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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA

LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA

DERYCK BRENNO DOS SANTOS MARTINS

Movimento Punk: Por uma Breve História nos Subúrbios de Belém


(1982 A 1990)

Belém - PA
2019
DERYCK BRENNO DOS SANTOS MARTINS

Movimento Punk: Por uma Breve História nos Subúrbios de Belém


(1982 A 1990)

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC – em


Licenciatura plena em História pela Universidade da
Amazônia – Unama – para conseguir o título de
licenciatura plena em história.
Orientadora Profa. Dra. Maíra Oliveira Maia

Belém - PA
2019
DERYCK BRENNO DOS SANTOS MARTINS

Movimento Punk: Por uma Breve história nos Subúrbios de Belém


(1982 A 1990)

Texto apresentado à Universidade da Amazônia


– UNAMA – como requisito para defesa da
Licenciatura plena em História.

Defendido em: ___/___/___

______________________________________________
Profa. Dra. Maíra Oliveira Maia – UNAMA
Orientadora

______________________________________________
Profa. Dra. – Edivânia Santos Alves
IEMCI / UFPA
RESUMO

O Presente trabalho procura mostrar o movimento Punk em Belém do Pará, por meio de sua
cultura, como produções músicas, encontros e atos políticos, observando questões sociais
dos jovens que participação do movimento durante os anos de 1980 e início dos anos 1990.
Desde as trocas de experiências nos bairros periféricos e no centro da cidade; o tratamento
das autoridades com relação ao movimento; a forma como eram vistos pelos meios sociais; e
os seus modos de comportamentos. Optamos pelo método de pesquisas Entrevista de três
pessoas que participaram do movimento durante 1982 a 1990. Usando comparativos de
fontes entre a História Oral e jornais da época, como "O Liberal", "A Província do Pará" e "O
Diário do Pará", todos disponíveis no Centur. Imagens, como convites, cartazes de eventos e
fotos pessoais. E o uso das músicas produzidas pelo Punk's nesses comparativos de fontes
nas perspectivas de Napolitano (2005), para melhor compreensão desse universo que é o
movimento Punk experienciado por algumas pessoas na capital paraense.

Palavras Chaves: Movimento Punk, Cultura Punk, Punk Rock, Subúrbio, Belém do Pará.

ABSTRACT

The present work seeks to show the Punk movement in Belem of Pará, through its culture,
such as music productions, meetings and political acts, observing social issues of young
people who participated in the movement during the 1980’s and early 1990’s. exchanges of
experiences in outlying neighborhoods and downtown; the authorities' treatment of the
movement; the way they were seen by social media; and their modes of behavior. We chose
the research method Interview of three people who participated in the movement from 1982 to
1990. Using comparative sources between Oral History and newspapers of the time, such as
"O Liberal", "A Província do Pará" and "O Diário do Pará", all available on Centur. Images such
as invitations, event posters, and personal photos. And the use of songs produced by Punk's
in these comparisons of sources in the perspectives of Napolitano (2005), for a better
understanding of this universe that is the Punk movement experienced by some people in the
capital of Pará.

Keywords: Punk Movement, Punk Culture, Punk Rock, suburb, Belem of Pará.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 6
2 DOS PRIMÓRDIOS EM NOVA IORQUE E LONDRES AO BRASIL ................... 9
3 O PUNK CHEGA À “CIDADE DAS MANGUEIRAS” – BELÉM DO PARÁ ...... 11
4 AS PERSPECTIVAS DO PUNK EM BELÉM E OS LOCAIS DE ENCONTRO
(SEGUNDA METADE DA DÉCADA DE 1980)......................................................... 15
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 24
6 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 25
7 APÊNDICES ....................................................................................................... 28
6

1 INTRODUÇÃO

Eu me aproximei do pequeno núcleo que já existia em Icoaraci (distrito de


Belém) desde, acho que 82 ou 83, que era um pessoal do “Insolência
Públika”, mais um pessoal do “Efeitos Colaterais”. Então este pessoal, não
sei como, conseguiu informações sobre o movimento punk, mas tinha um
contato certo, tinham um contato da galera que fazia o movimento em São
Paulo, na Bahia, na época tudo era por carta. Jayme Katarro1.

A fala de Jayme Katarro sobre ao início do movimento punk em Belém do


Pará, afirma a existência de uma interação com os punk’s do país, mostrando um
canal de comunicação por meio de correspondências postais com iniciativa em
Icoaraci, um Distrito de periferia de Belém (OLIVEIRA, 2018), mostrando que os
integrantes do movimento pertencem a famílias oriundas das camadas populares da
cidade.
A partir desta informação, pretende-se mostrar uma história do movimento
Punk em Belém no decorrer da década de 1980 do século passado; explorando a
frente teórico-metodológica da “História Vista de Baixo”, por se tratar de um
movimento social, mas da reconstrução da experiência dos Punk’s.
Segundo Alberti, a construção das perspectivas sobre a “História Oral” e a de
“baixo”, ocorre pela incapacidade desses grupos de escreverem sobre si mesmo, pois
um dos argumentos é o da falta de importância para o movimento aqui estudado, que
é o preconceito em relação a eles (ALBERTI, 2008); portanto, por intermédio deste
trabalho de pesquisa pretende-se demonstrar como se dão as experiências e as
resistências presentes no movimento na capital paraense dentro das perspectivas de
Thompson (1998) que expressa mais formas de resistências reveladas no lema Punk
“Faça você mesmo” como ação política presente no anarquismo, ideologia defendida
pelos Punk’s de Belém.
Um dos motivos que nos levou a escolha do tema diz respeito à escassez
dessa temática em Belém no campo da História em detrimento das produções na
sociologia, na antropologia e na comunicação social.

A [...] investigação de aspectos do movimento punk do ponto de vista


historiográfico caminha na direção de encontrar parâmetros para este tipo de
abordagem, isto é, buscar as formas possíveis de interpretação do tempo
pelo historiador quando lida com o presente. Mais do que isso, fazer emergir
as noções do tempo que o próprio objeto de análise insinua a interpretação
e, demonstrar, então, a capacidade para uma escrita da história nestes

1 Jayme Katarro em entrevista concedida ao portal Consciência HC em meados de 2009.


http://conscienciahc.blogspot.com.br/2009/01/os-deliquentes-sao-de-85-que-foi-uma.html.
7

moldes, que se aproxime da sociologia, da antropologia, sem perda de


características distintivas que representem a sua particularidade no todo das
ciências do homem (GALLO, 2008, p. 738).

Embora em Belém haja pesquisas do movimento Punk em musicologia, feitos


por Keila Monteiro (2019ab); em Geografia, na dissertação de mestrado de Benison
Oliveira (2018); na moda, conduzida por Kedma Lima de Castro, Jetur Lima de Castro,
Alessandra Nunes de Oliveira (2015), ainda é considerada diminuta dada a
importância da temática.
Analisando o movimento Punk na esfera social de Belém, surgem questões
relevantes a serem investigadas como: a chegada do Punk em Belém, a forma de
comunicação dos demais Punk das outras regiões; a criação da identidade Punk na
cidade; a maneira como foi enxergado o Punk no meio social da cidade; as relações
com os demais movimentos, tais como os headbarguer’s2 que muitas vezes dividem
o mesmo espaço e evento para a sociabilidade de seus integrantes e de suas
manifestações políticas na cidade; o tratamento das autoridades com relação ao
movimento; e a colaboração da problemática para a historiografia da região.
A gente se dava bem nesse período, a gente ia no show de metal, a galera
do metal ia no show dos Punk’s. Com pouquíssimas excessos, a galera,
nunca chegou a ter um atrito entre os Punk’s e o metal, de maneira forte.
Acho que tanto nos anos 80 como nos anos 90 e posteriormente assim, se
davam bem, não houve esses atritos (KATARRO, 2015).

