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Cristina Lasaitis
nº USP 3669606
São Paulo
2014
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Inicio esta dissertação afirmando que meu objetivo não é furtar-me ao tema proposto –
"fotografia: coisa que não existe" – e sim dar um enfoque materialista a esse tema de
formada pela luz que atravessam a objetiva e sensibiliza uma superfície de gravação.
eletromagnética, a luz se espalha pelo meio, não pode ser estacionada; ela viaja
obrigatoriamente pelo espaço. Desse modo, não é exagero dizer que a fotografia foi uma
invenção técnica que conseguiu cristalizar uma informação que é fugaz em sua natureza
original.
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assim, a fotografia é antes um entendimento do que uma coisa no sentido material: ela
visão. Mas se levarmos em conta as propriedades físicas, existe uma continuidade entre
fotografia apenas o registro feito a partir da luz visível (que recai no comprimento de
onda entre 400 e 700 nanômetros). Mas há também a possibilidade de optarmos por
uma definição mais abrangente ao admitir o registro de outras radiações não visíveis
da luz visível, então uma chapa de raio-x dos pulmões, o espectro de radiação
com o tempo, até alcançar um valor máximo") determina que o universo como um todo
caminha irreversivelmente para um estado de desordem. Uma das implicações dessa lei
é que nenhuma informação pode ser armazenada para sempre porque todos os suportes
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viajando pelo espaço. É por essa característica que hoje somos capazes de fotografar os
Entre os anos de 2003 e 2004 o telescópio espacial Hubble fez uma varredura de
conhecida como Hubble Ultra Deep Field (figura 1), com uma riqueza de detalhes tão
grande que foi possível detectar algumas das primeiras galáxias do universo em
Figura 1 – À esquerda, a fotografia do Hubble Ultra Deep Field apresenta mais de dez
mil galáxias com idades que variam de 700 milhões a 10 bilhões de anos após o Big
Bang. À direita, ampliações de pequenos trechos da imagem maior mostram aquelas que
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Essa fotografia histórica nos oferece uma oportunidade única de observar um
embora sua luz esteja destinada a se perpetuar pelo espaço e pelo tempo.
produção de uma imagem se deu por uma invenção recente; uma técnica que permite a
Schrödinger). O segundo feixe de fótons não passou pela pastilha nem tinha como se
comunicar com o seu par. Ainda assim, o segundo feixe sensibilizou o detector com a
imagem fantasmagórica do gato (figura 2) – um desenho que essa luz nunca "viu".
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Figura 2 – Duas imagens do experimento de Gabriela mostrando interferências
fótons entrelaçados.
da ideia de fotografia, ela desvela uma faceta da natureza que contribui para a presente
expandem os limites do mundo visível para além dos limites convencionais de tempo e
Por maior que seja sua assumida frieza, a fotografia científica não é um departamento
da atividade humana avesso a toda fruição estética, pelo contrário, ela é capaz de nos
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despertar um senso de deslumbramento, uma nítida percepção da beleza inerente a uma
Se a fotografia depende do olhar que a aprecia, talvez o mesmo possa ser dito
sobre todo o universo exterior, que apenas pode ser percebido, mensurado e significado
por uma consciência. De sua posição de lugar material, o universo inteiro fica
redefinido como um entendimento. O poder do olhar nos eleva à mais imperiosa das
missões: a de dar existência ao cosmos – como os olhos que o universo engendrou para
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Bibliografia
Lemos, G. B., Borish, V., Cole, G. D., Ramelow, S., Lapkiewicz, R., & Zeilinger, A..
Quantum Imaging with Undetected Photons. arXiv preprint arXiv:1401.4318, 2014.
[http://arxiv.org/pdf/1401.4318]