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Anos a fio, suportar a pobreza, o racismo e a ausência paterna foi uma espécie de sinônimo da vida.

Sempre que chega


em casa, com a pasta cheia de provas e trabalhos para corrigir, pensa que poderia ter feito outra coisa da vida. Lembra
do momento em que pensou em ser arquiteto. Sonhou uma vida diferente. Uma vida mais confortável, menos atribulada
e hostil.” (p.59)

Acontece que minha mãe foi criada numa família de pessoas não negras, o que a fez ter outra visão sobre o racismo;
aliás, para ela o racismo se fortalecia justamente quando começávamos a falar sobre ele, que isso era uma coisa que já
deveria ter sido superada. E falar sobre a cor da pele só fortalecia o preconceito. (p.64)

Mas a dor era algo com que você teve de se acostumar, desde o momento em que tomou consciência dela, naquela
creche, ao prenderem seus dedos numa porta (82)

Mauro morava na cidade de Alvorada, no bairro Jardim Porto Alegre. Assim como eu, havia entrado na faculdade pelo
sistema de cotas. Mauro tinha a pele mais escura que a minha. Suas histórias sobre abordagem policial, perseguição por
seguranças em lojas, ou mesmo sobre senhoras que recolhiam suas bolsas quando o viam por perto, acabaram nos
aproximando também.(p.88)

Antes, ela era Martha ou Marthinha. Agora, depois de uma simples pergunta, ela passara a ser Martha e negra. A pele
fora nomeada, a existência ganhara sobrenome.

Saharienne- mulher preta diante de uma sociedade racista (p.88)

ela respondeu que talvez os negros não se sentissem à vontade em entrar em determinados espaços, quando como, por
exemplo, uma mulher negra decide entrar numa loja voltada para a classe média alta. Essa mulher só vai entrar se ela
puder comprar alguma coisa lá dentro, entende? Ou seja, ela não pode se dar o luxo de simplesmente entrar, olhar e sair.
Mas por quê?, perguntei. Porque ela simplesmente não pode. Porque é como se ela estivesse confirmando o estereótipo
de que pessoas negras não têm grana. E, mesmo que elas não tenham, quando entram numa loja como essa, é preciso
que mostrem que elas também podem comprar ali. (p.94)

capitulo 4- abordagem policial

BIBLIOGRAFIA:

Mc CLINTOCK, Anne. A situação da terra. pp. 43-122.


Mc CLINTOCK, Anne. A situação da terra. Genealogias do imperialismo in Couro Imperial. Raça,
Gênero e Sexualidade no embate colonial. Campinas, SP: Editora Unicamp, 2010. p.43-122

MIZAEL, Táhcita Medrado; BARROZO, Sarah Carolinne Vasconcelos; HUNZIKER, Maria Helena Leite.
SOLIDÃO DA MULHER NEGRA: UMA REVISÃO DA LITERATURA. Revista da Associação
Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), [S.l.], v. 13, n. 38, p. 212-239, nov. 2021. ISSN
2177-2770. Disponível em: <https://abpnrevista.org.br/index.php/site/article/view/1270>. Acesso
em: 10 ago. 2022.

Patríciadasilvasimõesdacunha et al.. A erotização da mulata na cultura brasileira.. Anais V


ENLAÇANDO... Campina Grande: Realize Editora, 2017. Disponível em:
<https://www.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/30397>. Acesso em: 10/08/2022 18:11

RACIONAIS, MC’S,

TÉNORIO, Jeferson, O avesso da pele

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