Como os membros do movimento Punk são em sua maioria suburbanos e se


veem como integrantes de um movimento também do subúrbio, são capazes de fazer
com que grupo apresente um novo estilo todo seu, e mais do que isso, que os seus
componentes se vejam enquanto um grupo diferente de outros (WILLIAMS, 1999).
Utilizamos então, a “história e movimento” punk cujos temas-chave são “a
construção de identidades coletivas e a problemática da agência social” (MATTOS,
2012) e a “história visto de baixo”; como citado, seus integrantes normalmente são,
com excessões advindos de culturais populares. Os métodos a serem adotados são
a história oral, com entrevistas de pessoas ligadas ao movimento Punk no recorte
temporal.

O trabalho com História oral tem um alto grau de imponderabilidade nem


todas as entrevistas “rendem” o que se poderia esperar, do mesmo modo que
nem todos os documentos de um arquivo textual são suficientemente
“prolixos” em relação ao passado (ALBERTI, 2008, p. 172).

2Headbarguer é o movimento que escuta música pesado como Heavy Metal, Death Thrash Metal e
outros gêneros da cultura do metal.
8

Nesses depoimentos, há alguns lapsos de memória dos entrevistados comuns


nesse tipo de instrumento, no entanto, ao longo do trabalho vamos completando esses
equívocos por meio do cruzamento com outros tipos de fontes.
A análise dos acontecimentos, situações e cacoetes linguísticos, também são
comparados com outras fontes (jornais, fanzines e cartazes de eventos produzidos na
época) a fim de representar o mais próximo possível da realidade desse movimento
(ALBERTI, 2008).
O corpus documental será composto por periódicos de grande circulação em
Belém tais jornais como o “A Província do Pará”, “O Diário do Pará” e o “O Liberal”,
periódicos; é por intermédio deles que são refletidas as realidades político-sociais,
porém é necessário um cuidado e acuidade com essas fontes uma vez que podem
ser tendenciosas (LUCA, 2008). Como é um instrumento de manipulação de
interesses por meio das classes dominantes sobre as demais camadas sociais
subordinadas, levando isso em consideração, mostraremos como a impressão
paraense via o movimento Punk na capital do Pará e os impactos que causava na
sociedade belenense; mais precisamente serão usados para demostrar os eventos de
Rock que ocorriam na cidade.
É importante nos lembrarmos da reflexão de Roberto Camargo de Oliveira
(2011)3 sobre a música Punk ao afirmar que o seu surgimento ocorreu em forma de
protesto contra os modelos musicais sofisticados do rock. Sendo assim, as suas letras
e melodias têm um sentido sócio-político presente em protesto contra o sistema
sociopolítico vigente, além de crítica ao cotidiano vivenciado na capital paraense.
Há também a possibilidade de o Punk convergir para uma perspectiva de
conjuntos de possibilidades metodológicas para as fontes, como música pautada por
uma abordagem enfatizando as estéticas musicais da fonte não escrita
(NAPOLITANO, 2005), ou seja, a parte instrumental, mostrando as necessidades de
articular a linguagem técnico-estética das fontes auditivas, seus códigos internos de
funcionamento e as representações das realidades históricas ou sociais nelas
contidas, sendo assim o seu conteúdo narrativo propriamente dito.
Seguindo essa linha de abordagem e dado o surgimento desse estilo, o Punk
surgiu então num momento em que a extrema complexidade e execução fazia do Rock

3Fala sobre no Artigo Do Punk ao Hardcore: elementos para uma história da música popular no Brasil.
Temporalidades. Revista Discente do Programa do Programa de Pós-graduação em História da UFMG,
3. v. n. 1. Janeiro/Julho de 2011, p. 127-140.
9

uma obra de muitos anos de trabalhos (...) e muito dinheiro para comprar os mais
sofisticados equipamentos” (CAIAFA, 1985, p. 9).
Isso mostra uma mudança na estética musical promovida pelo Punk, deixando
de ser algo caro e difícil de ser executado para representar algo simples, marcado
principalmente pela percussão mais presente, vocais extremamente agressivas,
guitarras sujas4 e com poucos acordes presentes nas canções, o que os tornaram
diferenciados de outras bandas de Rock.

2 DOS PRIMÓRDIOS EM NOVA IORQUE E LONDRES AO BRASIL

O movimento o Punk nasce em um contexto em que o Rock estava tomado


pelo progressivo5 (CAIAFA, 1985), pela complexidade presente na música de um
modo geral naquele momento, o Rock tinha se tornado mais difícil de ser executado,
mais longo e mais carente de tempo de ensaios e preparo para poder executá-lo.
Além disso, o mundo passava por um momento conturbado com a crescente
desigualdade social que afligia os Estados Unidos da América, a Inglaterra e o Brasil;
isso se dava, principalmente pela crise do petróleo, pelo alto índice de inflação e pelo
aumento do desemprego; esses fatores favoreceram o surgimento do movimento
Punk nesses países como forma de repúdio, de protesto e da voz dos menos
favorecidos.
Esses contextos sociais, econômicos, políticos, culturais e geográficos, que
eclodiu nas regiões periféricas das grandes cidades, desencadearam no movimento
Punk nas entranhas do Rock, contribuindo também para o seu desenvolvimento;
embora essa versão seja aceita por todos, há algumas divergências quanto à sua
origem.

Parte considerável dos livros que tratam do assunto elege o ano de 1976
como marco temporal de seu surgimento e a Inglaterra como o lugar das
primeiras manifestações do fenômeno cultural punk; outros, entretanto,
consideram que ele se originou entre o final da década de 1960 e o início dos
anos 1970 nos Estados Unidos (OLIVEIRA, 2011, p. 129).

Assim, o bom número de pesquisadores acredita que entre o final de 1960 e o


início de 1970, já havia um pequeno movimento underground em Nova Iorque com as

4Guitarras sujas é o termo utilizado para os efeitos de distorções mais pesados.


5Progressivo, diminutivo de Rock Progressivo, que é um estilo do Rock que surge no fim dos anos de
1960 na Inglaterra.
10

características do movimento por meio de musicais praticados por roqueiros que


prestigiavam as bandas como Small Face, Velvet Underground, The Stooger e MC5,
as chamadas bandas do Proto-Punk norte-americanas.
Esses grupos não pertenciam a “elite” do Rock, possuíam baixa popularidade
e se apresentavam em espaços de pouco prestígio, mas a temática e a natureza dos
eventos realizados por esses jovens, assim como o Rock, aproximavam o mundo da
cultura ao mundo político.

O punk podia falar com uma verdade inédita sobre o amor adolescente, sobre
o desemprego, sobre os problemas sociais e sobre a estupidez das regras
estabelecidas sem repetir clichês dos discursos políticos, ou seja, sem ter
como parâmetro positivo o amor livre, a sociedade alternativa, a revolução ou
o socialismo (ORTELLADO, 2005apud OLIVEIRA, 2011, p. 131).

São notórias as características descritas, o que nos remete a como é construída


a identidade Punk entre os jovens, mostrando na sua linguagem os problemas e
normativas sociais no contexto ao qual estão inseridos. Dessa forma, foram criados
alguns climas de tensões no sentido estético com ideologia própria de uma área de
disputa que perpassa não somente nas transformações específicas do Rock, contudo
da música popular como um todo.
No Brasil, alguns tens visto o Punk brasileiro como uma forma de contestação
da MPB, gênero musical que estava em alta nos anos de 1970 e 1980 (OLIVEIRA,
2011; OLIVEIRA, 2018).

