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Escola:Raphael Serravale Data:14/03/2022

Aluno:Miguel Lorran Nunes Lima

Prof:Dackson Matéria:Cinecríticos

Persistência Retiniana

I. INTRODUÇÃO

Em 1895, os irmãos Lumière criaram o cinematógrafo, marcando o início do cinema. Pouco depois,
em 1906 o inglês James Stuart Blackton realiza a filmagem daquele que muitos historiadores consideram
o primeiro filme de animação: Humorous Phases of a Funny Face. Mas a história da animação pode ser
estudada antes desta data. Antes que Blacton realizasse seu filme outros tentaram alcançar a técnica da
animação e para isso desenvolveram estudos e brinquedos ópticos que forneciam a ilusão do
movimento.

O conceito de persistência retiniana é conhecido desde o Antigo Egito e apesar dos trabalhos
desenvolvidos por Isaac Newton e o Cavaleiro d’Arcy, só em 1824 é que Peter Mark Roget definiu-o
satisfatoriamente como a capacidade que a retina possui para reter a imagem de um objeto por cerca de
1/20 a 1/5 segundos após o seu desaparecimento do campo de visão, ou seja, é a fração de segundo em
que a imagem permanece na retina. Por muito tempo acreditou-se que este fenômeno fisiológico fosse
o responsável pela síntese do movimento. Chegou-se a conclusão que ele constitui, aliás, um obstáculo à
formação das imagens animadas, pois tende a sobrepô-las na retina, misturando-as entre si. O que
salvou o cinema como aparato técnico foi a existência de um intervalo negro entre a projeção de um
fotograma para o outro, permitindo atenuar a imagem persistente que ficava retida pelos olhos. O
fenômeno da retina explica apenas uma coisa no cinema, que é o fato justamente de não se ver esse
intervalo negro.

II. O OLHO HUMANO E A PERSISTÊNCIA RETINIANA

O olho humano é um mecanismo complexo desenvolvido para a percepção de luz e cor. É composto
basicamente por uma lente e uma superfície fotossensível dentro de uma câmera, grosseiramente
comparado a uma máquina fotográfica.

olhoPor muito tempo acreditou-se que este fenômeno fisiológico fosse o responsável pela síntese do
movimento. Chegou-se a conclusão que ele constitui, aliás, um obstáculo à formação das imagens
animadas, pois tende a sobrepô-las na retina, misturando-as entre si. O que salvou o cinema como
aparato técnico foi a existência de um intervalo negro entre a projeção de um fotograma para o outro,
permitindo atenuar a imagem persistente que ficava retida pelos olhos. O fenômeno da retina explica
apenas uma coisa no cinema, que é o fato justamente de não se ver esse intervalo negro.
II. O OLHO HUMANO E A PERSISTÊNCIA RETINIANA

O olho humano é um mecanismo complexo desenvolvido para a percepção de luz e cor. É composto
basicamente por uma lente e uma superfície fotossensível dentro de uma câmera, grosseiramente
comparado a uma máquina fotográfica.

Quando olhamos na direção de algum objeto, a imagem atravessa primeiramente a córnea, uma
película transparente que protege o olho. Chega, então, à íris, que regula a quantidade de luz por meio
de uma abertura chamada pupila. Quanto maior a pupila, mais luz entra no olho.

Passada a pupila, a imagem chega a uma lente, o cristalino, e é focada sobre a retina. A lente do olho
produz uma imagem invertida, e o cérebro a converte para a posição correta. Na retina, mais de cem
milhões de células fotorreceptoras transformam as ondas luminosas em impulsos eletroquímicos, que
são decodificados pelo cérebro.

Essas células fotorreceptoras podem ser classificadas em dois grupos: os cones e os bastonetes. Os
bastonetes são os mais exigidos a noite, pois requerem pouca luz para funcionar, mas não conseguem
distinguir cores. As células responsáveis pela visão das cores são os cones.

As células fotossensíveis da retina, os cones e bastonetes, transformam a energia luminosa em impulsos


bio-elétricos, e estes são enviados para o cérebro, que então os interpreta como imagem. Por isso, em
última análise, poderíamos dizer que é o cérebro que realmente “vê”. Mesmo depois de o cérebro ter
recebido os impulsos, a retina continua mandando informações, por aproximadamente 1/10 de segundo
após o último estímulo luminoso. Por este motivo, se uma imagem for trocada numa velocidade maior
do que esta, elas tendem a fundir-se no cérebro, provocando a sensação de movimento contínuo.

