontada por Karl Mannheim (1987), para o qual
“tradicionalismo é essencialmente uma dessas inclinações ocultas que cada indivíduo”.
Os estudos do cientista politico André Singer (2013; 2018) sobre o “lulismo”, sua
ascensão e declínio apontam que este fenômeno se via alicerçado sob dois grandes
pilares. Um de seus sustentáculos era a prática do clientelismo que possibilitou a
existência de um pacto conservador dentro do governo. Mesmo diante de um pacto
conservador6 em que o projeto lulista estava posto, havia concessões nesse acordo que
possibilitavam uma agenda com reformas de baixa intensidade e voltadas para a redução
da pobreza. Com o fim do pacto realizado pelo “lulismo”, a agenda política se redefiniu
ao ponto de que as conciliações de agendas diferentes não eram mais necessárias.
Muitos autores, como Burity (2016), Tadvald (2004) e Paula Montero (2006),
apontaram a profunda relação do evangelismo com ideias conservadoras e
neoconservadoras. As igrejas evangélicas seriam uma potente ala de expressão da onda
conservadora, elementos constituintes e constituídos desse fenômeno.
Outro pensador que se debruçou sobre o assunto foi o sociólogo Michael Löwy
(2015), que, em sua formulação acerca do crescimento da extrema direita, desvelou a
profunda relação da ascensão do conservadorismo com o neoliberalismo e o processo de
homogeneização da cultura.
O primeiro elemento de explicação é o processo de globalização capitalista
neoliberal - também um poderoso processo de homogeneização cultural forçada -
que produz e reproduz, em escala europeia e planetária, os identity
panics [pânicos de identidade], a obsessiva procura por fontes e raízes que leva a
formas chauvinistas de religião, formas religiosas de nacionalismo, além de
alimentar conflitos étnicos e confessionais. (LOWY, 2015)

Lowy (2015)7 também atribui o avanço das pautas conservadoras a uma crescente
identidade religiosa, a qual, possibilitada pelo capitalismo neoliberal, produz uma
tentativa de criar identidades no seio do processo de globalização. Essa manifestação de
homogeneização da cultura se traduz através de afirmações de nacionalismos e religiões
que buscam dar conta da construção da identidade e das similaridades.
É apresentada, entre os autores citados, uma incontestável relação de expressões
do conservadorismo contemporâneo por meio das igrejas pentecostais e neopentecostais.
Para tanto, cabe encontrar, por intermédio da análise crítica do discurso, as manifestações

6 Os conceitos voltados à compreensão acerca do pacto conservador estão presentes no livro do


Singer, “Os sentidos do Lulismo: reforma gradual e pacto conservador”, lançado em 2013.
7 É relevante acrescentar que Michel Löwy, no artigo citado, não faz distinção entre os
conservadores e a extrema direta que se expressa, para ele, como fascista.
dessa relação e apontar o lugar da esfera pública 8, tanto religiosa quanto parlamentar, na
tarefa de fomento dos conservadorismos.
“Público” e “privado” vêm como mote de dedução da pesquisa, uma vez que as
novas configurações dessas categorias incidem na forma como se vive na modernidade e
nas interferências que os aparatos9 surtem para o enfraquecimento da esfera pública e
alargamento da esfera privada. Marilena Chauí (2012) entende a possibilidade de que os
aspectos cognitivos envolvidos nos novos aparatos modernos, como carros, celulares e
robôs10, estejam interferindo na forma como a sociedade se relaciona com ideias e
ideologias.
Há nas observações de Chauí a ideia de que o encolhimento da esfera pública
também se deve, em grande medida, ao avanço do neoliberalismo. Construindo pontos de
ligação entre essa filósofa e Richard Sennett, pode-se notar que há uma gramática
construída pelo neoliberalismo, em comunhão com os chamados “aparatos”, que fortalece
a “superposição do imaginário privado no imaginário público” (SENNETT, 1976).
Porém, para Sennett, a superposição se deve a confusões comportamentais e ideológicas
vivadas ainda XIX.