O som é muito simples, e muito rápido. Basicamente percussivo, com vocal


violento. Contra a complicação do “rock progressivo” que se fazia na época,
o punk rock é o uso imediato do instrumento. Produzir intensidade e lançar
um desafio – essa a contundência do punk – e fazer isso com o mínimo. O
punk surgiu então num momento em que a extrema complexidade de
elaboração e execução fazia do rock uma obra de muitos anos de trabalho
(as etapas de progresso e maturação) e muito dinheiro para comprar os mais
sofisticados equipamentos. E enquanto as estrelas do rock privavam com os
reis (é quando o rock perde toda sua força de contestação, sua estranheza),
Jonnhy Rotten [da banda punk rocker Sex Pistols] aparece com os dentes
estragados (e seu vulto frágil) – uma atuação que contaria com essas
desvantagens para agir (CAIAFA, 1985, p. 9)

Observa-se que não apenas a ruptura do modelo musical vigente, mas uma
mudança de postura dos integrantes das bandas Punk como no caso do vocalista da
banda inglesa Sex Pistols que durante um show mostra os seus dentes estragados,
fato que nunca havia sido visto antes.
Essas são maneiras de mostrar uma nova identidade, fazer as pessoas
entenderem que os Punk’s são de origem operarias, garotos pobres, geralmente vindo
11

dos subúrbios e anônimos; logo foram “criados” para ficarem calados e alheios às
mazelas que os rodeava, mas o movimento deu voz a esse grupo que nunca mais
emudeceu.
As primeiras bandas do gênero eram mais despojadas e apresentavam uma
letra de denúncia mais hostil e invasiva, eram também mais ativos e havia uma
interação maior com a plateia nos momentos das apresentações (CAIAFA, 1985),
herança deixada às futuras gerações Punk e que as influenciaram e serviram de
referências, Proto-Punk.
A exemplo desses referenciais, temos um dos primeiros álbuns lançados em
1976 pela banda norte-americana The Ramones, fundada dois anos antes; e o álbum
Hey Ho! Let’s, lançado em 23 de abril pelo quarteto nova-iorquinos, considerado como
um dos marcos do surgimento do gênero em que mostra todas as influências das
bandas dos anos de 1960 até o início dos anos 1970– os antecessores do Proto-Punk.
Com toda essa revolução no meio musical da época, houve um processo de
aceleração na expansão do Punk.
Após uma apresentação da banda New York Doll (formada em 1971, ainda
antes do Punk, mas que já incorporava elementos estéticos e que foram
pioneiros estadunidenses no gênero) em Londres, o empresário Malcolm
McLaren, então dono de uma loja de roupas e acessórios o qual virou
ponto de encontro dos jovens Punk’s na capital inglesa, viajou junto com
a banda norte-americana para Nova Iorque e lá chegando fez uma
“pesquisa” sobre a cultura juvenil estadunidense. Com o seu regresso ao
seu país nativo, iniciou um investimento e empresariou o Sex Pistols,
percussores do gênero na capital do Reino Unido e onde teve um rápido
reconhecimento mundial (OLIVEIRA, 2018, p. 62-73).

Não demorou muito para o movimento Punk fazer um voo de Nova Iorque,
com conexão em Londres, até desembarcar no Brasil onde encontrou um solo fértil
para suas manifestações de repúdio ao cenário social em voga.

3 O PUNK CHEGA À “CIDADE DAS MANGUEIRAS” – BELÉM DO PARÁ

Os primeiros registros que se têm do movimento Punk na capital paraense


são os da Banda The Pobre, que posteriormente passou a se chamar Insolência
Públika, em um show onde ocorreu o lançamento do Disco da Banda Stress, com o
nome do álbum homônimo da banda, em novembro de 1982.
Essa banda Punk paraense aparece como a primeira do movimento nos
trabalhos do Oliveira (2018); e na monografia de Bernard Arthur Silva e Silva (2010)
12

pela Universidade Federal do Pará denominada “Metal City”: Apontamentos sobre a


História do Heavy Metal produzido no Pará (1982-1993).
Mesmo não havendo um movimento propriamente dito na capital, já ocorriam
eventos em meados dos anos 70 em Belém com características do Punk embora não
apresentavam sua indumentária do Punk (SILVA, 2010).

Figura 1: Convite para festa Baile de Rock na Casa do Geraldo

Fonte: Acervo Rede Social de Marcio Kalango6.

No convite (Figura 1), é requisitado que os convidados comparecessem ao


evento trajando indumentária Punk Rock (ou outros também loucos), símbolo da
cultura juvenil da época (SILVA, 2010) que revela a rebeldia desse movimento. Na
legenda da foto na rede social, Marcio Kalango expressa que a festa de Rock é na
casa do Geraldo, ainda continua falando que era comum cada um levar seu disco para
tocar durante toda noite (SILVA, 2010).
Segundo Silva (2010), nos anos 60 e 70, as bandas que tocavam: Kiss, Led
Zeppellin, AC/DC, etc., ainda não possuíam um estilo ou movimento propriamente
dito; assim o Punk Rock e Heavy Metal eram taxados de Rock Pesado ou Pauleira,
só mais tarde foram designados com seus próprios estilos.

A origem da Insolência Públika pode ser atribuída a uma tarde remota, entre
os anos de 79 e 80. Foi o período em que Regi, dois anos mais novo que o
irmão Beto, abandonou progressivamente o gosto pela discoteca e embarcou
na viagem do irmão. (...) na tal tarde remota, Beto chegou em casa com uma
fita repleta de algumas joias. Entre elas, Sex Pistol, Janis Joplin, Jimi Hendrix,
Ramones, tudo suavemente misturado. Regi achou o som mais visceral‖,
como definia John Lennon, do que a discoteca que ouvia sem compromisso
algum (MACHADO, 2004. p. 60).

6 Marcio Kalango era frequentador de eventos e produtor de Fanzine em Belém sobre Rock, agora
reside em São Luís/MA. Autorizou a retirada de conteúdos presentes na sua rede social “Facebook”.
13

Seu surgimento ocorreu no conjunto habitacional da COHAB em Icoaraci, um


Distrito de periferia de Belém.

O pessoal da Insolência Públika morava na Cohab, (...) era quase como se


fosse assim, o subúrbio de Icoaraci, o subúrbio do subúrbio, pra chegar na
casa deles, a gente descia do ônibus, o ônibus não entrava (...) a gente
andava assim, quase um quilômetro pra chegar na casa deles (KATARRO,
2015).

O relato confirma que o Punk emerge em locais mais afastados do centro da


cidade e cujos membros são oriundos de classes populares que mantém essência do
estilo musical e a irreverência do movimento conforme atestamos no próprio nome da
Banda The Podres, o que demostra um caráter de protesto e de resistência ao sistema
(CAIAFA, 1985).
O integrante e fundador da banda The Podres, Regis “Insolente”, fala sobre
como foi seu comportamento no palco durante o show no estádio da Curuzu em
Belém, em novembro de 1982, indica uma singularidade com os Punk’s ingleses.

Peguei mamão, tomate, banana, essas coisas estragadas que tem na fruteira
e o Beto fez um monte de ratinhos de palha de aço e eu levei lixo [...] coloquei
perto da bateria e quando começou a tocar o Beto já pegou rato, jogando rato
na galera, fazendo a maior onda. quando ia terminando a música eu peguei
o saco de lixo, fui lá pra beira do palco, meti a mão e comecei a jogar na
galera, estava lotado, pegava na cara da galera e não tinha nem como sair,
desviar, saco de lixo pra tudo que foi lado, banana na cara da galera...quando
a gente viu, começou a voltar tudo isso que nós tínhamos jogado, junto com
grama (INSOLENTE, 2016).