Experiências que demonstram este princípio:

1. Fixar o ponto que se encontra sensivelmente ao centro de cada imagem (fig.1 e 2) durante
aproximadamente 30 segundos, sem pestanejar. De seguida, deve-se olhar para uma superfície branca
(tecto ou folha branca).

Aparecer-nos-à a imagem em negativo – isto é, se o objecto for escuro ele apareçerá claro, se for claro
aparece escuro.

O físico belga Joseph Plateau ficou cego, quando ao testar a capacidade da resistência da retina, fixou o
sol durante 20 minutos.

2. Fazer rodar uma moeda – consegue-se ver as duas faces ao mesmo tempo (obtem-se melhores
resultados iluminando a moeda de forma a que esta reflita a luz que lhe está a incidir).

III. A ILUSÃO DE MOVIMENTO NO CINEMA


Podemos definir tecnicamente o cinema como uma sucessão de imagens numa tela, obtidas por
projeção óptica, em que se tem a sensação, pela troca rápida de imagens, de um movimento contínuo. O
instrumento utilizado para captação de imagens é a câmera cinematográfica, composta por elementos
óticos e mecânicos.

A razão pela qual esse sistema simula, ou antes, reproduz um movimento através de uma ilusão é
motivo de certa controvérsia. Tradicionalmente, a mais aceita teoria que explica a sensação de
movimento é a chamada Persistência da Retina, fenômeno pela primeira vez descrito em 1826 pelo
médico Peter Mark Roget. Este fenômeno consiste na capacidade da retina em manter por uma fração
de segundo uma imagem, mesmo depois desta haver mudado.

Embora os primeiros filmes mudos utilizassem uma velocidade de 16 ou 18 quadros/segundo, com o


surgimento do som esta velocidade teve de ser aumentada para 24 quadros/segundo, em parte para
atender às necessidades de qualidade da nova banda sonora.

Foi o físico belga Joseph-Antoine Plateau quem mediu pela primeira vez o tempo da persistência
retiniana, por volta de 1830, permitindo assim que diversos aparelhos de reprodução de imagens em
movimento pudessem ser desenvolvidos, como o Taumatropo, o Praxinoscópio, o Zootropo,
Fenaquistoscópio, além do próprio Kinetoscópio de Edison e o Cinematógrafo dos irmãos Lumière.

Outra teoria é citada por Arlindo Machado em seu livro Pré-Cinemas e Pós-Cinemas, segundo o qual
o psicólogo Max Wertheimer em 1912 descobriu um fenômeno de ordem psíquica a que ele denominou
Phi: “se dois estímulos são expostos aos olhos em diferentes posições, um após o outro e com pequenos
intervalos de tempo, os observadores percebem um único estímulo que se move da posição primeira à
segunda.”

Esta teoria não invalida a persistência retiniana e pode ser interpretada de diferentes maneiras: ou
apenas postula ser um fenômeno psíquico e não físico, ou ainda é um fenômeno complementar, cuja
sensação pode ser advinda justamente da persistência retiniana. Há autores que consideram um engano
comparar o fenômeno Phi com o da Persistência Retiniana, pois seriam duas análises, sob interpretações
diferentes, do mesmo objeto.

Ambos os casos, na verdade, não modifica em nada o fato do cinema se valer de uma falha da visão
para criar a ilusão de movimento.

O fenômeno Phi segundo as linhas da Gestalt

A síntese do movimento é explicada através de um fenômeno psíquico, e não óptico ou fisiológico


analisado por Max Wertheimer (teórico da Gestalt) e Hugo Munsterberg (não academicista) entre 1912 e
1916 e ao qual se deu o nome de fenômeno Phi. Este providencia uma ponte mental entre as figuras
expostas aos olhos permitindo ver uma série de imagens estáticas como apenas um movimento
contínuo, isto é, se duas imagens são expostas aos olhos em diferentes posições uma após a outra e com
pequenos intervalos de tempo, os observadores julgam que se trata de apenas uma imagem que se
move da primeira para a segunda posição.

Wertheimer procurou demonstrar a veracidade deste princípio através da seguinte experiência.