“[...] As sociedades ocidentais estão mudando a partir de algo semelhante a um


estado para o outro para um tipo voltado para interioridade – como ressalva de
que, em meio a preocupação consigo mesmo, ninguém pode dizer o que há
dentro. Como resultado, originou-se uma confusão entre vida pública e vida
íntima: as pessoas tratam em termos de sentimentos pessoais os assuntos
públicos, que somente poderiam ser adequadamente tratados por meio de
códigos de significação impessoal.” (SENNETT, 1976, p. 18)

O uso dos assuntos pessoais nos espaços públicos é largamente perceptível nas
discussões realizadas em razão do documento que fundamenta o “Estatuto da Família”,
por exemplo, e que será objeto de análise da segunda sessão deste trabalho. A análise
acerca da esfera pública e privada feitas por Chauí têm uma resposta diferente daquela
obtida por Sennett, mas ambos compreendem a tendência do crescimento da esfera

8 Destaca-se aqui os apontamentos feitos por Montero (2006) quando percebe que há uma pretensão
do evangelismo em se tornar a religião pública e reguladora do mundo secular.
9 Categoria explorada por Marilena Chauí a respeito do público e do privado nas novas
configurações da chamada “zona cinza”.
10 Cabe salientar no curso da pesquisa o papel das práticas discursivas fomentadas a partir de robôs
que tendem a dissolver os parâmetros espaço público, segundo o psicanalista Tales Ab’sáber (2019).
privada. As duas respostas não são excludentes entre si; apenas dão elucidações a estágios
diferentes dessa superposição que a cada dia encontra novos mecanismos.
As duas categorias levantadas interagem no objeto para traçar caminhos a respeito
do aumento do debate da vida privada na esfera pública, amplamente representado pelo
eixo das pautas “moralmente reguladoras”, posto que temas como a família, orientação
sexual e demais regulações morais se tornaram temas importantes no debate público da
Câmara dos Deputados, estes temas compõem, em síntese, o acervo pertinente a esfera
privada. Contudo, tanto as pautas “securitariamente punitivas”, quanto as
“economicamente liberais” estão no entorno dessas novas formas de viver a esfera
pública e a esfera privada, isto se expressa a partir da supervalorização do indivíduo. Do
ponto de vista das pautas “economicamente liberais” há uma potente ideia de agência no
sujeito empreendedor, este mesmo sentido atribuído ao poder e a agência do indivíduo
estão presentes nas compreensões “securitariamente punitivas”.

3. O conservadorismo e sua incidência sobre o público e o privado

O conceito de esfera pública é amplamente discutido nas ciências sociais. Sua


manifestação surgiu a partir de discussões sobre os assuntos cotidianos, se dando em
lugares públicos em algumas cidades europeias entre o século XVII e XVIII. Para Antony
Giddens (2016), a manifestação do conceito de esfera pública na realidade social foi vital
para o desenvolvimento inicial da democracia. Eram nesses espaços, com grupos seletos,
que foi introduzida “a ideia de solução de problemas políticos por meio do debate
público.”
É dentro do debate público que se encontram os assuntos de interesse geral e,
também, onde as opiniões são formadas, como Habermas (1989 [1962]) sugere. Para
situar a posição teórica de Habermas diante do conceito de esfera pública é necessário
entender as nuances da agência dos sujeitos, bem como o lugar das habilidades
comunicativas e a inserção da linguagem. Para tanto, a Teoria da Ação Cognitiva exercita
o entendimento da ação racional da comunicação sem, necessariamente, abordar as
implicações acerca da subjetividade como construto de mimese.
Isso posto, a esfera pública é o lugar onde os agentes usam suas habilidades
comunicativas em busca do “uso público da razão” (Habermas, 1989 [1962]). Desta
forma, existe o “público” e os “públicos crítico-racionais”: o primeiro, em busca da
substituição da própria subjetividade para acordos comunitários; o segundo traz os
aspectos da contranarrativa e posição de grupos minoritários. É pelo público que se criam
os acordos políticos.
Richard Sennett (2014) entendeu que “a relação do capitalismo industrial com a
cultura pública urbana” assentou as ideias de privatização levantadas pela sociedade
burguesa do século XIX; em segundo lugar, em uma “mística” da vida material em
público. Essa relação junto aos “traumas do capitalismo do século XIX” contribuíram
para o desgaste de uma ordem pública e a ascensão de uma crítica a ela. A família se
tornou um espaço de limitação e enfrentamento do domínio público, aliada a imagem de
reserva moral da vida. A vida pública se torna moralmente inferior em face de novos
léxicos dentro do conceito de família, tendo fundamentação em fenômenos como a
privacidade e a estabilidade.
A vista disso, “a superposição do privado no público” era um assunto de interesse
da classe dominante no século XIX. Nasce, assim, a ideia de “‘respeito’ diante de uma
personalidade autêntica”, como identificado por Sennett (2014). A palavra autenticidade
está presente desde o século XIX com função anti-ideológica dentro da luta de classes
(SENNETT, 2014). O adjetivo “autêntico” permaneceu como léxico de autoridade dentro
dos circuitos de disputas políticas tão presentes na atualidade, e, como será visto adiante,
o termo galgou o espaço de um forte substantivo: “autenticidade”.
A introdução da temática público e privado se dá em face das demandas teóricas
produzidas pelas interpretações dos movimentos contemporâneos autointitulado
conservadores e liberais conservadores. Cabe também identificar melhor o conteúdo
associado ao conservadorismo tratado nesta pesquisa e apontar os agentes potenciais da
agenda conservadora. Ronaldo Almeida (2018) observa que:
Família tradicional é, sem dúvida, o signo mais englobante do campo moral
em questões relativas ao corpo, ao comportamento e aos vínculos primários.
Atualmente, no Brasil e na América Latina, o que se destaca são setores
religiosos, à direita, com ênfase em temas como aborto, sexualidade, gênero,
casamento, técnicas reprodutivas e adoção de crianças por casais do mesmo
sexo. De um lado, um movimento de manutenção da tradição cristã
fortemente marcada pelo catolicismo, de outro, um movimento mais
proativo e transformador dos comportamentos feito pelo evangelismo.
(ALMEIDA, 2018)