Ainda com relação ao fatídico show em 1982, esse comportamento ocorreu


em decorrência de a banda ter apenas uma música para tocar, jogaram com o intuito
de que gerasse uma confusão e assim poderiam acabar sua apresentação mais
precocemente (OLIVEIRA, 2018).
Tal comportamento, tipo do movimento, segundo Caiafa (1985), é uma
demonstração de que já havia uma troca de informações com movimento de outros
lugares do Brasil e de outros lugares, que de acordo com a perspectiva de Thompson
na ótica de Hebes Mattos (2012), a identidade cultural é adquirida por meio das trocas
de experiências e por um processo histórico.
Seguindo essa linha de análise, o Punk já demostrava traços de uma
politização, presente em suas músicas no cotidiano, com postura política mais crítica
e alinhada com a esquerda ou anarquismo, eles também participaram de atos
públicos, como a passeata pela meia-passagem estudantil, atos políticos, ocupações
14

etc., e uma aproximação com outros movimentos sociais em Belém (OLIVEIRA,


2018).
Stress, o grupo paraense de rock, lança no próximo dia 13, às 21 horas no
estádio do Paissandu o seu primeiro LP. O encontro promovido pelo grupo
acontecerá em meio a um encontro de músicos e coreógrafos, reunindo,
cerca de cinqüenta pessoas ligadas ao meio artístico da terra, entre as quais
Alberi, La Bamba, Babi, Príncipe, Alfredo Reis, Elias, Rafael Lima, a
Camerata Paraense, Abiata, os grupos Power, Apocalipse, The Podres,
X.P.T.O.; Sabino e Antônio Rodrigues. Além da música, haverá um desfile de
modas, demonstração coreográfica e, no final, um show do próprio Stress.
[...] O Stress foi o primeiro grupo a tocar rock pesado no Pará, já tendo
executado músicas de todos os gêneros de rock, evoluindo para o som mais
puro do Heavy Metal, o estilo dos grandes grupos ingleses (O LIBERAL,
1982, p. 29).

A matéria jornalística mostra a construção de uma cena do Rock paraense em


formação, na época ele foi chamado de Rock Pauleira (SILVA, 2010), e a
grandiosidade do evento com apresentações artísticas de outras áreas, como um
grupo de dança. Esse evento aconteceu no Estádio do Paysandu Sport Clube
“Leônidas Sodré de Castro” (mais conhecido como Estádio da Curuzu) no dia 13 de
novembro de 1982 e ficou marcado como o primeiro show e disco de Heavy Metal do
Brasil (SILVA, 2010), iniciando o movimento Punk no Pará.
No cenário político, nesse mesmo ano, o Brasil passava por um processo de
redemocratização lento e irrestrito; aqui no Pará, é eleito governador do Estado, Jader
Fontenelle Barbalho que fez oposição ao regime civil-militar que se instaurou no Brasil
desde 1964 e, com isso, há uma crescente fragmentação da posição e de vários
partidos ajudando no processo de redemocratização (FONTES, 2012).
Em relato, o vocalista da Stress, Roosevelt “Bala” discorre que as escolhas
das bandas se dar pelo som pesado que elas apresentavam e em meio a essas
escolhas estava presente a The Podres, como veremos num trecho retirado do
trabalho de Silva, em “Bala” fala “Já tinha banda como o Kronos, o Apocalipse, The
Podres. E esse foi um evento que levou uma multidão pra lá. A gente conseguiu
realmente botar muita gente naquele estádio” (SILVA, 2010)7.
Vale ressaltar que no referido momento ainda não havia uma identidade Punk
ou movimento propriamente dito, as manifestações estavam limitadas ao pessoal da

7Entrevista concedida por Roosevelt “Bala” Cavalcante a SILVA, Bernard Arthur Silva da, em outubro
de 2008. Presente em sua monografia pela Universidade Federal do Pará denominada “Metal City”:
Apontamentos sobre a História do Heavy Metal produzido no Pará (1982-1993)
15

banda; “era algo muito restrito ao pessoal do Insolência Públika8 e a alguns amigos”
(KATARRO, 2015).
Foi dessa forma que o Punk chegou até a “Cidade das Mangueiras” e
desenvolveu em Belém na segunda metade da década de 1980.

4 AS PERSPECTIVAS DO PUNK EM BELÉM E OS LOCAIS DE ENCONTRO


(SEGUNDA METADE DA DÉCADA DE 1980)

Na segunda metade de 1980, há uma eclosão do rock em âmbito nacional


após a realização do Rock In Rio em 1985 com as apresentações de bandas
consagradas mundialmente como: Kiss, Queen, Iron Maiden, Scorpions, etc. Além das
atrações internacionais, houve show das bandas nacionais como: Os Paralamas do
Sucesso, Barão Vermelho e Titãs.
Com o sucesso do evento, o Rock toma novo fôlego dando início a uma
crescente desse gênero musical no Brasil; com o fim de Ditadura Militar, houve maior
liberdade, intensificando-se ainda mais com a grave crise econômica que assolou o
país. Com a chegada da Década Perdida, como ficou conhecida, a alta da inflação e
a geração de maior desigualdade social, o Rock encontra um solo fértil para expressar
sua “rebeldia” com arte.
Belém também enfrentava os mesmos problemas esboçados nas letras das
músicas das diversas bandas do Punk rock paraense, tais como as da Banda
Resistência Suburbana que inicialmente se chamava Consciência Pesada e foi
fundada no final do ano de 1984. Esses dois nomes constituem a identidade Punk, já
com caráter de contestação.

A negligência desse Poder / Deixa o povo nas ruas sem saber o que fazer /
Jamais pensei que um dia / Chegaria a esta triste situação / A classe maioria
suburbana / Explorada por um sistema de ladrão / Ôoeo, Suburbana/ Não dá
pra sairmos às ruas / Em atos de manifestação/ Em todas as esquinas da
cidade / A polícia tá baixando a repressão/ Ôoeo, Suburbana/ Só que um dia
eles vão ver a resistência tomando esse poder/ Mas um dia eles vão ver a
suburbana botando pra fuder / Ôoeo, Suburbana” (RESISTÊNCIA URBANA,
1985)9.

É interessante observar também como a polícia atuava nesse contexto


histórico, “A polícia tá baixando a repressão” e a forma como os músicos expressavam

8 É importante lembrar que a banda The Pobres inicialmente se chamava Insolência Públika e era
liderada pelos irmãos Regis e Beto Insolente.
9 Canção “Suburbana” com letra de José "Mata-gato" Gomes e Cláudio Afonso, composta em 1985.
16

sua indignação tanto usavam termos “fortes” para externar o que sentiam, dizendo
que “um dia eles vão ver a resistência tomando o poder, mas um dia eles vão ver a
suburbana botando pra fuder”.
Durante esse período, surgem diversas bandas como: Nó Cego, Deliquentes,
Baby Loyds, Resistência Suburbana, etc. Eles foram tomando corpo sobretudo nas
periferias do bairro do Marco, onde estava a “República dos Camarões” na Perimetral.

(...)eu acho que porque a maioria da galera que frequentava ali, era a galera
que morava na região, sabe? até a galera fala que o bairro do Marco era o
bairro Punk e tal. As bandas, tinha o “Insolência”, de outros bairros, as bandas
eram tudo ali, até a banda “Deliquentes” foi formada ali, basicamente, no
Marco (RIBEIRO, 2019).

O movimento começa a ganhar mais forma com a parte artística, normalmente


encontrando para ensaios musicais das bandas e ouvir músicas. Nesse contexto,
como a maioria eram adolescentes, com integrantes com média de 13 anos, como no
caso da formação da Banda Baby Loyds (seus fundadores tinham de 13 e 14 anos,
no caso Gerson Costa e Jonas), era muito comum observar a cultura juvenil presente.

Desde os anos 70 atuante, o punk conta com 30 anos de existência e, se


inicialmente foi incluído na categoria de movimento de juventude, hoje em dia
já seria arriscado enquadrá-lo neste perfil, uma vez que entre os primeiros
ativistas muitos permanecem ligados, senão ao movimento, pelo menos a
uma ética punk. (GALLO, 2008, p. 755).