Ele projetou sucessivamente dois pontos luminosos em uma tela; via-se um ponto surgir imóvel na
primeira posição, desaparecer, voltar a aparecer imóvel na segunda posição, desaparecer, voltar a surgir
na primeira etc. Mas, diminuindo o tempo de exposição, entre um e outro ponto, verificou que se
passava a ver apenas um ponto que se movia de um lado a outro da tela. Diminuindo ainda mais o
tempo de exposição entre a projeção dos pontos, percebiam-se então dois pontos imóveis vistos
simultaneamente. A esse fenômeno – aparecimento de movimento quando não há movimento físico
correspondente – Wertheimer denominou phi-fenômeno (ou fi-fenômeno). A razão de ser do nome foi
evitar qualquer tipo de preconceito na explicação do fenômeno, mesmo através do nome (muitos davam
a esse fenômeno a denominavam de movimento aparente uma vez que o mesmo não ocorria no plano
físico).

Como explicar esse efeito? (…) A única possibilidade de solução foi encarar essa percepção como uma
percepção original, que não é nem uma somo, nem uma síntese de sensações, nem uma interpretação
por meio de crenças, mas apenas uma visão do movimento como tal, imediatamente dado. Essa visão
não poderia, de modo algum, ser condicionada à experiência humana anterior como movimentos
fisicamente reais, pois em termos psicológicos o movimento do tipo phi é tão real quanto qualquer
movimento físico.

IV. SÍNTESE DO MOVIMENTO

24 fotogramas por segundo (f.p.s.)

Tecnicamente, o sistema de tração de uma câmera nada mais faz do que registrar fotograficamente uma
quantidade de imagens num curto intervalo de tempo. Na captação, a troca rápida permite obter um
filme com as sucessivas partes de um movimento congeladas, e na projeção, essas partes são vistas
como um contínuo movimento. Este sistema pode variar sua velocidade de captação (e
conseqüentemente de projeção) enormemente, pois desde 1/10 de segundo de exposição, qualquer
velocidade já seria suficiente para dar impressão de movimento. Entretanto, é sabido que quanto maior
for esta velocidade (considerando iguais na captação e na projeção), melhor ficaria a qualidade do
movimento registrado, pois equivaleria a dividir em mais quadros e, portanto, mais precisamente um
movimento qualquer.

Entretanto, utilizar uma velocidade muito alta significa muito mais quantidade de filme para capturar o
mesmo tempo de um movimento, e a relação entre o custo e o benefício não justificam grandes
velocidades de captação, de maneira que o cinema mudo se utilizava de 16 a 18 fotogramas por
segundo.

A padronização dos 24 f.p.s veio com o cinema sonoro, quando da invenção do Sistema Movietone, ou
som gravado diretamente na película. Isso aconteceu porque a projeção em 16 ou 18 f.p.s sonoros
causavam grandes distorções no som, pela pouca velocidade com que a película passava no leitor óptico
do projetor. Assim, era necessário aumentar a velocidade da projeção para que o som respondesse
satisfatoriamente. Mas aumentar a velocidade de projeção exige também que se aumente o padrão de
captação, pois ambos devem rodar na mesma velocidade para simular um movimento corretamente (a
não ser que se queira câmera lenta ou câmera rápida, conforme explicado adiante).

E assim, a melhor relação custo/benefício entre a qualidade do som e o gasto com película foi
calculado em 24 f.p.s.

Velocidade de Captação

A alteração na velocidade do mecanismo grifa/obturador permite dois efeitos comuns em cinema:


Câmera Lenta e Câmera Rápida. Levando-se em conta que a velocidade padrão de projeção é 24 f.p.s,
quando filmamos a mais fotogramas por segundo, por exemplo, 48 f.p.s., estamos capturando imagens
no dobro da velocidade de projeção, e, se esta não for alterada, estamos fazendo Câmera Lenta.
Levando-se em conta esta velocidade padrão de projeção, qualquer velocidade acima dela terá como
efeito ou resultado a câmera lenta, em diferentes graus.

Em contrapartida, considerando o mesmo padrão 24 f.p.s, e filmamos a menos quadros por segundo,
como por exemplo, 12 f.p.s, temos então a metade das imagens que teríamos a 24 f.p.s, mas sendo
projetado sempre a 24 f.p.s. A isto corresponde a Câmera Rápida.

A nomenclatura em português é dada segundo a projeção, ou seja, ao vermos o movimento mais


lento, chamamos de câmera lenta. Mas em inglês, esta nomenclatura é dada segundo a captação, sendo
a indicação para câmera lenta High Speed, e câmera rápida, Low Speed, pois na câmera lenta a
velocidade de captação é maior e vice-versa.

É importante frisar que estas medidas são consideradas levando-se em conta a velocidade de
projeção 24 f.p.s., que, se for alterada, também por conseqüência os valores das câmeras lentas e
rápidas sofrerão alteração.