Com isso, Almeida (2018) prenuncia o agenciamento de setores do movimento


religioso para construção de uma agenda pública relacionada a pautas morais, incidido,
então, na vida privada. Temas como o conceito de família, sexualidade e comportamento
entram como prioridade para o debate público a partir de agenciamentos realizados pelos
movimentos conservadores.
Setores organizados ao entorno da religião se tornam agentes importantes para
construção desse imaginário conservador que rompe as fronteiras da sua própria história
de reatividade para a construção de uma agenda conservadora proativa. Almeida (2018)
acrescenta o sentido elástico que a categoria conservador passou a ganhar na
contemporaneidade.
Conservadorismo é um conceito associado a processos e contextos históricos
específicos. Todavia, o termo tornou-se comum nos debates públicos brasileiro
e mundial contemporâneos, sendo constantemente acionado nos noticiários de
televisão, na imprensa escrita e nas redes sociais digitais com uma profusão de
sentidos razoavelmente elásticos; por vezes, é identificado de modo excessivo e
impreciso com fascistas, se na política, ou com fundamentalistas, quando na
religião. (ALMEIDA, 2018)

Ao longo da história das ideias políticas o conceito de conservador está situado na


crítica a modernidade e aos pressupostos da razão iluminista. Contudo, nas discussões
geradas dentro do debate público, o conceito ganha o caráter de adjetivo, solapando o
substantivo. Mesmo diante do movimento léxico de interpretação do termo, cabe
identificar quais são os conjuntos de pautas e ideias que reúnem o sentido conservador
tomado no debate público contemporâneo.
Segundo Almeida (2018), dito anteriormente, existem quatro forças sociais que
atravessam o conservadorismo contemporâneo na conjuntura brasileira, a saber:
moralmente reguladora, socialmente intolerante, economicamente liberal e
securitariamente punitiva. Nesse sentido, tem-se novos elementos a acrescentar no debate
ao entorno do conservadorismo.
Há, portanto, uma agenda a ser observada, ao lado de um mapeamento de seus
agentes. Almeida (2018) ainda reforça que “[...] o conservadorismo dos costumes,
sobretudo os propagados pelo evangelismo, não pretende se limitar aos seus fiéis [...] sim
alcançar a sociedade como um todo, disputando no plano da norma jurídica os conteúdos
da moralidade pública.”
Segundo Marcelo Tadvald (2014), há significativa inserção dos evangélicos na
política, e as alas com maior sucesso nesse campo político consistem nas igrejas onde
campanhas são realizadas de forma aberta, isto é, dentro dos próprios espaços religiosos,
com ações deliberadas e projetos de candidatura bem definidos.
A partir democratização, em 1985, a inserção evangélica na arena política
revelou-se significativa, especialmente se levarmos em consideração o modelo
evangélico de participação no campo político, sua instrumentalização e
planejamento estratégico de conquista de votos e de poder. (TADVALD, 2014,
p. 260)