E ainda reafirma em outro trabalho em 2010 que

[...] o uso da categoria juventude a análise do objeto permanece circunscrita


as relações de jovens entre si, bem como se voltam para o foco das
identidades como problema antropológico. A meu ver tudo isto impediu que
se notasse a presença dos punks no Brasil na sua atuação contra a ditadura
e na relação com as demais forças oponentes ao regime. O problema da
identidade focado na música, no visual, etc, despolitiza o punk se
enxergamos estas expressões desvinculadas das ações sociais que
promovem e de um modo de vida que acompanha a estética. A
supervalorização do contexto de caráter econômico sem os nexos
necessários com o social e com a cultura acarretou uma incapacidade para
uma visão mais histórica e antropológica o que por sua vez resultou na
explicação da juventude como transgressão, delinquência ou desviante.
Quando não, o punk nada mais seria do que uma resposta à crise, perdendo-
se nisto toda sua dimensão viva e criativa. Dentro de tais parâmetros nos
parece muito difícil avançar. O direcionamento do nosso problema para um
contexto e uma cronologia definidos abre os horizontes para novas
conceituações que ultrapassem as definições para o tema da juventude
ancoradas meramente nas explicações de cunho fisiológico, psicologizante
ou mesmo ideológico, no sentido negativo do termo (GALLO, 2010, p. 310-
311).
17

Assim, percebemos que esses jovens paraenses têm uma identidade em


comum, denunciar o seu dia a dia, realizando assim encontros periódicos na casa dos
integrantes do movimento, necessitando ser bastante ativo na causa Punk, botando
em prática o lema “faça você mesmo”, aquele que não fosse ativo era rejeitando pelo
grupo e ignorado como Punk.

(...)Tinha a questão que é muito importante, que era a consciência política,


que nós nos reuníamos, fazíamos reuniões (...) nós fazíamos atos shows, e
é acho que fazia parte da composição do cenário Punk da época, né? Quem
não participava, não era do meio (KATARRO, 2015).

Outro ponto interessante é como eles se organizavam para a realização de


ensaios das bandas; naquela época não havia estúdios para ensaios, os instrumentos
eram escassos por serem muito caros; assim, no mesmo espaço ensaiam o pessoal
do Heavy Metal e o do Punk.

Eu lembro que nós juntamos o pessoal do, os punks, que tinham um material
de amplificação boa, aí, bom não. Não era nem razoável, era péssimo, mas
era bem melhor do que o nosso. E lá no Chaco, na Pedreira, no Chaco lá,
atrás da casa da minha avó, que ela alugava uns quartos lá e tinha um que
tava vago e nós fizemos tipo um estúdio lá. E eu me lembro, que nesse tempo,
pintou por lá a célula dos Delinquentes, do Jayme e mais um pessoal que eu
não me lembro bem. Foi ensaiar lá também Baby Loyds, Baby Loyds ensaiou
lá com a gente. É, e outras bandas punk e, um pessoal que eu nem lembro
agora de que banda era, mas se eu não me engano era o pessoal que tinha,
mas não tinha nem o nome da banda (SILVA, 2009, p. 151-152).

Nota-se que há uma rede de solidariedade para que pudessem ensaiar; o


pessoal do movimento Punk detinha um bom equipamento sonoro e como fala
Sandro-k “Ai os moleques pegam a vaga (...) a galera para de ensaiar, pegava os
instrumentos e começava a tocar” (RIBEIRO, 2019), havendo também o
compartilhamento de instrumentos musicais.
Na segunda metade da década, a banda Insolência Públika tem uma música
tocando nas rádios de Belém, isso faz que comecem a aparecer convites para tocar
em eventos além dos promovidos por alunos de um colégio de elite de Belém e
divulgado por um grande veículo de telecomunicação da capital (Figura 2).

O grupo de Voleibol do Colégio Nazaré, tendo à frente Afonso Rezende,


promove hoje, a partir das 20 horas, no Ginásio do Colégio Nossa Senhora
de Nazaré, o show a era da fera, que reúne os grupos “Insolência Pública”,
“Overdose”, “Eccus” e “Metal Massacre”. O objetivo dessa promoção é
angariar fundos para a viagem do grupo de voleibol às Olimpíadas Maristas
que se realizarão, no segundo semestre, em Recife. Os ingressos custam
CR$ 3.000, e podem ser adquiridos no Colégio Nazaré, na Gramophone
Discos e na Loja Focus (O LIBERAL, 1985, p. 18).
18

No jornal o nome da Insolência Públika não aparece com a ortografia oficial,


algo bastante comum de ocorrer nos periódicos da época, principalmente em se
tratando de nomes de bandas tanto do Punk como do Heavy Metal; diferentemente
do que ocorre com os ingressos do show, como foram confeccionados por um dos
integrantes das bandas participantes, terão a descrição oficial (SILVA, 2010).
Segundo o autor, foram em colégios os primeiros locais de apresentações de
bandas dos dois estilos, tais como Marista Nazaré, Ideal, Moderno. Muitos eram
organizados pelas coordenações desses colégios.

Figura 1. Ingresso individual do show de Rock10

Fonte: Monografia de Bernard Silva, 2010, p.154.

Nesse período os eventos, tais como shows ocorrem com menos frequência,
somente na década seguinte eles eram mais assíduos, conforme mostram os jornais
da época. Um deles ocorreu em 1988, foi o primeiro grande evento que contou com a
presença de várias bandas de Rock, como a “IV Variasons”11. Além das bandas de
Punk: Baby Loyds, Suburbanos, Ácido Cítrico e Nó Cego12.
Todavia, os punks já de organização antes desses eventos, como é o caso do
sitio chamado República dos Camarões, local onde bandas como Desesperados e
Ovo Goro ensaiam e deu início a banda Baby Loyds, entre 1986 a 1988, é o período
mais ou menos ao qual prevaleceu a República dos Camarões. Sandro-k nos fala
sobre o local “Aí as bandas ensaiavam lá perto de casa” (RIBEIRO, 2019).
“Eu morava perto da República dos Camarões que era lá na Perimetral, ai
ensaiava todas as bandas lá Deliquentes, já era Deliquentes, Ovo Goro, acho que o

10 Realizado no dia 27 de junho de 1985, no Ginásio do Colégio Nossa Senhora Nazaré, envolvendo
bandas de Rock paraense. Presente em sua monografia pela Universidade Federal do Pará
denominada “Metal City”: Apontamentos sobre a História do Heavy Metal produzido no Pará (1982-
1993), 2010.
11 “IV Variasons”. Jornal O Liberal. 23/3/1988, p. 27. Belém – PA.
12 “Variasons 88”. Jornal O Liberal. 23/3/1988, p. 30. Belém – PA.
19

inicio do Desacato a Sociedade” (RIBEIRO, 2019). Sandro-k ainda afirma que os


eventos eram esporádicos, mas que nesse primeiro momento eles aconteciam; como
exemplo, temos o Variasub que ocorreu em um centro comunitário no Marco; esse
evento se referente ao evento Variasons, que segundo Silva (2010), não agradou as
bandas de Rock mais pesado, como o Heavy Metal e o Punk.
Após o término da república, os membros das bandas começaram a reunir-se
na casa de algum integrante do movimento que participava de alguma banda Punk
para poder haver os ensaios “Aí começou aquele papo, as bandas se juntavam,
migravam para casa de alguém” (RIBEIRO, 2019). Sobre os ensaios, começavam
entre meio-dia e ia até por volta das sete horas da noite. Pois como faziam muito
barulho, incomodavam os vizinhos.
É importante salientar que quem frequenta os ensaios eram mais os Punks
que eram músicos, o restante do movimento encontravam mais em espaços públicos
como a Feira do Açaí, Praça da República e o Can13, era o locais de reuniões com os
demais Punk’s, para a divulgação de eventos, trocas de fitas cassetes, fanzines entre
outras que serão analisadas mais a frente, e de encontro com outros movimentos,
mas especificamente, os Barguers, como nos apontam em entrevista o Sandro-k e
Jayme Katarro e o Silva (2010).
Uma das formas visíveis as diferenças entre os Punk e o Barguers, é
diferenciação entre as vestimentas, agora bem presente nas identidades Punk e dos
Headbarguers. Os Punks paraenses costumeiramente adotaram a cor branca de suas
camisetas, provavelmente por conta do calor.

