O Cinema e a Percepção Sensível: Conceitos iniciais
Cinema (do grego: κίνημα - kinema "movimento") é a técnica e a arte de fixar e de
reproduzir imagens que causam impressão de movimento, assim como a indústria que produz estas imagens. As obras cinematográficas (filmes) são produzidas através da gravação de imagens do mundo com câmeras adequadas, ou pela sua criação por meio de técnicas de animação ou efeitos visuais específicos; Os filmes são constituídos por uma série de imagens impressas em determinado suporte, alinhadas em sequência, chamadas fotogramas. Quando essas imagens são projetadas de forma rápida e sucessiva, o espectador tem a ilusão de observar movimento. A cintilação entre os fotogramas não é percebida devido a um efeito conhecido como persistência da visão: o olho humano retém uma imagem durante uma fração de segundo após a sua fonte ter saído do campo da visão (>16fps). O espectador tem assim a ilusão de movimento, devido a um efeito psicológico chamado movimento beta. Descrito por Max Wertheimer, em 1912, na obra Estudos Experimentais na Visualização do Movimento (Experimental Studies on the Seeing of Motion). Movimento beta X Movimento phi. O observador constata uma sensação de movimento no espaço e em redor das linhas: um movimento entre duas linhas, sucessivas e distintas, e NÃO um movimento contínuo do objecto como é referido no movimento beta. Surgimento do cinema: Foi possível graças à invenção da fotografia e graças ao cinematógrafo (caracteriza-se por ser um aparelho híbrido, associando as funções de máquina de filmar, de revelação de película e de projecção) , inventado pelos Irmãos Lumière no fim do século XIX. Em 28 de Dezembro de 1895, no salão Grand Café, em Paris, esses dois irmãos realizaram a primeira exibição pública e paga da arte do cinema: uma série de dez filmes, com duração de 40 a 50 segundos cada (os primeiros rolos de película tinham apenas quinze metros de comprimento). Os filmes até hoje mais conhecidos desta primeira sessão chamavam-se "A saída dos operários da Fábrica Lumière" e "A chegada do trem à Estação Ciotat", cujos títulos exprimem bem o seu conteúdo. Segundo Aristóteles, a Percepção Sensível ou sensação (em grego, aísthesis) é um modo de contato e de conhecimento da realidade por meio dos cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato. Esse conceito durante a apresentação vai está relacionado com o conceito de sensibilidade, compreendida como a capacidade perceptiva sensorial referente às emoções, sentimentos ou mesmo às sensações físicas. Todos os seres humanos são dotados com diferentes níveis de sensibilidade.
O Cinema e a Percepção Sensível: Introdução
Agora, após a compreensão desses conceitos daremos continuidade a apresentação
tendo como base o artigo do Tiago Penna, intitulado “O Cinema e a Percepção Sensível” baseado na obra de Walter Benjamin “A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica” (1935). Para Benjamin, uma das funções sociais do cinema é a de oferecer um equilíbrio entre o homem e o aparelho. O novo ambiente social das grandes cidades modernas, crucialmente afetado pelas técnicas, modificara os costumes e a sensibilidade humana. No entanto, esta mesma implementação técnica pode prover aos espectadores do cinema uma forma terapêutica contra possíveis distúrbios psíquicos, ao mesmo tempo que nos oferece um exercício para nossa percepção do mundo social que nos cerca; de sorte que o cinema exerce um papel terapêutico e didático em seus espectadores. O cinema, devido à sua própria essência (audiovisual), permite uma ampliação da percepção sensível, que irá revelar aspectos da realidade até então desconhecidos para o homem, ou seja, promove um aumento do conhecimento humano. Além disso, como o cinema se embasa no avanço das técnicas ele funciona como um exercício terapêutico para a população se acostumar e melhor apreender as modificações de seu próprio meio social cotidiano, também afetado pelos avanços das tecnologias. Hansen (1999) diz que o esforço de Benjamin foi o de compreender o impacto que o ambiente alterado industrialmente tem sobre a sensibilidade humana, e sobre a reestruturação da subjetividade e da coletividade na época moderna; Benjamin critica as formas de arte pós-auráticas (sem autenticidade), mas relata que pelo fato da imagem cinematográfica (assim como a fotográfica), ser considerada como constituinte da memória voluntária seria possível uma “reauratização” das obras de arte. Essa possibilidade do retorno da criação de obras autênticas se dá pelo fato do cinema permitir ao espectador um acesso genuíno ao passado por meio das imagens e sons exibidos, possibilitando que a subjetividade desse espectador auxilie na ressignificação das mesmas obras. Ora, relembrando de um passado menos sofrido, ora fantasiando um futuro melhor, para fugir do sofrimento do presente. Além de oferecer um escape para o presente de sofrimento, o cinema, por meio de desenhos animados e filmes burlescos, possibilita uma catarse das fantasias violentas e sadomasoquistas da população, que poderiam desembocar em atitudes agressivas ou em uma guerra.