Tadvald aponta que a participação da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) é


fonte de polêmicas, envolvendo conteúdos conservadores por ela produzidos. Relata que
a FPE enfrentou resistência na década de 2010, visto o difícil trânsito das suas pautas em
face de um país constitucionalmente laico.
O debate suscitado acima sobre a possível reinterpretação dos conservadores
sobre esfera pública e privada se exemplificam de forma prática na proposta do “Estatuto
da Família”, qual seja, o PL n° 6583/2008. Essa pauta foi produzida pelo então deputado
do PR de Pernambuco, Anderson Ferreira. Em termos de década, a demanda por um
“Estatuto da Família” não é de todo recente, mas ganhou projeção a partir do mandato de
Eduardo Cunha enquanto presidente da Câmara dos Deputados. O referido projeto versa
acerca de uma possível regulação sobre o conceito de família, dispondo, em seu art. 1º,
sobre os direitos da família, como também sobre as diretrizes das políticas públicas
voltadas à “valorização e apoiamento à entidade familiar”.
Os assuntos correspondentes ao conteúdo do interior teor do PL, escrito ao longo
de cinquenta e oito páginas, insinuam a compreensão de família de laços fortes, sendo o
PL, segundo o proponente, um propulsor de políticas públicas para evitar a “grave
epidemia das drogas”, “a violência doméstica”, “gravidez na adolescência”, entre outros.
No elenco dos elementos que precisam ser evitados por força de políticas promovidas
pelo Estado está ainda o combate à “desconstrução do conceito de família”.
Não há elementos evidentes no corpo do projeto que explicite melhor a
compreensão acerca do que seria evitar a “desconstrução do conceito de família”. O PL
suscita, porém, conceitos da psicologia para explicar como a desconstrução da família
afetaria a vida psicológica e social dos sujeitos. O projeto em si não exibe quais os
instrumentos e estratégias de combate, mas gera regras para identificar qual família
precisa ser preservada, sendo esta uma família nuclear que não prescindiu da presença de
homem e mulher matrimoniados, como se pode ver a seguir:
O Projeto de Lei aborda questões centrais que envolvem a família, como: o
fortalecimento dos laços familiares a partir da união conjugal formada entre o
homem e a mulher, ao estabelecer o conceito de entidade familiar; a proteção e
a preservação da unidade familiar [...]. (FERREIRA, 2008)

Do ponto de vista pragmático, o projeto lança regras a respeito da vida privada


dos cidadãos brasileiros e pretende determinar como o cidadão deve se portar diante dos
seus afetos, cabendo ao Estado punir ou combater as manifestações que não obedecem ao
regramento proposto.
O conteúdo do PL contempla, em síntese, dois desenvolvimentos: o primeiro — e
de conteúdo mais desenvolvido — diz respeito a temas de interesse da família, como o
combate às drogas e ao álcool com assistência especializada; o segundo consiste na
presença do Estado a fim de coibir a gravidez prematura de adolescentes, com a inclusão,
em especial, no currículo escolar, da disciplina “Educação para família”.
No entanto, o conteúdo do projeto não prevê como esses temas serão efetivamente
implementados. As propostas são pontuadas diversas vezes no corpo do texto, mas, no
geral, resta a lacuna de como se dará o apoio às grávidas ou de como se deve enfrentar,
no plano prático, o uso de drogas. Uma curiosa proposta de natureza procedimental no
seio desse PL diz respeito à competência constitucional privativa da União de legislar
sobre direito penal e processual. Propõe-se ali a inclusão de um dispositivo que priorize
“a tramitação de processos judiciais e administrativos [...] que ponham em risco à
preservação e a sobrevivência da entidade familiar”.
A inclusão da temática sobre a vida privada reflete nas proposições levantadas
Sennett, já abordadas nesta sessão, mas também traz consigo uma série de novos
fenômenos, tais como: a supervalorização do indivíduo no contexto neoliberal, sendo um
dos motivos de tanta incidência da vida privada no debate público e os novos aparatos
tecnológicos que criam laços estreitos entre o conceito do que é público e do que é
privado. Isto tudo soma-se a profunda reação de setores mais conservadores para com o
avanço de pautas progressistas e identitárias. Contudo, uma discussão necessariamente
aprofundada do texto será empreendida ao longo da confecção da tese. Aqui, registre-se,
é apresentada uma análise puramente preliminar.