Pois é, tem alguns punk que usavam aquelas jaquetas com arrebites, mas
em geral, era mais camisetas branca mesma, camisa com estampa de banda.
A gente até se destacava da galera do metal, quando se encontrava na frente
do teatro Waldemar Henrique, que a galera estava tudo de branco e a galera
do metal tudo de preto. Era uma identificação fácil assim, a galera do
Punk/Hardcore e a galera do Metal, todo mundo misturado ali, todo mundo
bebendo vinho, tocando heavy e punk, conversando (KATARRO, 2015).

A fala mostra uma interação entre os movimentos, assim como também uma
pequena rivalidade:

E tinha os bailes, os famosos bailes, aí ia junto, aí ficava aquela guerrinha,


bora uma sequência só de punk e de metal. Aí sempre a galera do metal foi
maior (...) sempre aquele papo, anda junto, se respeita, mas no fundo, no
fundo, tinha aquela richinha, saca? Tipo, os barguers chamava a gente de

13 Praça Santuário da Igreja de Nossa Senhora de Nazaré.


20

fedorentos e os punks chamava os barguers de piolhentos, ficava naquela


guerrinha ali (RIBEIRO, 2019).

Outro lugar de interação demonstrada são os bailes organizados por eles


citado anteriormente. Sobre os espaços públicos ao qual esses Punk’s circulavam
eram muitas das vezes vista como local cheio de “desocupados”, “pivetes” e
“vagabundos”. Ainda vestígios da Ditadura Militar que havia terminado em 1985. Uma
publicação intitulada “De ponto turístico a local de baderna”14 fala sobre a Feira do
Açai, local de encontro entre movimentos sociais roqueiros.
Nesse local, a polícia estava quase sempre presente é era comum revistarem
os integrantes do movimento: “Olha, nós sentíamos um pouco o peso da ditadura, por
exemplo, é várias vezes nos estávamos andando, assim como acontece em São
Paulo, e a gente ser baculejados15, era coisa muito comum” (KATARRO, 2015) e
presente na fala de Sandro-k.

Olha, a gente andava em grupo, (...) o movimento foi crescendo aqui,


juntamente na época que Belém começou a pipocar gangues. Aí tu imagina,
né? Associavam a gangue, né? (...) aí, pô, tinha noite que a gente passava
numa rua, ai o pessoal ligava pra polícia, a polícia parava a gente (...) a polícia
liberava, porque não encontravam nada, ai mais lá pra frente parava de novo.
A gente pegava dois baculejos numa noite (RIBEIRO, 2019).

Em ambos as fontes, é notado que há um preconceito público frente ao


movimento Punk, mas também certo nível de perseguição por parte das autoridades,
em especifico a Policia Militar, aonde relatam que os policiais tomavam, ou me
relataram, roubavam seus coturnos (KATARRO, 2015) e algumas vezes os levavam
detidos para passar a noite presos sob uma acusação de supostamente estarem
participando de gangues e praticando vandalismo (RIBEIRO, 2019).
Dentro da perspectiva do Punk, o visual, como vimos de forma breve, era outra
marca bem presente no cotidiano dos Punk’s, pois eles tinham realmente o intuito de
causa um impacto na sociedade com o visual mais agressivos, todavia, diferente dos
Punk’s de um modo geral que furavam partes do corpo com alfinetes, usavam cabelo
moicano colorido, etc. (CAIAFA, 1985).
O Punk de Belém usava roupas mais leves, calças rasgadas, camisetas de
algodoal, algumas vezes pegavam essas camisetas dadas em campanhas eleitorais
na rua e as viravam ao avesso e pintavam com nomes de bandas ou frases de impacto

14 “De Ponto Turístico A Local de Baderna”. Jornal O Liberal 6/12/1989. Jornal dos Bairros. Pág. 8.
Belém – PA.
15 Baculejado é o termo usado para a revista policial.
21

com caráter políticos; mesmo com um visual diferenciado, demonstravam a


agressividade inerente ao movimento por meio de sua vestimenta, o que os
distinguiam do resto da população da cidade16, mostrando, assim, um caráter de
protesto típico dos Punk’s mundo a fora, porém com adaptações à sua realidade.
Figura 2: Banda Desgraça Periférica17

Fonte: Artigo de Keila Monteiro, 2019a.

Um ponto a ser observado na imagem, além da vestimenta, diz respeito ao local


escolhido pela banda, ele tem relação direta ao movimento, pois é uma área periférica
numa região de subúrbio da cidade de Belém, o que pode ser notado pela ponte na
qual os quatros estão. Isso é um ponto identitário que retrata a realidade em que eles
vivem em seu cotidiano.
No que se refere ao Point, local designado para os encontros, ocorre uma
constante troca de informações; lá há uma interação maior e ficam “ligados” em outras
bandas em troca de ideia. Isso pode ser observado na fala de um dos integrantes da
Banda Desacato a Sociedade chamado Matheus.

Vão chegando as informações, vão trocando as ideias, vão se criando e se


destruindo relacionamentos e vão se criando e destruindo bandas, zines
novos e coletivos e é onde se cria toda a conspiração, é no point, aqui em

16 MONTEIRO, Keila. “Culturas juvenis na Amazônia: punks no cenário musical urbano da Belém dos
anos 80 e 90” apresentado na XIII Reunião de Antropologia do Mercosul, entre 22 a 25 de jul/2019a.
17 Banda Desgraça Periférica em novembro de 1989. Presente no artigo de Keila Monteiro “Culturas

juvenis na Amazônia: punks no cenário musical urbano da Belém dos anos 80 e 90” apresentado na
XIII Reunião de Antropologia do Mercosul, entre 22 a 25 de jul/2019a.
22

alguns lugares do Brasil que a gente foi criando o point, foi lá que se foi
criando protestos (MONTEIRO, 2019a)18.

Nota-se que há troca de informações entre os Punk’s daqui e os de fora,


criando assim uma rede de conexão por meio de correspondência postal,
principalmente com teor político nesses locais por conta dos zines. Um ponto
importante a observar é que são bem politiza dose produziam bastantes zines.
Essa rede teve como facilitador a presença de endereços de outros fanzines
em sua última página “de um zine, vinha vários outros endereções de zines, vinha
release19 de bandas, já comprava a demo da banda e a banda mandava” (RIBEIRO,
2019). Com isso, não demorou muito para bandas de Punk de fora do estado
começaram a vir para Belém, como é mostrado no “O Liberal” que em janeiro de 1990,
o evento do “1º Grito Punk”, bandas do Maranhão, Santa Catarina e Rio Grande do
Norte. Como noticia o jornal:

(...)Uma pequena mostra da performance destas bandas acontece hoje, às


19 horas no bar Celeste (Curuzu com 1º. de dezembro) com a participação
de bandas do Nordeste e Sul, além de bandas locais, na programação
intitulada “1º grito punk”, promoção do movimento punk da cidade. (...) Do
Nordeste vieram as bandas Descarga Violenta, de Natal, Amnésia e Fome,
do Maranhão; do Sul veio a Destroyrr, de Santa Catarina. As cicerones serão
as bandas Deliqüentes, Baby Lóides, DAS 20 e Desgraça Periférica. Unidos
pela anti-música, como eles preferm classicar essa atividade, as bandas
querem mesmo é mostrar a ideologia do movimento punk, na busca da
anarquia como solução para a situação atual (O LIBERAL, 1990, p. 6)21.

Os cunhos político e crítico estão muito presentes no noticiário sobre o referido


evento. A prática da anti-música é algo bem característico do Punk em que o manuseio
dos instrumentos não consiste em tirar acordes, harmonias, melodias, ou seja, não
são tocados de maneira convencional e a voz consiste em gritos sem a intenção de
conter melodias a não ser a própria entonação vocal” (MONTEIRO, 2019b, p. 7).
Assim, eles realizavam verdadeiros atos políticos.