V. A COMPROVAÇÃO DA PERSISTÊNCIA RETINIANA POR MEIO DOS BRINQUEDOS ÓPTICOS

Mesmo sem o conhecimento técnico da persistência retiniana, os chineses desenvolveram os Jogos de


Sombras por volta de 5000 a.C. Experiências posteriores como a câmara escura e a lanterna mágica
constituem os fundamentos da ciência óptica, que torna possível a realidade cinematográfica.

Para captar e reproduzir a imagem do movimento foram construídos vários aparelhos baseados no
fenômeno da persistência retiniana, a partir da compreensão de tal fenômeno, começaram a surgir os
primeiros aparelhos de animação baseados neste princípio.

Através dos anos com o avanço dos estudos vários foram os experimentos que tentaram captar a
imagem e o movimento.

Em especial, falaremos sobre o Taumatrópio, do Praxinoscópio e do Zootropo que foram os primeiros


brinquedos ópticos construídos que permitiram a comprovação do efeito da persistência retiniana.

Taumatróscopio

Construção:

A palavra taumatrópio significa “que se transforma em algo maravilhoso”. Quando fazes girar o
taumatrópio, as duas TAUMATROPOimagens passam rapidamente à frente dos teus olhos, misturando-se
numa única imagem.

Recorta dois círculos em cartolina com um diâmetro à escolha (7,5cm, por exemplo).

Desenha agora as imagens e cola os discos de modo a que cada imagem fique numa face e invertidas.

Coloca por fim os elásticos em buracos na parte lateral.

Experimenta o efeito final do teu taumatrópio.

O Taumatróscopio trata-se de um disco com duas figuras diferentes desenhadas uma em cada lado, mas
em posições invertidas. Cada extremidade do disco possui um pedaço de fio. Quando se faz girar o disco
rapidamente sobre o fio esticado, as duas imagens parecem estar sobrepostas dando a ilusão de se
tratar apenas de uma figura. Quanto mais depressa o disco girar, maior será a ilusão criada. O
taumatrópio foi criado em 1825, pelo físico londrino, Dr. John Ayrton Paris, para demonstrar o fenômeno
de persistência retiniana.

Fenaquistoscópio

O Fenaquistoscópio consiste num disco preso pelo centro com um arame ou uma agulha grossa de
forma a poder-se fazê-lo girar rapidamente. Nas extremidades do disco, e entre as ranhuras, eram
desenhadas 16 figuras em posições diferentes, mas seqüenciais. O observador só tinha de segurar o
disco em frente a um espelho com as imagens voltadas para este. Olhando através das ranhuras e
girando o disco, as figuras adquirem movimento, era então possível obter uma seqüência de imagens
animadas.

Este aparelho foi inventado e m 1832, pelo físico belga Joseph Antoine Plateau, que se inspirou nos
trabalhos desenvolvidos por Peter Mark Roget e Michael Faraday. Plateau foi o primeiro a medir o tempo
da persistência retiniana, e a reconhecer que o olho e o cérebro necessitavam de um período de
descanso entre as imagens, e percebeu que existia um número ótimo de imagens por segundo para
produzir uma imagem animada, determinando que eram necessárias 16 imagens

Zootroscópio ou Daedalum

O Zootroscópio ou Daedalum descreve-o como sendo um cilindro oco tendo rasgadas nas bordas
superiores um certo número de fendas espaçadas regularmente uma das outras. Qualquer desenho
colocado no interior dos intervalos situados entre as fendas é visível através das fendas opostas. Se esses
desenhos reproduzem as fases sucessivas de uma ação obtém-se, fazendo girar o cilindro, o mesmo
efeito de movimento que se observa com o Fenaquistiscópio e/ou Estroboscópio, não havendo a
necessidade de colar o olho ao aparelho, já que quando gira parece transparente e várias pessoas
podem simultaneamente admirar o fenômeno.

O Daedalum foi rapidamente comercializado e passou-se a denominar de Zootroscópio. Forneciam-se


com o aparelho coleções de fitas com desenhos que se colocavam e se substituíam na face interior do
cilindro. Inventado em 1834 por William George Horner, partindo dos estudos de Simon Stampfer, trata-
se de mais um dos brinquedos ópticos que permite visionar um movimento contínuo ou em ação cíclica.

Fonte:https://precinema.wordpress.com/2009/10/28/persistencia-retiniana/

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