4. Considerações finais

No Brasil, apresenta-se como expoente do conservadorismo contemporâneo o


Olavo de Carvalho, conselheiro do grupo político e atual presidente Jair Bolsonaro, que
sofre influência do aludido tradicionalismo, fazendo permanentes alusões às ideias de
René Guénon em seus textos. No entremeio deste movimento há um vocabulário público
voltado para crítica ao “marxismo cultural”, ao genocídio branco, a ideologia de gênero e
a defesa da família. Esses assuntos se repetem tanto nos livros dos conservadores
brasileiros quanto em discursos, propostas e projetos feitos na Câmara dos Deputados,
inclusive não tão recentes, como é o caso do referido PL intitulado “Estatuto da família”.
É relevante observar que o pensamento neoconservador se fortaleceu, em certa
medida, através dos processos de ruptura dentro dos marcos da modernidade, sobretudo
rompimentos nos conceitos voltados para indivíduo-coletivo e público-privado 11. A vida
pública é, na presença de novas configurações, superdimensionada em relação à vida
privada. Parte das concepções modernas sobre os assuntos do que é público e privados é
suprimida. O universo privado é aberto ao público e ao mesmo tempo torna-se de
interesse público os assuntos privados. Temas como família, sexualidade, orientação
ideológica etc. ganham notoriedade, no debate público, em detrimento de assuntos como
o desemprego, segurança, fome, saúde, entre outros.
As perguntas elencadas na introdução estão em aberto em virtude da maturação da
pesquisa, mas encontramos indícios que levam a algumas hipóteses, inclusive já
abordadas em pesquisas anteriores. As práticas de coalizão da Nova República
contribuíram para uma reação silenciosa e difusa dos setores mais conservadores da
sociedade, estes encontraram canais de profusão a partir da crise institucional vivida no
golpe de 2016. A reação citada, tida no debate público por onda conservadora, ganha
formas de expressão popular e encontra também espaços para uma agenda proativa, este
11 Essa hipótese diz respeito aos conceitos abordados por Richard Sennett no livro “O declínio do
homem público”, no qual trata sobre os aspectos da vida pública moderna.
trabalho de gestação de uma agenda conservadora se deu, sobretudo, Câmara dos
Deputados com projetos de Lei como “Escola sem Partido” e a “PL da Família”.
Pautas economicamente liberais desde a retirada de direitos trabalhistas e avanços
de subsídios do agronegócio, no ano de presidência de Eduardo Cunha na Câmara dos
Deputados, tinham o centro das atenções no debate legislativo, contudo, as pautas
conservadoras eram levadas para Câmara e alcançaram efetividade direta ou
indiretamente porque tiveram potência dentro do debate público e permearam o campo da
ação coletiva. Os interesses de determinado segmento de empresas privadas foram
tomados como prioridade nas votações, e, de forma silenciosa, esses mesmos setores
ligados ao lobby empresarial, por abordar, do ponto de vista publicitário, o debate
coletivo sobre pautas conservadoras, somaram forças na tarefa de fomentar tais pautas,
mesmo que a princípio não fossem as suas prioridades.
Os eventos citados sobre as ações da Câmara dos Deputados para com as pautas
conservadoras encontram um potente escoadouro dentro da sociedade brasileira, dado
que, se as hipóteses da pesquisa estiverem corretas, as noções do neoliberalismo
incidiram concretamente na vida social e os aparatos modernos reclinaram as concepções
de público e privado, ambos afetando a consciência comum. No entanto, a presente
pesquisa ainda está sendo realizada nas suas primeiras fases.

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