18 Entrevista de Matheus a Keila Monteiro, presente em “Culturas juvenis na Amazônia: punks no


cenário musical urbano da Belém dos anos 80 e 90” apresentado na XIII Reunião de Antropologia do
Mercosul, entre 22 a 25 de jul/2019a.
19 Release é um informativo de bandas musicais.
20 Abreviatura da banda de Punk Desacato A Sociedade.
21 “O Grito de Liberdade do Movimento Punk Nacional”. Jornal O Liberal, 28/1/1990. Caderno 2

(Arte/Espetáculos), p. 6. Belém – PA, 1990.


23

Algo bem recorrente do movimento são os chamados “Ato-show”, que


consiste em fazer um evento com um tema em especifico, como é o caso do “Nuclear
Pra Que?”22.

Figura 3: Cartaz do Ato-Show Nuclear Pra Que?23

Fonte: Acervo do Marcio Kalango.

No cartaz, a atuação anarquista é evidente. É interessante observar que eles


pretendem ter uma perspectiva educacional por meio dos fanzine sem que colocam
notícias e sugestões de leituras, dentre outros temas o do anarquismo que circulava
por todo o Brasil, como um livro de Mikhail Bakunin (LIMA, 2018, p, 14). Isso indica
que o movimento Punk também educa, de acordo com que afirma Sandro-k: “E aí, o
punk me educou (...) tenho comigo que o Punk faz a gente melhorar como pessoa (...)
aí é mais fácil ter mudança, todo mundo com uma cabeça bacana” (RIBEIRO, 2019).
A educação perpassar por uma concepção política também; num contexto de
greve24 no Brasil25, a Banda Baby Loyds fez uma música sobre o momento vivido pelo
país, intitulada Greve Geral.

Saio nas ruas vejo manifestações / o povo reclama por alimentação


desempregados passando fome / enquanto o governo / tem grana de montão

22 O mundo vivenciava o período de bipolaridade, conhecida como “Guerra Fria”, então as duas
potencias estavam fabricando cada vem mais bombas nucleares. Então há lutas contra o
desarmamento neste período.
23Cartaz do Ato-Show Nuclear Pra Que? que ocorreu no dia em 4 de agosto de 1988.
24 As greves são decorrentes no Brasil durante a década de 1980, em protesto ao governo do então

presidente José Sarney, organizada principalmente por frentes trabalhistas como a Central Única dos
Trabalhadores (CUT).
25 O Liberal 16/3/1989.
24

/ greve geral (4x) / greve geral e o governo nem liga / não quer aumentar o
salário dos pobres / o povo na rua se matando / e a polícia espancando /
desse jeito o país não vai pra frente / com esse governo roubando a gente(2x)
/ greve geral (4x) / cadê reposição salarial(2x) (BABYLOYDS, 1989)26.

Na letra, é retrato o período de inflação27 (ROCHA; VILLELA, 1990), de greve


e uma linha de pobreza e desigualdades sociais presentes no cotidiano nos 1980. Há
críticas sociais severas ao governo de Sarney28.
Com relação a essa banda, além dos eventos na cidade, ela atuou em outros
estados, participando do Show “Extreme Morbir Festival” em Teresina, juntamente
com as Bandas Auschwotz (Natal), Fahrenneit e Demolidor (Piauí)29, mostrando que
a interação entre os Punk’s realmente foi bastante intensa no Brasil inteiro.
Mesmo tendo toda essa identidade, nem todos que estão no meio, se veem
como Punk, como é o caso do guitarrista da banda Resistência Suburbana, Edson
Redivan; ele afirma que gosta apenas do gênero musical: “eu nunca fui punk, na época
eu curtia era Heavy Metal e Hard Rock, mas tinha umas curiosidades sobre punk” e,
continua:
O que me atraia no Punk Rock era só o DIY30, fazer uma música sem
requintes, com três acordes, mas sinceramente na questão ideológica, não
concordava em nada, foi justamente por ser imediatista e não requerer muito
estudos para se tocar Punk Rock, foi o que me levou a entrar na banda
(REDIVAN, 2019).

Essas são, portanto, as perspectivas do Punk em Belém na segunda metade


da década de 1980 e os locais de encontro das bandas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O movimento Punk em Belém foi composto por jovens adolescentes entre


1982 a 1990, um movimento bem ativo em âmbito nacional pautado em questões
políticas e sociais vivenciadas na cidade e no Brasil como um todo.
O movimento teve suas próprias formas de mídia, compiladas em troca de
correspondência, em que recebiam diversos tipos de matérias da cultura Punk de todo

26 Canção “Greve Geral” da banda Punk “Baby Loyds” composta em meados de 1989.
27 Período de instabilidade econômica do país durante os anos de 1980 e 1990.
28 O Liberal 18/3/1989.
29O Show “Extreme Morbir Festival” aconteceu no dia 8 de dezembro de 1990 em Teresina. O Liberal,

30/12/1990. Caderno 2 (Arte/Espetáculos). Coluna Dial 97 de Dom Florian, p. 8. Belém – PA, 1990.
30DIY é a sigla da expressão em inglês “Do It Yourself”, que significa “Faça Você Mesmo”, na tradução

para a língua portuguesa.


25

o país, suas atuações políticas em atos-shows, a vinda e ida de outros Punk’s de fora
da cidade, mostrando uma interação significativa entre eles.
Aprenderam a se educar numa maneira autodidata, construindo relações de
identidade entre sim disseminados por meio de interação constante; além de se
envolverem nos demais movimentos sociais com os quais dividiam espaço.
No decorrer desta pesquisa, fica evidente, no debate principiado aqui sobre o
movimento Punk na cidade Belém, que se trata de uma corrente ideológica e uma
manifestação de identidade, mostrando que não o Punk não se constitui uma cultura
de desocupados ou de baderneiros, do contrário, o movimento é algo organizado e
ordenado, sintonizado ao meio em que está inserido, rebelando contra as injustiças
sociais, os abusos de poder e outras formas de repressão sofrida.
O movimento mostra, por tanto uma cultura de resistência que procura, por
meio da arte, envolvendo principalmente a música, conscientizar a todos ao seu redor
acerca dos abusos e ultrajes sofridos pela sociedade.

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“Stress: Um Show de Rock Pesado, Com o Melhor da Música Local”. Jornal O Liberal,
13∕11∕1982. 1º Caderno, p. 13. Belém – PA.

“O Rock Paraense No Show ‘A Era da Fera’”. Jornal O Liberal, 27∕6∕1985. 1º Caderno,


p. 18. Belém – PA.

“Show de Rock Promovido Pelo Centro Acadêmico de Comunicação Social”. Jornal A


Província do Pará, 4∕12∕1987. 2º Caderno, p. 5. Belém – PA.

“IV Variasons”. Jornal O Liberal, 23∕3∕1988, p. 27. Belém – PA.

“Variasons 88”: No Próximo Final de Semana no Centur”. Jornal O Liberal, 23∕3∕1988,


p. 30. Belém – PA.

“30 de Outubro de 1988. Domingo. O Rock Paraense Tem a Sua Vez”. Jornal O
Liberal, 30∕10∕1988. Caderno Dois, p. 1. Belém – PA.

“Independência ou Morte! Morfeus e Delinquentes na Agenda”. Jornal O Liberal,


10∕11∕1988. Caderno Dois, p. 8. Belém – PA.

“Rock I. Cracks e Babyloyds Agitam o Waldeco”. Jornal Diário do Pará, 11∕11∕1988.


Caderno D, p. 4. Belém – PA.

“Greve quase Geral”. O Liberal 16/3/1989.

“Sarney: greve foi eleitoreira”. O Liberal 18/3/1989

“150 Músicos: Vão Rolar Três Dias de Muito Rock”. Jornal O Liberal, 17∕3∕1989.
Suplemento de O Liberal. Caderno Aqui Belém, p. 10. Belém – PA.
29

“De Ponto Turístico a Local de Baderna”. Jornal O Liberal, 6∕12∕1989. Jornal dos
Bairros, p. 8. Belém – PA.

“No Próximo Domingo (dia 28) Acontece no Bar Celeste o “1.º Grito Punk””. Jornal O
Liberal, 21∕1∕1990. Caderno Dois (Arte∕Espetáculos). Coluna Dial 97 de Dom Floriano,
p. 8. Belém – PA.

“Mas Hoje Também Tem Show de Rock na Opus Club Com as Bandas Ódio do Poder,
Desacato a Sociedade, Nosferattus e Discarga Violenta”. Jornal O Liberal, 21∕1∕1990.
Caderno Dois (Arte∕Espetáculos). Coluna Dial 97 de Dom Floriano, p. 8. Belém – PA.

“O Grito de Liberdade do Movimento Punk Nacional”. Jornal O Liberal, 28∕01∕1990.


Caderno Dois (Arte∕Espetáculos), p. 6. Belém – PA.

“Os Organizadores do Underground Festival II Convocam os Componentes das


Seguintes Bandas: Morfeus, D.N.A., Black Mass, Joly Jocker, Metropolis,
Delinqüentes, Albatrozz, Insolência Pública, Para Comparecerem ao Hall do Centur
Onde Estará em Palta o Festival”. Jornal O Liberal, 11∕3∕1990. Caderno Dois
(Arte∕Espetáculos). Coluna Dial 97 de Dom Floriano, p. 8. Belém – PA.

“31 de Março de 1990. Sábado. Encerra Amanhã a III Mostra de Músicos da Terra,
Promovida pela Clima, Com a Apresentação das Bandas Nó Cego, Nóxio e Metrópolis
às 10 Horas, Na Praça da República, Ao Lado do Teatro Waldemar Henrique”. Jornal
O Liberal, 31∕3∕1990. Caderno Dois (Arte∕Espetáculos), p. 1. Belém – PA.

“Noite do Rock’N’ Roll”. Jornal O Liberal, 8∕4∕1990. Caderno Dois (Arte∕Espetáculos),


p. 6. Belém – PA.

“E Para a Turma do Metal, No Próximo dia 21 Acontecerá na Boate do Cassazum “O


Rock Show Cassazum” Com as Bandas Feito Nós, Insolência Pública, Albatroz e
Violeta Purpura”. Jornal O Liberal, 8∕4∕1990. Caderno Dois (Arte∕Espetáculos). Coluna
Dial 97 de Dom Floriano, p. 8. Belém – PA.

“Não Esquecendo Que No Próximo dia 21 Acontece na Boite do Cassazum o “1º Rock
Show Cassazum” Com As Bandas Metropolis, Feito Nós, Albatrozz e a Volta da Banda
Insolência Pública Com Uma Nova Formação”. Jornal O Liberal, 15∕4∕1990. Caderno
Dois (Arte∕Espetáculos). Coluna Dial 97 de Dom Floriano, p. 8. Belém – PA.

“No Próximo Domingo, Dia 20, Acontece No Circo do Centur Um Show Especial Com
Os Grupos Ácido Cítrico, D.N.A., Estação Alfa e Nóxio”. Jornal O Liberal, 13∕5∕1990.
Caderno Dois (Arte∕Espetáculos). Coluna Dial 97 de Dom Floriano, p. 8. Belém – PA.

“Também no Waldemar Henrique Mas no Dia 31, A Banda Insolência Pública Detona
Seu Novo Show Com Nova Formação”. Jornal O Liberal, 20∕5∕1990. Caderno Dois
(Arte∕Espetáculos). Coluna Dial 97 de Dom Floriano, p. 8. Belém – PA.

“Domingo de Rock”. Jornal O Liberal, 20∕5∕1990. Caderno Dois (Arte∕Espetáculos).


Coluna Dial 97 de Dom Floriano, p. 2. Belém – PA.

“Não se Esquecendo Que No Próximo Dia 31 Mais Um Grupo da Terra, o Insolência


Pública, se Apresenta no Teatro Waldemar Henrique”. Jornal O Liberal, 27∕5∕1990.
Caderno Dois (Arte∕Espetáculos). Coluna Dial 97 de Dom Floriano, p. 8. Belém – PA.
30

“Show do Grupo “Insolência Pública”, a Partir das 20 Horas, No Teatro Waldemar


Henrique”. Jornal O Liberal, 31∕5∕1990. Caderno Dois (Arte∕Espetáculos), p. 4. Belém
– PA.

“A Banda de Rock’n Roll “Insolência Públika” se Apresenta, Hoje, a Partir das 20


Horas, No Teatro Waldemar Henrique, Com Uma Nova Performance”. Jornal O
Liberal, 31∕5∕1990. Caderno Dois (Arte∕Espetáculos), p. 5. Belém – PA.

“A Banda Nó Cego Lotou No Último Dia 03 de Maio o Teatro Waldemar Henrique Para
o Lançamento de Seu Show’“Me Ligo’”. Jornal O Liberal, 3∕6∕1990. Caderno Dois
(Arte∕Espetáculos). Coluna Dial 97 de Dom Floriano, p. 8. Belém – PA.

“Som da D.N.A. Vem de Uma Garagem no Reduto Para Tomar a Cidade”. Jornal O
Liberal, 4∕6∕1990. Jornal dos Bairros. Ano IV. Edição 706, p. 1 e 3. Belém – PA.

“A Banda Insolência Pública, Que Lotou No Último Dia 31 de Maio o Teatro Waldemar
Henrique, Volta a Se Apresentar No Dia 29 Próximo No Circo do Centur às 19 Horas”.
Jornal O Liberal, 24∕6∕1990. Caderno Dois (Arte∕Espetáculos). Coluna Dial 97 de Dom
Floriano, p. 8. Belém – PA.

“No Mesmo Dia e Local Também Tem Nó Cego e Solano Star Que Promotem Muito
Rock’n’ Roll e Som Pesado Para Infernizar a Galera, Que Promete Comparecer em
Massa”. Jornal O Liberal, 24∕6∕1990. Caderno Dois (Arte∕Espetáculos). Coluna Dial 97
de Dom Floriano, p. 8. Belém – PA.

“Ratos de Porão: Herdeiros do Movimento Punk”. Jornal O Liberal, 1º∕7∕1990. Caderno


Dois (Arte∕Espetáculos), p. 6. Belém – PA.

“No Próximo Dia 28 Acontece No Teatro Waldemar Henrique o “Death Core Festival”
Com as Bandas Contraste Social, Satanic Ritual, Churchyard, Terrorist e Black Mass”.
Jornal O Liberal, 22∕7∕1990. Caderno Dois (Arte∕Espetáculos). Coluna Dial 97 de Dom
Floriano, p. 8. Belém – PA.

“Finalmente Belém Estará Recebendo Uma Das Maiores Bandas do Circuito


Underground Mundial. O Ratos do Porão Estará se Apresentando No Dia 5 de Agosto,
A Partir das 20 Horas no Teatro São Cristóvão (Magalhães Barata, Em Frente a Casa
do Governador)”. Jornal O Liberal, 5∕8∕1990. Caderno Dois (Arte∕Espetáculos). Coluna
Dial 97 de Dom Floriano, p. 8. Belém – PA.

“No Dia de Natal Será Realizado Um Show Beneficente Entitulado “Natal Punk”, No
Bar Magno’s, Situado à Rua Pariquis Bairro∕Jurunas”. Jornal O Liberal, 23∕12∕1990.
Caderno Dois (Arte∕Espetáculos). Coluna Dial 97 de Dom Floriano, p. 8. Belém – PA.

“Show “Extreme Morbir Festival”, Realizado em Teresina (Piauí), Juntamente com as


Bandas Auschwotz (Natal), Fahrenneit e Demolidor (Piauí)”. Jornal O Liberal,
30∕12∕1990. Caderno Dois (Arte∕Espetáculos). Coluna Dial 97 de Dom Floriano, p. 8.
Belém – PA.

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